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Seu nome era Eremita. Tinha dezenove anos. Rosto confiante, algumas espinhas. Onde estava a sua
beleza?
Havia beleza nesse corpo que não era feio nem bonito, nesse rosto onde uma doçura ansiosa de
doçuras
maiores era o sinal da vida.
Beleza, não sei. Possivelmente não havia, se bem que os traços indecisos atraíssem como água atrai.
Havia,
sim, substância viva, unhas, carnes, dentes, mistura de resistências e fraquezas, constituindo vaga
presença que
se concretizava porém imediatamente numa cabeça interrogativa e já prestimosa, mal se
pronunciava um nome:
Eremita. Os olhos castanhos eram intraduzíveis, sem correspondência com o conjunto do rosto.
Tão
independentes como se fossem plantados na carne de um braço, e de lá nos olhassem – abertos,
úmidos. Ela
toda era de uma doçura próxima a lágrimas.
Às vezes respondia com má-criação de criada mesmo. Desde pequena fora assim, explicou. Sem
que isso
viesse de seu caráter. Pois não havia no seu espírito nenhum endurecimento, nenhuma lei
perceptível. “Eu tive
medo”, dizia com naturalidade. “Me deu uma fome”, dizia, e era sempre incontestável o que dizia,
não se sabe
por quê. “Ele me respeita muito”, dizia do noivo e, apesar da expressão emprestada e convencional,
a pessoa
que ouvia entrava num mundo delicado de bichos e aves, onde todos se respeitam. “Eu tenho
vergonha”, dizia,
e sorria enredada nas próprias sombras. Se a fome era de pão – que ela comia depressa como se
pudessem tirá-lo – o medo era de trovoadas, a vergonha era de falar. Ela era gentil, honesta. “Deus
me livre, não é?”, dizia
ausente.
Porque tinha suas ausências. O rosto se perdia numa tristeza impessoal e sem rugas. Uma tristeza
mais
antiga que o seu espírito. Os olhos paravam vazios; diria mesmo um pouco ásperos. A pessoa que
estivesse a
seu lado sofria e nada podia fazer. Só esperar.
Pois ela estava entregue a alguma coisa, a misteriosa infante. Ninguém ousaria tocá-la nesse
momento.
Esperava-se um pouco grave, de coração apertado, velando-a. Nada se poderia fazer por ela senão
desejar que o
perigo passasse. Até que num movimento sem pressa, quase um suspiro, ela acordava como um
cabrito recém
nascido se ergue sobre suas pernas. Voltara de seu repouso na tristeza.
Voltava, não se pode dizer mais rica, porém mais garantida depois de ter bebido em não se sabe que
fonte.
O que se sabe é que a fonte devia ser antiga e pura. Sim, havia profundeza nela. Mas ninguém
encontraria nada
se descesse nas suas profundezas – senão a própria profundeza, como na escuridão se acha a
escuridão. É
possível que, se alguém prosseguisse mais, encontrasse, depois de andar léguas nas trevas, um
indício de
caminho, guiado talvez por um bater de asas, por algum rastro de bicho. E – de repente – a floresta.
Ah, então devia ser esse o seu mistério: ela descobrira um atalho para a floresta. Decerto nas suas
ausências
era para lá que ia. Regressando com os olhos cheios de brandura e ignorância, olhos completos.
Ignorância tão
vasta que nela caberia e se perderia toda a sabedoria do mundo.
Assim era Eremita. Que se subisse à tona com tudo o que encontrara na floresta seria queimada em
fogueira. Mas o que vira – em que raízes mordera, com que espinhos sangrara, em que águas
banhara os pés,
que escuridão de ouro fora a luz que a envolvera – tudo isso ela não contava porque ignorava: fora
percebido
num só olhar, rápido demais para não ser senão um mistério.
Assim, quando emergia, era uma criada. A quem chamavam constantemente da escuridão de seu
atalho
para funções menores, para lavar roupa, enxugar o chão, servir a uns e outros.
Mas serviria mesmo? Pois se alguém prestasse atenção veria que ela lavava roupa – ao sol; que
enxugava o
chão – molhado pela chuva; que estendia lençóis – ao vento. Ela se arranjava para servir muito mais
remotamente, e a outros deuses. Sempre com a inteireza de espírito que trouxera da floresta. Sem
um
pensamento: apenas corpo se movimentando calmo, rosto pleno de uma suave esperança que
ninguém dá e
ninguém tira.
A única marca do perigo por que passara era o seu modo fugitivo de comer pão. No resto era
serena.
Mesmo quando tirava o dinheiro que a patroa esquecera sobre a mesa, mesmo quando levava para o
noivo em
embrulho discreto alguns gêneros da despensa. A roubar de leve ela também aprendera nas suas
florestas.
(Lispector, Clarisse. Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998, pág. 117/119)
01) De acordo com o 1º e 2º parágrafos, é correto afirmar que a autora:
A) Por mais que procurasse, não encontrou beleza alguma em Eremita.
B) Refere-se a uma beleza, não necessariamente física.
C) Nega qualquer possibilidade de atrativos na criada que possam conferir-lhe atributos estéticos.
D) Estabelece uma oposição rígida entre carnes, dentes e unhas e a própria substância viva de
Eremita.
E) N.R.A.
02) De acordo com os mesmos parágrafos 1º, 2º e parte do 3º, Eremita era:
A) Avessa a trabalhos domésticos. D) De péssimo humor cotidiano.
B) Marcada por seu olhar libidinoso. E) Extremamente descuidada.
C) Normalmente solícita em seus afazeres.
03) Pela leitura do 3º parágrafo, pode-se afirmar que as expressões usadas por Eremita eram:
A) Impróprias a qualquer criada. D) Inverossímeis.
B) Agressivas em virtude da sua formação escolar. E) Simples e convincentes.
C) Muito cultas em relação ao nível escolar de Eremita.
04) Nos parágrafos 4, 5 e 6, do texto, a autora descreve a criada como uma pessoa:
A) Com momentos de introspecção que impressionavam. D) Extremamente depressiva.
B) Impertinente. E) Extremamente deprimente.
C) De índole perigosa.
05) De acordo com os 4 últimos parágrafos pode-se afirmar que a personagem Eremita, composta
pela
autora, era:
A) Essencialmente subserviente.
B) Resistente às ordens dos patrões.
C) Capaz de aliar à sua condição de criada uma dose de altivez interior.
D) Intempestiva nas relações interpessoais.
E) Em nada diferente de qualquer criada.
06) No texto, haverá alteração de sentido, caso se substitua:
A) “prestimosa” (2º §) por obsequiosa D) “atalho” (7º §) por vereda
B) “enredada” (3º §) por envolvida E) “emergia” (9º §) por escondia
C) “indício” (6º §) por sinal
07) O par de vocábulos, do texto, acentuados pela mesma razão é:
A) atraíssem / espírito D) lá / até
B) água / substância E) perceptível / mistério
C) porém / caráter
08) Em todas as frases abaixo, transcritas do texto, as formas verbais estão flexionadas no mesmo
tempo,
EXCETO em:
A) “Onde estava a sua beleza?”
B) “Beleza, não sei”
C) “O rosto se perdia numa tristeza impessoal e sem rugas”
D) “Eu tive medo”
E) “...ela descobrira um atalho para a floresta”
09) Na frase: “Que se subisse à tona com tudo...”, o emprego da crase está correto. Das orações
feitas
abaixo, aquela em que o emprego da crase está INCORRETO é:
A) Ela fez referência à sua irmã.
B) Mariana precisou sair às escondidas de todos.
C) Os passageiros desceram à terra assim que o navio atracou no cais.
D) Sempre que vou à Bahia visito o Pelourinho.
E) O quarto de meu filho fica à direita do meu.
10) Observe as orações:
I. Por quê você demorou tanto?
II. Eu não sei o porquê de tudo isso.
III. A rua porque passei estava toda enfeitada.
Há ERRO na grafia da(s) oração(ões):
A) I B) II C) III D) II e III E) I e III
11) Transpondo para a voz passiva a frase: “ela descobrira um atalho para a floresta”, obtém-se a
forma
verbal:
A) era descoberto D) estava descoberto
B) fora descoberto E) tinha descoberto
C) foram descobertos
12) “...ela acordava como um cabrito recém-nascido se ergue sobre as pernas”.A palavra
sublinhada na
frase anterior faz o plural da mesma forma que:
A) livre-pensador D) alto-falante
B) arco-íris E) curta-metragem
C) ano-luz
13) O segmento de texto que tem o antecedente do pronome relativo que ERRADAMENTE
indicado é:
A) “Havia beleza nesse corpo que não era nem bonito...” – corpo
B) “...constituindo vaga presença que se concretizava...” – presença
C) “apesar de expressão emprestada e convencional, a pessoa que ouvia entrava num mundo...” –
pessoa
D) “...rosto pleno de uma suave esperança que ninguém dá...” – rosto
E) “...tirava o dinheiro que a patroa esquecia sobre a mesa...” – dinheiro
14) “Possivelmente não havia, se bem que os traços indecisos atraíssem...” (2º §) Assinale a
alternativa que
NÃO mantém na segunda oração a idéia de concessão:
A) ...embora os traços indecisos atraíssem... D) ...posto que os traços indecisos atraíssem...
B) ...ainda que os traços indecisos atraíssem... E) ...conquanto que os traços indecisos atraíssem...
C) ...desde que os traços indecisos atraíssem...
15) “Ignorância tão vasta que nela caberia...”, a oração – “que nela caberia” – traz uma idéia de:
A) Conseqüência. D) Causa.
B) Conclusão. E) Intensidade.
C) Explicação.
16) Em relação ao comentário gramatical, assinale o item INCORRETO:
A) “...mal se pronuncia um nome: Eremita” – A palavra sublinhada é um advérbio.
B) “Às vezes respondia com má-criação...” – O acento grave foi usado por ser uma expressão
adverbial.
C) “Se a fome era de pão...” O se é uma conjunção subordinativa.
D) “...senão desejar que o perigo passasse.” – o que é um pronome relativo.
E) “Sempre com a inteireza de espírito que trouxera da floresta.” – A palavra sublinhada é
acentuada
porque é proparoxítona.
17) Assinale a opção em que a partícula “o” sublinhada aparece com o mesmo emprego que se
apresenta
no seguinte trecho do texto: “...e era sempre incontestável o que dizia...” (3º §)
A) Este remédio foi o que o médico receitou. D) Diga-me: o que você vai fazer hoje?
B) É necessário que se conheça a história do menino. E) Ela levava presentes para o noivo.
C) Ela sempre o encontrava pelo caminho.
18) “Havia (...) substância viva, unhas, carnes, dentes, mistura de resistências e fraquezas
constituindo vaga
presença...” Na frase anterior as vírgulas foram empregadas para:
A) Separar orações adverbiais. D) Separar os adjuntos adverbiais.
B) Separar os vocativos. E) Separar as orações reduzidas.
C) Separar palavras de mesma função sintática.
19) “Ratificou” tem significado distintivo de seu parônimo “retificou”. Das frases abaixo, assinale a
que
houve troca na escolha dos parônimos entre parênteses:
A) Ele foi preso em flagrante (flagrante – fragrante).
B) Pede-se muito a descriminação da maconha (discriminar – descriminar).
C) A alta do petróleo é o reflexo da conjetura econômica atual (conjuntura – conjetura).
D) O deputado exerce o seu segundo mandato (mandato – mandado).
E) Agiu no restrito cumprimento do dever (cumprimento – comprimento).
Gabarito
CARGO: AGENTE FISCAL – consulplan 2007 crefito 4
TEXTO: UMA HISTÓRIA DE TANTO AMOR
Era uma vez uma menina que observava tanto as galinhas que lhes conhecia a alma e os
anseios íntimos. A galinha é
ansiosa, enquanto o galo tem angústia quase humana: falta-lhe um amor verdadeiro naquele seu
harém, e ainda mais tem que vigiar a noite toda para não perder a primeira das mais longínquas
claridades e cantar o mais sonoro possível. É o seu dever e a sua arte. Voltando às galinhas, a
menina possuía duas só dela. Uma se chamava Pedrina e a outra Petronilha.
Quando a menina achava que uma delas estava doente do fígado, ela cheirava embaixo das
asas delas, com uma simplicidade de enfermeira, o que considerava ser o sintoma máximo
de doenças, pois o cheiro de galinha viva não é de se brincar. Então pedia um remédio a uma
tia. E a tia: “Você não tem coisa nenhuma no fígado”. Então, com a intimidade que tinha com essa
tia eleita, explicou-lhe para quem era o remédio. A menina achou de bom alvitre dá-lo tanto a
Pedrina quanto a Petronilha para evitar contágios misteriosos. Era quase inútil dar o remédio porque
Pedrina e Petronilha continuavam a passar o dia ciscando o chão e comendo porcarias que faziam
mal ao fígado. E o cheiro debaixo das asas era aquela morrinha mesmo.
Não lhe ocorreu dar um desodorante porque nas Minas Gerais onde o grupo vivia não eram usados
assim como não se usavam roupas íntimas de nylon e sim de cambraia. A tia continuava a lhe dar o
remédio, um líquido escuro que a menina desconfiava ser água com uns pingos de café – e vinha o
inferno de tentar abrir o bico das galinhas para administrar-lhes o que as curaria de serem galinhas.
A menina ainda não tinha entendido que os homens não podem ser curados de serem homens e as
galinhas de serem galinhas: tanto o homem como a galinha têm misérias e grandeza (a da
galinha é a de pôr um ovo branco de forma perfeita) inerentes à própria espécie. A menina
morava no campo e não havia farmácia perto para ela consultar.
Outro inferno de dificuldade era quando a menina achava Pedrina e Petronilha magras
debaixo das penas arrepiadas, apesar de comerem o dia inteiro. A menina não entendera que
engordá-las seria apressar-lhes um destino na mesa. E recomeçava o trabalho mais difícil: o
de abrir-lhes o bico. A menina tornou-se grande conhecedora intuitiva de galinhas
naquele imenso quintal das Minas Gerais. E quando cresceu ficou surpresa ao saber que na gíria o
termo galinha tinha outra acepção. Sem notar a seriedade cômica que a coisa toda tomava:
Mas é o galo, que é um nervoso, é quem quer! Elas não fazem nada demais! E é tão rápido que mal
se vê! O galo é quem fica procurando amar uma e não consegue!
Um dia a família resolveu levar a menina para passar o dia na casa de um parente, bem longe de
casa. E quando voltou,
já não existia aquela que em vida fora Petronilha. Sua tia informou-lhe:
í Nós comemos Petronilha.
A menina era criatura de grande capacidade de amar: uma galinha não corresponde ao amor que se
lhe dá e no entanto a
menina continuava a amá-la sem esperar reciprocidade. Quando soube o que acontecera com
Petronilha passou a odiar todo o
mundo da casa, menos sua mãe que não gostava de comer galinha e os empregados que comeram
carne de vaca ou de boi. O
seu pai, então, ela mal conseguiu olhar: era ele quem mais gostava de comer galinha. Sua mãe
percebeu tudo e explicou-lhe:
í Quando a gente come bichos, os bichos ficam mais parecidos com a gente, estando assim dentro
de nós. Daqui de casa
só nós duas é que não temos Petronilha dentro de nós. É uma pena.
Pedrina, secretamente a preferida da menina, morreu de morte morrida mesmo, pois sempre
fora um ente frágil. A
menina, ao ver Pedrina tremendo num quintal ardente de sol, embrulhou-a num pano escuro e
depois de bem embrulhadinha
botou-a em cima daqueles grandes fogões de tijolos das fazendas das minas-gerais. Todos lhe
avisaram que estava apressando a
morte de Pedrina, mas a menina era obstinada e pôs mesmo Pedrina toda enrolada em
cima dos tijolos quentes. Quando na
manhã seguinte Pedrina amanheceu dura de tão morta, a menina só então, entre lágrimas
intermináveis, se convenceu de que
apressara a morte do ser querido.
Um pouco maiorzinha, a menina teve uma galinha chamada Eponina.
O amor por Eponina: dessa vez era um amor mais realista e não romântico; era o amor de quem já
sofreu por amor. E
quando chegou a vez de Eponina ser comida, a menina não apenas soube como achou que era o
destino fatal de quem nascia
galinha. As galinhas pareciam ter uma pré-ciência do próprio destino e não aprendiam a
amar os donos nem o galo. Uma
galinha é sozinha no mundo.
Mas a menina não esquecera o que sua mãe dissera a respeito de comer bichos amados: comeu
Eponina mais do que todo
o resto da família, comeu sem fome, mas com um prazer quase físico porque sabia agora que
assim Eponina se incorporaria
nela e se tornaria mais sua do que em vida. Tinham feito Eponina ao molho pardo. De modo que a
menina, num ritual pagão
que lhe foi transmitido de corpo a corpo através dos séculos, comeu-lhe a carne e bebeu-
lhe o sangue. Nessa refeição tinha ciúmes de quem também comia Eponina. A menina era um ser
feito para amar até que se tornou moça e havia os homens.
(LISPECTOR, Clarice, “Felicidade Clandestina”: contos / Rio de Janeiro: Rocco, 1998)
01) O caráter angustioso conferido ao galo se refere à(ao):
A) Aspecto psicológico de todo galináceo.
B) Desamor do galo em relação às galinhas.
C) Alusão metafórica da unidade galo em relação à multiplicidade das galinhas.
D) Alusão metafórica do galo sobreviver às galinhas que vão para a panela.
E) Falsidade do amor do galo.
02) Administrar aquele remédio às galinhas era:
A) Uma atividade inócua.
B) Um ato necessário à saúde da galinha.
C) Uma atitude iníqua em relação às duas galinhas.
D) Uma tentativa da tia para contribuir na cura das galinhas.
E) Um processo comum utilizado pelos veterinários das Minas Gerais.
03) Assinale, entre as opções abaixo, a que NÃO é correta em relação ao texto:
A) A menina achava que Pedrina estava magra.
B) A menina achava que tanto Pedrina quanto Petronilha estavam magras.
C) As galinhas comiam o dia todo.
D) A engorda não abreviaria a vida das galinhas.
E) A menina, algumas vezes, cismava que as galinhas estavam abaixo do peso.
04) No texto, o termo galinha é relacionado, também a, EXCETO:
A) Libidinagem. B) Sexualidade. C) Libertinagem. D) Litoclastia. E) Licenciosidade.
05) “Mas é o galo, que é um nervoso, é quem quer!” Com esta afirmação a autora:
A) Procura depreciar o desempenho sexual do galo.
B) Não faz referência nenhuma a desempenho sexual.
C) Intenta redimir a galinha pelo uso vulgar do seu nome.
D) Acaba incriminando a galinha.
E) Reforça o termo vulgar galinhagem.
06) Assinale a afirmativa INCORRETA em relação ao texto:
A) O amor da menina pela Petronilha não tinha reciprocidade, pois galinha não ama.
B) Terem comido a Petronilha aborreceu a menina.
C) A dieta alimentar dos empregados livrou-os do ódio da menina.
D) A justificativa da mãe sobre o fato de os bichos comidos ficarem mais parecidos com a
gente não sensibilizou a
menina.
E) O pai, ao comer da galinha, desagradou a menina.
07) A galinha Eponina marca, no texto:
A) Que o amor é sempre falso.
B) O amadurecimento da menina.
C) Que a menina deixou de amar.
D) Que não há diferença entre amor realista e amor romântico.
E) Todas as afirmativas anteriores são falsas.
08) A menina, ao comer a Eponina, demonstrou:
A) Gostar muito da galinha. D) Uma grande desilusão.
B) Que havia perdido o amor pela galinha. E) Gostar muito de galinha às refeições.
C) Que havia perdido o amor da galinha.
09) Segundo a autora, a Eponina ao molho pardo remetia, de um certo modo a rituais pagãos
porque:
A) os rituais pagãos usam galinha ao molho pardo. D) o corpo da ave era ingerido.
B) no molho pardo é usado o sangue da ave. E) Nenhuma das opções anteriores atende ao
enunciado.
C) os pagãos comiam muita ave na antigüidade.
10) A frase final “A menina era um ser feito para amar até que se tornou moça e havia os homens”,
insinua que:
A) Os homens não são capazes de amar.
B) Só as crianças amam.
C) A menina, quando adulta, teve uma percepção diferente do amor.
D) O amor, na realidade, não existe.
E) Amor não é para pessoas adultas.
11) O item abaixo em que o vocábulo sublinhado tem seu antecedente corretamente indicado é,
EXCETO:
A) “... estava doente do fígado, ela cheirava...”(2º§): menina
B) “... achou de bom alvitre dá-lo tanto a Pedrina...”(2º§): remédio
C) “... administrar-lhes o que as curaria...”(2º§): galinhas
D) “Sua mãe percebeu tudo e explicou-lhe”.(7º§): o pai
E) “... botou-a em cima daqueles grandes fogões...”(9º§): Pedrina
12) Podemos afirmar que o texto em questão é um(a):
A) Romance. B) Conto. C) Reportagem. D) Anúncio. E) Poema.
13) “Era uma vez uma menina que observava tanto as galinhas que lhes conhecia a alma e
os anseios íntimos.”; a
oração deste período – que lhes conhecia a alma e os anseios íntimos – traz uma idéia de:
A) Intensidade. B) Causa. C) Conseqüência. D) Explicação. E) Conclusão.
14) “A menina achou de bom alvitre dá-lo tanto a Pedrina...” A palavra que NÃO pode substituir o
termo “alvitre” é:
A) Lembrança. B) Parecer. C) Sugestão. D) Arbítrio. E) Informação.
15) “Era uma vez” é uma expressão que significa, EXCETO:
A) Tempo indefinido. D) Tempo definido.
B) Tempo incerto. E) Tempo impreciso.
Gabarito: C – E – C – A – E – E – B
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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA
AUDITOR
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2
CC AA RGO::: AUDITOR
TEXTO: Pensar é transgredir
Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós
mesmos — para não
morrermos soterrados na poeira da banalidade embora pareça que ainda estamos vivos.
Mas compreendi, num lampejo: então é isso, então é assim. Apesar dos medos, convém não ser
demais fútil nem demais
acomodada. Algumas vezes é preciso pegar o touro pelos chifres, mergulhar para depois ver o que
acontece: porque a vida não
tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole
bebido.
Para reinventar-se é preciso pensar: isso aprendi muito cedo.
Apalpar, no nevoeiro de quem somos, algo que pareça uma essência: isso, mais ou menos, sou eu.
Isso é o que eu queria
ser, acredito ser, quero me tornar ou já fui. Muita inquietação por baixo das águas do cotidiano.
Mais cômodo seria ficar com o
travesseiro sobre a cabeça e adotar o lema reconfortante: “Parar pra pensar, nem pensar!”
(...)
Somos demasiado frívolos: buscamos o atordoamento das mil distrações, corremos de um lado a
outro achando que
somos grandes cumpridores de tarefas. Quando o primeiro dever seria de vez em quando parar e
analisar: quem a gente é, o que
fazemos com a nossa vida, o tempo, os amores. E com as obrigações também, é claro, pois não
temos sempre cinco anos de
idade, quando a prioridade absoluta é dormir abraçado no urso de pelúcia e prosseguir, no sono, o
sonho que afinal nessa idade
ainda é a vida.
Mas pensar não é apenas a ameaça de enfrentar a alma no espelho: é sair para as varandas de si
mesmo e olhar em torno,
e quem sabe finalmente respirar.
Compreender: somos inquilinos de algo bem maior do que o nosso pequeno segredo individual. É o
poderoso ciclo da
existência. Nele todos os desastres e toda a beleza têm significado como fases de um processo.
Se nos escondermos num canto escuro abafando nossos questionamentos, não escutaremos o rumor
do vento nas árvores
do mundo. Nem compreenderemos que o prato das inevitáveis perdas pode pesar menos do que o
dos possíveis ganhos.
(...)
Para viver de verdade, pensando e repensando a existência, para que ela valha a pena, é preciso ser
amado; e amar; e
amar-se. Ter esperança; qualquer esperança.
Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas mas sem demasiada sensatez. Saborear o
bom, mas aqui e ali
enfrentar o ruim. Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si
mesmo e à possível
dignidade.
Sonhar, porque se desistimos disso apaga-se a última claridade e nada mais valerá a pena. Escapar,
na liberdade do
pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no
que for.
E que o mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que afinal se conseguiu fazer.
(Lya Luft , texto adaptado, http://www.pensador.info/p/artigo_de_opiniao_lya_luft/1/)
01) No primeiro parágrafo do texto, o travessão foi usado com o mesmo propósito que em:
A) Avante! — gritou o comandante.
B) A ponte Rio — Niterói.
C) Posso contribuir com alguma coisa? — perguntou o viajante.
D) O Bolsa Família — programa do governo federal — ajuda muitas famílias carentes.
E) Todos são capazes de alcançarem seus objetivos — ainda que haja obstáculos — se houver
vontade para isso.
02) A respeito da afirmativa de que por baixo das águas do cotidiano existe muita inquietação, é
correto afirmar que
neste trecho:
A) Há uma oposição quanto ao significado das palavras, no sentido de que a inquietação transgride
a mesmice do
cotidiano.
B) Há uma conclusão estabelecida, já que a busca da inquietação tem como conseqüência o
cotidiano, a rotina.
C) O aspecto semântico norteia uma visão negativista do cotidiano em que não há grandes
inquietações.
D) A inquietação é algo natural do homem pós-moderno.
E) A inquietação citada é algo irreal, já que se encontra “por baixo das águas do cotidiano”.
03) O lema, segundo a autora, ironicamente reconfortante: “Parar pra pensar, nem pensar!”, tem o
seu significado
preservado na seguinte construção:
A) É aconselhável praticar o pensamento sem pensar! D) Não pensar, nem pensar!
B) Não parar pra pensar, nem pensar! E) Não é bom pensar em parar pra pensar!
C) Pensar parado, nem pensar!
04) “E com as obrigações também, é claro, pois não temos sempre cinco anos de idade, quando a
prioridade absoluta é
dormir abraçado no urso de pelúcia e prosseguir, no sono, o sonho que afinal nessa idade ainda é a
vida.” O trecho
destacado por um grifo anteriormente é introduzido por vocábulo indicativo de:
A) Tempo. B) Regressão. C) Modo. D) Proporção. E) Finalidade.
05) Considerando a ortografia oficial vigente, indique a seqüência que preenche corretamente as
lacunas da frase a
seguir: “Espero que você ______________ sempre assim, este tipo de ação _____________ um
____________para a
população carente.”
A) continue – constitui – benefício D) continue – constitue – benefíciu
B) continui – constitue – beneficio E) continui – constitui – benefíceo
06) O uso da expressão metafórica “pegar o touro pelos chifres” é justificado no decorrer do texto
através do trecho:
A) Mais cômodo seria ficar com o travesseiro sobre a cabeça e adotar o lema reconfortante: “Parar
pra pensar, nem
pensar!”
B) “Somos demasiado frívolos: buscamos o atordoamento das mil distrações,...”
C) “Se nos escondermos num canto escuro abafando nossos questionamentos, não escutaremos o
rumor do vento nas
árvores do mundo.”
D) “Nem compreenderemos que o prato das inevitáveis perdas pode pesar menos do que o dos
possíveis ganhos.”
E) “E que o mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que afinal se conseguiu
fazer.”
07) É correto inferir a respeito do texto, que para a autora, viver de verdade denota:
A) Ser radical a respeito das suas atitudes, visto que a mesmice deve ser eliminada.
B) Não tomar atitudes precipitadas, esperar o momento certo de agir, deixar que a vida aconteça por
si mesma.
C) Buscar o equilíbrio, agir quando é preciso enfrentar as questões naturais do viver, refletindo
sobre as mesmas.
D) Agir pelos outros e deixar que os outros ajam por você, realizando assim uma positiva troca de
experiências.
E) Investir na reflexão acerca dos obstáculos a serem vencidos de forma a eliminar toda ação
propriamente dita.
08) Assinale a alternativa que exprime corretamente as idéias do segundo parágrafo transcrito:
A) É preciso encarar a vida de frente, apesar dos medos que possam existir.
B) A vida deve ser vivida de forma agressiva, no sentido de que vale a pena passar por cima de tudo
para que os objetivos
sejam alcançados.
C) O futuro é algo duvidoso, incerto, desta forma nunca se deve preocupar com o amanhã, o que
importa é o hoje.
D) Por causa dos medos, é preciso pensar bem para depois agir, usando de cautela e até mesmo de
neutralidade.
E) O comodismo faz parte da vida, não importa o que se faça para modificar esta realidade.
09) O acento agudo foi usado INCORRETAMENTE em:
A) A Terra gira e não pára.
B) Os preços não páram de subir.
C) Há muitas construções antigas nesta região.
D) Tenho certeza que ela está aqui.
E) A Antártica é o continente onde está localizado o pólo Sul.
10) Leia e analise:
I. Aluga-se apartamento e vendem-se casas.
II. O anúncio dizia: precisa-se de empregados.
III. Sou uma pessoa que acredita em Deus.
Está(ão) de acordo com a norma culta da língua, referente à concordância verbal:
A) I e II B) II e III C) I e III D) I, II e III E) II
11) Em “para que ela valha a pena”, na expressão sublinhada não ocorre o uso do sinal indicativo de
crase. Indique a
opção em que este sinal foi usado INCORRETAMENTE:
A) Nunca fui à festa alguma.
B) Os bombeiros ficaram à distância de cento e cinqüenta metros.
C) Àquela época tudo era melhor.
D) À entrada da casa havia um cartaz: vende-se.
E) Nenhuma referência foi feita àquilo.
12) “Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de
nós mesmos...” O
segmento destacado tem a mesma função do trecho destacado em:
A) “... porque a vida não tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia,...”
B) “... mas como o jarro que se renova a cada gole bebido.”
C) “Mais cômodo seria ficar com o travesseiro sobre a cabeça...”
D) “... buscamos o atordoamento das mil distrações...”
E) “... isso aprendi muito cedo.”
13) O título apresentado: “Pensar é transgredir” juntamente com o contexto textual revela que para
a autora, o
pensamento deve ser:
A) Uma ação comum a todos os seres humanos.
B) Um processo criativo em que idéias passadas não importam mais, podendo ser descartadas.
C) A demonstração da capacidade que o ser humano tem de se rebelar sempre contra tudo ao seu
redor.
D) Uma demonstração de inteligência em um nível acima da média.
E) Uma forma que o ser humano tem de romper com a mesmice, infringir ou aperfeiçoar conceitos
estabelecidos.
14) Através de uma linguagem metafórica, a autora afirma que comodidade seria:
A) Ter a oportunidade de praticar de vez em quando seu poder de escolha nas situações do dia-a-
dia.
B) Dormir o dia inteiro literalmente sem ter com o quê se preocupar.
C) Ter atitudes infantis, como brincadeiras e sonhos fantásticos.
D) Não utilizar o pensamento, simplesmente deixar que as coisas aconteçam por si mesmas sem
qualquer interferência do
mesmo.
E) Seguir o pensamento alheio sem quaisquer tipos de questionamentos.
15) Observe: “...o consumo energético teve um crescimento menos intenso...” Nas frases abaixo, as
formas verbais
destacadas estão flexionadas em tempos verbais diferentes da frase anterior, EXCETO:
A) O governo interrompera a privatização das indústrias.
B) O setor de transporte gerou mais gastos de energia.
C) O objetivo será aumentar a oferta interna de petróleo.
D) As características industriais do Brasil ajudam no desenvolvimento do país.
E) O Brasil urbano e industrial tem características marcantes.
Gabarito