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DOI: 10.4025/reveducfis.v26i4.

26441  

ARTIGOS ORIGINAIS

O ENSINO DAS LUTAS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: ANÁLISE DA


PRÁTICA PEDAGÓGICA À LUZ DE ESPECIALISTAS

THE TEACHING OF FIGHTS IN PHYSICAL EDUCATION CLASSES: ANALYZE OF


PEDAGOGICAL PRACTICE IN THE LIGHT OF EXPERTS

Luiz Gustavo Bonatto Rufino ∗

Suraya Cristina Darido ∗∗

RESUMO
Objetivou-se analisar as opiniões de docentes universitários especialistas no tema das lutas sobre a prática pedagógica nas
aulas de Educação Física na escola, propondo implicações para o desenvolvimento dos contextos de formação de professores.
A amostra foi constituída por 5 professores selecionados de modo intencional que participaram de entrevistas
semiestruturadas a partir de um roteiro previamente construído. A análise dos dados foi realizada por meio da técnica da
análise de conteúdo, culminando com a inferência de duas categorias: 1) fatores restritivos, a qual buscou analisar os
principais elementos de dificuldade no que corresponde ao desenvolvimento das lutas na escola; 2) possibilidades, a qual
representou propostas de edificação das lutas frente às demandas sociais atuais. Conclui-se que a prática pedagógica das lutas
na escola apresenta alguns dilemas oriundos da forma como elas são desenvolvidas no âmbito da formação, indicando a
necessidade de alterações que possam valorizá-las como manifestações da cultura corporal.
Palavras-chave: Capacitação Profissional. Ensino. Artes Marciais.

INTRODUÇÃO curricular (BRACHT, 2010; GONZÁLEZ;


FENSTERSEIFER, 2010; KIM; LEE; WARD,
As práticas relacionadas à esfera da cultura 2015).
corporal de movimento, dentro de suas No que corresponde ao âmbito da formação
especificidades, têm se constituído social e docente, Tardif (2012) considera que o
historicamente como os conteúdos escolares que distanciamento entre os saberes profissionais dos
devem ser ensinados durante as aulas de professores do ensino básico e os conhecimentos
Educação Física, compreendida como universitários dos docentes de ensino superior
componente curricular da educação básica provocam rupturas para a construção dos saberes
(SOARES et al., 1992). e, consequentemente, para a prática pedagógica.
Contudo, muitas vezes, o ensino de tais Estes dilemas engendram uma problemática
manifestações tem apresentado dificuldades de complexa para o quadro da formação de
tratamento pedagógico na escola. Tal fato se professores que deve estar devidamente
deve, em parte, à diversificação e ampliação de articulada com as demandas oriundas dos
práticas corporais existentes, eclodindo tanto em contextos de intervenção escolar, ou seja,
problemas aos processos formativos de novos superar a visão aplicacionista que apresenta
profissionais (CALDEIRA, 2001; KIRK, 2010) como principal armadilha a desconsideração da
quanto em dificuldades para o desenvolvimento prática como local de produção de saberes,
da prática pedagógica deste componente

*
Doutorando. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Motricidade do Instituto de Biociências, Universidade Estadual
Paulista, Rio Claro-SP, Brasil.
**
Doutora. Professora do Departamento de Educação Física. Instituto de Biociências. Universidade Estadual Paulista, Rio
Claro-SP, Brasil.

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desarticulando assim o processo de formação e da Educação Física deve contemplar o universo


de pesquisa sobre o ensino (TARDIF, 2012). das práticas de luta, buscando contribuir com os
No caso da Educação Física, entre as diversas objetivos de análise crítica da realidade social,
manifestações da cultura corporal de visando a formação, ampliação e enriquecimento
movimento, alguns autores apontam que as lutas cultural das pessoas.
têm suscitado dúvidas aos professores durante a Tais assertivas instigam questionamentos
prática pedagógica, seja por dificuldades de concernentes aos processos de ensino e
domínio destes conteúdos (BARROS; aprendizagem relacionados aos profissionais que
GABRIEL, 2011; CARREIRO, 2005; são formadores de professores de Educação
NASCIMENTO; ALMEIDA, 2007), ou por Física escolar, ou seja, aos professores
desconhecimento e preconceito com relação a universitários responsáveis pelo ensino das lutas
estas práticas (DEL VECCHIO; FRANCHINI, no ensino superior. O ensino das lutas é
2006; JAGIETTO; DORNOWSKI, 2011; assegurado em termos de diretrizes curriculares,
RUFINO; DARIDO, 2011) ou ainda devido a mas tende a ser um conteúdo pouco abordadopor
produção acadêmica insuficiente que possa muitos cursos de formação superior na Educação
subsidiar as ações profissionais (CORREIA; Física, o que repercute em problemas para sua
FRANCHINI, 2010; RUFINO; DARIDO, 2012; efetivação no âmbito escolar.
VERTONGHEN; THEEBOOM, 2012). Nesse sentido, é necessário trazer à tona as
Para Nascimento e Almeida (2007), nas opiniões e representações de professores que
escolas, o conteúdo lutas é pouco abordado, estão diretamente envolvidos na formação de
provocando questionamentos e preocupações por professores uma vez que até o presente momento
parte dos professores. Os autores reconhecem o campo da Educação Física no Brasil tem
que alguns argumentos corriqueiramente investido pouco na compreensão da formação
utilizados para esta deficiência noensino das em lutas no ensino superior, bem como em sua
lutas – como a necessidade do professor ser relação com a prática pedagógica encontrada na
especialista em modalidades ou incitações a área da Educação Física escolar. Esse déficit de
aspectos de violência – são fatores restritivos investigações tem gerado lacunas que precisam
para a prática desse conteúdo. ser melhores compreendidas pela área da
Nesta perspectiva, Del Vecchio e Franchini Educação Física brasileira.
(2006) consideram que a dificuldade em tratar os Para direcionar o estudo, buscamos arrolar
conteúdos lutas na escola deve-se, em parte, à algumas questões problematizadoras as quais,
formação profissional em Educação Física. Para por conta do próprio quadro introdutório
esses autores, em diversos casos, os cursos de apresentado, não serão inteiramente respondidas
graduação apresentamformações deficientes em pela investigação, devido à sua complexidade.
relação a estas práticas, ora restringindo o ensino Dessa forma, podemos destacar, entre outras
a apenas uma modalidade, ora nem sequer questões: Como se dá o processo de ensino e
havendo a presença destes conteúdos nos aprendizagem das lutas no Brasil tanto nos
currículos dos cursos de formação superior, fato cursos superiores de Educação Física quanto nas
que dificulta a presença destes conteúdos na aulas de Educação Física escolar? Quais as
escola uma vez que pode limitar as intervenções principais opiniões de professores especialistas
profissionais dos professores de Educação no ensino das lutas em Instituições de Ensino
Física. Superior no que corresponde ao ensino destes
De acordo com a resolução do Conselho conteúdos na escola? Como é possível
Nacional de Educação/Câmara de Educação desenvolver a prática pedagógica da Educação
Superior nº 7 de 31 de março de 2004, que Física em relação ao trato pedagógico do
institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para conteúdo lutas a partir do contexto da formação
os cursos de graduação em Educação Física, esta de professores? Quais são os principais fatores
área de conhecimento e de intervenção tem restritivos que incidem em dificuldades para o
como objeto de estudo e de aplicação o ensino das lutas na escola? Como prover
movimento humano com foco nas mais variadas possibilidades de desenvolvimento pedagógico
formas de manifestação, tais como as lutas/artes das lutas no contexto escolar? E, finalmente:
marciais (BRASIL, 2004). Ainda para esse quais as principais implicações para o âmbito da
documento, a formação profissional no âmbito formação profissional no que corresponde ao

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desenvolvimento de propostas alternativas para o de 42 anos e 6 meses, ±6,72). Rudio (1978)


ensino das lutas na escola? define como amostras intencionais não
Essas, entre outras questões, demonstram que probabilísticas aquelas oriundas de uma
o professor de lutas no ensino superior é, estratégia adequada, escolhendo casos para a
portanto, de fundamental importância à amostra que representem determinada população
disseminação de possibilidades pedagógicas para sob algum aspecto. Os resultados não permitem
o ensino destas práticas em ambiente escolar, a realização de generalizações para toda uma
fato que necessita de análises mais população, possibilitando analisar as
pormenorizadas por parte da literatura brasileira, características dessa determinada amostra, bem
ainda incipiente neste âmbito de estudos, como como suas implicações para o desenvolvimento
salientam Correia e Franchini (2010). das compreensões do problema de pesquisa.
Assim, o presente estudo teve como objetivo Os critérios para caracterização dos
analisar as opiniões de docentes universitários especialistas foram: 1) ser professor de lutas no
especialistas no tema das lutas sobre a prática ensino superior por um período de, no mínimo,
pedagógica deste conteúdo durante as aulas de cinco anos; 2) Ser praticante ou ter praticado
Educação Física na escola, propondo modalidade(s) de luta(s) por, pelo menos, dez
implicações para o desenvolvimento dos anos (média de tempo de prática de 22 anos e 4
contextos de formação de professores. meses, ±8,54), o que permitiu poder considerar
que estes profissionais são especialistas em um
ou mais modalidades, ou seja, apresentam
MÉTODO experiência e vivência com a prática de
modalidades de luta, assim como com o seu
Como técnica de coleta de dados utilizou-se ensino no âmbito universitário. Todos os
entrevistas semiestruturadas, as quais, de acordo especialistas ministram aulas em Instituições de
com Marconi e Lakatos (1982), objetivam a Ensino Superior (IES) localizadas no interior do
obtenção de informações diretamente dos estado de São Paulo, sendo 3 de caráter público
entrevistados. Triviños (1987) afirma que a (estadual) e 2 de caráter privado. O Quadro 1
entrevista semiestruturada parte de certos ilustra as principais características dos
questionamentos básicos, apoiados em teorias e especialistas.
hipóteses que interessam à pesquisa, oferecendo As entrevistas foram desenvolvidas da
um amplo campo de interrogativas à medida que seguinte forma: após o contato inicial com cada
recebem as respostas. um dos especialistas e seu posterior aceite, foi
As entrevistas seguiram um roteiro, dividido agendado um encontro individual com cada um
em quatro partes: 1) caracterização do deles, no local de preferência do entrevistado. As
participante (idade, formação acadêmica e entrevistas foram registradas por meio de um
atuação profissional); 2) experiências com as gravador digital de voz (marca Sony, modelo
lutas (modalidades já praticadas, graduações Px312 – 2gb). A duração média de cada
conquistadas, como surgiu o interesse pelas entrevista foi de cerca de uma hora e quinze
lutas, experiência com o ensino das minutos.
modalidades, etc.); 3) experiências na docência Para a análise dos dados, optou-se por utilizar
em lutas no ensino superior (tempo de atuação a técnica de análise do conteúdo (BARDIN,
profissional, instituições que trabalharam, 1991), submetendo os discursos transcritos à
contextos de atuação, como ensinavam a organização sistemática dos dados em
disciplina de lutas, principais dificuldades na categorias. Para isso, procedemos à realização
formação inicial, etc.); 4) considerações sobre as das etapas propostas pela autora. Na pré-análise
lutas nas aulas de Educação Física (como ensinar realizamos a leitura flutuante, relacionando
as lutas na escola, como avaliar o ensino, como possíveis códigos vinculados com o objetivo do
organizar os conteúdos das lutas no currículo, estudo, bem como preparamos o material para
principais dificuldades sobre as lutas nas aulas posterior exploração. Na fase de exploração e
de Educação Física,considerações finais). codificação elencamos as unidades de registro
Foram selecionados cinco especialistas em relacionadas com as palavras, temas e situações
lutas de maneira intencional não probabilística, presentes nas falas dos participantes, bem como
com idades entre 30 e 51 anos (média de idade definimos as unidades de contexto. Finalmente,

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no momento de tratamento dos dados definimos Todos os procedimentos legais foram


as categorias e subcategorias que coadunassem cumpridos a partir da aprovação do estudo no
com o objetivo do estudo, desenvolvendo o Comitê de Ética em Pesquisa da universidade de
processo de inferência dos dados, bem como de origem dos autores (protocolo número 2400 de
interpretação e análise dos resultados, 08/04/2011). Os participantes assinaram o
apresentados a partir da frequência de aparição Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(f) dos códigos, apresentados em forma de (TCLE), tendo todas as dúvidas sanadas, antes
porcentagem. ou durante a realização dos procedimentos.
Quadro 1 – Principais características dos especialistas participantes do estudo.
Tempo de Tempo de docência
Identific Modalidades de Instituição que
Idade Sexo prática em lutas (Ensino
ação luta conhecidas trabalha
(em anos) Superior)
Especia- Capoeira, Particular
47 Masculino 20 5
lista 1 JiuJitsu, Judô (privada).
Aikidô,
Especia- Capoeira, Pública
41 Masculino 34 11
lista 2 Hapkidô, estadual.
JiuJitsu, Judô
Especia- Boxe, JiuJitsu, Particular
44 Masculino 21 7
lista 3 Judô, Karatê (privada).
Especia- Capoeira, Judô, Pública
51 Masculino 25 18
lista 4 Wrestling estadual.
JiuJitsu, Judô,
Especia- Pública
30 Feminino 12 6 Karatê,
lista 5 estadual.
MuayThai
Média 42,6 - 22,4 9,4 - -
Fonte: Os autores.

RESULTADOS E DISCUSSÃO FATORES RESTRITIVOS

A partir da análise de conteúdo realizada por A categoria intitulada “fatores restritivos”


meio das transcrições das falas dos abarcou as subcategorias destacadas ao longo
especialistasemergiram duas categorias que, por das falas e vinculadas às principais dificuldades
sua vez, aglutinaram subcategorias, conforme é elencadas pelos especialistas sobre o ensino das
possível visualizar no Quadro 2. lutas, fato que proporciona implicações tanto à
Quadro 2 – Categorias e subcategorias temáticas formação profissional (formação deficiente),
oriundas do discurso dos especialistas. quanto com relação à prática pedagógica do
CATEGORIA SUBCATEGORIA professor de Educação Física.
Formação deficiente(f=52%) O fator restritivo que emergiu com maior
Insegurança do professor na veemência no discurso dos especialistas (f=52%)
escola(f=15%)
relacionou-se à formação deficiente, sendo
Infraestrutura escolar
deficiente(f=15%) considera precária no que corresponde ao ensino
Falta de materiais para o ensino das lutas na escola. Além disso, os participantes
FATORES
RESTRITIVOS
das lutas(f=9%) salientaram dificuldades no estabelecimento de
Carga horária insuficiente para a critérios pedagógicos para auxiliar os
Educação Física(f=3%) professores. Para a especialista 5:
Poucas informações sobre as lutas
na sociedade(f=3%)
Associação com incitações à A principal dificuldade está na forma
violência(f=3%) como as lutas são tratadas na
universidade. Se a gente for pensar na
Propostas de adaptação/inovação escola a formação é a universidade e
das lutas (f=45%) muitos professores não tiveram contato
Produção de materiais didáticos com lutas. As universidades não me
POSSIBILIDADES
sobre lutas na escola(f=19%) parecem estar sendo tão competentes
Propostas de formação em trazer uma visão de lutas que seja
continuada(f=36%)
Fonte: Os autores.

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prática e possível de ser levada para a elaboração dos saberes necessários à prática
escola com segurança (Especialista 5). educativa”.
Del Vecchio e Franchini (2006) salientam
Essa perspectiva corrobora a fala apresentada que o domínio das técnicas específicas de uma
pelo especialista 1: “Eu acho que o maior determinada modalidade de luta leva entre cinco
empecilho é a formação do professor. É provável e dez anos, aproximadamente. Por outro lado, no
que muitos docentes não tiveram uma formação âmbito universitário, a disciplina de lutas
que mostrasse que é possível adaptar as lutas na apresenta-se usualmente em apenas um ou dois
escola”. Para o especialista 3 os problemas de semestres. Como saída para essa divergência:
formação de professores para abordar o
conteúdo das lutas são prejudiciais para a prática Seria mais importante que o graduando
pedagógica. Para ele: “o maior problema é que a aprendesse a utilizar a luta/arte marcial
graduação do professor é deficiente. Seria como estratégia para atingir o objetivo
preciso haver mais semestres para o ensino das de um programa de educação física em
lutas e que elas não fossem disciplinas optativas vez de executar técnicas específicas de
como é em alguns lugares”. um único estilo durante sua
permanência no ensino superior (DEL
A defasagem em termos de formação
VECCHIO; FRANCHINI, 2006, p.
profissional, sobretudo a forma como as lutas são
103).
compreendidas na universidade, principalmente em
cursos de formação de professores, foi o ponto Como apontamentos para a formação
mais enfatizado pelos participantes. O especialista profissional competente no ensino das lutas, Del
2 questionou: “Nem todas as universidades têm Vecchio e Franchini (2006) ressaltam que não é
disciplinas de lutas, e as que têm por vezes são possível assumir a prática isolada de uma ou
modalidades específicas, e aí nem sempre isso dá outra modalidade. Os autores propõem que a
uma visão para ser levado na escola”. abordagem do ensino das lutas deveria propiciar
Estas inquietações corroboram os aos graduandos a aprendizagem de conceitos,
apontamentos de Del Vecchio e Franchini procedimentos e atitudes que os auxiliem a
(2006) ao admitir que as dificuldades em tratar analisar criticamente esta prática corporal,
os conteúdos das lutas na escola são oriundas, compreendendo tanto os processos didáticos
em parte, devido à formação do profissional de envolvidos quanto a assimilação de conteúdos
Educação Física. Para os autores, a disciplina de que os possibilitem aprender e ensinar.
lutas nos currículos das instituições de ensino Essa argumentação elucida a implicação
superior deve direcionar claramente para a área a prática de se repensar a forma como o processo
qual pretende formar seu profissional, seja a de ensino e aprendizagem das lutas vem sendo
licenciatura no âmbito escolar, seja o abordado no âmbito do ensino superior no Brasil
bacharelado no âmbito não escolar. Para isso, de modo geral, uma vez que tal deficiência
são necessárias formas diferenciadas de tratar provoca e contribui com outras dificuldades,
pedagogicamente as lutas no ensino superior. algumas das quais também foram abordadas
Essa implicação apresenta aporte inclusive pelos participantes. Dessa forma, é fundamental
fora do contexto brasileiro. Espartero e Gutierrez que seja revista a forma de encadeamento e
(2004) admitem que na Espanha poucos ancoragem pedagógica das lutas no âmbito dos
professores consideram-se com formação cursos de graduação em Educação Física.
adequada para utilizar as lutas nas aulas de Outra dificuldade elencada pelos
Educação Física. Esse dado ilustra a dimensão especialistasrelacionou-se à insegurança do
da defasagem profissional no que corresponde professor. O especialista 1, por exemplo,
ao ensino das lutas no ensino superior. admitiu: “para mim o maior empecilho seria a
Da mesma maneira, Correia e Franchini ação do professor, sua insegurança para ensinar
(2010) salientam a escassez de cursos que as lutas na escola”. Da mesma maneira, a
proponham a tematização das lutas. Ainda de especialista 5 apontou: “o professor tem pouca
acordo com Correia e Franchini (2010, p. 6) informação sobre o que são as lutas e como é
“[...] a importância da produção de que ele vai ensinar uma coisa que ele não sabe o
conhecimento para alicerçar uma condição que é, que ele tem medo”.
mínima de apoio aos docentes, na eminência da

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O fato do professor não sentir-se seguro para Barros e Gabriel (2011), Carreiro (2005) e
ensinar as lutas na escola está relacionado com Nascimento e Almeida (2007) ao admitirem que
defasagens na formação, pois o professor, na os argumentos mais encontrados para justificar a
maior parte das vezes, opta por ensinar aquilo não inserção das lutas na escola remetem aestas
que ele possui domínio de tratamento questões. No entanto, os autores e os
pedagógico o que, muitas vezes, redunda-se no especialistas analisados reconhecem ser possível
ensino dos esportes coletivos mais tradicionais, superar estas dificuldades por meio de
dado sua forte influência na sociedade e na adaptações de espaços e materiais que permitam
formação dos professores de Educação Física intervenções seguras e em conformidade com a
(RUFINO; DARIDO, 2011). De modo escola.
semelhante, Barros e Gabriel (2011) afirmam Outros três temas também emergiram da
que a insegurança com relação ao tratamento análise de conteúdo, sendo eles: carga horária
pedagógico das lutas na escola é uma das insuficiente para a Educação Física na escola,
maiores dificuldades dos professores que poucas informações sobre as lutas na sociedade e
consideram fundamental ser especialista em associação com incitações à violência. Sobre a
modalidades para poder ensiná-las. questão da carga horária insuficiente, o
Como aponta Forquin (1993), o professor especialista 4 afirmou que: “sei que o ensino das
ensinade modo significativo apenas aspectos lutas caí em diversas limitações, da própria
advindos da cultura que ele conhece, que lhe é grade, por exemplo”. Este especialista admitiu
familiar, que faz parte de sua compreensão e ainda que muitas vezes a Educação Física
visão de mundo, aquilo que ele tem domínio. apresenta poucas aulas semanais para os alunos
Sobretudo, o autor salienta que o professor de forma que, com uma carga horária reduzida,
ensinará realmente aquilo que for válido e muitos conteúdos passam a ser negligenciados.
verdadeiro a seus próprios olhos. Ou seja, a A especialista 5 elencou a falta de
insegurança no ato de ensinar as lutas na escola informações sobre as lutas na sociedade,
origina-se de maneira bastante enfática na falta afirmando que estas práticas costumam ser
de domínio desse conteúdo, resultando em uma pouco vinculadas nas mais diversas mídias,
formainsuficiente de abordagem das lutas na comparado com outros esportes, impedindo que
escola ou ainda na superficialidade de seu os professores que não são praticantes tenham
tratamento pedagógico. contato sistemático e conhecimentos
Os especialistas elencaram também a questão aprofundados sobre estas manifestações
da infraestrutura escolar deficiente como corporais. Comparado com outras práticas
condição que muitas vezes gera empecilhos para corporais mais hegemônicas em termos
o ensino das lutas. O especialista 3, por exemplo, midiáticos, as lutas não apresentam a mesma
afirmou: “a gente tem algumas dificuldades, pois notoriedade. Contudo, há tendências de um
as vezes você não encontra a questão do crescimento de alguns eventos relacionados às
espaço”. O especialista 4 também corroborou lutas e vinculados às mais diversas mídias. Tal
essa perspectiva ao admitir que: “Os maiores fato se deve uma vez que muitas dessas práticas,
problemas se devem à questão das condições de a partir de seu processo de esportivização,
estrutura das escolas”. No entanto, este tornaram-se espetacularizadas (RUFINO;
especialista reconheceu que as condições de falta DARIDO, 2011). Esse motivo ilustra a
de infraestrutura não podem se tornar importância de se discutir as lutas com
justificativa para o não ensino das lutas na criticidade na escola, para que os alunos, ao
escola. acompanharem pela mídia tais eventos, tenham
Os problemas de infraestrutura coadunam condições de discernir sobre os diversos
também com defasagens em termos de materiais aspectos que os tangenciam.
para o ensino das lutas na escola, elencados Finalmente, houve o destaque sobre a
pelos professores. Para o especialista 3: “muitas associação com incitações à violência. A
vezes você não encontra a questão do espaço, especialista 5 admitiu que o desconhecimento
não encontra os materiais minimamente sobre as lutas, muitas vezes, pode gerar
adequados para o ensino destas práticas”. preconceitos sobre a violência exacerbada que
Tanto a falta de materiais quanto as questões passa a ser relacionada comestas práticas. Esta
de infraestrutura são elencadas por autores como especialistaadmitiu ainda que essa relação passa

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a justificar a não inclusão das lutas na escola em especialistas (f=45%). Além disso, houve
diversos contextos. Alguns autores que algumas proposições de inovação que buscaram
buscaram a inclusão das lutas na escola também romper com os aspectos tradicionalmente
afirmam que a relação entre lutas e violência é relacionados às lutas no contexto escolar. O
uma característica muitas vezes estabelecida, o especialista 1 admitiu: “porque adaptar tudo
que dificulta o seu ensino (BARROS; pode ser adaptável. É possível adaptar as lutas na
GABRIEL, 2011; CARREIRO, 2005). escola, mas o professor fica ‘preso’ naquilo que
Os fatores restritivos apresentados pelos ele tem mais segurança”. Nessa mesma
participantes não se resumem somente ao perspectiva, o especialista 3 sinalizou que “se
processo de ensino e aprendizagem das lutas e adaptando você consegue ensinar alguns tipos de
nem se reduzem apenas aos conteúdos a serem modalidades de combate dentro da escola”.
ensinados, denotando implicações à própria Para o especialista 4, as lutas são um
compreensão do trabalho docente. Contudo, por conteúdo possível de ser ensinado na escola de
apresentarem especificidades e conhecimentos forma adaptada, desde que se ofereça condições
pouco difundidos no âmbito da formação de para o ensino. Este especialista ainda admitiu, ao
professores, conforme destacam os autores remeter à sua própria história como professor:
supracitados, bem como devido ao fato das lutas “eu adaptava tudo, isso porque eu tinha uma
estabelecerem relações de falta de familiaridade experiência que estava focada na adaptação”.
com os professores que não apresentam muitas O especialista 2 exemplificou formas de
vivências com estas práticas, tais fatores podem adaptação das lutas na escola tanto pela
eclodir em restrições, corriqueiramente impossibilidade de usufruto de materiais, quanto
assinaladas e que devem ser analisadas, tendo com a realização de pesquisas e outras
em vista sua superação. adaptações ao afirmar que “você pode não ter
De acordo com os especialistas entrevistados um tatame para trabalhar o judô, por exemplo,
a despeito dos dilemas relacionados ao ensino mas trabalhar qualquer outro tipo de luta”. Este
das lutas na escola, há algumas potencialidades mesmo especialista apontou ainda outra
educativas nestas práticas, desde que abordadas possibilidade de adaptação por meio de filmes
de modo coerente e de acordo com pressupostos que permitem discussões e a reflexões sobre
pedagógicos críticos e reflexivos. Tais alguns aspectos relacionados às lutas,
proposições fazem parte dacategoria semelhante às proposições de Tavares e Lopes
possibilidades, analisada a seguir. (2014), ao analisarem que os recursos materiais
e simbólicos utilizados por professores de karatê
Possibilidades estão fortemente alicerçado em seus saberes,
sobretudo os oriundos da experiência.
A categoria intitulada “possibilidades” A questão da adaptação é condição
buscou abranger algumas questões oriundas dos fundamental para o ensino das lutas na escola
discursos que demonstraram aspectos possíveis uma vez que é preciso traduzir pedagogicamente
para o ensino das lutas na escola, por meio de o ensino destas práticas de uma forma
propostas de inovação e adaptação do ensino das diferenciada daquela que é encontrada em outros
lutas no meio escolar, produção de materiais contextos sociais. A partir das representações
didáticos sobre lutas e questões concernentes à dos especialistas podemos inferir que essa busca
formação continuada. por adaptações é necessária por diversas razões,
destacando-se: 1) a não adaptação das lutas
Propostas de adaptação e inovação das lutas no requer do professor um conhecimento muito
meio escolar aprofundado, necessitando que ele seja
Essa subcategoria referiu-se às possibilidades especialista em uma ou mais modalidades; 2) A
de ensino das lutas na escola a partir da não adaptação das lutas na escola indica que elas
realização de adaptações, seja com relação a devam ser inseridas seguindo os mesmos
materiais, infraestrutura ou mesmo metodologias preceitos das práticas encontradas fora da escola,
de ensino. O destaque às questões referentes à impossibilitando que elas sejam
adaptação foi veemente uma vez que esse termo pedagogicamente assimiladas e circunscritas de
apareceu inúmeras vezes nas falas dos forma educativa ao longo dos processos de

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ensino e aprendizagem (RUFINO; DARIDO, desportivos. Se o enfoque é


2012). modalidade, eu vejo algumas
Nesse sentido, a especialista 5 corroborou em dificuldades no sentido de qual é a
seu discurso com a questão da preocupação com importância de se trabalhar
modalidades de lutas na escola? Porque
as formas com as quais as lutas são ensinadas na
as lutas são inúmeras. Agora, eu posso
escola. Para ela: trabalhar elementos comuns entre elas.
Há uma possibilidade como, por
Não adianta querer que o professor exemplo, trabalhar as lutas próximas,
ensine 10 modalidades se ele não médias e de longas distâncias
conhece nenhuma. Mas ele tem que (Especialista 2).
saber que existem conteúdos básicos,
técnico-táticos, que compõem essas
O especialista 2 elencou ainda possibilidades
modalidades, e ele tem que saber
diferenciar uma prática curta, de uma de desconstruir as modalidades, ensinando
média e de uma longa distância, quais alguns jogos, a partir das proposições
modalidades estão nas olimpíadas e apresentadas por Olivier (2000) em seu livro
quais não estão e os motivos disso, intitulado Das brigas aos jogos com regras. Para
entre outras questões (Especialista 5). esse participante, esse tipo de atividade é muito
importante para que o aluno possa compreender
A partir dessas análises, os especialistas a busca do alvo, precisão e o contato existente,
propuseram uma série de adaptações e inovações permitindo agrupamento de ações motoras,
para o ensino das lutas, permitindo que fossem contextualizadas com as lutas.
vislumbradas outras formas de compreendê-las Nessa mesma perspectiva, o especialista 3
no contexto escolar. Todos os entrevistados também apontou a possibilidade de ensinar as
apontaram formas diferentes de abordagem lutas no contexto escolar. Este especialista
pedagógica do conteúdo das lutas na escola, no apontou que a partir da motivação e participação
qual não seja preciso se prender somente ao dos alunos é possível ensinar as lutas, sendo
ensino de modalidades de luta na escola. necessário que o professor exerça sua
Para os especialistas, a ênfase convergiu nas criatividade e capacidade de adaptação das
possibilidades de se ensinar as lutas para além formas de ensino desse conteúdo.
das modalidades. Para isso, eles propuseram que Finalmente, a especialista 5 também
fossem buscados aportes teóricos que coadunou com o discurso dos demais,
fundamentassem critérios de sistematização e endossando a importância da desconstrução das
seleção de conceitos sobre o ensino das lutas na modalidades de luta existentes visando
escola. De acordo com o especialista 1, não é adequações que possam gerar compreensões
necessário ao professor abordar conteúdos mais generalizadas acerca do fenômeno lutas,
específicos provenientes das modalidades não abrangendo apenas uma ou outra prática
tradicionalmente relacionadas às lutas, embora corporal com suas especificidades. Nessa
isso seja possível, caso ele tenha o domínio perspectiva, alguns autores sinalizam para o
dessas práticas. Para isso ele remeteu à sua movimento de busca pelos princípios gerais ou
experiência pessoal de professor, admitindo que invariantes das lutas (GOMES et al., 2010).
o professor não precisa se basear nas A especialista 5 enfatizou que a busca pelos
modalidades, mas sim nos conceitos aspectos em comum das modalidades de luta
fundamentais das lutas. existentes depende, sobretudo, do tratamento
Estratégias como a realização de pesquisas, pedagógico que se objetiva no contexto escolar.
elencadas pelo especialista 1 são uma das Esta participante assinalou a possibilidade de
possibilidades de abordagem metodológica para abordar a questão das distâncias:
o ensino das lutas no contexto escolar. O
especialista 2 apontou outras possibilidades, O que seria em comum às lutas?
conforme é possível evidenciar em seu discurso. Vamos classificá-las pela distância:
curta, média e longa. A curta distância
As lutas podem ser divididas em várias são aquelas que eu tenho contato direto
questões, como a cultural, o trato com o com o oponente, a média eu tenho
corpo, preparação, os jogos pré- toque, seja um soco ou para encostar e

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O ensino das lutas nas aulas de educação física: análise da prática pedagógica à luz de especialistas 513

marcar pontos e a longa tem O especialista 1 corroborou a opinião do


implementos. A partir dessas distâncias especialista 2 ao sinalizar também para a
a gente começa a caracterizar os necessidade de diversidade em termos de livros
conjuntos: agarre, torção, imobilização,
didáticos, admitindo que
diferentes técnicas, diferentes práticas
corporais relacionadas para resolver os
[...] é preciso ter materiais didáticos em
problemas e assim por diante
todos os níveis da educação. Materiais
(Especialista 5).
para facilitar a vida do professor são
importantes, para dar um norte, uma
A classificação pela distância encontra aporte direção em seu trabalho.Quanto mais
teórico na literatura (BREDA et al., 2010; materiais ele tiver melhor para a
GOMES et al., 2010). Além disso, é possível escolha dele.
abarcar, a partir da distinção propiciada pelas
distâncias, uma série de práticas e modalidades A especialista 5 apontou também que
que, por outros meios, talvez não fossem considera o livro didático um norte, um
ensinadas na escola. Por outro lado, essa forma referencial de consulta que o professor utiliza ao
de classificação pode impedir, em certos longo da prática pedagógica. Nessa perspectiva,
momentos, um olhar mais apurado para uma ou esta especialista trouxe para a discussão algumas
outra modalidade. visões referentes aos usos que os professores
A discussão sobre as possibilidades de fazem a partir de suas interpretações.
inovação no ensino das lutas na escola
convergiu, em diversos momentos, para a O livro didático deveria ser um
necessidade de haver a utilização de materiais referencial porque você não parte do
didáticos que auxiliem a prática pedagógica. nada, você vai elencar os conteúdos
Dessa forma, por sua representatividade que são importantes dentro de um bloco
de conhecimento. Quando você faz um
(f=19%), estas discussões foram aglutinadas na
livro didático você não pode querer ser
subcategoria a seguir. o ‘pai’ da aula do professor, você só vai
construir um referencial para ele, que
Produção de materiais didáticos sobre lutas ele pode utilizar ou não (Especialista
na escola 5).
Os participantes, em diversos momentos,
Fernandes (2004, p.535) afirma que, por livro
enfatizaram a utilização de materiais como
didático, compreendem-se as
forma de subsidiar o ensino das lutas, com
ênfase aos livros didáticos. Os especialistas [...] publicações diversas, utilizadas em
foram favoráveis ao uso desses materiais, situações escolares por professores e/ou
apontando que eles são meios importantes de alunos para orientação, estudo, leitura e
auxílio e desenvolvimentoda prática pedagógica, exercícios: compêndios, cartilhas,
além de ajudar o professor, desde que utilizados livros literários, paradidáticos, manuais
de modo apropriado. de orientações para docente, caderno de
De acordo com a especialista 5, o livro desenho, tabuadas e coletâneas de
mapas.
didático, como material utilizado ao longo da
prática pedagógica apresenta duas vantagens
Dessa forma, vários são os formatos e
importantes, ao servir de parâmetro ao
diversas são as maneiras as quais os livros
professor que está pouco interessado em
podem assumir o papel didático ao longo da
melhorar sua prática e subsidiar com propostas
prática pedagógica.
de intervenção o professor interessado e
Gimeno Sacristán (2000) indica que o livro
motivado. Nessa mesma perspectiva, o
didático deve trazer tópicos com informações
Especialista 2 reportou que o livro auxilia o
diversas, abordando temas de diferentes pontos
professor na sua intervenção, cabendo à ele
de vista, contextualizando e desenvolvendo o
discernir sobre como utilizá-lo, sendo
conjunto de conhecimentos assinalados,
necessário vários materiais para utilização do
exemplificando conceitos que são abordados no
professor.
material e ilustrando-os graficamente. No

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514 Rufino e Darido.

entanto, o autor reconhece que essas questões fundamental que haja proposições que possam
são, por diversas vezes, deixadas de lado, uma auxiliar os professores na seleção dos saberes,
vez que encarece o produto final, o que torna o bem como na organização das aulas,
material desinteressante para o mercado diversificando as formas de atuação docente sem
editorial. substituir o papel da formação profissional nesse
O especialista 1 considerou a construção de processo.
materiais didáticos como uma ação importante Os materiais didáticos são um dos elementos
para a prática pedagógica especialmente em que compõe o currículo escolar. É preciso
conteúdos não muito comuns aos professores, considerarque a educação é uma ação social que
como as lutas, embora tenha reconhecido que o exige reflexões constantes, bem como estudos e
livro não é capaz de capacitar o professor e sim análises que não cessem em buscar saltos
auxiliá-lo ao longo de suas aulas. Para ele: “a qualitativos aos processos de ensino e
elaboração de livros didáticos é algo positivo e aprendizagem de todos os componentes
fundamental. Cada vez mais isso tem que ser curriculares, como a Educação Física. No caso
explorado e com mais instrumentos para que o das lutas, a diversificação de materiais, se bem
professor tenha acesso a eles”. O especialista 4 utilizados, pode auxiliar no desenvolvimento de
também convergiu suas considerações sobre a propostas pedagógicas que contribuam com sua
importância de se considerar as formas as quais inserção de modo crítico e criativo.
os materiais didáticos são corriqueiramente
utilizados, ressaltando que o livro é uma Propostas de formação continuada a partir do
ferramenta que depende do modo que é utilizado contexto da prática pedagógica
e da riqueza de informações sobre as lutas Os especialistas enfatizaram as dificuldades
apresentadas. enfrentadas pelos professores de Educação
Especificamente com relação ao conteúdo das Física com relação ao trato pedagógico do
lutas, a especialista 5 considerou que é conteúdo das lutas, alertando para os problemas
fundamental a existência de materiais didáticos referentes à formação. A partir dessas
uma vez que os professores podem não ter considerações, eles apontaram que uma das
muitos conhecimentos acerca destas práticas possibilidades de proporcionar um domínio
corporais, de modo que estes instrumentos maior acerca desse conteúdo pode ocorrer por
podem corroborar a transposição didática e meio da realização de processos de formação
seleção de prioridades e ênfases as quais os continuada, como encontros, debates, cursos,
professores podem se basear, desde que não capacitações, dentre outros, desde que estas
sejam utilizados como “muletas”. açõeslevem em consideração o trabalho que os
Contudo, há uma escassez de materiais professores realizam cotidianamente, bem como
didáticos acerca do conteúdo das lutas que seus saberes e contextos sociais relacionados.
apresentam uma perspectiva crítica e organizada O especialista 2, por exemplo, buscou
de como ensinar estas práticas nas aulas de enfatizar a necessidade de uma atenção maior
Educação Física sem serem concebidos, tanto à formação inicial quanto à formação
necessariamente, como manuais de atividades. continuada, devido às características de
Esta afirmação, reforçada por autores como rápidas transformações da sociedade
Darido et al. (2010), se lança como um desafio contemporânea, sendo necessário reformular e
para a área da Educação Física que deve ressignificaros conhecimentos. Este
fomentar o desenvolvimento desses materiais, especialista considerou a importância de se
para que sejam capazes de subsidiar o trabalho compreender as lutas como um dos conteúdos,
docente. valorizando a autonomia docente.
Os usos dos livros didáticos são A especialista 5 também apontou a formação
determinantes para a compreensão de seus continuada como possibilidade de permitir aos
papéis durante os processos de ensino e professores a aquisição de conhecimentos,
aprendizagem, não substituindo a figura do metodologias e procedimentos didáticos não
professor, mas podendo auxiliá-lo durante a adquiridos na formação inicial, além de
prática pedagógica. No caso específico das lutas, atualizações e ressignificações de sua prática,
como destacaram os especialistas, é ainda mais ressaltando ainda a importância de propostas que

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O ensino das lutas nas aulas de educação física: análise da prática pedagógica à luz de especialistas 515

indiquem aos professores parâmetros e diretrizes constantemente penetrando a prática e vice-


de ação pedagógica, mobilizando-os à reflexão. versa”.
A formação inicial, nesse sentido, não deve Cristino e Krug (2008) apontam que as
ser compreendida como única fonte de estratégias e as concepções de formação
conhecimento a qual o profissional deve se continuada no âmbito da Educação Física não
apegar de maneira única e exclusiva costumam ser bem compreendidas por
(MARTINY; GOMES-DA-SILVA, 2011). Ela instituições e professores. Os autores afirmam
deve ser capaz de subsidiar o futuro profissional que essas incompreensões comprometem, muitas
com um amplo espectro de saberes, vezes, a mudança da prática pedagógica,
metodologias, possibilidades didáticas e enfatizando que os processos formativos
conjunto de conhecimentos das mais diversas continuados passam por um momento de
origens que o possibilite compreender sua área verticalização dos modelos existentes,
de formação. Além disso, deve ser capaz de ocasionando em crises de identidade dos saberes
valorizar a contínua busca pelo desenvolvimento docentes em busca por seu espaço e legitimidade
de sua prática, fato que propostas de formação social.
continuada podem contribuir de modo O reconhecimento da formação continuada é
significativo. uma forma de proporcionar novas reflexões, bem
Como alerta Tardif (2012), a formação como ressignificações sobre a prática. Contudo,
profissional acadêmica, seja ela inicial ou ela não deve se pautar apenas em formatos
continuada, não é a única forma de proporcionar técnico-instrumentais que estabelecem uma
saberes aos professores e, muitas vezes, não são ordem hierárquica de relação entre os
esses saberes de ordem curricular, disciplinar ou responsáveis pelas formações e os professores
mesmo da formação profissional os quais os inseridos na prática pedagógica.
professores irão fundamentar, em grande O especialista 3 apresentou uma possibilidade
medida, sua prática pedagógica, que fica para contribuir com a formação continuada,
fortemente alicerçada em seus saberes considerando a importância de vincular as
experienciais. universidades em processos formativos dos
Assumindo a perspectiva dos saberes docentes que estão desenvolvendo suas ações
docentes, a formação continuada não deve ser profissionais nas escolas, por meio de projetos
encarada como um produto que visa capacitar de extensão, cursos de especialização entre
o professor com conhecimentos de ordem outros,nos quais as universidades estabeleçam
técnica e instrumental, baseada na parcerias colaborativas com as escolas, desde
racionalidade técnica. Esse modelo de que estes programas não concebam uma ordem
formaçãoque, de acordo com Pérez Gómez hierárquica na qual os professores devem apenas
(1995), sustenta a atividade profissional de ouvir passivamente. É o que alerta Sousa Santos
modo instrumental, direciona a solução de (2010) ao propor que as universidades devem ser
problemas por meio da aplicação de teorias e incentivadas para promover parcerias ativas no
técnicas científicas, fato que não condiz com a domínio pedagógico e científico com as escolas.
complexidade de contextos proporcionados A busca por conhecimentos, bem como o
pela prática pedagógica. reconhecimento das dificuldades e limitações é
Caldeira (2001) critica os modos como a fundamental para a prática pedagógica. Como o
formação continuada de professores é elaborada, especialista 4 destacou, o fato de muitos
admitindo que muitas vezes essas propostas se professores reconhecerem que não dominam
concretizam por meio de cursos, conferências e minimamente o conteúdo das lutas e a busca por
seminários de forma a reproduzir a formação uma melhor apropriação é uma prática que deve
anterior. Para isso, iniciativas que visem discutir ser valorizada, embora seja preciso considerar a
e contextualizar as crenças, compreensões, realidade muitas vezes deficiente no que se
problemas e ações oriundas da prática refere à forma como tem se desenvolvido o
pedagógica são importantes. Para Caldeira ensino das lutas na formação profissional de
(2001, p. 92): “concebendo o saber docente professores de Educação Física.
como um processo, e não como algo estático, Os especialistas ressaltaram ainda que a
acabado e definitivo, sua renovação precisa estar formação continuada é um dos meios mais

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516 Rufino e Darido.

eficientes de propiciar ressignificações às formas pedagógica deste conteúdo durante as aulas de


de se compreender o ensino das lutas. Essa Educação Física na escola, propondo
assertiva coaduna com Cristino e Kurg (2008) ao implicações para o desenvolvimento dos
admitirem que é fundamental haver a contextos de formação de professores. À guisa
intensificação e continuidade de estudos para de conclusão sobre os discursos dos
que os professores tornem-se cada vez mais especialistas, foi possível constatar que eles
conhecedores de sua profissão. referiram-se tanto com relação à questão do
Dessa forma, iniciativas de proposição de ensino e da aprendizagem do conteúdo das lutas
processos formativos continuados, com o modo em específico, quanto à alguns
de desenvolver e ampliar os saberes sobre as desmembramentos vinculados à prática
lutas é uma das possibilidades que deve fazer pedagógica, relacionando aspectos como os
parte do processo de valorização destas materiais didáticos e a importância da formação
manifestações corporais (TAVARES; LOPES, continuada. Os entrevistados circunscreveram
2014). Cristino e Kurg (2008) elencam cursos, algumas dificuldades com relação às lutas no
leituras, fundamentações teóricas do trabalho contexto escolar, como também salientaram
docente, entre outras possibilidades de formação possibilidades de superação de algumas das
continuada. atuais perspectivas apresentadas.
A formação continuada é um aspecto Há inúmeros fatores restritivos para o ensino
fundamental para contribuir com os professores das lutas na escola de acordo com os
no que corresponde ao processo de ensino e especialistas, como a formação deficiente, a
aprendizagem das lutas na escola, além de insegurança do professor, problemas de
permitir a eles refletir sobre suas próprias ações, infraestrutura, entre outros. Isso implica ao
ressignificá-las e compreender os condicionantes professor de Educação Física, sobretudo àquele
sociais, históricos e culturais que essas que não possui muitos conhecimentos sobre as
manifestações corporais apresentam. Porém, manifestações corporais das lutas, inúmeros
vale destacar que é preciso analisar com atenção dilemas que podem contribuir para a falta de
como tem se desenvolvido esse processo, o que abordagem dessas práticas, ou ainda, com
demanda iniciativas que possam contribuir com formas muito superficiais de se ensinar esses
os professores de Educação Física, sobretudo aos conteúdos.
que não apresentam muitas relaçõescom estas No entanto, os especialistas apresentaram
práticas corporais. também algumas possibilidades que precisam ser
mais exploradas para que as lutas possam ser
Como fator limitante da pesquisa destaca-se a
ensinadas de modo mais efetivo ao longo da
possibilidade de ampliação da amostra, bem
prática pedagógica. Dessa forma, eles elencaram
como a elaboração de outras estratégias
proposições de adaptação e de inovação para o
metodológicas tais como grupos focais entre os
ensino das lutas na escola, possibilidades
participantes para que seja possível considerar o
referentes à utilização de materiais didáticos e,
diálogo entre eles e as observações de aulas
finalmente, propostas de formação continuada
destes especialistas, buscando encontrar relações que podem contribuir para com o atual quadro
para o desenvolvimento da formação relacionado ao ensino dessas manifestações
profissional da Educação Física escolar. corporais.
Ademais, torna-se importante ampliar e Tanto os fatores restritivos quanto as
diversificar o recorte geográfico analisado para possibilidades não devem ser encarados de
que as discussões possam compreender as forma polarizada haja vista que uma dificuldade
dinâmicas e configurações acerca do conteúdo pode ser geradora de novas possibilidades, e
lutas em outros contextos para além do avaliado. vice-versa. As proposições refletem a
importância da construção de novos paradigmas
CONSIDERAÇÕES FINAIS sobre o desenvolvimento das lutas na formação
de professores de Educação Física no Brasil. É
O presente estudo teve como objetivo necessário superar laços históricos com
analisar as opiniões de docentes universitários relaçãoàs lacunas em como as lutas tem sido
especialistas no tema das lutas sobre a prática tratadas na formação, fato que sugere a

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importância de novos estudos, sobretudo com estas práticas como manifestações da cultura
amostras maiores e advindas de outras regiões, corporal que devem ser ensinadas de modo
bem como indica a necessidade de apropriado na escola, ao longo das aulas de
transformações que possam de fato valorizar Educação Física.

THE TEACHING OF FIGHTS IN PHYSICAL EDUCATION CLASSES: ANALYZE OF PEDAGOGICAL


PRACTICE IN THE LIGHT OF EXPERTS

ABSTRACT
This study aimed to analyze college teachers’ opinions experts in fight contents about the pedagogical practice in school
Physical Education, proposing implications for the development of teacher education contexts. The sample consisted of 5
teachers selected intentionally, who participated in a semi-structured interview from a script previously built. Data analysis
was performed using the content analysis technique, culminating with the inference of two categories: 1) restrictive factors,
which seeks to analyze the main elements related to the development of fights contents in school; 2) possibilities, which
accounted for proposals for building the fights ahead to today's social demands. We concluded that the pedagogical practice
of fights in school presents some dilemmas arising from the way they are developed in teacher education, which requires
changes that may value them as manifestations of body culture.
Keywords: Professional Training. Teaching. Martial Arts.

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Endereço para correspondência: Luiz Gustavo Bonatto Rufino. UNESP – Rio Claro. Avenida 24-A, nº1515, bairro
Bela Vista, Rio Claro – SP, CEP: 13506-900. Departamento de Educação, Instituto de
Biociências. E-mail: gurufino@rc.unesp.br.

Rev. Educ. Fís/UEM, v. 26, n. 4, p. 505-518, 4. trim. 2015

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