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LIVRO I
DA RESPONSABILIDADE CIVIL
1- INTRODUÇÃO E CONCEITO
“A responsabilidade civil, espécie de responsabilidade jurídica, deriva da
transgressão de uma norma civil preexistente, com a consequente imposição ao
causador do dano do dever de indenizar.”
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa (OBJETIVA), nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco
para os direitos de outrem.
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William Bossanelli Araújo e Leopoldo Martins Moreira Neto – Dezembro de 2016
Nos últimos anos vem ganhando terreno a chamada TEORIA DO RISCO, que
sem substituir a teoria da culpa, cobre muitas hipóteses em que esta se revela
insuficiente para a proteção da vítima. A responsabilidade seria encarada sob o aspecto
objetivo: o agente indeniza não porque tenha culpa, mas porque é o proprietário
do bem ou o responsável pela atividade que provocou o dano.
2- IMPUTABILIDADE E RESPONSABILIDADE
Para que alguém pratique um ato ilícito e seja obrigado a reparar o dano
causado, é necessário que tenha capacidade de discernimento.
A vítima somente não será indenizada pelo curador se este não tiver patrimônio
suficiente para responder pela obrigação (responsabilidade objetiva).
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William Bossanelli Araújo e Leopoldo Martins Moreira Neto – Dezembro de 2016
legalmente (ou seja, é necessário provar apenas a culpa do filho). Contudo, há uma
exceção: os pais só respondem pelo filho incapaz que esteja sob sua autoridade e
em sua companhia; assim, os pais, ou responsável, que não exercem autoridade de
fato sobre o filho, embora ainda detenham o poder familiar, não respondem por
ele.
Desse modo, a mãe que, à época de acidente provocado por seu filho menor de
idade, residia permanentemente em local distinto daquele no qual morava o menor
- sobre quem apenas o pai exercia autoridade de fato - não pode ser
responsabilizada pela reparação civil advinda do ato ilícito, mesmo considerando
que ela não deixou de deter o poder familiar sobre o filho.
"Autoridade" é expressão mais restrita que "poder familiar" e pressupõe uma
ordenação, ou seja, que o pai ou mãe tenha poderes para organizar de forma mais
direta e imediata a vida do filho. STJ. 3ª Turma. REsp 1.232.011-SC, Rel. Min. João
Otávio de Noronha, julgado em 17/12/2015
Não há fatos típicos (a lei não traz a Só há crime se o fato for típico (a lei já
enumeração de todos os fatos que geram traz todos os fatos que são ilícitos penais).
dever de indenizar).
As penas não são predeterminadas (o As penas são determinadas em seus
quantum fica a cargo do juiz). limites (o juiz deve-se ater aos limites
fixados em lei).
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Mesmo a culpa levíssima gera dever de A culpa, para gerar responsabilidade penal,
indenizar. é maior.
Em outros casos a obrigação de indenizar nasce de fatos permitidos por lei e não
abrangidos pelo chamado risco social. Ex. estado de necessidade.
8 - PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE
EXTRACONTRATUAL
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Art. 1.285. O dono do prédio que não tiver acesso a via pública,
nascente ou porto, pode, mediante pagamento de indenização cabal,
constranger o vizinho a lhe dar passagem, cujo rumo será
judicialmente fixado, se necessário.
É necessário, para que a vítima obtenha a reparação do dano, que prove dolo
ou culpa strictu sensu (aquiliana) do agente. Em alguns casos, o código presume a
culpa, em outros, responsabiliza o agente independentemente de culpa.
a) Culpa grave ou lata: imprópria ao comum dos homens é a modalidade que mais se
assemelha ao dolo.
b) Culpa leve: falta evitável com atenção ordinária.
c) Culpa levíssima: falta só evitável com atenção extraordinária ou com especial
habilidade.
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Se houve dano, mas a sua causa não está relacionada com o comportamento do
agente, inexiste a relação de causalidade e, também, obrigação de indenizar.
Ex. Sujeito tranca outro no banheiro do aeroporto, fazendo-o perder o avião das 14h.
Ao pegar o avião das 16h, o avião cai e ele morre. O cara que trancou o sujeito não
tem responsabilidade (trancar alguém no banheiro não é causa adequada para matar
alguém).
Para muitos, essa teoria foi adotada pelo CC/02, no art. 403.
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Está é uma teoria que restringe a causa do fato à causa direta. Esta teoria
parte da premissa de análise mais incisiva porque para ela é preciso que exista um
vínculo, um liame necessário, entre aquele antecedente que se considera causa e o
resultado. Por essa teoria, você se pergunta: #Esse comportamento anterior foi
CAUSA DIRETA desse resultado? Se a resposta for sim, é porque há o nexo de
causalidade. Para essa teoria você não pergunta se a causa é adequada. Você
pergunta se a causa é direta. Você vai indagar se há um vínculo necessário entre o
resultado e a causa.
7.4 DANO
Para CRG, outra exceção é o art. 416 do CC, que permite ao credor cobrar a
cláusula penal sem precisar provar o prejuízo.
Obs. O dispositivo acima se aplica tanto ao dano moral quanto o patrimonial. E tanto o
direito de exigir a reparação quanto reparar o dano.
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IMPORTANTE!!! Ter em mente que nem todo dano é indenizável. Existem três
requisitos para o dano ser indenizável:
Obs. Este requisito é relativizado pela teoria francesa da perda de uma chance.
Obs. Como a redução é pelo grau da culpa, tem-se entendido que este redutor só se
aplica em casos de responsabilidade subjetiva.
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O dano reflexo é aquele que atinge, além da vítima direta, uma vítima indireta a
exemplo do filho que sofre o dano pela morte do pai.
IMPORTANTE!!! No dano indireto você tem uma vítima que sofre uma cadeia de
prejuízos. No dano reflexo há duas ou mais vítimas. O pai, num assalto foi alvejado e
vem a morrer. A vítima direta é o pai. A vítima indireta é o filho. Esse filho, ao entrar
com a indenização, pela ligação que tem com o pai, é a vítima indireta, que sofre o
chamado dano reflexo ou em ricochete.
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Numa segunda fase, no Brasil o dano moral passou a ser reparável, desde que
condicionado à um dano material sofrido. Não existia autonomia jurídica na reparação
do dano moral.
Em um terceiro momento, já após a CF/88 (art. 5º, V e X), o dano moral passou
a ser reparado de maneira autônoma.
O CC/02 torna explícita a reparação por dano moral, para afastar qualquer
dúvida quanto à sua reparabilidade.
“Só se deve reputar como dano moral a dor, vexame, sofrimento ou humilhação
que, fugindo a normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do
indivíduo, causando-lhe aflições, angustia e desequilíbrio em seu bem estar. Mero
aborrecimento esta fora da órbita do dano moral, pois fazem parte da normalidade
do nosso dia a dia. (Sergio Cavalieri).”
Dessa forma, por si só, não se incluem na esfera do dano moral a pessoa ficar
presa em porta detectora de metal em banco e exame de malas na alfândega.
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Obs. O sistema do arbitramento deve ser podado por súmulas e pela uniformização de
jurisprudência, para evitar subjetivismos.
Obs. A lei de imprensa (foi revogada) tabelava o dano moral, e o STJ, na súmula 281,
declara que é inconstitucional.
Súmula STJ: 281 A indenização por dano moral não está sujeita à
tarifação prevista na Lei de Imprensa.
Obs. Isso é muito importante para casos de lesões repetitivas, como boates e etc. Nos
EUA isso é muito usado. Nos EUA, o valor reparatório vai para a vítima, o valor
punitivo vai para creches, fundos etc.
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É possível que a mulher ou marido ajuíze ação de separação cumulada com dano
moral (no caso de traição, por exemplo).
Abandono afetivo de filho também gera dano moral. Mas isto é controvertido. O
STJ tem julgados concedendo o dano moral e julgados negando o dano moral. O
posicionamento mais atual é no sentido de ser possível a condenação por dano moral em
caso de abandono afetivo de filho.
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LIVRO II
RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL
TÍTULO I
DA AÇÃO OU OMISSÃO DO AGENTE
CAPÍTULO I
DA RESPOSANBILIDADE POR ATO PRÓPRIO
1- INFRAÇÃO A UM DEVER
A ação ou omissão do agente, que da origem a indenização, geralmente decorre
da infração a um dever, que pode ser legal, contratual e social (abuso de direito).
2- ABUSO DE DIREITO
O art. 187 consagra o ABUSO DE DIREITO, que é equiparado ao ato
ilícito.
A pessoa mesmo agindo dentro dos seus direitos, pode, em alguns casos, ser
responsabilizada. O abuso de direito prescinde da idéia de culpa (responsabilidade
objetiva). Ocorre o abuso de direito quando o agente atuando dentro dos limites da lei
deixa de considerar a finalidade social de seu direito subjetivo e dele exorbita, ao
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exercê-lo, causando prejuízo a outrem. Não ocorre violação aos limites objetivos da
lei, mas o agente se desvia dos fins sociais a que a lei se destina.
#Existe diferença entre a ilicitude do art. 186 (regra geral) e a ilicitude do art. 187
(abuso de direito)?
Existe sim, uma vez que a ilicitude prevista no artigo 186 é SUBJETIVA, ao passo
que a ilicitude do artigo 187 é OBJETIVA, porquanto na definição do abuso de
direito, o legislador utilizou um critério apenas finalístico não vinculado à culpa.
O nosso sistema é dual, consagra a ilicitude com culpa e a ilicitude sem culpa.
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O adultério, embora constitua causa para a separação, não induz, por si só, a
concessão de indenização por dano moral. A indenização é devida somente se a
violação do dever de fidelidade extrapolar normalidade genérica.
4- DIREITO A IMAGEM
O direito a imagem integra o rol dos direitos a personalidade.
Dispõe o art. 20 do CC e o inciso V do art. 5º da CF:
CF Art. 5º,
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além
da indenização por dano material, moral ou à imagem;
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CAPÍTULO II
RESPONSABILIDADE INDIRETA
É indireta porque não foi o sujeito responsável que diretamente agiu (foi o
animal ou a coisa).
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Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo
dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em
lugar indevido.
As pessoas do art. 932 são responsabilizadas ainda que não haja culpa de
sua parte. O CC 2002 abandonou o critério da culpa presumida, para responsabilizar os
pais, tutores, patrões e etc. independentemente de culpa.
Ensina o Professor Cristiano Chaves que a regra geral prevista no art. 927, caput
do Código Civil é da responsabilidade subjetiva com base na culpa, a qual deve ser
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Os pais respondem pelos atos dos filhos que estiverem sobre sua autoridade e
companhia, ainda que estes não tenham discernimento.
A responsabilidade paterna independe de culpa. Ex. pai que deixa o filho menor
dirigir carro.
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IMPORTANTE!!! O pai não responde por nenhum ato praticado por filho maior,
ainda que viva em sua companhia,
Obs. Na guarda compartilhada ambos têm a guarda e ambos são responsáveis pelos atos
dos filhos.
Obs. Sumula 341 STJ: “É presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do
empregado ou preposto”. Prejudicada esta súmula, pois o CC diz que a
responsabilidade é OBJETIVA (independente de culpa – art. 933 CC).
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Obs. Se o educando for maior, o dono da escola não responde, com base nesse
fundamento.
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Resumindo!!! Fica excluído somente a possibilidade de haver ação regressiva dos pais
contra os filhos menores e dos tutores, curadores e educadores contra os incapazes que
não puderem privar-se do necessário.
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CAPÍTULO III
RESPONSABILIDADE PELO FATO DA COISA E
DO ANIMAL
Pablo Stolze fala que não se discute a culpa, já o Carlos Roberto Gonçalves
fala que é responsabilidade objetiva imprópria (culpa presumida).
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Tal súmula não vem sendo aplicada aos casos de arrendamento mercantil ou
leasing e aos casos de alienação fiduciária, por não se confundirem com o contrato de
locação, nesses participando a financeira como mera intermediária.
O artigo parece que quer dizer que a vítima tem que provar a falta de reparos, ou
mesmo que o réu poderia provar que fez os reparos. Isso, contudo, é mentira, o fato de
ter ocorrido à ruína já diz que não houve os reparos. Trata-se de responsabilidade
OBJETIVA.
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Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo
dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em
lugar indevido.
Ex. Como uma pessoa provar que uma empresa deixou de dar manutenção em um trem?
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Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos CASOS ESPECIFICADOS EM
LEI, OU QUANDO A ATIVIDADE NORMALMENTE
DESENVOLVIDA PELO AUTOR DO DANO IMPLICAR, POR
SUA NATUREZA, RISCO PARA OS DIREITOS DE OUTREM .
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TÍTULO II
DA CULPA
1- CONCEITO E ELEMENTOS
A culpa é um dos pressupostos da responsabilidade civil. A obrigação de
indenizar não existe, em regra, só porque o agente causador do dano procedeu
objetivamente mal. É essencial que tenha agido com culpa: por ação ou omissão
voluntária, por negligencia, imprudência ou imperícia.
2- CULPA E DOLO
Dolo é o propósito de causar dano a outrem.
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O CC, entretanto, não fez distinção alguma entre dolo e culpa, nem entre os
graus de culpa, para fins de reparação do dano. Mesmo a culpa levíssima gera a
obrigação de indenizar, obrigação esta que será calculada exclusivamente sobre a
extensão do dano.
3- CULPA E RISCO
São as seguintes fases pelas quais passou a teoria da responsabilidade civil:
Tal dispositivo realça a independência entre as esferas civil e penal. Só que, tal
separação não é absoluta e o sistema adotado no CC é o da independência relativa
(vincula-se quanto a existência do fato e a autoria).
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NOVO CPC
Art. 515. São títulos executivos judiciais:
VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado;
Na execução promovida no juízo civil, com base em tal título, não mais se
discutirá o an debeatur (se deve) e sim o quantum debeatur (quanto é devido).
Observações importantes:
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TÍTULO III
DA RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
1- O LIAME DA CAUSALIDADE
Se houve dano, mas a sua causa não está relacionada com o comportamento de
agente, inexiste a relação de causalidade e, também, obrigação de indenizar.
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Ex. Sujeito tranca outro no banheiro do aeroporto, fazendo-o perder o avião das 14h.
Ao pegar o avião das 16h, o avião cai e ele morre. O cara que trancou o sujeito não
tem responsabilidade (trancar alguém no banheiro não é causa adequada para matar
alguém).
Para muitos, essa teoria foi adotada pelo CC/02, no art. 403.
Está é uma teoria que restringe a causa do fato à causa direta. Esta teoria
parte da premissa de análise mais incisiva porque para ela é preciso que exista um
vínculo, um liame necessário, entre aquele antecedente que se considera causa e o
resultado. Por essa teoria, você se pergunta: #Esse comportamento anterior foi
CAUSA DIRETA desse resultado? Se a resposta for sim, é porque há o nexo de
causalidade. Para essa teoria você não pergunta se a causa é adequada. Você
pergunta se a causa é direta. Você vai indagar se há um vínculo necessário entre o
resultado e a causa.
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TÍTULO IV
DO DANO E SUA LIQUIDAÇÃO
Embora se possa falar em responsabilidade civil sem culpa, não se pode falar
em responsabilidade civil sem dano.
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Para CRG, outra exceção é o art. 416 do CC, que permite ao credor cobrar a
cláusula penal sem precisar provar o prejuízo.
IMPORTANTE!!! No dano indireto você tem uma vítima que sofre uma cadeia de
prejuízos. No dano reflexo há duas ou mais vítimas. O pai, num assalto foi alvejado e
vem a morrer. A vítima direta é o pai. A vítima indireta é o filho. Esse filho, ao entrar
com a indenização, pela ligação que tem com o pai, é a vítima indireta, que sofre o
chamado dano reflexo ou em ricochete.
IMPORTANTE!!! Ter em mente que nem todo dano é indenizável. Existem três
requisitos para o dano ser indenizável:
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Obs. Este requisito é relativizado pela teoria francesa da perda de uma chance.
No que concerne à perda de uma chance como nova categoria de dano, cresce na
jurisprudência o número de julgados de sua aplicação.
O STJ também entendeu ser possível a aplicação da perda de uma chance por
tratamento médico inadequado, conforme ementa abaixo colacionada:
“Teoria da perda de uma chance pode ser utilizada como critério para a
apuração de responsabilidade civil ocasionada por erro médico na hipótese em que o
erro tenha reduzido possibilidades concretas e reais de cura de paciente que venha a
falecer em razão da doença tratada de maneira inadequada pelo médico. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.254.141-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/12/2012.”
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resolvidas em sede de danos morais, sem que a vítima tenha necessidade de provar que
a chance é séria e real.
Há casos em que a pessoa passa a responder pelo ato de terceiro ou pelo fato
das coisas ou animais. E pode acontecer o concurso de agentes na prática de um ilícito,
surge ai a solidariedade.
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Lembrar!!! A pessoa jurídica pode sofrer dano moral e, portanto, está legitimada a
pleitear sua reparação.
4- DANO MATERIAL
4.1 DANO EMERGENTE E LUCRO CESSANTE
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A prova do dano emergente é bastante simples, porque pode ser feita mediante
a juntada de documentos tais como, nota fiscal, recibos, orçamento e etc.
Obs. Como a redução é pelo grau da culpa, tem-se entendido que este redutor só se
aplica em casos de responsabilidade subjetiva.
Não há dúvida que, nas indenizações por ato ilícito, as verbas devem ser
corrigidas monetariamente. Deve ser tomado por base, para a estimativa do prejuízo, o
dia em que ele se deu. Em seguida procede-se a correção monetária.
Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der
causa, mais juros, atualização dos valores monetários segundo índices
oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao
credor, este poderá enjeitá-la, e exigir a satisfação das perdas e danos.
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Portanto, o valor das perdas e danos deve ser atualizado monetariamente, desde
o momento em que se configurou a mora do devedor (art. 395), ou, em se tratando de
ato ilícito, desde que o praticou (art. 398).
No entanto, quando o lesado efetua o pagamento das despesas que o ato ilícito
lhe acarretou, a atualização monetária deve ser calculada a partir do desembolso. Ex.
ação regressiva da seguradora contra o causador do dano, a correção corre a partir do
desembolso da seguradora.
Obs. Entende o STF que tal súmula não ofende a CF (art. 7º, IV da CF) por ter como
parâmetro o salário mínimo para a fixação de indenização.
Para que a reparação dos danos seja completa, a indenização deve ser acrescida
de juros. Estes podem ser simples ou compostos.
Obs. Tal regra não se aplica liquidação das obrigações resultantes de ato ilícito, porque
para estas existe a norma do art. 398 do CC.
Art. 292.
§ 1o Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas,
considerar-se-á o valor de umas e outras.
§ 2o O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação
anual, se a obrigação for por tempo indeterminado ou por tempo
superior a 1 (um) ano, e, se por tempo inferior, será igual à soma das
prestações.
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Não se deduzem da indenização por ato ilícito, exigido pelo direito comum, as
quantias recebidas pela vítima, ou seus beneficiários, dos institutos previdenciários ou
assistenciais, que se cumulam.
Como ninguém pode garantir que o devedor solvente de hoje não estará
insolvente no futuro, dispõe o art. 533 do Novo CPC:
Art. 533. Quando a indenização por ato ilícito incluir prestação
de alimentos, caberá ao executado, a requerimento do
exequente, constituir capital cuja renda assegure o pagamento
do valor mensal da pensão.
§ 1o O capital a que se refere o caput, representado por imóveis
ou por direitos reais sobre imóveis suscetíveis de alienação,
títulos da dívida pública ou aplicações financeiras em banco
oficial, será inalienável e impenhorável enquanto durar a
obrigação do executado, além de constituir-se em patrimônio de
afetação.
§ 2o O juiz poderá substituir a constituição do capital pela
inclusão do exequente em folha de pagamento de pessoa jurídica
de notória capacidade econômica ou, a requerimento do
executado, por fiança bancária ou garantia real, em valor a ser
arbitrado de imediato pelo juiz.
§ 3o Se sobrevier modificação nas condições econômicas, poderá
a parte requerer, conforme as circunstâncias, redução ou
aumento da prestação.
§ 4o A prestação alimentícia poderá ser fixada tomando por base
o salário-mínimo.
§ 5o Finda a obrigação de prestar alimentos, o juiz mandará
liberar o capital, cessar o desconto em folha ou cancelar as
garantias prestadas.
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Diante desse dispositivo, verifica-se que o legislador fez opção por admitir
expressamente que a prestação alimentar decorrente de ato ilícito pode,
independentemente da situação do encargo (capital constituído), sofrer redução
ou aumento, se sobrevier modificação nas condições econômicas das partes.
Tal entendimento não se aplica a revisão em caso de homicídio, uma vez que a
indenização é fixada sob a forma de pensão, com base nos rendimentos que o falecido
recebia ao sucumbir. Eventual ação revisional seria baseada em situação hipotética, e,
portanto, inaceitável, qual seja a de que se o falecido estivesse vivo, poderia ter
alcançado melhor situação financeira.
5- DANO MORAL
5.1 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS
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Em sua primeira fase, o dano moral era irreparável. Falava-se em não haver
preço da dor. Argumentava-se também que o dano moral não seria mensurável. Para
eles, admitir o dano moral seria dar poder excessivo ao juiz.
Numa segunda fase, no Brasil o dano moral passou a ser reparável, desde que
condicionado à um dano material sofrido. Não existia autonomia jurídica na reparação
do dano moral.
Em um terceiro momento, já após a CF/88 (art. 5º, V e X), o dano moral passou
a ser reparado de maneira autônoma.
O CC/02 torna explícita a reparação por dano moral, para afastar qualquer
dúvida quanto à sua reparabilidade.
“Só se deve reputar como dano moral a dor, vexame, sofrimento ou humilhação
que, fugindo a normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do
indivíduo, causando-lhe aflições, angustia e desequilíbrio em seu bem estar. Mero
aborrecimento esta fora da orbita do dano moral, pois fazem parte da normalidade
do nosso dia a dia. (Sergio Cavalieri).”
Dessa forma, não se incluem na esfera do dano moral a pessoa ficar presa em
porta detectora de metal em banco e exame de malas na alfândega.
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É possível que a mulher ou marido ajuíze ação de separação cumulada com dano
moral (no caso de traição, por exemplo).
O STJ decidia não haver como reconhecer o abandono afetivo como passível de
indenização por dano moral, afirmando que a lei prevê, como punição, apenas a perda
do poder familiar e, por maior que seja o sofrimento do filho, o direito de família tem
princípios próprios, que não podem ser contaminados por outros, com significações de
ordem patrimonial. Porém, houve uma virada jurisprudencial no âmbito do Tribunal,
que agora, majoritariamente, permite os danos morais pelo abandono afetivo:
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Não tem aplicação, em nosso país, o critério da tarifação, pelo qual o quantum
das indenizações é prefixado.
Obs. O sistema do arbitramento deve ser podado por súmulas e pela uniformização de
jurisprudência, para evitar subjetivismos.
Não se justifica, pois, como pretendem alguns, que o julgador, depois de arbitrar
o montante suficiente para compensar o dano moral sofrido pela vítima, adicione-lhe
um plus a título de pena civil, inspirando-se nas punitive damages do direito norte
americano. Revertendo a indenização em proveito do lesado, este acabará
experimentando um enriquecimento ilícito. Tal critério somente se justificaria se
estivesse regulamentado em lei, com fixação de sanção mínima e máxima, revertendo
ao estado o quantum da pena.
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IMPORTANTE!!! Segundo o STJ, na fixação por DANOS MORAIS, o juiz deve agir
com equidade, analisando:
A extensão do dano;
As condições socioeconômicas e culturais dos envolvidos;
As condições psicológicas das partes;
O grau de culpa do agente, de terceiro ou da vítima.
Se o valor arbitrado não pode ser muito elevado, por outro lado não pode ser
diminuto a ponto de se tornar inexpressivo e inócuo. Dai a necessidade de se encontrar o
meio termo ideal.
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Quando morre chefe de família, o autor do homicídio deve pagar as pessoas que
eram por ele sustentadas, como ressarcimento do dano patrimonial, uma indenização
sob a forma de pensão mensal.
Em geral, é paga metade aos filhos menores não casados e metade a viúva ou
companheira.
O quantum apurado deve ser convertido em salários mínimos, pelo valor vigente
ao tempo da sentença, ajustando-se as variações ulteriores.
IMPORTANTE!!! Se a vítima não tinha rendimento fixo, ou não foi possível prova-lo,
mas sustentava a família, a pensão será fixada em dois terços de um salário mínimo.
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William Bossanelli Araújo e Leopoldo Martins Moreira Neto – Dezembro de 2016
Danos estéticos
São tratados pela doutrina e pela jurisprudência como uma modalidade separada
de dano extrapatrimonial.
Tais danos, em regra, estão presentes quando a pessoa sofre feridas, cicatrizes,
cortes superficiais ou profundos em sua pele, lesão ou perda de órgãos internos ou
externos do corpo, aleijões, amputações, entre outras anomalias que atingem a
dignidade humana. Esse dano, nos casos em questão, será também presumido (in re
ipsa), como ocorre com o dano moral objetivo.
O STJ vem entendendo há tempo que o dano estético é algo distinto do dano
moral, pois há no primeiro “uma alteração morfológica da formação corporal que
agride a visão, causando desagrado e repulsa”. Já no dano moral há um “sofrimento
mental”. O dano estético seria visível, “porque concretizado na deformidade”.
Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa
exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de
trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros
cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão
correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou,
ou da depreciação que ele sofreu.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a
indenização seja arbitrada e paga de uma só vez. SOMENTE NO
CASO DE INCAPACIDADE LABORATIVA!!!! NÃO PODE NA
PENSÃO POR MORTE!!!!
O pagamento dos lucros cessantes será efetuado até a obtenção da alta médica.
Dai por diante, corresponderá a uma porcentagem do salário que a vítima deveria
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O lesado faz jus também a uma verba para pagamento de terceiros contratados
para a execução de serviços domésticos para os quais se viu temporariamente
incapacitado.
Se a própria coisa não puder ser devolvida, além de receber o preço equivalente
ao valor real da coisa desaparecida, o dono receberá, também, o valor de afeição
(espécie de dano moral), que não poderá ser superior aquele.
Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso
de indenização devida por aquele que, no exercício de atividade
profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a
morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo
para o trabalho.
Exige-se, portanto, prova de culpa dos médicos. Tal exigência foi reproduzida
no CDC:
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LIVRO III
AS EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE
CIVIL
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IMPORTANTE!!! Nos termos dos artigos 929 e 930 do CC, atuando em estado de
necessidade ou legítima defesa, caso seja atingido terceiro inocente, o agente deverá
indenizá-lo, cabendo-lhe direito de regresso em face do verdadeiro culpado ou do
agressor. É RESPONSABILIDADE POR ATO LÍCITO, apesar de estar em estado
de necessidade ou legítima defesa, se deve indenizar.
Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II
(estado de necessidade) do art. 188, não forem culpados do perigo,
assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.
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Do mesmo jeito que o sujeito tem o direito de botar ofendículos para proteger
sua casa (cerca elétrica, portões pontiagudos...) os estabelecimentos comerciais também
tem. A propósito, cerca elétrica, cacos de vidros nos muros, a meu ver também se
enquadram em exercício regular de um direito, excluindo a responsabilidade.
Para Pablo Stolze, há uma tendência na doutrina em dizer que força maior é o
evento inevitável e caso fortuito é do evento imprevisível.
Em geral a força maior está ligada a fatos da natureza (Ex. Terremoto da china,
até é possível prever o terremoto, mas é impossível evitá-lo). Caso fortuito
normalmente está ligado a fatos humanos (seqüestro relâmpago é imprevisível). Muitas
vezes os conceitos são sinônimos.
Tipos de fortuito:
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5 - FATO DE TERCEIRO
A CULPA DE TERCEIRO NÃO exonera o autor direto do dano do dever
jurídico de indenizar. Por exemplo, se o motorista colide o seu carro com o que estava
estacionado, de nada lhe adianta alegar que foi “fechado” por terceiro. Cabe-lhe
indenizar o dano causado e mover ação regressiva contra o terceiro.
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Ex. O ônibus não pode alegar que a culpa do acidente foi exclusiva de terceiro que
retornou em local indevido, para não indenizar seus passageiros.
Ex. No caso da Gol houve fato de terceiro. Ela deve indenizar os passageiros, e após
buscar direito de regresso contra o Legacy ou os controladores de vôo.
Obs. Lembrar que o assalto é visto como fortuito externo, não como fato de terceiro.
Do mesmo modo que a chuva que fecha o aeroporto.
Nos contratos não regidos pelo diploma consumerista, a sua validade dependerá
da observância de alguns requisitos: a) não colisão com preceito de ordem pública, b)
bilateralidade de consentimento, c) igualdade de posição das partes, d) inexistência
de escopo de eximir o dolo ou culpa grave do estipulante e e) ausência de intenção
de afastar obrigação inerente a função.
7- A PRESCRIÇÃO
Contudo a prescrição não ocorre no prazo legal de dez anos, porque o art. 206
prescreve:
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Obs. Art. 2.028. Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e
se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo
estabelecido na lei revogada.
Atenção!!! Se o fato também constitui ilícito penal, a prescrição da ação penal NÃO
influi na prescrição da ação de reparação do dano, que tem seus próprios prazos de
prescrição. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo
criminal, não ocorrerá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva.
LIVRO IV
RESPONSABILIDADE CONTRATUAL
1- RESPONSABILIDADE DO TRANSPORTADOR
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Essa súmula é só para carona desinteressada, hipótese em que aquele que deu
carona só responderá se agiu com culpa grave ou dolo. Ex. Se um amigo pega carona
com outro amigo bêbado e o carro bater, houve culpa grave, deve indenizar os danos
sofridos pelo que pegou carona.
Obs. Tartuce e CRG entendem que essa súmula merece nova leitura, eis que não há
necessidade de a culpa ser grave ou haver dolo, bastando a culpa, em qualquer grau,
para responsabilizar. O grau da culpa serve apenas para a fixação da indenização.
2- RESPONSABILIDADE DO ADVOGADO
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Para Pablo Stolze, no caso de patologias, doenças da boca, não há como exigir o
resultado. Quando trata de tratamento estético (clareamento) e de doenças mais simples
(cárie) ele deve garantir o resultado.
IMPORTANTE!!! O STJ diz que o cirurgião plástico que não atingiu o resultado,
responde subjetivamente culpa presumida
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3.3 DO MÉDICO
Art. 951. O disposto nos arts. 948 949 e 950 aplicam-se ainda no caso
de indenização devida por aquele que, no exercício de atividade
profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a
morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo
para o trabalho.
O médico responde não só por fato próprio como pode vir a responder por fato
de terceiro que estejam diretamente sob sua ordem.
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Obs. O termo de consentimento informado não é um salvo conduto para o médico, isto
é, não traduz exclusão prévia de responsabilidade. O termo poderá servir como defesa
caso se alegue que o médico não informou o paciente sobre os efeitos da intervenção
médica.
Obs. No que tange à infecção hospitalar, o STJ tem entendido que a responsabilidade do
hospital, neste caso é objetiva (Resp 629212/RJ de 2007).
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Obs. Pablo discorda. Para ele o hospital presta um serviço de consumo através do
médico, devendo responder objetivamente com base no CDC.
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IMPORTANTE!!! Se o cara saca o R$ e o assalto ocorre na rua (um passo para fora), a
responsabilidade seria do estado (ocorre que aí vem aquela discussão sobre o Estado
não poder ser um garantidor universal e etc).
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Com relação ao ônus da prova, apesar da responsabilidade ser objetiva, isto não
dispensa o lesado da prova do dano e do nexo de causalidade entre o produto ou serviço
e o dano. Em relação a esses elementos, entretanto, o juiz pode inverter o ônus da prova
quando “for verossímil a alegação” OU quando o consumidor for “hipossuficiente”,
sempre de acordo com as regras ordinárias da experiência.
A excludente do caso fortuito ou força maior não foi inserida no rol das
excludentes da responsabilidade do fornecedor. Mesmo assim, sua arguição é admitida,
pois o fato inevitável rompe o nexo de causalidade.
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Essa súmula caiu, face o Código de 2002, que afastou o prazo de 20 anos.
Prescreve:
Em TRÊS anos:
Em CINCO anos:
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