You are on page 1of 18

1

Educação Inclusiva: uma perspectiva de mudança


no âmbito escolar.

Silvana Aurora LEOPOLDINO¹

RESUMO: Com o propósito de pontuar e apresentar quais as políticas públicas de


educação inclusiva está presentes em documentos legais, buscando perceber
suas contribuições na perspectiva de uma educação inclusiva. O estudo
objetivou caracterizar a política pública e sua contextualização com a política
educacional inclusiva, bem como identificar sua presença em alguns
documentos relevantes, tanto a nível nacional quanto internacional, como a
Declaração de Salamanca de 1994. Através deles, percebemos quais os
interesses, avanços e recuos, as políticas de governo e os direcionamentos
estendidos à Educação Básica na perspectiva inclusiva. Os discursos
metodológicos relacionados às políticas de inclusão propõem contemplar
alunos com necessidades educacionais especiais na escola, uma educação
de respeito às diferenças e valorização de suas habilidades. Para tanto,
visualizamos tentativas de implementação de políticas propositivas de mudança
social e educacional visando à efetivação, na prática, dessas políticas tão
almejadas pelas instituições escolares e sociais.

PALAVRAS-CHAVES: Políticas públicas educacionais; Educação inclusiva; Âmbito


Escolar.

1 Introdução:

A educação brasileira tem diante de si o desafio de possibilitar o acesso e a


permanência dos alunos com necessidades educacionais especiais na escola,
na perspectiva inclusiva. No entanto, compreender quais são as políticas públicas
de educação inclusiva em documentos legais é fundamental para identificar os
avanços e recuos presentes no sistema educativo.
Com o objetivo de contribuir para o campo das políticas públicas de
2

educação especial na perspectiva inclusiva, procuramos conhecer o sentido,


caráter, discurso, interesses e estratégias das propostas de implementação das
políticas educacionais pelos agentes financeiros e pelo Estado, entender o
processo de inclusão de crianças com deficiência nas escolas regulares de
ensino. A partir dessa busca, perceber quais são os facilitadores e as barreiras
desse processo, se a família da criança está pronta para incluir ela no meio social,
que é a escola, e se esta se encontra preparada para receber esses alunos com
necessidades especiais.
A metodologia usada para a formação deste trabalho foi de busca bibliográfica
de trabalhos já existentes a respeito do tema Inclusão Escolares, legislações
existentes e que remetessem ao tema dentro da escola e da família. Portanto, este
trabalho se deu por uma revisão bibliográfica com a finalidade de satisfazer a
curiosidade do pesquisador, sem objetivos de utilização imediata dos resultados.
Nesse sentido, a iniciativa deste estudo sobre as políticas públicas de
educação inclusiva em documentos já produzidos é pertinente pela relevância do
conhecimento dos objetivos, propostas, intervenções, progressos e inadequações
contempladas nas diretrizes nacionais e internacionais das políticas de educação
inclusiva, as quais têm gerado constantes discussões e significativas mudanças no
âmbito escolar através das relações entre a escola dita normal e os deficientes.
Em seguida, buscamos apreciar e analisar os documentos produzidos que
constituem uma política pública de educação especial na perspectiva inclusiva, a
nível nacional: a Constituição Federal de 1988, a Lei 7.853 de 24 de outubro de
1989, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96, a
Resolução CNE/CEB nº 2/2001 e Resolução CNE/CEB nº 4/2009 e a nível
internacional a Declaração de Salamanca, realizada em 7 e 10 de junho de 1994
em Salamanca na Espanha. Através destes, podemos perceber a crescente
trajetória em que está inserida a educação inclusiva no cenário educacional,
considerando a importância de conhecer e interpretar os interesses dos
organismos financeiros e reguladores, que por muitas vezes disseminam
diretrizes desconexas com a atual organização do universo escolar.
Em vista disso, o presente estudo se justifica já que conhecer as concepções
dos vários segmentos da comunidade escolar sobre o processo de Educação
Inclusiva é a primeira etapa para se definirem os caminhos a serem planejados e
trilhados em uma possível intervenção no contexto escolar. Nesse sentido, o objetivo
3

do trabalho foi avaliar e caracterizar as concepções dos diferentes segmentos desta


comunidade a respeito dos conceitos e impressões sobre inclusão e escola
inclusiva.
A perspectiva de que a educação inclusiva é um processo em construção,
não existindo um conceito inacabado do que viria a ser a sociedade inclusiva. De
fato, o que existe são pessoas comprometidas com a inclusão e que estão
trabalhando para que ela aconteça. Nesse sentido, o presente estudo dirigiu seu
olhar para os entraves que são enfrentados para a efetivação de uma sociedade
inclusiva, sobretudo no que diz respeito ao âmbito escolar, como o preconceito, a
falta de informação da sociedade e a falta de formação dos profissionais da área
da educação. Apesar dos avanços na discussão, consideramos que ainda não
existe um consenso, tampouco uma ideia acabada do que viria a ser uma
sociedade inclusiva; diante dessa constatação, neste trabalho defendemos que a
educação inclusiva é uma prática que ainda está sendo construída, e que o
“longo caminho” a ser percorrido para chegarmos à inclusão ainda não foi
encontrado.
De ante Mao, a complexidade does tema nos deixam entrever que o
caminho é difícil, dada as complexidades que o envolvem como preconceitos,
desconhecimento e polêmicas sobre as deficiências. A inclusão escolar causa
medo, incertezas e inseguranças, sobretudo em recém-licenciados que não
possuem experiência e nenhuma formação a respeito da escola inclusiva.
Diferentemente do princípio do que diz regular em que há uma seleção de
indivíduos portadores de necessidade especial na classe comum, onde o professor,
na realidade, não recebe uma formação na área de educação especial, o processo
de inclusão se refere basicamente a um processo educacional que visa estender ao
máximo a capacidade ao aluno portador de deficiência na escola e na classe
regular. O objetivo do trabalho é para que toda pessoa tenham o direito de usufruir
do acesso aos ambientes escolares e sociais. Tem um professor mais acolhedor da
diversidade de cada aluno. Ter os recursos necessários para que a educação
aconteça no contexto mais integrador possível, procurar um meio eficaz de
combater atitudes discriminatórias. Proporciona a efetivação legal e pedagógica do
Atendimento Educacional Especializado na rede municipal de educação, atingindo
conforme a Política nacional, na Perspectiva da Educação Inclusiva, para suprir as
necessidades de acesso ao conhecimento.
4

Vamos refletir sobre a educação inclusiva no contexto da modernidade e


problematizar a educação inclusiva. Considera que as promessas de emancipação
pretendidas pela razão iluminista, desembocam na incorporação de concepção e
práticas educativas. A educação que visa à inclusão de pessoas com necessidades
especiais, consiste em um trabalho que tem por objetivo, desenvolver as
oportunidades para que todos tenham acesso ao ensino, apoiando com recursos
pedagógicos, que respeite a diversidade, as diferenças, promovendo a construção
do conhecimento e a inserção deste aluno. Refletir sobre as questões de uma escola
inclusiva e para todos, parte de uma mudança na perspectiva sociocultural de uma
visão ideológica, em contraste com a realidade apresentada. O processo de
construção de uma educação inclusiva é responsabilidade de todos e leva-nos uma
ampla discussão, pois a inclusão é uma realidade e, como tal, emerge em um
momento complexo, exigindo um posicionamento de toda a sociedade.
Nesta perspectiva, este trabalho justifica e suscita reflexões acerca do
significado das mudanças estruturais da escola para uma redefinição das
concepções, atitudes e práticas para efetivação da educação inclusiva. O enfoque é
na inclusão como movimento de transformação, trazendo a gestão educacional
como elemento dinâmico e impulsionador da inclusão e no desenvolvimento do
programa Educação inclusiva: direito à diversidade do Ministério da Educação, com
o objetivo de disseminação das políticas públicas de educação inclusiva com vistas
a expandir nacionalmente as idéias de participação e valorização da diversidade, a
luz do paradigma da inclusão.
Identificaremos e analisaremos as variadas medidas educacionais para a
sociedade, desde aquelas de caráter eminentemente assistencial até as de
educação escolar. Com um acurado registro dos principais fatos e momentos
históricos, traça a evolução do atendimento educacional aos portadores de
deficiência no Brasil, bem como explicita e discute as ideologias presentes nas
políticas públicas e nas ações. O desenvolvimento de escolas inclusivas que
ofereçam serviços a uma grande variedade de alunos requer a articulação de uma
política clara e forte de inclusão junto com provisão financeira adequada e a
provisão de serviços de apoio necessários. Mudanças nos aspectos da
escolarização (currículo, prédios, organização escolar, metodologia, avaliação,
recursos humanos, filosofia da escola e atividades extracurriculares, assim como em
muitos outros), são necessárias para a atuação de escolas inclusivas bem-
5

sucedidas. Muitas dessas mudanças requeridas fazem parte de uma reforma mais
ampla da educação, necessária para o aprimoramento da qualidade e relevância da
educação, e para a promoção de níveis de rendimento escolar superiores por parte
de todos os estudantes. A Declaração Mundial sobre Educação para Todos enfatizou
a necessidade de uma abordagem centrada na criança objetivando a garantia de
uma escolarização bem-sucedida para todas elas. A adoção de sistemas mais
flexíveis e adaptativos, capazes de mais largamente levar em consideração as
diferentes necessidades das crianças irá contribuir, tanto para o sucesso
educacional, quanto para a inclusão.

2 Tema:

Entretanto, para um melhor aprofundamento do tema, observa-se que


mediante a justiça, o direito do aluno com necessidades educativas especiais e de
todos os cidadãos à educação, é um direito constitucional.
Uma educação de qualidade para todos implica entre outros fatores a
necessidade de um redimensionamento da escola no que consiste não somente na
aceitação, mas também na valorização das diferenças.
Logo, com a vigência da LDB nº 9394/96 (BRASIL, 1996), que no seu capítulo
V define educação especial como modalidade de educação escolar oferecida
preferencialmente na rede regular de ensino, para portadores de necessidades
especiais, observou-se a necessidade de capacitar os professores ,principalmente
os professores da rede pública, pela responsabilidade que têm em relação ao
trabalho desenvolvido com a maioria das crianças e adolescentes em idade escolar.
Esta capacitação teria que abordar questões voltadas tanto para o melhor convívio e
entendimento com estes alunos com necessidades educacionais especiais quanto
aos seus processos de aprendizagem e necessidades adaptativas. Contudo, o que
se percebe é que para essa mudança ocorrer torna-se necessário ir muito além de
simples capacitações e especializações de caráter informativo para o professore
lidar com essa população.
Toda a escola deve, estar engajada para essa nova etapa, desenvolvendo um
projeto político pedagógico que envolva estes alunos especiais , tendo instrumental
didático, esclarecimento sobre as necessidades educacionais especiais do aluno,
entre muitas outras coisas.
6

Essa mudança na valorização se efetua pelo resgate dos valores culturais, os


quais fortalecem a identidade individual e coletiva do individuo, bem como pelo
respeito do aprender e construir. Cada aluno numa sala de aula representa
características próprias e um conjunto de valores e informações que os tornam
únicos e especiais, constituindo um ritmo de aprendizagem, o desafio da escola hoje
é trabalhar com essas diversidades na tentativa de construir um novo conceito do
processo ensino-aprendizagem de modo que sejam incluídos neste processo todos
que dele, por direito, são sujeitos.
Contudo, de acordo com alguns Autores pesquisados (MONTOAN,
MAZZOTA, BUENO) uns estão insatisfeitos com os paradigmas que têm
predominado em Educação Especial, isto originado pelo fato de que, a despeito de
todos os esforços, os alunos com deficiências, condutas típicas e síndromes
neurológicas, psiquiátricas ou quadros psicológicos graves e, ainda, os de altas
habilidades (Superdotados) continuam excluídos, seja das escolas comuns, seja do
direito à apropriação do saber na intensidade e ritmo necessários para sua
aprendizagem. A integração dos portadores de necessidades especiais tem sido
objeto de sérios questionamentos.
Com o objetivo de analisar e melhor entender esse quadro, no qual se
inserem as minorias, têm se discutido um novo paradigma: a inclusão de todos. Para
tanto, a sociedade precisa assumir mais concretamente o seu papel, criando as
condições necessárias para a equalização de oportunidades.
A inclusão escolar em escolas públicas tem gerado inúmeras discussões e
controversas, que é comum ouvir que a Educação Especial passa por momentos
críticos em todas as estâncias que permeiam: conceitual, nos aspectos das
divergências, no aspecto da atribuição de competências, no aspecto da transição do
modelo pedagógico, no aspecto da construção da prática pedagógica, no aspecto
qualidade docente, no aspecto da educação para o trabalho e o fenômeno da
globalização.
No entanto, deve-se entender como é a Educação Inclusiva na sua totalidade,
para não torná-la excludente.

A escola brasileira é marcada pelo fracasso e pela evasão de uma


parte significativa de seus alunos, que são marginalizados pelo insucesso,
por privações constantes e pela baixa autoestima resultante da exclusão
escolar e da social–alunos que são vítimas de seus pais, de seus
professores e, sobretudo, das condições de pobreza em que vivem, em
todos os seus sentidos. (MANTOAN, 2005, p. 27)
7

Um dos grandes desafios que se coloca a escola inclusiva são a preparação,


interação e conscientização da equipe pedagógica, bem como na formação,
participação e formação de professores, ainda que se façam necessários
programas de formação mais significativos para uma qualificação maior desses
profissionais.
Na perspectiva dessa abordagem, não é difícil verificar como a escola pode
contribuir para o sucesso ou o insucesso do aluno e, que através desses
mecanismos forma-se o tipo de ser humano desejável para uma determinada
sociedade.
Na questão da inclusão do aluno com necessidades educativas especiais o
especialista deve concentrar-se em uma investigação sobre o funcionamento da
instituição, seu currículo, a pedagogia que orienta a ação educativa e o tipo de
avaliação, e sugerir as modificações necessárias para reduzir as diferenças e a
amplitude dos possíveis insucessos escolares, não só dessas crianças, mas de
todos os alunos.
Contudo faz-se importante declarar que esta pesquisa contém a metodologia
de pesquisas bibliográficas, tais como: livros, revistas, internet e informações sobre
a educação inclusiva no Brasil.
O instrumento para se atingir os objetivos da inclusão do aluno com
necessidades educativas especiais na escola são necessariamente o conhecimento
das teorias educacionais e das propostas existentes neste sentido, e sua divulgação
aos profissionais da Educação tais com os professores que estão mais perto desses
alunos todos os dias, aprendendo e ensinando com os mesmos, para que ocorra a
sensibilização e a conscientização da comunidade escolar.

2.1 Fundamentos Para Uma Educação Inclusiva

Garantia, a todos, do acesso contínuo ao espaço comum da vida em sociedade.

Orientada por relações de:

 Acolhimento à diversidade humana


 Aceitação das diferenças individuais

 Esforço coletivo na equiparação de oportunidades de desenvolvimento, com


qualidade, em todas as dimensões da vida.
8

 Atendimento dos alunos com necessidades educacionais especiais


preferencialmente em classes comuns das escolas.

2.2 Inclusão educacional

Garantia do acesso aos conteúdos básicos que a escolarização deve proporcionar a


todos os indivíduos – inclusive àqueles com necessidades educacionais especiais
que apresentam:

 Altas habilidades, precocidade, superdotação;


 Condutas típicas de síndromes/quadros psicológicos, neurológicos e outros.

3 Delimitação do Tema:

Ao delimitar o problema de pesquisa, implicação do praticante na educação


de pessoas com necessidades educativas especiais, emerge então a questão qual a
relação entre a implicação do praticante e a prática profissional?
No contexto da pesquisa, considero praticantes os profissionais envolvidos na
prática escolar, como o professor, o orientador, o supervisor escoar, enfim, todos os
profissionais que atuam na escola. Também incluo os profissionais que trabalham
com as crianças e adolescentes em outros contextos, como: o fonoaudiólogo, o
psicopedagogo, o foniatra, o psicólogo, o assistente social, e outros. Destes
profissionais, defini como interlocutores os professores em exercício profissional e
os professores em formação.

4 Hipótese:

A escola inclusiva apresenta como solução a importância na construção de


uma sociedade mais solidária e delivre preconceito. Essa escola busca trabalhar de
forma a levar todos os alunos a usufruir de um espaço onde a inclusão se faz
naturalmente e considera todos os seus membros como cidadão legitimo, pois a
diferença e colocada como algo inerente na relação entre todos os seres humanos.
Contudo serão apresentadas afirmações de diversos teóricos a respeito da
importância de se trabalhar de forma inclusiva, a dificuldade que se encontra ao
9

querer transformar a sociedade. Para que a sociedade se transforme e se torne mais


justa e igualitária para todos e preciso conhecer os obstáculos, romper os
preconceitos e fazer da escola um espaço de todas as crianças.

5 Problematização:

Ao pensar a implementação imediata do modelo de educação inclusiva nos


sistemas educacionais nos estados e municípios, há que se contemplarem alguns
de seus pressupostos. Que professor o modelo inclusivistas prevê? O professor
especializado em todos os alunos, inclusive nos que apresentam deficiências? O
que fazer quando há um aluno deficiente na turma? Qual a melhor forma de atendê-
lo?
Percebe-se que as pessoas com necessidades especiais ainda estão
excluídas do sistema educação, buscando processos bilaterais para equacionar
problemas, decidir sobre soluções efetivas e equiparação de oportunidades para que
se tornem membros da sociedade e tenham oportunidades equitativas.
A Educação Inclusiva exige muito estudo e reflexão. Não podemos, porque é
obrigatório, expor um ser humano, em nome da inclusão, à desigualdade, à
humilhação, à segregação ou ao fracasso. Deve haver uma prévia reestruturação da
escola, do ambiente escolar, dos profissionais e da família para que todos os alunos
sejam realmente recebidos como iguais e inseridos como membros da sociedade,
da comunidade e da escola e tenham a possibilidade de aprender e evoluir. Quais as
perspectivas de mudanças na inclusão escolar e seus efeitos na educação?

6 Objetivos:

Tornar a escola um espaço democrático que acolha e garanta o acesso, a


permanência e o desenvolvimento de todos os alunos sem distinção social, cultural,
étnica , de gênero ou em razão de deficiência e características pessoais.
Cabe ao poder publico assegurar as pessoas com deficiência o acesso a um
sistema educacional inclusivo em todos os níveis.
Analisando as mudanças já realizadas na inclusão escolar, como também as
perspectivas de mudanças e seus efeitos na educação para, por meio dessa análise,
10

poder definir a natureza da experiência de conviver com o outro, reconhecendo e


valorizando as diferenças.

6.1 Objetivos Gerais:

Considerando que é de extrema importância que a comunidade escolar


conheça sua realidade, o presente trabalho tem como objetivo geral verificar as
concepções de uma comunidade escolar a respeito dos conceitos e impressões
sobre inclusão e escola inclusiva, avaliando e caracterizando as concepções de
diferentes grupos dessa comunidade–alunos, professores e funcionários a respeito
da inclusão. Só dessa forma serão criadas estratégias de atuação desenvolvendo ao
máximo a potencialidade apresentada pela comunidade escolar.

6.2 Objetivos Específicos:

 Tratar a educação inclusiva sob a ótica dos direitos das pessoas com
deficiência, garantindo o acesso à educação como direito inalienável.
 Assegurar as pessoas com deficiência o acesso a um sistema educacional
inclusivo em todos os níveis;
 Apoiar propostas desenvolvidas nas escolas da rede regular de ensino para a
superação de práticas excludentes;
 Fomentar o desenvolvimento e a aquisição de recursos didáticos e
pedagógicos que favoreçam o processo ensino-aprendizagem;
 Estabelecer diretrizes e linhas de ações para a eliminação de barreiras físicas
pedagógicas e de comunicação;
 Propor a transversalidade da educação inclusiva, estimulando o
desenvolvimento das ações nos mais diversos setores (educação, transporte, saúde,
comunicação, cultura, segurança e justiça, esporte e lazer dentre outros);
 Dar sentido à educação inclusiva;

 Conhecer as perspectivas de mudança na inclusão escolar;

 Investigar os efeitos da inclusão escolar na educação;

 Traçar planos de como intervir nas práticas relacionadas às mudanças na


Inclusão escolar de crianças com necessidades especiais de aprendizagem;
11

 Refletir sobre a proposta de inclusão de todos os alunos.

7 Justificativa:

Todos nós concordamos e compartilhamos com a ideia de que é necessário


haver uma parceria em busca de um mesmo objetivo: educação para todos. É
imprescindível o comprometimento e boa vontade de todos os envolvidos. É
necessário conhecer, analisar e compreender os efeitos das mudanças já realizadas
e as que ainda devem ser feitas para a inclusão escolar. A luta pela escola inclusiva,
embora seja contestada e tenha até mesmo assustado a comunidade escolar, pois
exige mudança de hábitos e atitudes, pela sua lógica e ética nos remete a refletir e
reconhecer, que se trata de um posicionamento social, que garante a vida com
igualdade, pautada pelo respeito às diferenças.
Justificando que a educação inclusiva aponta para a transformação de uma
sociedade inclusiva e é um processo em que se amplia a participação de todos os
estudantes nos estabelecimentos de ensino regular, trata-se de uma reestruturação
da cultura, da prática e das políticas vivenciadas nas escolas de modo que estas
respondam à diversidade do alunos. É uma abordagem humanística, democrática,
que percebe o sujeito e suas singularidades, tendo como objetivos o crescimento, a
satisfação pessoal e a inserção social de todos.
A inclusão perpassa pelas várias dimensões humanas, sociais e políticas, e
vem gradualmente se expandindo na sociedade contemporânea, de forma a auxiliar
no desenvolvimento das pessoas em geral de maneira e contribuir para a
reestruturação de práticas e ações cada vez mais inclusivas e sem preconceitos.
Considerando as diretrizes da educação inclusiva, evidencia-se a importância
da conscientização dos profissionais da educação acerca da PNEEPEI para o
efetivo processo de inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais.
Dessa maneira, é importante buscar entender a atuação dos profissionais da
educação para que haja uma educação igualitária. Dessa maneira, a presente
pesquisa apresenta como problema: “Qual a percepção dos profissionais da
educação acerca da PNEEPEI?”
Tendo como finalidade orientar a busca pela resposta da problemática,
propõe-se o seguinte objetivo geral: “Verificar a percepção dos profissionais de
educação acerca da PNEEPEI dentro das instituições de ensino”. E como objetivos
específicos: “Identificar junto aos profissionais da rede regular de ensino o
conhecimento acerca da PNEEPEI”; “Verificar a atuação do profissional da
12

Educação após o lançamento da PNEEPEI” e “Analisar a importância da


conscientização dos profissionais acerca da PNEEPEI”. O trabalho parte da seguinte
hipótese: A conscientização acerca da Política Nacional de Ed... influência a atuação
dos profissionais da educação em sua prática educativa.
Contudo, a importância de estudar sobre a inclusão é a disseminação de um
novo paradigma educacional, fornecer subsídios tanto para os profissionais da
educação quanto para os interessados na área, contribuir para os trabalhos e
pesquisas nessa temática, além de oferecer informações também para os familiares
das pessoas com necessidades educacionais especiais acerca do assunto e dos
direitos que todos possuem, valorizando, neste sentido, a importância da Educação
Inclusiva.

8 Fundamentação Teórica:

A educação de alunos com deficiências, distúrbios graves de aprendizagem,


comportamento, e outras condições que afetam o desenvolvimento, tradicionalmente
tem se pautado em um modelo de atendimento especializado e segregado,
denominado, de forma genérica, como Educação Especial. No entanto, nas últimas
décadas, em função de novas demandas e expectativas sociais, os profissionais da
educação têm se voltado, cada vez mais, para a busca de alternativas menos
segregadas de inclusão desses educandos na escola comum. Assim, partindo dessa
necessidade, tem se desenvolvido um modelo educacional conhecido como
Educação Inclusiva.
A Educação Inclusiva preconiza que todos os alunos, independente de sua
condição orgânica, afetiva, socioeconômica ou cultural, devem ser inseridos na
escola regular, com o mínimo possível de distorção idade-série. Entre os grupos
historicamente excluídos do sistema regular de ensino, beneficiados pela Educação
Inclusiva, destacam-se os portadores de necessidades educacionais especiais:
deficiências sensoriais (auditiva e visual), deficiência mental, transtornos severos de
comportamento ou condutas típicas (incluindo quadros de autismo e psicoses),
deficiências múltiplas (paralisia cerebral, surdo cegueira, e outras condições) e altas
habilidades (superdotados). Antes atendidos exclusivamente pela Educação
Especial.
A educação inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado na
concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores
13

indissociáveis, e que avança em relação à idéia de equidade formal ao


contextualizar as circunstâncias históricas da produção da exclusão dentro e fora da
escola.
Ao reconhecer que as dificuldades enfrentadas nos sistemas de ensino
evidenciam a necessidade de confrontar as práticas discriminatórias e criar
alternativas para superá-las, a educação inclusiva assume espaço central no debate
acerca da sociedade contemporânea e do papel da escola na superação da lógica
da exclusão. A partir dos referenciais para a construção de sistemas educacionais
inclusivos, a organização de escolas e classes especiais passa a ser repensada,
implicando uma mudança estrutural e cultural da escola para que todos os alunos
tenham suas especificidades atendidas.
Nesta perspectiva, o Ministério da Educação/Secretaria de Educação Especial
apresenta a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva, que acompanha os avanços do conhecimento e das lutas sociais, visando
constituir políticas públicas promotoras de uma educação de qualidade para todos
os alunos.
A Educação Especial no Brasil tem sido vista como um desafio para a nova
geração de profissionais da educação, assim como para os profissionais que já
atuam na área, que pretendem tornar a inclusão algo efetivo e com bons resultados.
Apesar disso, no atual contexto educacional, predomina a falta de informação sobre
as principais dificuldades dos alunos com necessidades educacionais especiais, a
ausência de suporte pedagógico apropriado para acolhê-los adequadamente, além
da precária adaptação do espaço físico. O princípio de “inclusão” encontrado em
diversas instituições de ensino brasileiras ainda é considerado deficitário, difuso e
muitas vezes incoerente com a proposta adequada.
Segundo os últimos dados oficiais disponíveis do censo escolar, promovido
pelo Ministério da Educação, existem milhões de crianças e jovens em idade escolar
com algum tipo de deficiência. Boa parte deles não tem atendimento especializado,
estando matriculados em escolas regulares ou pior, não estudam. A Educação
Especial Brasileira atinge somente pequena parcela dos deficientes, quase a metade
deles através de escolas particulares e as demais são federais, estaduais e
municipais.
O presente trabalho tem como objetivo fazer uma reflexão e levantamento
bibliográfico sobre o processo de implantação da Educação Inclusiva no Brasil, no
14

que diz respeito aos alunos com necessidades educacionais especiais, bem como
analisar o papel da Educação Especial no âmbito desta política.

9 Metodologia:

A proposta metodológica deste estudo é de caráter qualitativo e exploratório.


Para a coleta de dados, fez-se uso de um questionário semiestruturado.
A pesquisa qualitativa busca uma compreensão particular daquilo que estuda;
o foco da atenção é centralizado no específico, levantando questões que podem
gerar futuras investigações, contribuindo para o entendimento da educação de áreas
afins, possibilitando ampliar o tema e objeto desta. Esse tipo de pesquisa valoriza o
ser humano, estimula os entrevistados a pensarem livremente sobre algum tema,
objeto ou conceito. Elas fazem emergir aspectos subjetivos e atingem motivações
não explícitas, ou mesmo conscientes, de maneira espontânea. São usadas quando
se busca percepções e entendimento sobre a natureza geral de uma questão,
abrindo espaço para a interpretação (GODOY, 1995).
Este é um estudo exploratório, com a finalidade básica de desenvolver,
esclarecer e modificar conceitos e ideias para a formulação de abordagens
posteriores. Dessa forma, este tipo de estudo visa proporcionar um maior

conhecimento para o pesquisador acerca do assunto (GIL, 1999 )

10 Técnicas para coletas de dados:

O material utilizado constituiu-se de:


1- Documento de anuência da escola, elaborado e entregue às escolas
solicitando a autorização da Direção para o estudo;
2- Termo de consentimento livre e esclarecido: documento apresentado aos
participantes e por eles assinado, declarando ter recebido informação sobre o
propósito do estudo;
3- Ficha de identificação dos participantes (professores), por meio da qual foi
possível obter informações sobre sua idade, sexo e grau de escolaridade;
4- Questionário, instrumento elaborado pela autora, formado de sete questões
abertas, com espaçamento para respostas, o qual foi elaborado a partir de leitura e
15

reflexão de textos (livros, artigos, teses e dissertações) que contemplam o tema


inclusão escolar.

11 Análise e Interpretação de dados:

A organização dos dados foi feita com base nos questionários aplicados.
Estes dados foram examinados mediante análise de conteúdo. Cabe frisar que,
dentre as várias técnicas que contemplam a análise de conteúdo, a análise
categorial foi a empregada para trabalhar com os dados desta pesquisa. Os dados
foram categorizados, apresentados em tabelas e analisados/discutidos utilizando-se
o referencial teórico presente na introdução deste estudo.

12 Considerações Finais:

O planejamento e construção de uma escola de qualidade para todos na


filosofia inclusiva é almejada por muitos gestores, professores, alunos, pais e
sociedade, entretanto, essa utopia exige modificações profundas nos sistemas
de ensino, partindo de uma política pública efetiva de educação inclusiva, a que
deve ser gradativa, contínua, sistemática e principalmente planejada com o
objetivo de oferecer aos alunos com necessidades educacionais especiais
educação de qualidade que proporcione na prática, na ação docente, na
aprendizagem e nas relações intersociais a superação de toda e qualquer
dificuldade que se interponha à construção de uma escola democrática.
A maioria dos documentos legislativos referentes às políticas públicas de
educação especial na perspectiva inclusiva presente neste artigo apresenta como
princípios o direito do aluno com necessidades educacionais especiais à
educação, ao acesso e permanência na escola, a formação e qualificação dos
professores, currículo, métodos, recursos, organizações e infraestrutura adequada
para constituir uma educação satisfatória. Mas, sabemos que sempre existirá
entraves, como os citados por Mantoan (2006, p. 24):

[...] a resistência das instituições especializadas a mudanças de qualquer


tipo; a neutralização do desafio à inclusão, por meio de políticas públicas que
impedem que as escolas se mobilizem para rever suas práticas homogeneizadoras,
meritocracias, condutistas, subordinadoras e, em consequência, excludentes; o
16

preconceito, o paternalismo em relação aos grupos socialmente fragilizados,


como o das pessoas com deficiência.

Vale sempre enfatizar que são promissores os discursos presentes nas


políticas educacionais inclusivas. Houve avanços, como o elevado número de
matrículas na rede de ensino regular de alunos com necessidades educacionais
especiais, o que é significativo, porém permanecemos em dados quantitativos, e
urgente é a qualidade da educação.

Mesmo sabendo que há interferência, controle, supervisão e avaliação de


organismos financeiros internacionais, como o Banco Mundial e o Fundo
Monetário Internacional, também o consentimento por parte do Estado,
continuamos desejando e almejando novas políticas, caminhos e ações
promissoras, coerentes e transformadoras dos sistemas educacionais inclusivos,
onde a escola seja um espaço fundamental na valorização da diversidade e
garantia da cidadania de cada um que, em momentos, apresenta limitações, mas
em outros, muito potencial e habilidade.
Com isso, esperamos o surgimento de outras políticas na perspectiva
inclusiva, reformas e propostas que possam ser discutidas, aprofundadas,
reinventadas e de preferência bem sucedidas no cenário educacional especial
inclusivo, pois as discussões não se limitam neste texto que pretende instigar
novas leituras, análises, considerações e atitudes favoráveis a uma política de
educação para todos sem estigmas, discriminação e segregação.
Para finalizar acredita-se que implementar a Educação Inclusiva no atual
modelo escolar brasileiro é um desafio que nos obriga a repensar a escola, sua
cultura, sua política e suas práticas pedagógicas. As conquistas no campo da
Educação Especial como área de conhecimento, pesquisa e prática profissional têm
muito a contribuir neste processo e é a partir do diálogo entre estes dois modelos de
Educação que uma nova forma de se pensar a escola poderá surgir, capaz de
atender às necessidades educacionais especiais de cada um de seus alunos, não
somente daqueles com deficiência, condutas atípicas ou altas habilidades, mas
todos aqueles que atualmente são marcados pelo ciclo da exclusão e do fracasso
escolar.
17

13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BAIRRÃO, J. (1987). Os Conceitos de Educação Especial. Revista do


Desenvolvimento da Criança, 6 (1, 2), 5-8.

BAIRRÃO, J. (1989). Tendências Actuais da Psicologia Educacional. Psicologia,


8 (1), 5-9.

BELO, M.L.(1999). A Área-Escola e a sua exequibilidade segundo os


professores. Dissertação de Mestrado não publicada. Coimbra: Faculdade de
Psicologia e de Ciências de Educação da Universidade de Coimbra.

BÉNARD DA COSTA, A.M. (1989) .Balanço entre o III e IV Encontro de Educação


Especial. IV Encontro Nacional de Educação Especial - Comunicações. Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian, Serviço de Educação, 1-9.

BENAVENTE, A. (1990).Escola, Professores e Processos de mudanças. Lisboa:


Livros Horizonte.

CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (1999). Parecer n.º 3/99 - Crianças e


alunos com necessidades educativas especiais. Diário da República II Série, N.º
40-17/02/1999.

DECLARAÇÃO DE SALAMANCA (1994). Adoptada pela Conferência Mundial


sobre Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade. UNESCO.

HEGARTY, S. (1989 ) .Past, Current and Future Research on Integration: an


NFER Perspective. Special Educational Needs . 1, 7-18.

HEGARTY, S. (1993) .Reviewing the Literature on Integration. European Journal


of Special Needs Education, 8 (3), 194-200.

JESUS, S. N. (1998). Professor generalista e escola inclusiva. Dois conceitos


enquadrados num novo modelo de organização dos apoios educativos. In
Ensaios em homenagem a Joaquim Ferreira Gomes. Coimbra: Distribuidora
Minerva, 415-420.

JESUS, S. N., & MARTINS, H. (2000). Escola Inclusiva e Apoios Educativos.


Porto: ASA Editores II.

JESUS, S. N., & XAVIER, F. (1996). Área-Escola: dificuldades identificadas pelos


professores e perspectivas para a sua resolução. O Professor, 52, 3-8.

OCDE (1995) .A Integração Escolar das Crianças e dos Adolescentes


Deficientes: Ambições, Teorias e Práticas. Coimbra: S.P.R. Centro.

PORTER, G. (1994). Organização das Escolas: conseguir o acesso e a


qualidade através da inclusão. Comunicação apresentada na Conferência
18

Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade.


(Salamanca).

RODRIGUES, D. (1997). Investigação Educacional e Práticas: Divórcio ou


Cumplicidade. Actas do III Congresso da S.P.C.E.. (Lisboa) 2, 423.

SIMÃO, M. R. (1999). O Ensino e a Aprendizagem da Avaliação Psicológica: O


caso da avaliação da Personalidade. Psychologica, 22, 135-172.

SPECIAL NEEDS EDUCATION (1993). World Yearbook of Education - 1993.


London: Kogan Page.

UNESCO (1994) .Necessidades Educativas Especiais. Inovação, Lisboa: 1, (7).

WANG, M. (1994). Atendendo alunos com Necessidades Educativas Especiais.


Comunicação apresentada na Conferência Mundial sobre Necessidades
Educativas Especiais: Acesso e Qualidade (Salamanca).

You might also like