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UNIVERSIDADE FEEVALE

RANNIERY CÂMARA CASTELLO

PROTEÇÃO JURÍDICA DA SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHADOR

Novo Hamburgo
2011
RANNIERY CÂMARA CASTELLO

PROTEÇÃO JURÍDICA DA SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHADOR

Universidade FEEVALE
Instituto de Ciências Sociais Aplicadas
Curso de Bacharelado em Direito
Trabalho de Conclusão de Curso

Orientador: Prof. Mse: Rodrigo Coimbra Santos

Novo Hamburgo
2011
RANNIERY CÂMARA CASTELLO

Trabalho de conclusão do Curso de Direito, com o título PROTEÇÃO JURÍDICA DA


SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHADOR, submetido ao corpo docente da
Universidade Feevale, como requisito necessário para a obtenção do grau de
Bacharel em Direito.

Aprovado por:

Prof. Mse: Rodrigo Coimbra Santos - Orientador

Professor ( Banca Examinadora )

Professor ( Banca Examinadora )

Novo Hamburgo, 15 de junho de 2010.


DEDICATÓRIA

A família que me foi permitido constituir,


que soube consolar, incentivar, apoiar, e
principalmente compreender os
momentos de dúvida e fraqueza.
AGRADECIMENTO

Agradeço,
A meus pais, pelo começo da minha vida;
A minha família pelo apoio incondicional;
A Elisandra, minha esposa, pelas longas
discussões que tanto me esclareceram;
Aos Mestres da Feevale, por todo
ensinamento, auxílio, conselhos e
inspiração.
RESUMO

O presente trabalho visa demonstrar que a proteção jurídica da saúde e segurança


dos trabalhadores esta em constante evolução no ordenamento pátrio, por
intermédio de elaboração de normas protetivas da segurança e saúde dos
trabalhadores, com a recepção inclusive das convenções da OIT – Organização
Internacional do Trabalho, integrando as normas de proteção ao rol dos direitos
constitucionais fundamentais. Demonstra-se também o conceito de meio ambiente
de trabalho, estabelecendo que este é parte integrante do meio ambiente geral, e
que sua preservação não só contribui para a proteção da saúde e segurança do
trabalhadores como implica diretamente na preservação do meio ambiente como um
todo. De forma a dar efetividade às normas de proteção da saúde e segurança dos
trabalhadores encontramos no ordenamento brasileiro amplo respaldo quanto a sua
exigibilidade e garantias de sua eficácia: da obrigação de fazer dos empregadores;
de cumprir e fazer cumprir dos empregados; da função fiscalizadora do Estado e de
elaboração de novos regulamentos; bem como da garantia da tutela dos direitos dos
trabalhadores: com a atuação do Ministério Público do Trabalho, no inquérito civil e
posterior a ação civil pública, como também da tutela jurídica daí proveniente; da
reclamatória trabalhista, quando busca a satisfação da obrigação de fazer do
empregador.

Palavras Chave: Direito do Trabalho. Meio Ambiente. Proteção. Saúde. Segurança.


RESUMEN

Este trabajo pretende demostrar que la protección jurídica de la seguridad y la salud


de los trabajadores está en constante evolución en el ordenamiento pátrio, mediante
la preparación de las normas de protección de la salud y seguridad de los
trabajadores, con la recepción que incluyen los convenios de la OIT, la Organización
Internacional del Trabajo, la integración de las normas para la protección del
catálogo de derechos fundamentales de la constitución. Esto muestra también el
concepto de medio ambiente de trabajo, afirmando que esta es una parte integral del
medio ambiente en general, y que su preservación no sólo contribuye a la protección
de la salud y la seguridad de los trabajadores como directamente implica la
preservación del medio ambiente en su conjunto. Con el fin de hacer efectivas las
normas de protección de la salud de los trabajadores y la seguridad que
encontramos en la ordenación del territorio brasileño un amplio respaldo en cuanto a
su exigibilidad y las garantías de su eficacia: la obligación de hacer de los
empleadores y de cumplir y hacer cumplir los empleados; la función de investigación
del Estado y para la preparación de nuevos reglamentos; así como la garantía de la
protección de los derechos de los trabajadores, con la labor del Ministerio de
Trabajo, en la investigación civil y posterior a la acción civil pública, como también la
protección jurídica de; la demanda laboral, cuando busca la satisfacion de la
obrigacion de hacer del empleador.

Palabras clave: Derecho del Trabajo. Medio Ambiente. Protección. Salud.


Seguridad.
LISTA DE SIGLAS

ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária


CDC: Código de Defesa do Consumidor
CIPA: Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
CIPATR: Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalhador Rural
CLT: Consolidação das Leis do Trabalho
DRT: Delegacia Regional do Trabalho
EPI: Equipamento de Proteção Individual
FUNDACENTRO: Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do
Trabalho
INSS: Instituto Nacional de Seguridade Social
LTCAT: Laudo Técnico das Condições Ambientais de Trabalho
MPT: Ministério Publico do Trabalho
MTE: Ministério do Trabalho e Emprego
NR: Norma Regulamentadora
OGMO: Órgão Gestor de Mão de Obra
OIT: Organização Internacional do Trabalho
PCMSO: Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional
PPP: Perfil Profissiográfico Previdenciário
PPRA: Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
SEGUR: Seção de Segurança e Saúde do Trabalhador
SEPATR: Serviço Especializado em Prevenção de Acidentes do Trabalhador Rural
SESMT: Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho
SIT: Secretaria de Inspeção do Trabalho
SSST: Secretaria de Saúde e Segurança do Trabalho
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..........................................................................................................10

1 PROTEÇÃO DA SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHADOR ...................12

1.1 A PROTEÇÃO À SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHADOR.


PERSPECTIVA HISTÓRICA.....................................................................................12
1.2 MEIO AMBIENTE DO TRABALHO: CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA .....26
2 PROTEÇÃO JURÍDICA DA SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHADOR .42

2.1 PREVISÃO CONSTITUCIONAL DAS NORMAS DE SEGURANÇA E SAÚDE


NO TRABALHO.........................................................................................................42
2.2 EXIGIBILIDADE X EFETIVIDADE DAS NORMAS DE SEGURANÇA E SAÚDE
NO TRABALHO.........................................................................................................51
CONCLUSÃO ...........................................................................................................70

REFERÊNCIAS.........................................................................................................75
10

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por objetivo o estudo da proteção jurídica da saúde


e segurança dos trabalhadores. Este tema é de vital importância pois coloca a saúde
e segurança dos trabalhadores no rol dos direitos constitucionais fundamentais.
Para tanto busca-se demonstrar que a proteção da saúde e segurança do
trabalhador não esta adstrita a proteção do homem, nem deve ser relacionada
apenas ao trabalhador formal. A proteção da saúde e segurança do trabalhador,
parte integrante do rol dos direitos constitucionais fundamentais, relaciona-se
diretamente com a proteção do meio ambiente laboral, este parte integrante do meio
ambiente como um todo.
A proteção da saúde e segurança do trabalhador, não é apenas obrigação
do empregador, e não relaciona-se apenas a proteção do trabalhador formal, aquele
regido pela CLT, tão pouco limita-se ao meio ambiente do trabalho, ou a simples
fiscalização do Estado, como direito difuso, a proteção da saúde e segurança dos
trabalhadores alcança o patamar de direito fundamental, previsto na Constituição
Federal, conforme será demonstrado.
Para tanto, buscou-se na legislação, na doutrina jus laboral os
esclarecimentos acerca do tema tratado, como também na jusriprudência de forma a
exemplificar o entendimento pretendido.
Divide-se o estudo em dois capítulos, onde no primeiro, tratou-se da
evolução histórica e legislativa da proteção jurídica da saúde e segurança do
trabalhador, procurou-se demonstrar que a mesma encontra-se em constante
evolução.
Ainda no primeiro capítulo passou-se ao estudo do conceito de meio
ambiente de trabalho e sua natureza jurídica, procurou-se conceituar o meio
ambiente de trabalho, estabelecendo sua previsão legal e a necessidade de sua
proteção, estabeleceu-se ainda que o ambiente de trabalho seguro constitui direito
fundamental, este por se tratar de direito difuso, insere-se no rol de direitos
fundamentais.
11

No segundo capítulo tratou-se da análise da proteção jurídica da saúde e


segurança do trabalhador, na primeira parte, estabelece-se a previsão constitucional
das normas de segurança e saúde no trabalho, o que as insere no rol dos direitos
constitucionais fundamentais e portanto dando-lhe caráter de direito difuso.
Na segunda parte procurou-se demonstrar que as normas de proteção da
saúde e segurança dos trabalhadores por tratarem-se de normas de ordem pública,
ou seja, cogentes, não podem ser dispostas livremente entre empregadores e
empregados.
Buscou-se estabelecer que a exigibilidade de cumprimentos das normas de
segurança não se restringe apenas ao empregador, mas, aos empregados e ao
Estado, este que possui os meios necessários para dar efetividade à proteção da
saúde e segurança dos trabalhadores.
12

1 PROTEÇÃO DA SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHADOR

1.1 A PROTEÇÃO À SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHADOR.


PERSPECTIVA HISTÓRICA

O ordenamento jurídico é responsável pela proteção de forma ampla de


todos os indivíduos, procurando desta maneira garantir a sobrevivência dentro de
patamares mínimos de razoabilidade e equilíbrio. A condição de trabalhador,
especificamente no que tange a prestação de trabalho, como bem estabelece
Francisco Rossal de Araujo – “enseja um tratamento jurídico especial, mais
detalhado do que a proteção jurídica de qualquer cidadão”.1
Para se compreender a extensão atual do direito à segurança e à saúde do
trabalhador, é importante relatar, os marcos principais de sua evolução.2
Os mineiros e metalúrgicos foram as primeiras classes de trabalhadores a
terem atenção voltada a suas condições de saúde. Georg Agrícola, em 1556, foi o
primeiro autor a abordar a relação saúde/trabalho, destacando fatores como
padecimento dos mineiros e acidentes do trabalho, em seu tratado sobre mineração,
discutiu a prevenção e tratamento para as doenças das juntas, pulmões e olhos e as
doenças fatais.3
A história revela os tratamentos subumanos a que eram submetidos os
trabalhadores, vítimas do sistema implantado, no qual o Estado liberal deixava o
capitalismo livre para impor as suas condições aos trabalhadores. Trabalhos
prestados em ambientes com condições de completa insalubridade, sem qualquer

1
ROSSAL, Francisco de Araújo. A saúde do trabalhador como direito fundamental (no Brasil).
Justiça do Trabalho. Porto Alegre, RS: HS Editora.,1984-2010. n.317, Ano27, maio 2010, ex.1 p. 7.
2
OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Estrutura normativa da segurança e saúde do trabalhador no
BrasiL. Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.45, n.75, jan./jun. 2007, p.108. Disponível
em: < http://www.mg.trt.gov.br/escola/download/revista/rev_75/Sebastiao_Oliveira.pdf > . Acesso em:
27 de setembro de 2010.
3
BUCK, Regina Célia. Cumulatividade dos adicionais de insalubridade e periculosidade. São
Paulo: LTr, 2001, p. 33.
13

preocupação, quanto à segurança, higiene e saúde dos trabalhadores, somando-se


a longas jornadas, com reduzidos espaços para descanso.4
Amauri Mascaro do Nascimento destaca:

A imposição de condições de trabalho pelo empregador, a existência de


excessivas jornadas de trabalho, a exploração das mulheres e menores,
que constituíam mão de obra mais barata, os acidentes ocorridos com
trabalhadores no desempenho das suas atividades e a insegurança quanto
ao futuro e aos momentos nos quais fisicamente não tivessem condições de
trabalhar, foram as constantes da nova era no meio proletário, às quais
5
podem-se acrescentar também os baixos salários.

O próprio trabalhador era responsável por zelar pela sua segurança, exposto
a um ambiente insalubre e agressivo, o qual o lucro do empregador era superior a
saúde e segurança dos trabalhadores.6
“De Morbis Artificum Diatriba”, livro do médico Bernardino Ramazzini, As
Doenças dos Trabalhadores, de 1700, foi o marco da luta pela saúde dos
trabalhadores, fato que lhe rendeu o título de Pai da Medicina do Trabalho. Neste
livro Ramazzini apresenta o estudo de mais de 60 profissões, relacionando as
atividades, as doenças consequentes e as medidas de tratamento e prevenção. Esta
obra foi considerada como texto fundamental da Medicina Preventiva até por volta
do século XIX.7
Segundo Amauri Mascaro do Nascimento, nem sempre o direito ocupou-se
da proteção da saúde do trabalhador. Na idade antiga e média não é encontrado um
sistema de normas jurídicas destinadas a proteção dos seres humanos no trabalho.8
É assim também o entendimento de Eduardo Gabriel Saad, onde destaca
que ao longo da história humana, vimos o homem trabalhando exposto aos mais

4
CARDONA, Angela Maria Alves; MOLARINHO, Denis Marcelo de Lima; CARDOSO, Luciane.
Direito individual do trabalho. 1. ed. Canoas, RS: Editora da ULBRA, 2001, p.19.
5
NASCIMENTO, Amauri Mascaro.Curso de direito do Trabalho: história e teoria geral do direito:
relações individuais e coletivas do trabalho / Amauri Mascaro do Nascimento. 24 ed. Rev. Atual. e
ampl. São Paulo: Saraiva, 2009, p 15.
6
BUCK, Regina Célia. Cumulatividade dos adicionais de insalubridade e periculosidade. São
Paulo: LTr, 2001, p. 33.
7 BUCK, Regina Célia. Cumulatividade dos adicionais de insalubridade e periculosidade. São
Paulo: LTr, 2001, p. 34.
8
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho: história e teoria geral do direito do
trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 24ª ed. rev. atual. e ampl. - São Paulo: Saraiva,
2009, p. 526.
14

diversos riscos, onde a atenção do poder público, esteve voltada a segurança do


trabalho, somente após ter cuidado de outros aspectos da vida laboral como a
remuneração.9
Fruto do desenvolvimento industrial acelerado, onde de um lado havia o
crescimento das riquezas geradas, de outro havia um crescimento demográfico
marcante, acarretando péssimas condições de vida nas cidades, refletidas na forma
como era tratado o trabalho nas indústrias, onde predominavam condições de
trabalho prejudiciais a saúde, com jornadas de trabalho excessivas, com uma
constante falta de proteção ao trabalhador e o abuso do trabalho infantil.10
Se o patrão estabelecia as condições de trabalho a serem cumpridas pelos
empregados, é porque, principalmente, não havia um direito regulamentando o
problema.11
A corrida desenfreada pela obtenção de lucro, a busca pela satisfação de
necessidades individuais e coletivas, criadas artificialmente, não permitiram que se
fizesse uma pausa para eliminar o sofrimento imposto ao trabalhador, decorrentes
dos processos industriais existentes, que pelo avanço da tecnologia veio diversificar
as atividades industriais, trazendo novas ameaças à saúde do trabalhador.12
Segundo Sidnei Machado, até o século XIX a saúde do trabalhador foi
bastante negligenciada, ressalta que as primeiras preocupações afloradas pelo
trabalho assalariado, se voltaram para as condições de trabalho, consequentemente
surge o drama da falta de higiene do trabalho, dos acidentes de trabalho e do
esgotamento físico.13
Para Sussekind, a precariedade das condições de trabalho durante o
desenvolvimento do processo industrial, assumia aspectos graves , não só em

9
SAAD, Eduardo Gabriel. Consolidação das Leis do Trabalho comentada. 39 ed. Atual. e rev. e
ampl. por José Eduardo Duarte Saad, Ana Maria Saad Castello Branco. São Paulo: LTr, 2006, p. 178.
10
ROSSAL, Francisco, de Araújo. SANTOS, Rodrigo Coimbra. Direito do Trabalho – Evolução do
Modelo Normativo e Tendências Atuais na Europa. Revista LTR: legislação do trabalho. São Paulo,
SP: LTR.,19uu-. Mensal.n.8, Ano73, ago. 2009, ex.1 .
11
NASCIMENTO, Amauri Mascaro.Curso de direito do Trabalho: história e teoria geral do direito:
relações individuais e coletivas do trabalho / Amauri Mascaro do Nascimento. 24 ed. Rev. Atual. e
ampl. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 15.
12
SAAD, Eduardo Gabriel. Consolidação das Leis do Trabalho comentada. 39 ed. Atual. e rev. e
ampl. por José Eduardo Duarte Saad, Ana Maria Saad Castello Branco. São Paulo: LTr, 2006, p 178.
13
MACHADO, Sidnei. O direito à proteção ao meio ambiente de trabalho no Brasil: os desafios
para a construção de uma racionalidade normativa. São Paulo, SP: LTR, 2001, p. 47
15

virtude dos acidentes de trabalho, mas das enfermidades que tais condições
propiciavam.14
Regina Célia Buck esclarece que a situação dos trabalhadores era tão
dramática que provocou indignação da opinião pública e ensejando desta forma uma
intervenção estatal para interrompê-la.15
Para Francisco Rossal de Araújo, a Revolução Industrial expôs o problema
na sua face mais dramática, as condições precárias de trabalho, ensejaram
discussões sobre a luta pela sobrevivência ao invés de luta pela saúde.16
Regina Célia Buck, ao citar Nogueira, relaciona as primeiras tentativas
legislativas adotadas, de forma a garantir as condições de saúde, higiene e
segurança dos trabalhadores, dentre as quais cabe ressaltar aquela que é
considerada a primeira legislação eficiente no campo de proteção ao trabalhador a
“Factory Act” ( Inglaterra – 1833 ), que consistia principalmente em: proibição do
trabalho noturno para menores de 18 anos e restringia a duração da jornada de
trabalho deste para 12 horas por dia e 69 por semana, estabelecia a idade mínima
de trabalho para 9 anos e um médico deveria atestar que o desenvolvimento físico
da criança correspondia a sua idade cronológica.17
Francisco Rossal de Araújo citando Saad, em A Saúde do Trabalhador como
Direito Fundamental (No Brasil) estabelece como marco para surgimento das
primeiras leis sobre higiene e segurança do trabalho, a segunda metade do século
XIX, completando que a legislação mais detalhada, com características atuais
somente vai aparecer no século XX.18
No início do século XX, aparecem as primeiras legislações sociais
específicas sobre a saúde do trabalhador, cuja preocupação principal, seu foco, é o
corpo humano, a parte que se degrada, esta afetada pela falta se segurança nas

14
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho: história e teoria geral do direito
do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 24ª ed. rev. atual. e ampl. - São Paulo:
Saraiva, 2009, p. 20.
15
BUCK, Regina Célia. Cumulatividade dos adicionais de insalubridade e periculosidade. São
Paulo: LTr, 2001, p. 35.
16
ROSSAL, Francisco de Araújo. A saúde do trabalhador como direito fundamental (no Brasil).
Justiça do Trabalho. Porto Alegre, RS: HS Editora.,1984-2010. n.317, Ano27, maio 2010, ex.1 p. 8.
17
BUCK, Regina Célia. Cumulatividade dos adicionais de insalubridade e periculosidade. São
Paulo: LTr, 2001, p. 37.
18
ROSSAL, Francisco de Araújo. A saúde do trabalhador como direito fundamental (no Brasil).
Justiça do Trabalho. Porto Alegre, RS: HS Editora.,1984-2010. n.317, Ano27, maio 2010, ex.1 p. 8.
16

máquinas e ausência de uso de equipamentos de proteção. Na segunda metade do


século XX, a preocupação com a saúde do trabalhador é voltada também para a
saúde mental, até então deixada de lado, expande-se as noções de doenças
profissionais.19
Para Eduardo Gabriel Saad:20

Hoje, a segurança e a medicina do trabalho, como meios de proteção do


homem no trabalho, na garupa do intervencionismo estatal, penetram cada
vez mais nas cidadelas do direito da propriedade e da liberdade de trabalho,
para exigir maior respeito, maior cuidado com a saúde daqueles que
movimentam as máquinas e dão vida às nossas empresas.

No Brasil a primeira Lei de Acidentes do trabalho surge em 1919 ( Decreto


n.º 3.724, de 15/01/1919), tornando obrigatório o seguro mercantilista de acidentes
de trabalho, em todas as empresas, por meio de prêmios e indenizações.21
Com a criação das Consolidações das Leis do Trabalho – CLT, em 1º de
maio de 1943, são disciplinadas nos artigos 154 a 223, as regras de higiene e
segurança do trabalho, as quais representaram as primeiras normas de prevenção
de acidentes e proteção ao ambiente de trabalho.22
Eduardo Gabriel Saad, destaca autor e sem exagero, que o País somente se
ocupou de medidas preventivas de moléstia s profissionais e dos riscos
ocupacionais em 1º de maio de 1943, com a criação da Consolidação das Leis do
Trabalho – CLT.23
Somente em 1946 ( art. 154, VIII ) a higiene e segurança do trabalho ganhou
hierarquia constitucional, segundo Sussekind, sendo da mesma forma referida nas

19
ROSSAL, Francisco de Araújo. A saúde do trabalhador como direito fundamental (no Brasil).
Justiça do Trabalho. Porto Alegre, RS: HS Editora.,1984-2010. n.317, Ano27, maio 2010, ex.1 p. 9.
20
SAAD, Eduardo Gabriel. Consolidação das Leis do Trabalho comentada. 39 ed. Atual. e rev. e
ampl. por José Eduardo Duarte Saad, Ana Maria Saad Castello Branco. São Paulo: LTr, 2006, p. 178.
21
MACHADO, Sidnei. O direito à proteção ao meio ambiente de trabalho no Brasil: os desafios
para a construção de uma racionalidade normativa. São Paulo, SP: LTR, 2001, p. 60.
22
MACHADO, Sidnei. O direito à proteção ao meio ambiente de trabalho no Brasil: os desafios
para a construção de uma racionalidade normativa. São Paulo, SP: LTR, 2001, p. 60.
23
SAAD, Eduardo Gabriel. Consolidação das Leis do Trabalho comentada. 39 ed. Atual. e rev. e
ampl. por José Eduardo Duarte Saad, Ana Maria Saad Castello Branco. São Paulo: LTr, 2006, p 178.
17

Constituições de 1967, reformulada na de 1969, e na constituição de 1988 incluída


como direito social do trabalhador.24
Segundo Regina Célia Buck, o decreto-lei n.º 2.162, de primeiro de maio de
1940, foi precursor ao estabelecer a monetização do risco, estabelecendo os
adicionais de insalubridade.25
No ano de 1930, foi criado o Ministério do Trabalho e Emprego, Indústria e
Comércio, por meio do decreto n.º 19.433, de 26 de novembro, passando por
diversas denominações, mas somente em primeiro de maio de 2003, o Ministério do
Trabalho e Emprego passou-se a denominar-se Ministério do Trabalho e Emprego e
Emprego – MTE. Órgão da administração direta federal responsável, entre outras
atividades, pelas políticas de segurança e saúde do trabalho.26
A consolidação por uma política de prevenção ocorre com a criação da
FUNDACENTRO, Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do
Trabalho, através da Lei n.º 5.161, de 21 de outubro de 1966, uma entidade pública
com responsabilidade pela pesquisa e prevenção de acidentes de trabalho.27
Com a promulgação da Carta Magna de 1988, a proteção jurídica à
segurança e saúde no trabalho ganhou “status” constitucional, especialmente porque
o Art. 7º de nossa constituição, ao enumerar os direitos elementares dos
trabalhadores, assegurou-lhes a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio
de normas de segurança e saúde no trabalho.28
Francisco Rossal de Araújo cita Sarlet: “ Inserir a saúde do trabalhador como
direito fundamental é fruto de uma longa luta e ampliação de consequência, que
pode ser vista na evolução normativa.”29

24
MARANHÃO, Délio; VIANNA, Segadas; TEIXEIRA FILHO, João de Lima; SUSSEKIND, Arnaldo.
Instituições de direito do trabalho. 19. ed., atual. São Paulo, SP: LTR, 2000, 2v. p. 910.
25
BUCK, Regina Célia. Cumulatividade dos adicionais de insalubridade e periculosidade. São
Paulo: LTr, 2001, p. 52.
26
GONÇALVES, Edwar Abreu. Manual de segurança e saúde no trabalho. 4. ed. São Paulo, SP:
LTR, 2008, p. 30.
27 MACHADO, Sidnei. O direito à proteção ao meio ambiente de trabalho no Brasil: os desafios
para a construção de uma racionalidade normativa. São Paulo, SP: LTR, 2001, p. 60.
28
GONÇALVES, Edwar Abreu. Manual de segurança e saúde no trabalho. 4. ed. São Paulo, SP:
LTR, 2008, p. 27.
29
ROSSAL, Francisco de Araújo. A saúde do trabalhador como direito fundamental (no Brasil).
Justiça do Trabalho. Porto Alegre, RS: HS Editora.,1984-2010. n.317, Ano27, maio 2010, ex.1 p. 14.
18

Süssekind em Instituições de Direito do Trabalho preleciona: “Nos artigos


170 a 187, 198 e 199, a CLT enumera algumas medidas que devem ser observadas
nos locais de trabalho, visando à prevenção dos acidentes e doenças profissionais”.
Esclarece que fica a cargo do Ministério do Trabalho e Emprego, a luz do Artigo 200
da CLT, a expedição de Normas Regulamentadoras ( NR ) que atendam as
peculiaridades de cada atividade ou setor de trabalho.30
Desta Forma a Lei n.º 6.514, de 22 de dezembro de 1977, que alterava a
redação dado aos artigos 154 a 201 da CLT, introduzindo a obrigatoriedade da
adoção de medidas de prevenção pelas empresas, contudo somente regulamentada
com a edição da Portaria n.º 3.214, de 08 de junho de 1978, com a aprovação das
Normas Regulamentadoras (NR’s) sobre segurança e medicina do trabalho.31
Atualmente as Normas Regulamentadoras estão divididas em 33 ( trinta e
três ) títulos, conforme relação abaixo, apresentadas pela sequencia cronológica de
sua numeração com seus títulos respectivos.32

• NR n. 1 - Disposições gerais;
• NR n. 2 - Inspeção prévia;
• NR n. 3 - Embargo ou interdição;
• NR n. 4 - Serviços especializados em engenharia de segurança e em
medicina do trabalho (SESMT);
• NR n. 5 - Comissão interna de prevenção de acidentes (CIPA);
• NR n. 6 - Equipamentos de proteção individual (EPI);
• NR n. 7 - Programa de controle médico de saúde ocupacional (PCMSO);
• NR n. 8 - Edificações;
• NR n. 9 - Programa de prevenção e riscos ambientais (PPRA);
• NR n. 10 - Instalações e serviços em eletricidade;

30 MARANHÃO, Délio; VIANNA, Segadas; TEIXEIRA FILHO, João de Lima; SUSSEKIND, Arnaldo.
Instituições de direito do trabalho. 19. ed., atual. São Paulo, SP: LTR, 2000, 2v.p. 930.
31 MACHADO, Sidnei. O direito à proteção ao meio ambiente de trabalho no Brasil: os desafios
para a construção de uma racionalidade normativa. São Paulo, SP: LTR, 2001, p. 62.
32
BRASIL. Lei n. 6.514, de 22 de dezembro de 1977: Normas Regulamentadoras (NR) aprovadas
pela Portaria n. 3.214, de 8 de junho de 1978. In: Manual de Legislação Atlas: Segurança e
Medicina do Trabalho. São Paulo, SP: Atlas, 2009, 65 ed. p. 9.
19

• NR n. 11 - Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de


materiais;
• NR n. 12 - Máquinas e equipamentos;
• NR n. 13 - Caldeiras e vasos de pressão;
• NR n. 14 - Fornos;
• NR n. 15 - Atividades e operações insalubres;
• NR n. 16 - Atividades e operações perigosas;
• NR n. 17 - Ergonomia;
• NR n. 18 - Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção;
• NR n. 19 - Explosivos;
• NR n. 20 - Líquidos, combustíveis e inflamáveis;
• NR n. 21 - Trabalho a céu aberto;
• NR n. 22 - Trabalhos subterrâneos;
• NR n. 23 - Proteção contra incêndios;
• NR n. 24 - Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho;
• NR n. 25 - Resíduos industriais;
• NR n. 26 - Sinalização de segurança;
• NR n. 27 - Registro de profissional do técnico de segurança do trabalho no
Ministério do Trabalho e Emprego ( revogado pela Portaria n.º 262/2008 );
• NR n. 28 - Fiscalização e penalidades;
• NR n. 29 - Segurança e saúde no trabalho portuário;
• NR n. 30 - Segurança e saúde no trabalho aquaviário;
• NR n. 31 - Segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária,
silvicultura, exploração Florestal e aquicultura;
• NR n. 32 - Segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde;
• NR n. 33 - Segurança e saúde no trabalho em espaços confinados;
• NR n. 34 – Condições de Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da
Construção e Reparação Naval.

Francisco Rossal de Araújo ao citar Brandão reforça que com a edição da


Portaria n.º 3.214/78, com a regulamentação das CIPA´s ( comissões internas de
prevenção de acidentes ), disposta na NR n.º 5, e com a regulação dos SESMT’s (
20

Serviços Especializados em Engenharia e em Medicina do Trabalho ) NR n.º 4, aos


poucos se percebe na legislação um aumento no conjunto de medidas relativas a
segurança e saúde do trabalhador.33
Cabe destacar que com a edição da Norma Regulamentadora NR-31,
editada pela Portaria n.º 86, em 03 de março de 2005, que dispõe sobre a segurança
e saúde do trabalhador na agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e
agricultura, substituindo as cinco normas regulamentadoras rurais, conforme abaixo
relacionadas.34

• NRR-1— Disposições gerais;

• NRR-2 — Serviço Especializado em Prevenção de Acidentes do Trabalho


Rural — SEPATR;
• NRR-3 — CIPATR — Comissão Interna e Prevenção de Acidente do
Trabalho Rural;
• NRR-4 — Equipamentos de Proteção Individual (EPI);
• NRR-5 — Produtos Químicos.

Conforme exposto acima, as normas regulamentadoras estabelecidas pelo


Ministério do Trabalho e Emprego têm eficácia jurídica equiparada à da lei ordinária,
devendo ser adotadas pelo empregador, todas as condições para o seu devido
cumprimento. Algumas normas são de caráter genérico, aplicáveis a todos
empregadores e outras são específicas porque são direcionadas à determinadas
atividades produtivas.35
Segundo Sebastião Geraldo de Oliveira encontramos em nível de legislação
ordinária, normas espalhadas em diversos ramos do Direito e leis esparsas que de
alguma forma também tratam da proteção da vida e da saúde do trabalhador ou da

33
ROSSAL, Francisco de Araújo. A saúde do trabalhador como direito fundamental (no Brasil).
Justiça do Trabalho. Porto Alegre, RS: HS Editora.,1984-2010. n.317, Ano27, maio 2010, ex.1 p. 9.
34
GONÇALVES, Edwar Abreu. Manual de segurança e saúde no trabalho. 4. ed. São Paulo, SP:
LTR, 2008, p. 35.
35
OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Estrutura normativa da segurança e saúde do trabalhador no
BrasiL. Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.45, n.75, jan./jun. 2007, p.125. Disponível
em: < http://www.mg.trt.gov.br/escola/download/revista/rev_75/Sebastiao_Oliveira.pdf > . Acesso em:
27 de setembro de 2010.
21

garantia de um ambiente de trabalho saudável entre elas a Lei Orgânica da Saúde


(Lei n.º 8.080/90), em destaque o art. 6º, § 3º: 36

Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei, um conjunto de


atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e
vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores,
assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores
submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho,
abrangendo:
I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho ou portador de
doença profissional e do trabalho;
II - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde
(SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos riscos e agravos
potenciais à saúde existentes no processo de trabalho;
III - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde
(SUS), da normatização, fiscalização e controle das condições de produção,
extração, armazenamento, transporte, distribuição e manuseio de
substâncias, de produtos, de máquinas e de equipamentos que apresentam
riscos à saúde do trabalhador;
IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde;
V - informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindical e às
empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença profissional e
do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações, avaliações
ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos e de demissão,
respeitados os preceitos da ética profissional;
VI - participação na normatização, fiscalização e controle dos serviços de
saúde do trabalhador nas instituições e empresas públicas e privadas;
VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas no processo
de trabalho, tendo na sua elaboração a colaboração das entidades
sindicais; e
VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao órgão
competente a interdição de máquina, de setor de serviço ou de todo
ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco iminente para a vida
ou saúde dos trabalhadores.

Conforme já estabelecido observamos outras leis ordinárias que trazem


disposições que se aplicam à proteção da vida e da saúde do trabalhador, tais
como: 37

• Lei n. 5.280/67 que proíbe a entrada no país de máquinas e maquinismos


sem os dispositivos de proteção e segurança do trabalho exigidos pela CLT;
• Lei n. 5.889/73 que estatui as normas reguladoras do trabalho rural;

36
OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Estrutura normativa da segurança e saúde do trabalhador no
BrasiL. Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.45, n.75, jan./jun. 2007, p.127. Disponível
em: < http://www.mg.trt.gov.br/escola/download/revista/rev_75/Sebastiao_Oliveira.pdf > . Acesso em:
27 de setembro de 2010.
37
OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Estrutura normativa da segurança e saúde do trabalhador no
BrasiL. Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.45, n.75, jan./jun. 2007, p.128. Disponível
em: < http://www.mg.trt.gov.br/escola/download/revista/rev_75/Sebastiao_Oliveira.pdf > . Acesso em:
27 de setembro de 2010.
22

• Lei n. 6.938/81 que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente;


• Lei n. 7.802/89 que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção,
a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a
comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a
exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a
classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus
componentes e afins;
• Lei n. 8.069/90 que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente;
• Lei n. 8.078/90 que institui o Código de Proteção e Defesa do Consumidor;
• Lei n. 9.503/97 que institui o Código de Trânsito Brasileiro;
• Lei n. 9.605/98 que dispõe sobre as sanções penais e administrativas
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente;
• Lei n. 9.719/98 que dispõe sobre normas e condições gerais de proteção ao
trabalho portuário;
• Lei n. 9.976/2000 que dispõe sobre a produção de cloro no Brasil;
• Lei n. 10.406/2002 que institui o Código Civil;
• Lei n. 10.803/2003 que trata dos trabalhos em condições análogas à de
escravo.

Pode-se citar como exemplo mais atual da preocupação com a saúde do


trabalhador o Decreto n.º 7.331, de 19 de Outubro de 2010 ( DOU 20/10/10 ), que
altera o artigo 201-D, do Regulamento da Previdência Social ( Decreto n.º 3084, de
06 de maio de 1999 ), que no inciso I do parágrafo 6º, estabelece que além da
implantação dos programas de proteção de riscos ambientais e de doenças
ocupacionais, previstos nas NR 9 e NR 7, respectivamente, determina o
estabelecimento de metas de melhoria das condições e do meio ambiente de
trabalho.38

o o
Art. 1 O Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n
3.048, de 6 de maio de 1999, passa a vigorar com as seguintes alterações:
Art. 201-D.

38
BRASIL. Regulamento da Previdência Social. Ministério da Previdência Social. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/D7331.htm > Acesso em : 11 de
novembro de 2010.
23

o
§ 6 [...]
I - até 31 de dezembro de 2009, a empresa deverá implementar o Programa
de Prevenção de Riscos Ambientais e de Doenças Ocupacionais previsto
em lei, caracterizado pela plena execução do Programa de Prevenção de
Riscos Ambientais - PPRA e do Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional - PCMSO, conforme disciplinado nas normas
regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego e Emprego,
devendo ainda estabelecer metas de melhoria das condições e do ambiente
de trabalho que reduzam a ocorrência de benefícios por incapacidade
decorrentes de acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais em pelo
menos cinco por cento em relação ao ano anterior;

A preocupação da OIT com o tema medicina e segurança do trabalho,


reflete- se na expedição de varias convenções.39
O Brasil, como membro da OIT, já ratificou diversas destas convenções. Na
realidade, a OIT vem promovendo, na medida do possível, a uniformização
internacional do Direito do Trabalho, de modo a propiciar uma evolução harmônica
das normas de proteção ao trabalhador e alcançar a universalização da justiça social
e do trabalho digno para todos.40
O Ministério do Trabalho e Emprego estabelece como Convenções que
versam sobre SST – Segurança e Saúde do Trabalho as seguintes Convenções,
relacionas em ordem inversa:41

• Convenção nº 184 – Segurança e Saúde na Agricultura, 2001


• Convenção nº 182 – Piores Formas de Trabalho Infantil e a Ação Imediata
para sua Eliminação, 1999
• Convenção nº 176 – Segurança e Saúde na Mineração, 1995
• Convenção nº 174 – Prevenção de Acidentes Industriais Maiores, 1993
• Convenção nº 170 – Segurança na Utilização de Produtos Químicos, 1990
• Convenção nº 167 – Segurança e Saúde na Construção, 1988
• Convenção nº 162 – Prevenção e Controle do Asbesto, 1986
• Convenção nº 161 – Serviços de Saúde no Trabalho, 1985

39
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 14. ed., rev. ampl., atual. até maio/2001 São Paulo,
SP: Atlas, 2001, p. 562.
40
OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Estrutura normativa da segurança e saúde do trabalhador no
BrasiL. Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.45, n.75, jan./jun. 2007, p.112. Disponível
em: < http://www.mg.trt.gov.br/escola/download/revista/rev_75/Sebastiao_Oliveira.pdf > . Acesso em:
27 de setembro de 2010.
41
BRASIL. Convenção da OIT. – Brasília : MTE, SIT, 2002, 62 p.
24

• Convenção nº 155 – Segurança e Saúde dos Trabalhadores, 1981


• Convenção nº 152 – Segurança e Higiene no Trabalho Portuário, 1979
• Convenção nº 148 – Meio Ambiente de Trabalho (Contaminação do Ar, Ruído
e Vibrações), 1977
• Convenção nº 139 – Câncer Profissional, 1974
• Convenção nº 136 – Benzeno, 1971
• Convenção nº 127 – Peso Máximo, 1967
• Convenção nº 124 – Exame Médico dos Menores na Mineração Subterrânea,
1965
• Convenção nº 120 – Higiene no Comércio e Escritórios, 1964
• Convenção nº 115 – Proteção Contra Radiações, 1960
• Convenção nº 113 – Exame Médico de Pescadores, 1959
• Convenção nº 103 – Proteção à Maternidade (Revisada), 1952
• Convenção nº 81 – Inspeção do Trabalho, 1947
• Convenção nº 45 – Trabalho Subterrâneo de Mulheres, 1935
• Convenção nº 42 – Indenização de Trabalhadores por Doenças Ocupacionais
(Revisada), 1934
• Convenção nº 16 – Exame Médico de Menores no Trabalho Marítimo, 1921
• Convenção nº 12 – Indenização por Acidente do Trabalho na Agricultura,
1921

As convenções 184 e 167, ainda não foram recepcionadas pela legislação


brasileira, segundo quadro das convenções ratificadas pelo Brasil do Ministério do
Trabalho e Emprego, com atualização em 16 de junho de 2009.42
Sussekind refere-se à importância estabelecida na Convenção n.º 155 da
OIT: 43

A precitada Convenção n.º 155 determina que os Estados que a ratificarem,


após consulta às organizações representativas dos empregadores e dos

42
BRASIL. Relação das convenções da organização internacional do trabalho ratificadas pelo
Brasil. Ministério do Trabalho. Disponível em : < http://www.mte.gov.br/rel_internacionais
/Quadro_OIT_ratificadas_Brasil_junho_2009.pdf >. Acesso em 27 de setembro de 2010.
43
SUSSEKIND, Arnaldo. Instituições de direito do trabalho. 19. ed., atual. São Paulo, SP: LTR,
2000, 2v. p. 920.
25

trabalhadores, uma “política nacional coerente em matéria de segurança e


saúde dos trabalhadores e de meio ambiente de trabalho” e promovam a
sua execução. Essa política deve procurar “prevenir os acidentes e os
danos para a saúde que sejam consquência do trabalho, guardem relação
com a atividade profissional ou sobrevenham durante o trabalho, reduzindo
ao mínimo, na medida do possível, as causas dos riscos inerentes ao meio
ambiente de trabalho”.

Da mesma opinião é Sebastião Geraldo de Oliveira, quando se refere à


preocupação dos trabalhadores com as condições de trabalho a que ainda são
submetidos: 44

A Convenção da OIT n. 155 sobre segurança e saúde dos trabalhadores dá


impulso a essa nova mentalidade, consagrando a participação ativa dos
trabalhadores nas questões envolvendo segurança, saúde e meio ambiente
de trabalho. Assim, desde o último quartel do século XX, quando os
trabalhadores passaram a reivindicar as melhorias do meio ambiente de
trabalho, está em curso uma nova etapa, ou movimento, denominada
“Saúde do Trabalhador”.

Conclui ao referir-se que o Brasil assumiu importantes compromissos


perante a comunidade internacional, com a obrigação de instituir uma política
nacional coerente sobre a segurança e saúde dos trabalhadores. 45

[...] ao ratificar essa Convenção, o Brasil assumiu importantes


compromissos perante a comunidade internacional, pois deverá instituir e
reexaminar periodicamente uma política nacional coerente em matéria de
segurança e saúde dos trabalhadores e do meio ambiente de trabalho[...].

Pode-se observar que o Estado brasileiro assume a função de garantidor do


bem estar social dos cidadãos, passando a tutelar o trabalho e a saúde dos
trabalhadores de forma específica, com medidas de prevenção de acidentes,
normas de segurança e higiene no trabalho, bem como o desenvolvimento de uma
noção de meio ambiente do trabalho, longe de ser o ideal, ainda recebe

44
OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Estrutura normativa da segurança e saúde do trabalhador no
BrasiL. Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.45, n.75, jan./jun. 2007, p.109. Disponível
em: < http://www.mg.trt.gov.br/escola/download/revista/rev_75/Sebastiao_Oliveira.pdf > . Acesso em:
27 de setembro de 2010.
45
OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Estrutura normativa da segurança e saúde do trabalhador no
BrasiL. Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.45, n.75, jan./jun. 2007, p.113. Disponível
em: < http://www.mg.trt.gov.br/escola/download/revista/rev_75/Sebastiao_Oliveira.pdf > . Acesso em:
27 de setembro de 2010.
26

contribuições dos tribunais e do meio acadêmico, representando o direito a saúde


uma consequência constitucional indissociável do direito à vida.46

1.2 MEIO AMBIENTE DO TRABALHO: CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA

Antes de tudo convém estabelecer que o meio ambiente de trabalho não


está separado do meio ambiente. Como veremos mais adiante tudo o que está
ligado a sadia qualidade de vida, insere-se no conceito de meio ambiente, sendo por
obvio que o meio ambiente de trabalho é apenas uma concepção mais específica,
ou seja, a parte do direito ambiental que cuida das condições de saúde e vida no
trabalho, não estando limitado ao empregado, por vez que todo trabalhador que
cede sua mão de obra exerce sua atividade em um ambiente de trabalho.47
Sendo assim “quando se fala em meio ambiente de trabalho, fala-se de uma
concepção que integra o meio ambiente”. Concepção esta também entendida pela
Organização Internacional do Trabalho – OIT, que na sua conferência de Genebra
de 1988, estabeleceu que o meio ambiente de trabalho é parte integrante e
importante do meio ambiente considerando que em sua totalidade e que as
melhorias do meio ambiente de trabalho elevam a qualidade do meio ambiente em
geral.48
Após este posicionamento verificamos os aspectos relacionados à
denominação meio ambiente de trabalho, o nome que se dava à matéria em estudo
era a higiene e segurança do trabalho, pois assim estava disposto na CLT. Contudo
com a edição da Lei n.º 6.514 de 22 de dezembro de 1977, passou-se a utilizar:
segurança e medicina do trabalho.49

46
ROSSAL, Francisco de Araújo. A saúde do trabalhador como direito fundamental (no Brasil).
JUSTIÇA DO TRABALHO. Porto Alegre, RS: HS Editora.,1984-2010. n.317, Ano27, maio 2010, ex.1
p. 31.
47
ROSSIT, Liliana Allodi. O Meio ambiente de trabalho no direito ambiental brasileiro. São Paulo,
SP: LTR, 2001, p. 67.
48
ROSSIT, Liliana Allodi. O Meio ambiente de trabalho no direito ambiental brasileiro. São Paulo,
SP: LTR, 2001, p. 67-68.
49
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho / Sergio Pinto Martins. 17. ed. São Paulo:Atlas, 2003,
p. 859.
27

Segundo Amauri Mascaro do Nascimento, não resta dúvida quanto à


primeira condição a ser estabelecida pelo empregador é assegurar aos
trabalhadores o desenvolvimento das suas atividades em ambiente moral e rodeado
de segurança e higiene do trabalho.50
Amauri Mascaro do Nascimento adota a expressão meio ambiente de
trabalho, uma vez que a proteção da saúde e segurança do trabalhador inicia-se
pelo meio ambiente, condição que coaduna a posição estabelecida anteriormente.51
No Direito brasileiro, o conceito de meio ambiente foi definido juridicamente
na Lei 6.938/1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, em seu
artigo 3º, Inciso I, conceitua o meio ambiente como “o conjunto de condições, leis
influências e interações de ordem física, química e biológica que permite, abriga e
rege a vida, em todas as suas formas”.52
João José Sady estabelece que o conceito de meio ambiente é amplo, uma
vez que associa a expressão sadia qualidade de vida, considera o conceito jurídico
indeterminado, da forma como colocado pelo legislador, visando assim criar um
espaço positivo de incidência da norma, pois se houvesse precisão conceitual de
meio ambiente, numerosas situações inseridas no alcance de seu conceito,
poderiam deixar de aplicadas.53
Estabelece ainda Amauri Mascaro do Nascimento que o meio ambiente do
trabalho é matéria trabalhista, porque este é a relação entre o homem e o fator
técnico, disciplinado pela Consolidação das Leis do Trabalho, uma vez que ao se
rever o conteúdo das normas sobre segurança e medicina do trabalho, estas ramos
do direito do trabalho, tem por objeto o complexo homem-máquina e trabalhador-

50
NASCIMENTO, Amauri Mascaro.Curso de direito do Trabalho: história e teoria geral do direito:
relações individuais e coletivas do trabalho / Amauri Mascaro do Nascimento. 17 ed. Rev. Atual. e
ampl. São Paulo: Saraiva, 2001, p. 739.
51
NASCIMENTO, Amauri Mascaro.Curso de direito do Trabalho: história e teoria geral do direito:
relações individuais e coletivas do trabalho / Amauri Mascaro do Nascimento. 19 ed. Rev. Atual. e
ampl. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 482.
52
FAVA, Marcos Neve. Meio ambiente do trabalho e direitos fundamentais. Revista de Direito do
Trabalho. São Paulo, SP: Revista dos Tribunais.1976-2010. n.135, ano 35, julho-setembro 2009, ex.1
p.103.
53
SADY, João José. Direito do meio ambiente de trabalho. São Paulo, SP: LTR, 2000, p.15.
28

ambiente, na qual o local de trabalho é a fonte de riscos e perigos, estes que devem
ser evitados.54
Sandro Nahmias Melo dispõe que, a proteção do meio ambiente de trabalho
tem alcançado um desenvolvimento além do que seria previsível, sendo acolhidas,
gradualmente, nos textos legais, normas de proteção da saúde do trabalhador.55
Sidnei Machado estabelece que a questão ambiental, produziu efeitos
importantes para a compreensão da relação entre saúde e trabalho, na qual “o meio
ambiente e o ambiente de trabalho fazem uma aproximação, alargando a questão da
saúde para relacioná-la à proteção do meio ambiente de trabalho”, conclui que há
uma estreita relação entre saúde dos trabalhadores e meio ambiente.56
Para Liliana Allodi Rossit Tudo o que estiver ligado à sadia qualidade de vida
insere-se no conceito de meio ambiente, estabelece que o “meio ambiente de
trabalho” é apenas uma concepção mais específica do direito ambiental, que cuida
das condições da saúde e vida no trabalho, local onde o ser humano desenvolve
suas potencialidades.57
José Afonso da Silva conceitua meio ambiente como “a interação do
conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o
desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas”.58
Percebe-se doutrinariamente, que a noção de meio ambiente é ampliada e
nela, além dos componentes ambientais naturais, também se incluem os
componentes ambientais humanos.59

54
NASCIMENTO, Amauri Mascaro.Curso de direito do Trabalho: história e teoria geral do direito:
relações individuais e coletivas do trabalho / Amauri Mascaro do Nascimento. 17 ed. Rev. Atual. e
ampl. São Paulo: Saraiva, 2001, p. 740.
55
MELO, Sandro Nahmias. Meio ambiente do trabalho: direito fundamental. São Paulo, SP: LTR,
2001, p. 21.
56
MACHADO, Sidnei. O direito à proteção ao meio ambiente de trabalho no Brasil: os desafios
para a construção de uma racionalidade normativa. São Paulo, SP: LTR, 2001, p. 47.
57
ROSSIT, Liliana Allodi. O Meio ambiente de trabalho no direito ambiental brasileiro. São Paulo,
SP: LTR, 2001. p.67.
58
SILVA, José Afonso da. Direito ambiental constitucional. 2. ed. rev. São Paulo, SP: Malheiros,
1998, p. 2.
59
BEZERRA, Maria Wilsam Rodrigues. Responsabilidade civil por danos ao meio ambiente do
trabalho. 2006, 60p. Monografia ( Conclusão de Curso de Direito ). Universidade Estácio de Sá. Rio
de Janeiro-RJ.2006. p.23 Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_84/Mono
DisTeses/MariaWilsam%20.pdf >. Acesso em: 15 de novembro de 2010.
29

Da mesma forma, José Afonso da Silva, considera a existência de três


aspectos do meio ambiente: o meio ambiente artificial, o qual inclui o meio ambiente
de trabalho; o meio ambiente cultural e o meio ambiente natural, essa classificação
tem finalidade apenas jurídica, considerando que os diversos aspectos do meio
ambiente estão submetidos a regime jurídico diverso.60
Neste sentido José Afonso da Silva define como meio ambiente de trabalho
o local em que se desenrola boa parte da vida do trabalhador, cuja qualidade de vida
está por isso em íntima dependência da qualidade daquele ambiente.61
Afirma esse entendimento José Guilherme Purvin de Figueiredo, quando
estabelece que o “meio ambiente do trabalho é o local onde o trabalhador
desenvolve a sua atividade profissional.”62
No mesmo sentido Rodolfo de Camargo Mancuso fala em meio ambiente do
trabalho, ao considerá-lo habitat laboral:63

[...] habitat laboral, isto é, tudo que envolve e condiciona, direta e


indiretamente, o local onde o homem obtém os meios para prover o quanto
necessário para a sua sobrevivência e desenvolvimento, em equilíbrio com
o ecossistema[...].

Mancuso estabelece um contraponto quando esse habitat está em


desequilíbrio:64

A “contrario sensu”, portanto, quando aquele “habitat” se revele inidôneo a


assegurar as condições mínimas para uma razoável qualidade de vida do
trabalhador, aí se terá uma lesão ao meio ambiente do trabalho.

60
SILVA, José Afonso da. Direito ambiental constitucional. 2. ed. rev. São Paulo, SP: Malheiros,
1998, p. 3.
61
SILVA, José Afonso da. Direito ambiental constitucional. 2. ed. rev. São Paulo, SP: Malheiros,
1998, p. 5.
62
FIGUEIREDO, Guilherme José Purvin de. Direito ambiental e a saúde dos trabalhadores. São
Paulo, SP: LTR, 2000, p. 46.
63
MANCUSO, Rodolfo de Camargo, “A ação civil pública trabalhista: análise de alguns pontos
controvertidos”, Revista do Ministério Público do Trabalho, Brasília, nº 12, p. 47-78, set. 1996, p.
59.
64
MANCUSO, Rodolfo de Camargo, “A ação civil pública trabalhista: análise de alguns pontos
controvertidos”, Revista do Ministério Público do Trabalho, Brasília, nº 12, p. 47-78, set. 1996, p.
59.
30

Amauri Mascara do Nascimento quando define como meio ambiente do


trabalho, como o complexo máquina-trabalho, as edificações do estabelecimento,
equipamentos de proteção individual, iluminação, conforte térmico, instalações
elétricas, condições de salubridade ou insalubridade, de periculosidade ou não,
meios de prevenção à fadiga, outras medidas de proteção ao trabalhador e outras
situações que formam o conjunto de condições de trabalho.65
Importante ressalva faz Sandro Nahmias Melo, quanto a definição
apresentada por Amauri Mascaro do Nascimento, quando este refere-se “as
edificações do estabelecimento”, o qual estabelece que tal definição não abrange o
sentido total de meio ambiente de trabalho.66
Questiona Sandro Nahmias Melo que somente se caracteriza meio ambiente
de trabalho aquele caracterizável dentro das instalações de uma empresa. Nahmias
estabelece que o meio ambiente de trabalho não deve ser adstrito às edificações do
estabelecimento como apontado por Amauri Mascaro, pois há trabalhadores que
exercem suas atividades fora do estabelecimento da empresa, como por exemplo
operadores de transporte urbano, pilotos de aeronaves, entre outras diversas
atividades.67
Júlio Cesar de Sá da Rocha entende por meio ambiente do trabalho,
utilizando-se da expressão “ambiência”, dando-lho uma perspectiva mais ampla,
estendendo-o também ao local de moradia ou ao ambiente urbano, como observado
abaixo:68

[...] o meio ambiente do trabalho é a ambiência na qual se desenvolvem as


atividades do trabalho humano. Não se limita ao empregado; todo
trabalhador que cede a sua mão de obra exerce sua atividade em um
ambiente de trabalho. Diante das modificações por que passa o trabalho, o
meio ambiente laboral não se restringe ao espaço interno da fábrica ou da
empresa, mas se estende ao próprio local de moradia ou ao ambiente
urbano[...].

65
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Defesa Processual do Meio Ambiente do Trabalho. REVISTA
LTR: lesgislação do trabalho. São Paulo, SP: LTR. v.63, n.5, maio 1999, ex.1 p. 584.
66
MELO, Sandro Nahmias. Meio ambiente do trabalho: direito fundamental. São Paulo, SP: LTR,
2001, p. 27.
67
MELO, Sandro Nahmias. Meio ambiente do trabalho: direito fundamental. São Paulo, SP: LTR,
2001, p. 28.
68
ROCHA, Júlio César de Sá da. Direito Ambiental e Meio Ambiente do Trabalho. Dano,
Prevenção e Proteção Jurídica, São Paulo, LTr, 1997, p. 30.
31

Tomamos a lição de José Afonso da Silva: 69

A proteção de segurança do ambiente de trabalho significa proteção do


ambiente e da saúde das populações externas aos estabelecimentos
industriais, já que um meio ambiente interno poluído e inseguro expele
poluição e insegurança externa.

Raimundo Simão de Melo refere-se ao meio ambiente de trabalho adequado


e seguro, considerando-o como um dos mais importantes e fundamentais direitos do
cidadão trabalhador o qual se desrespeitado, provoca a agressão a toda a
sociedade, que, no final das contas é quem custeia a previdência social. 70
O conceito de meio ambiente de trabalho como visto relaciona-se
diretamente com o ser humano trabalhador, como pode ser observado quando
Fiorillo define meio ambiente de trabalho como o local onde as pessoas
desempenham suas atividades laborais, sejam remuneradas ou não, cujo equilíbrio
está baseado na salubridade do meio e na ausência de agentes que comprometam
a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores, independente da condição que
ostentem (homens ou mulheres, maiores ou menores de idade, celetistas, servidores
públicos, autônomos, etc).71
Percebe-se uma clara referência ao meio ambiente de trabalho, quando
Arnaldo Sussekind menciona a importância da comissão mista OIT-OMS, ao
estabelecer os princípios diretivos dos serviços de proteção ao trabalhador, ressalta
que eles visam criar um ambiente mais favorável (grifo nosso), menciona ainda
que para atingir tal finalidade a medicina do trabalho tem como objetivo de promover
e manter, no mais alto grau, o bem-estar físico e social dos trabalhadores de todas
as profissões; de prevenir todo dano causado à saúde dos mesmos pelas
condições de seu trabalho (grifo nosso).72

69
SILVA, José Afonso da. Direito ambiental constitucional. 2. ed. rev. São Paulo, SP: Malheiros,
1998, p. 5.
70
MELO, Raimundo Simão de, Meio Ambiente do Trabalho - Prevenção e Reparação - Juízo
Competente, Repertório IOB de Jurisprudência, 1ª quinz. de jul./97, nº 13/97 - Caderno 2, p. 250.
71
FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 5 ed., São Paulo,
Saraiva, 2000, p. 21.
72
SUSSEKIND, Arnaldo. Instituições de direito do trabalho. 19. ed., atual. São Paulo, SP: LTR,
2000, 2v.p. 913-914.
32

Desta forma segundo Sidnei Machado, mais adequado é considerar o meio


ambiente de trabalho, como o meio ambiente artificial. Na medida em que
considerara que a contaminação do meio ambiente inicia-se no ambiente interno das
empresas, atingindo consequentemente a saúde dos trabalhadores. Considera desta
forma como meio ambiente de trabalho o conjunto de condições internas e externas
do local de trabalho e sua relação com a saúde do trabalhador.73
Importante frisar que nem sempre o ambiente de trabalho fisicamente
perfeito pode resultar em saúde do trabalhador, para Leonardo Rodrigues
Itacaramby Bessa, deve se ficar atento às questões de ordem moral e psicológica,
as quais podem influenciar negativamente sobre a saúde do trabalhador, apontando
riscos como: estresse, queda na qualidade de vida e cobranças excessivas.74
Raimundo Simão de Melo estabelece importante esclarecimento quanto à
abrangência do que vem a ser o meio ambiente de trabalho e suas consequências
na qualidade de vida do trabalhador:75

Quando se fala em meio ambiente do trabalho, por sua vez, não se está
falando apenas do local de trabalho estritamente, mas das condições
de trabalho e de vida fora do trabalho como consequência de uma sadia
qualidade de vida que se almeja para o ser humano; quando se fala em
meio ambiente do trabalho, é de se pensar nas consequências de um
acidente ou doença laboral que atingem não somente o homem como
trabalhador, mas este como ser humano.

O meio ambiente de trabalho está relacionado com o maior valor tutelado


pela constituição federal, a vida, sendo difuso o interesse em protegê-la. Neste
sentido a proteção ao meio ambiente de trabalho tem o objetivo de garantir a saúde
e a qualidade de vida sadia, no qual se desprende do Artigo 196 da Constituição

73
MACHADO, Sidnei. O direito à proteção ao meio ambiente de trabalho no Brasil: os desafios
para a construção de uma racionalidade normativa. São Paulo, SP: LTR, 2001, p. 66.
74
BESSA, Leonardo Rodrigues Itacaramby. Meio ambiente de trabalho enquanto direito fundamental
sua eficácia e meios de exigibilidade judicial. REVISTA LTR: lesgislação do trabalho. São Paulo, SP:
LTR.,19uu-. Mensal.n.5, Ano74, mai. 2010, ex.1 .p. 560.
75
MELO, Raimundo Simão de. Direito ambiental do trabalho e a saúde do trabalhador:
responsabilidades legais, dano material, dano moral, dano estético, perda de uma chance. 2ª ed. São
Paulo: LTr, 2006, p. 57.
33

Federal que a saúde é um direito de todos, resultando assim um caráter de


indivisibilidade, dando-lhe característica de direito difuso. 76
Maria Wilsam Rodrigues Bezerra, extrai importante citação de Raimundo
Simão de Melo: 77

Por isso, considera-se o meio ambiente do trabalho não um mero direito


trabalhista; ele é muito mais que isto: trata-se de um direito fundamental do
trabalhador como cidadão e ser humano, norteado no artigo 1º da Carta
Maior, que entre outros fundamentos da República Federativa do Brasil
inscreve como importantes os valores sociais do trabalho e a dignidade da
pessoa humana, que não se dissociam da existência e manutenção de um
meio ambiente do trabalho seguro, sadio, salubre e adequado. Tudo,
portanto, deve ser feito para que se atinja esse desiderato, sendo a
responsabilidade objetiva fundada na socialização do Direito, um dos
aspectos necessários à concretização de tais fundamentos constitucionais.

A regulamentação do Meio Ambiente do Trabalho, segurança e saúde do


trabalhador está fundada na Constituição Federal de 1988, pois foi ela que elevou à
categoria de direito fundamental a proteção à saúde do trabalhador, por meios de
normas de saúde e segurança.78
Da mesma forma estabelece Celso Antonio Pacheco Fiorillo quando ensina
que a proteção à saúde do trabalhador foi elevada a categoria de direito
fundamental, pelo poder constituinte, tornando-as desta forma cláusula pétrea.79
A constituição inclui entre os direitos dos trabalhadores a redução dos riscos
inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança, como
bem estabelecido no artigo 7º, inciso XXII:80

76
ROSSIT, Liliana Allodi. O Meio ambiente de trabalho no direito ambiental brasileiro. São Paulo,
SP: LTR, 2001, p.68.
77
BEZERRA, Maria Wilsam Rodrigues. Responsabilidade civil por danos ao meio ambiente do
trabalho. 2006, 60p. Monografia ( Conclusão de Curso de Direito ). Universidade Estácio de Sá. Rio
de Janeiro-RJ.2006. p. 35. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_84/Mono
DisTeses/MariaWilsam%20.pdf >. Acesso em: 15 de novembro de 2010.
78
MACHADO, Sidnei. O direito à proteção ao meio ambiente de trabalho no Brasil: os desafios
para a construção de uma racionalidade normativa. São Paulo, SP: LTR, 2001, p. 85.
79
FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Meio ambiente do trabalho em face do direito ambiental
brasileiro. Disponível em:< http://www.nima.puc-rio.br/aprodab/artigos/celso_antonio_pachec
o_fiorillo.pdf >. Acesso em: 08 de Novembro de 2010.
80
SILVA, José Afonso da. Direito ambiental constitucional. 2. ed. rev. São Paulo, SP: Malheiros,
1998, p. 5.
34

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
[...]
XXII — redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de
saúde, higiene e segurança;

Para Sebastião Oliveira a Constituição de 1988 contempla no art. 225 o


direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado como essencial à sadia
qualidade de vida, destacando no art. 200, inciso VIII, a proteção ao meio ambiente,
nele compreendido o do trabalho. A expansão e o reconhecimento do direito
ambiental acabam beneficiando também o meio ambiente do trabalho e a qualidade
de vida do trabalhador.81
O artigo 200, inciso VIII , da Constituição Federal especifica:

Ao sistema único de saúde, compete, além de outras atribuições, nos


termos da lei:
[...]
VIII – colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do
trabalho.

Da mesma forma, segundo Leonardo Rodrigues Itacaramby Bessa, além da


previsão de proteção ao meio ambiente em geral, previsto no artigo 255 da
Constituição Federal, o artigo 196, assegura a saúde como um direito de todos e
dever do estado, reforçando o entendimento já asseverado no inciso VIII do artigo
200, que cabe ao sistema único de saúde, colaborar na proteção ao meio ambiente,
nele compreendido o do trabalho.82
Sandro Nahmias Melo esclarece que a tutela mediata do meio ambiente do
trabalho também se verifica através da previsão do direito à saúde, apontada em
vários momentos na constituição federal de 1988.83

81
OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Estrutura normativa da segurança e saúde do trabalhador no
BrasiL. Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.45, n.75, jan./jun.2007, p. 110. Disponível
em: < http://www.mg.trt.gov.br/escola/download/revista/rev_75/Sebastiao_Oliveira.pdf > . Acesso em:
27 de setembro de 2010.
82
BESSA, Leonardo Rodrigues Itacaramby. Meio ambiente de trabalho enquanto direito fundamental
sua eficácia e meios de exigibilidade judicial. REVISTA LTR: legislação do trabalho. São Paulo, SP:
LTR.,19uu-. Mensal.n.5, Ano74, mai. 2010, ex.1 p. 561.
83
MELO, Sandro Nahmias. Meio ambiente do trabalho: direito fundamental. São Paulo, SP: LTR,
2001, p. 38.
35

Celso Antonio Pacheco Fiorillo estabelece que a proteção à saúde do


trabalhador, e ao meio ambiente de trabalho, estabelecida na Constituição Federal
de 1988 dispensa ao meio ambiente do trabalho tutela imediata e mediata. Com
efeito, a proteção imediata prevista no artigo 200, inciso VIII e a mediata prevista no
artigo 225, caput, incisos IV, VI do parágrafo primeiro e o § 3º, não podendo deixar
de lado os artigos 5º e 7º, que em diversas passagens, indicam a proteção ao meio
ambiente.84
Temos na Constituição Federal:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,


bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida [...]
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
[...]
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente,
estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
[...]
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
[...]
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.

Por proteção imediata e mediada pegamos a definição apresentada por


Sandro Nahmias Melo, na qual, destaca que o legislador ao utilizar a expressão
“sadia qualidade de vida”, estabeleceu dois sujeitos de tutela ambiental: um
imediato, que é a qualidade do meio ambiente, e outro mediato, que é a saúde, o
bem-estar e a segurança da população, que se sintetizam na expressão qualidade
de vida.85
Fiorillo ao referir-se sobre o tema, destaca: 86

84
FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Meio ambiente do trabalho em face do direito ambiental
brasileiro. Disponível em:< http://www.nima.puc-rio.br/aprodab/artigos/celso_antonio_
pacheco_fiorillo.pdf >. Acesso em: 08 de Novembro de 2010.
85
MELO, Sandro Nahmias. Meio ambiente do trabalho: direito fundamental. São Paulo, SP: LTR,
2001, p. 19.
86 86
FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Meio ambiente do trabalho em face do direito ambiental
brasileiro. Disponível em:< http://www.nima.puc-rio.br/aprodab/artigos/celso_antonio
_pacheco_fiorillo.pdf >. Acesso em: 08 de Novembro de 2010.
36

A concretização desse direito fundamental reclama a observação de outras


tantas normas atreladas ao preceito. Dentre elas, encontramos as relativas
à proteção da saúde do trabalhador, conforme já observamos no art. 7º,
XXII e XXIII, da Constituição Federal. Além disso, um pouco mais à frente,
prescreve o legislador que o Sistema Único de Saúde tem, entre outras
funções, a atribuição de “executar as ações de vigilância sanitária e
epidemiológica, bem como de saúde do trabalhador”.

Destaca Francisco Rossal de Araújo, que “inserir a saúde do trabalhador


como direito fundamental é fruto de uma longa luta a ampliação de consciência que
pode ser vista na evolução normativa”. Considera que esse direito compõe o
conjunto de direitos fundamentais previstos na constituição Brasileira, tanto no
aspecto individual, quanto no social, e ai inserido o meio ambiente de trabalho
sadio.87
Sidnei Machado estabelece o meio ambiente de trabalho como direito
fundamental, caracterizando-o como “macrobem”: “o meio ambiente de trabalho
como “macrobem” que protege a vida em todas as suas formas assegura a toda a
coletividade o direito de viver em ambiente que não ofereça riscos a saúde e à vida”.
Para Sidnei Machado isto significa o direito a prestação positiva do estado à
proteção do meio ambiente de trabalho.88
Liliana Allodi Rossit estabelece a saúde como bem ambiental, e este último
tendo por característica um bem de uso comum e assim usufruído por todos, desta
forma considera que a saúde, a luz da Constituição Federal, como direito de todos e
dever do Estado, essencial à sadia qualidade de vida. Destaca que ao tratar o bem
ambiental, surge uma terceira categoria de bem que não se confunde com o
denominado bem particular, tão pouco com o bem público, apresentando natureza
jurídica de bem difuso, com definição dada pelo artigo 81 do código de defesa do
consumidor.89

Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas
poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.

87
ROSSAL, Francisco de Araújo. A saúde do trabalhador como direito fundamental (no Brasil).
JUSTIÇA DO TRABALHO. Porto Alegre, RS: HS Editora.,1984-2010. n.317, Ano27, maio 2010, ex.1
p. 14.
88
MACHADO, Sidnei. O direito à proteção ao meio ambiente de trabalho no Brasil: os desafios
para a construção de uma racionalidade normativa. São Paulo, SP: LTR, 2001, p. 91.
89
ROSSIT, Liliana Allodi. O Meio ambiente de trabalho no direito ambiental brasileiro. São Paulo,
SP: LTR, 2001, p. 94.
37

Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:


I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste
código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares
pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste
código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo,
categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por
uma relação jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os
decorrentes de origem comum.

Liliana Allodi Rossit conclui que a saúde possui, inegavelmente, tais


características.90
Da mesma forma Sandro Nahmias Melo estabelece a natureza difusa do
meio ambiente de trabalho, destacando que a mesma advém da circunstancia dos
titulares do direito não estarem ligados por qualquer liame jurídico, mas sim de
fato.91
Sandro Nahmias Melo estabelece seu entendimento baseado no
ensinamento de Celso Antonio Pacheco Fiorillo, quando aborda o tema meio
ambiente do trabalho:92

Neste, o objeto jurídico tutelado é a saúde e segurança do trabalhador, qual


seja da sua vida, na medida que Le integrante do povo, titular do direito ao
meio ambiente, possui direito à sadia qualidade de vida. O que se procura
salvaguardar é pois, o homem trabalhador, enquanto ser vivo, das formas
de degradação do meio ambiente onde exerce o seu labuto, que é essencial
93
à sua qualidade de vida. Trata-se pois, de um direito difuso.

Este entendimento também é seguido pelo Supremo Tribunal Federal, e pelo


Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região, observando-se no julgamento do

90
ROSSIT, Liliana Allodi. O Meio ambiente de trabalho no direito ambiental brasileiro. São Paulo,
SP: LTR, 2001, p. 94.
91
MELO, Sandro Nahmias. Meio ambiente do trabalho: direito fundamental. São Paulo, SP: LTR,
2001, p. 28.
92
MELO, Sandro Nahmias. Meio ambiente do trabalho: direito fundamental. São Paulo, SP: LTR,
2001, p. 28.
93
FIORILLO, 1997 apud MELO, Sandro Nahmias. Meio ambiente do trabalho: direito fundamental.
São Paulo, SP: LTR, 2001, p. 33-34.
38

Recurso Ordinário interposto nos autos da Ação Civil Pública n.º 1251-2004-002-22-
00-6, assim decidido:94

EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. VIOLAÇÃO ÀS


NORMAS DE SAÚDE, HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Compete à Justiça do
Trabalho julgar as ações que tenham como causa de pedir o
descumprimento de normas trabalhistas relativas à segurança, higiene e
saúde dos trabalhadores (Inteligência da Súmula 736 do STF). AÇÃO CIVIL
PÚBLICA QUE VISA À PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO.
LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. Nos termos
do art.83, III, da Lei Complementar nº 75/1993, compete ao Ministério
Público do Trabalho promover a ação civil pública no âmbito da Justiça do
Trabalho para defesa de interesses coletivos, quando desrespeitados os
direitos sociais constitucionalmente garantidos. Em casos como o dos
autos, em que as agressões ao meio ambiente do trabalho se traduzem
em ofensa à dignidade da pessoa humana e aos valores sociais do
trabalho e envolvem interesses difusos e coletivos, é inegável a
legitimidade do MPT para a propositura da ação civil pública
correspondente, sendo irrelevante o fato de os trabalhadores prejudicados
serem submetidos a regime celetista ou estatutário. DECISÂO:Por
unanimidade, conhecer do recurso ordinário, rejeitar as preliminares
suscitadas e, no mérito, por maioria, dar-lhe parcial provimento para excluir
da condenação a indenização por dano moral coletivo ante a ausência de
pedido. Vencida, parcialmente, a Exma. Sra. Desembargadora Enedina
Maria Gomes dos Santos (Relatora) que mantinha a referida indenização.
(grifo nosso)

Tal entendimento se repete quando o Colendo Tribunal Regional do


Trabalho da 22ª Região, ao julgar o Recurso Ordinário interposto nos autos da Ação
Civil Pública n.º 00525-2008-102-22-00-1, sob a relatoria da Desembargadora
Enedina Maria Gomes dos Santos, proferiu seguinte decisão.95

RECURSO ORDINÁRIO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. VIOLAÇÃO ÀS NORMAS


DE SAÚDE, HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO. COMPETÊNCIA
DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Compete à Justiça do Trabalho julgar as
ações que tenham como causa de pedir o descumprimento de normas
trabalhistas relativas à segurança, higiene e saúde dos trabalhadores
(Inteligência da Súmula 736 do STF). AÇÃO CIVIL PÚBLICA QUE VISA À

94
DANTAS, Adriano Mesquita. A tutela do meio ambiente laboral. Associação dos Magistrados do
Trabalho da 13ª Região/Escola Superior da Magistratura Trabalhista da Paraíba. João Pessoa: ano 3,
n.3, (setembro.2010). p.23-24. Disponível em: < http://www.amatra13.org.br/new/cp/revista
/22.09.2010-05.09.45-revista_da_esmat13_ano3_3setembro_2010.pdf >. Acesso em: 15 de
novembro de 2010.
95
DANTAS, Adriano Mesquita. A tutela do meio ambiente laboral. Associação dos Magistrados do
Trabalho da 13ª Região/Escola Superior da Magistratura Trabalhista da Paraíba. João Pessoa: ano 3,
n.3, (setembro.2010). p.23-24. Disponível em: < http://www.amatra13.org.br/new/cp/revista
/22.09.2010-05.09.45-revista_da_esmat13_ano3_3setembro_2010.pdf >. Acesso em: 15 de
novembro de 2010.
39

PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO. LEGITIMIDADE DO


MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. Nos termos do art.83, III, da Lei
Complementar nº 75/1993, compete ao Ministério Público do Trabalho
promover a ação civil pública no âmbito da Justiça do Trabalho para defesa
de interesses coletivos, quando desrespeitados os direitos sociais
constitucionalmente garantidos. Em casos como o dos autos, em que as
agressões ao meio ambiente do trabalho se traduzem em ofensa à
dignidade da pessoa humana e aos valores sociais do trabalho e envolvem
interesses difusos e coletivos, é inegável a legitimidade do MPT para a
propositura da ação civil pública correspondente. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
MATADOURO PÚBLICO MUNICIPAL. PERMANÊNCIA DE CONDIÇÕES
INDIGNAS DE TRABALHO E CONSTATAÇÃO DE LABOR INFANTIL.
INTERDIÇÃO QUE DEVE SER MANTIDA. Não merece ser provido o
recurso que pleiteia a reabertura de matadouro público interditado em razão
da constatação de labor infantil e de condições indignas de trabalho,
sobretudo quando o recorrente não comprova a adoção de medidas
concretas e eficazes para proibir o acesso de crianças e adolescentes no
estabelecimento, para promover a dignidade, a saúde, a higiene e a
segurança dentro do ambiente de trabalho, nem tampouco a implementação
de política para inserir as crianças em programas sociais de erradicação do
trabalho infantil (DJ/PI de 30/04/2010 - DT – Maio/2010 – vol. 190, p. 68).

Leonardo Rodrigues Itacaramby Bessa, esclarece quanto a conhecida


divisão dos direitos fundamentais em gerações reconhecidos conforme seu
momento histórico, tendo em um primeiro momento, os direitos fundamentais de
primeira geração, aqueles que surgiram para conter ou impedir as liberdades
individuais contra o Estado, basicamente o direito à liberdade. Em seguida, os
direitos fundamentais de segunda geração, são eles os direitos sociais, econômicos
e culturais, que exigiam não só condutas negativas e protetivas contra o Estado,
mas a demanda passa à tutelas positivas de implementação de garantias e direitos
pelo Estado, mas ainda ligados ao indivíduo.96
Destacando o sentido que deve ser dado aos direitos sociais no qual: um
objetivo, estabelecido como o conjunto das normas nas quais o Estado cumpre sua
função de estabelecer o equilíbrio das desigualdades sociais; e o subjetivo como a
faculdade dos indivíduos e dos grupos em participar dos benefícios da vida social.97
Por fim, a terceira dimensão dos direitos fundamentais, e nesta encontramos
o meio ambiente do trabalho, caracterizado pelo meio ambiente sadio e
ecologicamente equilibrado, a uma saudável qualidade de vida, direitos estes

96
BESSA, Leonardo Rodrigues Itacaramby. Meio ambiente de trabalho enquanto direito fundamental
sua eficácia e meios de exigibilidade judicial. REVISTA LTR: legislação do trabalho. São Paulo, SP:
LTR.,19uu-. Mensal.n.5, Ano74, mai. 2010, ex.1 p. 562.
97
BESSA, Leonardo Rodrigues Itacaramby. Meio ambiente de trabalho enquanto direito fundamental
sua eficácia e meios de exigibilidade judicial. REVISTA LTR: legislação do trabalho. São Paulo, SP:
LTR.,19uu-. Mensal.n.5, Ano74, mai. 2010, ex.1 p. 562.
40

titularizados por pessoas indeterminadas e indetermináveis, dada a sua própria


natureza e caracterizando-se consequentemente, como direitos de titularidade
coletiva ou difusa.98
Adriano Mesquita Dantas assevera que o meio ambiente ecologicamente
equilibrado é direito fundamental, de terceira geração, justificando seu
posicionamento no que nos traz a Constituição Federal, em diversas passagens,
destacando as principais:99

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e


na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme
os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
[...]
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos
de elaboração e prestação;
[...]
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições,
nos termos da lei:
[...]
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do
trabalho.
[...]
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º. Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
[...]
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente:

Assim também conclui Leonardo Rodrigues Itacaramby Bessa, quando


estabelece que o ambiente de trabalho seguro constitui direito fundamental, este por

98
DANTAS, Adriano Mesquita. A tutela do meio ambiente laboral. Associação dos Magistrados do
Trabalho da 13ª Região/Escola Superior da Magistratura Trabalhista da Paraíba. João Pessoa: ano 3,
n.3, (setembro.2010). p.23-24. Disponível em: < http://www.amatra13.org.br/new/cp/revista
/22.09.2010-05.09.45-revista_da_esmat13_ano3_3setembro_2010.pdf >. Acesso em: 15 de
novembro de 2010.
99
DANTAS, Adriano Mesquita. A tutela do meio ambiente laboral. Associação dos Magistrados do
Trabalho da 13ª Região/Escola Superior da Magistratura Trabalhista da Paraíba. João Pessoa: ano 3,
n.3, (setembro.2010). p.23-24. Disponível em: < http://www.amatra13.org.br/new/cp/revista
/22.09.2010-05.09.45-revista_da_esmat13_ano3_3setembro_2010.pdf >. Acesso em: 15 de
novembro de 2010.
41

se tratar de direito difuso, insere-se no rol de direitos fundamentais de terceira


geração.100
Sandro Nahmias Melo conclui que o direito ao meio ambiente de trabalho
equilibrado, considerado como aspecto do meio ambiente geral, ou considerado
como elemento essencial a vida, com qualidade e dignidade, é portanto um direito
fundamental do trabalhador.101

100
BESSA, Leonardo Rodrigues Itacaramby. Meio ambiente de trabalho enquanto direito fundamental
sua eficácia e meios de exigibilidade judicial. REVISTA LTR: legislação do trabalho. São Paulo, SP:
LTR.,19uu-. Mensal.n.5, Ano74, mai. 2010, ex.1 p. 565.
101
MELO, Sandro Nahmias. Meio ambiente do trabalho: direito fundamental. São Paulo, SP: LTR,
2001, p.114.
42

2 PROTEÇÃO JURÍDICA DA SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHADOR

2.1 PREVISÃO CONSTITUCIONAL DAS NORMAS DE SEGURANÇA E SAÚDE


NO TRABALHO

Verificamos que o meio ambiente do trabalho insere-se no meio ambiente


como um todo, considerado este como aspecto do meio ambiente geral102, conforme
já observado anteriormente. Por sua vez, este meio ambiente integra o rol dos
direitos humanos fundamentais, objetivando o respeito à “dignidade da pessoa
humana”, Gustavo Filipe Barbosa Garcia, estabelece que “parte da doutrina do
Direito Constitucional inclui o meio ambiente, justamente, entre os chamados direitos
fundamentais”. 103
Estabelece ainda que importantes direitos trabalhistas, estão diretamente
relacionados à Segurança e Medicina do Trabalho fazendo estes parte dos direitos
sociais, já figurados como direitos humanos fundamentais.104
Conclui Gustavo Filipe Barbosa Garcia, que é nítida a interdependência
entre o meio ambiente do trabalho, a segurança e medicina do trabalho, o direito do
trabalho, os direitos fundamentais e sociais e o Direito constitucional.105
Desta forma observamos que dentre os direitos fundamentais do trabalhador
esta à proteção à vida e integridade física, começando pela preservação do meio
ambiente de trabalho.106

102
MELO, Sandro Nahmias. Meio ambiente do trabalho: direito fundamental. São Paulo, SP: LTR,
2001, p. 114.
103
GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Relações de trabalho no setor canavieiro na era do etanol e
da bioenergética. Tribunal Regional do Trabalho. Região, 24ª. Escola Superior da Magistratura.
Idéias Legais. Campo Grande-MS:Escola Superior da Magistratura da 24ª Região, 2007, p. 18.
104
GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Relações de trabalho no setor canavieiro na era do etanol e
da bioenergética. Tribunal Regional do Trabalho. Região, 24ª. Escola Superior da Magistratura.
Idéias Legais. Campo Grande-MS: Escola Superior da Magistratura da 24ª Região, 2007, p. 19.
105
GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Relações de trabalho no setor canavieiro na era do etanol e
da bioenergética. Tribunal Regional do Trabalho. Região, 24ª. Escola Superior da Magistratura.
Idéias Legais. Campo Grande-MS:Escola Superior da Magistratura da 24ª Região, 2007, p.19.
106
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho : história e teoria geral do direito
do trabalho : relações individuais e coletivas do trabalho / Amauri Mascaro Nascimento. 22. ed., rev. e
atual. São Paulo : Saraiva, 2007, p. 539.
43

Destaca ainda Amauri Mascaro do Nascimento quanto aos direitos


fundamentais o seguinte entendimento:107

Esses direitos, na esfera das relações de trabalho, têm como fundamento a


necessidade de garantia de um mínimo ético, que deve ser preservado nos
ordenamentos jurídicos, nas relações de trabalho como forma de
organização jurídico-moral da sociedade quanto à vida, saúde, integridade
física, personalidade e outros bens jurídicos valiosos pra defesa da
liberdade e integração dos trabalhadores na sociedade, perante a qual têm
o dever-direito ao trabalho. (grifo nosso )

Neste sentido Monica Maria Lauzid de Moraes, firma entendimento que a


preocupação do Estado quanto à proteção dos trabalhadores não é recente e que
em quase todos os países, verifica-se através de suas Constituições, que o
legislador procura tutelar as atividades profissionais, de forma a proporcionar o
direito a saúde e segurança no meio ambiente de trabalho.108
Acompanhando esse entendimento observamos a dicção de Sussekind,
quando estabelece que o exercício de qualquer atividade profissional provoca riscos
e isso se verifica desde os trabalhos domésticos, como os realizados em minas e na
construção.109
Continua Sussekind, que a partir da constituição de 1946 a higiene e
segurança do trabalho ganharam hierarquia constitucional, referida nas
Constituições de 1967, reformulada na de 1969, e finalmente na constituição de
1988 foi incluída como direito social do trabalhador.110
Segundo Monica Maria Lauzid de Moraes, temos na Constituição Federal de
1988, o diploma jurídico que mais conferiu direito aos trabalhadores.111

107
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho : história e teoria geral do direito
do trabalho : relações individuais e coletivas do trabalho / Amauri Mascaro Nascimento. 22. ed., rev. e
atual. São Paulo : Saraiva, 2007, p. 491.
108
MORAES, Monica Maria Lauzid de. O direito à saúde e segurança no meio ambiente do
trabalho : proteção, fiscalização e efetividade normativa. São Paulo: LTr, 2002, p. 45.
109
MARANHÃO, Délio; VIANNA, Segadas; TEIXEIRA FILHO, João de Lima; SUSSEKIND, Arnaldo.
Instituições de direito do trabalho. 19. ed., atual. São Paulo, SP: LTR, 2000, 2v.p. 903.
110
MARANHÃO, Délio; VIANNA, Segadas; TEIXEIRA FILHO, João de Lima; SUSSEKIND, Arnaldo.
Instituições de direito do trabalho. 19. ed., atual. São Paulo, SP: LTR, 2000, 2v.p. 910.
111
MORAES, Monica Maria Lauzid de. O direito à saúde e segurança no meio ambiente do
trabalho : proteção, fiscalização e efetividade normativa. São Paulo: LTr, 2002, p. 48.
44

Beatriz de Felippe Reis, ao discorrer sobre o meio ambiente de trabalho


digno, afirma que:112

A Constituição Federal de 88 elevou a categoria de direito fundamental, e,


portanto, de cláusula pétrea, a proteção à saúde do trabalhador bem como
de todo e qualquer destinatário das normas constitucionais.

Raimundo Simão de Melo destaca que na Constituição Federal, “o mais


fundamental direito do homem, consagrado em todas as declarações internacionais,
é o direito a vida”, sem o qual não é possível o gozo dos demais direitos humanos.
Discorre que conforme assegura a Constituição Federal, em seu Artigo 225, que a
vida com qualidade, depende que o trabalhador tenha uma vida com qualidade e
que esta deve ser assegurada com o que, estabelece como pilares básicos: trabalho
decente e em condições seguras e salubres.113
Para Monica Maria Lauzid de Moraes a Constituição de 1988 previu os
direitos sociais, já reclamados pelos economicamente mais fracos, destacando ainda
que todos, empresários, empregados e o Estado, devem atuar juntos para a
moralização do Direito Social do Trabalho e consequentemente, na proteção do
direito à saúde e segurança no meio ambiente do trabalho.114
Segundo Sebastião Geraldo de Oliveira, a Constituição Federal de 1988,
esta afinada com a tendência internacional de assegurar a eliminação dos riscos na
origem, quando estabeleceu em seu Art. 7º, XXII, a redução dos riscos inerentes ao
trabalho, por meios de normas de saúde, higiene e segurança, esta última com o
objetivo primordial de garantir a proteção da integridade física do trabalhador, a
higiene com o objetivo do controle dos agentes do ambiente do trabalho, desta
forma atingindo a manutenção da saúde em seu amplo sentido.115

112
REIS, Beatriz de Felippe. Meio Ambiente do Trabalho Digno: Direito Humano de Todos os
Trabalhadores. JUSTIÇA DO TRABALHO. Porto Alegre, RS: HS Editora.,1984-2009. n.302, Ano26,
fev. 2009, ex.1 p. 48.
113
MELO, Raimundo Simão de. Direito ambiental do trabalho e a saúde do trabalhador:
responsabilidades legais, dano material, dano moral, dano estético, indenização pela perda de uma
chance, prescrição. 3. ed. São Paulo: LTr, 2008, p. 31.
114
MORAES, Monica Maria Lauzid de. O direito à saúde e segurança no meio ambiente do
trabalho : proteção, fiscalização e efetividade normativa. São Paulo: LTr, 2002, p. 48.
115
OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Proteção jurídica à saúde do trabalhador. 3. ed. São Paulo:
LTr, 2001, p. 129.
45

Destaca ainda Sebastião Geraldo de Oliveira, o princípio constitucional de


que a saúde é dever do estado, estabelecido no Art. 196 da Constituição Federal,
quando adaptado ao Direito do Trabalho, considera então a saúde direito do
trabalhador e dever do empregador. 116
Para Raimundo Simão de Melo o Art. 196 da Constituição Federal de 1988,
é uma “confirmação de que o Direito ambiental do Trabalho não é mero Direito
Trabalhista”, no qual a saúde como direito de todos e dever do estado deve ser
garantida por meio de políticas sociais e econômicas que visem à redução dos
riscos e de doenças, completado pelo Artigo 200, que estabelece entre outras,
ações de saúde do trabalhador, colaboração na proteção do meio ambiente, nele
compreendido o do trabalho.117
Ao discorrer sobre o meio ambiente do trabalho na Constituição Federal de
1988, Leonardo Rodrigues Itacaramby Bessa traz que:118

A atual Carta Política, seguindo o compasso de imprimir constitucionalidade


aos valores mais importantes para a cidadania, como vimos, produz as
bases para construção da tutela ambiental através do suporte do legislador
infraconstitucional. Inúmeras convenções internacionais ratificadas no
Brasil, a própria CLT e as proteções específicas previstas no Art. 7º da
Constituição, são exemplo de como a proteção ao meio ambiente de
trabalho encontra guarida no ordenamento pátrio. No entanto ainda assim,
observamos a construção do conceito e proteção expressa ao meio
ambiente de trabalho no texto constitucional.
Além da previsão de proteção ao meio ambiente em geral no Art 225, a
Constituição já no seu Art. 196, onde assegura a saúde como direito de
todos e dever do Estado, para em seguida, no inciso VII do Art. 200, dispor
que o sistema único de saúde deve colaborar na proteção ao meio
ambiente, nele compreendido o do trabalho, a nosso ver, consolida tal
direito como preceito constitucional e direito de todos.

Sendo assim a proteção jurídica à saúde do trabalhador, diz respeito não


somente a qualidade de vida do trabalhador, mas também a sua integridade física e

116
OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Estrutura normativa da segurança e saúde do trabalhador no
BrasiL. Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.45, n.75, jan./jun.2007, p. 111. Disponível
em: < http://www.mg.trt.gov.br/escola/download/revista/rev_75/Sebastiao_Oliveira.pdf > . Acesso em:
27 de setembro de 2010.
117
MELO, Raimundo Simão de. Direito ambiental do trabalho e a saúde do trabalhador:
responsabilidades legais, dano material, dano moral, dano estético, indenização pela perda de uma
chance, prescrição. 3. ed. São Paulo: LTr, 2008, p. 32.
118
BESSA, Leonardo Rodrigues Itacaramby. Meio ambiente de trabalho enquanto direito fundamental
sua eficácia e meios de exigibilidade judicial. REVISTA LTR: legislação do trabalho. São Paulo, SP:
LTR.,19uu-. Mensal.n.5, Ano74, mai. 2010, ex.1 p. 561.
46

bem estar, Amauri Mascaro do Nascimento considera que a proteção ao meio


ambiente do trabalho, deve ser garantido pelo Direito, o qual deve fixar condições
mínimas a serem observadas pelas empresas, quanto a suas instalações, quanto as
condições de trabalho e exposição do trabalhador a agentes nocivos, conforme pode
ser observado abaixo:119

A proteção ao meio ambiente do trabalho tem por suporte um conceito: para


que o trabalhador atue em local apropriado, o Direito deve fixar condições
mínimas a serem observadas pelas empresas, que quanto às instalações
onde as oficinas e demais dependências se situam, quer quanto às
condições de contágio com agentes nocivos à saúde ou de perigo que a
atividade possa oferecer.

Neste sentido a segurança e medicina do trabalho relacionam-se com o


direito tutelar do trabalho, pois tem como objetivo zelar pela integridade física do
trabalhador, evitando acidentes, preservando a saúde, proporcionando a
humanização do trabalho.120
Destaca ainda que a importância da saúde e a incolumidade física do
trabalho como fator integrante do próprio direito à vida estão como valor inestimável
que deve ser protegido por todos os meios, e completa:121

[...] a sistemática técnico-jurídica corporificada nas normas da segurança e


medicina do trabalho representa um instrumental de grande valia, a
valorizar e dignificar a vida humana, além do patrimônio jurídico do trabalho,
representado pela sua força de trabalho.

No ensinamento de Sebastião Geraldo de Oliveira, o trabalhador tem direito


à redução de todos os riscos, físicos, químicos, fisiológicos e psíquicos, que afetam
a sua saúde no ambiente de trabalho, para este último, Sebastião adota um conceito
ampliado de saúde, abrangendo o bem-estar físico, mental e social, destaca ainda
que a OIT em sua convenção 155, no Art. 3º, já faz essa ampliação do conceito de

119
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho : história e teoria geral do direito
do trabalho : relações individuais e coletivas do trabalho / Amauri Mascaro Nascimento. 22. ed., rev. e
atual. São Paulo : Saraiva, 2007, p. 541.
120
JORGE NETO, Francisco Ferreira. Direito do trabalho / Francisco Ferreira Jorge Neto e Jouberto
de Quadros Pessoa Cavalcante. 4. ed. Rio de Janeiro : Lumen Juris, 2008,. p. 847.
121
JORGE NETO, Francisco Ferreira. Direito do trabalho / Francisco Ferreira Jorge Neto e Jouberto
de Quadros Pessoa Cavalcante. 4. ed. Rio de Janeiro : Lumen Juris, 2008, p. 848.
47

saúde, na qual traz explicitamente os elementos mentais, conforme demonstrado in


verbis.122

Artigo 3 - Para os fins da presente Convenção:


[...]
e) o termo “saúde”, com relação ao trabalho, abrange não só a ausência de
afecção ou de doenças, mas também os elementos físicos e mentais que
afetam a saúde e estão diretamente relacionados com a segurança e a
higiene no trabalho. ( grifo nosso )

Neste sentido também entende Beatriz de Felippe Reis, quando estabelece


que a proteção ao meio ambiente do trabalho, com atendimento as normas de saúde
e segurança do trabalho, é essencial para a dignidade da pessoa humana do
trabalhador, bem como preservação de sua incolumidade física, completa que: o Art.
7º, XXII, da Constituição Federal de 1988, como norma de direito fundamental não
pode ficar somente em sede programática, é dever do empregador ou tomador do
serviço de um trabalhador, adotar as medidas efetivas de garantia de um meio
ambiente de trabalho saudável.123
Observamos assim, que o empregador tem a obrigação de zelar pela
segurança, saúde e higiene de seus trabalhadores, completa Francisco Ferreira
Jorge Neto e Jouberto de Quadros Pessoa Cavalcante, cumprindo e fazendo
cumprir os dispositivos legais, criando acima de tudo condições necessárias
referentes à medicina e segurança do trabalho.124
Este entendimento contempla também a previsão constitucional expressa no
Art. 7º, XXII, a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meios de normas de
saúde, higiene e segurança, condição esta explicita na Norma Regulamentadora NR
1 – Disposições Gerais, da Portaria 3.214, de 08 de junho de 1978, que determina

122
OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Proteção jurídica à saúde do trabalhador. 3. ed. São Paulo:
LTr, 2001, p. 129.
123
REIS, Beatriz de Felippe. Meio Ambiente do Trabalho Digno: Direito Humano de Todos os
Trabalhadores. JUSTIÇA DO TRABALHO. Porto Alegre, RS: HS Editora.,1984-2009. n.302, Ano26,
fev. 2009, ex.1 p.52.
124
JORGE NETO, Francisco Ferreira. Direito do trabalho / Francisco Ferreira Jorge Neto e Jouberto
de Quadros Pessoa Cavalcante. 4. ed. Rio de Janeiro : Lumen Juris, 2008, p. 848.
48

que cabe ao empregador, cumprir e fazer cumprir as disposições legais e


regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho.125
Raimundo Simão de Melo, ao referir-se ao Direito do Trabalho, destaca que
o bem ambiental, no qual faz parte a vida do trabalhador como pessoa e integrante
da sociedade, deve ser preservado por meio da implementação de adequadas
condições de trabalho, higiene e medicina do trabalho, conclui que cabe ao
empregador a obrigação de preservar e proteger o meio ambiente laboral.126
Destaca ainda, que o Brasil, em termos de Legislação ambiental, é um dos
países mais avançados do mundo, fato que ocorre também no aspecto do meio
ambiente do trabalho.127
Importante frisar o alcance das normas de segurança e medicina do
trabalho, quanto aos sujeitos abrangidos pela legislação:128

[...] ao nos referirmos ao direito à saúde e segurança do trabalho, os


sujeitos abrangidos para a aplicação da legislação de proteção serão os
trabalhadores em sentido amplo, quer sejam os obreiros com vínculo
empregatício, quer os sem vínculo empregatício ( trabalhador avulso ), sob
a égide da Consolidação das Leis do Trabalho ( CLT ).

Importante também o entendimento firmado por Arion Sayão Romita, quanto


à observância das normas de segurança e medicina do trabalho, nas quais não se
limitam apenas as relações jurídicas entre empresas e empregados, conforme
observamos:129

A observância das normas de segurança e medicina do trabalho não se


impõe apenas na relação jurídica entre a empresa e seus empregados.

125
BRASIL. Lei n. 6.514, de 22 de dezembro de 1977: Normas Regulamentadoras (NR) aprovadas
pela Portaria n. 3.214, de 8 de junho de 1978. In: Manual de Legislação Atlas: Segurança e
Medicina do Trabalho. São Paulo, SP: Atlas, 2009, 65 ed. p. 12.
126
MELO, Raimundo Simão de. Direito ambiental do trabalho e a saúde do trabalhador:
responsabilidades legais, dano material, dano moral, dano estético, indenização pela perda de uma
chance, prescrição. 3. ed. São Paulo: LTr, 2008, p. 32.
127
MELO, Raimundo Simão de. Direito ambiental do trabalho e a saúde do trabalhador:
responsabilidades legais, dano material, dano moral, dano estético, indenização pela perda de uma
chance, prescrição. 3. ed. São Paulo: LTr, 2008, p. 30.
128
MORAES, Monica Maria Lauzid de. O direito à saúde e segurança no meio ambiente do
trabalho : proteção, fiscalização e efetividade normativa. São Paulo: LTr, 2002, p. 45.
129
ROMITA, Arion Sayão. Direitos fundamentais nas relações de trabalho / Arion Sayão Romita.
São Paulo: LTr, 2005, p. 379.
49

Estende-se às relações travadas pela empresa contratante e os


empregados da contratada, no tocante a estes, quando ocorre a
subcontratação (ou exteriorização de serviços). Na empresa contratante,
trabalham ombro a ombro seus empregados e os das empresas
prestadoras de serviços.

Fiorillo destaca que a proteção ambiental não deve ficar restrita a relações
de natureza “unicamente empregatícia”, entenda-se estas como àquelas em que há
o vínculo formal de emprego, no qual o trabalho é subordinado. Esclarece que na
Constituição Federal de 1988, é possível observar que o legislador quando refere-se
a relações de trabalho, de natureza subordinada ou não, diz respeito a prestação de
serviços, de mesma forma quando refere-se à relação de emprego, o faz
expressamente, a exemplo do Art. 7º, Inciso I. Para Fiorillo “o que interessa é a
proteção ao meio ambiente onde o trabalho é prestado, seja em que condições
for”. 130
Destaca Beatriz de Felippe Reis, que não é somente o trabalhador ( que
possui contrato de emprego ) que tem direito a um meio ambiente equilibrado, a luz
do artigo 196 da Constituição Federal de 1988, que dispõe que a saúde é direito de
todos e dever do estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que
visem à redução de risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.131
Completa que “pode-se extrair do dispositivo constitucional dois aspectos
importantes; o caráter difuso do direito à saúde, à semelhança do direito ao meio
ambiente equilibrado, e o caráter preventivo que deve informar a atuação estatal”.
Conclui que as regras de prevenção e de medicina do trabalho não aplicam-se
somente as relações regidas pela CLT.132

130
FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 5. ed. São Paulo:
Saraiva, 2004, p. 291.
131
REIS, Beatriz de Felippe. Meio Ambiente do Trabalho Digno: Direito Humano de Todos os
Trabalhadores. JUSTIÇA DO TRABALHO. Porto Alegre, RS: HS Editora.,1984-2009. n.302, Ano26,
fev. 2009, ex.1 p.53.
132
REIS, Beatriz de Felippe. Meio Ambiente do Trabalho Digno: Direito Humano de Todos os
Trabalhadores. JUSTIÇA DO TRABALHO. Porto Alegre, RS: HS Editora.,1984-2009. n.302, Ano26,
fev. 2009, ex.1 p.53.
50

Observamos nos dispositivos abaixo, elencados por Monica Maria Lauzid de


Moraes, a intenção do legislador em inserir na Constituição Federal de 1988, artigos
relacionados à segurança e saúde do trabalhador no meio ambiente do trabalho:133

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988


TITULO II
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Capítulo II – Dos Direitos Sociais
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, ...
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
[...]
XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de
saúde, higiene e segurança;
XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou
perigosas, na forma da lei;
XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem
excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou
culpa;
XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de
18 ( dezoito ) e de qualquer trabalho a menores de 16 ( dezesseis ) anos,
salvo na condição de aprendiz, a partir de 14 ( quatorze ) anos.

TÍTULO III
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
Capítulo II – Da União

Art 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e


dos Municípios:
[...]
II – cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das
pessoas portadoras de deficiência.
[...]
Art. 24 Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
[...]
XII – previdência social, proteção e defesa da saúde

TÍTULO VIII
DA ORDEM SOCIAL
Capítulo II – Da Seguridade Social
Seção II – Da Saúde
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do estado, garantindo mediante
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de
outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e serviços pra sua
promoção, proteção e recuperação.
[...]
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições,
nos termos da lei:
[...]
II – executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as
de saúde do trabalhador;

133
MORAES, Monica Maria Lauzid de. O direito à saúde e segurança no meio ambiente do
trabalho : proteção, fiscalização e efetividade normativa. São Paulo: LTr, 2002, p. 54.
51

[...]
VIII – colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do
trabalho.

ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS


Art. 10 Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o Art.
7º, I, da Constituição:
[...]
II – fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa:
Do empregado eleito para o cargo de direção de comissões internas de
prevenção de acidentes, desde o registro de sua candidatura até um anos
após o final de seu mandato.

Analisando sistematicamente estes dispositivos constitucionais, observamos


a nítida interdependência entre os direitos à vida, a saúde do trabalhador e ao meio
ambiente do trabalho equilibrado. 134

2.2 EXIGIBILIDADE X EFETIVIDADE DAS NORMAS DE SEGURANÇA E SAÚDE


NO TRABALHO

Pelo que foi apresentado é possível afirmar que a segurança e saúde do


trabalhador trata-se de um direito humano, do rol dos direitos fundamentais, desde a
proteção ao “meio ambiente de trabalho”135, até a proteção de sua saúde por meio
de “normas de segurança e higiene do trabalho”136.
A inserção da saúde do trabalhador como direito fundamental pode ser
observada na evolução normativa, para Francisco Rossal de Araujo é fruto de luta e
ampliação de consciência, considera que este direito esta dentro do rol de direitos
positivados pela Constituição Brasileira, tanto do ponto de vista individualista, como

134
SILVA, José Antônio Ribeiro de Oliveira. A saúde do trabalhador na Constituição Federal e na
legislação infraconstitucional – Avaliação crítica. CAMAT. Ribeirão Preto, 23 abril 2008. Disponível
em : <http://camat.com.br/arquivos/artigos/artigo_saude_do_trabalhador _na_cf_analise_cri
tica_anamatra.pdf> . Acesso em 25 Abril 2011.
135
MELO, Sandro Nahmias. Meio ambiente do trabalho: direito fundamental. São Paulo, SP: LTR,
2001, p.114.
136
GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Relações de trabalho no setor canavieiro na era do etanol e
da bioenergética. Tribunal Regional do Trabalho. Região, 24ª. Escola Superior da Magistratura.
Idéias Legais. Campo Grande-MS: Escola Superior da Magistratura da 24ª Região, 2007, p. 19.
52

o direito a vida e a integridade física, quanto ao seu aspecto social, neste o direito a
saúde e ao meio ambiente de trabalho sadio.137
Sendo a saúde do trabalhador um direito fundamental, “como tal é
inalienável, imprescritível e irrenunciável”. Assim considera José Antonio Ribeiro de
Oliveira Silva ao tratar o tema:138

E é um direito natural de todos os trabalhadores, em todos os tempos e


lugares, ainda que sua positivação tenha ocorrido tardiamente, como se viu.
Se a saúde do trabalhador é algo a ele inerente, imanente, em respeito à
sua dignidade essencial e até mesmo para uma boa prestação de serviços
ao empregador, trata-se de um direito natural, no sentido de intrínseco à
conformação de sua personalidade e de seu desenvolvimento enquanto
pessoa.
É um direito imprescindível para o ser humano. De tal forma que assim se
insere no continente maior dos direitos humanos, como conteúdo destes,
vale dizer, como um dos valores fundamentais do sistema jurídico, sem o
qual a dignidade da pessoa humana estará seriamente ameaçada.

Extraímos do Art. 7º, inciso XXII, da Constituição Federal de 1988, o


princípio protetor da segurança e saúde do trabalhador, quando o legislador refere-
se a “redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde,
higiene e segurança”. Temos então tutelada a proteção jurídica do trabalhador, com
o emprego de normas técnicas que promovam o seu bem estar físico e mental.139
Observa-se que em qualquer relação de trabalho, deve-se observar as
normas de proteção, “promovendo os meios necessários para a prevenção das
agressões à saúde no meio ambiente do trabalho”, o direito a redução dos riscos
inerentes ao trabalho é fator fundamental para a produção de leis
infraconstitucionais de proteção ao trabalhador.140
O dever de observar as normas de segurança e saúde no trabalho é referido
por Sebastião Geraldo de Oliveira quanto trata das normas de ordem pública ou

137
ROSSAL, Francisco de Araújo. A saúde do trabalhador como direito fundamental (no Brasil).
JUSTIÇA DO TRABALHO. Porto Alegre, RS: HS Editora.,1984-2010. n.317, Ano27, maio 2010, ex.1
p. 14.
138
SILVA, José Antônio Ribeiro de Oliveira. A saúde do trabalhador como um direito humano.
Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, Campinas, n. 31, p. 109-137, jul./dez.
2007. Disponível em: <http://www.trt15.jus.br/escola_da_magistratura/Rev31_art7.pdf>. Acesso em:
25 de abril de 2011.
139
MORAES, Monica Maria Lauzid de. O direito à saúde e segurança no meio ambiente do
trabalho : proteção, fiscalização e efetividade normativa. São Paulo: LTr, 2002, p. 49.
140
MORAES, Monica Maria Lauzid de. O direito à saúde e segurança no meio ambiente do
trabalho : proteção, fiscalização e efetividade normativa. São Paulo: LTr, 2002, p. 49-50.
53

normas cogentes141, a qual “não deixam qualquer margem de opção para o


particular”, diferente as consideradas dispositivas, que permitem aos particulares
disporem de forma diferente. Reforça que as regras que protegem altos interesses
sociais, envolvendo os princípios fundamentais da ordem jurídica são de ordem
pública.142
Sebastião Geraldo de Oliveira refere-se que no campo do Direito do
Trabalho, predominam as normas cogentes, em função dos altos interesses sociais
envolvidos, da inferioridade econômica do empregado, em relação ao empregador,
trazendo importante ensinamento de Amaro Barreto:143

O princípio geral predominante, na tutela do trabalho, é o de que as normas


protetoras do mesmo são prevalentemente de ordem pública,
transcendendo o interesse individual e atingindo ao interesse social. Tais
normas, que regem interesse público, por sobre o interesse individual, são
imperativas, indeclináveis e inderrogáveis.

Tal entendimento é observado quando o Colendo Tribunal Regional do


Trabalho da 8ª Região, ao julgar o Recurso Ordinário interposto nos autos da Ação
n.º 00857-2008-202-08-00-0, sob a relatoria do Desembargador Mario Leite Soares,
proferiu a seguinte decisão sobre a supressão do intervalo intrajornada.144

PROCESSO TRT-8ª/3ª TURMA/RO/00857-2008-202-08-00-0.


RECORRENTE: TCM TRANSPORTES COLETIVO MACAPÁ LTDA (Dr.ª
Julia Marques da Luz e outros). RECORRIDO: SILVANA SOUZA DA SILVA
(Dr. Jean E Silva Dias). RELATOR: Desembargador Federal do Trabalho
Mario Leite Soares. EMENTA: INTERVALO INTRAJORNADA. REPOUSO
FRACIONADO. Reputa-se inválida a cláusula coletiva de trabalho, que

141
Para Egon Felix Gosttschalk, quando a ordem jurídica não confere ao sujeito de Direito a
faculdade de regulamentar livremente as suas relações jurídicas, determinando sua conduta de
maneira absoluta, soberana e incondicional, estabelece que o direito é cogente, da mesma forma
estabelece que o direito é dispositivo quando a mesma ordem jurídica permite ao sujeito de Direito
editar sua própria norma de conduta, “condicionando a validade da norma legal ao não uso desta
faculdade”. GOTTSCHALK, Egon Felix.Norma pública e privada no direito do trabalho.Ed. fac-
similada São Paulo, SP: LTR, 1995, p.192.
142
OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Proteção jurídica à saúde do trabalhador. 3. ed. São Paulo:
LTr, 2001, p. 40.
143
OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Proteção jurídica à saúde do trabalhador. 3. ed. São Paulo:
LTr, 2001, p. 41.
144
TRT- 8ª/3ª TURMA/RO/00857-2008-202-08-00-0. Relator: Mario Leite Soares. Data de Julgamento
15/10/2008. Diário Oficial: 17/10/2008.. Disponível em: <
http://www.trt8.jus.br/diario/Download/PDF/2008/10%20-%20Outubro/20081017.pdf > Acesso em: 27
de Abril de 2011.
54

reduz ou suprime intervalo intrajornada, vez que se trata de norma de


ordem pública atinente à saúde e segurança do trabalho, sendo,
portanto insuscetível de disposição, mediante negociação coletiva,
conforme preconiza a Orientação Jurisprudencial nº 342, da SDI-1, do
C. TST. Procedente, pois, a condenação das horas intervalares. Decisão:
acordam os desembargadores da terceira turma do Egrégio Tribunal
Regional do Ttrabalho da Oitava Região, unanimemente, em conhecer do
recurso ordinário; no mérito, por maioria de votos, vencido o exmo.
desembargador Luís José de Jesus Ribeiro, negar-lhe provimento, para
manter a decisão recorrida em todos os seus termos; tudo conforme os
fundamentos.( GRIFO NOSSO)

Passando a analise do conteúdo da Orientação Jurisprudencial n.º 342, da


SDI-1:145

Orientação jurisprudencial do tribunal superior do trabalho seção de


dissídios individuais (subseção i)
342. Intervalo intrajornada para repouso e alimentação. Não concessão ou
redução.
Previsão em norma coletiva. Invalidade. Exceção aos condutores de
veículos rodoviários,empregados em empresas de transporte coletivo
urbano (alterada em decorrência do julgamento do processo TST
IUJEEDEDRR 1226/2005-005-24-00.1)
- Res. 159/2009, DEJT divulgado em 23, 24 e 25.11.2009 I - É inválida
cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho contemplando a
supressão ou redução do intervalo intrajornada porque este constitui
medida de higiene, saúde e segurança do trabalho, garantido por
norma de ordem pública (art. 71 da CLT e art. 7º, XXII, da CF/1988),
infenso à negociação coletiva. (GRIFO NOSSO )

Observamos conforme entendimento acima demonstrado as normas que


visam resguardar a saúde dos trabalhadores, fixando as condições mínimas para
sua execução, são dadas por normas de ordem pública ou cogentes.146
O mesmo entendimento e dado por Mauricio Godinho Delgado, ao tratar da
jornada de trabalho e intervalo, ao considerar que as normas jurídicas concernentes
à jornada e intervalo não possuem apenas caráter estritamente econômicos, uma
vez que “podem alcançar em determinados casos, o caráter determinante de regras

145
BRASIL. Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho seção de dissídios
individuais – SDI-1.OJ n.º 342.. Disponível em :< http://brs02.tst.jus.br/cgi-in/nph-
brs?d=BLNK&s1=%28342%29+e+bddi.base.&u=http://www.tst.gov.br/jurisprudencia/brs
/genep.html&p=1&r=1&f=G&l=0 >Acesso em 25 abril 2011.
146
SILVA, José Antônio Ribeiro de Oliveira. Violação do direito a saúde do trabalhador. CAMAT.
Ribeirão Preto. Disponível em: <http://camat.com.br/arquivos/artigos/violacoes_ao_direito_
a_saude_do_trabalhador.pdf >. Acesso em: 25 de abril de 2011.
55

de medicina e segurança do trabalho, portanto, normas de saúde pública”,


abrangidas pela dicção do Art. 7º, Inciso XXII, da Constituição Federal de 1988. 147
Concluímos que quando nos referimos às normas relativas à segurança e
saúde no trabalho, falamos de normas iminentemente cogentes ou de ordem
pública, uma vez que as partes não possuem liberdade alguma para ignorar ou
disciplinar de forma diversa os preceitos por elas estabelecidos, senão para ampliar
sua proteção, uma vez que a proteção mínima já esta estabelecida.148
Desta forma uma vez estabelecido que no direito constitucional, a proteção
legal do meio ambiente laboral está prevista no direito à “redução dos riscos
inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança”, esta
incluída no rol dos Direitos Fundamentais. Salienta-se que além disso, cabe
observar que o Brasil possui uma das mais avançadas e extensas legislações a
respeito da matéria, a qual impõe ao empregador o cumprimento de diversas
prescrições normativas com vista a prevenir ao máximo os riscos de acidente e
doenças ocupacionais.149
Mariana Furlan Teixeira e Eugênio Hainzenreder Junior ao discorrem sobre
os instrumentos jurídicos para a preservação da qualidade ambiental no meio
ambiente de trabalho, estabelecem que a “fundamentalidade do direito dos
trabalhadores” de desenvolverem suas atividades em um meio ambiente equilibrado,
não depende apenas da prestação positiva do Estado, mas de toda a coletividade,
de forma a tornar eficaz a sua defesa, exigindo tanto do Estado como do particular, a
adoção de mecanismos administrativos, instituídos pelo ordenamento jurídico,
fazendo destaque entre eles: o PPRA – Programa de prevenção de Riscos
Ambientais, o PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, o
PCMAT – Programa de Controle do Meio Ambiente de Trabalho na Industria da
Construção, bem como da manutenção de CIPA – Comissão Interna de Prevenção

147
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 5. Ed. São Paulo: LTr. 2006. p.919.
148
OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Proteção jurídica à saúde do trabalhador. 3. Ed. São Paulo:
LTr, 2001, p. 41.
149
BRASIL, Ministério do Trabalho e Emprego. Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do
Rio Grande do Sul.Embargo e interdição: Instrumento de preservação da vida e da saúde dos
trabalhadores; A experiência da Seção de Segurança e Saúde do Trabalhador – SEGUR/RS. Porto
Alegre: Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Rio Grande do Sul. Seção de
Segurança e Saúde do Trabalhador / SEGUR/RS, 2010, p. 29.
56

de Acidentes e SESMT – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em


Medicina do Trabalho.150
No plano infraconstitucional encontramos na CLT, um capítulo dedicado à
Segurança e Medicina do Trabalho, complementado por Normas Regulamentadoras,
estabelecidas na Portaria n.º 3.214/1978, editadas pelo Ministério do Trabalho e
Emprego, normas de segurança e saúde ainda podem ser dispostas em códigos de
obras, regulamentos sanitários estaduais e municipais, referencias técnicas como as
da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, assim como acordos ou
151
convenções coletivas conforme dispõe o Art. 154 da CLT.
A exigência de cumprimento das Normas de Segurança e Saúde no trabalho
encontra-se estabelecida no Art. 157 da CLT e no item 1.7 da Norma
Regulamentadora NR 1 – Disposição Geral, que determina que cabe as empresas
cumprir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e
medicina do trabalho, instruindo os empregados através de ordens de serviço,
quanto as precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou
doenças ocupacionais, in verbis:152

CLT
Art. 157 Cabe as Empresas
I – cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho;
II – instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às
precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças
ocupacionais;
III – adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional
competente;
IV – facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade regional competente.

Portaria 3.214/78
Norma Regulamentadora NR 1 – Disposições Gerais

150
TEIXEIRA, Mariana Furlan, JUNIOR, Eugênio Hainzenreder. Um estudo sobre o meio ambiente do
trabalho: Sua conceituação e institutos jurídicos para a sua proteção – Greve ambiental e acção civil
pública. JUSTIÇA DO TRABALHO. Porto Alegre, RS: HS Editora.,1984-2010. n.303, Ano26, março
2009, ex.1 p. 11.
151
BRASIL, Ministério do Trabalho e Emprego. Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do
Rio Grande do Sul.Embargo e interdição: Instrumento de preservação da vida e da saúde dos
trabalhadores; A experiência da Seção de Segurança e Saúde do Trabalhador – SEGUR/RS. Porto
Alegre: Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Rio Grande do Sul. Seção de
Segurança e Saúde do Trabalhador / SEGUR/RS, 2010, p. 30.
152
BRASIL, Ministério do Trabalho e Emprego. Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do
Rio Grande do Sul.Embargo e interdição: Instrumento de preservação da vida e da saúde dos
trabalhadores; A experiência da Seção de Segurança e Saúde do Trabalhador – SEGUR/RS. Porto
Alegre: Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Rio Grande do Sul. Seção de
Segurança e Saúde do Trabalhador / SEGUR/RS, 2010, p. 30.
57

[...]
1.7 Cabe ao empregador:
a) Cumprir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentares sobre
segurança e medicina do trabalho;
b) elaborar ordens de serviço sobre segurança e saúde no trabalho, dando
ciência aos empregados por comunicados, cartazes ou meios eletrônicos:
I – Previnir atos inseguros no desempenho do trabalho;
II – divulgar as obrigações e proibições que os empregados devam
conhecer e cumprir;
III - dar conhecimento aos empregados de que serão passíveis de punição,
pelo descumprimento das ordens de serviço expedidas;
IV - determinar os procedimentos que deverão ser adotados em caso de
acidente do trabalho e doenças profissionais ou do trabalho;
V - adotar medidas determinadas pelo MTb;
VI - adotar medidas para eliminar ou neutralizar a insalubridade e as
condições inseguras de trabalho.
c) informar aos trabalhadores:
I - os riscos profissionais que possam originar-se nos locais de trabalho;
II - os meios para prevenir e limitar tais riscos e as medidas adotadas pela
empresa;
III - os resultados dos exames médicos e de exames complementares de
diagnóstico aos quais os próprios trabalhadores forem submetidos;
IV - os resultados das avaliações ambientais realizadas nos locais de
trabalho.
d) permitir que representantes dos trabalhadores acompanhem a
fiscalização dos preceitos legais e regulamentares sobre segurança e
medicina do trabalho.
e) determinar os procedimentos que devem ser adotados em caso de
acidente ou doença relacionada ao trabalho.

Também encontra-se expresso na Convenção 155 e 161 da OIT –


Organização Internacional do Trabalho a exigência por parte do empregador a
proteção da segurança e saúde dos trabalhadores, in verbis:153

Art 16. Convenção 155 da OIT


Será exigido dos empregadores que, à medida que for razoável e possível,
garantam que os locais de trabalho, o maquinário, os equipamentos e as
operações e processo que estiverem sob seu controle são seguros e não
envolvem risco algum para a segurança e a saúde dos trabalhadores.

Art. 5º Convenção 161 da OIT


Sem prejuízo de responsabilidade de cada empregador a respeito da saúde
e segurança dos trabalhadores que emprega, e tendo na devida conta a
necessidade de participação dos trabalhadores em matéria de segurança e
saúde no trabalho, os serviços de saúde no trabalho devem assegurar as
funções, dentre as seguintes, que sejam adequadas e ajustadas aos riscos
da empresa com relação à saúde no trabalho.
a) Identificar e avaliar os riscos para a saúde, presentes nos locais de
trabalho;

153
LIMA FILHO, Francisco das C. O meio ambiente laboral e a proteção ao trabalhador. Jornal
Trabalhista Consulex, n.º 1239, de 15 de setembro de 2008. Disponível em: <
http://www.trt24.gov.br/arq/download/biblioteca/24opiniao/O%20meio%20ambiente%20laboral%20e%
20a%20protecao%20ao%20trabalhador.pdf > .Acesso em 10 de maio de 2011.
58

b) Vigiar os fatores do meio de trabalho e as práticas de trabalho que


possam afetar a saúde dos trabalhadores, inclusive as instalações
sanitárias, as cantinas e as áreas de habitação, sempre que esses
equipamentos sejam fornecidos pelo empregador;
c) Prestar assessoria quanto ao planejamento e a organização do trabalho,
inclusive sobre a concepção dos locais de trabalho, a escolha,
manutenção e o estado das máquinas e dos equipamentos, bem como
sobre o material utilizado no trabalho;
d) Participar da elaboração de programas de melhoria das praticas de
trabalho, bem como dos testes de avaliação de novos equipamentos no
que concerne aos aspectos da saúde;
e) Prestar assessoria nas áreas da saúde, da segurança e da higiene no
trabalho, da ergonomia e, também, no que concerne aos equipamentos
de proteção individual e coletiva;
f) Acompanhar a saúde dos trabalhadores em relação com o trabalho;
g) Promover a adaptação do trabalho aos trabalhadores;
h) Contribuir para as medidas de readaptação profissional;
i) Colaborar na difusão da informação, na formação e na educação nas
áreas e da higiene do trabalho, bem como na ergonomia;
j) Organizar serviços de primeiros socorros e de emergência;
k) Participar da análise de acidentes de trabalho e das doenças
profissionais.

Observamos tanto na Norma Regulamentadora NR 01 quanto nas


Convenções 155 e 161 da OIT, a obrigação de adoção e observância das medidas
preventivas de segurança e saúde dos trabalhadores.154
Para Eduardo Gabriel Saad, a previsão constante no Art. 157 da CLT,
estabelecendo a obrigação do empregador em cumprir à lei, no que se refere à
saúde do trabalhador, reside também na obrigação de exigir de seus subordinados a
observância das mesmas normas, onde lhe couber. 155
Para Sidnei Machado toda cultura legislativa de saúde e segurança no
trabalho esta delimitada no Capitulo V da CLT, instituindo as principais medidas de
prevenção de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, disciplinando as
obrigações dos empregados e empresas.156

154
LIMA FILHO, Francisco das C. O meio ambiente laboral e a proteção ao trabalhador. Jornal
Trabalhista Consulex, n.º 1239, de 15 de setembro de 2008. Disponível em: <
http://www.trt24.gov.br/arq/download/biblioteca/24opiniao/O%20meio%20ambiente%20laboral%20e%
20a%20protecao%20ao%20trabalhador.pdf > .Acesso em 10 de maio de 2011.
155
SAAD, Eduardo Gabriel. Consolidação das Leis do Trabalho comentada. 39 ed. Atual. e rev. e
ampl. por José Eduardo Duarte Saad, Ana Maria Saad Castello Branco. São Paulo: LTr, 2006,p.188.
156
MACHADO, Sidnei. O direito à proteção ao meio ambiente de trabalho no Brasil: os desafios
para a construção de uma racionalidade normativa. São Paulo, SP: LTR, 2001, p. 96.
59

Sidnei reforça que a entendimento do Art. 157 da CLT, os empregadores


estão sujeitos ao cumprimento das normas de proteção, afirma que a atividade
preventiva é delegada as empresas, as quais estão obrigadas e dependendo do
número de funcionários, a manter serviços especializados em engenharia de
segurança e em medicina do trabalho, bem como comissões de prevenção de
acidentes do trabalho, não descartando a obrigação dos empregados em cumprir as
normas de segurança fixadas pela empresa.157
Sidnei refere-se à Convenção 155 da OIT, como o primeiro instrumento da
Organização Internacional do Trabalho que faz menção ao meio ambiente de
trabalho ao lado da saúde e segurança dos trabalhadores, com a ampliação do
conceito de segurança e higiene de forma a contemplar o meio ambiente de
trabalho, impõe aos Estados a obrigação de adoção de uma “política nacional de
segurança e saúde dos trabalhadores e de preservação do meio ambiente de
trabalho”.158
Para Monica Maria Lauzid de Moraes, na CLT encontramos as normas
gerais disciplinadoras necessárias para garantir a aplicação das medidas técnicas
de segurança e medicina do trabalho, de forma a dotá-las de efetividade, para que
sejam realmente observadas.159
Estabelece ainda, que a legislação de segurança e medicina do trabalho
define as competências de cada sujeito da relação de trabalho, sejam aqueles
envolvidos diretamente, empregador e empregados, sejam aqueles envolvidos
indiretamente no dever legal de proteção ao trabalhador, o Estado.160
Completa que o Estado, possui o dever legal de proteção da saúde do
trabalhador, disciplinado no Art. 196 da Constituição Federal de 1988, no qual
incumbiu ao órgão de âmbito nacional, Ministério do Trabalho e Emprego, as
atribuições relativas entre outras a proteção da saúde do trabalhador, como a edição
da Portaria n.º 3214/78, que regulamenta as Normas Regulamentadoras sobre

157
MACHADO, Sidnei. O direito à proteção ao meio ambiente de trabalho no Brasil: os desafios
para a construção de uma racionalidade normativa. São Paulo, SP: LTR, 2001, p. 97.
158
MACHADO, Sidnei. O direito à proteção ao meio ambiente de trabalho no Brasil: os desafios
para a construção de uma racionalidade normativa. São Paulo, SP: LTR, 2001, p. 94.
159
MORAES, Monica Maria Lauzid de. O direito à saúde e segurança no meio ambiente do
trabalho : proteção, fiscalização e efetividade normativa. São Paulo: LTr, 2002, p. 63.
160
MORAES, Monica Maria Lauzid de. O direito à saúde e segurança no meio ambiente do
trabalho : proteção, fiscalização e efetividade normativa. São Paulo: LTr, 2002, p. 64.
60

segurança e medicina do trabalho, bem como as atividades fiscalizadoras realizadas


pelas DRT’s – Delegacias Regionais do Trabalho.161
Ivo Eugênio Marques apresenta um ponto crucial sobre a defesa do meio
ambiente de trabalho, quanto à aplicação das normas de proteção a segurança e
saúde do trabalhador, referindo-se a imposição de obrigação somente aos
particulares:162

De fato, a normatização existente impõe basicamente ao empregador, e a


mais ninguém, o dever de adotar medidas de proteção ao chamado meio
ambiente de trabalho. É a Consolidação das Leis de Trabalho o principal
diploma legal de proteção ao interesse em estudo neste trabalho. O
problema é que a CLT tem como alvo as relações de emprego, que são
aquelas nas quais o vínculo une empregados e empregador, observados os
conceitos nela própria definidos ( seus artigos 2º e 3º, em especial ). Nas
demais relações de trabalho geralmente não há lei impondo a adoção de
medidas de proteção ao meio ambiente do trabalho a alguma das partes da
relação jurídica em razão de sua condição nesta relação.

Observa Ivo Eugenio Marques que a CLT impõe obrigação de proteção à


saúde e segurança dos trabalhadores somente as relações jurídicas nela
estabelecidas, empregado e empregador, conclui que a Lei deveria estabelecer a
proteção a outras classes abrangidas pelo trabalho humano, distinta juridicamente
da classe dos empregadores, afirmando que o “tomador de mão-de-obra”, a
“cooperativa”, e incluindo inclusive a administração pública, deveriam ‘ser
responsabilizados pela adoção de medidas capazes de permitir a efetivação do
direito de todos os trabalhadores que para si trabalhem a um meio ambiente do
trabalho sadio”.163
Neste sentido também entende Francisco das C. Lima e Filho ao tratar da
insuficiência da proteção jurídica ao meio ambiente laboral, na qual considera que o

161
MORAES, Monica Maria Lauzid de. O direito à saúde e segurança no meio ambiente do
trabalho : proteção, fiscalização e efetividade normativa. São Paulo: LTr, 2002, p. 64.
162
MARQUES, Ivo Eugênio. Efetividade na proteção do meio ambiente do trabalho: uma breve
análise crítica de alguns aspectos do sistema legal brasileiro. In: MELO, Raimundo Simão. Meio
ambiente de trabalho / coordenação Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho. – São
Paulo: LTr, 2002, p. 64.
163
MARQUES, Ivo Eugênio. Efetividade na proteção do meio ambiente do trabalho: uma breve
análise crítica de alguns aspectos do sistema legal brasileiro. In: MELO, Raimundo Simão. Meio
ambiente de trabalho / coordenação Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho. – São
Paulo: LTr, 2002, p. 64.
61

legislador ainda mantém uma tendência conservadora conferindo proteção à


segurança e saúde do trabalhador àquele com vínculo formal de emprego. 164
Conclui que não são apenas os trabalhadores que trabalham com carteira
assinada que necessitam de proteção, “mas todos independente do ofício exercido
ou da forma como possam exercer seu trabalho”, para estes trabalhadores
Francisco das C. Lima e Filho reporta-se ao Art. 200, inciso VIII da Constituição
Federal de 1988, o qual estabelece que uma das atribuições do sistema único de
saúde consiste em colaborar para a proteção do meio ambiente, nele compreendido
o do trabalho, o qual não faz referencia a um vínculo formal de emprego.165
Embora Ivo Eugenio Marques e Francisco das C. Lima e Filho refiram-se
que a legislação de segurança e saúde no trabalho não faz referencia a outras
classes de trabalhadores a qual devem ser submetida às normas de proteção,
merece destaque a redação da Norma Regulamentadora NR 29 (Portaria SSST n.º
53, de 17 de dezembro de 1997), alterada com a redação dada pela Portaria SIT n.º
158, de 10 de abril de 2006, que estabelece a Norma Regulamentadora de
Segurança e Saúde no Trabalho Portuário, que entre as ultimas NR’s editadas166, é
a única que faz referência, a outras classe de trabalhadores. 167
Encontramos no Item 29.1.3 e 29.1.4.1 da Norma Regulamentadora NR 29,
a definição e indicação expressa, respectivamente, a quem compete à aplicação dos
preceitos por ela estabelecidos, in verbis:168

29.1.3 Definições.

164
LIMA FILHO, Francisco das C. O meio ambiente laboral e a proteção ao trabalhador. Jornal
Trabalhista Consulex, n.º 1239, de 15 de setembro de 2008. Disponível em: <
http://www.trt24.gov.br/arq/download/biblioteca/24opiniao/O%20meio%20ambiente%20laboral%20e%
20a%20protecao%20ao%20trabalhador.pdf > .Acesso em 10 de maio de 2011.
165
LIMA FILHO, Francisco das C. O meio ambiente laboral e a proteção ao trabalhador. Jornal
Trabalhista Consulex, n.º 1239, de 15 de setembro de 2008. Disponível em: <
http://www.trt24.gov.br/arq/download/biblioteca/24opiniao/O%20meio%20ambiente%20laboral%20e%
20a%20protecao%20ao%20trabalhador.pdf >. Acesso em 10 de maio de 2011.
166
NR 30 – redação original de 04/12/2002, ultima alteração em 19/06/2008, NR 31 – redação original
de 03/03/2005, NR 32 – redação original de 11/11/2005, alterada em 18/11/2008, NR 33 – redação
original de 22/12/2006 e NR 34 – redação dada em 20/01/2011 - COORDENAÇÃO E REVISÃO DA
EQUIPE ATLAS. Manuais de Legislação, Segurança e Medicina do Trabalho. 67. ed. Local: Atlas,
2011.
167
COORDENAÇÃO E REVISÃO DA EQUIPE ATLAS. Manuais de Legislação, Segurança e
Medicina do Trabalho. 67. ed. Local: Atlas, 2011, p. 435.
168
COORDENAÇÃO E REVISÃO DA EQUIPE ATLAS. Manuais de Legislação, Segurança e
Medicina do Trabalho. 67. ed. Local: Atlas, 2011,. p. 435.
62

Para os fins desta Norma Regulamentadora, considera-se:


[...]
c) Tomador de Serviço - É toda pessoa jurídica de direito público ou privado
que, não sendo operador portuário ou empregador, requisite trabalhador
portuário avulso.
[...]
29.1.4 Competências
29.1.4.1 Compete aos operadores portuários, empregadores, tomadores de
serviço e OGMO, conforme o caso:

Temos que a complexidade e extensão da matéria, relativa ao meio


ambiente de trabalho levou o poder executivo a edição de normas regulamentadoras
sobre a saúde e segurança dos trabalhadores.169
Importante destacar ainda quanto à adoção das medidas de proteção da
saúde e segurança do trabalhador o que dispõe o art. 19, § 1º, da Lei n.º
8.213/1991, que trata sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social, o qual
estabelece, novamente, que a “empresa é responsável pela adoção e uso das
medidas coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador”,
no qual ainda deverá, conforme § 3º, “prestar informações pormenorizadas sobre os
riscos da operação a executar e do produto a manipular”.170
Se de um lado as empresas estão obrigadas por lei a cumprir as normas
legais e administrativas de proteção ao meio ambiente laboral, “promovendo as
medidas necessárias para a proteção à saúde e segurança do trabalhador”, temos
de outro os trabalhadores também obrigados ao cumprimento destas mesmas
normas, inclusive as ordens de serviço expedidas pelo empregador, conforme define
a norma regulamentadora NR 01.171
Amauri Mascaro Nascimento esclarece que também compete ao Estado a
obrigação do cumprimento das normas protetivas da segurança dos trabalhadores
por intermédio do Ministério do Trabalho e Emprego, por meio da inspeção do

169
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho: história e teoria geral do direito
do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 22ª ed. rev. atual. e ampl. - São Paulo:
Saraiva, 2007, p. 548.
170
BRASIL, Ministério do Trabalho e Emprego. Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do
Rio Grande do Sul.Embargo e interdição: Instrumento de preservação da vida e da saúde dos
trabalhadores; A experiência da Seção de Segurança e Saúde do Trabalhador – SEGUR/RS. Porto
Alegre: Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Rio Grande do Sul. Seção de
Segurança e Saúde do Trabalhador / SEGUR/RS, 2010, p.30.
171
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho: história e teoria geral do direito
do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 22ª ed. rev. atual. e ampl. - São Paulo:
Saraiva, 2007, p. 548.
63

trabalho e a fiscalização das condições de trabalho e cumprimento das normas


regulamentadoras pelas empresas.172

Assim temos estabelecido no Art. 155 da CLT, caput e no Inciso II, que é de
incumbência do órgão de âmbito nacional competente em matéria de segurança e
medicina do trabalho coordenar, orientar, controlar e supervisionar a fiscalização e
as demais atividades relacionadas ao tema, em todo território nacional.173

Ao tratar da responsabilidade administrativa em face do meio ambiente de


trabalho a SEGUR/RS - Seção de Segurança e Saúde do Trabalhador, estabelece
que no Brasil é de competência do Sistema Federal de Inspeção do Trabalho,
assegurar, em todo o território nacional, a aplicação das disposições legais e
regulamentares sobre à proteção da saúde e da segurança dos trabalhadores no
exercício da atividade laboral.174

Nestes termos compete ainda aos auditores fiscais do trabalho, com ditame
na Lei n.º 10.593/02, disciplinada pelo Decreto n.º 4.552/02 ( Regulamento da
Inspeção do Trabalho ) na área de especialização de legislação do trabalho, no que
concerne a proteção da segurança e saúde dos trabalhadores, além estabelecido
anteriormente, o cumprimento dos acordos, convenções e contratos coletivos de
trabalho, celebrados entre empregados e empregadores bem como o respeito aos
acordos, tratados e convenções internacionais dos quais o Brasil seja signatário.175

172
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho: história e teoria geral do direito
do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 22ª ed. rev. atual. e ampl. - São Paulo:
Saraiva, 2007, p. 548.
173
FIGUEIREDO, Guilherme José Purvin de. Direito ambiental e a saúde dos trabalhadores. São
Paulo, SP: LTR, 2000, p. 55.
174
BRASIL, Ministério do Trabalho e Emprego. Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do
Rio Grande do Sul.Embargo e interdição: Instrumento de preservação da vida e da saúde dos
trabalhadores; A experiência da Seção de Segurança e Saúde do Trabalhador – SEGUR/RS. Porto
Alegre: Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Rio Grande do Sul. Seção de
Segurança e Saúde do Trabalhador / SEGUR/RS, 2010, p. 35.
175
GONÇALVES, Edwar Abreu. Manual de segurança e saúde no trabalho. 4. ed. São Paulo, SP:
LTR, 2008, p. 730.
64

Desta forma temos a Inspeção do trabalho o instrumento mais eficaz do


Estado para assegurar a segurança e saúde dos trabalhadores, como bem apontado
pela SEGUR/RS ao trazer a lição de Renato Bignami: 176

A inspeção do trabalho é o instrumento mais eficaz que o Estado pode ter


para amortecer o conflito capital versus trabalho e dar dignidade para um
grande número de cidadãos que se encontram em situações de extremo
risco como crianças em trabalho precoce, trabalhadores em situações de
trabalho degradante e forçado, meio ambiente do trabalho sujeito a riscos
extremos para a vida, apenas para citarmos os exemplos mais comuns.

Nesta linha, de forma a ter rápida resposta quando se vê ameaçada a


segurança e saúde dos trabalhadores, temos a interdição de estabelecimentos em
razão de risco grave e iminente177, em conformidade com o Art. 161, da CLT,
determinado pelo Superintendente Regional do Trabalho ( antigo Delegado Regional
do Trabalho ), em face da requisição do agente de inspeção do trabalho ou entidade
sindical, estes autorizados a requere-lá.178
Antonio Carlos Vendrame reforça que “qualquer ameaça à saúde ou
segurança dos trabalhadores deverá ser coibida pelos inspetores do trabalho, nos
termos do artigo 13 da convenção n.º 81 da OIT”, devendo o empregador ser
notificado para que faça a regularização da situação.179
Guilherme Purvin de Figueiredo completa ainda ao estabelecer que em se
tratando da administração pública e meio ambiente do trabalho, nos
estabelecimentos em que admitam trabalhadores regidos pela CLT, a proteção da
segurança e da saúde do trabalho constitui objeto da Inspeção do Trabalho,

176
BRASIL, Ministério do Trabalho e Emprego. Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do
Rio Grande do Sul.Embargo e interdição: Instrumento de preservação da vida e da saúde dos
trabalhadores; A experiência da Seção de Segurança e Saúde do Trabalhador – SEGUR/RS. Porto
Alegre: Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Rio Grande do Sul. Seção de
Segurança e Saúde do Trabalhador / SEGUR/RS, 2010, p.35.
177
NR 3 – Embargo ou Interdição. 3.1.1 Considera-se grave e iminente risco toda condição ambiental
de trabalho que possa causar acidente do trabalho ou doença profissional com lesão grave à
integridade física do trabalhador. COORDENAÇÃO E REVISÃO DA EQUIPE ATLAS. Manuais de
Legislação, Segurança e Medicina do Trabalho. 67. ed. Local: Atlas, 2011, p.16.
178
FIGUEIREDO, Guilherme José Purvin de. Direito ambiental e a saúde dos trabalhadores. São
Paulo, SP: LTR, 2000, p. 214.
179
VENDRAME, Antonio Carlos. Gestão do risco ocupacional: o que as empresas precisam saber
sobre insalubridade; periculosidade; PPRA; PPP; LTCAT; FAP; NTEP, entre outros documentos
legais. 2. ed. São Paulo, SP: IOB Thomson, 2008, p. 84.
65

considera ainda que não deve se excluir a participação da ANVISA – Agencia


Nacional de Vigilância Sanitária e o Ministério do Meio Ambiente.180
Ainda quanto à obrigação do Estado ao cumprimento das normas de
proteção dos trabalhadores, temos entre as competências do INSS – Instituto
Nacional do Seguro Social, à responsabilização do empregador em decorrência de
acidentes do trabalho, estes caracterizados pelo descumprimento das normas
protetoras de segurança e saúde dos trabalhadores, com o objetivo de reaver os
gastos efetuados com o acidentado, poderá a Previdência Social, amparado pelo
Artigo 120 da Lei n.º 8.213/91, que estabelece que nos casos de negligência quanto
às normas-padrão de segurança e higiene do trabalho, propor ação regressiva
contra os responsáveis.181
Na atuação da fiscalização previdenciária, com o advento do PPP – Perfil
Profissiográfico Previdenciário, esta passou também a fiscalizar as questões
relativas à segurança e saúde dos trabalhadores, por intermédio de seus auditores
fiscais, passaram a exigir documentos como: PPRA – Programa de prevenção de
riscos ambientais, os comprovantes de entrega dos EPI’s – Equipamentos de
proteção individual, notas fiscais de aquisição de EPI’s, comprovantes de
treinamento e de fiscalização do uso.182
Compete ainda ao auditor fiscal da previdência observar as características
do meio ambiente de trabalho descrita no LTCAT – Laudo técnico das condições
ambientais de trabalho, devendo em caso de divergências (descritas e observadas),
oficiar ao setor de segurança e saúde do trabalhador da Delegacia Regional do
Trabalho.183

180
FIGUEIREDO, Guilherme José Purvin de. Direito ambiental e a saúde dos trabalhadores –
Controle da poluição, proteção do meio ambiente, da vida e da saúde dos trabalhadores no direito
internacional, na União Europeia e no Mercosul. 2 ed. São Paulo, SP: LTR, 2006. p .220.
181
GONÇALVES, Edwar Abreu. Manual de segurança e saúde no trabalho. 4. ed. São Paulo, SP:
LTR, 2008, p. 32.
182
VENDRAME, Antonio Carlos. Gestão do risco ocupacional: o que as empresas precisam saber
sobre insalubridade; periculosidade; PPRA; PPP; LTCAT; FAP; NTEP, entre outros documentos
legais. 2. ed. São Paulo, SP: IOB Thomson, 2008, p. 91.
183
VENDRAME, Antonio Carlos. Gestão do risco ocupacional: o que as empresas precisam saber
sobre insalubridade; periculosidade; PPRA; PPP; LTCAT; FAP; NTEP, entre outros documentos
legais. 2. ed. São Paulo, SP: IOB Thomson, 2008, p. 91.
66

Vendrame cita ainda que “o descumprimento das normas de segurança e


higiene do trabalho, nos termos do artigo 186 da IN n.º 99184 obriga o médico perito a
oficiar ao Ministério Público do Trabalho”, deverá estar acompanhado ao ofício
copias do PPP e LTCAT, conclui referindo-se que o descumprimento das normas de
segurança e saúde do trabalho geram reflexos tanto em nível previdenciário quanto
a nível trabalhista.185
Importante destacar a atuação do Ministério Público, segundo Edwar
Gonçalves de Abreu, como “instituição permanente e essencial à função jurisdicional
do Estado”, na qual a principal função é a defesa da ordem jurídica. Dividido em
Ministério Público da União e Ministério Público Estadual, entre os órgãos
integrantes do Ministério Público Federal, destacamos o Ministério Público do
Trabalho – MPT, responsável pela defesa da ordem jurídica, do regime democrático
e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.186
Nesta linha compete ao Ministério Público do Trabalho, no que diz respeito
às relações trabalhistas, promover o inquérito civil e a ação civil pública para a
proteção do meio ambiente de trabalho e de outros interesses difusos e coletivos.187
Uma vez que a ação civil pública trabalhista não encontra respaldo na CLT,
é regida pela Lei n.º 7.347/85, pelo CDC e pelo CPC, nos termos do artigo 769 da

184
Alterado para o artigo 251 da Instrução Normativa INSS/PRESS n.º 45, de 6 de agosto de 2010 –
DOU 11/08/2010, in verbis:
Art. 251. Em analise médico-pericial, além das outras providências cabíveis, o PMP emitirá:
I – Representação Administrativa – RA, ao Ministério Público do Trabalho – MPT competente e ao
Serviço de Segurança e Saúde do Trabalho da Superintendência Regional do Trabalho do MTE,
sempre que, em tese, ocorrer desrespeito às normas de segurança e saúde do trabalho que reduzem
os riscos inerentes ao trabalho ou às normas previdenciárias relativas aos documentos LTCAT, CAT,
PPP e GFIP, quando relacionadas ao gerenciamento dos riscos ocupacionais. Disponível em: <
http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/3 8/inss-pres/2010/45_1.htm#cp3 > Acesso em 25 de
maio de 2011.
185
VENDRAME, Antonio Carlos. Gestão do risco ocupacional: o que as empresas precisam saber
sobre insalubridade; periculosidade; PPRA; PPP; LTCAT; FAP; NTEP, entre outros documentos
legais. 2. ed. São Paulo, SP: IOB Thomson, 2008, p.103.
186
GONÇALVES, Edwar Abreu. Manual de segurança e saúde no trabalho. 4. ed. São Paulo, SP:
LTR, 2008, p. 33.
187
GONÇALVES, Edwar Abreu. Manual de segurança e saúde no trabalho. 4. ed. São Paulo, SP:
LTR, 2008, p. 33.
67

CLT, tendo o inquérito civil a função de investigar para fins de obtenção de


informações para atuação do Ministério Público.188
Leonardo Rodrigues Itacaramby Bessa destaca a atuação do Ministério
Público e das entidades de classe, por intermédio da ação civil pública, como
instrumento de proteção do meio ambiente de trabalho mais eficaz, tanto da forma
preventiva, quanto na reparação do dano já perpetrado.189
Destacamos o Acórdão do processo 0000100-63.2009.5.04.0531(RO),
referente à ação civil pública, por violação das normas de proteção aos
trabalhadores:190

EMENTA:AÇÃO CIVIL PÚBLICA. OBRIGAÇÃO DE FAZER.


RESPONSABILIDADE. VIOLAÇÃO ÀS NORMAS DE PROTEÇÃO AOS
TRABALHADORES DE EMPRESAS CONTRATADAS PARA REALIZAÇÃO
DE OBRA. Apuradas irregularidades às normas de proteção e segurança do
trabalhador na obra de construção civil realizada por empresa contratada
pelo Sindicato, mantém-se a condenação que impõe ao réu a obrigação de
zelar pela observância das normas pertinentes à proteção, saúde e
segurança dos trabalhadores na construção civil, das empresas
contratadas, sob pena de multa. Recurso do Sindicato desprovido.

Nas suas considerações o Relator André Reverbel Fernandes destaca que a


ação em questão visa impedir lesão à saúde dos trabalhadores que executam a obra
de construção civil, objeto de fiscalização do Ministério do Trabalho, por falta de
cumprimento das normas de proteção da saúde e segurança dos trabalhadores, da
mesma forma que estabelece a legitimidade do Ministério Público para propositura
de Ação Civil Pública.191

Seu objetivo é obstaculizar lesão aos trabalhadores da obra localizada na


Rômulo Noro nº 75, quaisquer que sejam os potenciais lesados. Trata-se,

188
VENDRAME, Antonio Carlos. Gestão do risco ocupacional: o que as empresas precisam saber
sobre insalubridade; periculosidade; PPRA; PPP; LTCAT; FAP; NTEP, entre outros documentos
legais. 2. ed. São Paulo, SP: IOB Thomson, 2008, p.103.
189
BESSA, Leonardo Rodrigues Itacaramby. Meio ambiente de trabalho enquanto direito fundamental
sua eficácia e meios de exigibilidade judicial. REVISTA LTR: lesgislação do trabalho. São Paulo, SP:
LTR.,19uu-. Mensal.n.5, Ano74, mai. 2010, ex.1 .p. 565.
190
TRT – 4º/1º TURMA/RO/0000100-63.2009.5.04.0531.Relator: André Reverbel Fernandes. Data de
Julgamento: 06/05/2011. Disponível em :< http://iframe.trt4.jus.br/nj4_jurisp/jurispnovo.Exibir
AcordaoRTF?pCodAndamento=37804833>. Acesso em: 26 de maio de 2011.
191
TRT – 4º/1º TURMA/RO/0000100-63.2009.5.04.0531.Relator: André Reverbel Fernandes. Data de
Julgamento: 06/05/2011. Disponível em :< http://iframe.trt4.jus.br/nj4_jurisp/jurispnovo.Exibir
AcordaoRTF?pCodAndamento=37804833>. Acesso em: 26 de maio de 2011.
68

portanto, de proteção de interesses coletivos, hipótese em que autorizada à


propositura da ação civil pública pelo art. 1º da Lei 7.347/85. Nos termos do
art. 83, inciso III, da Lei Complementar 75/93, é parte legítima para
promovê-la o Ministério Público do Trabalho.

Na busca ainda de efetividade da proteção dos trabalhadores por normas de


segurança e saúde, Sebastião Geraldo de Oliveira deixa claro que se não houver
aceitação espontânea das normas de conduta, pode-se buscar sua satisfação de
forma coativa pelo Poder Público.192

Atualmente, o maior desafio não é mais o reconhecimento do direito a


saúde do trabalhador, já que as normas jurídicas a respeito são numerosas
e suficientemente claras para proclamá-lo. A luta que deverá ser travada é
para que esse direito já consagrado objetivamente venha a incorporar-se na
realidade dos ambientes de trabalho, no dia-a-dia do trabalhador.

Observa-se que, embora, “a conscientização e o fortalecimento do direito à


saúde ocorrerão na razão direta de sua postulação em juízo”, convém estabelecer
que as ações propostas para recebimento de insalubridade, periculosidade, danos
provenientes de acidentes de trabalho, doenças ocupacionais ou de trabalho, não
visam à proteção do trabalhador, enquanto proteção ao meio ambiente de trabalho,
apenas reforçam a ação dos agentes agressivos danosos da saúde. Devemos nos
ater quanto à proteção em juízo como forma de garantia ao direito já estabelecido,
um meio ambiente laboral adequado livre de riscos para a segurança e saúde do
trabalhador.193
Para Sebastião Geraldo de Oliveira “o instrumento disponível para exigir o
cumprimento das normas que não são espontaneamente obedecidas é exatamente
a tutela jurisdicional”, que devem ser rápidas e eficazes, de forma a coibir o infrator
em potencial.194
Completa ainda que a busca da tutela jurisdicional do direito a saúde deverá
ser empreendida na justiça do trabalho, onde deve-se buscar a satisfação da

192
OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Proteção jurídica à saúde do trabalhador. 3. ed. São Paulo:
LTr, 2001, p. 388.
193
OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Proteção jurídica à saúde do trabalhador. 3. ed. São Paulo:
LTr, 2001, p. 389.
194
OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Proteção jurídica à saúde do trabalhador. 3. ed. São Paulo:
LTr, 2001, p. 403.
69

obrigação de fazer do empregador, quando este não observar as normas destinadas


a manutenção de um ambiente de trabalho seguro e saudável, usando para isto a
reclamação trabalhista, a ação civil pública ou mesmo o dissídio coletivo.195
Reforça-se o entendimento acima com a dicção da Súmula 736 do Supremo
Tribunal Federal, que determina que é competência da Justiça do Trabalho julgar as
ações que tenham como causa de pedir o descumprimento de normas trabalhistas
relativas à segurança, higiene e saúde dos trabalhadores.196
Buscando ainda dar mais efetividades a proteção da segurança e saúde do
trabalhador, por iniciativa do Tribunal Superior de Trabalho, do Conselho Superior de
Justiça do Trabalho, em parceria com o Ministério da Previdência Social, o Ministério
do Trabalho e Emprego, Advocacia Geral da União, foi lançado em 3 de maio de
2011, o Programa Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho, com o objetivo
de se estabelecer ações voltadas a formulação e execução de programas nacionais
voltados a prevenção de acidentes de trabalho, bem como o fortalecimento da
Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalho.197
Oportuno Destacar a Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalho,
lançada em 28 de abril de 2011, como forma de dar efetividade aos sistemas de
prevenção de acidentes e melhorias das condições ambientais de trabalho198, que
estabelece em sua apresentação que a formulação de uma política nacional é
necessário para que o Estado cumpra o seu papel de garantidor dos direitos básicos
de cidadania, contemplando a complexidade das relações produção-consumo-
ambiente e saúde.199

195
OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Proteção jurídica à saúde do trabalhador. 3. ed. São Paulo:
LTr, 2001, p. 445.
196
SAAD, Eduardo Gabriel. Consolidação das Leis do Trabalho comentada. 39 ed. Atual. e rev. e
ampl. por José Eduardo Duarte Saad, Ana Maria Saad Castello Branco. São Paulo: LTr, 2006.p.1064.
197
BRASIL. Programa Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho. Tribunal Superior do
Trabalho / Conselho Nacional da Justiça do Trabalho. Disponível em :
<http://www.tst.jus.br/prevencao/institucional.html>. Acesso em: 27 de setembro de 2010.
198
BRASIL. Lançada política nacional de segurança e saúde no trabalho. Ministério do Trabalho
e Emprego. Disponível em :http://portal.mte.gol.br/imprensa/lancada-politica-nacional-de-seguranca-
e-saude-no-trabalho.htm . Acesso em: 26 de maio de 2011.
199
BRASIL. Politica Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador – PNSST.. Brasília:
Ministério do Trabalho e Emprego / Ministério da Saúde. 2004, p. 3. Disponível em:
<http://www.mpas.gov.br/arquivos/office/3_081014-105206-701.pdf >. Acesso em: 26 de maio de
2011.
70

CONCLUSÃO

Em face do estudo realizado no decorrer do presente trabalho, baseado na


legislação, na doutrina e na jurisprudência, podemos concluir quanto à proteção
jurídica da segurança e saúde do trabalhador:

1. A proteção à saúde e segurança do trabalhador nem sempre esteve presente,


contudo vem evoluindo ao longo da história do trabalho humano. “De Morbis
Artificum Diatriba” (As Doenças dos Trabalhadores), livro do médico Bernardino
Ramazzini, de 1700, foi o marco da luta pela saúde dos trabalhadores, fato que
lhe rendeu o título de Pai da Medicina do Trabalho, a “Factory Act” (Inglaterra –
1833), considerada a primeira legislação eficiente no campo de proteção ao
trabalhador, reflete o inicio da caminhada legislativa da proteção saúde e
segurança do trabalhador.

1.1. No Brasil a primeira legislação voltada a proteção do trabalhador é a Lei de


Acidentes do Trabalho ( Decreto n.º 3.724/19 ), não voltada a garantia do
trabalho seguro, mas a mercantilização de acidentes de trabalho com prêmios e
indenizações. Já com a criação das Consolidações das Leis do Trabalho – CLT,
temos disciplinadas nos artigos 154 a 223, as regras de higiene e segurança do
trabalho, representando no Brasil as primeiras normas de prevenção de
acidentes e proteção ao ambiente de trabalho, já com a edição da Lei 6.514/77 e
a Portaria 3.214/78, temos estabelecidas as Normas Regulamentadoras sobre
Segurança e Medicina do Trabalho, consideradas as mais completas normas de
proteção da saúde e segurança do trabalhador.

1.2. No Brasil o auge da proteção do trabalhador se dá com a promulgação da


Constituição Federal de 1988, elevando a categoria constitucional, a redução
dos riscos inerentes ao trabalho por meios de normas de segurança e saúde no
trabalho, também conferindo a proteção da saúde do trabalhador “status” de
direito fundamental.

2. Uma vez demonstrado que a proteção da saúde e segurança do trabalhador


vem evoluindo no Brasil, de forma a ter efetivado a garantia constitucional de
direito fundamental, a atenção deve se ater ao local onde o trabalhador realiza
71

suas atividades, o meio ambiente de trabalho. Ao tratar do meio ambiente de


trabalho, observou-se que o mesmo faz parte do meio ambiente geral, devendo
ser considerado parte deste, reforçamos o entendimento dado na Conferência de
Genebra de 1988, estabelecido pela OIT: o meio ambiente de trabalho é parte
integrante e importante do meio ambiente considerando que em sua totalidade e
que as melhorias do meio ambiente de trabalho elevam a qualidade do meio
ambiente em geral.

2.1. Pode-se estabelecer nessa concepção que as melhorias postas no meio


ambiente de trabalho, de forma a ter garantida a proteção do trabalhador e de
sua “sadia qualidade de vida”, reflete certamente na melhora do ambiente geral.
Ter reduzidos, por exemplo, as emissões de ruído nos ambientes de trabalho,
refletem não só a melhora de qualidade no ambiente de trabalho, mas a
qualidade do ambiente externo onde essas atividades são desenvolvidas, uma
vez que se tem reduzido de certa forma a poluição sonora do ambiente geral.
Nesta linha, o meio ambiente de trabalho não fica adstrito aos muros da
edificação, ele se integra ao meio ambiente geral, da mesma forma que a
proteção dada ao trabalhador no seu ambiente de trabalho também se integra
ao ambiente geral.

2.2. Numa visão mais ampla percebe-se que a proteção ao meio ambiente de
trabalho pode ser tratada como proteção ao meio ambiente geral, uma vez que
um é parte integrante e inseparável do outro, na qual a proteção estabelecida ao
primeiro, certamente refletirá ao segundo. A “sadia qualidade de vida” garantida
ao trabalhador por meio de um ambiente saudável e seguro, reflete também na
sadia qualidade de vida de sua família, uma vez que conforme estabelecido
extrapola os limites do meio ambiente de trabalho.

2.3. Conclui-se que o meio ambiente de trabalho por relacionar-se diretamente com o
ser humano, e seu equilíbrio estar baseado na salubridade, ausência de riscos e
condições psicológicas adequadas, a simples ausência de risco não garante um
ambiente de trabalho saudável, relaciona-se ao maior valor tutelado pela
Constituição Federal, a vida e conforme já estabelecido, sendo difuso o
interesse em protegê-lá.

2.4. Uma vez que Constituição Federal estabeleceu a redução dos riscos inerentes
ao trabalho, por meios de normas de saúde, higiene e segurança, a proteção do
72

meio ambiente, nele compreendido o do trabalho, e a saúde como direito de


todos, conclui-se que o meio ambiente de trabalho seguro, é estabelecido como
direito fundamental de terceira geração, portanto: difuso, fundamental a vida,
com qualidade e dignidade.

3. Observa-se que o meio ambiente de trabalho insere-se no meio ambiente como


um todo, considerando este como aspecto do meio ambiente geral, integrante do
rol dos direitos humanos fundamentais. Desta forma, dentre os direitos
fundamentais do trabalhador está à proteção à vida e a integridade física,
começando pela preservação do meio ambiente de trabalho. É dever do Estado
estabelecer um mínimo ético de proteção a saúde e segurança do trabalhador,
não devendo a norma ficar apenas em sede programática, mas ter efetivada sua
aplicação de forma a ter alcançado seu objetivo.

3.1. Contudo nem sempre a proteção estabelecida é tão clara quanto deveria, a
norma constitucional determina à proteção do trabalhador por meio de normas
de saúde, higiene e segurança, assim uma vez estabelecidas as normas
regulamentadoras sobre segurança e medicina do trabalho, parte-se para a
aplicação das mesmas a fiel leitura do texto, as quais estabelece que estão
abrangidos pela proteção por ela determinada, os trabalhadores regidos pela
CLT. Entende-se entretanto que a norma constitucional ao determinar que a
proteção a ser dada ao trabalhador não faz distinção de qual categoria
profissional o mesmo deva fazer parte ( autônomo, terceirizado, ou algum outro
com vínculo formal de emprego ), bastando a relação de trabalho, a esses
trabalhadores deve ser garantido a proteção de sua saúde e segurança, com a
aplicação das normas de proteção do trabalhador e do meio ambiente de
trabalho. Aqui novamente inserimos o entendimento dado no Art. 196 da
Constituição Federal, a saúde é direito de todos, não fazendo distinção, no que
abordamos, de vínculo formal de trabalho.

4. Em relação à proteção jurídica da saúde e segurança do trabalhador, quanto sua


exigilibidade e efetividade. Observa-se no que o Brasil dispõe de diversas
normas de proteção à saúde e segurança do trabalhador, merecendo destaque
as Normas Regulamentadoras sobre Segurança e Saúde do Trabalhador.
Importante destacar que tais normas apresentam caráter imperativo, por se
tratarem de normas de ordem pública ou cogentes, uma vez que a saúde do
73

trabalhador como um direito fundamental, é inalienável, imprescritível e


irrenunciável.

4.1. Esta disposto nas Normas Regulamentadoras sobre segurança e saúde do


trabalho o dever do empregador na aplicação das mesmas, tal e qual a própria
norma estabelece, uma vez que a proteção mínima que deve ser garantida já
esta prescrita, não permitindo que a mesma seja disciplinada de forma diversa a
não ser para aumentar a proteção estabelecida. Contudo não é só do
empregador a obrigação ao atendimento das normas de proteção do
trabalhador, o próprio trabalhador é obrigado a cumprir as normas de proteção
bem como as orientações estabelecidas pelo empregador. Observa-se que as
medidas de proteção não residem apenas na obrigação de fazer do empregador,
mas também na obrigação do trabalhador em acatar e cumprir as normas legais
e as ordens de serviço estabelecidas pelo empregador. É dever do empregador
garantir um meio ambiente adequado e seguro, mas também é dever do
trabalhador zelar pela cumprimento das normas de proteção.

4.2. Estado este o dever primordial de estabelecer normas de proteção à saúde e


segurança do trabalhador e fiscalizar a aplicação destas normas, contudo
percebe-se que quanto à exigilibidade e efetividade das normas de proteção a
saúde e segurança do trabalhador, verifica-se que muito se exige, e pouco se
torna efetivo. Empresas devem cumprir e fazer cumprir, o fazem, quando não
possuem outra alternativa, enquanto a legislação estabelecer por exemplo que a
formação dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em
Medicina do Trabalho – SESMT devem ser realizados, baseados no número de
trabalhadores e grau de risco, e não na necessidade efetiva de garantia das
condições seguras de trabalho, encontraremos trabalhadores tendo seus direitos
mais básicos negligenciados.

4.3. Conclui-se que o Estado dispõe de diversas formas de garantia da proteção e


saúde do trabalho, da fiscalização do trabalho, por intermédio das DRT’s com a
ação dos agentes de inspeção do trabalho e na atuação da fiscalização
previdenciária, na qual encontra-se o auditor fiscal da previdência, temos o
Ministério Público, considerado como instituição permanente e essencial à
função jurisdicional do Estado, nele o Ministério Público do Trabalho,
responsável em promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção
74

do meio ambiente de trabalho e de outros interesses difusos e coletivos, bem


como da tutela jurídica da proteção do trabalhador, empreendida na justiça do
trabalho, buscado a satisfação da obrigação de fazer do empregador, reforça-se
que esta não deve ser empregada para obtenção de insalubridades,
periculosidades ou indenização por acidentes de trabalho ou doenças
ocupacionais ou do trabalho, pois não visam à proteção do trabalhador e do
meio ambiente de trabalho, apenas reforçam a ação dos agentes agressivos
danosos à saúde.

5. Por fim pode-se estabelecer que o Brasil dispõe de uma Legislação abrangente
relativa a proteção da saúde e segurança do trabalhador, desde do plano
constitucional ao estabelecimento de leis ordinárias, que a proteção a saúde do
trabalhador e ao meio ambiente de trabalho são direitos fundamentais, portanto
com caráter difuso, que a proteção a saúde e segurança do trabalhador encontra
em nosso ordenamento a exigibilidade necessária a sua satisfação e formas de
garantia de sua efetividade. Contudo a proteção jurídica da segurança e saúde
do trabalhador ainda carece de certo refinamento e adaptação as novas formas
de prestação do trabalho, é necessário Por exemplo que a Lei estabeleça a
quem deve ser direcionada a proteção, de modo a evitar conjecturas quanto a
sua aplicação, como por no texto da NR 29 – Norma regulamentadora de
Segurança e Saúde no Trabalho Portuário, que explicitamente determina a
competência do tomador de serviço quanto ao atendimento as normas de
proteção, contudo as demais normas ( NR 30, NR 31, NR 32, NR 33 e NR 34 ),
não tiveram o mesmo cuidado.

6. Conclui-se mencionando o Programa Nacional de Prevenção de Acidentes do


Trabalho, de iniciativa do TST e do Conselho Superior de Justiça do Trabalho,
que junto com a Política Nacional de Segurança do Trabalho, buscam dar mais
efetividade a proteção da segurança e saúde do trabalhador.
75

REFERÊNCIAS

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direito fundamental sua eficácia e meios de exigibilidade judicial. REVISTA LTR:
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Regional do Trabalho e Emprego do Rio Grande do Sul. Seção de Segurança e
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