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Grupo Aberto de Apoio Psicológico na

Atenção Primária: estudo sobre a eficácia


de uma estratégia de gestão em um Centro
de Saúde no município de Florianópolis

Aluna: Lucila Rosa Matte Massignani1


Orientador: Marcos Baptista Lopez Dalmau2
Tutora: Mileide Marlete Ferreira Leal Sabino3

Resumo Abstract
O Grupo Aberto de Apoio Psicológico (GAAP) The Open Group Psychological Support
é uma estratégia de gestão do município de (GAAP) is a management strategy in Floria-
Florianópolis, visando proporcionar atendi- nópolis, aiming to provide psychological care
mento psicológico coletivo às pessoas em so- to people in collective psychological distress
frimento psíquico na Atenção Primária. Esse in Primary Care. This study aimed to unders-
estudo objetivou compreender qual a eficácia tand how effective the GAAP on a Health
do GAAP em um Centro de Saúde, a partir Centre, from the vision of its participants. For
da visão de seus participantes. Para isso reali- this we carried out a descriptive exploratory
zou-se uma pesquisa exploratório-descritivo, research, predominantly quantitative, throu-
predominantemente quantitativo, por meio gh the application of a mixed questionnaire
da aplicação de um questionário misto e ob- and participant observation. All results were
servação participante. Todos os resultados não not directly related to the time and frequency
tiveram relação direta com o tempo e a fre- in the group and with time of drug adminis-
quência no grupo e com o tempo de uso da tration. It was noted that this group proves
medicação. Pôde-se constatar que esse grupo efficient as possible in general to decrease
mostra-se eficiente, pois possibilitou no geral the psychological distress of its participants.
a diminuição do sofrimento psíquico de seus
Key words: Group Psychological Support.
participantes.
Primary Care. Management in Public Health.
Palavras-chave: Grupo de Apoio Psicoló-
gico. Atenção Primária. Gestão em Saúde
Pública.

1
Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC (2007) e
Especialista em Saúde da Família pela UFSC (2005). E-mail: lucilamatte@gmail.com.
2
Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (2003).
E-mail: dalmau@cse.ufsc.br.
3
Mestranda do curso de Administração Universitária da Universidade Federal de Santa
Catarina – UFSC. Formação Pedagógica para Atuação em EAD – UNOPAR. E-mail: mileide.
ferreira@cursoscad.ufsc.br.
Grupo Aberto de Apoio Psicológico na Atenção Primária: estudo sobre a eficácia de uma estratégia de gestão em
um Centro de Saúde no município de Florianópolis

1 Introdução
O número de pessoas com transtornos mentais e de pacientes tratados
com antidepressivos e outros medicamentos psicoativos cresce assombrosamente
no mundo (ANGELL, 2011). A doença mental aumentou demasiadamente
tanto em crianças quanto em adultos. De acordo com Angell (2011), ela é
hoje a principal causa de incapacitação de crianças. Em relação aos adultos,
a autora expõe o estudo patrocinado pelo Instituto Nacional de Saúde Mental,
realizado entre 2001 e 2003, que descobriu que um percentual significativo
de 46% deles se encaixava nos critérios estabelecidos pela Associação Ame-
ricana de Psiquiatria por ter tido, em algum momento de suas vidas, pelo
menos uma doença mental, distribuída entre quatro categorias (Transtornos
de ansiedade, Transtornos de humor, Transtornos de controle dos impulsos e
Transtornos causados pelo uso de substâncias). Para a Organização Mundial da
Saúde (OMS), a depressão será a doença mais comum do mundo em 2030, e
atualmente 121 milhões de pessoas sofrem desse problema. (PRADO, 2010)
Tal crescimento leva a refletir sobre o que está havendo: uma maior
psicopatologização e medicalização do sofrimento psíquico? De todo modo,
segundo Angell (2011), os medicamentos acabaram sendo a base dos trata-
mentos para as doenças mentais, receitadas para todos os descontentes com
a vida. Entretanto, se eles realmente funcionassem não se deveria esperar um
declínio do número de doentes e não a sua ascensão? Para a autora deve-se
pensar em alternativas tão eficazes quanto os medicamentos e mais baratas
em longo prazo, como por exemplo, a psicoterapia.
Com o Movimento da Reforma Psiquiátrica muito se avançou a respeito
do papel da Psicologia, alertando para a necessidade de considerar os aspectos
sociais, e não apenas intrapsíquicos, das pessoas em sofrimento psíquico, e
trazendo à tona o enfrentamento da inadequação da clínica psicológica tradi-
cional para uma proposta de reabilitação psicossocial (POMBO-DE-BARROS;
MARSDEN, 2008). A nova proposta tem como objetivo o trabalho em equipes
multiprofissionais e a construção de uma rede de serviços, favorecendo a
autonomia dos usuários e ampliando seus espaços coletivos. Para Pombo-
-de-Barros e Marsden (2008, p. 118) essa forma desafiadora de atuação da
Psicologia “[...] permitiu o aparecimento de melhorias consistentes na vida de
pessoas que já estavam desacreditadas ou rotuladas como ‘sem possibilidade
de tratamento’ [...]”.

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Muitas pesquisas têm demonstrado a psicoterapia em grupo como


dispositivo eficaz no tratamento do sofrimento psíquico.

A estratégia do grupo terapêutico baseia-se na ideia de que a


coletivização do sofrimento amplia as redes de interdependências
dos sujeitos, fortalecendo suas identidades e motivando-os a agir
sobre seu meio. (POMBO-DE-BARROS; MARSDEN, 2008, p. 118)

Para esses autores, o grupo possibilita um espaço de vivência das an-


gústias, fundamentalmente experienciadas como individuais.
Por meio da psicoterapia de grupo podem-se colocar em questão as
expectativas de certos pacientes sobre a medicalização, abrindo espaço para
a troca de experiências sobre tratamentos mais amplos ou alternativos. Dessa
maneira, a especificidade da clínica psicológica se diferencia de uma prática
grupal educativa, pois busca

[...] a compreensão de como diversos fatores coletivos afetam


emocionalmente cada sujeito e como processos de subjetivação
são encadeados em certos contextos sociais e em processos
singulares de adoecimento. (POMBO-DE-BARROS; MARSDEN,
2008, p. 120)

Entretanto, se usada como estratégia clínica individualizada e descon-


textualizada deixa de ser um dispositivo transformador. Pois em um grupo há
conexões de pessoas diferentes, com modos de subjetivação distintos, onde
se tem confrontos que possibilitam mudanças no modo de viver antes crista-
lizado. Nesse campo grupal, o terapeuta precisa estar atento para as diversas
formas de existência e de fenômenos entre as esferas micro e macro, por meio
de uma visão contextualizada e sistêmica.

Ou seja, utilizar-se dos paradoxos, observando, por exemplo,


como um sintoma revestido de sentido singular para determinada
pessoa está relacionado ao contexto de violência pública em seu
local de moradia. Para isto, é necessário que o profissional aceite
a posição desconfortável do “não-saber”, de estar aberto para
a variedade de verdades que podem se revelar em uma escuta
ampliada. (POMBO-DE-BARROS; MARSDEN, 2008, p. 120)

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As mudanças surgidas no âmbito da saúde mental no Brasil também


acompanharam as mudanças surgidas na saúde pública, cujas transformações
afetaram os modelos de atenção e de gestão das práticas de saúde na busca pelo
cuidado do indivíduo de uma forma ampliada. Nessa perspectiva, a Atenção
Primária no município deste estudo segue o modelo da Estratégia de Saúde
da Família (ESF), em que as equipes têm uma população delimitada sob sua
responsabilidade, caracterizando-se como um sistema regionalizado, integrado
e hierarquizado, que funciona como porta de entrada do usuário à saúde. As
equipes realizam ações de promoção, prevenção, recuperação, reabilitação e
manutenção da saúde da população de sua área de abrangência, ampliando
seu cuidado por meio de uma atuação interdisciplinar. Nessa estruturação, o
serviço de Saúde Mental faz parte da equipe de apoio, denominada Núcleo
de Apoio às Equipes de Saúde da Família (NASF), que participa como apoio
às equipes de saúde da família, buscando oferecer suporte técnico-pedagógico
e assistencial, e atua na corresponsabilização do cuidado em saúde.
Nesse modelo de atenção, o Grupo Aberto de Apoio Psicológico (GAAP)
é considerado uma das portas de entrada dos usuários à saúde mental na
Atenção Primária, recomendada como política de gestão municipal, expressa
pelo Protocolo de Atenção em Saúde Mental. (CREMONESE; SARAIVA, 2010)

Cada região de atuação/território de atenção deverá contar com


pelo menos um grupo aberto de apoio psicológico (GAAP), con-
duzido por um profissional de saúde mental, preferencialmente
em conjunto com um membro da equipe de saúde da família.
[...] A escolha e o planejamento dos grupos devem ser feitos com
as equipes de Saúde da Família considerando as necessidades
prioritárias de saúde mental do território. (CREMONESE; SA-
RAIVA, 2010, p. 19)

Essa estratégia de gestão vem ao encontro das novas políticas públicas


de âmbito nacional e estadual que fomentam o investimento no campo da
saúde mental na Atenção Primária, pois é no território que as situações, rela-
ções e pessoas se constituem e que se configuram sua saúde ou seu adoeci-
mento. Tendo em vista a magnitude epidemiológica dos transtornos mentais
(BRASIL, 2008) aponta-se a necessidade de planejamento dos recursos e
de estratégias eficazes. Nesse sentido, a organização de saúde necessita ser
capaz de determinar metas corretas e medidas certas a fim de alcançá-las,

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atingindo resultados válidos (LACOMBE, 2004), ou seja, diminuindo o nível


de sofrimento psíquico no território em que atua.
Entretanto, ainda não existem mecanismos de análise da eficácia dessa
atividade como estratégia de gestão na melhora da saúde mental dos usuários.
Além disso, existem divergências de pontos de vista de profissionais de saúde
mental do município em estudo que acreditam, por um lado, que o GAAP
é uma ferramenta clínica para diminuir o sofrimento psíquico e, por outro,
consideram-no como uma estratégia política para diminuir a lista de espera
para atendimento psicológico, ficando em segundo plano a possibilidade de
otimizar um atendimento psicoterapêutico em grupo mais adequado e especí-
fico às necessidades de cada comunidade. Por esses motivos faz-se necessário
saber qual é a eficácia da atuação do Grupo Aberto de Apoio Psicológico
prestado por um Serviço de Saúde Mental na Atenção Primária do município
de Florianópolis (SC) na diminuição do sofrimento psíquico da população
atendida, segundo a percepção de seus participantes.

2 Fundamentação Teórica
Para compreender como funciona o GAAP é necessário contextualizá-lo
ao processo de construção da saúde mental no Brasil, constituindo-se como
uma ferramenta de gestão em acordo com as políticas públicas em saúde
mental e com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). Nesse sentido,
fundamentou-se essa temática a partir do estudo de outras pesquisas que tratam
do desenvolvimento da Saúde Mental na saúde pública e, especificamente,
na Atenção Primária. Por meio de pesquisas, buscou-se também estudar as
práticas de psicoterapia de grupo em diversos contextos, a fim de oferecer
suporte na avaliação da efetividade do GAAP no cuidado do sofrimento
psíquico da população atendida.

2.1 Saúde Mental na Saúde Pública


A assistência em saúde mental tem como marco a Reforma Psiquiátrica
como intervenção social, uma vez que foi a partir desse movimento que de-
sabrocharam discussões sobre temas e dispositivos institucionais para tratar
e pensar novos modelos na atenção à saúde pública (LIMA, 2011). O novo
modelo de cuidado à saúde mental tem como principal objetivo promover a
interação cotidiana entre a loucura e a sociedade, proporcionando um novo

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lugar social para as pessoas com transtornos mentais (OLIVEIRA; MARTINHA-


GO; MORAES, 2009). Esse contexto de mudanças ocorreu a partir da década
de 1970, com o surgimento de muitas denúncias de maus-tratos a pacientes
nos hospícios e de falta de investimentos no setor, deflagrando movimentos
de reforma na saúde mental brasileira. Esses movimentos criticam o modelo
psiquiátrico clássico e seus paradigmas, tradicionalmente hegemônicos no
campo da saúde mental (OLIVEIRA; MARTINHAGO; MORAES, 2009), que
privilegia o olhar biológico sobre a saúde, focando na doença e desconside-
rando a pessoa em sua complexidade.
A Reforma Psiquiátrica está inserida em uma dimensão política e social
complexa, pois é composta por vários atores e instituições, atuando nas três
esferas governamentais, universidades, serviços de saúde, conselhos profis-
sionais, associações de usuários e seus familiares e movimentos sociais. Além
disso, a Reforma Psiquiátrica brasileira se inscreve num contexto internacional
de luta antimanicomial e organiza-se nos pressupostos da Reforma Sanitária e
da Psiquiatria Democrática Italiana. (OLIVEIRA; MARTINHAGO; MORAES,
2009)
Nesse sentido, foram sendo conquistadas algumas mudanças nas polí-
ticas públicas de saúde no Brasil, que se refletem a partir de um conjunto de
normas e regulamentos, como: Declaração de Caracas em 1990, que trata
da reestruturação da atenção psiquiátrica na América Latina nos Sistemas
Locais de Saúde; Portaria SAS/MS n. 224, de 29 de janeiro de 1992, que
regulamenta o funcionamento dos serviços de saúde mental; leis estaduais que
determinam a substituição progressiva dos leitos nos hospitais psiquiátricos por
rede de atenção integral em saúde mental e determinam regras de proteção
às pessoas com sofrimento psíquico; Lei Federal n. 10.216, de 6 de abril de
2001, chamada “Lei da Reforma Psiquiátrica”, que redireciona a assistência
em saúde mental, privilegiando o tratamento em serviços de base comunitária,
regulamenta o cuidado com os pacientes internados por longos anos e prevê
punição para internação involuntária e desnecessária; Portaria GM n. 336, de
19 de fevereiro de 2002, que amplia a abrangência de serviços substitutivos
de atenção diária Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Ainda assim, o
Movimento da Luta Antimanicomial pressiona para a efetivação da Reforma
Psiquiátrica, o fim dos hospitais psiquiátricos e o fortalecimento da rede de
atenção à saúde mental de base comunitária, de acordo com as diretrizes e
princípios do SUS.

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Nesse novo cenário, as pessoas com transtornos mentais convivem


na sociedade com os mesmos direitos de qualquer cidadão. Para caminhar
nessa direção mostram-se necessárias mudanças nas políticas públicas muni-
cipais que desconstruam o modelo clássico de atenção à saúde (biomédico,
dicotômico e compartimentalizado), substituindo-o por uma atenção à saúde
ampliada, em que o foco de intervenção deixa de ser apenas o tratamento
da doença mental para constituir-se também na promoção da saúde mental.
Dessa forma, a saúde necessita consolidar-se como uma forma de atenção ao
usuário que o compreenda em sua complexidade (DABAS; NAJMANOVICH,
1995) por meio da inserção e da participação dos profissionais no contexto
da comunidade e atuando em equipe interdisciplinar que englobe a saúde de
forma integral (bio, psico e social).

2.2 Saúde Mental na Atenção Primária


No contexto das mudanças paradigmáticas e das práticas em saúde é
que vem sendo construída a rede de atenção à saúde mental, especialmente no
âmbito da Atenção Primária. Em 2008, a OMS juntamente com a Associação
Mundial de Médicos de Família (WONCA) apontou os principais motivos para
a integração da saúde mental na Atenção Primária de Saúde (APS): signifi-
cativa magnitude e prevalência dos transtornos mentais; necessidade de um
cuidado integral em saúde considerando a indissociação entre os problemas
físicos e os de saúde mental; altas prevalências de transtornos mentais e baixo
número de pessoas fazendo tratamento; ampliação do acesso aos cuidados
em saúde mental; aumento da qualificação das ações dos serviços; redução de
custos indiretos com a procura de tratamento em locais distantes; e resultados
positivos com a integralidade da saúde de pessoas com sofrimento psíquico.
(BRASIL, 2009)
Nesse contexto, o estudo de Lima (2011) aborda a prática de grupo
na assistência em saúde pública como uma das estratégias de intervenção
na saúde coletiva. Em seu estudo, ele relata a prática do grupo como uma
possibilidade de trabalhar a saúde mental em comunidades de baixa renda.
Segundo esse autor, a escolha por trabalhar com grupos se deve aos seus
potenciais de: prover suporte emocional e real para os indivíduos; reduzir o
risco de isolamento; estimular a troca de experiências; oferecer oportunidades
para o desenvolvimento de habilidades pessoais e sociais; e ser base para o
processo de conscientização e de subjetivação. Lima (2011) conclui que tra-
balhar na lógica de reorientação do modelo na assistência em Saúde Mental

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remete a uma ação pautada no acolhimento ao usuário e na capacidade de


estabelecer vínculos, apaziguando, consequentemente, o sofrimento psíquico
e aumentando o autocuidado. (LIMA, 2011)
Apesar das mudanças nas políticas e das ações no cuidado à saúde
mental na Atenção Primária, mostra-se importante salientar que os profissionais
da ESF que acolhem os problemas de saúde mental muitas vezes não estão
preparados para esse fim. A pesquisa de Muylaert et al. (2011), que entrevistou
729 profissionais no Estado de São Paulo, verificou que a maioria dos mem-
bros das equipes da ESF percebem que foram orientados para identificar e
acompanhar pessoas em sofrimento psíquico. Entretanto, a análise dos dados
sugere um padrão prescritivo das orientações oferecidas às equipes, o que
dá margem para se discutir a necessidade de processos de capacitação dos
profissionais adequados à realidade e à natureza da saúde mental. Embora
os profissionais estejam mais sensíveis ao sofrimento psíquico, ainda assim,
de acordo com Pinto et al. (2012), o que existe são itinerários terapêuticos
pontuais, superficiais e desarticulados com as demandas e as necessidades de
saúde do usuário. Por isso, mostra-se importante a articulação da ESF com
as equipes de referência em saúde mental, a fim de desenvolver ações com
ênfase na integralidade do cuidado e na resolubilidade assistencial.
Com a inserção da Psicologia na Atenção Primária amplia-se o leque
de possibilidades terapêuticas para se trabalhar o processo de saúde-doença.
Nesse rol, as atividades coletivas são apontadas por muitas pesquisas como
uma das estratégias cada vez mais utilizadas devido aos benefícios que ofere-
cem no tratamento das pessoas em sofrimento psíquico. Segundo a pesquisa
de Guanaes e Japur (2001), o emprego da psicoterapia em grupo no aten-
dimento em saúde mental, especialmente em contextos institucionais, tem se
expandido aceleradamente. Desse modo seu estudo objetivou compreender
algumas possibilidades e limites de um grupo de apoio de curta duração (16
sessões) para pacientes psiquiátricos ambulatoriais, investigando os fatores
terapêuticos que operam nesse grupo segundo a visão de seus participantes,
por meio de questionário, registro de campo, observação e consultas aos
prontuários.
Para esses autores, os fatores terapêuticos de um grupo variam de acordo
com o tipo de grupo e as diferenças individuais dos participantes (GUANAES;
JAPUR, 2001). Foram apontadas, como fatores positivos, as vivências relati-
vas à universalidade e ao aprendizado do participante, favorecidas pela troca
de experiências no grupo, possibilitando a percepção de similaridades entre

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as problemáticas vivenciadas pelos outros membros e a aprendizagem de


novos modelos comportamentais. Em relação aos fatores negativos, foram
apontados: sentimentos de angústia (distanciamento e desesperança) ou de
não envolvimento afetivo na interação grupal. Diante desses resultados obser-
vados os autores concluíram que o grupo de apoio pôde oferecer resultados
terapêuticos a partir de uma sintonia entre a demanda do grupo e a dispo-
nibilidade do coordenador de oferecer um espaço aberto a essa diversidade.
Por fim, os autores citam estudos que ressaltam o quanto as psicoterapias de
grupo podem apresentar resultados comparáveis ou até melhores que outros
tipos de atendimento terapêutico, desde que baseadas em uma composição
de grupo criteriosa.
Corroborando a importância das intervenções em grupo, a pesquisa
de Merlo, Jacques e Hoefel (2001), que analisou um trabalho com grupos de
portadores de LER/DORT, concluiu que as atividades com grupos possibilitam
a diminuição da culpabilização e reforçam a independência e a autonomia,
minimizando o sofrimento psíquico, no caso relacionado à dor crônica e suas
limitações. A pesquisa de Silva, Rocha e Vandenberghe (2010) também estudou
a terapia em grupo para dor crônica, apontando essa atividade como eficaz
para ensinar os pacientes a lidar com a dor e outros aspectos emocionais e
sociais que influenciam esse sofrimento.
A partir do relato de experiência em psicoterapia de grupo, Farah
(2009) ressalta os benefícios que essa modalidade de atendimento oferece
no tratamento de pessoas com transtorno mental, como: promover suporte;
ensinar e compartilhar vivências; e experimentar a solidariedade dos demais
participantes. De acordo com essa autora, esse compartilhamento de expe-
riências é que torna a psicoterapia de grupo um diferencial ao se comparar
com a terapia individual. Apesar dos benefícios, a psicoterapia de grupo é
um processo de tratamento que se desenvolve ao longo da participação do
sujeito no grupo. O que muitas vezes pode ser prejudicado pela necessidade
do paciente querer resultados imediatos, ou também, por se tratar de assuntos
delicados, não querer falar e lembrar-se do que aconteceu.

Geralmente, esses relatos são carregados de muita emoção e o


terapeuta tem o cuidado de acolher e validar esses sentimentos
de maneira que a pessoa possa se sentir respeitada e ouvida.
(FARAH, 2009, p. 325)

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O estudo dos autores Pombo-de-Barros e Marsden (2008) explica a


psicoterapia de grupo como um dos dispositivos mais eficazes, uma vez que o
compartilhamento e o acolhimento do sofrimento possibilitam o fortalecimento
intra e interpsíquico dos sujeitos. Relatam os autores a experiência de uma
proposta de trabalho com grupo sobre saúde mental em um centro de saúde
numa das áreas mais violentas da cidade do Rio de Janeiro. Perceberam que
muitas pessoas trazem como fonte de sofrimento uma dificuldade angustiante
de se relacionar com o outro, com o coletivo. Mas essas queixas tornaram-
-se secundárias após um trabalho de acolhimento das questões mais visíveis
e urgentes, que se caracterizavam por sintomas físicos sem causa orgânica
correspondente, ou seja, a conversão da dor psíquica em sintomas físicos e
comportamentais.
Os autores referem que a partir de uma escuta contextualizada foram
encontradas múltiplas causas para os sintomas físicos, sendo a maioria ligada
à violência urbana e doméstica, como por exemplo, o medo, falta de confiança
nos familiares, fracassos escolares dos filhos e o medo de perdê-los para o
tráfico de drogas, e muitos outros (POMBO-DE-BARROS; MARSDEN, 2008).
Com esse trabalho, eles averiguaram que o grupo tem sido uma importante
estratégia para fortalecer a identidade e a cidadania dos participantes, assim
como revigorar a autonomia e a diminuição da dependência dos remédios.
Dessa forma, os diferentes formatos clínicos no trabalho de grupo podem estar
concorrendo para uma verdadeira reabilitação psicológica dos indivíduos,
mas para isso necessitam ser orientados por uma visão ampliada, complexa
e contextualizada da subjetividade e das práticas terapêuticas.
Embora as pesquisas apontadas demonstrem os diversos benefícios da
psicoterapia de grupo, ainda assim há carência de estudos que avaliem a eficácia
desses grupos no formato aberto e heterogêneo no tratamento de pessoas com
sofrimento psíquico, especialmente no contexto de saúde pública. De acordo
com Olivo (2012), o monitoramento do trabalho realizado mostra-se impor-
tante a fim de se observar a efetividade do serviço de saúde, compreendendo
o efeito potencial dessa atividade no cumprimento de suas metas (eficácia)
e a relação dos custos com os resultados apresentados (eficiência). Ou seja,
medir qual a qualidade que essa atividade oferece. Para Olivo (2012), uma
gestão eficaz é construída a partir de quatro aspectos: desenvolvimento das
pessoas coordenadas por meio da Educação Permanente e da Aprendizagem
Organizacional; estilo administrativo voltado para uma gestão contingencial
em vez de burocrática, com participação popular e necessidade de resultados;

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avaliação a fim de verificar a qualidade dos serviços oferecidos; e, criação


de condições adequadas de autonomia no trabalho.
Entretanto para oferecer um serviço eficaz é necessário superar muitas
adversidades, como a falta de verbas disponíveis e de recursos humanos,
incluir a participação popular e profissional nos processos decisórios, garantir
a universalidade e equidade dos serviços, gerenciar conflitos, além de con-
siderar as constantes mudanças dos fatores econômicos, políticos e sociais.
Nessa complexidade, o gestor e os profissionais de saúde têm buscado adotar
várias ações em saúde, inclusive o GAAP como estratégia para melhorar o
sofrimento psíquico da população.

3 Metodologia
Esta pesquisa teve o caráter exploratório-descritivo, visando registrar
e analisar o grau de eficácia da atuação de um grupo de apoio psicológico,
na busca pelo aprofundamento e familiarização do fenômeno estudado.
Constituiu-se também como um estudo transversal, pois analisou em um
momento específico o fenômeno sob investigação.
Essa pesquisa foi realizada no Centro de Saúde do Saco Grande, lo-
calizado no município de Florianópolis, Santa Catarina. É uma instituição
que serve como porta de entrada ao usuário ao Sistema Único de Saúde e
presta atividades de assistência, promoção e prevenção de saúde para toda
a população sob sua responsabilidade, por meio da lógica da Estratégia de
Saúde da Família. O Centro de Saúde Saco Grande possui seis equipes de
Saúde da Família, cada qual composta por médico, enfermeiro, dentista,
técnico de enfermagem e agente comunitário; e recebem suporte técnico e
assistencial da equipe do Núcleo de Apoio às Equipes de Saúde da Família
(NASF), constituídos por pediatra, psiquiatra, assistente social, psicólogo,
nutricionista, educador físico, farmacêutico e fisioterapeuta.
Participaram da pesquisa seis usuários, de um total de oito pessoas
que estavam participando do grupo na época da pesquisa. Tratou-se de uma
amostra de conveniência, e não probabilística, que teve como critérios de in-
clusão: a participação em mais de um encontro no grupo de apoio psicológico,
ser maior de 18 anos, apresentar sofrimento psíquico, de leve a moderado,
conforme avaliação do profissional de saúde e ser encaminhado pela sua

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equipe de saúde da família. O critério de escolha dos participantes foi informal


e arbitrário, uma vez que se referiu aos casos mais fáceis de serem acessados.
Para a concretização da pesquisa foram utilizados como instrumento:
questionário misto e observação participante. A observação foi realizada durante
todo o período de coleta de dados, por meio do registro em ata. O questionário
constituiu-se por 21 questões, incluindo os dados de identificação, a maioria
formada por perguntas fechadas. As questões diziam respeito à avaliação do
usuário sobre sua participação no Grupo Aberto de Apoio Psicológico. Antes
de iniciar a coleta foi realizada, como pré-teste, a aplicação do questionário
em dois usuários a fim de averiguar sugestões de melhoria do instrumento.
Todavia, não houve necessidades de mudanças.
O processo de coleta de dados se deu em apenas um encontro do grupo
e iniciou-se com a observação participante, a fim de conhecer e de apreender
as especificidades daquele contexto. Vale ressaltar que o pesquisador já estava
inserido no campo de estudo, uma vez que ele é o responsável pela realização
do Grupo Aberto de Apoio Psicológico no Centro de Saúde. Assim, já possuía
a familiarização do fenômeno a ser estudado por ser, segundo Moré e Crepaldi
(2004), um elemento a mais nesse contexto. No primeiro momento ocorreu a
apresentação da pesquisa aos usuários do grupo e o convite para participar.
Todos demonstraram interesse e disponibilidade em participar, mas duas
pessoas não puderam por não estarem dentro de um dos critérios de inclusão
(tinham participado apenas uma vez). Durante a aplicação do questionário
a pesquisadora sempre esteve presente. Em dois casos o questionário foi
aplicado com a leitura da pesquisadora pelo fato do participante não saber
ler ou estar sem seus óculos de grau.
A análise dos dados foi predominantemente quantitativa, além de qua-
litativa, pois buscou abordar aspectos objetivos e subjetivos dos informantes,
auxiliando a compreender o fenômeno em sua complexidade (ROMANELLI;
BIASOLI-ALVES, 1998). Algumas respostas do questionário permitiram reali-
zar análise quantitativa, submetidas a um exame estatístico de frequência. As
respostas abertas foram analisadas pela metodologia de análise de conteúdo,
com base no referencial de Bardin (1977), visto que as categorias também
foram quantificadas em termos de frequência. Vale lembrar que a pesquisa foi
desenvolvida sob o cuidado ético, com ciência e autorização dos participantes
e do coordenador do Centro de Saúde.
Ressalta-se que essa pesquisa apresenta limitações, cujos resultados
não podem ser generalizados uma vez que dizem respeito a uma amostra

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não significativa da população. Dessa forma, limitou-se a compreender se o


GAAP atingiu os resultados almejados segundo a percepção de seus usuários,
possibilitando margem para se conjecturar sobre sua eficácia e influenciar na
necessidade de reflexão e avaliação de mais grupos nesse formato.

4 Resultados e Análise
4.1 Funcionamento do Grupo Aberto de Apoio Psicológico
(GAAP)
O Grupo Aberto de Apoio Psicológico (GAAP) foi realizado por profis-
sional de Psicologia com a ajuda de uma enfermeira da equipe de Saúde da
Família e consiste no acolhimento e na compreensão da demanda de usuários
que estão em sofrimento psíquico. Essa modalidade de intervenção tem como
objetivo proporcionar acolhimento e apoio aos usuários por meio de uma
escuta qualificada, do compartilhar experiências e de permitir espaço para se
refletir e falar sobre o estado emocional em que se encontram.
Caracteriza-se como um grupo aberto e heterogêneo, de caráter infor-
mativo, reflexivo e de suporte. Nos grupos abertos há um fluxo intenso de
entrada e saída de participantes, sendo alta a rotatividade. Possibilita uma
atenção terapêutica imediata e o desenvolvimento dos temas levantados, sem
a preocupação com a continuidade do grupo. De acordo com Pires e Rasera
(2010), esse tipo de grupo possui formas peculiares de se construir o vínculo
entre os participantes e deles com o terapeuta. Sendo assim, o acolhimento
de um usuário implica uma série de negociações que explicitam o caráter
construído do grupo e seus participantes.
Os participantes do grupo eram advindos de contextos em vulnerabilidade
social, em que as demandas dos usuários estão intimamente relacionadas com
o meio em que vivem. O indivíduo está inserido em um contexto ambiental
que interfere em seu processo de desenvolvimento, como se vê nas comuni-
dades em questão, no qual o sofrimento psíquico perpassa pela realidade de
violência e outros problemas socioeconômicos e culturais. Nesse sentido, a
preocupação do terapeuta é compreender o indivíduo em sua totalidade, uma
vez que seu desenvolvimento ocorre por meio de um processo de interação
permanente entre o ambiente e as características da pessoa, no decorrer do
tempo (BRONFENBRENNER, 1979, 1996), e que afetam, dessa forma, o
processo de saúde-doença.

Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 6 117


Grupo Aberto de Apoio Psicológico na Atenção Primária: estudo sobre a eficácia de uma estratégia de gestão em
um Centro de Saúde no município de Florianópolis

O grupo foi fundamentado na psicoterapia breve e baseado na meto-


dologia da roda de conversa, que consiste em um método de participação
coletiva de debates acerca de uma temática, através da criação de espaços
de diálogo, nos quais os sujeitos podem se expressar e, sobretudo, escutar os
outros e a si mesmos.
Participavam em média dez pessoas por grupo, acima de 18 anos. O
fluxo para o grupo ocorria por encaminhamento dos profissionais da equipe
de Saúde da Família. Com o intuito de evitar o encaminhamento de pessoas
não indicadas no momento para o trabalho em grupo, os profissionais eram
orientados pela Psicologia sobre os pacientes que não obtêm proveitos das
abordagens grupais e as obstaculizam e impedem que outros delas se bene-
ficiem (OSÓRIO, 2007). Assim, os casos que segundo a avaliação da equipe
não foram indicados para grupo foram discutidos com a Psicologia por meio
do matriciamento, a fim de ser elaborado em conjunto o plano terapêutico
para seguimento do atendimento. Essa compreensão da demanda e a conti-
nuidade do atendimento eram avaliados conjuntamente com os usuários que
participavam do grupo, valorizando, dessa forma, os saberes da comunidade.

4.2 O GAAP Segundo a Percepção dos seus Participantes


Nesse estudo todos os participantes são mulheres com faixa etária de
28 a 57 anos, com média de 42 anos, metade com primeiro grau incompleto
e, a outra, com segundo grau completo. Profissionalmente, um participante é
vendedora, uma técnica administrativa, uma doméstica, um auxiliar de serviços
gerais, que estava na perícia, e dois eram do lar. A maioria das participantes
(N=5) usava medicação psiquiátrica, variando o tempo de uso (de 1 a 6
anos). Metade delas participava do grupo há pouco tempo (de 3 semanas
a 1 mês) com frequência de três e quatro encontros e, a outra, frequentava
o grupo há mais de 20 encontros, com tempo de participação variando de
cinco meses a três anos.
Em relação aos motivos pelos quais as pacientes foram encaminhados
ao Grupo Aberto de Apoio Psicológico (GAAP) pôde-se dividir em três cate-
gorias temáticas: sintomas psicossomáticos, sintomas depressivos e sintomas
ansiosos. No caso dos sintomas psicossomáticos a metade das participantes
foi encaminhada por queixas de dores e feridas, inclusive por diagnóstico
de fibromialgia. Na segunda categoria, a maioria das pacientes (N=5) foi
encaminhada ao grupo por apresentar sintomas depressivos, como: tristeza,
culpa e dificuldade para dormir. Por último, grande parte das participantes

118 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 6


Lucila Rosa Matte Massignani # Marcos Baptista Lopez Dalmau # Mileide Marlete Ferreira Leal Sabino

(N=4) também foi encaminhada devido aos sintomas ansiosos, como: medo,
dificuldade para relaxar, nervosismo e dificuldade para dormir. Vale ressaltar
que tais categorias se interpõem, pois no diagnóstico de depressão também
podem estar presentes sintomas ansiosos e psicossomáticos, e vice-versa.
Nesse sentido, as principais queixas que surgem no grupo estão relacionadas
a sintomas de ansiedade e de depressão, motivados geralmente por situações
de luto, conflitos familiares e violências. Nesses grupos aparecem pessoas de
diferentes idades, gêneros, demandas, os quais incutem a necessidade do
terapeuta em realizar uma escuta complexa, para acolher e realizar, a partir
da trama grupal, o desenvolvimento da temática a ser trabalhada, respeitando
a heterogeneidade do grupo.
Existem fatores que podem estar dificultando a adesão à atividade
grupal e a diminuição do sofrimento psíquico, como: a não adequação do
acolhimento nas expectativas do paciente, o encaminhamento inadequado,
o manejo do terapeuta e a dificuldade de horários. De acordo com Pires e
Rasera (2010, p. 6), a

[...] alta rotatividade dos participantes implica uma série de


desafios a serem enfrentados pelo terapeuta e pelos outros par-
ticipantes. A cada encontro é necessário se refazer o contrato,
reafirmar a confiança mútua, promover a auto-revelação e a
reflexão de todos. Ao terapeuta, cabe responder continuamente à
pergunta: o que é possível trabalhar nesta sessão dada a presente
composição grupal? Os participantes, por sua vez, devem definir
quais questões pessoais desejam explorar na sessão e avaliar e
construir a possibilidade de se relacionar com novas pessoas. A
este processo de inclusão dos novos participantes em um grupo
damos o nome de acolhimento.

Muitas vezes, os usuários alegam desconforto em expor sua vida pessoal


para outras pessoas que não o terapeuta, principalmente considerando que
os frequentadores do grupo são vizinhos ou conhecidos do bairro. Conforme
Gama e Koda (2008), o enquadre individual é visto como lugar de manuten-
ção da privacidade, e o grupo é visto com desconfiança, como um espaço
onde as contribuições dos outros participantes são vislumbradas como uma
forma de ataque, e não de ajuda. Os dados dessa pesquisa reforçam essa
ideia, haja vista que a maioria relatou ter se sentido muito insegura (N=4)
e pouco segura (N=1) ao participar pela primeira vez no grupo. Segundo
Farah (2009, p. 318), “[...] no início de um grupo terapêutico, geralmente,

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Grupo Aberto de Apoio Psicológico na Atenção Primária: estudo sobre a eficácia de uma estratégia de gestão em
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os membros não se conhecem, o ambiente é novo e todos se reúnem com o


objetivo de cuidar de suas questões [...]”, pois falar de coisas íntimas e pessoais
em um grupo que mal se conhece pode ser difícil. A fragilização do sujeito
parece colaborar para esse tipo de percepção. Dessa forma, de acordo com
a pesquisa de Farah (2009), compete ao terapeuta esclarecer a importância
de manter confidencial tudo que é exposto no grupo, que os membros não
devem comentar nada a respeito com pessoas de fora do grupo, com a finali-
dade de preservar a identidade dos demais participantes e suas histórias. Tais
dificuldades apontadas também revelam a importância da equipe de saúde
em compreender os motivos pelos quais o usuário se mostra resistente e a
necessidade de um maior cuidado com a forma com que a subjetividade é
mobilizada e trabalhada no grupo.
Todavia, esse estudo também demonstrou que após frequentar mais
de uma vez o grupo a maioria se sentiu muito segura (N=3) e segura (N=2).
Apenas uma participante, que se sentiu muito insegura no primeiro momento
que participou do grupo, se sentiu hoje, após cinco meses de participação,
um pouco insegura. Pode-se perceber que o tempo e a frequência no grupo
não são fatores únicos determinantes na melhora no nível de segurança do
participante, pois existem outros aspectos pessoais e contextuais que também
podem afetar esse sentimento. De todo modo, para todas as participantes
houve melhora nessa temática, sentindo-se mais seguras em comparação com
a primeira vez. Isso se deve ao fato do grupo se constituir como um espaço
para a construção, ampliação e fortalecimento de estratégias de enfrentamento
dos problemas e da rede de apoio dos usuários.
Todas as participantes consideraram que após participar do grupo houve
mudanças positivas na sua vida. Aquelas que consideraram que ocorreram
muitas (N=4) e as que perceberam apenas algumas (N=2) mudanças positivas
em sua vida não apresentam relação proporcional com o tempo e a frequência
de participação no grupo. Ou seja, a partir dos resultados pôde-se constatar que
as mudanças surgidas na vida das participantes independem da quantidade
de vezes que participaram do grupo, mas sim de aspectos qualitativos, como:
o aproveitamento, a disponibilidade do paciente em trabalhar suas questões
subjetivas, a gravidade dos sintomas e as técnicas utilizadas no grupo.
Especificamente, essas mudanças foram equacionadas dividindo-as em
indicadores de saúde a fim de se compreender em quais aspectos disfuncionais
da sua vida o paciente percebe que houve melhora e em que ele atribui essa
mudança. São indicadores levantados a partir da experiência da pesquisadora

120 Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 6


Lucila Rosa Matte Massignani # Marcos Baptista Lopez Dalmau # Mileide Marlete Ferreira Leal Sabino

no trabalho psicoterapêutico, na literatura clínica e nas queixas mais comuns


no trabalho em grupo (sintomas de depressão, ansiedade e outras crises de
ciclo de vida). Nesse sentido, o paciente em sofrimento psíquico mostra-se
fragilizado emocionalmente não conseguindo mais funcionar adequadamente
em vários aspectos da sua vida, levando-o cada vez mais ao isolamento social;
agitação ou apatia; dificuldades para dormir, relaxar, ter prazer e sentir-se feliz.
No que diz respeito à melhora na vontade em realizar exercício físico,
metade das participantes percebeu muita mudança na sua vida, por conta
das consultas médicas e grupo de apoio psicológico (N=2), e pela medicação,
convívio com outras pessoas no grupo e apoio familiar e/ou de amigos (N=1).
Outras duas usuárias consideraram que mudou um pouco sua vida, devendo
essa transformação a partir da participação no grupo. Apenas uma percebeu
que não houve mudança, o que pode estar relacionado ao fato de ela sofrer de
uma doença física que a impossibilite no momento de realizar exercício físico.
Apenas uma participante percebeu que tem se sentido muito mais feliz
na vida, e isso se deve ao apoio familiar e/ou de amigos. A maioria percebeu
que essa mudança se deu moderadamente, sendo determinante para isso
a participação no grupo de apoio psicológico (N=3), e para uma pessoa o
convívio com pessoas no grupo e a consulta médica também foram impor-
tantes. Para uma participante houve pouca mudança em relação à felicidade,
sendo que o grupo de apoio e o convívio com as pessoas no grupo também
fizeram parte desse processo, além do uso da medicação e a consulta médica.
Conforme o estudo de Farah (2009), o acolhimento não ocorre só por parte
do terapeuta, mas pelos demais participantes do grupo, que se tornam soli-
dários à experiência do outro e participam demonstrando seu afeto, dando
conselhos e, em alguns casos, dividindo vivências parecidas e as formas como
superaram as dificuldades.
Todas as participantes sentiram melhoras em relação à autoestima, à
irritabilidade, ao sono, ao prazer e ao cuidado com a saúde, considerando o
grupo de apoio psicológico e o convívio com outras pessoas no grupo como
fator principal dessa mudança. Tais resultados mostram-se congruentes com a
opinião das participantes a respeito do grupo, o qual a maioria (N=5) avaliou
como excelente e bom (uma pessoa). Ao serem questionadas sobre o que não
está bom no grupo, três pessoas relataram que consideram que não há nada
a reclamar, pois está tudo bom, duas pessoas referiram que poderia ter mais
encontros durante a semana, e uma pessoa colocou que a vergonha de se
expor no começo do grupo não era algo bom, mas que agora havia superado.

Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 6 121


Grupo Aberto de Apoio Psicológico na Atenção Primária: estudo sobre a eficácia de uma estratégia de gestão em
um Centro de Saúde no município de Florianópolis

E como sugestão para melhorar o grupo, a maioria (N=4) recomendou ter


mais encontros durante a semana, e as demais (N=2) mostraram-se satisfeitas
com o grupo da forma como ele está.
Os resultados desse estudo mostram-se congruentes com a pesquisa dos
autores Pombo-de-Barros e Marsden (2008, p. 118) cujo trabalho terapêutico
baseou-se “[...] na idéia de que a coletivização do sofrimento amplia as redes
de interdependências dos sujeitos, fortalecendo suas identidades e motivando-
-os a agir sobre seu meio”. Conforme esses autores, o sofrimento psíquico
do paciente vai sendo trabalhado ao longo do grupo à medida que se vai
pontuando as estratégias positivas que aparecem nas falas de cada paciente,
incentivando as trocas de sentidos entre eles, associando progressivamente os
sintomas às suas causas. Nessa pesquisa constatou-se que, em segundo lugar,
os apoios de pessoas do grupo e de familiares e/ou de amigos auxiliaram as
participantes a se sentirem melhor.
O grupo de apoio psicológico mostrou-se como o principal fator que
possibilitou a diminuição do sofrimento psíquico de suas participantes, pois foi
um dispositivo que acolheu as usuárias em suas questões, construiu um espaço
de reflexão sobre os problemas vividos e buscou potencializar as possibilidades
de ação que estavam ao seu alcance, desenvolvendo a autonomia e a cidada-
nia. Por outro lado, apesar de as participantes demonstrarem satisfação com
os resultados do grupo, vale ressaltar que o grupo é uma ferramenta que por
si só não pode resolver o problema da pessoa em sofrimento psíquico. Existe
uma complexidade de fatores motivadores do sofrimento e, nesse caso, o grupo
cumpriu com seu objetivo de mediar e de oferecer suporte nesse processo de
cura, mas não garantiu que isso efetivamente ocorresse (com a remissão total
dos sintomas) e que as participantes nunca venham a reincidir em sofrimento.
Nesse contexto, o papel do psicólogo deixa de ser unicamente de aspecto
curativo e passa a ser de agente facilitador e potencializador de diversas formas
de protagonismo social (CAMPOS, 2000; CAMPOS; GUARESCHI, 2000). O
GAAP foi desenvolvido com o intuito de promover atenção à saúde dentro de
um novo modelo paradigmático, que considera o indivíduo em sua integra-
lidade, fomentando a autonomia do usuário no seu processo de fazer saúde,
o que está de acordo com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e
das políticas de reforma psiquiátrica. Em suma, mostrou-se, de acordo com
os resultados dessa amostra, eficaz como estratégia de gestão na diminuição
do sofrimento psíquico da população atendida.

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Lucila Rosa Matte Massignani # Marcos Baptista Lopez Dalmau # Mileide Marlete Ferreira Leal Sabino

5 Considerações Finais
Os resultados deste estudo marcam um início para se compreender
o Grupo Aberto de Apoio Psicológico como um dispositivo eficaz na me-
lhora do sofrimento psíquico da população atendida na Atenção Primária,
constituindo-se como uma estratégia de gestão. O que pode ser preocupante
é o uso dessa modalidade de grupo, aberto e heterogêneo, como uma tática
política para diminuir a fila de espera dos atendimentos em saúde mental,
tendo como prioridade a questão quantitativa em detrimento da qualidade
do atendimento prestado.
Todavia, a escolha do grupo psicoterapêutico na saúde pública mostrou-
-se como uma excelente estratégia a fim de se obter os resultados almejados
pela organização de saúde, pois aquele consegue abranger uma parcela maior
da população, com baixo custo e alto benefício. Os resultados dessa pesquisa
apontaram que o grupo de apoio possibilita ganhos para as pessoas em so-
frimento psíquico, uma vez que de forma geral os participantes mostraram-se
satisfeitos com a atividade ofertada.
Com este estudo ressaltou-se a importância em investir em projetos
estratégicos que atinjam o coletivo por meio da abordagem grupal. O GAAP
mostrou-se como uma modalidade de atendimento nova perante as práticas
grupais mostradas nas pesquisas já existentes, visto que a maior parte dos
grupos estudados atingem públicos específicos, homogêneos e fechados (por
exemplo: portadores de LER/DORT, violência, depressão).
O GAAP estudado funcionou como uma modalidade de grupo hete-
rogêneo e aberto, cuja configuração grupal mudava a cada atendimento. Por
isso, vale destacar a necessidade de se realizar estudos nessa temática com
uma amostra maior, com profissionais e locais de saúde diferenciados, a fim
de se compreender com maior profundidade e fidedignidade a eficácia dessa
prática como estratégia de gestão.
Entretanto, vale ressaltar que apesar de os benefícios que o grupo oferece
como estratégia de gestão estarem comprovados neste estudo, o que ocorre
na prática é a existência de poucos recursos investidos: falta de profissionais,
salas inadequadas para atividade coletiva, demanda de usuários maior que
a oferta do serviço, entre outros. Segundo Guanaes e Japur (2001), frente à
realidade em que se encontram os sistemas de saúde, considera-se fundamental
repensar as possibilidades de sobrevivência das práticas grupais no contexto
de carências da saúde pública, para que elas possam ser potencializadas em

Coleção Gestão da Saúde Pública – Volume 6 123


Grupo Aberto de Apoio Psicológico na Atenção Primária: estudo sobre a eficácia de uma estratégia de gestão em
um Centro de Saúde no município de Florianópolis

suas metas terapêuticas e de fato reduzam o sofrimento psíquico da clientela


atendida. Além disso, esses autores destacam que para o bom funcionamento
de um serviço de saúde mental mostra-se necessário existir uma adequada
avaliação e encaminhamento de pacientes, pois por meio de uma composição
de grupo criteriosa pode-se evitar resultados ineficazes.
Diante das dificuldades apresentadas, ainda assim podem-se criar
possibilidades terapêuticas no trabalho com grupo na medida em que há dis-
ponibilidade do serviço de saúde, dos profissionais e dos usuários em investir
no encontro e na construção de novas possibilidades de enfrentamento dos
problemas.

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