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Penteado KR, Bizinelli F, Lobo JCS, Ioshii SO, Tabushi FI, Polonio B. Divertículo de Meckel,
enterorragia severa: relato de caso. Rev Med. Res., Curitiba, v.14, n.3, p.200-204, jul./set. 2012.
Resumo
Relatamos o caso de paciente adulto com hemorragia digestiva severa causada ulceração em
divertículo de Meckel. Este paciente foi atendido no serviço de urgência e emergência do Hospital
de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. Relato do caso: Paciente masculino, adulto,
apresentou enterorragia com instabilidade hemodinâmica. Após reposição volêmica e estabilização,
realizou-se esofagogastroduodenoscopia, colonoscopia e arteriografia sem se conseguir identificar
a etiologia do sangramento. O diagnóstico foi feito com a laparotomia e enteroscopia
intraoperatória (vaso sangrante em ulceração no interior do divertículo com mucosa gástrica).
Realizou-se ressecção de um segmento de íleo terminal contendo o divertículo e anastomose
término-terminal com boa evolução. Apresenta-se uma revisão da literatura sobre o tema.
Concluímos que os casos de hemorragia digestiva baixa severa, sem dor, em adultos, o diagnóstico
de divertículo de Meckel deve ser considerado.
INTRODUÇÃO
O divertículo contém mucosa, submucosa e muscular própria, sendo que o revestimento mucoso
pode ser semelhante ao do íleo terminal ou, como ocorre em 50% dos casos, pode apresentar tecido
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ectópico, como mucosa gástrica, colônica, jejunal, duodenal ou tecido pancreático. Seu suprimento
sanguíneo se dá por ramos terminais da artéria mesentérica superior.
A maioria dos pacientes que apresentam divertículo de Meckel é assintomático e os demais geralmente
apresentam sintomas na infância (<2 anos). A manifestação clinica mais comum é o sangramento
gastrointestinal que ocorre normalmente por ulceração péptica na margem da mucosa gástrica ectópica.
Outros sintomas reportados são diverticulite, obstrução intestinal por volvo, intussucepção ou hérnia de
Littré(3,5,7,8,9,10).
RELATO DE CASO
Paciente, masculino, de 21 anos de idade, sem comorbidades prévias, foi admitido no Pronto
Atendimento com quadro de enterorragia volumosa com 12 horas de evolução, associado a
fraqueza, sonolência e taquicardia, sem dor abdominal. O mesmo referia histórico de episódio de
melena em pequena quantidade há quatro anos, que havia cessado espontaneamente, não tendo
sido realizada investigação criteriosa para elucidação diagnóstica. Após se realizar a reposição
volêmica com transfusão de concentrados de hemácias e soluções cristaloides, ocorreu
estabilização hemodinâmica. Realizou-se EDA (normal) e colonoscopia (mostrou grande
quantidade de coágulos intraluminar, não sendo possível realizar a ileoscopia), não se identificando
o foco do sangramento. Foi realizada a arteriografia, porém, apesar do paciente ter apresentado
enterorragia volumosa, o exame foi normal.
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Figura 2. Divertículo de Meckel, peça aberta, local úlcera/vaso sangrante, transição mucosa
ileal e mucosa ectópica.
Figura 3. Imagem microscópica, corada em H.E x 100, mostrando mucosa gástrica ectópica.
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Figura 4. Imagem microscópica, corada em H.E.X400, mostrando mucosa gástrica ectópica.
DISCUSSÃO
Até o momento, mais de 3.500 artigos foram publicados na literatura sobre o assunto, com
destaque para o artigo publicado pela Mayo Clinic, que identificou 1.476 casos de divertículo de
Meckel encontrados durante cirurgias abdominais de 1950 a 2002. Neste artigo, a maioria dos
pacientes permaneceu assintomática durante toda a vida, sendo somente 16% sintomáticos e,
dentre eles, o sintoma mais comum foi hemorragia (38%), seguido de obstrução (34%) e
diverticulite (28%)(5,9). A principal causa de sangramento é a produção de ácido pela mucosa
gástrica ectópica, gerando ulceração e sangramento, fisiopatologia esta que foi observada no caso
relatado. Sabe-se que as complicações dos portadores de divertículo de Meckel são mais comuns na
infância e a incidência decresce com o aumento da idade, sendo incomum a ocorrência de
sangramento em pacientes adultos.
Abstract
We report the case of an adult patient with severe gastrointestinal bleeding caused ulceration in
Meckel's diverticulum. This patient was treated in the emergency and rescue HC-UFPR. Case report:
Male patient, adult, rectal bleeding presented with hemodynamic instability. After volume
resuscitation and stabilization, an esophagogastroduodenoscopy was performed, colonoscopy and
arteriography without succeeding in identifying the etiology of the bleeding. The diagnosis was
made with laparotomy and intraoperative enteroscopy (bleeding vessel in ulceration within the
diverticulum with gastric mucosa). A resection of a segment of ileum containing the diverticulum
and end to end anastomosis was performed with good outcome. There is a review of literature on
this subject. We concluded that in cases of severe lower gastrointestinal bleeding in adults,
presenting no pain, the diagnosis of Meckel's diverticulum should be considered.
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