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Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Direito

Economia Pública
Ano lectivo de 2018/19 -1o. Semestre

Conjunto de Exercícios no.1


Optimalidade de Pareto, Bens Públicos e Externalidades

1. Os representantes de três autarquias vizinhas X, Y e Z, vêm-se confronta-


dos com três hipóteses para melhorar a qualidade de vida dos seus cidadãos: a
construção de uma ponte que una a autarquia Y à Z, a construção de um centro
cultural em X e a construção de um complexo desportivo em Y . As preferências
de cada autarquia são as seguintes:
X Y Z
1o. Centro cult. Ponte Ponte
2o. Ponte Comp. desportivo Centro cult.
3o. Comp. desportivo Centro cult. Comp. desportivo
Indique as escolhas que são Pareto-óptimas e uma mudança de escolha que
constitua um movimento de Pareto.
2. Três estudantes partilham o mesmo quarto e, como consequência são obri-
gados a suportar a mesma temperatura ambiente. Os seus níveis de utilidade (ou
satisfação), em função da temperatura (no eixo horizontal), estão representados
no grá…co abaixo. Indique uma mudança na temperatura do quarto que seja um
movimento de Pareto. Haverá algum valor para a mesma que seja um óptimo de
Pareto? Indique-o(s) e justi…que a sua resposta.

0.2
y
0.1

0.0
16 18 20 22 24 26 28 30
x
3. Imagine que se encontra encarregado de estudar a aquisição de uma frota de
lanchas …scalizadoras para a Armada Portuguesa, destinadas ao combate ao trá…co
de narcóticos. Conseguiu decompor os eventuais interessados em dois grupos: A
população do sul do país (S) e do norte do país (N ). O seguinte quadro representa
a valorização (em milhares de euros) que os dois grupos fazem de uma frota de
várias dimensões (no máximo serão adquiridas 6 unidades).

1 2 3 4 5 6
região S 16,0 24,0 28,8 32,0 35,2 36,8
região N 19,2 32,0 40,0 44,8 48,0 49,6

O custo de cada embarcação é de 7,6 milhares de euros. Calcule o número


óptimo de embarcações a adquirir. Como poderiam estas ser …nanciadas de forma
a que os dois grupos escolhessem voluntariamente o número óptimo?

4. Considere um bem público cujo custo unitário é de 23 u.m. Inicialmente,


este bem público traz benefícios apenas a dois países, A e B, que partilham, ex-
clusivamente entre si, os custos da sua provisão. Entretanto, esta ‘comunidade’
de dois países pondera a possibilidade de alargamento a um terceiro país, C. Com
esse alargamento, C passaria a bene…ciar do bem público e a partilhar, também,
os seus custos. No quadro seguinte indicam-se os benefícios marginais para A, B
e C, decorrentes da provisão de sucessivas unidades do bem público.

A B C
1 16 10 13
2 14 9 11
3 11 8 10
4 7 7 9
5 2 6 8

a) Determine a quantidade e…ciente inicial (antes do alargamento) do bem


público.
b) Determine o esquema de …nanciamento de Lindahl dessa quantidade óptima.
c) Admita agora que ocorre o alargamento e que o país C consegue comportar-se
como um “free-rider”:
c1) Que entende por “free-rider”? Nas presentes circunstâncias, parece-lhe
provável, ou não, este tipo de comportamento? Justi…que.
c2) Qual é o benefício líquido total obtido por cada país nessas circunstâncias?
c3) Qual seria a quantidade óptima nas novas circunstâncias?
d) Admita agora que após o alargamento o esquema de Lindahl se torna ex-
tensivo aos três países para o …nanciamento da quantidade óptima. Determine

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a contribuição de cada um para o …nanciamento da quantidade óptima do bem
público e o benefício líquido de cada país.
e) Existem ou não incentivos para que algum dos países efectue, de modo
autónomo (i.e. só por si) a provisão e …nanciamento do bem público? Justi…que
sucintamente.

5. Considere uma rota aérea frequentada por turistas. A tabela seguinte


apresenta o número de vôos efectuados por semana, Q, e a receita total, RT, em
unidades monetárias, u.m., correspondente, para a única empresa autorizada a
voar nessa rota.

Q 1 2 3 4 5 6 7
RT (em u.m.) 11 20 27 32 35 36 35

O custo de cada vôo para a empresa é igual a 4 u.m. As autoridades locais estão
preocupadas com o ruído provocado por estes vôos, a que corresponde um custo
social de 2 u.m. por vôo. Para resolver este problema, ponderam-se duas opções:
1) uma limitação ao número semanal de vôos e 2) a introdução de um imposto
por cada vôo. Na tomada de decisão, o efeito no bem-estar dos passageiros é
considerado como irrelevante.
a) Determine a quantidade que permite à empresa obter o lucro máximo em
cada semana.
b) Determine a quantidade e…ciente e o imposto a aplicar à empresa que conduz
a essa quantidade.
c) Na perspectiva da empresa, qual das duas medidas é preferível?
d) A empresa em causa pode efectuar uma alteração técnica, com um custo
…xo de 4 u.m. que permite eliminar a externalidade em causa. Considera que essa
alteração técnica é e…ciente? Discuta a foma como os incentivos da empresa em
efectuar a referida alteração dependem da opção das autoridades. (obs: com o …m
da externalidade cessa também a intervenção pública).

6. Considere a seguinte situação envolvendo um banhista e o proprietário de


uma mota de água. O proprietário da mota de água retira custos e benefícios da
sua utilização diária dados pela tabela seguinte (em unidades monetárias):

Passeios de 15 min: 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Benefícios totais 100 190 270 340 400 450 490 520 540
Custos totais 30 60 90 120 150 180 210 240 270

Cada passeio de 15 min. provoca ruído que, naturalmente, perturba o banhista.


Essa perturbação traduz-se num custo, por passeio, de 50 unidades monetárias.

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a) Determine a quantidade óptima de passeios na perspectiva do proprietário
da mota de água.
b) Determine a quantidade óptima para o conjunto dos dois agentes.
c) Enuncie o teorema de Coase e apresente um acordo susceptível de ocorrer
entre as partes, admitindo não ser proíbido navegar em mota de água.
d) Admita que este tipo de acordos é di…cil de se veri…car na prática e que é
inviável controlar o número de passeios feitos em mota de água. Qual das opções
seguintes seria mais e…ciente: i) proibir a navegação em motas de água ii) não
proibir a navegação em motas de água. Justi…que.

7. Considere que a procura por determinado bem é dada pela tabela seguinte:

Preço (em e) 36 32 28 24 20 16 12 8 4 0
Quantidade procurada 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

A curva da oferta neste mercado (perfeitamente concorrencial) é dada por:

Quantidade oferecida 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Preço (em e) 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

Adicionalmente, a produção de cada unidade gera um substancial benefício


para terceiros (além dos seus compradores e vendedores) cujo valor foi estimado
em 12e por unidade.
a) Compare a quantidade socialmente óptima do bem, com a quantidade de
equilíbrio de mercado.
b) Admitindo que a negociação entre os agentes envolvidos é impossível, (i)
quanti…que a perda de bem-estar associada à inexistência de intervenção do Estado
e (ii) proponha uma medida concreta que corrija esta falha de mercado.
c) Como mudaria a sua resposta a b) se o benefício de 12e cessasse após a 5a
unidade (inclusivé)?
d) Admita agora que uma fusão de empresas levou à criação de um monopólio
neste sector. Na ausência de intervenção do Estado, explique (mas não determine)
o que sucederia ao bem-estar. Em que medida é que a sua resposta depende de o
efeito sobre terceiros ser positivo?

8. Considere o problema de uma pedreira que extrai mármores para expor-


tação. A receita da venda de cada tonelada é de 35 u.m. e os custos totais da
extracção são os seguintes:

Toneladas (max = 12) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12


Custos totais (u.m.) 10 21 33 46 60 75 91 108 126 145 165 186

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A extracção de cada tonelada provoca uma emissão de poeiras que prejudica
(apenas) a actividade de uma empresa vizinha. Estima-se que os custos totais
suportados por esta empresa aumentem 18 u.m. por cada tonelada de mármore
extraída. A legislação em vigor permite à pedreira extrair aquilo que desejar.
a) Admitindo que os custos de negociação e de celebração de contratos são
reduzidos, determine a quantidade que espera que seja extraída se todos os gan-
hos possíveis forem explorados pelas partes. Indique com detalhe um possível
"contrato"celebrado entre as duas partes.
b) Admita agora que, devido a morosidade e incerteza nos resultados da apli-
cação da legislação, os agentes optam por não fazer este tipo de contratos. Calcule
a perda para a sociedade.
c) Na impossibilidade de negociação haverá lugar para alguma intervenção
correctiva por parte do Estado? Justi…que de forma quanti…cada.
d) Admita agora que um novo tipo de rocha pode ser extraído exactamente
com os mesmos custos da tabela anterior. A receita associada a cada tonelada é
de 40 u.m. mas o custo correspondente para a empresa vizinha aumenta para 27
u.m./tonelada. Sendo expectável a negociação entre as partes, tal como de…nida
em a), que tipo de rocha deverá escolher a pedreira? Comente.

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