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Meu Resumo - Direito Tributário I

CONCEITO CONSTITUCIONAL DE TRIBUTO


Primeiramente, vejamos as situações em que alguém irá dar dinheiro ao Estado:

1. Multa
2. Obrigação Convencional (contrato)
3. Indenização por Dano
4. Tributo

→ Multa: Caracteriza-se como sanção por ATO ILÍCITO.

→ Obrigação Convencional: São contratos em que alguém faz com o Estado.

• Ex: Aluga/Compra um imóvel do Estado


• Diferencia-se de tributo, pois aqui é voluntário, já o tributo compulsório.
• Aqui a obrigação nasce por vontade das partes.

→ Indenização por Dano: É mera reparação patrimonial, a título de composição do dano,


segundo o princípio geral do direito, de acordo com o qual quem causar prejuízo a
outrem é obrigado a indenizar.

• A indenização decorre de ato ilícito.

→ TRIBUTO: Apesar do tributo nascer independentemente da vontade das partes - ou até


mesmo contra essa vontade - por força de lei, mediante a ocorrência de fato
jurídico LÍCITO.

• Tributo NÃO É SANÇÃO por violação de nenhum preceito, nem reparação


patrimonial.
• Tributo é compulsório.

Sintetizando: Tributo é uma obrigação compulsória em que o Estado é o sujeito ativo e


o particular é o sujeito passivo, em decorrência de uma conduta lícita do particular.

O CONCEITO CONSTITUCIONAL DE TRIBUTO PODER SER CONSIDERADO VERDADEIRO


DIANTE DAS PRESCRIÇÕES DO ART. 182, § 4º, II, DA CF?
§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos
termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu
adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
[...]
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;

Esse inciso trata do IPTU progressivo no tempo. Alguns podem levar a crer que o tributo
estaria sendo utilizado como sanção, colidindo, assim, com o conceito constitucional de Geraldo
Ataliba que diz que o tributo não tem caráter sancionador.
O tributo possui duas funções: Fiscal e Extrafiscal

• Função Fiscal
- Tem por objetivo a arrecadação para os cofres públicos

• Função Extrafiscal
- Tem por objetivo estimular ou inibir determinadas condutas

CONCLUSÃO: Há quem defenda que o inciso II nada mais é do que o tributo na


sua função extrafiscal, ou seja, não se trata de uma sanção, mas sim de um meio para
estimular que os proprietários deem a devida função social ao seus imóveis.

BINÔMIO IDENTIFICADOR DA NATUREZA JURÍDICA DO TRIBUTO


A indicação da natureza jurídica do tributo é alcançada por meio da base de cálculo com
a hipótese de incidência tributária.

É possível tirarmos essa conclusão com base nos art. 145, §2º e art. 154, I, ambos da CF.
Art. 145, § 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.

No art. 145 verificamos que a base de cálculo serve para diferenciar imposto de taxa.

Art. 154. A União poderá instituir:


I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não
tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição;

No art. 154 verificamos que o fato gerador (hipótese de incidência) + a base de cálculo
são os elementos que permitem a distinção entre as diversas espécies tributárias, identificando suas
naturezas jurídicas.

Vale lembrar que o “ou” no art. 154, I, tem a função de “e”, pois se trata de um “ou”
fraco ou includente.

Hipóteses de Incidência Tributária Base de Cálculo


É a descrição abstrata de um fato É a riqueza que será tributada
Ex: Ser proprietário de imóvel na zona urbana do município Ex: Valor venal do imóvel
DEFINIÇÃO LEGAL DE TRIBUTO
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa
exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada.

Críticas à definição:
1. “...é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda...”

• Como é prestação pecuniária, não haveria necessidade de dizer que é em moeda.

2. “...ou cujo valor nela se possa exprimir...”

• Abre margem para que o tributo possa ser pago por meio de dação em pagamento.
(entregar coisa diversa da pactuada)
3. “...instituída em lei...”
• Remete ao princípio da legalidade
• Pagamos tributos porque assim desejamos. Os nossos representantes eleitos
criaram essas obrigações.
4. “...cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.”
• Nem sempre um ato administrativo será vinculado, pois:
- O ato administrativo também pode ser discricionário.
- Existem casos que o Fisco não fará o lançamento de ofício
> Lançamento de ofício: o Estado faz tudo para lançar o tributo. (Ex: IPTU)
> Lançamento Misto / Declaração: o contribuinte fornece algumas
informações e com base nisso o Fisco faz o lançamento. (Ex: antes existia o
ITR)
> Lançamento por Homologação / Auto lançamento: O contribuinte faz
tudo (informa quanto deve, apura quanto deve, paga e espera o Fisco
homologar) (Ex: Imposto de Renda)

CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS


• Vinculados e Não Vinculados

→ VINCULADOS

▸São aqueles que exigem uma CONTRAPRESTAÇÃO estatal específica.

▸O Estado precisa realizar algo para o contribuinte em troca do pagamento do tributo

- Ex: Taxa e Contribuição de Melhoria

▸Chamado também de retributivo.


▸Os tributos vinculados podem ser:

Diretamente/Imediatamente Vinculados

- Exercício do poder de polícia ou disponibilidade de um serviço.

- Ex: Taxa (art. 77 do CTN)


Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos
Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o
exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço
público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.

Iluminação pública pode ser remunerada por taxa?


Não, pois para que se remunere por taxa é necessário que o serviço
prestado seja específico e divisível. A iluminação pública é serviço
público específico, porém não é divisível.

Indiretamente/Mediatamente Vinculados:

- É o caso das contribuições de melhoria.


Contribuição de Melhoria é um tributo que é pago em decorrência da valorização
imobiliária de uma obra pública.

- Ex: Contribuições (art. 81 e 217 do CTN)

→ NÃO VINCULADOS

▸Não são vinculados a uma contraprestação estatal específica

▸Consiste na descrição de um fato qualquer que não seja atuação estatal.

▸Chamado também de contributivo.

- Ex: Imposto

▸Podemos concluir que imposto é não vinculado em razão do art. 167, IV, da CF.
Art. 167. São vedados:
IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição...

• Intrínseca e Extrínseca

→ INTRÍNSECA

▸O critério de classificação define-se em função da vinculação, ou não, de uma


atividade estatal no desenho da hipótese tributária (que há de ser confirmada ou
infirmada pela base de cálculo).

▸Essa classificação engloba a classificação de Geraldo Ataliba de Vinculados e Não


Vinculados.
▸ Só conseguimos identificar com essa classificação: impostos, taxas e contribuições de
melhoria.

→ EXTRÍNSECA

▸O critério diferenciador para essa classificação é externo à coisa.

▸Essa classificação utiliza mais duas variáveis: Destinação Legal e a Restitutibilidade.

▸Com essa classificação conseguimos encaixar os outros tributos que faltavam:


empréstimo compulsório e contribuição especial.

▸Podemos concluir que se estivermos diante de um tributo:


- Não Vinculado + Destinação Legal + Restituível = Trata-se de Empréstimo Compulsório

- Não Vinculado + Destinação Legal + Não Restituível = Trata-se de Contribuição Especial

- Não Vinculado + Não Destinação + Não Restituível = Trata-se de Imposto

- Vinculado + Destinação Legal + Restituível = Trata-se de Taxa

- Vinculado + Não Destinação + Não Restituível = Trata-se de Contribuição de Melhoria

▸Dessa maneira precisamos fazer as seguintes perguntas para classificar um


tributo:

1. Ele é vinculado ou não vinculado?


- O Estado precisa realizar uma contraprestação por esse tributo?

2. Há alguma previsão de que quando esse tributo for arrecadado terá uma
destinação?
- Ex: o Salário-Educação é não vinculado, pois basta que uma empresa comercial
qualificada como empregadora emita folha de salário. Entretanto, ele possui uma
destinação legal, qual seja: manutenção do ensino básico fundamento. Dessa maneira,
trata-se de uma contribuição.

3. Há previsão legal do dever de restituir o tributo arrecadado numa data futura?

NORMAS DE COMPETÊNCIA
CONCEPÇÕES
► Não Unitaristas e Unitaristas
• Não Unitaristas
− Uma norma não exclui as outras
− As normas podem mutuamente coexistirem
• Unitarista
− As normas são mutuamente excludentes
− Se seguir uma teoria, não pode seguir a outra
► Normas de Conduta
• Normas Permissivas
− São normas de ordem superior quer permitem que normas de primeira
ordem estabeleçam obrigações e proibições.

− Na CF (norma de ordem superior), as normas de competência tributária são


normas que “permite obrigar”, ou seja, permitem que o legislador
infraconstitucional institua o tributo de sua competência (norma de
primeira ordem).

− A principal característica dessa concepção é permitir aos que são com elas
contemplados ditar normas que obriguem as autoridades normativas de
ordem inferior, ainda que se admite que tais permissões podem se combinar
com obrigações ou proibições de definição dos limites do poder outorgado.

− Normas de Primeira Ordem

 São normas dessa espécie aqueles cujos conteúdos normativos


sejam Atos Não Normativos

 Frequentemente, estabelecem obrigações e proibições

− Normas de Segunda Ordem

 São Normas de Ordem Superior (são prescrições positivas)

 Normas de Ordem Superior tem por escopo fazer com que o


sujeito normativo possa prescrever normas com determinados
conteúdos normativos
 Normas de Ordem Superior, portanto, PERMITEM.

A CONSTITUIÇÃO CRIA TRIBUTO?


Até então, para a doutrina majoritária, não, pois alegam que a Constituição apenas
reparte as competências tributárias. Entretanto, existe uma corrente que afirma que o processo de
criação do tributo é iniciado com a outorga de competências, e que, mesmo sendo os dispositivos
constitucionais insuficientes para o desenho completo do tributo, não quer isso dizer que sejam,
tais dispositivos constitucionais, inexistentes.

Portanto, respondendo à pergunta, de acordo com a segunda corrente, a Constituição


Federal cria sim tributo.
CARACTERÍSTICAS DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
► Indelegabilidade
• É a impossibilidade de a pessoa política que recebeu da CF competência para instituir
determinado tributo transferi-la para outra pessoa política, seja a que título for.
► Irrenunciabilidade
• Não é possível a renúncia em caráter DEFINITIVO da competência tributária.
• A renúncia definitiva é juridicamente ineficaz.
• É permitido a renúncia TEMPORÁRIA pelo fato da competência tributária ser FACULTATIVA.
► Incaducabilidade
• A competência tributária não se extingue em razão do não exercício em um lapso temporal
• Não há a perda do direito por não exercer sua competência por um determinado tempo.
• O fato de haver tributos com prazos de vigências fixos, com data constitucionalmente fixada
para se extinguirem (IPMF, CPMF), não retira da competência tributária a característica da
incaducabilidade.
► Inalterabilidade
• A competência tributária é considerada para alguns como inalterável.
• Entretanto, mesmo que seja, essa inalterabilidade não é absoluta.
- Em relação a pessoa política destinatária da competência tributária, será a
competência tributária inalterável.
- Quanto à possibilidade de reforma através de emenda, será alterável.
> Essa alteração deve respeitar as prescrições do art. 60, §4º, da CF (cláusulas
pétreas)
► Privatividade
• Não pode ser considerada como característica da competência tributária
- A União pode instituir novos tributos, mesmo que não sejam de sua competência
tributária.
- É o caso do imposto extraordinário de guerra.
Art. 154. A União poderá instituir:
[...]
II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos
extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os
quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.

- É o caso também da competência da União aos impostos dos Territórios Federais


Art. 147. Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais
e, se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os
impostos municipais; ao DF cabem os impostos municipais.

• Privativa mesmo, somente a competência tributária da União, pois os outros entes não
podem invadi-la.
• Portanto, não é uma característica da competência tributária.
► Facultatividade
• Regra Geral: a competência tributária é facultativa, pois o ente não está obrigado a instituir
os impostos.
- Ex: A União, até hoje, não instituiu o imposto sobre grandes fortunas, previsto no art.
153, VII, da CF.

ACEPÇÕES DO VOCÁBULO TRIBUTO


• “tributo” como quantia em dinheiro;

• “tributo” como prestação correspondente ao dever jurídico do sujeito passivo;

• “tributo” como direito subjetivo de que é titular o sujeito ativo;

• “tributo” como sinônimo de relação jurídica tributária;

• “tributo” como norma jurídica tributária;

• “tributo” como norma, fato e relação jurídica.

• “tributo” como processo de positivação


- Quando o tributo começa a ser desenhado no projeto de lei, já se existe um mínimo tributo.

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