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Resíduos de agrotóxicos e fármacos veterinários

em alimentos

Prof. Dr. Felix G.R. Reyes


DCA / FEA / UNICAMP
E mail: reyesfgr@fea.unicamp.br
Grupo de Toxicologia de
Alimentos e Fármacos
Resíduos de agrotóxicos e fármacos
veterinários em alimentos

Sumário:

Introdução (necessidade de uso, mercado)


Considerações sobre a avaliação de risco
Considerações sobre o gerenciamento de risco
Ações de vigilância sanitária (determinação de
resíduos nos alimentos)
Conclusões
População em expansão

Maior produtividade agropecuária

Maior demanda por recursos de


produção
Maior uso de
Agrotóxicos
Métodos novos de produção de
alimentos Medicamentos Veterinários

Maior utilização de produtos RESÍDUOS NOS ALIMENTOS


químicos
Princípio ativo e metabólitos
http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/camaras_setoriais/Oleaginosas_e_biodiesel/9_reuniao/ANDEF.pdf
http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/camaras_setoriais/Oleaginosas_e_biodiesel/9_reuniao/ANDEF.pdf
MEDICAMENTOS VETERINÁRIOS

Faturamento do Mercado Veterinário


3,00E+09

2010 –
2,50E+09 3 Bilhões

2,00E+09

1,50E+09
R$
US$
1,00E+09

5,00E+08

0,00E+00

2004 2005 2006 2007 2008 2009

Fonte: Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan), 2011
Referência: http://www.sindan.org.br/sd/sindan/index.html
Susanne Rath
Mercado Nacional (R$) – Classe Terapêutica

Mercado Veterinário por Classe Terapeutica


1.000.000.000,00

900.000.000,00

800.000.000,00

700.000.000,00

600.000.000,00
ANTIMICROBIANOS

500.000.000,00 ANTIPARASITÁRIOS
BIOLÓGICOS
400.000.000,00 OUTROS

300.000.000,00

200.000.000,00

100.000.000,00

0,00
2005 2006 2007 2008 2009

Fonte: Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan)


Referência: http://www.sindan.org.br/sd/sindan/index.html
Mercado Nacional (R$) – Espécie Animal

1.600.000.000,0

1.400.000.000,0

1.200.000.000,0

1.000.000.000,0
RUMINANTES
AVES
800.000.000,0
PETS
SUÍNOS
600.000.000,0 EQUINOS

400.000.000,0

200.000.000,0

-
?
2005 2006 2007 2008 2009

Fonte: Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan)


Referência: http://www.sindan.org.br/sd/sindan/index.html
Avaliação do risco e seu papel na análise do risco

Análise de risco

Processo que consta de três


componentes
 Avaliação de risco
 Gerenciamento do risco
 Comunicação do risco

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JECFA – Joint Expert Committee on Food Additives
JMPR – Joint Meeting on Pesticide Residues

OMS FAO
Expert Group Panel of Experts
Aspectos toxicológicos Aspectos de identidade e pureza

Química e composição
Estabelece “Parâmetros
Toxicológicos para Uso
garantia da saúde humana
(IDA, IDT)” Exposição
em base:
Pontos de Partida (POD)
(NOAEL, BMK)
Aos quais são aplicados
“fatores incerteza”

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Avaliação do
Risco
É o procedimento utilizado para avaliar a
inocuidade (aceitabilidade) da presença de
substâncias químicas (agrotóxicos e fármacos
veterinários) nos alimentos.

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E mail: reyesfgr@fea.unicamp.br
Etapas da Avaliação do Risco

IDENTIFICAÇÃO DO PERIGO

CARACTERIZAÇÃO DO CARACTERIZAÇÃO DO RISCO


PERIGO
(Avaliação dose-resposta)

AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO

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AVALIAÇÃO DO RISCO Á SAÚDE PELA
EXPOSIÇÃO A UMA SUBSTÂNCIA QUÍMICA

OBJETIVOS
Determinar o potencial tóxico
Identificar efeitos adversos
Estabelecer a inocuidade de uso
com base em dados científicos
disponíveis na avaliação

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AVALIAÇÃO DO RISCO DE SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS
Informações preliminares
Caracterização do composto

Objetivo: conhecer a substância que será submetida aos


estudos de toxicidade.

Especificações sobre a substância a ser


avaliada
Pureza
Características físicas e químicas (cor, odor, pontos de fusão e
ebulição, densidade, viscosidade, estabilidade e volatilidade).
Níveis de exposição escolha de doses apropriadas
Toxicidade esperada (estrutura química).

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Informações preliminares
Especificações
Caracterização do composto

Resíduos de fármacos veterinários


Distribuição dos resíduos que resultam de cada modo de aplicação
em cada espécie
Depleção dos resíduos em tecidos comestíveis ou em alimentos de
origem animal.
Identificação de um resíduo marcador (composto original ou
metabólito) que é encontrada na concentração mais alta por um
período mais longo.
A relação entre esse resíduo marcador e o resíduo total do fármaco é
determinado.

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AVALIAÇÃO DO RISCO DE SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS
IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO PERIGO

Perfil farmacocinético
Rota, velocidade e grau de absorção da substância
Nível de acúmulo em diferentes orgãos e tecidos
Metabolismo e natureza dos metabólitos
Rota e velocidade de eliminação
Balanço metabólico com identificação dos metabólitos
Efeito de diferentes doses no metabolismo.

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AVALIAÇÃO DO RISCO DE SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS
IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO PERIGO

Estudos Toxicológicos
Mutagenicidade
Carcinogenicidade
Neurotoxicidade
Comportamento pós-natal
Reprodução e teratogenicidade

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AVALIAÇÃO DO RISCO DE SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS

Dados Biológicos

Observações em
humanos

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Ensaios de Toxidade Aguda
IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO PERIGO

Algumas substâncias podem desencadear efeitos agudos à


saúde após períodos curtos de administração
JECFA: fármacos veterinários. Quando apropriado, a
possibilidade de efeitos agudos em indivíduos sensíveis.

JMPR: para todos os agrotóxicos que o Comitê avalia.

Dose de referência de toxicidade aguda


(ARfDs)

Estimativa da quantidade de uma substância no alimento e/ou na


água potável que pode ser ingerida em um período igual ou menor
do que 24 horas, sem risco apreciável à saúde do consumidor, com
base em todos os fatos conhecidos no momento da avaliação

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O conjunto de dados disponíveis deverá ser adequado
para determinar um ponto de referência para a
IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO PERIGO

caracterização do perigo

Ponto de partida / (POD – Point of Departure)

endpoint mais relevante na espécie mais relevante

Efeitos considerados como tendo um limiar

NOAEL: nível de efeito adverso não observado


LOAEL: o nível mais baixo de efeito adverso observado
BMD – Benchmark dose: dose que produz uma resposta
adversa baixa, mas mensurável.
BMDL: Limite inferior do intervalo de confiança da BMD
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Derivação de Parâmetros Toxicológicos para
garantia da saúde humana (IDA, IDT)
IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO PERIGO

Fatores de incerteza. JECFA / JMPR: tem adotado


um fator de 100.

CSAFs (chemical-specific adjustment factors):


modelo que permite extrapolação baseados em
diferenças na toxicocinética e na toxicodinâmica
entre humanos e os animais de experimentação,
e na variabilidade entre diferentes indivíduos.

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Parâmetros Toxicológicos para garantia da saúde
humana
IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO PERIGO

Níveis de exposição humana considerados

“sem risco apreciável à saúde”

• IDA: usada nos casos em que a exposição pode ser controlada


• IDT: contaminantes (metais pesados, contaminantes
ambientais como dioxinas e micotoxinas, solventes usados no
processamento de alimentos, substâncias formadas durante o
processamento de alimentos, etc)

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Parâmetros Toxicológicos para garantia da saúde
IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO PERIGO

humana
(Resíduos de agrotóxicos e de fármacos veterinários)

IDA = POD (NOAEL, BMDL) / “Fator de incerteza”

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Parâmetros Toxicológicos para garantia da saúde
humana
IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO PERIGO

(Resíduos de fármacos veterinários)

IDA “não especificada”

JECFA conclui que o uso do composto não representa


perigo alimentar à saúde humana e que, portanto, não
é necessário estabelecer um valor numérico de IDA.

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Valores de orientação baseados em saúde
(aditivos alimentares, resíduos de praguicidas e de fármacos
IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO PERIGO

veterinários nos alimentos)

IDA “temporária”
JECFA ou o JMPR consideram que o uso é seguro por um
período de tempo relativamente curto exigido para a
obtenção e avaliação de dados adicionais sobre segurança

Não seguro por um período vitalício

Aguarda-se a submissão de dados apropriados para


resolver o problema de segurança em um prazo definido.

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Parâmetros Toxicológicos para garantia da saúde
humana
IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO PERIGO

(Resíduos de agrotóxicos e de fármacos veterinários)

IDA “de grupo”

 Substâncias que produzem efeitos tóxicos similares ou que


compartilham um metabólito tóxico comum
 As substâncias deverão ter um modo de ação similar e uma
faixa similar de potência tóxica.

Prof. Felix G.R. Reyes


Os LMR são destinados a fornecer garantia que,
quando um agrotóxico ou medicamento veterinário
for utilizado apropriadamente, a ingestão de
resíduos do agrotóxico ou do fármaco presente nos
alimentos não deverá exceder o valor da IDA.

Quantidade
Toxicidade da
LMR de alimento
substância
consumida

Método
analítico Avaliação Dados
toxicológica exposição

Susanne Rath
92 fármacos
avaliados
Avaliação da exposição via dieta a substâncias
químicas presentes em alimentos
AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO

Dados sobre consumo de alimentos são combinados com os


dados de concentração das substâncias químicas nos
alimentos.

A estimativa da exposição resultante pode, então, ser


comparada com o parâmetro toxicológico (IDA) ou com o
POD toxicológico (NOAEL; BMDL) para a substância química
presente no alimento, como parte da caracterização do
risco.

Prof. Felix G.R. Reyes


Avaliação da exposição via dieta a substâncias
químicas presentes em alimentos
AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO

Podem ser conduzidas avaliações para exposições


agudas ou crônicas.
As avaliações da exposição via dieta devem cobrir
a população em geral, bem como grupos críticos
vulneráveis ou cuja exposição é esperada ser
significativamente diferente daquela da
população em geral (bebês, crianças, mulheres
gestantes, idosos, vegetarianos).

Prof. Felix G.R. Reyes


Caracterização do risco

Integra informações da caracterização


do perigo e da avaliação da exposição
para gerar recomendação científica aos
gestores do risco

Prof. Felix G.R. Reyes


Avaliação do Risco
JECFA e JMPR baseiam suas avaliações em princípios
científicos e garantem a consistência necessária nos
processos de avaliação do risco.
ANVISA adota o resultado das avaliações

Gerenciamento do Risco
CAC, e seus respectivos comitês, são responsáveis, pelas
decisões finais sobre o estabelecimento de limites para
resíduos de agrotóxicos (CCPR) e de fármacos veterinários
(CCRVDF) nos alimentos. Assim como sobre a adoção de
medidas relacionadas.
ANVISA adota as recomendações
Confiabilidade dos resultados na
determinação de resíduos

Um país que se preocupe com a saúde da


sua população e que queira exportar
alimentos deve ter um programa de
controle de resíduos, com laboratórios de
infraestrutura adequada e com pessoal
devidamente treinado

NBR/17025
FAO-1997
Controle de resíduos de agrotóxicos e
FV em alimentos

MÉTODOS ANALÍTICOS
Características desejadas:
 Exatos
 Precisos
 Sensíveis
 Baixos LOD e LOQ
 Reprodutíveis

*Simples, rápidos e econômicos!


Caracterização Química
Métodos analíticos e Desenvolvimento de Especificações

Métodos analíticos: validação


Brasil
Resíduos de FV em alimentos

Plano Nacional de Controle de Resíduos em Produtos de Origem Animal


(PNCRC)
Portaria Ministerial nº. 51, de 06 de maio de 1986 e adequado pela Portaria
Ministerial nº. 527, de 15 de agosto de 1995.
Planos setoriais: Carnes (bovinos, suínos e frangos), ovos, mel, pescado

Programa de Análise de Resíduos de Medicamentos Veterinários em Alimentos


de Origem Animal (PAMVet)

RDC 253, de 16 de setembro de 2003.


Plano Nacional de Controle de Resíduos e
Contaminantes (PNCRC)

Alimentos
analisados
carnes bovina, suína, equina
e de aves, leite, ovos, mel e
pescado

Nos últimos 5 anos em torno


de 20.000 amostras/ano
2010 – 19.235 (99,8 %)

Número de
Número de substâncias
amostras
Mais de 120
LEITE
Peixes
Resíduos de agrotóxicos - PARA / ANVISA

Nota Técnica para divulgação dos resultados do PARA de 2008, Brasília, 15/04/2009
Resíduos de agrotóxicos
PARA / ANVISA 2009

28/06/2010

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI150479-15215,00.html
Resíduos de agrotóxicos nos
alimentos cultivados no Brasil
PARA / ANVISA

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI161496-15257,00.html
Resíduos de agrotóxicos nos
alimentos cultivados no Brasil
PARA / ANVISA

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI161496-15257,00.html
Efeito do processamento e do tratamento
culinário na redução dos níveis de
resíduos de agrotóxicos em alimentos

Lavagem de frutas e hortaliças


Descascamento
Eliminação das folhas externas de hortaliças
Cozimento / Aquecimento

Reduzem os níveis residuais de agrotóxicos


CONCLUSÕES
Uso/Mercado: tendência global de minimizar uso (preço e fatores
de saúde humana e ambiental).
Avaliação de risco: Brasil adota as recomendações do CCA.
Inocuidade alimentar: dados indicam disponibilidade de
alimentos mais seguros para consumo do que no passado.
Pontos críticos:
 Ações de vigilância sanitária: dados de exposição.

 Falta de condições analíticas disponíveis como de pessoas


qualificadas para realizar as análises.

Susanne Rath
http://www.e-science.unicamp.br/gtaf/
reyesfgr@fea.unicamp.br
www.fea.unicamp.br
http://www.e-science.unicamp.br/gtaf/

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