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05/11/2018 Por que o Pentágono está a armar insetos?

Por que o Pentágono está a armar insetos?


por F. William Engdahl [*]

Há fortes indícios de que o


Pentágono, através da DARPA, a
sua agência de investigação e
desenvolvimento, está a
aperfeiçoar insetos
geneticamente modificados que
serão capazes de destruir
culturas agrícolas de um possível
inimigo. Esta denúncia foi
negada pela DARPA, mas
biólogos importantes lançaram o
alarme sobre o que se está a
passar com a nova tecnologia
CRISPR "de alteração de genes"
para transformar insetos em
armas. Parece uma atualização no século XXI da praga de gafanhotos bíblica, só que
possivelmente muito pior.

A DARPA, a Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa do Pentágono, está a


financiar um programa como nome bizarro de "Insetos Aliados". O Dr. Blake Bextine da
DARPA descreve o programa como "impulsionando um sistema natural e eficaz de duas
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fases a fim de transferir genes modificados para plantas: insetos vetores e vírus que eles
transmitem para as plantas". A DARPA afirma que o programa é proporcionar "contra-
medidas expansíveis, facilmente aplicáveis e generalizáveis contra potenciais ameaças
naturais e artificiais para o abastecimento alimentar com o objetivo de proteger o sistema
agrícola dos EUA ". Reparem na linguagem: expansíveis, facilmente aplicáveis…

Ao abrigo do projeto da DARPA, serão introduzidos agentes de alteração genética ou


vírus na população de insetos para influenciar diretamente a composição genética das
culturas. A DARPA planeia usar cigarrinhas, moscas-brancas e pulgões para introduzir
vírus selecionados nas culturas. Entre outras afirmações ambíguas, dizem que isso
ajudará os agricultores a combater a "alteração climática". O que ninguém consegue
responder – e nem o Pentágono nem a FDA dos EUA perguntam – é como esses vírus
geneticamente modificados nos insetos interagem com outros micro-organismos no
ambiente. Se as culturas estão a ser permanentemente inundadas por vírus
geneticamente modificados, como é que isso poderá alterar a genética e os sistemas
imunitários dos seres humanos que dependem das culturas?

Alarme de guerra biológica

Como a maior parte do atual abastecimento alimentar dos EUA está contaminado pelo
Roundup tóxico e por outros herbicidas e pesticidas, juntamente com plantas
geneticamente modificadas, podemos duvidar da honestidade das declarações do
Pentágono quanto à preocupação com o atual sistema agrícola dos EUA. Um grupo de
cientistas europeus publicou um artigo na edição de 5 de outubro da revista Science , cujo
principal autor é o Dr. Guy Reeves do Instituto Max Planck para a Biologia Evolutiva, em
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Plön, na Alemanha.

O artigo assinala que o programa "Insetos Aliados" da DARPA "pretende dispersar vírus
infeciosos geneticamente modificados que foram trabalhados para alterar cromossomas
dos cereais diretamente no terreno". Isto é conhecido como "herança horizontal", em
oposição ao método vertical dominante da alteração dos OGM que faz modificações em
laboratório em cromossomas de espécies para criar variedades de plantas OGM. As
alterações genéticas às culturas serão realizadas por "dispersão através de insetos" em
plena natureza .

Os cientistas europeus assinalam que a DARPA não apresentou razões convincentes


para o uso de insetos como um meio não controlado de dispersar vírus sintéticos no
ambiente. Mais ainda, argumentam que o programa de Insetos Aliados poderá ser usado
mais facilmente na guerra biológica do que utilizado na agricultura rotineira. "É muito mais
fácil matar ou esterilizar uma planta, usando a alteração genética, do que torná-la
resistente a herbicidas ou a insetos", segundo Guy Reeves, do Instituto Max Planck.

O artigo da Science assinala que não tem havido debate científico, e muito menos
supervisão, quanto à segurança destes métodos de alteração genética em terreno aberto,
nem sequer se haverá alguns benefícios. O Departamento de Agricultura dos EUA rejeita
liminarmente qualquer teste de saúde ou segurança das plantas ou insetos alterados
geneticamente. "Por conseguinte, o programa pode ser encarado plenamente como uma
tentativa de desenvolver agentes biológicos para fins hostis e suas formas de o aplicar, o
que – a ser verdade – constituirá uma violação à Convenção de Armas Biológicas ". Até
agora, já foram gastos US$27 milhões dos contribuintes em "Insetos Aliados".
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Uma tecnologia instável

Embora não estejam disponíveis pormenores, é quase certo que o projeto Insetos Aliados,
de modificação genética, com instrumentos CRISPR-Cas utiliza aquilo a que se chama
"genética forçada". A genética forçada, que também está a ser fortemente financiada pela
DARPA do Pentágono, com a alteração genética, pretende obrigar a que uma modificação
genética se espalhe por toda uma população, sejam mosquitos ou possivelmente seres
humanos, apenas em poucas gerações.

O cientista que primeiro sugeriu desenvolver a alteração de genes numa genética forçada,
o biólogo de Harvard Kevin Esvelt, alertou publicamente para o facto de que o
desenvolvimento da alteração genética em conjunto com as tecnologias da genética
forçada tem um potencial alarmante de correr mal. Assinala as muitas vezes que o
CRISPR comete erros e a probabilidade de ocorrerem mutações protetoras, fazendo com
que um gene benigno se torne agressivo. Sublinha: "Mesmo uns poucos organismos
modificados poderão alterar irreversivelmente um ecossistema". Simulações
computacionais da genética forçada feitas por Esvelt calcularam que um gene editado
resultante "pode propagar-se a 99 por cento de uma população em apenas 10 gerações e
persistir durante mais de 200 gerações .

Apesar do que Bill Gates – um importante financiador da modificação genética – possa


afirmar, a alteração genética não é uma tecnologia rigorosa, seja em que sentido for. Na
China, cientistas usaram embriões humanos dados por doadores de embriões que não
podiam resultar no nascimento de um ser vivo, para alterar um gene específico. Os
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resultados foram um total fracasso, quando as células testadas não apresentaram o


pretendido material genético. O investigador chefe, Jungiu Huang declarou à Nature: "Foi
por isso que parámos. Ainda pensamos que está demasiado imaturo ".

Um laboratório de armas biológicas na Geórgia para Insetos Aliados?

Haverá cientistas loucos na DARPA ou noutras organizações do governo dos EUA a


preparar-se para disseminar novas formas letais de armas biológicas contra adversários
como a Rússia, o atual maior produtor mundial de cereais e um país cujas culturas são
isentas de OGM, segundo a lei?

Uma série de notícias recentes nos media russos e ocidentais tem destacado um
laboratório biológico de alta segurança, financiado pelo Pentágono , perto do aeroporto de
Tíflis na Geórgia, adjacente à Rússia. Esse laboratório, o Centro de Investigação de
Saúde Pública Richard G. Lugar, uma instalação de 350 milhões de dólares, segundo
testemunhas oculares georgianas, foi construído segundo os padrões de segurança
biológica nível III, ou seja, pode manipular tudo, com exceção de meia dúzia dos
micróbios mais perigosos conhecidos, incluindo o antraz e as bactérias que provocam a
peste bubónica. O Centro Lugar inclui cientistas do US Army Medical Research and
Material Command .

No início deste ano, o antigo ministro da Segurança do Estado da Geórgia, Igor


Giorgadze, deu uma entrevista à imprensa em Moscovo, em que afirmou ter provas
confirmando as experiências de risco desse Centro, no qual haviam morrido uma série de
pessoas. Deu conhecimento dessas provas a autoridades russas relevantes .
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Tudo isto parece um capítulo do romance de ficção científica de Robert Crichton, de 1969,
o Andromeda Strain , só que não é ficção. Os tribunais da União Europeia determinaram
que a alteração genética deve ser regulamentada como qualquer outra forma de OGM, ou
seja, organismos geneticamente modificados. Os EUA recusaram quaisquer
regulamentações. Não é difícil acreditar que pessoas que rasgaram o Tratado de Forças
Nucleares de Alcance Intermediário e impuseram repetidas sanções a funcionários russos
e à indústria russa estarão tentadas a lançar ou a ameaçar lançar uma nova arma
biológica terrível que, através de milhares de milhões de insetos infetados por vírus
geneticamente modificados, poderão destruir o cabaz alimentar vital da Rússia, tudo isto
em nome da "paz mundial".

Estará o Pentágono, através da DARPA, empenhado numa "utilização dupla", na


investigação do desenvolvimento de uma arma biológica, sob a capa de progresso
agrícola? Há quem diga: "Está, mas ninguém, no seu perfeito juízo, arriscará o que pode
ser uma alteração irreversível do nosso ecossistema". Mas, como observou um biofísico,
em relação aos OGM, há pessoas que não estão no seu perfeito juízo…"

29/Outubro/2018

Ver também:
Crop-protecting insects could be turned into bioweapons, critics warn

Exército de insectos desenvolvido pelo Pentágono


para destruir culturas de um país ou transmitir doenças letais:
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05/11/2018 Por que o Pentágono está a armar insetos?

L'Arte della Guerra - L’esercito di insetti del Pentagono (IT/P…

[*] Consultor de riscos e conferencista, licenciado em Política pela Universidade de


Princeton e autor conceituado sobre petróleo e geopolítica, exclusivamente para a
revista New Eastern Outlook.

O original encontra-se em journal-neo.org/2018/10/29/why-is-pentagon-weaponizing-


insects/
Tradução de Margarida Ferreira.

Este artigo encontra-se em https://resistir.info/ .


03/Nov/18

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