Professional Documents
Culture Documents
Um rapaz latino-americano:
As urnas eletrônicas entrevista com Jotabê Medeiros Drones: como esses dispositivos
brasileiras e as eleições de 2018 a respeito da biografia de Belchior voadores afetam nossas vidas.
9 de maio
Não fique
de fora.
A democracia
é feita com
é9 ode
prazo
maiofinal Não fique
a de fora.
participação
Pessoas com
de todos.
deficiência
podem solicitar
é o prazo final
transferência
para uma seção
eleitoral acessível.
SEÇÕES
49 - CRÔNICA: Os dsconectados
Mobilidade urbana:
Cristóvão de Melo
Ricardo de
Alvarenga, Diretor
do Departamento de
Mobilidade Urbana Rita Munck,
da Semob Gerente de
Projeto do
e conceituais a respeito da mobilidade urbana, cujo intuito é auxiliar Departamento
os gestores locais na feitura de seus planos.
de Mobilidade da
O termo município, que, na Constituição, designa um ente
federativo, abarca tanto uma megalópole, São Paulo, por exemplo, Semob
como uma cidade ribeirinha, caso de Santa Isabel do Rio Negro, no
Estado do Amazonas, cuja população é 1/500 avos da de São Pau-
lo e o território 40 vezes maior que seu congênere federativo pau-
lista. Os exemplos são inúmeros. Tais discrepâncias se refletem na
capacidade de cumprimento das competências atribuídas aos mu-
nicípios pela Constituição. Por sua pujança econômica e história,
as grandes cidades têm vantagens em relação a cidades menores,
principalmente as de ordem técnica, mas possuem problemas bem
maiores, já consolidados pela ocupação desordenada do território.
As diferenças, também, aparecem entre as regiões.
Quanto à questão do desenvolvimento urbano, a PNMU
ante a obrigatoriedade da elaboração de um plano de mobilidade
urbana, evita que os problemas já consolidados nas grandes cida-
des apareçam nos municípios menores. “A ideia é que se comece
a planejar antes de acontecerem os problemas mais complexos”, Paula Nóbrega,
explica Martha Martorelli. Nesse sentido, a PNMU inovou em rela- Gerente da
ção ao Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001), que estabelecia
que a elaboração de um plano de transporte urbano era obriga- Gerência de
tória apenas para municípios com mais de 500 mil habitantes. Estruturação de
Rita Munck, Gerente de Projeto do Departamento de Mobi- Projetos e Diretora
lidade da Semob, informa que “a elaboração do plano de mobili-
dade urbana é uma exigência para receber recursos federais, cujo Substituta do
prazo foi prorrogado até abril de 2019, pela Medida Provisória nº Departamento de
818/2018”, que trouxe mudanças à PNMU. “A não elaboração do
plano impede o acesso a recursos para qualquer finalidade ligada Planejamento da
a obras”, explica Paula Nóbrega, Diretora Substituta do Departa- Semob
SAIU NO DOU - Mobilidade urbana: um direito e um dever de todos
Previsão em carteira de investimentos por modal no Sistema de Atualmente, está em vigor o programa Avan-
Mobilidade Urbana.
Elaboração: Gein/Deplan/SEMOB/Ministério das Cidades
çar Cidades – Mobilidade Urbana, cujo intuito é
Foto: Lisandra Nascimento
financiar obras de pavimentação de vias urba-
Acessibilidade: possibilidade e condição de alcan- • estações de parada fechadas com embarque e de-
ce para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, sembarque em nível e validação do bilhete externa aos veícu-
mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, los (validação pré-embarque);
informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecno- • acessibilidade universal;
logias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao
público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na • sistemas de monitoramento e controle operacional;
zona urbana, como na rural, por pessoa com deficiência ou • racionalização do sistema de transporte alimentador
com mobilidade reduzida; (Estatuto da Pessoa com Deficiên- do sistema BRT;
cia – Lei Federal nº 13.146/2015, art. 3º);
• prioridade semafórica.
– facilidade disponibilizada às pessoas que possibilite a
Ciclofaixa: parte da pista de rolamento destinada à cir-
todos autonomia nos deslocamentos desejados, respeitando-
culação exclusiva de ciclos, delimitada por sinalização especí-
-se a legislação em vigor (Política Nacional de Mobilidade Ur-
fica (Código de Trânsito Brasileiro, Anexo 1).
bana – Lei Federal nº 12.587/2012, art. nº 4).
Ciclovia: pista própria destinada à circulação de ciclos,
separada fisicamente do tráfego comum (Código de Trânsito
Brasileiro, Anexo 1).
Fotos - Acervo Semob
Fotos - Acervo Semob
BRT no Rio de Janeiro (RJ) Corredor de Ônibus Berrini, SP, com ciclovia paralela
Rótulos registram
a evolução da indústria e do comércio Rogerio Lyra e Pedro Paulo Tavares de Oliveira
Fotos: Marcelo Maiolino veja, o guardanapo de papel que ostenta uma bela
impressão, aquela toalhinha ilustrada, impressa em
papel, na mesa da lanchonete, a embalagem dos
cigarros, o bilhete do metrô e o ingresso do teatro, a
pequena etiqueta da livraria, colada na contracapa
Uma das
pedras
litográficas
do acervo do
Museu da
Imprensa
No rico acervo do Museu da Imprensa não há Osvaldo Luciani, então presidente do Sindicato
rótulos impressos. Há algo mais raro ainda: quatro das Indústrias Gráficas da Grande Florianópolis,
pedras litográficas em bom estado de conservação, que a descobriu na Litografia Continental Eireli
utilizadas na impressão de rótulos comerciais. As Ltda., de Blumenau, Santa Catarina, e convenceu
peças são testemunhas palpáveis do processo lito- o proprietário Luiz Mario Guedes Villar a doá-la.
gráfico criado em 1796 por Alois Senefelder, nasci- Conta o historiador Rubens Cavalcante Junior,
do em Praga. A partir da repulsão entre água e óleo, responsável pelo Museu, que o rótulo visto nessa
a técnica usa como matriz uma pedra calcária, so- pedra destinava-se a garrafas de cachaça, “sem
bre a qual um desenho é produzido com um lápis identificação do produto, porque a marca somen-
gorduroso. O método teve rápida disseminação, te era adesivada no final da impressão”.
possível graças principalmente às obras publicadas
As outras três pedras litográficas do Museu
pelo inventor. Richard Hollis, autor de Design Grá-
da Imprensa foram utilizadas, pela ordem, na im-
fico: uma história concisa, é categórico ao definir
pressão de rótulos da empresa Alveluz para pro-
o surgimento da litografia como momento funda-
dutos como água sanitária, desinfetante e sabão
mental para a evolução do que hoje chamamos de
líquido, e na impressão de rótulos da aguardente
design gráfico, por começar a integrar produção
Jurubeba, ambas doadas pela Confederação Na-
artística e industrial.
cional dos Gráficos e pelos Sindicatos dos Gráficos
A incorporação dessas raridades se deu a de Guarulhos-SP. Por último, a pedra de impressão
partir de 2015, quando a Imprensa Nacional com- de rótulos de produtos comestíveis — pessegada,
pletou 207 anos e ganhou a pedra que faltava no bananada e laranjada, doação da Associação Bra-
acervo do Museu. Contribuição do empresário sileira de Indústrias Gráficas do Distrito Federal.
Desde 2015, com a aprovação da Lei nº 13.165/2015, que determina o voto impresso
em 100% das urnas eletrônicas para o pleito de 2018, o que parecia a solução para a
polêmica que envolvia as denúncias de fraudes e a suposta fragilidade do sistema das
urnas se tornou uma novela, da qual, milhões de brasileiros assistem atônitos ao intri-
cado enredo, esperando ansiosos por um desfecho.
Foto: Marcelo Camargo – Agência Brasil
Audiência pública de
13 de março na CCJ no
Senado, a respeito da
impressão do voto
Capitulo 1. Tudo começou depois da mais acirrada disputa presidencial (as eleições de 2014) desde a redemocra-
tização do País e do advento das urnas eletrônicas. Após o resultado do pleito, o partido do candidato derrotado pediu
auditoria na votação, alegando “descrença quanto à confiabilidade da apuração dos votos e à infalibilidade da urna eletrô-
nica”. Surgiram, então, em sites na Internet e nas redes sociais, principalmente no Whatsapp, uma enxurrada de denúncias
a respeito de urnas fraudadas, por meio de programas que alteravam os resultados e inseridos por hackers. A discussão
cresceu, espalhando-se por todos os setores da sociedade e correntes partidárias, chegando até o Congresso Nacional.
No Legislativo, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal (CCJ), a questão foi debatida e transformada em
Projeto de Lei, que, após aprovação pelo Congresso, foi sancionada pela Presidência da República, criando a Lei do voto
impresso, que determina a instalação de impressoras acopladas em 100% das urnas eletrônicas, já para o pleito de 2018.
Capítulo 2. A discussão, porém, não se encerrou e, após análises internas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ainda
no ano passado, este decidiu que não havia condições técnicas, administrativas e nem financeiras para acatar a decisão de
adotar o novo sistema em 100% das urnas eletrônicas, ou cerca de 550 mil. Ficou decidido, então, que seriam disponibili-
zadas apenas 5% das urnas com o novo sistema (urnas com impressoras para o voto impresso).
Raquel Dodge,
Procuradora-Geral da
República
Capitulo 4. Tal desdobramento fez com que as críticas, as discussões e a tensão a respeito do assunto se acirrassem,
especialmente no Senado, que, a pedido do Senador Lasier Martins (membro da Comissão de Constituição e Justiça
– CCJ), convocou duas audiências públicas, nos dias 6 e 13 de março. Na primeira, foram ouvidos quatro especialistas
das áreas de eletrônica, de Tecnologia da Informação (TI) e processo eleitoral, os quais enfatizaram a importância de se
adotar o voto impresso, acoplando-se as urnas eletrônicas a impressoras. Essa medida garantiria a lisura, a segurança
do pleito e a possibilidade de auditagem. Na segunda, assim como na primeira, o presidente do TSE, ministro Luiz Fux
foi convidado, não comparecendo, mas enviou em seu lugar, como representantes do Tribunal, o ministro Tarcisio Vieira
Neto, o Secretário de Tecnologia, Giuseppe Janino, e a juíza auxiliar, Ana Lúcia Aguiar. Os três responderam, por cerca de
três horas, aos questionamentos dos parlamentares e do público presente, quando reenfatizaram a segurança das urnas
e explicaram as dificuldades, técnicas e administrativas, bem como a falta de orçamento para cumprir a medida, em 100%
das urnas, para as eleições de 2018.
Foto: Marcelo Camargo – Agência Brasil Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom – Agência Brasil
Capítulo 5. Após a participação dos técnicos na audiência publica do dia 6 de março, que buscaram demonstrar
que as urnas eletrônicas não são 100% invulneráveis, o senador Lasier Martins observou: “Ora, eleição com transpa-
rência não tem preço”. Na ocasião, os especialistas ainda informaram que ao menos 450 mil urnas já possuem condi-
ções de nesse pleito cumprirem a determinação da Lei, acoplando-as em impressoras (o que reduziria muito o custo
de implantação). Para o senador, o Brasil é o único país com sistema eletrônico de votação que resiste a adotar o voto
impresso a título de transparência e auditagem.
Na edição anterior, vimos que a (Segraf), Programação Visual (Seprov), áreas meio e fim, como resultado do
publicação de livros na Imprensa Nacio- Paginação (Sepag), Composição (Se- seu primeiro Planejamento Estratégico,
nal é irmã gêmea da divulgação de atos comp) e de Registro e Controle Edito- elaborado com a consultoria da Com-
oficiais do Estado brasileiro. A atuação rial (Serced). Até o final da década de panhia de Processamento de Dados do
editorial da Casa marca o próprio nasci- 1990, a equipe da Died compunha-se Estado do Rio Grande do Sul (Procer-
mento das editoras no País, a partir da de 65 profissionais, entre diagramado- gs). Na Died, como nas demais divi-
impressão de Relação dos Despachos res, paginadores, revisores, digitadores, sões, os servidores viveram um intenso
Publicados na Corte pelo Expediente orçamentistas e outros técnicos. período de capacitação.
da Secretaria de Estado dos Negócios
Um quadro minguado a cada ano Na então Divisão de Jornais Ofi-
Estrangeiros e da Guerra, reconhecido
em razão do elevado número de apo- ciais (Dijof), hoje Coordenação de Edi-
como o primeiro livro impresso no Bra-
sentadorias, sem reposição de mão de toração e Divulgação Eletrônica dos
sil, rodado nas oficinas da Impressão
obra até o momento em que o Gover- Jornais Oficiais (Coejo), a moderniza-
Régia em 13 de maio de 1808, mesmo
no extinguiu a atividade de impressão ção seguia no mesmo ritmo: a disponibi-
dia da criação do Órgão. Em paralelo,
plana — alimentada pela Died — por lização das edições eletrônicas começou
como veremos adiante, a Imprensa Na-
meio do Decreto nº 4.260/2002. Em em março de 1997, com a divulgação
cional atuou como gráfica oficial e ain-
consequência do decreto, o braço edi- de parte da Seção 1 do Diário Oficial da
da atua, embora em menor escala e di-
torial da Casa foi desativado no mesmo União na recém-lançada página eletrô-
recionada às demandas da Presidência
ano, com a redistribuição da maioria nica. “O ingresso da Imprensa Nacional
da República e órgãos por ela autoriza-
dos seus servidores para outros órgãos na internet ocorrera em 28 de janeiro
dos. Tudo em conformidade com o De-
da Administração Pública. 1997, com a divulgação de informações
creto de criação da Impressão Régia, tal
como se vê nesse trecho daquele docu- Mas até aquela fatídica data, a edi- do Museu da Imprensa, Biblioteca Ma-
mento histórico, assinado pelo príncipe tora Imprensa Nacional mantinha cres- chado de Assis, obras comercializadas,
Dom João: “Sou Servido, que a Casa, cente a produção de títulos. Ao final de entre outras. Os jornais oficiais começa-
onde elles se estabelecerão, sirva inte- cada exercício os relatórios apontavam ram a ser disponibilizados por comple-
rinamente de Impressão Régia, onde uma produção variada de livros, livre- to a partir de 2001”, afirma Alexandre
se imprimirão exclusivamente toda a tos, cartilhas, cartazes, material de ex- Miranda Machado, atual Coordenador-
Legislação e Papeis Diplomaticos, que pediente interno e externo e panfletos. -Geral de Publicação e Divulgação.
emanarem de qualquer Repartição do Revistas totalmente diagramadas aqui, Naquela fase embrionária da edi-
Meu Real Serviço, e se possão imprimir como a do Ministério do Turismo, uma toração eletrônica de obras, as seções
todas, e quaesquer outras Obras...”. edição bilíngue distribuída em voos da Died ainda não formavam uma
internacionais. Ou já recebidas em fo-
Nesta segunda reportagem da sé- rede, mas já conviviam com alguns
tolitos prontos para gravar em chapa,
rie de três, o salto no tempo permanece elementos inovadores. Na Segraf, os
como a Cartilha Zumbi dos Palmares,
na Divisão de Editoração (Died), agora orçamentistas adaptavam-se ao Cal-
do Ministério da Educação, ambas com
com mais informações dos demais se- cgraf, sistema eletrônico de apropria-
tiragens na casa de milhões.
tores de sua estrutura. Além da Seção ção de custos, emissão de orçamentos
de Revisão (Serev), abordada na maté- Informatização — No final da e abertura de ordens de serviço (OS),
ria anterior, também integravam a Died década de 1990, a Imprensa Nacional integrado com o almoxarifado. A Ser-
as seções de Custos Gráfico-Editoriais decidiu informatizar os processos das ced, que até então recebia as OS da
Siro Alves da Silva chefiou a Seprov e ainda atua Valdir Braz Lima dirigiu a Serev entre 1980 e 2002
como programador visual
Segraf acompanhadas somente dos overlay, precursoras dos modernos datilografia IBM, as fotocompositoras
originais da obra em um calhamaço de sistemas de prova de cor digital. O e as composer — as três formas de di-
papel, passou a recebê-los juntamente overlay era um papel de baixa gra- gitação de textos da Secomp. As com-
com um disquete. “Nossa função era matura sobreposto ao leiaute. “Esse poser eram um conjunto de computa-
acompanhar a editoração das obras quadro evoluiu quando começamos dor e impressora de margarida.
pela Died, do recebimento da OS até a a substituir tituleiras, pranchetas, ré-
A produção se distribuía ao longo
o encaminhamento à impressão, man- gua e compasso por nosso primeiro
de 24 horas, supervisionada pela chefe
tendo o cliente informado do anda- programa de tratamento de imagem,
Valdice Pereira Correia e seu substituto
mento do trabalho”, lembra Paulo Ce- o Corel Draw, ainda em suas versões
Jorge Ferreira, que trabalhavam du-
sar Abreu de Santana, último chefe do 3 e 4”, recorda Siro Alves da Silva
rante o dia, mas ao saírem, definiam as
setor e hoje Gerente de Segurança da Filho, chefe de uma Seprov à época
tarefas do pessoal da noite. Uma das
Informação e Comunicações da Coor- com apenas quatro servidores, mas
poucas servidoras remanescente dessa
denação de Tecnologia da Informação. que conseguiu a façanha de reforçar a
fase, Julieta Aparecida Mota, informa
equipe com mais seis programadores
Na Serev, a correção na tela do que “o trabalho do Nued resultava em
visuais ao repassar a chefia para Mari-
computador acelerou a execução do um arquivo eletrônico gerado no pro-
sa Rodrigues da Cruz, em 1995.
trabalho, após treinamento conduzi- grama Corel Ventura e depois enviado
do pelo chefe da Serced, Paulo Cesar Na Sepag, a equipe chefiada por à Seção de Fotomecânica da Divisão
Abreu de Santana, eventualmente Maricélia de Oliveira colava as fitas de de Produção Gráfica para montagem
auxiliado pelo chefe do Nued, Julio filme vindas da Secomp em gabaritos eletrônica de páginas, utilizando-se
Cesar de Albuquerque Campos. “O de papel de tamanho variável confor- dos programas Oman e Impostrip”. A
arquivo era dividido em várias partes me as medidas do livro. Muito estile- sequência se completa com a extração
e repassado aos computadores dos te e cola depois, o texto seguia para a do filme das processadoras Avantra,
revisores. Houve dificuldade no iní- segunda revisão, retornava para emen- gravação de chapa, impressão, acaba-
cio porque o treinamento acontecia das e mais emendas e, só então, seguia mento e expedição dos livros.
durante a execução do trabalho, pois para o “imprima-se” do cliente, que
Serviços gráficos — A Im-
não podíamos nos dar ao luxo de ti- não raro, ainda o devolvia com um fes-
prensa Nacional concentrava na Died
rar um tempo só para treinar, devido tival de emendas.
a atuação de editora e de receptora
ao grande volume de serviço. A tec-
O Nued já nasceu com a missão de serviços gráficos. Em ambas situ-
nologia foi um grande avanço e aca-
de absorver as atividades da Secomp ações, antes mesmo da abertura da
bamos com o vaievém das Ordens de
e da Sepag, embora a migração tenha obrigatória ordem de serviço, havia
Serviço entre a revisão e a digitação”,
se dado paulatinamente. A equipe ini- tentativas, quase sempre vãs, de se es-
destaca o jornalista Valdir Braz Lima,
cial se formou justamente com servi- tabelecer cumprimentos de prazos na
chefe da Serev entre 1980 e 2002.
dores deslocados da Secomp e alguns Died e na Divisão de Produção Grá-
Na Seprov, ainda se aguardava a da Serev, sob a chefia do técnico em fica. Trabalhos novos eram precedidos
aquisição de uma impressora de pro- informática Julio Cesar de Albuquer- de reuniões entre representantes dos
vas coloridas que substituísse as anti- que Campos. Exímios digitadores, dois setores com o cliente, quando se
quadas provas de cromalin, impressas os profissionais se adaptaram logo acordavam os prazos contados a partir
a partir das artes-finais com marca- ao teclado suave dos computadores, da emissão da Nota de Empenho pelo
ções de cores e de retículas sobre um mais confortáveis que as máquinas de órgão que encomendava o serviço.
As interrupções ocorriam me- Conselho Editorial — A di- Tribunal Federal; Ottaviano Carlo de
nos por quebra de equipamentos e de mensão alcançada pela atuação da IN Fiore, Secretário de Política Cultural do
falta de insumos gráficos e mais pelas como casa editora pode ser medida Ministério da Justiça; Walter Costa Por-
demandas urgentes da Presidência da pela criação, em 1999, do seu primei- to, Ministro do Tribunal Superior Elei-
República, notadamente via Secreta- ro Conselho Editorial, pensado para toral; Pela Imprensa Nacional, Antônio
ria de Comunicação ou Ministério das estabelecer a política da Instituição Eustáquio Corrêa da Costa, Diretor-
Relações Exteriores. As urgências con- nesse campo. A escolha dos membros -Geral da época; Josivan Vital da Silva,
centravam-se em livretos bilíngues para do Conselho recaiu sobre “colabora- Coordenador-Geral de Produção In-
as viagens internacionais do Presidente, dores de notável saber em diversas dustrial; e Pedro Paulo Tavares de Oli-
que geravam intermináveis convoca- áreas do conhecimento”, conforme veira, Chefe da Divisão de Editoração,
ções de pessoal nos fins-de-semana. Portaria nº 165, de 20 de abril de logo nomeado secretário do Conselho.
1999, do ministro da Justiça, Renan
Uma das urgências de repercussão De atuação efêmera, o Conselho
Calheiros, atual senador pelo estado pouco decidiu além da criação do selo
nacional, também cumprida a tempo,
de Alagoas. O ato configurava a par- Obras Raras, destinado a resgatar obras
aconteceu na impressão de 75 milhões ticipação no Conselho como “serviço
de cédulas para a eleição presidencial esgotadas, de domínio público, e reco-
público relevante não remunerado”. nhecidamente importantes para a vida
de 1989. Essa gigantesca encomenda Àquela época, a Imprensa Nacional cultural do País. O único título do Selo
também envolveu todas as etapas da ainda vinculava-se ao Ministério ficou na obra Problemas de Direito Pú-
editoração desenvolvidas na Died. O da Justiça, passando à estrutura da blico e outros Problemas (foto abaixo),
prazo era curto e nem a Imprensa Oficial Presidência da República em 2000. do jurista Victor Nunes Leal.
do Estado de São Paulo se dispôs a re-
alizar o trabalho. A então diretora-geral O Ministério da Justiça
da IN, Marlene Freitas Rodrigues Alves, destinou a presidência do Con-
após contato com o Ministério da Justi- selho para o titular da sua Se-
ça, assumiu o compromisso com o pre- cretaria Executiva, Paulo Affon-
sidente do Tribunal Superior Eleitoral, so Martins de Oliveira, mais
José Francisco Rezek. “As cédulas em tarde substituído por Antônio
papel sulfite branco foram distribuídas Anastasia, futuro governador
para todas as zonas eleitorais do País e, de Minas Gerais e hoje senador
as impressas em superbond e nas cores por aquele estado.
amarelo e rosa, seguiram para o exte- A composição inicial, e
rior”, comentou o impressor aposentado única do Conselho, ficou as-
Adelrui Gonçalves Santos, em depoi- sim: Gilmar Ferreira Mendes,
mento ao jornalista José Bernardes para Subchefe de Assuntos Jurídi-
uma edição de fevereiro de 2012 do cos da Presidência da Repúbli-
Nosso Jornal, informativo interno da IN. ca, atual ministro do Supremo
Equipe da Seprov retratada em caricatura de Siro Alves da Silva Filho. Da esquerda para a direita, acima: Fernando
Almeida, Josemar, Siro Alves, Marisa Rodrigues e Roberto Solano. Abaixo: Marta Borges, Wagner Araújo, J. Ivan,
Hasenclever Silva e Vandelícia Dias
GESTÃO
Começar de novo
Egressos do Sistema Penitenciário
fazem valer a pena o recomeço
Eline Caldas Braga Cavalcante Langsdorf e Lisandra Nascimento
Um dos aspectos que mais nos seduz tro pessoas participaram, e ainda estão em capacitação,
na parte da vivência prática, com previsão de término
nas histórias de ficção científica é a viagem no tempo. Tecni-
da capacitação em abril. Uma nova turma, iniciada em
camente viável apenas no campo das especulações científi-
fevereiro deste ano, que conta com sete participantes,
cas, a possibilidade de voltar ao passado, aproveitar melhor
entre homens e mulheres, tem a previsão de conclusão
os momentos, agarrar as oportunidades perdidas e consertar
para o meio do ano de 2018.
nossos erros, nos faz lamentar o que não vivemos e imaginar
como seria diferente a nossa vida atual. Fantasias à parte, a As aulas teóricas duram duas semanas e são ministra-
realidade é que se não podemos reparar nosso passado, pode- das com os seguintes conteúdos: a história do Arquivo Na-
mos, contudo, planejar um futuro melhor, trabalhando agora cional, ciclo de documentos, preservação de acervos, acon-
o nosso presente. Esse é o espirito do projeto O papel da li- dicionamento, higienização, identificação de riscos biológicos,
berdade, uma parceria entre o Arquivo Nacional (AN), na sua entre outros. Após essa etapa, a turma passa para as aulas
Coordenação Regional em Brasília (Coreg) e o Departamento práticas e, em seguida, por um período de vivência. A dura-
Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Seguran- ção do curso é de seis meses. O projeto realiza, adicionalmen-
ça Pública. Nele, os egressos do sistema penitenciário têm a te, atividades de confecção de itens de escritório, como cader-
oportunidade de encontrar um novo rumo para suas vidas. nos, bloco de notas, porta-lápis e pastas. O curso acontece na
Sala Educativa da Coreg.
O projeto O papel da liberdade é um conjunto de
ações direcionadas à educação técnica e à ressociali- O projeto tem o caráter de promover a profissionaliza-
zação de pessoas em cumprimento de pena, no regime ção e a cidadania, facilitando, assim, a inclusão de pessoas
aberto e semiaberto, capacitando-os para a inserção com restrição de liberdade no mercado de trabalho, sendo de
no mercado de trabalho. A iniciativa começou, embrio- grande importância na formação, capacitação e qualificação
nariamente, em 1997. Mas foi em 1999 que o projeto dos egressos para sua efetiva ressocialização. O coordenador
tornou-se oficial pelo Ministério da Justiça e Segurança da Coreg, Paulo Cid, concedeu as boas-vindas à nova turma:
Pública, com a participação da Fundação de Amparo ao “Vocês trabalharão para o acervo documental do País. E a
Trabalhador Preso do Distrito Federal (Funap). No Ar- memória que vai existir daqui há 50, 100 anos, estará cali-
quivo Nacional, a parceria começou em novembro de brada com a mão de vocês. Aquilo que vocês tocarem hoje
2017, com o início da primeira turma. Na ocasião, qua- contará a história do País amanhã”.
Egressos
trabalham na
restauração de
documentos
antigos
GESTÃO - Começar de novo
Fotos: Lisandra Nascimento
Reciclar é preciso
Um das particularidades
mais positivas do Papel da
Liberdade é a possibilidade
de os egressos trabalharem
com recicláveis. O Ministério
da Segurança fornece ao
projeto material de escritório
descartado. Essa matéria
Material doado pelo o Ministério da Segurança
prima é transformada pelos e reciclado pelos egressos
egressos em cadernos, lixeiras,
bloquinhos de anotações,
porta-retratos e demais itens
de utilidade em escritórios e
escolas. A atividade manual
é transformadora, além de
lúdica. Exige atenção e foco,
funcionando como uma terapia
ocupacional que ajuda os
egressos em sua reinserção na
sociedade. Material descartado é transformado em utilidades
De volta
à ativa R ogério Lyra
SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO
Drones conquistam os
ares, alegram o domingo e
revolucionam a economia
do Século XXI
Marcelo Maiolino e Lisandra Nascimento
No início de março, a agência de das mais diversas atividades: entrete- está se espalhando por praticamente
notícias BBC divulgou que a Google nimento, fotografia, fiscalização e mo- todas as atividades humanas. Como na
estava, discretamente, desenvolvendo, nitoramento, entrega de mercadorias, indústria automobilística, que leva para
por intermédio de uma de suas subsidi- entre outras. as ruas o que criou para as pistas, é o
árias, tecnologia de inteligência artificial desenvolvimento tecnológico decorren-
No Brasil, os drones são legalmen-
capaz de analisar imagens captadas por te dos investimentos no aperfeiçoamen-
te identificados como Veículos Aéreos
drones militares e identificar o inimigo. to dos drones que permite o surgimento
Não Tripulados (VANTS) e seu uso civil
Essa informação seria, então, transmiti- de modelos mais baratos e, portanto,
está sujeito às normatizações da Agên-
da aos controladores, em terra, a quem acessíveis, destinados ao entretenimen-
cia Nacional de Aviação Civil (Anac),
caberia decidir atacar ou não. to e a pequenas atividades comerciais e
Agência Nacional de Telecomunicações
de fiscalização, como a captura de ima-
A notícia teve grande repercussão (Anatel) e Departamento de Controle
gens publicitárias e o monitoramento de
na opinião pública. Primeiro, porque do Espaço Aéreo (Decea), a quem ca-
vias de tráfego (ver box na página 39).
a imagem da Google não costuma ser bem regular o uso desses aparelhos a
associada à indústria de defesa; segun- partir de suas respectivas áreas de atu- Some-se aos preços em queda dos
do, em razão da sofisticação tecnológica ação (ver box na página 38). Para uso VANTS a tecnologia cada vez mais so-
do projeto, o passo seguinte seria dotar civil e visando o entretenimento, a bu- fisticada e o resultado será a abertura
as aeronaves de capacidade de “optar” rocracia é mínima e pode ser feita no de novas possibilidades de uso e, mais
por atacar o que lhes parecesse ser uma próprio sítio da Anac, onde, também, importante: oportunidades de negócios.
ameaça, o que, na opinião de alguns podem ser encontradas informações e a É o caso, por exemplo, dos fabricantes
especialistas, é muito perigoso. legislação pertinente à operação dessas chineses, que, com seus modelos bara-
aeronaves não tripuladas. tos, graças ao seu baixo custo de pro-
Embora o uso militar dos drones dução, ajudaram a popularizar VANTS
não seja novidade, a inteligência arti- Para a população em geral, o uso domésticos. Agora, eles e outros fabri-
ficial agrega potencialidades inéditas mais evidente dessas pequenas má- cantes de todo o mundo voltam seus
para um aparelho que, nos últimos quinas voadoras é o recreativo. Mas olhos para o campo, onde começam a
anos, tem se consolidado como um por trás dessa brincadeira, desenrola- se formar enxames de drones destina-
importante vetor para a realização -se uma revolução que, gradualmente, dos à micropulverização de lavouras.
SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO - Drones conquistam os ares
Ao que tudo indica, monomotores des- compra-se outro. Seres humanos exi- Já existe um ramo do jornalismo que se
pejando nuvens de defensivos agrícolas gem salários, seguros, horas extras, in- caracteriza pelo uso desse aparelho para
sobre extensas áreas será, em breve, tão denizações; drones requerem, apenas, captura de imagens a serem usadas em
obsoleto quanto o fogão a lenha. Com baterias e alguma manutenção. uma reportagem. É o “dronalismo”. O
a tecnologia atual, pequenos quadri- neologismo não parece ser uma modi-
Os drones (nome que, em inglês,
cópteros (aparelhos com quatro hélices) nha passageira; afinal, já há artigos aca-
significa zangão, apelido dado em razão
podem pairar sobre o local exato da dêmicos tratando do assunto1 e até uma
do barulho de suas hélices) têm tudo
plantação que necessita de um reforço espécie de “musa”. A americana Sally
para se tornar cada vez mais onipresen-
contra as pragas e despejar somente o French2 ganhou notoriedade em todo o
tes. No Brasil, órgãos públicos como o
necessário para livrar aquela peque- mundo ao usar drones para fazer suas
Departamento de Polícia Federal (DPF)
na área da ameaça. Quem ganha é o reportagens.
e o DETRAN do Distrito Federal já os
agricultor, que reduz custos; o consu- utilizam em operações de fiscalização. Membro do Missouri Drone Jour-
midor, que leva para casa um alimento Até no mundo das artes e dos espetá- nalism, programa da Universidade do
mais puro; e a natureza, que será me- culos, essas máquinas voadoras estão Missouri dedicado a ajudar alunos a
nos infectada por venenos agrícolas. As ganhando espaço. Em 2017, cerca de usar bem os VANTs, a Drone Girl define
empresas de pulverização tradicionais uma centena desses “zangões” sobrevo- dronalismo como uma variação do fo-
verão seu mercado se encolher rapida- aram os céus do Rock in Rio, entre um tojornalismo, mas de um novo ângulo:
mente e, a menos que sejam capazes show e outro, fazendo desenhos com lu- o aéreo. Ela explica que, embora isso
de se reinventar e absorver essa nova zes coloridas. Este ano, uma esquadrilha não seja novidade, pois sempre foi feito
tecnologia, desaparecerão. A revolução de 1.200 drones luminosos desenhou o com helicópteros, especialmente em re-
industrial não para. símbolo olímpico sobre o estádio onde portagens sobre condições de tráfego e
foi realizada a cerimônia de abertura catástrofes. “Hoje”, diz, “podemos fazer
Graças a sensores cada vez mais
dos jogos de inverno de Pyeongchang, a mesma coisa com um drone, muito
precisos, hoje já é possível pilotar re-
na Coreia do Sul. A façanha entrou mais barato, fácil de operar e acessível
motamente uma aeronave sobre linhas
para o Guinness Book, livros dos recor- a qualquer pessoa”.
de transmissão de eletricidade a fim
des, como o maior número de drones
de detectar algum eventual defeito.
voando simultaneamente. O recorde
Os grandes e caríssimos helicópteros e
anterior, de 500 aparelhos, havia sido
suas tripulações estão perdendo espaço
estabelecido na Alemanha, em 2016.
para um “brinquedo” e suas câmeras,
com grande redução de custo e de ris- Diz a sabedoria popular que cada
co de acidente, além de um significati- ponto de vista é visto de um ponto. Se
1- http://www.revistageminis.ufscar.br/
vo aumento de produtividade. Se uma for assim, o ponto de vista de um drone
index.php/geminis/article/view/153
aeronave tripulada cair, tem-se uma é visto como um dos pontos altos do jor- 2- http://thedronegirl.com/author/
tragédia; se um drone se acidentar, nalismo nos dias de hoje. Isso mesmo! sallyannfrench/
Rogério Lyra
regulamentação
surgiu nos anos
1940
A popularização dos drones deco-
lou há relativamente pouco tempo,
mas a preocupação com sua regu-
larização não é nova. Em 1940, a
Convenção de Chicago – tratado
internacional que embasa o Direito
Aeronáutico Internacional, até hoje
em vigor – recomendou que os go-
vernos interviessem na aviação civil,
inclusive regulando o voo sem piloto.
Atualmente, a regulamentação do
uso de drones orienta-se, basicamen-
te, pelas mesmas diretrizes estabele-
cidas pelos membros da Convenção
de Chicago há quase 80 anos: asse-
gurar o uso ordenado do espaço aé-
reo e a segurança dos cidadãos. Na Roberto Honorato, da
linguagem legal brasileira, os drones Anac: normas brasileiras
são conhecidos como Veículos Aére- atendem à necessidade
os Não Tripulados (VANTS). de fiscalização sem
impedir a viabilização da
Para Roberto Honorato, Superinten- atividade
dente de Aeronavegabilidade da Agên-
cia Nacional de Aviação Civil, o mundo,
hoje, vive um momento de transição, No âmbito da Anac, o principal foco 154%, percentual ainda mais significa-
no qual há a necessidade de estabelecer da regulamentação são as aeronaves tivo se se considerar os efeitos da crise
corredores específicos para cada moda- remotamente pilotadas de uso não econômica que perpassa esse período.
lidade de transporte aéreo. “No futuro”, recreativo. Os drones militares estão “Uma legislação muito burocrática de-
prevê, “os céus serão compartilhados fora de sua jurisdição. As normas de sestimularia o cadastramento”, avalia
por VANTs e aeronaves comandadas Honorato, acrescentando que a RBAC-
uso dos VANTS, no que diz respeito
por pilotos a bordo, mas, para que essa
à Anac, estão consolidadas na Regu- -E 94 foi elaborada de maneira trans-
realidade se concretize, ainda é preciso
lamentação Brasileira de Aviação Ci- parente e em colaboração com a socie-
amadurecer a tecnologia”, explica o
vil Especial nº 94, de maio de 2017 dade civil, sem descuidar da questão
executivo da Anac.
(RBAC-E 94, complementar às normas da segurança dos voos e dos cidadãos.
No que diz respeito aos drones, a re- dos demais órgãos) e, segundo Hono-
gulamentação apoia-se sobre um tripé: rato, são uma combinação bem suce- A elaboração da norma começou a de-
além da Anac, fazem parte desse siste- dida das necessidades de fiscalizar e de colar em 2011, quando o Departamen-
ma a Agência Nacional de Telecomu- viabilizar a atividade. Um dado que, to de Polícia Federal (DPF) formalizou
nicações (Anatel), responsável pelos em certo sentido, atesta essa afirmação solicitação junto à ANAC para que esta
aspectos relacionados à radiocomuni- é o crescimento do número de drones coordenasse a legalização da atividade,
cação entre controladores e aeronaves no País. Segundo estatística da Anac, juntamente com outras entidades go-
não tripuladas; e o Departamento de em julho de 2017, a frota cadastrada vernamentais para viabilizar legalmen-
Controle do Espaço Aéreo (Decea), a era de 13.256 unidades; em feverei- te a atividade, haja vista que o próprio
quem cabe estabelecer os usos e limites ro deste ano, esse número alcançou DPF tinha interesse em realizar ações
do espaço aéreo. 33.675 VANTs, um crescimento de que poderiam se beneficiar do uso de
Há algo de
Lisandra Nascimento
novo nos céus
de Brasília
O Detran do Distrito Federal começou
a usar drones em dezembro de 2017,
mas as notificações só serão emitidas
a partir de abril deste ano, garante o
piloto de helicóptero Marcus Marinho,
Chefe da Unidade de Operações Aé-
reas do órgão. Entre as irregularida-
des mais comuns já flagradas por essa
nova modalidade de operação estão
a mudança de direção sem sinaliza-
ção e o uso de celulares ao volante.
da
Para
Renato
:
Foto
Ezequiel Marqies
Boaventura, Pedro Paulo
Tavares e Rogério Lyra
Eu acho que era uma questão me- não é menor e, dentro dessa visão, é síveis as pistas de que ele partiria
tafórica, que é a seguinte: para Belchior, como um radar que fica concentrando para um autoexílio. Na música Co-
as pessoas precisavam se desligar do na sua poética aquilo que é universal, mentário a respeito de John, os versos
passado e acreditar mais nas próprias como Fernando Pessoa quando diz “eu saia do meu caminho/eu prefiro andar
forças, precisamos todos rejuvenescer, sou pessoa, falar de uma pessoa não sozinho/deixem que eu decida a minha
abandonar as velhas crenças, os velhos me soa bem, pouco me importa”. Tanto vida... são um tributo a John Len-
ídolos e acreditar que nós somos a re- Fernando Pessoa, João Cabral de Melo non, mas, também, podem ser in-
canções, cantaram juntos em alguns anos pelas obras de Belchior, Gilberto para a realização deste livro?
no coração do Brasil
No Estado do Tocantins, um magnífico santuário de cerrado,
entremeado de dunas, rios e chapadas, abriga uma variada fauna e
é habitado por pessoas de rica história e cultura
Seu nome vem de uma planta chamada gar árido, com temperatura média anual de
jalapa, da família das trepadeiras com raí- 30 graus Celsius. Cortado por uma teia de
zes tuberosas, de propriedades purgantes, rios, riachos e ribeirões, todos de água lím-
mas que os habitantes da região também pida e transparente, suas veredas de buri-
utilizam para fazer aguardente. Esse ter- tis evocam o Grande Sertão de Guimarães
ritório, recentemente divulgado no Brasil Rosa. É impossível não se impressionar com
inteiro por uma telenovela, já é conhecido as riquezas naturais da região do Jalapão,
desde tempos imemoriais por habitantes no Estado do Tocantins, na qual foi criado
pré-históricos da América do Sul. É um lu- um parque estadual com o mesmo nome.
Foto: Cristóvão de Melo
Muito antes disso, porém, há cer- No Morro do Homem, Município de Estado do Tocantins é uma terra reple-
ca de 350 milhões de anos, o Jalapão Novo Acordo, encontram-se inscri- ta de cursos d’água que lhe enchem
fazia parte do fundo de um oceano. ções rupestres que comprovam a pas- de beleza e mistério.
sagem do homem pré-histórico pela
Foi há 60 milhões de anos que sur- A microrregião do Jalapão tem
região. Muito pouco se sabe a respeito
giram a Chapada das Mangabeiras – cerca de 53,3 mil Km² e está loca-
dos seres humanos que ali estiveram,
que separa a bacia do rio Tocantins da até porque os estudos
bacia do rio Parnaíba – e o chapadão arqueológicos acerca
do Espigão Mestre – que segrega as do local ainda são es-
bacias dos rios Tocantins e São Fran- cassos. Alguns guias
turísticos contam aos
cisco. Essas formações geológicas de-
visitantes teorias não
limitam, no seu interior, o Jalapão. comprovadas de que os
Sua gente é o fruto da imigração autores das inscrições
deixaram o local e fo-
de nordestinos, que se estabeleceram
ram se estabelecer na
no vale do Rio do Sono por volta de meca pré-histórica da
1863. Os negros, descendentes de es- Serra da Capivara, no
cravos, chegaram em 1909, vindos da Piauí.
Bahia e ali se fixaram, miscigenando-
-se com os índios Xerente, com quem
Mapa do
aprenderam o artesanato de capim Estado do
dourado. Desde então, esse conhe- Tocantins
Tocantins, o Toca, IBGE, Censo 2010
cimento é repassado, de geração em
geração, pela comunidade quilombo- como é carinhosamente chamado pe-
lizada no leste do estado, fazendo
los nativos, foi o último estado criado
la da Mumbuca, localizada no interior fronteira com o Maranhão, o Piauí e
na federação brasileira. Desmembra-
do parque, entre os Municípios de a Bahia. Seu território abriga deser-
do de Goiás em 1989, por manda-
Mateiros e de São Félix do Tocantins. mento constitucional, que veio con- tos, dunas, nascentes de água, cacho-
O artesanato de capim dourado e da sagrar uma secular reivindicação dos eiras e fontes de água quente, tudo
seda do buriti é a principal fonte de habitantes da parte setentrional do isso entrecortado por uma vegetação
renda da comunidade. estado goiano, o Tocantins passou a composta majoritariamente pelos
integrar a região Norte do País. Seus biomas cerrado e caatinga, com ma-
Há 10 mil anos, porém, no pa- biomas fazem a transição de cerrado tas de galeria incrustradas nos seus
leolítico, o Homo sapiens já havia para a Floresta Amazônica. Cortado cristalinos caminhos de água.
estado no Jalapão, ali deixando suas pelos rios Tocantins e Araguaia, que Ali correm os rios Sono, Soni-
marcas. se juntam ao norte de seu território, o
nho, Novo, Balsas, Preto e Caracol.
Daniel Zilenovski [CC BY-SA 3.0] No Jalapão, encontram-se
olhos-d’água, chamados de
fervedouros pelos locais.
São belíssimas piscinas de
água natural, que brota por
afloramento dos lençóis freá-
ticos. A água é, geralmente,
azulada, morna e borbulha
sobre a areia branca que
cobre o fundo dos fervedou-
ros – fenômeno chamado de
ressurgência. “Para que este
atrativo natural funcione é
preciso que o mesmo realize
Capim dourado,
planta utilizada
pela comunidade
Mumbuca para
a confecção de
artesanato
Localização do Parque
Estadual do Jalapão no
leste do Tocantins
naturais, agências de viagens e ope- Instrumento de gestão integrada Bio) é responsável pela gestão de três
radoras turísticas, guias e condutores e participativa, o mosaico busca am- unidades de conservação; o Instituto
de turismo se regularizarem”, explica pliar as ações de proteção para além de Meio Ambiente e Recursos Hídri-
Marcos Miranda. dos limites das unidades de conser- cos da Bahia (Inema) faz a gestão de
– Sinto muito, senhor. Não que esta unificação tenha tra- material biológico para o mapeamento
Como disse que se chama- zido democratização no ir e vir entre as genético, exigidos de todas as pessoas a
nações. Os processos de solicitação de partir do advento do SMI. Quando lhe
va, mesmo?
vistos continuaram a ser mecanismos alcançaram, ainda lhe foi dada a opção
– José Kabaite, com K. lucrativos para países com barreiras de fazê-lo voluntariamente, mas, ele,
à entrada, assim como para os “coio- assim como outros, se negou.
– Não existe qualquer
tes” que burlavam essas estruturas, A punição para os dissidentes
registro de sua pessoa no por meio de todo tipo de subterfúgio, era conhecida. Foi divulgada em to-
Sistema Mundial de Infor- inclusive os financeiros. Os sistemas de dos os meios de comunicação dispo-
mações. O SMI tem tudo! saúde ficaram ainda mais restritos aos níveis: o exílio na Casa de Carvalho,
Ele sabe tudo! Na verdade, cidadãos, de preferência aos habitantes nome curiosamente escolhido por
se não está no SMI, o se- dos distritos, cujos perímetros virtuais uma brincadeira feita por um técnico
nhor... não existe! foram criados pelo SMI. brasileiro que, durante um congresso
A segurança, ampliada e unifica- de elaboração da nova ordem de se-
– Vivo nessa cidade há gurança mundial, disse ao seu inter-
da em escala global, paradoxalmente,
mais de 40 anos! Apenas locutor, em termos indecorosos, que
criou mais barreiras à liberdade do
não quero participar dessa cidadão comum: obstáculos ao fluxo os que se recusassem a colaborar de-
loucura coletiva! de gente, protecionismos comerciais veriam ser mandados para “um lugar
disfarçados de medidas sanitárias e bem longe”. E assim nasceu a ex-
Este foi o último diálogo travado
outras práticas burocrático-adminis- pressão consagrada para designar o
por José Kabaite antes de ser preso,
trativas continuaram e se exacerbaram exílio de segurança máxima do SMI:
julgado e mandado para a Casa de
após a implantação do SMI. A única a Oak House.
Carvalho, lugar para onde eram envia-
dos os “desconectados”, pessoas que coisa facilitada nos novos tempos foi A Casa de Carvalho era um lugar
ficaram de fora do Sistema Mundial de o exílio dos “desconectados” para a ermo, evacuado dos cidadãos comuns,
Informações, o SMI, implantado entre Casa de Carvalho. deixado somente para os “desconec-
os anos de 2020 e 2030 em todo o tados”. Lá chegavam, por avião ou
Por e-mail, carta ou visita de um
orbe terrestre. O acordo entre os países navio, as pessoas que não admitiram
agente do SMI, todos foram avisados
se deu após o colapso bancário de se- ser registradas no SMI. Eram recepcio-
de que, a partir daquele dia, ninguém
tembro de 2018, quando praticamente nadas pelos coordenadores (“desco-
poderia ficar de fora do controle do
todas as contas correntes foram zeradas nectados” monitorados pelo sistema)
novo sistema, “para o seu próprio
por um ataque coordenado de hackers, e recebiam tarefas que as mantinham
bem, para o bem de todos...”. Os
que fundiram os registros das moedas permanentemente ocupadas.
“desconectados” eram pessoas que,
tradicionais com os das criptomoedas. Nesse lugar, José Kabaite viveu
como José Kabaite, por uma ou vá-
Quando tentaram corrigir o problema, ainda quarenta anos, tornando-se um
rias razões, ficaram de fora do cadas-
os hackers fizeram um segundo ataque simpático nonagenário. Em todo o pe-
tramento. Sim, era possível ficar de
que destruiu o sistema mundial de in- ríodo desde que lá chegou, ele e seus
fora do SMI, voluntariamente, mas as
formações bancárias. O caos se insta- companheiros não tiveram acesso a
consequências eram terríveis, assim
lou e o status social de cada indivíduo redes eletrônicas de comunicação.
anunciavam as publicidades oficiais.
teve que ser recuperado e checado pelo Apenas cumpriam suas atividades
Nos primeiros dois anos da integração
cruzamento de dados remanescentes, comunitárias com afinco: construíam
do sistema, foi dado prazo aos inte-
inclusive de redes sociais. suas próprias moradias, fabricavam
ressados sem documentos, sem conta
O SMI consistiu na obrigatoriedade bancária, homônimos e toda sorte de suas vestimentas e produziam seus
de fusão de todos os sistemas públicos “exceções” às regras para que fizessem alimentos. Bebiam a cerveja e o vi-
de segurança existentes das nações. Do espontaneamente seu cadastro. nho que faziam. Intercambiavam in-
FBI ao SVR. Da Polícia Federal brasileira ternamente as rações diárias. Suas
Até foragidos da justiça ganha- jornadas de trabalho não passavam
à Polícia Montada do Canadá, tudo foi
riam progressões de pena e perdões de seis horas. Condenados a uma pri-
unificado. Um documento único foi cria-
judiciais, se se entregassem e fizessem são que lhes parecia mais livre do que
do. Certidão de nascimento, passaporte,
o recadastramento, porque, a partir do o mundo dos “conectados”, podiam,
previdência, carteira de trabalho, plano
improrrogável último dia de registro, a já com as crianças nascidas na Casa
de saúde, informações biométricas, es-
nova justiça, de alcance mundial, seria de Carvalho, ver o pôr do sol magní-
tado civil e uma infinidade de dados de
muito mais rigorosa na aplicação da lei. fico, todos os dias, nas paisagens pa-
cada ser humano vivente e não-vivente
foi armazenado em um banco de dados, Mas Kabaite, por meio de variados radisíacas, isoladas do mundo, nesta
supostamente protegido física e ciberne- pretextos, conseguiu não ser submetido ilha que um dia se chamou Maui, no
ticamente de qualquer ataque. ao cadastro biométrico nem à coleta de arquipélago do Hawaii.
www.in.gov.br
Gambá-de-orelha-branca
(Didelphis albiventris)
http://www.in.gov.br