Paisagens Industriais e Desterritorialização de Populações Locais: conflitos
socioambientais em projetos hidrelétricos
O vale da miséria (vale do Jequitinhonha) carrega o estigma de ser uma das regiões mais pobres do pais, e inspira politicas de caráter ,messiânico desde os anos 70. O texto analisa, experiências sobre os processos de licenciamento ambiental de hidrelétricas em MG. Demonstra a luta pela aprovação social da natureza em uma realidade, de deslocamentos compulsórios pela construção de hidrelétricas. O texto apresenta duas racionalidades em confronto, as populações ribeirinhas, que constroem a terra como patrimônio e resguardado pela memoria coletiva. A outra racionalidade é o setor elétrico, o Estado, que têm o território enquanto propriedade “mercadoria passível de valorização”. Neste campo as forças são desiguais, predominam politicas sociais injustas e ambientalmente insustentáveis, os ribeirinhos se tornam coisas reificadas, invisíveis enquanto sujeitos sociais. Espaço Ambiental, distribuição ecológica e justiça ambiental – paradigma da adequação x paradigma da sustentabilidade. O espaço ambiental entendido enquanto espaço geográfico, efetivamente usado por grupos sociais e gerador de conflito social quando este relacionado com projetos industriais no âmbito das politicas de desenvolvimento. O conceito de Espaço ambiental também se vincula com as qualidades quantitativas do território, o espaço ambiental é um conceito analítico em grande potencial pois revela as iniquidades da relação dos grupos sociais com o ambiente; Uma má distribuição ecológica” é a utilização de um espaço ambiental em detrimento de outros segmentos sociais, é neste contexto que o texto insere as construções de barragens hidrelétricas O texto apresenta as barragens hidrelétricas sobre o conceito de injustiça ambiental, sobre o argumento de que a consequência de construção de hidrelétricas serve ao progresso elétrico industrial enquanto ao redor da hidrelétrica ocorre um impacto ambiental imensurável desde inundações de áreas férteis ao deslocamento e desterritorialização de populações quilombolas, ribeirinhas e indígenas. O conceito de justiça ambiental esta relacionado segundo o texto aos movimentos sociais norte americanos desde os anos 60 e diz respeito sobre o quanto certo grupo social ira suportar qualquer risco ambiental que comprometa a existência, capacidade de reprodução social, material e cultural, exemplo: barragens, plantações de soja, cana e eucalipto. Segundo o texto os processos de licenciamento ambiental permitem a injustiça ambiental na medida que negam os direitos do estatuto de cidadania aos “atingidos por barragem”, os estudos que tornam invisíveis toda uma comunidade, o texto relata um termo encontrado no processo de licenciamento ambiental da barragem de Murta no Jequitinhonha, “propriedades rurais são passiveis de migração compulsória” destaca o autor que o bem imóvel adquiri mobilidade, torna-se mercadoria. A maioria dos projetos é: insuficientes de estudos, restrições legais e resistência, Porem são caracterizados como “modernização ecológica”, que significa ações politicas no âmbito da logica econômica, onde o mercado resolve os problemas da degradação ambiental através de medidas “mitigadoras e compensatórias”, os autores o qualificam como “paradigma da adequação ambiental”, a oposição do “paradigma da sustentabilidade”, que segundo o texto é a superação das crises ambientais geradas nas instituições modernas. A modernização ecológica promove uma despolitização da critica ambiental ao desconsiderarem a articulação entre degradação ambiental e injustiça social, neutralizando a critica de que a crise ambiental esta alojada na racionalidade do capital. O “paradigma da adequação” é quando o ambiente é percebido como algo externo a paisagem que deve ser modificado e adaptado aos objetivos do projeto técnico, são estes ajustes tecnológicos das politicas mitigadoras e compensatórias que cumprem função de adequação. Ou seja, debates complexos sobre questões politicas, sociais e culturais são colocadas em pauta por exigências formais, porém tidas como impasses burocráticos, as “necessidades “ e viabilidade da obra. Em oposição a adequação do sistema de “modernização ambiental” é que opera no interior da racionalidade econômica se apresenta o paradigma da sustentabilidade que coloca em discussão padrões de produção e consumo, interesses e valores sociais dos envolvidos e seus beneficiários. A sustentabilidade exige analise acerca da viabilidade sócio ambiental da obra, finalizando o tema o autor demonstra que sustentabilidade implica novos princípios, valorização da natureza e novos sentidos de mobilidade e reorganização da sociedade. Contra a “modernização ecológica” que traz a invisibilidade e desvaloriza as pessoas e o ambiente; Emerge os sujeitos dos movimentos de resistência que anunciam a construção do paradigma da sustentabilidade, na qual se situa os sujeitos deste texto do vale do Jequitinhonha.