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Frederico Oliveira
Bacharel e licenciado em História – IFCH/UERJ
Especialista em História das Relações Internacionais – CEHRI/UERJ
Mestre em História Social – PPGHS/UERJ
1. Introdução
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Expressão utilizada em Portugal para a pesquisa em nível de mestrado.
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FIGUEIREDO, Luciano Raposo. FIGUEIREDO, Luciano Raposo. História e Informática: O uso do
computador. In: Ciro Flamarion Cardoso e Ronaldo Vainfas. Domínios da História. Ensaios de Teoria e
Metodologia. Rio de Janeiro: Campus, 1997, p. 421.
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TAVARES, Célia Cristina da Silva. História e Informática. In: Ciro Flamarion Cardoso e Ronaldo Vainfas.
Novos Domínios da História. Rio de Janeiro: Campus, 2012, p. 301.
Ou seja, na nossa avaliação o real efeito das novas tecnologias sobre a história e a sua
produção como campo de conhecimento ainda não foi devidamente discutida mesmo se
considerarmos a escala crescente de trabalhos publicados sobre a questão desde os nos 1990
para cá.
As questões são de ordem variada e abrangem preocupações que vão desde a questões
da elaboração de banco de dados e o seu acesso, bem como tangenciam questões que
problematizam a preservação, os direitos autorais, a digitalização de bibliotecas, o abandono
ou preservação dos suportes materiais, a guarda do material digitalizado, a difusão da
informação, a certificação autenticidade da informação acessada, a relação estabelecida entre
o historiador e essas novas fontes, sua mutabilidade e intangibilidade, o conhecimento
necessário para o historiador lidar com essas novas tecnologias, etc. Neste diapasão, conforme
nos ensina novamente a historiadora Célia Tavares
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TAVARES, Célia Cristina da Silva. História e Informática... Op. cit, p. 303.
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NEVES, Guilherme Pereira das. O sonho de Comenius: o uso de microcomputadores em uma pesquisa de
História Social. In: IV Encontro Regional da ANPUH-RJ. História Hoje. Rio de Janeiro: ANPUH RJ, 1990.
Dentre essas novas tecnologias destacamos a Internet. Existem várias histórias sobre a
origem da rede mundial. Entre tantas recomendamos o texto Uma breve história da Internet6
posto que foi elaborada com depoimentos de alguns dos “pais” desse invento que a cada dia
mais se assenhora de nosso cotidiano.
A Internet nasceu, por assim dizer, em setembro de 19697, quando quatro servidores se
conectaram pela primeira vez na ARPANET. A partir do início dos anos 70, vários novos nós
foram anexados a rede ARPANET que paulatinamente tornou aparente as dificuldades para
interconexão de redes tão diversas.
Assim, em meados da década de 1970, Vinton Gray Cerf e Robert Kahn propuseram o
Transmission Control Program (TCP), que introduzia o conceito de gateways que servem
para interconectar duas redes separadas de comutação de pacotes. O protocolo TCP
especificava a criação e destruição de conexões lógicas entre processos utilizando pacotes de
diferentes tamanhos, tratava e recuperava erros de transmissão e falhas de sequenciamento de
pacotes, além de realizar controle de fluxo e a verificação de erros fim-a-fim/ ponto a ponto.
Posteriormente, no início da década de 80, o TCP foi subdividido em dois protocolos, o
Transmission Control Protocol (TCP) e o Internet Protocol (IP), sendo ambos
respectivamente responsáveis pelo transporte e encaminhamento dos dados trafegados na
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LEINER, Barry M. CERF, Vinton G. CLARK, David D. et al. "A Brief History of Internet". On The
Internet. May/Jun, 1997 (traducción al castellano: Alonso Alvarez y Llorenç Pagés: Una breve historia de
Internet). Disponível em: http://www.ati.es/DOCS/internet/histint/ Acesso em 20 de agosto de 2014.
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Essa data não é de aceitação unânime mas a consideramos a mais coerente para marcar a efeméride. Alguns
autores identificam o marco inicial da Internet na criação dos protocolos TCP/IP por Vinton Cerf e Robert Kahn
e outros ainda no desenvolvimento posterior do DNS.
rede. Assim, nascia o modelo TCP/IP, que se tornou o modelo de referência de arquitetura da
Internet. Muitos consideram a ARPANET a mãe da Internet e a criação do modelo TCP/IP a
origem da Internet atual.
Os últimos grandes passos no que tange a estrutura lógica básica da rede tal como a
conhecemos hoje ocorreram nos anos 80 e início dos 90. em 1984, Paul Mockapetris propôs a
criação do Domain Name System, ou DNS, que era uma maneira de traduzir nomes
(domínios) para endereços IP de forma automatizada e padronizada. Nos anos 90 Tim
Berners-Lee desenvolve com Robert Caillou a aplicação World Wide Web, bem como o
HTTP e o HTML e a rede se popularizou de maneira exponencial desde então.
Como não tínhamos dados prévios sobre o referido não podíamos num primeiro
momento, como veremos mais a frente no caso tratado pela professora Carla Delgado em sua
pesquisa, deduzir as variações ortográficas que implicavam um acesso parcial ao conjunto de
dados sobre a pessoa em questão.
Figura 1. Crisanto
Por esse expediente foi que conseguimos identificar as variações com mais clareza
posto que dessa forma, vinculada apenas as outras parcelas do nome do investigado a “busca”
nos revelou em alguns caso mais de uma grafia muitas vezes presente na mesma página do
periódico acessado.
Figura 4. Crysantho
A professora Carla Delgado de Piedade, que falou de sua pesquisa em uma das aulas
do curso, em visita feita ao PPGHS, no primeiro semestre de 2014, embora em contexto
distinto, do qual falamos, indiretamente trouxe alguns elementos para pensarmos na questão
aqui explicitada. No seu artigo Sebastião Rodrigues Soromenho: um piloto português nos
navios da rota de Manila, a historiadora ao ter enfrentado a questão da grafia do nome do
navegador e ter encontrado expressivas variações nas fontes coligidas, diz:
Para o que pretendemos aqui colocar como um problema, o caso acima é meramente
ilustrativo posto que a pesquisadora, ao que nos parece, já tinha um conhecimento substantivo
das variações existentes do nome de Sebastião Rodrigues Soromenho e, no que nos interessa
aqui problematizar, não dependeu de fonte exclusivamente digitalizada nem de instrumento
de “pesquisa” proporcionados por acervos desse tipo.
É um problema parecido com o que tratamos mais acima mas que, não estando apenas
na dependência de um mecanismo de “busca”, pode ser verificado e corrigido mesmo no trato
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PIEDADE, Carla Delgado de. Sebastião Rodrigues Soromenho: um piloto português nos navios da rota de
Manila. In: Anuario de Estudios Americanos, 63, 1, enero-junio, 157-186, Sevilla (España), 2006, p. 162.
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PIEDADE, Carla Delgado de. Sebastião Rodrigues Soromenho... Op. Cit, p. 162.
direto e no cotejo entre as fontes. Todavia nos pareceu bastante interessante identificar tal
similitude de dificuldades imposta pelas informações contidas nas fontes.
5. Conclusão
O nosso objetivo aqui foi de maneira sucinta apresentar uma dificuldade enfrentada no
curso de nossa pesquisa no portal da Hemeroteca Digital Brasileira, da Fundação Biblioteca
Nacional, e concomitante a exposição da questão chamar a atenção para o rol de problemas
envolvidos para o historiador com o advento das novas tecnologias da informação e da
comunicação.
Reconhecemos o valor do aporte para a pesquisa e a nossa intenção foi antes chamar a
atenção para a necessidade de se pensar, repensar e discutir a utilização dessas inovações no
campo da pesquisa histórica mas sem deixar de constantemente produzir uma reflexão sobre a
miríade de horizontes e desdobramentos possíveis.
6. Bibliografia
LEINER, Barry M. CERF, Vinton G. CLARK, David D. et al. "A Brief History of
Internet". On The Internet. May/Jun, 1997 (traducción al castellano: Alonso Alvarez y
Llorenç Pagés: Una breve historia de Internet). Disponível em:
http://www.ati.es/DOCS/internet/histint/ Acesso em 20 de agosto de 2014.
PIEDADE, Carla Delgado de. Sebastião Rodrigues Soromenho: um piloto português nos
navios da rota de Manila. In: Anuário de Estudios Americanos, 63, 1, enero-junio, 157-186,
Sevilla (España), 2006.
TAVARES, Célia Cristina da Silva. História e Informática. In: Ciro Flamarion Cardoso e
Ronaldo Vainfas. Novos Domínios da História. Rio de Janeiro: Campus, 2012.