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VOCAÇÃO

E MISSÃO
DOS LEIGOS
NA IGREJA E
NO MUNDO

“O Reino dos Céus é semelhante


a um proprietário que saiu muito cedo
a contratar trabalhadores para a sua
vinha.
Ajustou com eles um denário por dia
e mandou-os para a vinha.
A sair pelas nove horas da manhã,
viu outros que estavam ociosos,
e disse-lhes:
«Ide vós também para a minha vinha.»”Mt20

VOCAÇÃO
E MISSÃO
DOS LEIGOS
NA IGREJA E
NO MUNDO O Concílio Vaticano II ao falar da Igreja através
das imagens de Corpo místico de Cristo,
Sacramento de Salvação ou de Comunhão,
Povo de Deus, refere-se à sua rica complexidade
acentuando, a dimensão simultaneamente
humana e divina, de comunidade de crentes e de
presença de Cristo no mundo, através do Espírito
Santo.

Neste mistério de comunhão, todos os


baptizados - clérigos, leigos e religiosos - são
chamados a colaborarem activamente na missão
da Igreja.

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VOCAÇÃO
E MISSÃO
DOS LEIGOS
NA IGREJA E
NO MUNDO “Existe na Igreja diversidade de funções, mas
unidade na missão.”
(Decreto sobre o Apostolado dos Leigos – Vaticano II
primeiro capítulo, nº 2)

Estamos perante uma nova consciência da Igreja


que se expressa numa eclesiologia de
comunhão, em que a expressão “Povo de Deus”
se transforma numa denominação primordial da
Igreja.

Procura restabelecer o devido equilíbrio entre a


estrutura hierárquica e a comunidade dos fiéis e
uma nova consciência da missão e da
responsabilidade dos leigos.

TODOS RAMOS DA Na Igreja dos primeiros séculos,


MESMA VIDEIRA o termo laós designa o povo cristão
PERSPECTIVA
HISTÓRICA
no seu conjunto, ou seja, todos os baptizados.

O acento recai sobre a unidade essencial do


povo de Deus.

Nos textos do NT que se referem às primeiras


comunidades cristãs acentua-se a existência de
um só Espírito, embora sejam diversos os
carismas e os ministérios que dele procedem e
se distribuem pelos diversos membros da
comunidade.

“Todos fomos baptizados num só Espírito para


sermos um só corpo”. 1 Cor.13

Um corpo – O Corpo de Cristo - com vários


membros, vários carismas, vários ministérios,
todos essenciais à vida do corpo.

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TODOS RAMOS DA As comunidades cristãs dos primeiros séculos,
MESMA VIDEIRA foram-se desenvolvendo em Igrejas particulares,
PERSPECTIVA em redor de um Bispo, garante da unidade e
HISTÓRICA
comunhão.

A Igreja entendia-se como a comunidade dos


baptizados em Cristo.

Nesta identidade, fundava-se a igual dignidade de


todos os fiéis, clérigos e leigos:

“Aterra-me o ser para vós, mas consola-me o


estar convosco. Sou para vós como Bispo, sou
convosco como cristão. Nome de ofício o
primeiro; de graça o segundo; aquele de risco,
este de salvação”.
Sto. Agostinho

Toda a comunidade cristã se sentia responsável


pela missão comum da Igreja.

TODOS RAMOS DA Com a cristianização do império, com


MESMA VIDEIRA Constantino, desaparece a oposição de
PERSPECTIVA baptizado/não baptizado e conduz
HISTÓRICA
progressivamente a um cristianismo penetrado
por um dualismo clero-laicado.

A Igreja divide-se em três ordens de fiéis: clero a


quem cabe o governo da Igreja, monges que
vivem afastados do mundo e leigos, casados, que
vivem no mundo.

Passa-se, assim, de uma Igreja entendida como


comunidade em que cada um tem o seu carisma
e é co-herdeiro com Cristo, para uma Igreja
dominada por um grupo interno que se considera
escolhido à parte por Deus.

Afirma-se uma divisão dualista das tarefas: os


clérigos ocupam-se da Igreja, os leigos da
sociedade. A vida laica passa a ser vista como
uma concessão à fraqueza humana.

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TODOS RAMOS DA Um movimento renovador no século XX:
MESMA VIDEIRA Extra Igreja:
PERSPECTIVA
HISTÓRICA
A própria conjuntura histórica e as rápidas mudanças
sociais
O fim da “cristandade”
O desenvolvimento científico
Intra Igreja:
Os movimentos bíblico, patrístico, litúrgico e
ecuménico
O retorno ao estudo das fontes
A recuperação da espiritualidade cristocêntrica
A crescente consciência dos leigos da sua
responsabilidade social,
A própria reflexão da Igreja quanto ao seu papel no
mundo,
Os novos movimentos laicais como a Acção Católica,
Os primeiros congressos sobre os leigos (1951 e
1957).

TODOS RAMOS DA Este movimento de renovação, desemboca no


MESMA VIDEIRA Concílio Vaticano II, o primeiro que estudará com
PERSPECTIVA suficiente amplitude a realidade dos leigos e a sua
HISTÓRICA responsabilidade na missão da Igreja, colocando as
bases para uma verdadeira eclesiologia de
comunhão.

O Concílio procurou dar uma definição pela positiva


do leigo:

“Por leigos entendem-se aqui todos os cristãos que


não são membros da sagrada Ordem ou do estado
religioso reconhecido pela Igreja, isto é, os fiéis que,
incorporados em Cristo pelo Baptismo,
constituídos em Povo de Deus e tornados
participantes, a seu modo, da função sacerdotal,
profética e real de Cristo, exercem pela parte que
lhe toca, a missão de todo o Povo cristão na Igreja e
no mundo”. LG 31.

A LG esclarece ainda que aquilo que é próprio e


especifico dos leigos é a sua característica secular,
a secularidade

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EU SOU A VIDEIRA
E VÓS OS RAMOS O Leigo é um baptizado
IDENTIDADE DO LEIGO
Mediante o baptismo, Jesus une o baptizado à
sua morte para uni-lo à sua ressurreição (Rm 6,3-
5); despoja-o do homem velho e reveste-o do
homem novo, ou seja dele próprio: “pois todos
vós, que fostes baptizados em Cristo, vos
revestistes de Cristo” (Gal. 3, 27)

Assim o baptizado, precisamente por essa


incorporação no mistério de Cristo, torna presente
no seu contexto existencial a mesma vida
trinitária que Cristo viveu na sua encarnação.

A identidade e natureza do fiel leigo funda-se,


pois, essencialmente no facto de ser de Cristo, de
pertencer a Cristo, de depender de Cristo, como
os sarmentos dependem da Videira.

EU SOU A VIDEIRA
E VÓS OS RAMOS
IDENTIDADE DO LEIGO
O leigo é um membro do povo de Deus

A Igreja é uma comunidade em que clérigos,


religiosos e leigos formam um só povo de Deus,
uma só Igreja, um só mistério de comunhão com
Cristo, de modo que a Igreja é de todos e de cada
um e todos somos responsáveis pela sua vida e
do seu desenvolvimento.

A consagração inicial realizada pelo baptismo e


pela confirmação, compromete os leigos na única
missão de todo o povo de Deus: ao seu modo,
especificamente laical, são participantes na
função sacerdotal, profética e real de Jesus
Cristo.

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EU SOU A VIDEIRA
E VÓS OS RAMOS
Participação no múnus sacerdotal,
IDENTIDADE DO LEIGO profético e real de Cristo:
O Vaticano II afirma que estando o leigo, pelo
baptismo, unido à vida e missão de Cristo,
participa da sua função sacerdotal (LG4).

Todos os membros do Povo de Deus são


participantes, a seu modo, destes três múnus de
Cristo, que são três aspectos da única acção
salvífica de Cristo.

A participação neste triplo ministério é diferente na


hierarquia ou nos demais fiéis, mas em todos
serve para expressar a natureza orgânica da
Igreja.

Esta participação não se dá individualmente em


cada baptizado, mas à Igreja, pelo que cada
membro participa neste triplo ministério, enquanto
membro da Igreja e em comunhão com ela.

EU SOU A VIDEIRA
E VÓS OS RAMOS
IDENTIDADE DO LEIGO
O leigo enquanto participante do múnus
sacerdotal de Cristo, deve viver uma profunda
comunhão com o Espírito, de modo a consagrar e
a oferecer a Deus todas as suas ocupações diárias
e a vida de cada momento.

“Incorporados pelo baptismo em Cristo, os


baptizados estão unidos a Ele e ao seu sacrifício
em oferecimento de si mesmos e de todas as suas
actividades” CL14

“Deste modo, os leigos, agindo em toda a parte


como adoradores, consagram a Deus o próprio
mundo”

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EU SOU A VIDEIRA
E VÓS OS RAMOS A função profética de Cristo – anunciar ao mundo o
IDENTIDADE DO LEIGO Reino de Deus - é continuada hoje pela Igreja, pelo
testemunho e pela palavra de cada um dos seus
membros.

“A participação no ofício profético de Cristo (...)


habilita e compromete os fiéis leigos a acolher com
fé o Evangelho e a anunciá-lo com a palavra e com
as obras, sem medo de denunciar corajosamente o
mal.

Unidos a Cristo (...) são igualmente chamados a


fazer brilhar a novidade e a força do Evangelho na
vida quotidiana, familiar e social e a manifestar, com
paciência e coragem, nas contradições da época
presente, a sua esperança na glória também através
das estruturas da vida secular.” CL14

“Ao pertencerem a Cristo Senhor e Rei do universo,


EU SOU A VIDEIRA
os fiéis leigos participam no Seu múnus real e
E VÓS OS RAMOS
IDENTIDADE DO LEIGO por Ele são chamados para o serviço do Reino de
Deus e para a sua difusão na história”. CL14
“Vivem a realeza cristã, sobretudo no combate
espiritual para vencerem dentro de si o reino do
pecado (cf. Rom 6, 12), e depois, mediante o dom
de si, para servirem, na caridade e na justiça, o
próprio Jesus presente em todos os seus irmãos,
sobretudo nos mais pequeninos (cf. Mt 25, 40). “
CL14
A especificidade laical da participação no múnus
real de Cristo, vincula-se à ordenação de toda a
realidade criada para glória e louvor a Deus.
Expressa-se também na competência profissional,
de forma que com a própria actividade profissional,
elevada qualitativamente pela graça de Cristo, os
leigos contribuam para o progresso da vida
económica e social, em ordem a uma maior justiça.

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EU SOU A VIDEIRA A índole secular do fiel leigo
E VÓS OS RAMOS
IDENTIDADE DO LEIGO “A Igreja tem uma clara dimensão secular, inerente à
sua mais íntima natureza e missão, que tem a sua
raiz no mistério do Verbo encarnado e que se realiza
de forma diferente em cada um dos seus
membros”(CL15).

Como Jesus é enviado pelo Pai, como o Espírito é


enviado pelo Pai e pelo Filho, também a Igreja é
enviada ao mundo, à história, estando aí presente
como sacramento de salvação.
“O Concílio descreve a condição secular dos leigos
indicando-a antes de mais como o lugar onde lhe é
dirigido o chamamento de Deus: Aí são chamados
por Deus” (CL 15).

Chamados a ordenar todas as realidades temporais


em Cristo e a devolver à criação todo o seu valor
originário, os leigos respondem à sua vocação à
santidade a partir do compromisso com o mundo.

IDE VÓS TAMBÉM


PARA A MINHA
O direito - dever dos leigos ao apostolado:
VINHA
APOSTOLADO DOS
LEIGOS “O dever e o direito ao apostolado advêm aos
leigos da sua mesma união com Cristo cabeça.
Com efeito, inseridos pelo Baptismo no corpo
místico de Cristo, (…) é pelo Senhor mesmo, que
são destinados ao apostolado.” (AA3)

“As condições actuais exigem deles (leigos)


absolutamente um apostolado cada vez mais
intenso e mais universal .

Sinal desta urgente necessidade é a evidente


actuação do Espírito Santo que hoje torna os
leigos cada vez mais conscientes da própria
responsabilidade e por toda a parte os anima ao
serviço de Cristo e da Igreja” (AA 1)

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IDE VÓS TAMBÉM
PARA A MINHA
O Leigo no mundo
VINHA
APOSTOLADO DOS
LEIGOS Os leigos são especialmente chamados a tornar
presente e operante a Igreja naqueles lugares e
circunstancias em que esta só pode chegar a ser
sal da terra através deles.

O baptizado há-de encarnar profundamente na


realidade secular sabendo:

Descobrir aí as sementes do Verbo;


Ver nessa realidade a “Vinha” a que o Senhor o
chama a trabalhar.

O leigo deve olhar o mundo como o campo


próprio da sua missão profética, sacerdotal e
real e do seu compromisso apostólico.

IDE VÓS TAMBÉM


PARA A MINHA
O Leigo prolonga no mundo o mistério da
VINHA
APOSTOLADO DOS Encarnação:
LEIGOS
Tudo o que Cristo assumiu na encarnação foi
salvo e o leigo prolonga esta encarnação ao
assumir todas as realidades temporais para
consagrá-las a Deus, para as “baptizar” e tornar
presente nelas a salvação de Cristo;

Os leigos têm a tarefa específica de interpretar


à luz de Cristo a história do mundo.

Por isso é fundamental descobrir os “sinais de


Deus” nos acontecimentos quotidianos e
aprender a ler os sinais dos tempos, que nos
mostram que o mundo se encaminha até à sua
consumação final em Cristo.

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IDE VÓS TAMBÉM
PARA A MINHA Ser fermento no mundo:
VINHA
APOSTOLADO DOS estilo e atitudes
LEIGOS
Ser sinais da Caridade de Deus: atento e solidário
com o humano;
Compromisso com a libertação integral do
homem: libertação radical que opera no plano do
ser e agir;
Promoção do diálogo e do entendimento: tornar
realidade a civilização do amor;
Promoção da dignidade da pessoa: ajudar a criar
as condições culturais, religiosas e sociais, para
ajudar o homem a crescer como pessoa e como
Filho de Deus;
Promoção da liberdade da pessoa: actuar de
forma a que cada pessoa e cada povo seja capaz
de adquirir e desenvolver este valor específico do
homem.

IDE VÓS TAMBÉM


PARA A MINHA
Os campos da missão do leigo no mundo:
VINHA
APOSTOLADO DOS
LEIGOS Evangelizar a cultura

Casal e família

Participação política

Trabalho e vida económica e social

Ética

Sofrimento

Educação

... Todos os demais


que o Espírito Santo nos inspirar...

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IDE VÓS TAMBÉM
PARA A MINHA O leigo na Igreja:
VINHA
APOSTOLADO DOS Testemunha dos valores da laicidade: respeito
LEIGOS pela autonomia das realidades temporais; valores
como a tolerância e a participação democrática;
ecologia; direitos humanos; emancipação da
mulher; interculturalidade; primazia da consciência;
Compromisso do leigo na transmissão da fé:
necessidade de formação; importância da
catequese; intervenção pública, meios de
comunicação social;
Compromisso do leigo na acção pastoral:
associações de leigos (novo dinamismo; inúmeras
possibilidades); participação activa na vida
paroquial;
Compromisso com a preparação do futuro da
Igreja: envelhecimento e diminuição do clero; novas
necessidades; novos desafios; novas respostas

IDE VÓS TAMBÉM


PARA A MINHA Novas formas de participação dos leigos na
VINHA vida da Igreja
APOSTOLADO DOS
LEIGOS Alguns factos:
Leigos a dar Exercícios Espirituais e a fazer
acompanhamento espiritual
Leigos missionários
Leigos empenhados na sua formação teológica
Leigos com “encargo pastoral”

Os leigos podem ensinar as ciências sagradas;


presidir a celebrações da palavra e orações
litúrgicas; pregar; celebrar alguns sacramentos,
como o baptismo ou o matrimónio, celebrar funerais.
Ser chamados para o serviço permanente à Igreja,
com direito à remuneração adequada a prover as
necessidades próprias e da família.

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