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ATOS ENUNCIATIVOS
São classificados na espécie enunciativos os atos administrativos que
exprimem um juízo de valor, ou a declaração acerca de um determinado fato. Os
atos enunciativos não são dotados, de per si, de coercitividade, imperatividade e
autoexecutoriedade, pois dependem para a produção de seus efeitos jurídicos da
aprovação ou determinação de autoridade superior.
São exemplos de atos enunciativos a certidão, o atestado e o parecer.
Tanto a certidão como o atestado demonstram a existência de determinado
fato jurídico. A distinção entre eles reside no fato de a certidão representa a
reprodução de informação já devidamente arquivada nos bancos de dados e registros
públicos da Administração. Temos como exemplos a certidão de nascimento, certidão
de casamento, certidão de óbito, certidão de antecedentes.
Já o atestado expressa um fato de que a Administração tenha conhecimento,
sem, no entanto, conste de seus registros. Exemplo: atestado de vacina, atestado
de residência, declaração de nascido vivo.
Por fim, o parecer compreende a emissão de um juízo de valor, de uma opinião
técnica acerca de determinada situação submetida a sua apreciação. O parecer para
que passe a produzir efeitos jurídicos, depende da aprovação da autoridade
competente.
Por ter caráter opinativo, em regra as conclusões lançadas no parecer não
vinculam a autoridade a que a lei atribui a tomada da decisão, que pode acatá-lo,
como pode rejeitá-lo. Com base nesse contexto, o parecerista que tenha apresentado
ao caso solução que não se apresente como adequada ou correta não pode vir a ser
responsabilizado por tal conduta, salvo nas hipóteses em que tenha atuado com má-
fé. Nesse sentido, já decidiu o STF.
No entanto, hipóteses há em que o parecer é designado por lei como de
conclusão vinculante. Nesses casos, a doutrina e a jurisprudência do STF tem
entendimento pelo caráter decisório do parecer, que permitiria a responsabilização
de seu autor.
ATOS PUNITIVOS
Trata-se dos atos administrativos por meio dos quais a Administração impõe
uma sanção, tanto aos seus servidores, como decorrência do poder disciplinar, como
aos particulares, como decorrência do poder de polícia (ou disciplinar, quando se
referir a particular com vínculo jurídico com a Administração Pública).
Por tal razão, a doutrina classifica os atos punitivos em internos, quando
referente aos servidores, e externos, nas hipóteses em que a sanção afeta
diretamente o particular.
atos, quando eivados de nulidades, conforme dicção da Súmula 473 do STF. Tal
prerrogativa, no entanto, não afasta a possibilidade do controle jurisdicional acerca
da legalidade dos atos administrativos. Nesses termos, será plenamente viável ao
Poder Judiciário verificar no bojo de uma ação judicial a legalidade de determinado
ato administrativo.
O vício de legalidade impõe que o ato seja anulado, com efeitos ex tunc, ou
seja, de forma retroativa, com o retorno das coisas ao estado anterior ao de sua
prática, ressalvados os direitos dos terceiros de boa-fé.
Tratando-se de controle de legalidade, são passíveis de anulação tanto os atos
administrativos vinculados, como os atos discricionários.
Nos termos do art. 54 da Lei n. 9.784/99, que regula o processo
administrativo em âmbito Federal, o direito da Administração de anular os atos
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em
cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.
No caso em que o ato administrativo possua efeitos patrimoniais contínuos, o
prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. A lei afirma
ainda que se considera como exercício do direito de anular qualquer medida de
autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato.
Outro limite que se apresenta à anulação dos atos administrativos é a
aplicação da chamada teoria do fato consumado, quando a situação jurídica, apesar
de eivada de vício de legalidade, já está devidamente consolidada, fazendo com que
haja maior atendimento ao interesse público em sua manutenção do que na
declaração de sua invalidez.
Vale lembrar que, dentro do prazo previsto na lei, para a anulação de ato do
qual decora efeito favorável ao particular, deverá a Administração instaura o
respectivo processo administrativo, em que sejam respeitados os princípios do
contraditório e da ampla defesa.