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Calazans, R. & Santos, J. L. G. (2007).

Causalidade freudiana 69
______________________________________Disponível em www.scielo.br/paideia____________________________________

A pré-história da noção de causa em Freud


Roberto Calazans
Jorge Luís Gonçalves dos Santos
Universidade Federal de São João del Rei, São João del Rei, Brasil

Resumo: Este trabalho traz uma análise da pré-história do conceito de causalidade em Freud,
desde seus estudos com Charcot, em 1885, até a obra A interpretação dos sonhos, de 1900.
Verifica-se que a função da causalidade só poderia ser consolidada em Psicanálise na medida em
que Freud abandonasse a concepção de causa das Ciências Naturais. Tanto a afirmação de uma
perturbação sexual na vida atual dos sujeitos quanto as cenas de uma suposta sedução traumática
têm que ser reformuladas para que, na Psicanálise, a problemática da causa sempre esteja referida
a uma questão colocada pelo desejo.
Palavras-chave: Causa. Etiologia. Psicanálise. Freud.

The prehistory of the concept of causality in Freud


Abstract: This study shows an analysis of the prehistory of the concept of causality in Freud,
since his studies with Charcot, in 1885, until the work “The interpretation of dreams”, in 1900. It
was verified that the function of causality could only be consolidated in Psychoanalysis if Freud
would have abdicated to the principle of cause in Natural Sciences. Both the statement of a
sexual perturbation in current life and the scenes of a supposed traumatic seduction should be
reformulated so that, in Psychoanalysis the problematic of cause is always referred to a question
elicited by desire.
Keywords: Causality. Etiology. Psychoanalysis. Freud.

La pre-historia de la noción de causa en Freud


Resumen: Este trabajo trae un análisis de la pre-historia del concepto de casualidad en Freud,
desde sus estudios con Charcot, en 1885, hasta la obra “La interpretación de los sueños”, de
1900. Se comprueba que la función de casualidad solo podría ser consolidada en el Psicoanalisis,
en la medida que Freud abandonase la concepción de causa de las Ciencias Naturales. De la
misma forma, tanto la afirmación de la perturbación sexual en la vida actual de los sujetos, como
las escenas de una supuesta seducción traumática, tienen que ser reformuladas, para que en el
Psicoanálisis, la problemática de la causa siempre esté relacionada a una cuestión colocada por
el deseo.
Palabras clave: Causa. Etiología. Psicoanálisis. Freud.

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Introdução ser considerada inteligível, a causa eficiente. Na


Freud, desde o início de seus trabalhos, tinha o ciência matematizada a causa eficiente é medida a
objetivo de inscrever a psicanálise no registro da partir de uma expressão matemática que relacione a
ciência. Para ele, como aponta Garcia-Roza (1991), causa e o efeito. Não há mais porque falar de uma
era irrelevante a distinção entre ciência natural e natureza que une ontologicamente as coisas; há apenas
ciência humana, ou entre ciência da explicação e do a possibilidade de se delimitar um sistema de relações
sentido, tal como fora proposta por Wilhem Dilthey. quantificáveis, de maneira que a causalidade seja
Fazer ciência significava buscar a causa dos reduzida à medida que a expressa (Blanché, 1983).
fenômenos. Ciência era apenas a natural, ou seja, Em um sistema mecânico e matematizado a
uma ciência em que a natureza perde as qualidades. causa formal se torna inócua, pois não há nos corpos
Freud pensava situar o seu trabalho neste registro. nenhuma natureza capaz de conservar seu equilíbrio.
Se se atentar para a orientação dos trabalhos A causalidade material, que no sistema aristotélico
anteriores à publicação de sua opus magna, “A permite compreender como uma qualidade de um
interpretação dos sonhos” (1900/1996), ver-se-á que corpo pode ou não ser motor para agir sobre ela,
o que orienta sua pesquisa é a etiologia das neuroses. também é descartada. A causalidade final, que por
Freud busca a causa das neuroses em função do que sua vez só pode ser considerada se se admitir a
foi sua orientação de formação entre os fisicalistas existência de uma força criadora, Deus, também não
alemães do século XIX: Helmholtz, Brucke, Exner, pode ser levada em consideração nas premissas
Von Marxow. quantitativas da ciência moderna. Só resta, então, a
Mas não basta falar em busca das causas para causa eficiente, aquela que permite estabelecer a
saber do que se trata tanto em ciência quanto em relação entre dois corpos e que pode ser quantificada
Psicanálise. Aqui interessam três sentidos que são (Malherbe, 1994).
resumidos de maneira magistral por Kojève: “Podem- Foi por seguir essa orientação científica em
se distinguir três elementos na idéia de causalidade relação às causas que, curiosamente, Freud se
ou de determinismo, no sentido largo do termo: a causa afastou da orientação fisicalista, afastamento que se
produz efeito (eficácia); conhecendo-se a ‘causa’ deu por Freud assumir duas hipóteses: a primeira a
conhece-se o ‘efeito’ (pois a primeira é sempre de que as neuroses são produtos ideogênicos que não
seguida pela segunda) (legalidade); a causa se respondem à lógica da consciência, o que pode ser
conserva no efeito (identidade ou causalidade definido em torno de dois princípios: o de identidade
meyersonienne)” (Kojève, 1990, p. 40). e o de não contradição. Quando Freud define, em
A noção científica da causa é matematizada, 1915, as características do inconsciente, afirma-se
pois quando Galileu matematiza a Física e modifica que ele não conhece a contradição e obtém seus
toda ordem de conhecimento, permite o surgimento efeitos através da articulação entre representações,
do conceito moderno de causa em detrimento de seu ou seja, a partir de um processo de diferenciação, e
sentido aristotélico. Não se pode mais pensar que as não de identidade. Como aponta Miller (1998): “Na
coisas são dotadas de qualidades próprias, nem que Psicanálise, o sujeito não é idêntico a si próprio, porque,
dão ou recebem qualidades de outros corpos: o que se existe um conceito aí banalizado, é exatamente o
importa no campo da ciência são relações que se de identificação. A um sujeito capaz de se identificar
estabelecem sob parâmetros de precisão, com outra coisa, falta identidade” (p. 145).
mensuráveis, como diz Bachelard (1938/1996). A segunda é que a etiologia das neuroses deve
Na Física matematizada (como a galilaica e ser buscada na sexualidade. Da articulação destas
newtoniana) não há como afirmar a substância duas hipóteses é que Freud propõe suas teses: há
aristotélica, já que os objetos passam a ser inscritos pensamentos inconscientes e a sexualidade é infantil.
quantitativamente mediante relações entre os Posição única por contrariar todo corpo de saber
elementos. Com a matematização da Física, as quatro médico de sua época, para quem a neurose era fruto
causas aristotélicas são abaladas. Somente uma pôde de degenerescência moral ou de uma tara hereditária
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sem nenhuma participação psíquica. Este afastamento, de Freud nem sempre foi freudiana (Cottet, 1989,
é preciso dizer, Freud o fez no acompanhamento de p.16), ou seja, houve todo um trabalho conceitual para
sua pesquisa e apontando para as incongruências das que a Psicanálise pudesse expressar as diretrizes de
teorias que lhe eram contraditadas1. Não custa nada sua função causal. A pré-história do conceito de
lembrar a discussão dele com um de seus mestres. Ao causalidade em Psicanálise define-se como um
apresentar a sua prestação de contas da jornada de percurso de retificação dos próprios erros,
estudos na clínica de Charcot aos seus mestres alemães, estendendo-se desde a época dos estudos de Freíd
afirmou ter tratado de alguns casos de histeria com Charcot, em 1885 até 1900, com a obra A
masculina. Um de seus mestres alemães disse ser interpretação dos sonhos (1996), quando a causa
impossível haver histeria masculina, uma vez que ela passa a estar necessariamente submetida à questão
era decorrente de hysteris, que significa útero. E como do desejo.
homem não tem útero, não pode haver histeria
O primeiro tempo da noção freudiana da
masculina! (Freud, 1925/1996).
etiologia
Este afastamento dos princípios dos fisicalistas
O primeiro passo de Freud para a elaboração
alemães foi a contragosto. Como o próprio Freud
etiológica dos sintomas neuróticos inicia-se com as
confidenciava a seu amigo Fliess, ao abandonar seu
descobertas da clínica de Charcot, para quem a
projeto de uma teoria neurológica das neuroses, não
gênese do sintoma é definida pelas circunstâncias do
lhe agradava deixar sua teoria flutuando no limbo,
trauma (Freud, 1893a/1996). O médico francês já
sem nenhuma base orgânica. No entanto, se este
tinha se esforçado para realizar uma descrição
afastamento acontece, por mais que desagrade a
completa dos fenômenos histéricos, de maneira a
Freud, ele é feito por lógica. Como diria Lacan (1953/
reconhecer os sintomas que se mostravam típicos
54/1983) em seu seminário sobre os escritos técnicos
desse diagnóstico, tais como as paralisias traumáticas.
de Freud: “Brucke, Helmholtz, Du Bois-Reymond,
Utilizando a técnica da sugestão hipnótica, Charcot
tinham constituído uma espécie de fé jurada – tudo
demonstrou a possibilidade de fazer com que
se reenvia a forças físicas, as da atração e da
pacientes histéricos exibissem os mesmos sintomas
repulsão. Quando se tem essas premissas, não há
de uma paralisia traumática quando submetidos a uma
nenhuma razão para sair delas. Se Freud saiu, foi
sugestão verbal. Com o valor da sugestão verbal se
porque ele se deu outras” (Lacan, 1953/54/1983, p. 10).
equiparando às circunstâncias de ocorrência do
Da mesma maneira que foi necessário à trauma (já que em ambos ocorre a paralisia do
ciência contemporânea despojar-se da pretensão do membro) poder-se-ia presumir que o desenvolvimento
apriorismo de uma unidade causal para se fundar da paralisia estivesse ligado às circunstâncias do
como a racionalização de um discurso que expõe trauma, considerando o afeto da situação traumática
matematicamente os axiomas de sua determinação semelhante ao da indução hipnótica.
(Bachelard, 1938/1996, p. 285), Freud também teve
Outra característica da histeria traumática
que abandonar a idéia de uma causalidade natural
observada por Freud (1893a/1996) está no fato de os
para poder estabelecer os limites do discurso causal
histéricos agirem como se nada soubessem sobre a
em Psicanálise, que que não deve ser regido por
causa de seu mal; se o sofrimento se ligava à presença
nenhuma pretensão científica, mas, ao contrário,
de um afeto doloroso proveniente de uma experiência
remetido a reivindicação de um sujeito acerca de um
traumática, eles só eram capazes de se referir aos
problema de orientação (que se pode definir também
afetos pelas representações somáticas típicas da
em termos kantianos: o que devo fazer). O intuito
histeria. “Emergiria então o problema de saber como
aqui é demonstrar que a concepção de causalidade
o paciente histérico é dominado por um afeto cuja
causa ele afirma nada saber” (Freud, 1893a/1996,
1
Teoria da dissociação psíquica de Janet; teoria dos estados hipnó- p.30). Essa questão, que teria sua significação
ticos de Breuer; teoria da mitomania da psiquiatria alemã. Ou ainda
a teoria da síndrome de Beard ou da neurastenia como a doença do
modificada na medida em que novos problemas
mundo industrial. fossem colocados, foi o que orientou Freud na
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definição da etiologia neurótica não somente nesse Porém, para Freud, mesmo nos casos de uma
primeiro estágio de sua elaboração teórica, mas ao paralisia traumática, o que se colocava em jogo não
longo de toda sua obra. era o fator mecânico: o afeto sentido como
Neste momento, o que se tornava importante desagradável é que constituiria o trauma psíquico
no tratamento das neuroses era descobrir a situação como tal. Foi isso que permitiu a ele aplicar o modelo
traumática que fazia com que os pacientes histéricos da histeria traumática de Charcot para toda a gama
negassem seu processo psíquico correspondente. A de fenômenos histéricos, e a dizer que toda histeria
lembrança do trauma era afastada da rede de deveria ser considerada como traumática. Ou seja,
representações; apenas o afeto associado ao trauma no período que vai de 1886 a 1895 eram os traumas
era expresso por meio de representações somáticas, psíquicos, considerados como eventos marcantes, os
sem que houvesse qualquer conhecimento do paciente determinantes dos sintomas histéricos.
deste processo. Contudo, para Freud (1893a/1996), Freud, ao estabelecer uma conexão causal
a causa dos sintomas histéricos deveria ser referida entre o fator determinante e o fenômeno que persistia
a fatores hereditários, considerando a histeria como como sintoma crônico, acabou por atribuir ao trauma
uma espécie de degeneração na qual os outros fatores o poder causal contínuo na produção dos sintomas.
etiológicos cumpririam apenas o papel de causas Esta assume um sentido direto: enquanto ela
acidentais. Por esta razão pode-se dizer que por mais permanece, o efeito não é eliminado; uma vez
que Charcot tenha contribuído para a compreensão cessada, ele também o é. A partir de então, é a própria
da histeria, ele não explicava como os sintomas eram conexão causal estabelecida entre o trauma psíquico
gerados ou de que maneira poderiam aparecer na e o fenômeno histérico que tornará possível o
histeria comum, não-traumática. tratamento dos sintomas neuróticos. A busca pela
Foi somente a partir de 1886, com Breuer e causa significa, ao mesmo tempo, a realização de uma
Freud tratando casos de histeria não-traumática, que manobra terapêutica: “o momento em que o médico
foi possível classificar os sintomas e questionar as desvenda a ocasião da primeira ocorrência do sintoma
circunstâncias em que eles teriam aparecido pela e a razão de seu aparecimento é exatamente o
primeira vez. Os resultados dos trabalhos em conjunto momento em que o sintoma se esvai” (Freud, 1893b/
de Breuer e Freud culminaram na publicação do 1996, p.47). É ainda por meio da hipnose, mas
Estudos sobre a histeria (1895/1996) em 1895. Ainda sobretudo através da fala dos pacientes, que Freud
utilizando a técnica da hipnose, Freud indagava os pensa ser possível realizar uma técnica terapêutica
pacientes sobre a época em que os sintomas tinham que elimine os sintomas histéricos, através de
se originado, assim como sobre as circunstâncias de recordações que estejam em conexão com eles.
sua ocorrência. O objetivo era fazer com que uma A formulação nesta etapa da teoria é sobre a
lembrança que não se encontrasse disponível no histeria de retenção, em que os traumas psíquicos
estado de vigília do paciente pudesse ser retomada. aparecem como não completamente ab-reagidos,
O que ele estava afirmando era que, sob os sintomas sendo necessário fazer com que o paciente
da histeria, se escondia uma experiência marcante experimente novamente o afeto para que a ab-reação
na vida do paciente – o que era compatível com o seja obtida. Para melhor explicar a causalidade da
postulado de Charcot no que se refere à determinação sintomatologia histérica, Freud afirma que durante a
dos sintomas, mas agora aplicado também ao caso vivência do trauma, o aparelho psíquico produz uma
de histeria não-traumática. Enquanto a paralisia soma de excitação que deve ser rapidamente
traumática teria como causa um só trauma, a histeria diminuída e descarregada por vias motoras. Quanto
normal, não-traumática, seria estruturada através de maior for a intensidade do trauma, maior terá que ser
uma série de impressões afetivas, marcadas por várias a reação adequada para diminuir a soma de excitação.
causas, através das quais, um afeto particular se Se o aparelho psíquico experimentar uma alta soma
ligaria ao sintoma que se tornaria crônico e fixado. de excitação e se não houver uma reação adequada
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a ela a memória reterá o afeto tal como este se de defesa: por qual razão uma idéia apareceria como
apresentou no momento do trauma, fazendo com que aflitiva, exigindo que a soma de excitação ligada a
o afeto permaneça não ab-reagido. O aparelho ela fosse retirada e investida em uma outra? Se as
psíquico, neste caso, não consegue se livrar da soma investigações de Charcot levaram Freud a considerar
de excitação provocada pelo trauma através de que os fenômenos da histeria deveriam ser
cadeias associativas de representações ou pela determinados pela natureza do trauma, fazendo-o
produção de idéias contrastantes, de maneira que fica indagar sobre quais eram as circunstâncias nas quais
preservada a totalidade do afeto. os sintomas tinham ocorrido pela primeira vez, ele
agora assume uma outra hipótese para determinar a
O segundo tempo da noção freudiana da
etiologia específica da histeria: as experiências
etiologia
traumáticas se referem à vida sexual do paciente. É
Mas Freud rapidamente abandona a idéia de na réplica às críticas ao artigo sobre a neurose de
diferenciar histeria hipnóide e de retenção, passando angústia (1895/1996) que Freud traz importantes
a colocar todos os casos ao que denominou de histeria considerações acerca da influência das experiências
de defesa (1896a/1996, p.187). Essa mudança é feita, sexuais sobre a neurose, redirecionando a maneira
mais uma vez, acompanhando a busca etiológica das como a noção de causa é utilizada em seu quadro
neuroses. É a operação de defesa que passa a ser conceitual.
considerado como o ponto nuclear do mecanismo
Ao assumir a hipótese de que fatores sexuais
específico das neuroses. Segundo ele a defesa deve
estariam presentes no desenvolvimento das neuroses,
ser caracterizada pela ocorrência de uma
duas posições foram imediatamente examinadas por
incompatibilidade na vida psíquica, na qual o eu é
Freud em seus estudos sobre a de angústia: os fatores
confrontado com uma idéia que se liga a um afeto
desencadeantes da neurose e a contribuição da
tão aflitivo que o sujeito decide esquecê-lo. O conflito
hereditariedade para a etiologia. Deflagrada devido
entre o eu e a idéia incompatível só poderá ser
a um acréscimo da libido e por um conseqüente
resolvido através de uma atitude defensiva, tornando
acúmulo da tensão sexual, a neurose de angústia é a
tal idéia privada da soma de excitação da qual foi
expressão de uma excitação somática que é impedida
inicialmente investida. Porém, se a soma do afeto é
de participar da esfera psíquica. Algumas condições
retirada da idéia incompatível, ela deverá ser utilizada
específicas da vida sexual (a abstinência, o coito
de outra maneira, aparecendo à consciência como
interrompido ou excitação não consumada) são
uma conversão somática, através do sintoma.
consideradas como “agentes que impedem a
É através da operação de defesa que o eu se participação psíquica necessária para libertar a
faz livre da contradição a que era antes submetido, economia nervosa da tensão sexual” (Freud, 1896b/
sobrecarregando outro símbolo mnêmico que atingirá 1996, p.171) e formam os elementos da etiologia dos
o consciente sob a forma de um sintoma. Se, por um sintomas de ansiedade apresentados pela neurose de
lado, a soma de excitação pode operar pela linha de angústia. Freud já tinha apontado que os sintomas da
inervação que se relaciona com a experiência neurastenia possuíam uma etiologia especial por
traumática, por outro, o traço da idéia desinvestida estarem ligados à sexualidade, e adquiridos ou por
não é dissolvida, formando o núcleo de um segundo meio a masturbação excessiva ou procedente de
grupo psíquico. A etiologia dos sintomas neuróticos emissões freqüentes dos produtos sexuais (Freud,
deve, portanto, ser explicada a partir do mecanismo 1895/1996).
de defesa, pela tentativa do recalcamento de uma Contudo, mesmo que os sintomas da neurose
idéia incompatível que se apresenta de maneira aflitiva de angústia viessem a eclodir após a ocorrência de
ao eu do paciente. um choque psíquico, não se poderia inferir que a
No entanto, um problema se coloca aos angústia teria sido desencadeada por uma reação de
esforços de Freud sobre as causas de tal processo pavor, ou de uma expectativa ansiosa. Usando a
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terminologia aristotélica, poder-se-ia dizer que adotar teoria psicanalítica. Ao enfatizar a hereditariedade
tal estratégia seria optar por abordar a etiologia das corre-se o risco de não poder explicar o processo de
neuroses do ponto de vista da causa final, acreditando desencadeamento das neuroses, como também de
que, imediatamente após a ocorrência de um choque tornar impossível a própria cura dos sintomas, pois,
psíquico, a neurose se desencadearia. Frente a esta nesse sentido, a hereditariedade é imune a alteração
análise, Freud prefere utilizar-se da causa eficiente, – o que significaria um impasse indissolúvel pela
dizendo que os sintomas da neurose de angústia teriam clínica. Acrescentando o fato de que, por definição,
uma etiologia específica, cujos efeitos não se as pré-condições etiológicas não podem por si
manifestariam prontamente. Por esta razão é que ele mesmas produzir qualquer efeito, elas também são
descreve uma série etiológica, enumerando os fatores apresentadas de maneira muito geral, sendo
que seriam capazes de produzir uma mudança encontradas na etiologia de muitas outras
quantitativa favorável à eclosão da neurose (Freud, perturbações. Ora, o que interessa a Freud é a busca
1895/1996, p.156): da causa indispensável da neurose, aquela que
(a) a pré-condição, sem a qual o efeito não se aparece somente na perturbação que lhe é específica.
manifesta, sendo, por outro lado, insuficiente para Enquanto na neurastenia e na neurose de
produzi-lo; angústia a etiologia era considerada “atual”, na histeria
(b) a causa específica que se apresenta toda e na neurose obsessiva suas causas estavam situadas
vez em que o efeito ocorre, desde que estejam no passado dos sujeitos, ligadas à vida sexual infantil.
presentes as pré-condições; A histeria era remetida a uma experiência sexual
passiva, enquanto a obsessão ficava ligada a uma
(c) as causas concorrentes estão entre os
experiência sexual ativa. Desta maneira, a etiologia
fatores que só ocasionalmente se apresentam;
das neuroses passa a ser determinada por uma real
(d) as causas finais, desencadeantes, que experiência sexual ocorrida no período da infância,
precedem imediatamente o efeito. mas a experiência infantil é insuficiente para produzir
A busca de Freud é pelas causas específicas a neurose: é necessário que haja, durante a puberdade,
da neurose, ou seja, os fatores que devem uma lembrança dela, que dotaria a infantil de sentido
necessariamente estar presente em todos os casos, sexual, tornando-a a partir de então, traumática.
a condição necessária para a produção dos efeitos. A etiologia específica das neuroses deveria
A partir de então, dizer que as causas finais são por apresentar duas características: (1) haver uma real
si mesmas suficientes para eclodir uma neurose é excitação dos órgãos genitais, consistindo em uma
superestimar o papel das perturbações do quotidiano irritação real por meio de um abuso sexual cometido
(como a emoção, o terror, a exaustão física); elas só por outra pessoa, de maneira que a lembrança do
facilitam quantitativamente o aparecimento da evento seja afastada da consciência pela operação
neurose, dificilmente apresentando força suficiente do recalcamento e permaneça no regime de trabalho
para determiná-lo. Já as causas concorrentes, se não do inconsciente; (2) a época do abuso sexual ser
têm todas as manifestações neuróticas, não podem localizada num período antes da maturidade sexual
ser consideradas como um fator etiológico de maior do sujeito, na infância. Os sintomas seriam então
importância. As pré-condições, onde estão incluídos explicados pela lembrança inconsciente de uma
os fatores hereditários, devem ser analisadas com experiência traumática ocorrida na infância, sobre a
mais cautela, pois, por definição, necessariamente qual o sujeito diz nada saber. É desta maneira que
estão presentes na situação etiológica. Freud articula a causa sexual com a memória,
Se Freud considerasse, tal como Charcot, a estabelecendo um vínculo de uma causa que, de
hereditariedade presidindo a escolha da afecção maneira alguma, é atual e sim psíquica.
nervosa particular, ele estaria fixando previamente É somente na puberdade, quando as reações
ao nascimento do paciente a causa de seus sintomas, dos órgãos sexuais teriam sua capacidade aumentada
não havendo razão para o prosseguimento de seus (fazendo com que a lembrança tenha um efeito
esforços terapêuticos, bem como a elaboração da excitante muito mais forte do que na época do evento
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traumático), que o traço psíquico inconsciente seria infantil somente podem ser explicados através de
despertado, revelando a ação retroativa do trauma processos psíquicos definidos, deixando de lado a
sexual. “O efeito imediato de uma lembrança noção de realidade física e enfatizando a noção de
ultrapassa o de um evento atual”, ou seja, a “relação realidade psíquica (Freud, 1917/1996, p. 329).
inversa entre o efeito psíquico de uma lembrança e Por buscar uma causa situada no registro de
do evento constitui a razão de que a lembrança problemas subjetivos, Freud não pôde mais se deter
permaneça inconsciente” (Freud, 1896b/1996, p. 177). nem em uma interpretação da causa produtora de
Nesse sentido, no período da puberdade, a lembrança um efeito, nem em uma noção legalista dela, que a
atuará como se fosse um fato contemporâneo, de eleva a princípio de todo conhecimento possível. A
acordo com a quantidade de libido das reações sexuais causa, em função do problema tratado, é tomada
próprias deste período, fazendo com que o traço em outro sentido: o de uma operação de recal-
psíquico da experiência sexual desperte, seja camento, que como Freud o define, é a defesa em
recalcado, e tenha que deslocar seu afeto a uma outra relação a uma representação que pode colocar em
representação. O inconsciente seria, neste contexto, questão toda a série de identificações do sujeito.
explicado por uma memória que, mesmo que o sujeito Esta representação, ao ser afastada, entra no regime
afirme nada saber sobre ela, conserva lembranças de trabalho do inconsciente que, a partir de uma
que não estão à sua disposição. A etiologia específica série de relações (condensação e deslocamento),
das neuroses neste momento, para Freud, deveria faz com que tal ela seja transformada para que
incidir exclusivamente sobre as experiências possa vir à luz sob a forma de sintoma.
traumáticas da infância, sendo os eventos relacionados Só foi possível definir o inconsciente no sentido
à puberdade considerados como agentes propriamente psicanalítico como algo que evoca não
provocadores dos sintomas, importantes somente no o irreal, mas o não realizado, o não-nascido,
papel de retroação a um traço de memória indeterminado (Lacan, 1964/1998, p.28) após o
inconsciente, onde a lembrança assume um papel abandono da teoria da sedução traumática. A busca
determinante. da etiologia das neuroses e a explicação do sintoma,
O terceiro tempo da noção freudiana da etiologia portanto, só se tornaram inteligíveis a partir do
Freud fundou um novo campo de problemas momento em que Freud postula o processo lógico do
pensamento inconsciente, que produz efeitos que ao
no qual tanto a etiologia específica da neurose quanto
sujeito aparecem como enigma a ser solucionado, cujo
a cura dos sintomas só se tornariam compreensíveis
nome é sintoma. É isso que permite a Lacan dizer
se fossem remetidos a traumas psíquicos da vida
que o conceito de inconsciente deve ser estabelecido
sexual do sujeito. Se ele iniciou o estudo da etiologia como “algo homólogo em todos os pontos ao que se
neurótica a partir do esquema de causa das ciências passa ao nível do sujeito – isso fala e funciona de
naturais, foi levado pouco a pouco a se distanciar modo tão elaborado quanto o do nível consciente, que
deste tipo de orientação. A causa só passa a ser uma perde assim o que parecia seu privilégio” (Lacan,
função própria à Psicanálise quando a etiologia das 1964/1998, p.29). Enquanto o sujeito é quem procura
neuroses é colocada não em decorrência de a causa de seu sintoma, Freud só se remete a ela
experiências traumáticas reais, mas devido a para delimitá-la como inconsciente, como a de um
conteúdos fantasmáticos inconscientes. Freud desejo que faz de tudo para não se satisfazer e sim
descobriu, com surpresa, que as cenas de traumas para se realizar como insatisfação.
infantis, pontos de intensa fixação libidinal, que até Pode-se então perguntar por que Freud se
então eram justificadas como as causas dos sintomas, preocupou tanto com a questão da causa em sua obra.
não eram necessariamente realidades. E não porque Por que esse discurso é uma constante no
os neuróticos haviam mentido, mas em razão de um pensamento psicanalítico? E se ele abandona a
recuo não intencional que permitia falsificar o passado orientação fisicalista, qual sentido a causa assume
através de um fantasiar retrospectivo. Ou seja, o real em psicanálise? Como demonstra Jacques-Alain
do sintoma e sua ligação com a experiência sexual Miller (2001), esta questão se introduz de duas
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maneiras no pensamento psicanalítico: a primeira, pela que não tinham ocorrido, isso significa que é o próprio
via do que é a pretensão e fracasso de fazer com desejo que está sendo colocado em jogo. O que
que a Psicanálise se torne uma ciência no sentido sustentavam as cenas da sedução traumática eram
natural do termo (desprovida inteiramente de fantasias que atuaram retroativamente na sexualidade
qualidades); a outra via é que a busca da causa se infantil. Deste modo, o discurso causal não poderá
introduz na Psicanálise por via dos sujeitos que a se constituir numa descoberta de elementos que
procuram. Todo aquele que procura um tratamento permanecem ocultos na história do paciente, numa
coloca sempre a questão da causa de seu sofrimento. espécie de reconstituição do passado esquecido por
Ou seja, é a noção de sintoma que põe em jogo a ele. A causa só terá sentido em Psicanálise se
questão para o sujeito. Sintoma que não pode ser remetida à construção de um discurso sobre a causa.
desarticulado da posição do sujeito, a ponto de Lacan, Quando Freud escreve a Interpretação dos Sonhos,
em seu seminário sobre os conceitos fundamentais ele já sabe que o que interessa é aquilo que se refere
da Psicanálise (1964/1998, p.27), dizer que só há causa à causa do desejo. É ao negar que a pesquisa etiológica
para o que manca. É somente a partir do momento em Psicanálise fosse guiada por uma noção natural
em que as redes de identificações não funcionam mais de causa que ele pode tecer a afirmação de que os
é que irá aparecer a função da causa. Coisa sonhos e os sintomas são verdadeiras realizações de
completamente distinta de uma noção de lei – ou de desejos. O que guiaria a etiologia psicanalítica, a partir
função – tal como se encontra na ciência. Nesta, de então, não mais seria o desejo de uma verdade,
não se trata mais de buscar a causa de um evento, mas, antes, a elaboração da verdade do desejo.
mas de produzir, a partir de relações conceituais, novos
Considerações finais
objetos que trarão outros problemas. Como aponta
Robert Blanché (1975), apenas em atividades em que Foram apontados ao longo do artigo três
a objetivação ainda não foi atingida pode se deter em tempos assumidos por Freud na elaboração do
pensar por causas. Donde se pode dizer que se Freud conceito de causa. O primeiro, quando ele determina
insiste sobre a causa, é mais uma vez, por lógica: os sintomas através de traumas psíquicos da vida
pelo problema que pretendeu tratar não ser da ordem sexual do paciente. Como se viu, se ele inicia o estudo
da objetivação. da etiologia neurótica a partir do esquema de causa
das ciências naturais, ele é levado, pouco a pouco, a
As razões que o levaram a abandonar a relação se distanciar deste tipo de orientação. A clara relação
fisicalista na explicação dos eventos psíquicos fazem causa-efeito claudica quando a sexual das neuroses
com que o encaminhamento de suas questões não deixa de ser localizável na vida atual do sujeito, o que
mais se paute por uma relação de causa e efeito, é propriamente a segunda fase de constituição da
mas por uma estrutural. Ele pretende dar um função da causa em Psicanálise, com a etiologia dos
encaminhamento que seja próprio à natureza do sintomas sendo remetida a uma anterior, passada,
problema que está tratando; afinal, ao afirmar que esquecida, mas ainda impregnada de um realismo
em relação ao inconsciente existem pensamentos, não ingênuo: a teoria da sedução traumática. A terceira
se está mais envolvido em um problema de objetivar fase da noção de causa em Psicanálise é a que irá
o psiquismo, mas de tratá-lo em função de sua definitivamente admitir a causa como sendo
articulação de representações que tem por efeito a verdadeiramente uma função relativa ao campo de
produção de um sujeito. Eis a razão de Freud ter problemas seus. A etiologia das neuroses, a partir de
abandonado qualquer método de sugestão e passado então, não mais seria colocada em decorrência de
para o da livre associação: cabe ao sujeito fazer as experiências traumáticas reais, mas devido a
associações, e não ao analista. conteúdos fantasmáticos inconscientes. A realidade
Em Psicanálise o que está em jogo não é um psíquica torna-se um ponto privilegiado em relação à
saber sobre a causa, mas uma construção de um histórica descrita anteriormente como traumática. O
discurso, um problema acerca da posição ocupada que passa a estar em jogo para a função da causa
pelo sujeito que reivindica uma causa. Se no contexto em Psicanálise é a maneira de o sujeito colocar suas
da sedução traumática os sujeitos descreveram cenas questões no tempo em que realiza sua fala, que, além
Calazans, R. & Santos, J. L. G. (2007). Causalidade freudiana 77

de ser marcada pelo recalque, é o ponto em que há o Freud, S. (1996). Conferência XVIII. Em Edição
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(Trabalho original publicado em 1896b). Bairro Dom Bosco, CEP: 36301-160, São João del
Rei, Minas Gerais-MG, Brasil. E-mail:
Freud, S. (1996). A interpretação dos sonhos. Em calazans@ufsj.edu.br
Edição Standard das Obras Psicológicas
Completas de Sigmund Freud (Vols. IV e V, pp.
1-660). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original Artigo recebido em 27/09/2006.
publicado em 1900). Aceito para publicação em 07/02/2007.
78 Paidéia, 2007, 17(36), 69-78

Roberto Calazans. Professor do


Departamento de Psicologia da Universidade Federal
de São João del Rei. Doutor em Teoria Psicanalítica
no Programa de Pós Graduação em Teoria
Psicanalítica da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (PPGTP-UFRJ).
Jorge Luís Gonçalves dos Santos. Psicólogo
formado pela Universidade Federal de São João del
Rei. Mestrando em Teoria Psicanalítica no Programa
de Pós Graduação em Teoria Psicanalítica da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGTP-
UFRJ).

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