You are on page 1of 5

30/10/2018 Constituição do Reino Unido – Wikipédia, a enciclopédia livre

Constituição do Reino Unido
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A Constituição do Reino Unido (Constitution of the United Kingdom) é o conjunto de leis e princípios sob o qual o
Reino  Unido  é  governado.  Não  é  constituído  de  um  único  documento  constitucional,  como  o  é,  por  exemplo,  a
Constituição  dos  Estados  Unidos.  É,  muitas  vezes,  dito  que  o  país  tem  uma  constituição  "não  escrita",  "não
codificada"  ou  de  facto  ("na  prática"). [1]  A  maior  parte  da  constituição  britânica  existe  na  forma  escrita  de  leis,
jurisprudência, tratados e convenções.

O alicerce da constituição britânica tem sido, tradicionalmente, a soberania parlamentar, segundo a qual os estatutos
são aprovados pelo Parlamento do Reino Unido, suprema e última fonte de direito. [2] Isto significa que os membros do
parlamento  podem  mudar  a  constituição  simplesmente  ao  aprovar  novas  leis.  No  entanto,  membros  da  União
Europeia  têm  dificultado  esse  princípio.  O  Decreto  das  Comunidades  Europeias  de  1972  coloca  o  Reino  Unido  sob
todas as leis da União Europeia (e desabilita quaisquer disposições acerca de seus próprios conflitos), o que se passa
também com os outros estados­membros. [3]

Índice
Princípios
Resumo
Estatutos­chave selecionados
Alguns acordos importantes
Fontes
Decretos parlamentares
Monarquia
Sumário
Ver também
Referências
Ligações externas

Princípios
Os dois princípios basilares da Constituição do Reino Unido foram estabelecidos como seus "pilares gêmeos" por A. V.
Dicey, em sua obra "Uma introdução ao Estudo do Direito Constitucional" (1885). São eles a soberania do Parlamento
e o princípio da igualdade. O primeiro significa que o parlamento é a instituição legisladora por excelência, e só ele tem
competência para legislar em caráter nacional. É um princípio antigo no direito da Inglaterra, de origens claramente
identificáveis  (destacando­se  a  restauração  monárquica  seguinte  à  Revolução  Puritana  de  Oliver  Cromwell).  O
segundo postula que todos são iguais perante a lei. Embora este ideal seja antigo, desde a Magna Carta de 1215, sua
aplicação prática a todos os indivíduos no Estado desenvolveu­se somente no século XIX.

A interpretação dos "pilares gêmeos" de Dicey é uma interpretação legal, e foi criticada por comentadores escrevendo
sobre  o  declínio  da  independência  do  parlamento  e  o  domínio  do  Executivo  na  política.  Apesar  de  interpretações
políticas  da  constituição  do  Reino  Unido  terem  mudado  muito  desde  a  era  de  Dicey,  não  há  consenso  sobre  uma

https://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_do_Reino_Unido 1/5
30/10/2018 Constituição do Reino Unido – Wikipédia, a enciclopédia livre

interpretação  legal  alternativa.  Dicey  mesmo  identificou  que,  ultimamente,  o  eleitorado  é  a  soberania  política,  e  o
parlamento é legalmente soberano.

Outro princípio importante é o conceito de Estado unitário, que é corolário da soberania parlamentar, e basicamente
significa que, ao contrário dos sistemas Federal e Confederal, o poder supremo fica apenas com o centro do Estado.

Monarquia constitucional é o princípio chave, significando que o monarca não governa de verdade, ele tem um papel
cerimonial  apenas.  Este  princípio  data  da  Restauração,  e  quando  Walter  Bagehot  escreveu  que  a  monarquia  era  a
parte dignificada da constituição, a situação moderna estava estabelecida. O mais recente princípio da constituição é
a afiliação à União Europeia, o princípio de que a lei da União é superior a lei do Reino Unido.

Este  princípio  foi  identificado  no  famoso  Caso  Factortame,  no  qual  o  Decreto  da  Marinha  Mercante  de  1988  foi
revogado. Aparentemente isto aconteceu para minar o princípio de soberania do parlamento, mas o parlamento ainda
pode vencer a União Europeia repelindo o Decreto das Comunidades Europeias de 1972, desta forma preservando sua
soberania.

Resumo
Pilares gêmeos da constituição de A.V. Dicey

Soberania parlamentar (Origens ancestrais, evolução moderna e começo na Restauração)
Regra da Lei (Origens Ancestrais, evolução moderna começou no século XIX)
Outros Princípios Importantes

Estado Unitário (origens ancestrais, derivado da monarquia)
Monarquia Constitucional (Originou­se na Restauração)
Participação na UE (Desde 1972, superioridade das leis da União Europeia estabelecida em 1990)

Estatutos­chave selecionados
Magna Carta (1215)
Decreto de Habeas Corpus de 1679
Declaração de Direitos de 1689
Reivindicação de Direitos 1689
Decreto de Estabelecimento de 1701
Tratado de União de 1707, juntando Inglaterra e Escócia para formar a Grã­Bretanha
Ato de União de 1800, juntando Grã­Bretanha e Irlanda para formar o Reino Unido
Decreto de Reforma de 1832
Decreto de Reforma de 1867
Decreto de Reforma de 1884
Atos Parlamentares (de 1911 a 1949)
Acordo de Liberdade da Irlanda de 1922, Constituição de Estado Livre da Irlanda de 1922, e Provisões
Consequenciais da Liberdade do Estado da Irlanda de 1922 reconhecendo a Irlanda como país não mais fazendo
parte do Reino Unido.
Estatuto de Westminster de 1931
Decreto das comunidades Europeias de 1972
Declaração de Direitos Humanos de 1998
Decreto da Escócia de 1998
Decreto do Governo de Gales de 1998
Decreto da Irlanda do Norte de 1998
Decreto da Casa dos Lordes de 1999
Reforma Constitucional de 2005

Alguns acordos importantes
https://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_do_Reino_Unido 2/5
30/10/2018 Constituição do Reino Unido – Wikipédia, a enciclopédia livre

Relativos à Monarquia

Desde o reinado da rainha Ana, o monarca não se recusou a garantir o consentimento real para decretos
passados pelo parlamento.
O monarca não poderá dissolver o parlamento sem a ordem do primeiro­ministro.
O monarca convocará o líder do partido dominante na Casa dos Comuns para formar o governo.
O monarca convocará um membro da Casa dos Comuns (e não da Casa dos Lordes ou outra fora do
parlamento) para formar o governo.
Todos os ministros serão escolhidos das Casas dos Comuns ou dos Lordes.
A Casa dos Lordes aceitará qualquer legislação que estiver num manifesto do governo (a Convenção de
Salisbury).
Responsabilidade Ministerial
Responsabilidade Ministerial Coletiva

Fontes

Decretos parlamentares
Decretos Parlamentares são leis (ou estatutos) que recebem o aprovação do parlamento ­ isto é, do soberano, da Casa
dos Lordes e da Câmara dos Comuns do Reino Unido.

Em raras ocasiões, a casa dos comuns usa os "Atos Parlamentares" (o Ato Parlamentar de 1911 e o Ato Parlamentar de
1949) para passar a legislação sem a aprovação da Casa dos Lordes. Nunca se ouviu falar, nos tempos modernos, de o
soberano  se  recusar  a  consentir  com  uma  tarifa,  apesar  de  a  possibilidade  ter  sido  contemplada  em  relação  aos
controversos irlandeses Ato de regra da casa de 1914.

Decretos parlamentares estão entre as mais importantes fontes da constituição. De acordo com a visão tradicional, o
parlamento tem a habilidade de legislar o que desejar em qualquer assunto que quiser. Por exemplo, a maior parte do
estatuto  medieval  icónico  conhecido  como  Magna  Carta  foi  deixado  de  lado  desde  1828,  independente  de  ter  sido
previamente resguardado como sacrossanto. É tradicional o caso em que cortes são barradas por questionar qualquer
decreto parlamentar, um princípio que pode ser encontrado desde a era medieval. [4] Por outro lado, este princípio teve
seus dissidentes e críticos durante os séculos, e atitudes na área judicial desta área podem estar mudando[5]

Como  todas  as  constituições  não  codificadas,  a  do  Reino  Unido  é  o  conjunto  de  vários  documentos,  convenções  e
precedentes. As fontes têm importância variada, com as Leis do Parlamento (estatutos)  e  o  direito  da  Comunidade
Europeia, de grande importância, que regulam vários aspetos do governo, e sistemas mais amplos e vagos, como o
regulamento  eleitoral.  Tratados  internacionais,  que  são  incorporados  como  Atos  do  Parlamento,  também  têm
frequentemente importância constitucional.

Como o Reino Unido trabalha com o sistema jurídico de direito consuetudinário, precedentes estabelecidos por juízes
também são uma fonte da constituição. Outra importante fonte não escrita consiste em convenções  constitucionais,
que, por exemplo, tentam governar a conduta ministerial. No entanto, várias destas convenções se encontram hoje em
forma escrita. Regras escritas de conduta para ministros e membros do parlamento são hoje disponíveis com algum
detalhe. A prerrogativa real é regulada pelas convenções, o que é muito significativo.

Este poder era historicamente executado pelo soberano, derivando da sua autoridade. Hoje este poder é exercido em
nome  do  monarca  pelo  Primeiro  Ministro,  e  inclui  o  poder  de  declarar  guerra.  Estes  poderes  são  controversos,  e  é
frequente haver pedidos para torná­los mais claros por escrito, e ter o seu âmbito reduzido.

A  seleta  doutrina  denominada  works  of  authority  (trabalhos  de  autoridade)  é  a  menos  importante  das  fontes  da
constituição.  Esta  doutrina  é  composta  por  obras  que,  por  vezes,  são  citadas  a  fim  de  conferir  autoridade  a  uma
interpretação de uma área da Constituição. As mais referenciados são as obras de constitucionalistas do século XIX,
principalmente A.V. Dicey, Walter Bagehot e Erskine May.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_do_Reino_Unido 3/5
30/10/2018 Constituição do Reino Unido – Wikipédia, a enciclopédia livre

Monarquia
O Reino Unido é uma monarquia constitucional e a sucessão ao trono britânico é hereditária, regida pelo princípio de
primogenitura e preferência masculina, mas exclui aqueles que estão, ou que se casam, com católicos.

Segundo  a  constituição  britânica,  os  amplos  poderes  do  executivo,  conhecidos  como  a  Prerrogativa  Real,  são
nominalmente investidos no soberano. No exercício destas competências, entrementes, o soberano normalmente acata
o  conselho  do  primeiro­ministro  ou  outros  ministros.  Este  princípio,  que  surgiu  com  a  Restauração  Inglesa,  foi
articulado pelo escritor vitoriano Walter Bagehot como "a rainha reina, mas não governa".

A medida precisa da prerrogativa real nunca foi formalmente delineada, mas em 2004, o Governo de Sua Majestade
publicou alguns dos poderes, a fim de a administração ser mais transparente: [6]

Poderes domésticos

O poder de demitir e nomear um primeiro­ministro
O poder de demitir e nomear outros ministros
O poder de convocar, prorrogar e dissolver o Parlamento
O poder de conceder ou recusar a aprovação do orçamento real (tornando­os válidos e de direito)
O poder de promover funcionários das Forças Armadas
O poder de comando das Forças Armadas do Reino Unido
O poder de nomear os membros do Conselho da Rainha
O poder de emissão e retirada de passaportes
O poder de conceder prerrogativa de misericórdia (apesar da pena capital não existir, este ato ainda é usado para
corrigir os erros no cálculos da penas)
O poder de conceder honras
O poder de criar empresas através da Carta Régia

Poder externo

O poder de ratificar e celebrar tratados
O poder de declarar guerra e paz
O poder de implementar as Forças Armadas no exterior
O poder de reconhecer estados
O poder de creditar e receber diplomatas
As  prerrogativas  mais  importantes  ainda  pessoalmente  exercidas  pelo  soberano  é  a  escolha  de  nomear  o  primeiro­
ministro,  e  analisar  uma  dissolução  do  parlamento,  a  pedido  do  primeiro­ministro.  Em  ocasião  mais  recente,  o
monarca  teve  de  exercer  esses  poderes  durante  as  eleições  gerais  de  fevereiro  de  1974,  quando  o  primeiro­ministro
Edward Heath renunciou depois de não conseguir garantir uma maioria absoluta no parlamento.

Sua Majestade, Isabel II, nomeou Harold Wilson, líder do Partido Trabalhista, como primeiro­ministro, exercendo sua
prerrogativa  após  uma  ampla  consulta  com  o  Conselho  Privado.  O  Partido  Trabalhista  teve  o  maior  número  de
cadeiras na Câmara dos Comuns, mas não uma maioria absoluta. As eleições gerais de 2010 também resultaram em
um empate. Após vários dias de negociações entre as partes, a rainha Isabel II convidou David Cameron para formar
um governo no conselho do primeiro­ministro demissionário Gordon Brown.

O soberano normalmente aceita o pedido do primeiro­ministro para a dissolução do parlamento. No entanto, diversas
autoridades concordam que um primeiro­ministro que aponta uma dissolução deve ganhar, pelo menos, um voto de
confiança  da  Câmara  dos  Comuns  recém­eleitos  antes  de  ele  ou  ela  (soberano)  solicitar  qualquer  dissolução. [7]
Nenhuma recusa de dissolução aconteceu desde o início do século XX. [7]

A rainha Vitória foi o último soberano a vetar uma nomeação ministerial. Em 1892, ela recusou o conselho de William
Ewart Gladstone de nomear Henry Labouchere (um radical que havia insultado a família real) ao gabinete. [8]

O último soberano que vetou legislação aprovada pelo parlamento foi a rainha Ana.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_do_Reino_Unido 4/5
30/10/2018 Constituição do Reino Unido – Wikipédia, a enciclopédia livre

Sumário
Leis do Parlamento
Tratados jurídicos
Direito europeu
Common Law
Convenções constitucionais
Prerrogativa real

Ver também
Governo Constitucional
História da Constituição Britânica
Declaração dos Direitos dos cidadãos Britânicos
História da democracia
Governo Constitucional

Referências
4. Ver o estudo do Prof. Jeffrey Goldsworthy "A
1. Barnett, H, Constitutional and Administrative Law, ed5 soberania do Parlamento", OUP 1999.
(2005, London: Cavendish) at 9. Conversly, "A written
constitution is one contained within a single document 5. Veja particularmente Jackson e outros contra
or a [finite] series of documents, with or without Representante Geral.[2005] UKHL 56
amendments", id. http://www.publications.parliament.uk/pa/ld200506/ldjudgmt/jd0
1.htm
2. Este princípio foi enunciado pelo famoso erudito
jurídico Albert Venn Dicey, e pode ser encontrado, por 6. http://www.guardian.co.uk/politics/2003/oct/21/uk.freedomofinfo
exemplo, no julgamento de Robert Megarry em 1982 7. «Cópia arquivada» (https://web.archive.org/web/20100
no caso Manuel v Attorney General. 423150233/http://www.parliament.uk/commons/lib/res
3. Veja Tribunal de Justiça da União Europeia casos Van earch/briefings/snpc­04951.pdf) (PDF). Consultado em
Gend en Loos e Costa v. ENEL, e o Caso Factortame 26 de julho de 2018.. Arquivado do original (http://ww
na Câmara dos Lordes. w.parliament.uk/commons/lib/research/briefings/snpc­
04951.pdf) (PDF) em 23 de abril de 2010
8. Bogdanor p. 34

Ligações externas
Um Código de Guia e Conduta em Procedimentos para Ministros (https://web.archive.org/web/20070228080703/htt
p://www.cabinetoffice.gov.uk/propriety_and_ethics/ministers/ministerial_code/) (Issued formally by the Prime
Minister in July 2001)

Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Constituição_do_Reino_Unido&oldid=52759525"

Esta página foi editada pela última vez às 20h39min de 26 de julho de 2018.

Este texto é disponibilizado nos termos da licença Atribuição­CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada (CC BY­SA 3.0) da
Creative Commons; pode estar sujeito a condições adicionais. Para mais detalhes, consulte as condições de
utilização.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_do_Reino_Unido 5/5

You might also like