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Serviço Público Federal  Ministério da Educação

Universidade Federal de Uberlândia  Faculdade de Engenharia Química


Curso de Graduação em Engenharia Química
Controle de Processos Químicos I  Prof. Adilson J. de Assis
Medição de temperatura

Sumário
1 INTRODUÇÃO e CONCEITO 3
2 TEMPERATURA E CALOR 8
3 ESCALAS DE TEMPERATURA 12
4 MEDIDORES DE TEMPERATURA POR DILATA-
ÇÃO/EXPANSÃO 18
5 MEDIÇÃO DE TEMPERATURA COM TERMO-
PAR 28
6 MEDIÇÃO DE TEMPERATURA POR TERMOR-
RESISTÊNCIA 55
7 PIRÔMETRO 62
1 INTRODUÇÃO e CONCEITO
Por que medir temperatura?
• Obtenção de produtos de alta qualidade, com melhores
condições de rendimento e segurança, a custos com-
patíveis com as necessidades do mercado consumidor.
• A temperatura é a variável física mais importante que
é medida nas indústrias de processo. É muitas vezes um
fator crítico para o processamento industrial. Se a medição da
temperatura não é precisa ou conável, por qualquer motivo,
ela pode ter um efeito negativo sobre a eciência do processo,
consumo de energia e qualidade dos produtos manufaturados.

• Mesmo um pequeno erro de medição pode gerar grandes abor-

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recimentos ou sair muito caro em alguns processos, por isso, é
certeza que as medições de
extremamente importante ter
temperatura sejam precisas e conáveis.
• O processamento da indústria farmacêutica é um exemplo onde
a medição imprecisa de temperatura pode arruinar um lote de
produto com valor nanceiramente agregado muito alto. Por
esta razão, há a necessidade de avaliação de cada sistema de
medição, onde o mesmo deve ser cuidadosamente projetado para
satisfazer as necessidades do processo.

• Uma função de segurança que os instrumentos são para Segu-


rança Intrínseca, o mau desempenho pode ser mortal, dis-
pendioso ou ambos, e um pequeno erro é considerado uma falta
perigosa não diagnosticada. Logo, um processo pode ir a condi-

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ção exotérmica e, eventualmente, explodir, se a temperatura não
é medida e controlada com precisão.

• Outro exemplo onde uma medição precisa tem um enorme custo e


consequências é a transferência de custódia, onde a quanti-
dade de material que é comprado e vendido (referido como trans-
ferência de custódia) baseia-se na medição da taxa volumétrica de
gás. A quantidade de material contido em um volume especíco
de gás diminui com o aumento da temperatura e aumenta com
a queda da temperatura. Por isso, é extremamente importante
saber a temperatura exata do gás ao determinar a vazão volumé-
trica. Medições de temperatura imprecisas durante as aplicações
de transferência de custódia podem resultar em excesso ou in-
suciência no carregamento para clientes. Isso pode afetar dire-
tamente o desempenho nanceiro tanto da empresa fornecedora

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como do cliente.

• As medições são feitas tipicamente utilizando um sensor (geral-


mente um termopar ou uma termorresistência) e um circuito de
condicionamento de sinal (um transmissor ou um canal de um
cartão de entrada para um DCS ou PLC) para amplicar o baixo
nível de sinal do sensor (mV ou ohm) para um sinal de corrente
mais robusto de 4 a 20 mA.

• Exemplos de operações importantes realizadas com medi-


ções de temperatura precisas e conáveis incluem:

 Biorreatores farmacêuticos e fomentadores

 Vários reatores químicos

 Colunas de destilação

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 Amortecedores

 Cristalizadores

 Fabricação de componentes de estado sólido

 Transferência de custódia

• Termometria: medição de temperatura

• Pirometria: medição de altas temperaturas, na faixa onde os


efeitos de radiação térmica passam a se manifestar

• Criometria: Medição de baixas temperaturas, ou seja, aquelas


próximas ao zero absoluto de temperatura

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2 TEMPERATURA E CALOR
• Quanto mais rápido o movimento das moléculas, mais quente se
apresenta o corpo, e quanto mais lento, mais frio.

• Temperatura: o grau de agitação térmica das moléculas.

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• A energia térmica de um corpo é o somatório das energias
cinéticas dos seus átomos e, além de depender da temperatura,
depende também da massa e do tipo de substância

• Calor: é energia em trânsito ou a forma de energia que é


transferida através da fronteira de um sistema em virtude da
diferença de temperatura

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• Condução: é um processo pelo qual o calor ui de uma região
de alta temperatura para outra de temperatura mais baixa, dentro
de um meio sólido, líquido ou gasoso ou entre meios diferentes em
contato físico direto
• Radiação: é um processo pelo qual o calor ui de um corpo de
alta temperatura para um de baixa, quando os mesmos estão
separados no espaço, ainda que exista um vácuo entre eles

• Convecção: é um processo de transporte de energia pela ação


combinada da condução de calor, armazenamento de energia e
A convecção é mais importante
movimento da mistura;
como mecanismo de transferência de energia (calor)
entre uma superfície sólida e um líquido ou gás

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3 ESCALAS DE TEMPERATURA
A Escala Internacional Prática de Temperatura de 1968, ou
IPTS-68, revisada pela ITS-90, é baseada em uma certa quantidade
de pontos xos, tais como:

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Figura 1: Pontos Fixos estabelecidos na ITS-90, comparados aos valores xados na IPTS-68

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(a) (b)

Figura 2: As escalas relativas Fahrenheit e Celsius

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Figura 3: As escalas relativas Fahrenheit e Celsius e suas respectivas escalas absolutas.

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Figura 4: Conversão entre escalas - regra de três composta.

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Figura 5: Conversão entre escalas.
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NORMAS E PADRONIZAÇÃO
• ANSI - norte americana

• DIN - alemã

• JIS - japonesa

• BS - inglesa

• UNI - italiana

4 MEDIDORES DE TEMPERATURA POR


DILATAÇÃO/EXPANSÃO
Termômetro à dilatação de líquido em recipiente de vidro
Por ser frágil, é impossível registrar sua indicação ou transmiti-la a

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distância. O uso deste termômetro é mais comum em laboratórios
ou em indústrias, com a utilização de uma proteção metálica.

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Termômetro à dilatação de líquido em recipiente
metálico
• Neste termômetro, o líquido preenche todo o recipiente e, sob o
efeito de um aumento de temperatura, se dilata, deformando um
elemento extensível (sensor volumétrico)

• O Elemento de medição usado é o tubo de Bourdon.


Normalmente são aplicados nas indústrias em geral, para indicação e
registro, pois permitem leituras remotas e são os mais precisos dos
sistemas mecânicos de medição de temperatura.

• Não são recomendáveis para controle devido ao fato de seu tempo


de resposta ser relativamente grande

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Termômetros à pressão de gás: Fisicamente idêntico ao
termômetro de dilatação de líquido

Termômetros à dilatação de sólidos (termômetros


bimetálicos):
• consiste em duas lâminas de metais com coecientes de dilatação
diferentes sobrepostas, formando uma só peça.

• Variando-se a temperatura do conjunto, observa-se um


encurvamento que é proporcional à temperatura

• Na prática a lâmina bimetálica é enrolada em forma de espiral ou


hélice, o que aumenta bastante a sensibilidade.

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Figura 6: A faixa de trabalho dos termômetros bimetálicos vai aproximadamente de -50 o C a
800 o C, sendo sua escala bastante linear. Possui precisão na ordem de ± 1%.
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5 MEDIÇÃO DE TEMPERATURA COM TERMOPAR
Efeitos termoelétricos
• Um termopar consiste em dois condutores metálicos, de
natureza distinta, na forma de metais puros ou de ligas homogêneas,

• os são soldados em um extremo, ao qual se dá o nome


Os
de junta quente ou junta de medição

• A outra extremidade dos os é levada ao instrumento de


medição de FEM (força eletromotriz), fechando um circuito
elétrico por onde ui a corrente.

• O ponto onde os os que formam o termopar se conectam ao


instrumento de medição é chamado de junta fria ou de
referência.
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• O aquecimento da junção de dois metais gera o aparecimento
de uma FEM. Este princípio, conhecido por efeito Seebeck
• A tensão medida com o milivoltímetro será igual a diferença entre
as FEMs E1 e E2 das duas junções.

O efeito Seebeck produz-se pelo fato de que os elétrons livres


de um metal difere de um condutor para outro e depende da
temperatura. Quando dois condutores diferentes são colocados
para formar duas junções e estas são mantidas a diferentes
temperaturas, a difusão dos elétrons nas junções produz-se a
ritmos diferentes.

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Figura 7: Quando a temperatura da junta de referência é mantida constate, verica-se que a
FEM térmica é uma função da temperatura T2 da junção quente. Este fato permite utilizar
um par termoelétrico como um termômetro.

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Características importantes em termopares
1. Efeito termoelétrico de Seebeck: Ocorre circulação de
corrente enquanto existir uma diferença de temperatura ∆T
entre as suas junções.

2. Lei do circuito homogêneo: A FEM medida depende única


e exclusivamente da composição química dos dois metais e das
temperaturas existentes nas junções (Figura 8).

3. Lei dos metais intermediários: Num circuito


termoelétrico, composto de dois metais diferentes, a FEM
produzida não será alterada ao inserirmos, em qualquer ponto
do circuito, um metal genérico, desde que as novas junções
sejam mantidas a temperaturas iguais (Figura 9).

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Figura 8: Um exemplo de aplicação prática desta lei é que podemos ter uma grande variação
de temperatura em um ponto qualquer, ao longo dos os dos termopares, que esta não inuirá
na FEM produzida pela diferença de temperatura entre as juntas.

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Figura 9: Um exemplo de aplicação prática desta lei é a utilização de contatos de latão ou
cobre, para interligação do termopar ao cabo de extensão no cabeçote.

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4. Lei das temperaturas intermediárias: A FEM produzida
em um circuito termoelétrico de dois metais homogêneos e
diferentes entre si, com as suas junções às temperaturas T1 e
T3 (E1) respectivamente, é a soma algébrica da FEM deste
circuito, com as junções às temperaturas T1 e T2 (E2) e a
FEM deste mesmo circuito com as junções às temperaturas T2
e T3 (E3) (ver Figura 10): E1 = E2 + E3.

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Figura 10: Um exemplo prático da aplicação desta lei é a compensação ou correção da
temperatura ambiente pelo instrumento receptor de milivoltagem

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Correlação da FEM em função da temperatura
• Padronizou-se o levantamento das curvas de FEM em função da
temperatura com a junta de referência à temperatura de 0
oC

(norma ANSI).

• Escala Prática Internacional de Temperatura de 1968 (IPTS-68) ,


recentemente atualizada pela ITS-90 , para os termopares mais
utilizados.

• A FEM em função da temperatura pode ser fornecida nas formas:


gráco, tabela, equação/correlação.

• A calibração deve seguir as normas da ABNT (ex.: ABNT NBR


12771)

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Figura 11: Fonte: www.ecil.com.br/tabela/tabela-correlacao-t.pdf

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Figura 12: Continuação... Fonte: www.ecil.com.br/tabela/tabela-correlacao-t.pdf

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Tipos e características dos termopares
TIPO T
Nomenclaturas
T  Adotado pela Norma ANSI
CC  Adotado pela Norma JIS
Cu-Co  Cobre-Constantan
Liga
(+) Cobre 99,9%
() Constantan
São as ligas de Cu-Ni compreendidas no intervalo entre Cu 50% e
Cu 65% Ni 35%. A composição mais utilizada para este tipo de
termopar é de Cu 58% e Ni 42%.
Características
o o
Faixa de utilização: 200 C a 370 C

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FEM produzida: 5,603mV a 19,027mV
Aplicações
Criometria (baixas temperaturas)
Indústrias de refrigeração
Pesquisas agronômicas e ambientais
Química
Petroquímica
Termopares nobres: Aqueles cujos pares são constituídos de
platina. Embora possuam custo elevado e exijam instrumentos
receptores de alta sensibilidade, devido à baixa potência
termoelétrica, apresentam uma altíssima precisão, dada a
homogeneidade e pureza dos os dos termopares.

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Correção da junta de referência
• Os grácos existentes da FEM gerada em função da temperatura
para os termopares têm xado a junta de referência a 0
oC

• Como no uso a junta de referência pode estar em uma


temperatura diferente, isso torna necessário que se faça uma
correção da junta de referência, podendo ela ser automática
ou manual.

• Os instrumentos utilizados para medição de temperatura com


termopares costumam fazer a correção da junta de referência
automaticamente, sendo um dos métodos adotados a medição da
temperatura nos terminais do instrumento, através de
circuito eletrônico.

• Este circuito adiciona a milivoltagem que chega aos terminais,

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uma milivoltagem correspondente à diferença de temperatura de 0
o C à temperatura ambiente

• Sempre vericar no MANUAL DO FABRICANTE se o


termopar em questão realiza a correção automática da
junta de referência ou não!

Exemplo:

Suponhamos que T1 = 500


o C, T2 = 30 o C e T3 = 0 o C.

Poderíamos escrever: E1 = E(500  0), E2 = E(500  30) e E3 =


E(30  0).
Ou então E(500  0) = E (500  30) + E(30  0),
ou ainda E (500  30) = E(500  0)  E(30  0).

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Se tivermos então um circuito termoelétrico com uma junta
quente a 500
o C, e uma junta fria à temperatura ambiente de 30
o C, a FEM desse circuito poderá ser obtida pela subtração da FEM
o
desse circuito com as junções a 500 e 0 C e da FEM. desse circuito
com as junções a 30 e a 0
o C.

Para um termopar tipo J (Ferro/Constantan):

T (o C) 0 10 20 30 100 200 300 400 500


mV 0 0,51 1,02 1,54 5,27 10,78 16,33 21,85 27,39

• No caso citado em que as junções se encontram a 500 e a 30


o C, a FEM do circuito seria 27,39  1,54 = 25,85 mV.

• A FEM do circuito depende portanto de ambas as temperaturas


 da junta quente ou de medição e da junta fria ou de

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referência.

• Ao utilizar um voltímetro, como este mede a diferença de FEM


entre as duas juntas (ou 25,85 mV), daí a necessidade de se
somar a voltagem da junta fria para se ter a voltagem
correspondente à temperatura de 500
o C. Ou seja:

E(500  0) = E (500  30) + E(30  0)


• Disponibilidade atual de módulos baratos para termopares já
com correção da junta de referência tornou a medição usando
voltímetro obsoleta

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Figura 13: Exemplo: Ao medir uma temperatura T2 que produziu uma FEM de 19,69 mV,
estando a junta de referência a 24 o C, deve-se adicionar a FEM de 0,96, que é a FEM de 24
o C em relação a 0 o C. A FEM total será então 19,68+0,96 = 20,64 mV.

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Figura 14: Módulo sensor de temperatura (termopar) Max6675 com com termopar tipo K.

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Exemplo: Modulo Leitor Temperatura Max6675

Características
• Tensão de funcionamento: 3,0 ∼ 5,5 V;

• Circuito interno de compensação de junta fria integrado ( 20


∼ 80
o C);

• Sinal de temperatura pode ser convertido em 12-bits digitais;

• Circuito interno de detecção de quebra de termopar;

• Comunicação SPI de 3 os;

• Sonda de temperatura tipo K;

• Leitura de temperatura por termopar tipo K de 0


o C  800 o C.

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Figura 15: Módulo sensor de temperatura (termopar) acoplado a um Arduino UNO.
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6 MEDIÇÃO DE TEMPERATURA POR
TERMORRESISTÊNCIA
• Esses sensores adquiriram espaço nos processos industriais por
alta estabilidade mecânica e térmica,
suas condições de
resistência à contaminação, baixo índice de desvio pelo
envelhecimento e tempo de uso.
• Devido a estas características, tal sensor é padrão internacional
o o
para a medição de temperaturas na faixa de 270 C a 660 C em seu
modelo de laboratório.

• Princípio de funcionamento: Os bulbos de resistência são


sensores que se baseiam no princípio de variação da resistência
em função da temperatura.

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• Os materiais mais utilizados para a fabricação destes tipos de
sensores são a platina, o cobre ou o níquel

• UmaPt-100 será uma termorresistência de platina que a 0 o C


apresenta uma resistência de 100 Ω, ao passo que uma Ni-500 será
uma termorresistência de níquel que a 0
o C apresenta uma

resistência de 500 Ω.
• Características das termorresistências:

• Alta resistividade, permitindo assim uma melhor sensibilidade


do sensor

• Alto coeciente de variação de resistência com a temperatura

• Rigidez e ductilidade para ser transformado em os nos

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Vantagens:
• Possui maior precisão dentro da faixa de utilização do que
outros tipos de sensores

• Com ligação adequada, não existe limitação para distância de


operação

• Dispensa utilização de ação especial para ligação

• Se adequadamente protegido, permite utilização em qualquer


ambiente

• Tem boas características de reprodutibilidade

• Em alguns casos, substitui o termopar com grande vantagem

Desvantagens:

60
• É mais caro do que os sensores utilizados nessa mesma faixa

• Deteriora-se com mais facilidade, caso haja excesso na sua


temperatura máxima de utilização

• Temperatura máxima de utilização de 630


oC

• É necessário que todo o corpo do bulbo esteja com a


temperatura equilibrada para fazer a indicação corretamente

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7 PIRÔMETRO
• Os radiômetros (ou pirômetros de radiação) operam,
essencialmente, segundo a lei de Stefan-Boltzmann.

• A radiação é coletada por um arranjo óptico xo e dirigida a um


detetor

• Os pirômetros são, em geral, portáteis, mas podem ser


empregados também no controle de processos a partir de
montagens mecânicas, xas ou móveis.

• O impulso que motivou o desenvolvimento de pirômetros foi a


necessidade de medir a temperatura de objetos
muito quentes, impossibilitando contato direto, como metais
fundidos, cerâmicas e outros processos industriais, estrelas e

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também a temperatura em câmaras como as de vácuo.

• Principais tipos de medição em pirômetros: radiação,


infravermelho, óticos

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Figura 16: Mecanismo de funcionamento de um radiômetro.

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Sumário

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