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Universidade Federal de São Carlos - UFSCar – Campus São Carlos

Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia


Departamento de Física – DF
Bacharelado e Licenciatura em Física
Laboratório de Física A

BLOCO 2:
PRÁTICA 05 : Estudo da flexão de barras pelo método científico

Docente:
Prof. Dr. Fabio A. Ferri

Discentes:
Resumo

O experimento consistiu em submeter 5 barras cilíndricas de diferentes


diâmetros, a cargas externas e com diferentes pontos de apoio , para observar a
flexão e o comportamento elástico de cada barra. Com os dados obtidos foi possível
construir gráficos não lineares e a partir do método visual determinar seus
coeficientes.Utilizando o método científico foi determinada a equação que descreve
fenômeno e com o módulo de Young foi possível estabelecer o material que
compõe as barras.

1) Objetivos
O presente experimento tem como objetivo observar a flexão de barras com
diferentes diâmetros, variando a carga externa exercida sobre elas e a distância
entre seus pontos de apoio, com os dados obtidos construir 3 gráficos em papel
di-log a partir de diferentes parâmetros: flexão versus diâmetro, flexão versus
distância entre os pontos de apoio e flexão versus massa.
A partir dos gráficos obter os coeficientes através do método visual. Com método
científico obter a equação empírica que rege o fenômeno. E por fim determinar o
módulo de Young para constatar o material que são feitas as barras.
2) Introdução Teórica
Na mecânica dos sólidos estudamos o fenômeno de flexão de barras o qual
demonstra uma propriedade dos materiais sólidos os quais podem ser deformados
quando submetidos a uma carga externa, que tem seu certo limite, e voltam ao seu
estado inicial antes da força aplicada quando essa volta ocorre dizemos que o
material tem um comportamento elástico(a lei de Hooke é um caso desse
comportamento), se ela não ocorrer chamamos de comportamento plástico¹.
A Figura 01 abaixo detalha o comportamento de deformação típico de um
material dúctil em relação a tensão que está sendo suportada o ponto a simboliza
um comportamento linear, o ponto b simboliza o limite do comportamento elástico o
c onde a deformação já se torna permanente e d a ruptura.
Figura 01¹
Quando o comportamento do material é linear a lei de hooke é obedecida
onde a deformação apresentada é diretamente proporcional à força (tensão)
aplicada sobre o mesmo, porém nem todo material apresenta exatamente essa
característica.
Para o caso específico da flexão de barras Figura 02, pode-se notar uma
certa compressão nas partes côncavas causando uma contração e uma tensão nas
partes convexas causando um alargamento. Então o seu comportamento deve-se
às suas dimensões.²

Figura 02 ¹
Entre as dependências da amplitude de deformação da barra podemos falar
da força aplicada, das dimensões da barra, do material o qual ela é feita (coeficiente
elástico do material) e da geometria da barra.
Quando a barra tem uma seção transversal retangular, e levamos em
consideração as quatro coisas citadas no parágrafo anterior a flexão h é dada por:
(Equação 1)
sendo F a força aplicada, E o coeficiente elástico do material, L o
comprimento da barra entre os pontos de apoio, a e b são os comprimentos verticais
e horizontais da barra e os expoentes j, k, n, p e t que são números inteiros.
Para o caso da barra onde a secção é circular a fórmula fica:

(Equação 2)
onde d é o diâmetro da seção transversal da barra, mg é a força aplicada
(força peso no caso deste experimento) e as potências k, n, j e p que são números
inteiros.
3) Materiais Utilizados
● 3 Folhas de papel di-log.
● Conjunto de massas de 0,1 a 1 kg.
● Balança mecânica de precisão 1610g com divisões 0,2g e incerteza +/-0,2g.
Marca JB Balanças.
● Suporte para deflexão de barras com régua embutida de incerteza +/-0,5 mm
e micrômetro embutido de incerteza +/-0,005 mm.
● Paquímetro marca KingTools de incerteza 0,02 mm.
● 5 barras de mesmo comprimento e diferentes áreas de secção transversal.

4) Procedimento Experimental
Inicialmente mediu-se 5 vezes o diâmetro de cada barra, para determinar
respectivamente seus diâmetros médios, respeitando suas incertezas e desvio
padrão. Em seguida as barras foram enumeradas de 1 a 5 em ordem crescente.
Ajustando a medida da distância entre os pontos de apoio para 500 mm, foi
observada a flexão de cada uma das barras, após serem expostas a uma massa
fixa de aproximadamente 1000g. (tabela 2)
Utilizando a barra n°3 e ainda a massa fixa de aproximadamente 1000g, foi
medida a flexão da barra com diferentes distâncias entre os pontos de apoio,
variando de 100mm desde L=300mm até L=700mm. (tabela 3)
Ainda com a barra n°3 mantendo a distância entre os pontos de apoio fixa em
500 mm, foi determinada a flexão desta barra com 5 diferentes massas, variando
em 200g, desde aproximadamente 400g até 1200g. (tabela 4)
Finalizando as medidas foram construídos três gráficos em papel di-log,
respectivamente:flexão versus diâmetro, flexão versus distância entre os pontos de
apoio e flexão versus massa.
Utilizando os coeficientes angulares obtidos das melhores retas pelo método
visual foram determinados coeficientes, k,n e j da equação 2.
Para determinar o valor da potência p utiliza-se a análise dimensional na
equação 2 aplicando os coeficientes obtidos, com isso obtém-se a equação
empírica para a flexão de barras de secção transversal .
Por fim escolhe-se o gráfico com valores de abscissa mais próximos de 1
para determinar o valor médio do módulo de Young das barras e enfim determinar o
material que são feitas as barras.

5) Resultados
Realizados os procedimentos descritos na secção 4 deste relatório obteve-se
os dados experimentais apresentados nas tabelas 1 a 4 a seguir.

Tabela 1: Diâmetro das barras e suas respectivas incertezas.

Tabela 2: Flexão (h) da barra em relação ao diâmetro médio, utilizando massa e


distância de ponto de apoio fixa.
Tabela 3: Flexão da barra (h) em relação a variação de distância dos pontos de
apoio, utilizando massa e diâmetro fixo (barra 3).

Tabela 4: Flexão da barra (h) em relação à massa suspensa, utilizando o diâmetro


da barra fixo (barra 3) e distância de apoio fixa.

Utilizando os dados das tabelas 2 a 4, fez-se os gráficos 1 a 3 (em anexo)


respectivamente. A partir do gráfico, calculou-se os coeficientes angulares para
determinar os coeficientes ​k​, ​n e ​j da equação 2, os quais são apresentados na
tabela 5 abaixo.
Tabela 5: valores dos coeficientes angulares de cada gráfico e o coeficientes
calculados a partir deles.
A partir da análise dimensional da equação 2, aplicando os coeficientes k,n e
j teóricos (-4, 3, 1 respectivamente) é possível obter o valor de p, sendo este p=-1
(consultar apêndice).
Portanto, a equação empírica para a flexão da barra de secção transversal

circular é .
Utilizando o gráfico 2, no ponto de abscissa h=1,100mm, com L=600,00mm,
m=1001,2g e d=8,00mm pode-se calcular o coeficiente de Young do material,
chegando-se ao valor de E=3,598.10​12​ N.m​-2 ​.
Utilizando os mesmos dados e os valores dos coeficientes teóricos,
encontra-se o valor de E=1,996.10​11​ N.m​-2​.
A tabela 6 indica os valores de referência para o módulo de Young (E) de
alguns materiais.
Tabela 6: Valores de referência para o módulo de Young de alguns materiais.
(Fonte: Apostila da prática)

6) Conclusões
Comparando o valor obtido para o módulo de Young a partir da equação
empírica com os valores da tabela 6 é impossível determinar o material devido a
diferença de valor da ordem de 10​1 aproximadamente. Utilizando o valor de k teórico
e mantendo n e j empíricos, chega-se ao valor de E=2,154.10​11 N.m​-2 ​, evidenciando
então que a grande discordância se deve a grande diferença apresentada pelo
coeficiente k empírico em relação ao teórico (-4,51 e -4, respectivamente).
Utilizando o valor do módulo de Young (E) obtido a partir dos coeficientes
teóricos e comparando com os valores da tabela 6, pode-se concluir que o material
que compõe as barras utilizadas é o aço com grande exatidão e precisão,
evidenciando que os valores obtidos experimentalmente estão corretos.
Caso para a prática fosse utilizadas barras de plástico, os expoentes k, n, j e
p não seriam alterados. Os gráficos sofreriam um deslocamento de modo a
compensar a mudança de material devido a mudança do módulo de Young, que é
um parâmetro intrínseco do material, que estaria relacionado aos coeficientes
lineares dos gráficos.

7) Apêndices
a) Cálculo para o coeficiente angular no papel di-log.
Quando temos uma reta em papel di-log, a inclinação é a própria potência n
proporcionalmente, e é obtida a partir da própria definição de coeficiente angular
para potências de 10 que é:

onde 10 é a base do logaritmo, y1 e y0 são pontos da reta traçada no papel


di-log no eixo das ordenadas e x1, x0 são pontos da reta traçada no papel di-log no
eixo das abscissas.
Para o gráfico 1:
Utilizando P1=(0,25, 9,504) e P2=(0,07, 12,6)
a=-0,221517403 => k=1/a=-4,514318001
Para o gráfico 2:
Utilizando P1=(3,5, 900) e P2=(0,25, 400)
a=0,307280257 => n=1/a=3,254358122
Para o gráfico 3:
Utilizando P1=(3,5, 4500) e P2=(0,25, 400)
a=0,917133592 => j=1/a=1,090353694
b) Análise dimensional da Equação 2 para determinação do
coeficiente p.
Aplicando os coeficientes k,n e j teóricos (-4, 3, 1 respectivamente) é possível
obter o valor de p.

8) Referências
[1] YOUNG, H. D.; FREEDMAN; SEARS; R. A. Física 1: Mecânica. 12. ed.
São Paulo: Addison Wesley, 2008. 387 p.
[2] HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física:
Mecânica. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC - Livros Técnicos e Científicos Editora S.A.,
2009. 278 p.

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