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O fenômeno era novo: durante a maior parte do século IX, o nacionalismo fora
identificado com movimentos liberais e radicais, bem como com a tradição da Revolução
Francesa. Em outras partes, porém, o nacionalismo não se identificava necessariamente com
nenhuma das cores do espectro político. Entre os movimentos nacionais que ainda careciam
de Estados próprios encontramos alguns que se identificavam com a direita, outros com a
esquerda, e outros, ainda, indiferentes a ambas.
3º - tendência progressiva para admitir que a “autodeterminação nacional” não podia ser
satisfeita po0r qualquer forma de autonomia inferior à plena independência do Estado.
O que tornava mais indispensável ainda o nacionalismo estatal era, ao mesmo tempo,a
economia de uma era tecnológica e a natureza de sua administração pública e privada, que
exigiam educação elementar em massa ou pelo menos a alfabetização. O século XIX foi a
época em que se rompeu a comunicação oral, à medida que crescia distância entre as
autoridades e os súditos e a migração em massa interpunha dias ou mesmo semanas de
viagem até entre mães e filhos, noivos e noivas. Do ponto de vista do Estado, a escola tinha
ainda outra vantagem essencial: poderia ensinar todas as crianças a serem bons súditos e
cidadãos.
O nacionalismo de Estado era uma estratégia de dois gumes. À medida que mobilizava
alguns habitantes alienava outros – os que não pertenciam nem desejavam pertencer à nação
identificada com o Estado. Em suma, auxiliava a definir as nacionalidades excluídas da
nacionalidade oficial, por meio da separação de comunidades que, por qualquer motivo,
resistiam à linguagem e à ideologia pública oficial.
Exemplo: Os padres eslovacos nos EUA só falariam eslovaco com outros eslovacos.
Assim é que a “nacionalidade” se tornava uma verdadeira rede e relações pessoais e não uma
comunidade imaginária, simplesmente porque, longe da terra, todo esloveno quando se
encontravam.
Quanto maior a migração dos povos, tanto mais rápido o desenvolvimento das cidades
e da indústria, que lançava as massas desenraizadas umas contra as outras, e tanto maior a
base para a consciência nacional entre os desenraizados. Portanto, no caso de movimentos
nacionais novos, o exílio era com frequência o principal local de incubação. Quando o futuro
presidente Masaryk assinou o acordo que viria a criar um Estado unindo tchecos e eslovacos
(Tchecoslováquia), ele o fez em Pittsburgh, pois a base de massas do nacionalismo organizado
eslovaco encontrava-se na Pensilvânia e não a Eslováquia.
Para a maioria, porém, o nacionalismo não era o bastante. Isso, paradoxalmente, fica
mais claro precisamente nos movimentos de autodeterminação. Os movimentos que
receberam genuíno apoio de massas, em nossa época – e nem todos s que desejaram
realmente o conseguiram – foram, quase inevitavelmente, aqueles que combinavam a atração
da nacionalidade e da língua com algum interesse ou força mobilizadora mais poderosa, antiga
ou modera. A religião era uma delas. Sem a Igreja Católica, o movimento flamengo e o basco
teriam sido politicamente desprezíveis e ninguém duvida de que o catolicismo deu
consistência e força de massa ao nacionalismo dos irlandeses e poloneses, dirigidos por
governantes de outra religião.