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10.26823/RevistadoNUFEN.vol09.n03rex24 200
Resumo
Abstract
Rev. Nufen: Phenom. Interd. | Belém, 9(3), 200-219, set. – dez., 2017.
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Resumen
INTRODUÇÃO
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regular, a educação especial no Brasil foi orientando-se cada vez mais pela perspectiva
da educação inclusiva.
A cidade de Uberaba-MG conta com centro de educação especial que além
de oferecer escolarização e Ensino de Jovens e Adultos especificamente a educandos
diagnosticados com deficiência intelectual, possui uma equipe multiprofissional cuja
proposta no segundo semestre de 2016 era oferecer suporte para as escolas estaduais
desenvolverem a inclusão.
Na literatura encontramos os trabalhos de Dalberio (2000), Vani Silva (2004)
e Fernanda Silva (2016) que discutem sumariamente o funcionamento desse centro de
educação especial. Embora sejam encontradas algumas alterações na proposta de
trabalho da instituição ao longo dos anos, especialmente no trabalho da equipe
multiprofissional, algumas referências de funcionamento do centro são mantidas. A
equipe multiprofissional do centro é composta pelos profissionais psicólogo, assistente
social, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta e fonoaudióloga, sendo coordenados por
uma pedagoga, diretora da instituição. A atuação da equipe é regida, em linhas gerais,
pelo “Guia de Orientação da Educação Especial na Rede Estadual de Ensino de Minas
Gerais” (Belo Horizonte, 2014), na sua terceira versão, porém a partir da sinalização do
lançamento de uma nova versão do “Guia” e a partir das determinações da equipe
dirigente do centro, a proposta de atuação da equipe essencialmente deixou de ter
como público-alvo os educandos e passou a ter os educadores e a equipe escolar, dito
de forma ampla. Assim, o público-alvo da equipe multiprofissional são os educadores
regentes de turma e regentes de aula, professores de sala de recursos, Professores de
Apoio à Comunicação, Linguagem e Tecnologias Assistivas (ou professores de apoio,
simplesmente), supervisores (orientadores pedagógicos) e diretores.
A atuação do psicólogo no contexto educacional é fundamentada nos
conhecimentos produzidos pela psicologia educacional e escolar, fato este cabalmente
negligenciado pelo “Guia” (Belo Horizonte, 2014). Apesar desta imperícia é possível
encontrar referenciais técnicos produzidos diretamente pelo Conselho Federal de
Psicologia, ou vinculados a ele, e que orientam a práxis do psicólogo na educação
(CFP, 2013; Viana & Francischini, 2016). Por outro lado, a fundamentação da atuação
do psicólogo na instituição também era orientada por outros referenciais (Bicudo, 2016;
Vieira Pinto, 1982/1991)
O objetivo deste trabalho é relatar a atuação do psicólogo na equipe
multiprofissional do centro de educação especial. Serão apresentadas as atividades
desenvolvidas pela equipe multiprofissional, em seguida serão tematizadas as questões
centrais percebidas pelo profissional e suas reflexões em torno de seu contexto de
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atuação. O trabalho não visa apresentar toda a atuação do psicólogo neste contexto,
apresentando, porém, apenas algumas questões em evidência.
A atuação do psicólogo será dividida nos seguintes tópicos: “Rodas de
Conversa e Pesquisas dialogadas”, “Formação Continuada de Supervisores”, e “Grupo
de Estudos de Professores de Apoio e de Sala de Recursos”.
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Link para o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=A8BcnXmOl_s&t=3s.
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Não é certo, sobretudo do ponto de vista democrático, que serei tão melhor
professor quanto mais severo, mais frio, mais distante e “cinzento” me ponha
nas minhas relações com os alunos […]. A afetividade não se acha excluída
da cognoscibilidade. O que não posso obviamente permitir é que minha
afetividade interfira no cumprimento ético de meu dever de professor no
exercício de minha autoridade (1996, p. 159-160).
QUESTÕES EMERGENTES
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supervisores etc.) apareceram ao longo da nossa atuação. Seja nas rodas de conversa,
espaço estruturado especialmente para a coleta das experiências e vivências dos
educadores regentes de turma e de aula; seja nos grupos de formação, que incentivava
a participação dos supervisores, professores de apoio e professores de sala de
recursos, algumas questões foram abordadas com frequência pelos educadores e
segundo nossa compreensão são fonte de enorme desconforto para sua atuação.
Alguns educadores trazem um traço de saudosismo que foi explicitado na
cartilha de referência para a atuação do psicólogo na educação básica (Conselho
Federal de Psicologia, 2013). É comum ouvir algo do tipo: “na escola de antes tinha
mais respeito”, “os educandos eram mais disciplinados”, “o ensino moral funcionava” e
“a própria qualidade de ensino era bastante diferente”, no sentido de ser melhor antes.
Tal saudosismo é fruto da descontextualização da escola: a sociedade mudou bastante
desde cinquenta anos atrás; como fica a escola em relação a estas mudanças? A
escola mudou? Vieira Pinto (1982/1991) examinou com propriedade a relação entre
sociedade e educação, apontando a indissociabilidade destas duas, bem como o
saudosismo como um dos traços da consciência ingênua (1960, Vol. I).
A sociedade brasileira transformou-se ao longo das décadas, porém
encontramos a manutenção de diversos traços da estrutura política da educação e da
prática educacional. Isto nos faz questionar se de fato Paulo Freire existiu, ou seja,
como se mantém todos estes traços engessados no campo da educação apesar da
vinda de Paulo Freire e tantos outros pensadores da educação? O saudosismo na
educação é fruto do engessamento da estrutura política educacional, ou seja, dos
fundamentos a partir dos quais são geridos os recursos, humanos, físicos e pecuniários
investidos na educação. A rigor, porém, o engessamento e o próprio saudosismo são
frutos das ações cotidianas dos educadores especialmente e dos demais membros da
sociedade. Claro está que dado o engessamento da práxis educacional, a escola se
encontra desestruturada para as demandas da nossa sociedade atual. As questões que
se seguem são a explicitação das questões emergentes da atuação dos educadores, a
partir da nossa perspectiva. Longe de ser uma explicitação que vise esgotar os tópicos,
trata-se apenas de uma introdução daquilo que merece ser fruto de futuras reflexões e,
sobretudo, investimentos sistemáticos e impetuosos no enfrentamento a tais questões
que desafiam a educação de qualidade.
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A diferenciação entre letra-morta e letra-viva deve ser estendida a outros campos. Saúde (Sistema Único
de Saúde), assistência social (Sistema Único de Assistência Social), em qualquer situação em que o ser
humano paute suas ações numa reflexão embasada em proposições e contemplações alheias, agindo com
base nelas e corrigindo-as a partir de suas próprias experiências, há a letra-viva. O professor Gustavo
Alvarenga dos Santos apresenta uma proposta no campo da Psicologia Clínica e Psicoterapia que ao
nosso olhar é coerente e sensível a essa questão. Tal proposta é abordada no livro “Terapia
Fenomenológico-Existencial nas Comunidades Populares”, publicado pela editora CVR em 2015.
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INDISCIPLINA
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preciso aproximar-se dessa questão naquilo que ela tem de positiva, de concreta e
factual na existência do educando.
Martins (2009) afirma que a escola preocupa-se com o desenvolvimento de
competência e valores nos educandos, isto implica a consideração da disciplina não
como um conjunto de punições ou sanções aos educandos indisciplinados, mas sim o
desenvolvimento do autodomínio, da capacidade de ajustar sua conduta às demandas
de cada situação do cotidiano escolar. “A disciplina”, afirma o autor “deve constituir-se
como um hábito interno adquirido livremente que facilita a cada aluno o cumprimento
das suas obrigações” (p. 6). Tal concepção é capital na atuação dos educadores, pois
concebe a disciplina a partir do próprio ser humano e a partir da situação em que ela
ocorre.
O psicólogo educacional deve esforçar-se para elucidar o tanto quando for
possível um mito comum entre os educadores. Em certas ocasiões tal crendice pode
expressar a transfiguração da má-fé deles numa justificativa tomada como plausível:
não é possível realizar a inclusão, pois já não é possível manejar a indisciplina. Já não
é possível, mas antigamente era.
Segundo Paulo Freire, em entrevista, “a autoridade é uma invenção da
liberdade”. O mestre fundamenta esta hipótese a partir da noção da experiência da
liberdade, que sendo experienciada por diferentes seres humanos desemboca em
“liberdades individuais” que se contrapõem e se desencontram, requerendo um
contrário, a autoridade, para se preservarem. A autoridade, ao limitar a liberdade,
também deve se limitar, cedendo espaço à liberdade, pois caso contrário, quando há
um descompasso entre a autoridade e a liberdade, em detrimento desta, há o
autoritarismo, o arbítrio. No caso da indisciplina escolar, podemos considerar o próprio
protagonismo dos educandos enquanto atores do processo educacional, o que
fundamenta a consideração de sua responsabilidade e sua voz ativa no decorrer de
todo processo educacional.
Percebe-se que a indisciplina torna-se um problema maior, bem como outros
problemas se intensificam, como a dificuldade de incluir, fracasso escolar,
desmotivação da turma etc., a partir do sexto ano de escolarização. Inferimos que a
presença de um educador regente em cada turma, que ocorre do primeiro ao quinto
ano, em contraposição à diversidade de educadores de acordo com as diferentes
matérias oferece bases para elucidar esta questão.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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