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CONCURSO BANCO DO NORDESTE - 2018

ASPECTOS JURÍDICOS
Prof.ª Rozangela Kemp

4.1 Noções de direito aplicadas às operações de crédito.


4.1.1 Sujeito e Objeto do Direito.
4.1.2 Fato e ato jurídico.
4.1.3 Contratos: conceito de contrato, requisitos dos contratos, classificação dos contratos;
contratos nominados, contratos de compra e venda, empréstimo, sociedade, fiança, contratos
formais e informais.
4.2 Instrumentos de formalização das operações de crédito.
4.2.1 Contratos por instrumento público e particular.
4.2.2 Cédulas e notas de crédito.
4.3 Garantias.
4.3.1 Fidejussórias: fiança e aval.
4.3.2 Reais: hipoteca e penhor.
4.3.3 Alienação fiduciária de bens móveis.
4.4 Títulos de Crédito — nota promissória, duplicata, cheque.

INTRODUÇÃO
Noções de direito aplicadas às operações de crédito.

SUJEITO DE DIREITO é a aptidão genérica para ser titular de direitos e contrair obrigações.
Trata-se, portanto, daquele a quem se pode imputar direitos e obrigações através da lei. Todas as pessoas,
sejam elas físicas ou jurídicas, são sujeitos de direitos.

1. PESSOA FÍSICA é todo ser humano considerado como sujeito de direitos e deveres (art. 1º do
CC). É o ente dotado de personalidade a quem a lei imputa capacidade. É assim, dentro deste conceito
que se deve entender o ser humano, pessoa natural, na concepção jurídica.

Capacidade: É a maior ou menor extensão dos direitos de uma pessoa. É, portanto, a medida da
personalidade.

Incapacidade: É a ausência da capacidade de fato ou de exercício. Todos têm personalidade,


mas nem todos são capazes para a prática dos atos da vida civil.

Lembre-se! Capacidade é a regra; incapacidade é a exceção.

E, por ser excepcional, a Lei prevê taxativamente as hipóteses de incapacidade, geralmente para
proteger aquele que não tem discernimento, maturidade ou alguma doença que a torne vulnerável para a
efetivação de seus direitos na esfera civil.
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Por exemplo, as crianças. Elas não possuem maturidade ou
discernimento para a prática dos atos da vida civil, de modo que a Lei lhes fornece proteção através a
representação.

Existem dois tipos de incapacidade civil:

a) incapacidade absoluta, na qual o sujeito necessita de estar Representado por pessoa com a
capacidade civil plena, e

Incapacidade absoluta é a impossibilidade de se realizar, pessoal e diretamente, os atos da vida


civil. As práticas desses atos sem representação implicam a nulidade de pleno direito dos atos,
independente de comprovação de prejuízo para o incapaz. Isso porque o prejuízo é presumido. Somente
são incapazes absolutamente para a prática dos atos da vida civil os menores de 16 anos, determinados
menores impúberes, que devem ser representados pelos genitores ou representante legal.

b) incapacidade relativa, que impõem estar o sujeito de direitos Assistido por pessoa com
capacidade civil plena.

Incapacidade relativa, por sua vez, se dará quando as pessoas praticam os atos da vida civil
pessoalmente, porém, na companhia de alguém que lhes presta Assistência. A ausência do assistente gera
a anulabilidade dos atos praticados pelo relativamente incapaz. Isto é, eles se convalidam se ninguém
arguir a validade do negócio.

As hipóteses de incapacidade relativa são:

a) Menores de 18 anos e maiores de 16;

b) Os ébrios habituais e os viciados em tóxicos, ou seja, alcoólatras e toxicômanos; (Destaque


para a revogação, através do Estatuto da Pessoa com Deficiência, da previsão do deficiente mental que
tenha discernimento reduzido.)

c) Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade. (Trata-se
da antiga causa de incapacidade absoluta. Por exemplo, o surdo-mudo que não puder se expressar, o idoso
portador de Alzheimer, ou uma pessoa em coma.)

d) Os pródigos, sujeitos que dissipam seus bens e patrimônios de forma desordenada e desregrada.
(Nesse caso, o curador ficará adstrito aos atos que possam comprometer o patrimônio do interditado,
como emprestar dinheiro, transigir, dar quitação, alienação e aquisição de bens, hipotecar e, até mesmo,
agir em juízo. Exemplo típico é o viciado em jogatinas.)

De modo geral, é importante afirmar que a incapacidade relativa se aplica, sim, aos maiores de
Idade. Ocorre que, como a capacidade é a regra presumida até que se prove o contrário, a incapacidade
relativa deve ser decretada pelo juiz.
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Nessa hipótese, o Juiz nomeará um curador para o relativamente
incapaz, delimitando os limites da curatela. Para este caso, embora o Estatuto da Pessoa com Deficiência
tenha previsto uma simples demanda em que é nomeado um curador, o Novo CPC está estruturado na
ação de interdição (artigos 747 a 758, do CPC), de modo que se mantém a possibilidade jurídica da
Interdição do relativamente incapaz.

Cessação da Incapacidade:= A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa
fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil, quando desaparece a sua causa. Se esta for a

Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de
todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público,
independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor
tiver dezesseis anos completos;
menoridade, cessará:

(I) pela maioridade, aos 18 anos;

(II) pela emancipação, que pode ser voluntária, judicial e legal (art. 5º e § único do CC).

(III) - pelo casamento;

(IV) - pelo exercício de emprego público efetivo;

(V) - pela colação de grau em curso de ensino superior;

(VI) - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em
função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.

Extinção da Pessoa Física ou Natural - Para o direito, a existência da pessoa natural termina
com a morte. Nessa vertente, disciplina o artigo 6 do Código Civil: "a existência da pessoa natural
termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura
de sucessão definitiva."

A extinção da personalidade civil põe fim aos direitos e obrigações da pessoa.


Juridicamente temos dois tipos de morte: A morte real que se dá pela existência de um corpo e a
constatação jurídica se dá pela certidão de óbito. Na morte presumida não há a existência de um corpo.
Ocorre, por exemplo, em acidentes de avião, deslizamentos, desaparecidos em guerra, são casos em que o
corpo não é encontrado, também quando a pessoa desaparece de sua residência sem deixar notícias. E a
extinção da personalidade dessa pessoa te terá que ser declarada judicialmente.

2. PESSOA JURÍDICA:

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É a entidade constituída de pessoas físicas e que possui
personalidade própria, distinta da de seus membros, capaz de adquirir direitos e contrair obrigações. A lei
exige, também, para seu reconhecimento, o preenchimento da formalidade de registro de sua constituição,
bem como dos atos posteriores de alteração e extinção.

A Pessoa Jurídica de Direito Público nasce pela vontade do poder público e é criada através de
norma, ou seja, sua existência legal (personalidade), sua criação e extinção, ocorre pela lei.

A Pessoa Jurídica de Direito Privado começa sua existência legal com a inscrição do ato
constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder
Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.

A personalidade legal de uma pessoa jurídica, incluindo seus direitos, deveres, obrigações e ações,
é separada de qualquer uma das outras pessoas físicas ou jurídicas que a compõem. Assim, a
responsabilidade legal de uma pessoa jurídica não é necessariamente a responsabilidade legal de qualquer
um de seus componentes.

Por exemplo, um contrato assinado em nome de uma pessoa jurídica só afeta direitos e deveres da
pessoa jurídica; não afeta os direitos e deveres pessoais das pessoas físicas que executaram o contrato em
nome da entidade legal. Portanto, a pessoa jurídica é criada para que seus fundadores, num primeiro
momento, não respondam com seus bens pessoais, pelas obrigações sociais, isto quer dizer que, em regra,
os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas da sociedade, uma vez que esta possui
personalidade distinta da de seus membros.

No entanto, há casos especiais em que a personalidade jurídica pode ser desconsiderada,


possibilitando o juiz, em determinado processo judicial, a atingir o patrimônio dos sócios ou responsáveis
pela pessoa jurídica: é a desconsideração da personalidade jurídica

Pois bem, se tratando de uma questão civil, nos termos do artigo 50 do CC, para que haja a
desconsideração da personalidade jurídica deve haver abuso da personalidade, caracterizado pelo desvio
de finalidade, ou pela confusão patrimonial, in verbis:

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou
pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando

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lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas
relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa
jurídica.

Desta feita, a medida é excepcional, somente poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica, para
alcançar o patrimônio dos sócios, desde que um dos requisitos mencionados — desvio de finalidade ou
confusão patrimonial — estejam devidamente comprovados, mediante interpretação restrita, ou ao menos
não ampliativa, tudo em obediência à norma expressa e ao devido processo legal.

3. OBJETO DO DIREITO

O artigo 104 do Código Civil determina que o negócio jurídico será válido se preencher alguns
requisitos (i) agente capaz, (ii) objeto lícito, possível, determinado ou determinável (iii) forma prescrita
ou não defesa em Lei. Como podemos observar, pela determinação do artigo 104 CC, para a validade do
negócio jurídico precisam estar presentes três requisitos:

Agente; QUEM? Quem vai realizar esse negócio jurídico.


Objeto: O QUE? O que vai ser negociado, comprado, vendido, doado
Forma: COMO? Será por instrumento público, instrumento particular, verbal,
Sendo o negócio jurídico, antes de tudo, um ato de vontade praticado pelo agente, exige o
legislador que esse agente tenha capacidade jurídica para expressar sua vontade. Para a validade do
negócio jurídico, portanto, é necessário que o agente seja capaz. Sendo absolutamente incapaz, o negócio
jurídico será nulo (CC, art. 166, inc. I). Sendo apenas relativamente incapaz, será anulável (CC, art. 171,
inc. I).

Em relação ao agente, deverá estar presente a capacidade, entendida como estado pessoal
respeitante ao poder de praticar pessoalmente os atos jurídicos, bem como a legitimação, correspondente
à capacidade especial para certos atos. Outro requisito que integra o plano da validade é a manifestação
de vontade, podendo revestir-se da forma expressa nas modalidades escrita ou verbal e tácita, resultado da
conduta do agente que implique anuência ou concordância com o ato.

Além disso, todo negócio jurídico tem necessariamente um objeto. Esse objeto, por sua vez,
será exatamente o que as partes almejam conseguir com a realização do negócio jurídico.

Para que o negócio jurídico seja válido, é necessário que seu objeto seja lícito, possível,
determinado ou determinável. É a ação humana que pode ser lícita ou ilícita. Uma substância
entorpecente ou uma arma, por exemplo, não são ilícitas em si mesmo. É a ação humana de vender
substâncias entorpecentes ou armas à população que é ilícita. Por outro lado, a compra e venda de armas
para equipar a polícia é plenamente lícita.

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A possibilidade e a determinação do objeto, por sua vez, dizem
respeito à própria coisa. Sendo fisicamente impossível, por exemplo, atravessar o oceano correndo, um
negócio jurídico com esse objeto será nulo. A impossibilidade pode ainda ser jurídica e não física, como é
a disposição da herança de pessoa viva.

Além disso, o objeto deve ser determinado ou, ao menos determinável. Ou seja, é necessário que
seja precisamente identificado ou ao menos identificável mediante a prévia estipulação de seu gênero e
quantidade, por exemplo.

A forma do negócio jurídico é o meio pelo qual o agente manifesta sua vontade. Não basta ao
agente simplesmente querer a realização de determinado negócio jurídico. Para que esse negócio exista, é
necessário que o agente exteriorize essa vontade a qual, manifestada em meio às circunstâncias negociais
específicas, será socialmente vista como dirigida à produção de determinados efeitos.

Como regra geral, vige no direito brasileiro o princípio da liberdade das formas, a qual reputa
válida todos os meios de exteriorização da vontade. Em alguns casos, porém, a lei exige determinada
forma específica para a validade do ato. Em tais hipóteses, a inobservância dessa forma levará a nulidade
do negócio (CC, art. 166, inc. IV).

4. FATOS JURÍDICOS E ATOS JURIDICOS.

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São fatos jurídicos os acontecimentos naturais que tenham a aptidão
de criar, modificar ou extinguir direitos.

―São acontecimentos em virtude dos quais se começam, se modificam ou se extinguem as relações


jurídicas‖ (Caio Mario da Silva Pereira)
São os fatos que ―decorrem o nascimento, a subsistência e a perda dos direitos (Washington de Barros
Monteiro)

Diversos outros fatos podem não ter consequência alguma para o direito, razão pela qual não se
ajustam à definição de fatos jurídicos. Uma chuva que caia no meio do oceano, ou o vento que ocorra em
um campo, podem ser absolutamente irrelevantes para o direito. Em tais casos, esses acontecimentos são
considerados fatos ajurígenos ou fatos juridicamente irrelevantes.

Esses mesmos fatos, porém, podem trazer consequências jurídicas, tornando-se juridicamente
relevantes. Basta imaginar se a chuva que cai no meio do oceano vem a afundar uma embarcação,
extinguindo o direito de propriedade que uma pessoa tinha sobre ela, fazendo surgir o direito ao
recebimento da respectiva indenização securitária, resolvendo um contrato de transporte etc. Em tal caso,
esse mesmo acontecimento produz consequências jurídicas, tornando-se relevante para o direito.

O que diferencia fato jurídico de fato ajurígeno é a produção do efeito que produz

1. Fato Jurídico em sentido estrito:

NATURAL: São aqueles independentes da vontade humana, advém de fenômeno natural, que
produz efeito jurídico. Ex: Uma tempestade que destrói a plantação, o nascimento, a morte.

HUMANO: São os acontecimentos que dependem da participação humana (expressão da


vontade)

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São atos jurídicos os acontecimentos causados pela ação humana,
com a aptidão de criar, modificar ou extinguir direitos. Em síntese, pode-se apontar que a distinção entre
os fatos jurídicos e os atos jurídicos reside justamente no concurso da vontade humana. Se determinado
acontecimento juridicamente relevante ocorre sem influência da vontade humana (chuva, por exemplo),
caracterizar-se-á um fato jurídico.

Por outro lado, se determinado acontecimento juridicamente relevante ocorre por força da vontade
humana (plantação em um campo, pintura de um quadro, construção de uma casa), ter-se-á um ato
jurídico. Os atos jurídicos comportam ainda classificação quanto à sua licitude, podendo ser divididos em
atos jurídicos lícitos e atos jurídicos ilícitos.

São negócios jurídicos os atos de vontade humanos dirigidos à realização de determinado efeito
ou consequência jurídica. Ao praticar um negócio jurídico, o sujeito age com a finalidade de produzir
efeitos em sua esfera de direitos.

Ao fazer uma oferta de compra de determinado imóvel, o sujeito tem em vista justamente a
celebração desse contrato de compra e venda. Neste caso, portanto, o ato jurídico é praticado pelo sujeito
visando à realização de um efeito jurídico previamente imaginado e querido. Por força de tal definição,
pode-se observar que os negócios jurídicos são uma espécie de ato jurídico.

Por essa razão, a doutrina costuma classificar os atos jurídicos em atos jurídicos em sentido estrito
e em negócios jurídicos. Enquanto que nos negócios jurídicos o sujeito pratica o ato querendo a produção
de determinados efeitos jurídicos, os atos jurídicos em sentido estrito são praticados pelo sujeito com
indiferença quanto às suas consequências jurídicas.

Diversas são as classificações da doutrina acerca dos negócios jurídicos. Os negócios jurídicos
podem ser (i) unilaterais, bilaterais ou plurilaterais, (ii) onerosos ou gratuitos, (iii) comutativos ou
aleatórios, (iv) intervivos ou causa mortis, (v) solenes e não-solenes (vi) principais ou acessórios.

5. CONTRATOS
Contrato é a principal fonte de formação de relação obrigacional entre as pessoas.
Dentro da teoria dos negócios jurídicos, é tradicional a distinção entre os atos unilaterais e os
bilaterais.
Unilaterais: São aqueles contratos que se aperfeiçoam pela manifestação da vontade de uma das
partes.
Bilaterais: São os contratos dependem da coincidência de dois ou mais consentimentos.
Plurilaterais: Dependem da vontade de emitida por mais de duas partes. A prestação de uma
parte pode não ser equivalente a da outra parte.

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Portanto, o contrato representa uma espécie do gênero negócio
jurídico. E a diferença específica, entre ambos, consiste na circunstância de o aperfeiçoamento do
contrato depender da conjunção da vontade de duas ou mais partes.
―O contrato é o acordo das vontades para o fim de adquirir, resguardar, modificar ou extinguir
direitos‖.
Em face de tal conceito, o âmbito do contrato não se circunscreve apenas ao direito das
obrigações, estendendo-se aos outros ramos do direito privado e mesmo ao direito público. Todavia uma
parte considerável da doutrina procura limitar o conceito de contato, em sentido estrito, aos ajustes que
constituam, regulam ou extinguem relações patrimoniais.

1.Função Social do Contrato:

O contrato exerce uma função e apresenta um conteúdo constante: o de ser o centro da vida dos
negócios. É o instrumento prático que realiza o mister de harmonizar interesses não coincidentes.
Defluindo da vontade das partes, ele só se aperfeiçoa quando, através da transigência de cada um,
alcançam os contratantes um acordo satisfatório a ambos.

O contrato vai ser o instrumento imprescindível e o elemento indispensável à circulação dos bens.
E não há exagero em se dizer que o direito contratual foi um dos instrumentos mais eficazes da expansão
capitalista em sua primeira etapa.

2.Fundamento da Obrigatoriedade dos Contratos:

Uma vez ultimado, o contrato liga as partes concordantes, estabelecendo um vínculo obrigacional
entre elas, algumas legislações vão a ponto de afirmar que as convenções legalmente firmadas
transformam-se em lei entre as partes.

O homem deve manter-se fiel às suas promessas, em virtude da lei natural que compele a dizer a
verdade. Pode calar-se ou falar. Mas, se fala, e falando promete, a lei o constringe a cumprir tal promessa.

Com efeito é a lei que torna obrigatório o cumprimento do contrato. E o faz compelir aquele que
livremente se vinculou a manter sua promessa, procurando, desse modo, assegurar as relações assim
estabelecidas. O contrato se aperfeiçoa pela coincidência de duas ou mais manifestações unilaterais da
vontade. Se estas se externarem livre e conscientemente, se foram obedecidas as prescrições legais a lei as
faz obrigatórias, impondo a reparação das perdas e danos para a hipóteses de inadimplemento.

Esse é o princípio denominado Pacta Sunt Servanda, brocardo latino que significa ―os pactos
assumidos devem ser respeitados" ou mesmo "os contratos assinados devem ser cumpridos". É um
princípio-base do Direito Civil.

3.Elementos Constitutivos e Pressupostos de Validade dos Contratos


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São elementos constitutivos do ato jurídico:
a) a vontade manifestada através da declaração;
b) a idoneidade do objeto;
c) a forma, quando se substância do ato.

Verificamos, também, constituírem seus pressupostos de validade:


a) a capacidade das partes e sua legitimação para o negócio;
b) a licitude do objeto;
c) a obediência à forma, quando prescrita em lei.
O fator novo, elementar ao conceito, é a coincidência de vontades, ou seja, o acordo entre dois ou
mais participantes da convenção.

5.1 CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS

A classificação é um processo lógico, por meio do qual, estabelecido um ângulo de observação, o


analista encara um fenômeno determinado, grupando suas várias espécies conforme se aproximem ou se
afastem uma das outras. Sua finalidade é acentuar as semelhanças e dessemelhanças entre as múltiplas
espécies, de maneira a facilitar a inteligência do problema em estudo.

Se encararmos os contratos tendo em consideração a sua natureza, podemos classificá-los em: a)


unilaterais e bilaterais; b) onerosos e gratuitos; c) cumulativos e aleatório s; d) causais e abstratos.

Se tivermos em vista a maneira como se aperfeiçoam, podemos distinguir os contratos em


consensuais e reais, e solenes e não solenes.

Se nos ativermos à tradicional divisão, tendo em vista o fato de a lei lhes atribuir, ou não, um
nome e lhes sistematizar as regras, podemos separar os contratos em nominados e inominados.

Considerados uns em relação aos outros, os contratos se classificam em principais e acessórios.

Tendo em vista o tempo em que devem ser executadas, separam-se em contratos de execução
instantânea e contratos de execução diferida no futuro.

Quando ao seu objeto, pode-se ainda distinguir o contrato definitivo do contrato preliminar.

Finalmente quando se tem em vista a maneira como são formados, cumpre separar os contratos
paritários dos contratos de adesão

1. Contratos Unilaterais e Bilaterais e Plurilaterais:

A terminologia ora empregada poderá provocar alguma perplexidade, pois, conforme já foi visto,
o contrato é, por definição mesmo, um ato bilateral.

Ao classificarmos os atos jurídicos distinguimos os negócios unilaterais, bilaterais e plurilaterais.


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Os primeiros se aperfeiçoam pela manifestação da vontade de uma das partes, como ocorre com o
testamento, enquanto os segundos dependem da conjugação da vontade de duas ou mais pessoas, para se
completarem, como se dá na hipótese dos contratos. Portanto, aqui se tem em vista o momento da
formação do ato jurídico.

Quando se fala, entretanto, em contratos unilaterais, bilaterais e plurilaterais, considera-se o fato


de o acordo de vontade entre as partes criar, ou não, obrigações recíprocas entre elas. Se a convenção faz
surgir obrigações recíprocas entre os contratantes, diz-se bilateral o contrato. Se produz apenas obrigações
de um dos contratantes para com o outro, chama-se unilateral.

Assim, a compra e venda é um contrato bilateral. Enquanto o depósito é um contrato


unilateral.

Cada uma das partes é a um tempo credora e devedora da outra, e a reciprocidade acima apontada
constitui a própria característica desta espécie de negócio.

O contrato unilateral, ou o contrato com prestação a cargo de uma só das partes, embora envolva
duas partes e duas declarações de vontade, coloca apenas um dos contratantes na posição de devedor; são
unilaterais, entre outros, o mandato, o comodato, o mútuo e o depósito, pois uma vez aperfeiçoados, tais
contratos só envolvem obrigações para o mandatário, o comodatário, o mutuário e o depositário.

A distinção entre estas duas espécies de contrato é de enorme relevância, porque variam os efeitos
do ato conforme o ajuste seja bilateral ou unilateral. Assim, a expectio non adimpleti contractus, ou seja,
a ―exceção do contrato não cumprido‖, é peculiar às convenções sinalagmáticas; também, a cláusula
resolutiva tácita é inerente ao contrato bilateral e estranha ao unilateral, pois, como aquele, as prestações
são recíprocas; o inadimplemento por parte de um contraente confere ao outro a prerrogativa de promover
a resolução do negócio; finalmente, conforme seja unilateral ou bilateral o contrato, variará por sua vez a
solução da lei quanto aos riscos advindos da força maior ou caso fortuito.

2, Contratos Onerosos e Gratuitos:

Diz-se a título oneroso o contrato quando uma das partes sofre um sacrifício patrimonial, ao qual
corresponde uma vantagem que pleiteia; assim, por exemplo, na troca, um dos permutantes oferece uma
coisa, para obter outra; na locação o inquilino paga o preço, para obter o uso pacífico da coisa; no seguro
o segurado paga o prêmio, para se garantir contra os riscos futuros, etc.

Diz-se a título gratuito, o contrato, quando somente uma das partes sofre um sacrifício
patrimonial, enquanto a outra apenas obtém um benefício. O exemplo típico do contrato gratuito é a

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doação sem encargo. Através desse ajuste uma pessoa transfere bens ou
vantagens de seu patrimônio a outra, que os aceita (CC, art. 1165). Ele envolve sempre uma liberalidade.

A presente classificação oferece, igualmente, enorme interesse, porque, em numerosos casos, a


proteção outorgada ao contratante que recebe a título gratuito é menos importante que a conferida a quem
obtém a título oneroso. Pois aqui incide a regra, segundo a qual, havendo de escolher entre o interesse de
quem procura assegurar um e o de quem busca evitar um prejuízo, é o interesse desse último que o
legislador prefere. Assim, por exemplo:

a) a responsabilidade pelo ilícito, nos contratos gratuitos, deve ser apreciada com maior
indulgência, só a determinando, em regra, se se caracterizar o dolo do autor da liberalidade. Aqui o
beneficiário só procura assegurar um lucro.

b) O doador não está sujeito à evicção (CC, art. 1179), que por disposição expressa da lei só se
aplica aos contratos onerosos (CC, art. 1107); nem está sujeito às ações decorrentes da existência de
vícios redibitórios – amenos que se trate de doação gravada de encargo -, pois a responsabilidade por tais
vícios só pode decorrer de contrato comutativo que, como veremos, é espécie de contrato oneroso.

c) Diferente é a posição do legislador, em matéria de fraude pauliana, conforme a alienação de


bens efetuada pelo devedor insolvente, tenha se procedido a título gratuito ou oneroso. Na hipótese da
alienação à título gratuito, a lei presume, de maneira irrefragável, o consilium fraudis e possibilita a
revogação do ato, independentemente de maiores provas (CC, art. 106); enquanto, se a alienação se
operar a título oneroso, a lei presume a boa-fé do adquirente e prestigia o negócio jurídico, a menos que
se prove o consilium fraudis, isto é, que o adquirente conhecia a insolvência do alienante, ou que tal
insolvência era notória. No primeiro caso, a ei nega proteção ao adquirente à título gratuito, que apenas
procura assegurar um ganho, enquanto no segundo ela tenta proteger o adquirente de boa-fé, que almeja
evitar um prejuízo.

3. Contratos Comutativos e Aleatórios:

Comutativo é o contrato bilateral e oneroso, no qual a estimativa da prestação a ser recebida por
qualquer das partes pode ser efetuada no ato mesmo em que o contrato se aperfeiçoa. Assim, por
exemplo, a locação de coisa. O locador pode, desde logo, verificar a importância que deve receber,
enquanto o locatário, por sua vez, conhece o objeto cujo uso pacífico lhe será assegurado.

Aleatório é aquele contrato bilateral e oneroso em que pelo menos uma das partes não pode
antecipar o montante da prestação que receberá, em troca da que fornece. Compra-se um risco, como no
exemplo do seguro, em que o segurado, em troca do prêmio, pode vir a receber a indenização, se advier o
sinistro, ou nada receber, se o mesmo incorrer.

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Na ideia de comutatividade se insere, de um certo modo, a de
equivalência das prestações. Porque é normal que, nas convenções de intuito lucrativo, cada parte só
consista num sacrifício, se aquilo que obtém em troca lhe for equivalente.

Todavia, o que em rigor caracteriza o contrato comutativo não é a equivalência das prestações,
mas o fato de a respectiva vantagem ou sacrifício de qualquer das partes pode ser avaliado no próprio ato
em que o contrato se aperfeiçoa. O CC ao cuidar da evicção, restringe-a ao campo dos contratos
comutativos; e nos arts. 1.118 a 1.121 cria um regime especial para os contratos aleatórios.

Ademais, só os contratos comutativos estão sujeito s à rescisão por lesão (nos regimes que a
admitem), estando, por conseguinte, fora de sua alçada, os contratos aleatórios.

4. Contratos Casuais e Abstratos:

Em geral as obrigações estão filiadas às causas que as geraram e o devedor, quando acionado,
pode ilidir o pedido, se provar a inexistência da causa do contrato, ou se demonstrar que ele se inspira em
causa ilícita ou imoral. Em princípio, o credor deve provar a existência do contrato, seu conteúdo, bem
como a obrigação do réu, a fim de conseguir sua condenação no pedido. De modo que através desse
procedimento demonstra ele uma relação de causa e efeito entre sua pretensão e a obrigação se seu
contendor. Porque em regra, os contratos são casuais.

Portanto, contrato abstrato é aquele que tira sua força da própria forma externada,
independentemente da causa que o gerou. O exemplo típico do contrato formal e abstrato era a stipulatio,
do Direito Romano, onde a mera circunstância de alguém proferir as palavras solenes da fórmula o
vinculava de maneira absoluta.

Entre nós poderíamos lembrar, para caracterizar um negócio abstrato, a cambial. A emissão da
nota promissória, ou o aceite da cambial, em tese, vincula o responsável, independentemente de qualquer
discussão sobre a causa geradora da obrigação.

5. Contratos Consensuais e Reais:

Consensuais são aqueles que se ultimam pelo mero consentimento das partes, sem necessidade de
qualquer outro complemento; assim, por exemplo, a compra e venda de bens móveis, ou o contrato de
transporte.

Reais são aqueles ajustes que dependem, para seu aperfeiçoamento, da entrega da coisa, feita por
um contratante ao outro. São contratos reais o comodato, o mútuo, o depósito, o penhor, a anticrese e as
arras.

6. Contratos Solenes e não Solenes:

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Solenes são os contratos que dependem de forma prescrita em lei;

Não solenes, os de forma livre.

Em regra, a forma dos atos jurídicos é livre. Todavia, para alguns atos a lei impõe determinada
forma, não dando validade ao negócio a menos que ele se ultime por meio de tal solenidade.

7.Contratos Nominados e Inominados:

Contratos nominados ou típicos são aqueles a que a lei dá denominação própria e submete as
regras que pormenoriza. O CC cuida de dezesseis contratos típicos, a saber: compra e venda, troca,
doação, locação, empréstimo, mandato, gestão de negócios, edição, representação dramática, sociedade,
parceria rural, constituição de renda, seguro, jogo e aposta e fiança.

Inominados ou atípicos são os contratos que a lei não disciplina expressamente, mas que soa
permitidos, se lícitos, em virtude do princípio da autonomia privada. Surgem na vida cotidiana, impostos
pela necessidade do comércio jurídico.

8. Contratos Principais e Acessórios:

Contrato principal é aquele cuja existência independe da existência de qualquer outro.


Contrato acessório é aquele que existe em função do principal e surge para lhe garantir a
execução.

Aqui se aplica o preceito geral que determina seguir o acessório o principal. Dessa maneira, o
contrato acessório depende da sina do principal. Exemplos típicos do contrato acessório são a
fiança e as arras. Se o contrato principal é nulo, ineficaz, igualmente será o acessório. Todavia a
recíproca não é verdadeira.

9.Contratos de Execução Instantânea e de Execução Diferida no Futuro.

Considerando-se o tempo em que devem ser executados, distingue-se os contratos de execução


instantânea dos contratos de execução diferida no futuro (contratos sucessivos).

Os primeiros são os que se cumprem pela execução efetuada por ambas as partes num só
momento, como ocorre com a compra e venda à vista, com a permuta etc. Os segundos são aqueles em
que uma das partes (ou ambas) deve cumprir sua obrigação em tempo futuro.

Estes contratos podem se apresentar sob duas modalidades:

a) é possível que as prestações devidas por uma ou ambas as partes, por sua própria natureza ou
em virtude da natureza do contrato, só possam ser oferecidas futura e periodicamente, como, por
exemplo, no contrato de locação de serviços; aí a obrigação do empregado e do patrão é contínua, e seu

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cumprimento se alonga no tempo; o mesmo ocorre no contrato de locação
de imóveis, de fornecimento de matérias primas, etc., ou então,

b) o fornecimento da prestação de um dos contratantes pode se fazer, por convenção entre as


partes, através de pagamentos parcelados, como nas vendas a prazo; nelas o comprador recebe desde logo
o objeto comprado, para pagá-lo em um determinado número de prestações futuras.

Tais distinções entre contratos de execução instantânea e contratos de execução diferida no futuro
decorrem importantes consequências na ordem prática, dentre as quais vale a pena ressaltar as seguintes:

a) nos sistemas que admitem a revisão dos contratos pelo juiz, por acolherem a teoria da
imprevisão, está só incide sobre os contratos de execução diferida no futuro, e não sobre os de execução
instantânea.

b) Somente nos contratos instantâneos podem as partes exigir o cumprimento simultâneo das
prestações; portanto, não se faculta ao contratante que deva produzir em primeiro lugar sua prestação, em
contrato de execução diferida no futuro, defender-se pela exceptio non adimpleti contractus, recusando-se
a cumprir sua obrigação, sob a alegação de que a outra parte não cumpriu a dela.

10. Contratos Preliminares e Definitivos:

Tendo em vista seu objeto, podemos distinguir os contratos em definitivos e preliminares.

Contrato definitivo tem por objeto, como é óbvio, criar vários tipos de obrigações para os
contraentes. Assim, a compra e a venda impõe ao vendedor o mister de entregar a coisa e, ao comprador,
o de entregar o preço; o contrato de locação de imóvel obriga o locador a garantir ao locatário o uso
pacífico da coisa, e este a pagar um aluguel ao senhorio, etc. portanto, cada qual destes ajustes tem um
objeto peculiar e as partes que a eles recorrem visam obter esse fim típico em questão.

Entretanto o contrato preliminar é uma espécie de convenção, cujo objeto é sempre o mesmo, ou
seja, a realização de um contrato definitivo. Com efeito, o contrato preliminar tem sempre por objeto a
efetivação de um contrato definitivo. O contrato preliminar mostra-se portador de uma característica
constante, isto é, a de ter por escopo, sempre, a realização de um contrato definitivo.

O motivo de sua enorme difusão na vida moderna se encontra na considerável utilidade prática
que oferece, pois não raro, convém às partes, a quem interessa um contrato, adiar sua efetivação, sem
risco de perdê-lo. Ora, lançando mão do contrato preliminar, asseguram os contratantes a possibilidade de
ultimar oportunamente o negócio almejado, pois o ordenamento jurídico prestigia a convenção provisória,
impondo o cumprimento da obrigação assumida. E, naturalmente, sanciona o inadimplemento desse
ajuste.

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A capacidade das partes para o contrato preliminar é a mesma que a
requerida para o contrato definitivo; a exigência da licitude do objeto é idêntica em quaisquer ajustes.

Todavia a questão ganha complexidade quanto ao requisito forma, pois, enquanto muitos
entendem que o contrato preliminar só vale quando efetuado na forma imposta para o definitivo, outros
repelem tal entendimento, fundados em que tal exigência tiraria muito da utilidade do pacto provisório.
Aliás, nesta última hipótese, talvez se estivesse negando a própria existência do contrato preliminar.

Art. 639. Se aquele que se comprometeu a concluir um contrato não cumprir a obrigação, a outra
parte, sendo isso possível e não excluído pelo título, poderá obter uma sentença que produza o mesmo
efeito do contrato a ser firmado.

Art. 641. Condenado o devedor a emitir declaração de vontade, a sentença, uma vez transitada em
julgado, produzirá todos os efeitos da declaração na emitida.

11. Contratos Paritários e de Adesão:

Contrato de adesão é aquele em que todas as cláusulas são previamente estipuladas por uma das
partes, de modo que a outra, no geral mais fraca e na necessidade de contratar, não tem poderes para
debater as condições, nem introduzir modificações, no esquema proposto.

Este último contraente aceita tudo em bloco ou recusa tudo por inteiro.

A ideia de contrato de adesão surge em oposição à de contrato paritário. No conceito clássico de


contrato admite -se uma fase em que se procede ao debate das cláusulas das avenças e na qual as partes,
colocadas em pé de igualdade, discutem os termos do negócio. É a chamada fase de puntuação, onde as
divergências são eliminadas através da transigência dos contraentes.

A esse tipo de negócio dá-se o nome de contrato paritário, pois supõe-se a igualdade entre os
interessados. No contrato de adesão a fase inicial de debates e transigência fica eliminada, pois uma das
partes impõe à outra, como um todo, o instrumento inteiro do negócio, que esta, em geral, não pode
recusar.

Vamos encontrar, nessa espécie de contrato, uma restrição ainda mais extensa, ao princípio
clássico da autonomia da vontade. Uma das partes não pode interferir nas condições do contrato, que deve
aceitar ou rejeitar em bloco. E não pode, tampouco, recusar o contrato, sob pena de ficar privada de
serviços fundamentais para a vida moderna.

Para que o contrato de adesão se caracteriza como tal, mister se faz a presença de várias
circunstâncias, a saber:

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a) O negócio deve ser daqueles que envolvem necessidade de
contratar por parte de todos, ou de um número considerável de pessoas. O exemplo do concessionário de
eletricidade é característico.

b) O contratante mais forte deve desfrutar de um monopólio de direito ou de fato, ou seja, é


mister que a procura exceda em tal proporção a oferta, que uns precisem comprar e os outros possam se
recusar a vender.

c) É mister que os interesses em jogo o permitam. Isso ocorre quando há multiplicidade de


situações uniformes, de maneira que a oferta é dirigida a uma coletividade.

Tentou-se minorar os efeitos porventura funestos do contrato de adesão. Regras de hermenêutica,


aplicadas sensatamente, alcançaram, por vezes, tal efeito.

a) na dúvida o contrato deve ser interpretado contra quem o redigiu;

b) deve-se distinguir entre as cláusulas principais e acessórias;

c) as cláusulas impressas, por isso que chamam menos a atenção, devem ser preferidos à
manuscritas, pois estas revelam o propósito de revogar as primeiras.

CONTRATO DE COMPRA E VENDA

1. Conceito

Código Civil - Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a
transferir o domínio (a propriedade) de certa coisa móvel ou imóvel, e o outro, a pagar-lhe certo preço em
dinheiro.
2. Características (Natureza Jurídica)

Bilateral ou sinalagmático – a compra e venda gera obrigações recíprocas: um contratante deve


entregar a coisa e o outro deve pagar o preço (art. 481).

Consensual – aperfeiçoa-se o contrato com o simples acordo de vontades, não sendo necessária a
entrega da coisa para que exista o vínculo (art. 482). A entrega da coisa é, pois, execução, cumprimento,
pagamento do contrato. OBS: Formação do contrato x aquisição da propriedade – pelo contrato de
compra e venda, as partes obrigam-se reciprocamente com a mera assinatura do instrumento. Mas a
transferência do domínio depende de outro ato: a tradição, para os móveis (arts. 1226 e 1267); e o seu
registro, para os imóveis (arts. 1227 e 1245).

Oneroso – há uma prestação e uma contraprestação. A vantagem exige sacrifício.

Comutativo – o contrato de compra e venda é, em regra, comutativo, porque as prestações são


certas e as partes podem antever as vantagens e sacrifícios, que geralmente se equivalem. Exceção: o
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contrato a compra e venda será aleatório nas hipóteses de venda de coisa
futura (arts. 458 e 459) e de venda de coisa exposta a risco (art. 460 e 461).

Não solene – o contrato de compra e venda, em regra, é não solene, isto é, de forma livre.
Exceção: contrato de compra e venda de imóveis de valor superior a 30 salários-mínimos (art. 108).

3. Elementos da Compra e Venda

Consentimento – CC, art. 482 (o consentimento, isto é, o acordo de vontades, deve ser livre e
espontâneo, sob pena de anulabilidade do negócio jurídico, e recair sobre os outros dois elementos: a
coisa e o preço)

Preço – CC, arts. 485 a 489 (é a contraprestação do comprador. O preço deve ostentar as seguintes
características)

a) Em dinheiro ou representado por outra expressão fiduciária – o preço deve ser pago em
dinheiro (art. 481, ―in fine‖), ou redutível a dinheiro, subentendendo-se válido o pagamento efetuado por
meio de título de crédito, do qual conste o montante em dinheiro estipulado.

b) Seriedade e Realidade – o preço tem que traduzir a efetiva intenção de constituir uma
contraprestação do comprador. O preço deve ser sério e real no sentido de que deve corresponder ao valor
da coisa, e não vil ou fictício. O que não pode haver é erro, nem lesão (arts. 138 e 157). OBS: Doação
dissimulada – se o preço for irrisório ou fictício, haverá doação dissimulada.

c) Determinado ou determinável – o preço tem que ser certo, conhecido no momento da


celebração, ou passível de ser conhecido no momento da execução, mediante critérios objetivos
estabelecidos pelos próprios contratantes. O preço pode ser determinado:

(i) por ambas as partes – art. 482 – não se admite a fixação arbitrária do preço por uma das
partes, sendo nula a cláusula neste sentido, por potestativa (art. 489);

(ii) por arbítrio de terceiro – art. 485 – permite a lei que a fixação do preço seja deixada ao
arbítrio de terceiro (árbitro escolhido pelas partes), que as partes contratantes logo designarem ou
prometerem designar.

(iii) pela taxa de mercado ou valor de bolsa de um determinado dia e local, ou ainda, por
índices ou parâmetros – arts. 486 e 487 – permite-se que se deixe a fixação do preço à taxa do mercado
ou de bolsa, em certo e determinado dia e lugar. O preço pode ser fixado, também, em função de índices
ou parâmetros, desde que suscetíveis de objetiva determinação;

(iv) pelo preço habitualmente praticado pelo vendedor – art. 488 – pode ser convencionada,
ainda, a venda sem fixação de preço ou de critérios para a sua determinação, entendendo-se que,
nesse caso, as partes se sujeitaram ao preço corrente nas vendas habituais do vendedor, não havendo
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tabelamento oficial. Na falta de acordo, por ter havido diversidade de preço,
prevalecerá o termo médio (art. 488, § único).

Coisa a coisa deverá: – (CC, arts. 483 e 484) -

a) ter existência (existência pode ser real ou potencial)

b) ser individuada (o objeto deve ser determinado ou determinável)

c) ser disponível ou estar no comércio (natural, legal e voluntária)

d) ter possibilidade de ser transferida ao comprador (Há duas hipóteses em que essa possibilidade
não existe: a) quando a coisa já pertencer ao comprador, ainda que não seja de seu conhecimento – b)
quando o vendedor não for dono da coisa (―venda a non domino‖), salvo se o adquirente estiver de boa-
fé, e o alienante adquirir depois a propriedade - neste caso, considera-se realizada a transferência desde a
tradição (art. 1268, § 1º).

e) Coisa litigiosa – a disponibilidade alcança a coisa litigiosa, como se extrai do art. 457, que
impede o adquirente de demandar pela evicção se sabia da litigiosidade, quando adquiriu a coisa, pois
assumiu voluntariamente o risco de o alienante sucumbir.

4. Limitações à Compra e Venda

Certas pessoas não têm legitimidade para contratar a compra e venda, em razão da sua condição
peculiar frente ao negócio jurídico que se pretende realizar.

Venda de Ascendente a Descendente – CC, art. 496 (A finalidade da vedação é evitar as


simulações fraudulentas: doações inoficiosas disfarçadas de compra e venda. Os outros descendentes e o
cônjuge devem fiscalizar o ato do ascendente, para evitar que faça doação a um só dos filhos, conferindo
ao ato a aparência e a forma de compra e venda, para que este último não fique obrigado à colação, em
prejuízo das legítimas dos demais).

Aquisição de Bens por Pessoas que Devem Zelar pelo Interesse do Vendedor - o art. 497 nega
legitimação a certas pessoas, encarregadas de zelar pelo interesse dos vendedores, para adquirir bens
pertencentes a estes. A intenção é manter a isenção de ânimo naqueles que, por dever de ofício ou por
profissão, têm de zelar por interesses alheios, como o tutor, o curador, o administrador, o empregado
público, o juiz e outros.

O Condômino - o condômino não pode alienar a sua parte indivisa a estranho, se outro consorte a
quiser, tanto por tanto. O condômino preterido pode exercer o seu direito de preferência pela ação de
preempção. (CC. Art. 504)

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Venda de Coisa de Pessoa Casada - um cônjuge, qualquer que seja
o regime de bens, exceto no da separação absoluta, só estará legitimado a alienar, hipotecar ou gravar de
ônus reais os bens imóveis depois de obter a autorização do outro, ou o suprimento judicial de seu
consentimento (arts. 1647, I, e 1648; art. 226, § 5º, CF).

Compra e Venda entre Pessoas Casadas. O art. 499 considera ―lícita a compra e venda entre
cônjuges, com relação a bens excluídos da comunhão‖.

5. Regras Importantes

Algumas regras relacionadas com o contrato de compra e venda são importantes e devem ser
relembradas:

Despesas com escritura e tradição – art. 490 – no silêncio do contrato, o comprador arca com as
despesas de escritura e registro, e o vendedor aquelas necessárias à tradição.

Risco da coisa perecer ou se danificar – art. 492 – antes do vendedor entregar a coisa, ele é o
dono e os riscos são seus, exceto se o comprador estiver em mora (art. 492, § 2º).]

Exceção do contrato não cumprido (Exceptio non adimpleti contractus) – arts. 495 e 477 – o art.
477 prevê uma garantia de execução da obrigação a prazo. Assim, quando as obrigações não forem
simultâneas, a parte que tiver que cumprir primeiro o contrato pode se recusar a fazê-lo ou exigir garantia,
quando se tornar previsível o descumprimento da contraprestação pela outra parte. O art. 495, por sua
vez, grafa que nas compras e vendas à prazo, se antes da tradição o comprador cair em insolvência,
poderá o vendedor sobrestar a entrega da coisa, até que o comprador lhe dê caução de pagar no tempo
ajustado. A norma do art. 495 é mais rigorosa do que a regra geral do art. 477, pois este fala em
―diminuição do patrimônio‖ ao passo que aquela exige ―insolvência‖.

Responsabilidade pelos débitos que gravam a coisa até a tradição – nos termos do art. 502, o
vendedor, salvo disposição em contrário, responde pelos débitos que gravem a coisa até o momento da
tradição. OBS: Obrigações “propter rem” ou ambulatórias – a responsabilidade do vendedor, salvo
ajuste em contrário, existe sempre em relação ao comprador. Entretanto, na hipótese de obrigação
―propter rem‖, o comprador pode ser obrigado a pagar a dívida, na medida em que a obrigação sobre ele
recairá por força da aquisição do domínio do bem, ressalvado o seu direito de regresso contra o vendedor
(ex.: obrigações tributárias, despesas condominiais, etc.).

6. Vendas Especiais

Venda Mediante Amostra - CC, art. 484. Amostra é o mesmo que paradigma. Se a mercadoria
entregue não for em tudo igual à amostra, caracteriza-se o inadimplemento contratual, devendo o

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comprador protestar imediatamente, sob pena de o seu silêncio ser
interpretado como correta e definitiva a entrega.

Venda ―ad mensuram‖ - CC, art. 500. É aquela em que o preço é estipulado com base nas
dimensões do imóvel (ex.: tal preço por alqueire). Aplica-se somente à compra e venda de imóveis. Falta
de área e excesso de área.

Venda ―ad corpus‖ - CC, art. 500, § 3º. É aquela em que o imóvel é adquirido como um todo,
caracterizado por suas confrontações, não tendo nenhuma influência na fixação do preço as suas
dimensões.

7. Cláusulas Especiais à Compra e Venda

1. Retrovenda;

2. Venda a Contento e Sujeita à Prova;

3. Da Preempção ou Preferência;

4. Venda com Reserva de Domínio;

5. Venda sobre Documentos

7.1. Retrovenda – CC, arts. 505/508.

É a cláusula pela qual o vendedor se reserva o direito de reaver, em determinado prazo, o imóvel
que vendeu, restituindo o preço pago mais as despesas feitas pelo comprador (CC, art. 505).

Natureza jurídica – sua natureza jurídica é a de um pacto acessório, adjeto ao contrato de


compra e venda. Caracteriza-se como condição resolutiva expressa, trazendo como consequência o
desfazimento da venda, retornando as partes ao seu estado anterior. Não constitui nova alienação e por
isso não incide imposto de transmissão ―inter vivos‖.

Objeto – só pode ter como objeto bens imóveis, pois os móveis se transferem por simples
tradição, dificultando o exame da situação.

Direito de retrato ou resgate – é o poder que se assegura ao primitivo vendedor, dentro de um


prazo certo, de readquirir a propriedade por ele vendida, pelo mesmo preço da venda originária, acrescido
de todas as despesas feitas pelo primitivo comprador. O direito de retrato é direito pessoal e não direito
real, tendo eficácia ―erga omnes‖ porque é transcrito no registro.

Prazo para exercício – o prazo máximo para exercício do direito de retrato ou resgate é de 3
anos. Se as partes ajustarem período maior, reputa-se não escrito somente o excesso; se não estipularem
nenhum prazo, prevalecerá o máximo de 3 anos. Fixado pelas partes, ou presumido pela lei, o prazo é
sempre decadencial.
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Transmissibilidade do direito de retrato ou resgate – o direito de
resgate pode ser cedido a terceiros, transmitido a herdeiros e legatários e ser exercido contra terceiro
adquirente (art. 507). O alienante conserva a sua ação contra os terceiros adquirentes da coisa
retrovendida, ainda que não conhecessem a cláusula de retrato, pois adquiriram a propriedade resolúvel
(art. 1359).

7.2. Da Venda a Contento e da Sujeita à Prova - (CC, arts. 509/512).

Ocorre quando se estipula no contrato a condição de que a coisa será testada antes de ser
considerada a venda definitiva. É o pacto adjeto a contratos de compra e venda que subordina a avença à
condição suspensiva ou resolutiva de o comprador se agradar da coisa ofertada. É mais comum na venda
de gêneros alimentícios e bebidas. Entende-se realizada sob condição suspensiva, ainda que a coisa tenha
sido entregue ao comprador (art. 509), se no contrato não se lhe tiver dado expressamente o caráter de
condição resolutiva

7.3. Da Preempção ou Preferência (CC, arts. 513/520).

É a cláusula acertada pelos contratantes mediante a qual fica garantido ao vendedor o direito de
adquirir a coisa vendida, quando o comprador resolver vendê-la a terceiro pelo preço e condições que este
oferecer. É a cláusula pela qual fica assegurado ao vendedor o direito de adquirir a coisa para si quando o
comprador pretender dá-la em pagamento ou vendê-la a terceiro. A preferência do condômino na
aquisição de parte indivisa (art. 504) e a do inquilino, quanto ao imóvel locado posto à venda (art. 27 da
Lei 8245/91) são exemplos de preferência ou prelação legal. Os arts. 513 e ss. tratam, porém, da
preferência convencional, resultante de acordo de vontades. Pode ser convencionado que o comprador se
obriga a oferecer ao vendedor a coisa a que aquele vai vender, ou dar em pagamento, para que este use de
seu direito de prelação na compra, tanto por tanto (art. 513).

7.4. Venda com Reserva de Domínio (CC, arts. 521/528).

Por força desta cláusula contratual o comprador recebe a posse direta da coisa, permanecendo com
o vendedor a propriedade até o pagamento integral da coisa. trata-se de modalidade especial de venda de
coisa móvel, em que o vendedor tem a própria coisa vendida como garantia do recebimento do preço. Só
a posse é transferida ao adquirente. A propriedade permanece com o alienante e só passa àquele após o
recebimento integral do preço (art. 521). O referido pacto, celebrado em geral nas compras e vendas a
crédito de bens móveis, como os eletrodomésticos, objetiva dar maior garantia aos comerciantes,
enquanto o contrato de alienação fiduciária visa a garantir as financeiras, que atuam como intermediárias
entre o vendedor e o consumidor. Embora o campo maior de incidência da venda com reserva de domínio
seja o de bens móveis infungíveis, inexiste qualquer norma que proíba a sua aplicação à venda de

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imóveis. Tem a natureza de venda sob condição suspensiva, pois a aquisição
do domínio fica subordinada ao pagamento da última prestação.

7.5. Venda sobre Documentos (CC, arts. 529/532).

Tal modalidade de compra e venda tem maior uso no comércio marítimo de praça a praça e entre países
distantes. Esclarece o art. 529 que ―na venda sobre documentos, a tradição da coisa é substituída pela
entrega do seu título representativo e dos outros documentos exigidos pelo contrato ou, no silêncio deste,
pelos usos‖.

8. Promessa/Compromisso de Compra e Venda –

No compromisso de compra e venda é criada uma obrigação de fazer (a de assinar o contrato


definitivo no futuro), ao passo que na compra e venda, há uma obrigação de dar (a de entregar a coisa).

8.1. Direito do Promitente Comprador – Natureza Jurídica

Contrato preliminar que tem como objeto futuro contrato de compra e venda.

Direito real de aquisição da coisa

Previsão CC, arts. 1417/1418

8.2. Adjudicação Compulsória

Cláusula de Arrependimento – imóvel não loteado


Promessa de Compra e Venda Irretratável imóvel loteado proibição de arrependimento

DO EMPRÉSTIMO

Introdução

Empréstimo é o contrato pelo qual uma das partes entrega uma coisa à outra, para ser devolvida
em espécie ou em gênero.

Duas são as espécies de empréstimo: o comodato e o mútuo.

O comodato é o empréstimo de coisa não fungível, eminentemente gratuito, no qual o comodatário


recebe a coisa emprestada para uso, devendo devolver a mesma coisa, ao termo do negócio.

O mútuo é o empréstimo de coisa fungível, destinada ao consumo. De modo que o mutuário, ao


receber a coisa, torna-se seu proprietário, podendo destruir lhe a substância, visto que não precisa
devolver o mesmo objeto, mas apenas coisa da mesma espécie, qualidade e quantidade.

A circunstância de no mútuo o mutuário se tornar proprietário da coisa emprestada, transfere-lhe


os riscos por sua perda, pois res perit domino, (brocardo latino que significa "a coisa morre para o
senhor, a coisa morre para o credor") fato que não ocorre no campo do comodato.
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Como nesse contrato o domínio da coisa emprestada não se transfere
ao comodatário, sua perda, por caso fortuito ou de força maior, é sofrida pelo comodante, pois da mesma
forma res perit domino.

Conceito e Natureza Jurídica do Comodato

O art. 1248 do CC define o comodato, dizendo ser o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis.
Perfaz-se com a tradição do objeto.

Neste conceito se encontram os três elementos básicos do contrato: a gratuidade do negócio, a não
fungibilidade do objeto e a necessidade de sua tradição para o aperfeiçoamento do ajuste.

Trata-se de um contrato gratuito, real, unilateral e, em princípio, não solene.

Gratuito, deflui de sua própria natureza, pois se fosse oneroso se confundiria com a locação.

É contrato real, porque não se aperfeiçoa pela mera troca de consentimentos. Mister se faz a
entrega da coisa, pelo comodante ao comodatário.

Unilateral, obrigações só incumbem aos comodatário, pois nenhum dever, em tese, onera o
comodante.

O comodato é contrato não solene, pois a lei não lhe prescreve qualquer forma.

Obrigações do Comodatário

Velar pela conservação da coisa –

O comodatário deve zelar pela coisa como o prudente pai de família. O comodatário deve
conservar a coisa como se sua própria fosse, e o art. 1253 impõe-lhe a pena de responder pelo dano, ainda
que oriundo de força maior.

Da obrigação de conservar a coisa resulta, para o comodatário, uma outra: a de fazer as despesas
de conservação necessárias para o uso e gozo da coisa. Estas despesas não são reembolsáveis

Servir-se da coisa emprestada de forma adequada.

A coisa emprestada será usada, pelo comodante, de acordo com os termos da convenção. Quando
for o misso o contrato, entender-se-á que a coisa foi emprestada para ser utilizada de acordo com a sua
natureza

Restituir a coisa emprestada no momento devido.

Sendo o comodato um contrato temporário, o comodatário deve restituir a coisa no termo


convencionado ou, não se havendo fixado termo, findo o prazo necessário ao uso concedido.

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Uma exceção, entretanto, se admite. De fato, pode o comodante
reclamar a devolução da coisa emprestada, antes de findo aquele prazo, provando necessidade urgente e
imprevista.

O descumprimento da obrigação de restituir coloca o comodatário em mora.

O comodatário moroso deve pagar um aluguel ao comodante, pois caso contrário, o forçaria a
praticar uma liberalidade contra seu querer. Os aluguéis serão os que o comodante arbitrar.

Em tese, o comodatário não responde pelos riscos. Entretanto, se estiver em mora de devolver a
coisa emprestada, responde por sua perda ou deterioração, ainda que decorrentes de caso fortuito.

Extinção do Comodato

I. O contrato de comodato se exaure pelo advento do termo convencionado. Se não houver termo
ajustado, o comodato termina após haver o comodatário usado a coisa, de acordo com o fim para que foi
emprestada.

II. O contrato pode, ademais, ser pelo comodante rescindido antes desse termo, se o comodatário,
de qualquer modo, descumpre suas obrigações, como quando, por exemplo, usa a coisa de forma diversa
da que foi convencionada ou imposta por sua natureza.

III. O comodato em virtude da gratuidade de sua natureza, pode ser resolvido pela manifestação
unilateral da vontade do comodante, uma vez que prove a superveniência de necessidade imprevista e
urgente.

IV. Problema controvertido é o referente à extinção ou não do comodato, em razão da morte do


comodatário.

Deve o julgador ter em vista que se trata de um negócio intuitu personae, de modo que as
vantagens dela oriundas, em regra, não se transmite aos herdeiros do beneficiário.

O juiz examinará as circunstâncias que rodeara m a convenção, para verificar, em cada caso, se o
intuitu personae era o seu elemento preponderante, e se a resolução do negócio não provocará injusto
prejuízo aos sucessores do morto. Se se convencer disso, deve declarar findo o comodato.

MÚTUO

1. Conceito

É o contrato pelo qual uma pessoa (Mutuante) empresta coisa fungível à outra (Mutuário), que se
obriga a restituí-la em coisa do mesmo gênero, da mesma qualidade e na mesma quantidade (CC,
art. 586).

1.1. Riscos da Coisa Emprestada


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Os riscos de destruição correrão, única e exclusivamente, por conta
do tomador do empréstimo, desde o momento da tradição (CC, art. 587)

1.2. Prazo do Contrato

O contrato de mútuo é um contrato com prazo determinado, quer por determinação das partes,
quer pela aplicação supletiva do art. 592 do CC.

2. Características Jurídicas

É Contrato Real (CC, art. 587) – Se aperfeiçoa com a entrega do bem;

É Contrato Unilateral – Somente uma das partes aufere vantagem;

É Contrato Gratuito ou Oneroso (CC, art. 591) – Pode ser mútuo feneratício;

É Contrato Temporário (CC, art. 592) – Tem que ter prazo estipulado;

É Contrato Translativo de Domínio (CC, art. 587) - Autoexplicativo

3. Requisitos

3.1. Subjetivo

Para contratar um mútuo é necessário que as partes sejam capazes.

O Mutuante tem de ser apto a dispor da coisa a ser emprestada.

O Mutuário deve ser habilitado a obrigar-se.

O Mútuo feito a menor, sem prévio autorização do representante legal, não pode ser reavido
nem do Mutuário nem dos seus fiadores (CC, art. 588).

Tal regra comporta exceção nos seguintes casos (CC, art. 589):

1) Se a pessoa, de cuja autorização necessitava o mutuário para contrair o empréstimo, o ratificar


posteriormente;

2) Se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o empréstimo para os seus
alimentos habituais;

3) Se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho. Mas, em tal caso, a execução do credor não
lhes poderá ultrapassar as forças;

4) Se o empréstimo reverteu em benefício do menor;

5) Se o menor obteve o empréstimo maliciosamente. (ver CC, art. 180)

3.2. Objetivo

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→ Por ser empréstimo de consumo, requer que o objeto seja coisa fungível,
ou seja, bem móvel que possa ser substituído por outro da mesma espécie, qualidade e quantidade.

4. Efeitos Jurídicos

O Mútuo produz os seguintes efeitos:

1) Obrigações ao Mutuário:

a) Restituir a coisa emprestada por outra do mesmo gênero, quantidade e qualidade.

b) Pagar os juros, no caso de mútuo feneratício.

2) Direitos ao Mutuante:

a) Exigir garantia da restituição, caso o Mutuário venha a sofrer, antes do vencimento do contrato,
mudança no seu patrimônio ou na sua situação financeira, que venha a possibilitar dificuldade na
restituição da coisa; (CC, art. 590) A garantia pode ser real (penhor, hipoteca) ou fidejussória (fiança) ou
caução em dinheiro.

b) Reclamar a restituição do bem emprestado, uma vez vencido o prazo contratual.

c) Demandar a resolução do contrato se o Mutuário, no mútuo feneratício, deixar de pagar os


juros.

3) O Mutuante assume certos deveres, mas que não chegam a ser obrigações. São eles:

a) Entregar a coisa objeto do mútuo;

b) Abster-se de interferir no consumo da coisa emprestada, não cobrando a restituição antes do


convencionado, exceto se houver motivo justo.

5. Mútuo Feneratício (Cc, Art. 591)

Mútuo feneratício ou a juros (compensatórios ou moratórios) Contrato de empréstimo oneroso de


coisa fungível, ou seja, um contrato de mútuo com incidência de juros.

6. Extinção Do Mútuo

O mútuo se extingue pelo:

1) Pela expiração do prazo convencionado pelos contratantes;

2) Pela ocorrência dos casos previstos no artigo 592, do CC;

3) Pela resolução contratual fundada no descumprimento do convencionado;

4) Pela resilição unilateral por parte do devedor;

5) Pelo distrato;
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DO CONTRATO DE SOCIEDADE

Conceito

O CC definiu o contrato de sociedade dizendo que o celebram as pessoas que mutuamente se


obrigam a combinar seus esforços ou recursos, para lograr fins comuns.

Essa conjunção, voluntária e declarada, de esforços e recursos ou só de esforços ou só de recursos,


constitui o contrato de sociedade.

As pessoas jurídicas têm existência distinta da dos seus membros. Mais isso é circunstância que
nada tem a ver com o contrato de sociedade, que pode existir sem que de sua existência emerja,
necessariamente, um órgão com personalidade distinta da de seus componentes.

A doutrina aponta uma distinção entre aquelas sociedades que têm finalidade lucrativa e exigem
de seus associados um comportamento ativo, ou seja, uma atividade dinâmica, e a que chama sociedades
propriamente ditas, e aquelas outras em que, em vez de existir escopo especulativo, as partes se reúnem
com um fim recreativo, cultural, religioso, etc., e que dá o no me de associações.

De fato, na compra e venda, na locação, no depósito etc., os interesses das partes são antagônicos
e o contrato surge exatamente para reduzir as oposições e compor as divergências.

Na sociedade isso não se dá. Os interesses dos sócios são paralelos e o ato que junta a vontade dos
contratantes revela aspirações comuns. Daí manifestar-se na doutrina uma remota tendência no sentido de
negar-se à sociedade o caráter de contrato.

O que nitidamente caracteriza o contrato de sociedade é o propósito, comum aos contratantes, de


se unirem para alcançar uma resultado almejado. A esse fator subjetivo a doutrina dá o nome de affectio
societatis. Constitui ele o elemento subjacente e fundamental do conceito de sociedade. Sua presença, ou
não, é que distingue sociedade do condomínio tradicional.

Se o contrato de sociedades representa a confraternização de interesses dos sócios para buscar


determinado resultado, o negócio se desvirtuaria se o resultado alcançado beneficiasse apenas um ou
alguns deles. Da mesma forma, isso aconteceria se um dos associados ficasse isento dos riscos do
empreendimento.

Da Forma da Sociedade

O contrato de sociedades se enquadra entre os não solenes, não estando sujeitos à forma
determinada por lei.

Entretanto, quando se destina a ter mais longa duração, é em geral reduzido a escrito, fato que
também ocorre quando maior é o vulto dos interesses em jogo.

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Espécies de Sociedades

O CC contempla duas espécies de sociedades: as universais e as particulares.

São universais aquelas sociedades que abrangem:


a) todos os bens presentes dos sócios; ou,
b) todos os bens futuros; ou,
c) todos os bens presentes e futuros; ou ainda,
d) todos os frutos e rendimentos dos bens dos sócios.

Na maioria dos casos as sociedades são particulares. O CC define como particular aquela
sociedade que compreende bens e serviços especialmente declarados no contrato, incluindo, neste rol,
aquela sociedade constituída especialmente para executar em comum certa empresa, explorar certa
indústria, ou exercer certa profissão.

Da Duração da Sociedade

a) se o contrato fixar termo de duração, a sociedade durará até que ele advenha, se não for
dissolvida por outro motivo permitido na lei;

b) se a sociedade for constituída para certo negócio ou empresa determinada, presume-se ter sido
fixado sua duração até que tal empreendimento seja levado a cabo.

c) Se o contrato for silente sobre sua própria duração e se não se contratou sociedade para um
empreendimento apenas, mas em caráter duradouro, entende -se que o prazo da sociedade será
indeterminado.

Dos Direitos e Obrigações Recíprocos dos Sócios

Fornecimento do capital A cada sócio se impõe uma determinada entrada, seja ela em dinheiro,
em bens, em direitos ou em serviços. Quando tal entrega consistir em bens há que se distinguir se são, ou
não, coisas fungíveis

Se forem coisas infungíveis, portanto objetos determinados, o sócio que os fornecer responde para
com a sociedade pela evicção, da mesma maneira que o vendedor responde ao comprador. (art. 1377).

Quando o domínio dos mesmos se transferir à sociedade, é esta que corre os riscos pelo seu
perecimento ou deterioração. Quando, entretanto, os bens continuarem no domínio do sócio, que só
concorre para a sociedade com a renda por aqueles produzida, então por conta dele correrão os riscos (art.
1390).

A regra que regula a matéria é sempre a mesma, isto é, res perit domino.

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Se os bens forem coisas fungíveis, passam imediatamente ao
domínio comum de todos os sócios. E nesse caso, os riscos pelo perecimento de tais bens constitui ônus
comum de todos, pois ainda aqui a regra é a mesma.

O direito do sócio de alienar sua quota de capital sofre restrições. Tal asserção, entretanto, é
verdadeira apenas para a sociedades de pessoas, e não para as sociedades de capital. Porque nas empresas
de pessoas o intuitu personae é relevante.

Negando a lei ao sócio o direito de associar estranho à sociedade, não lhe veda, contudo, a
prerrogativa de associá-lo ao seu quinhão.

Administração da Sociedade

No mais das vezes constam do contrato de sociedade a forma e modo de como será administrada.

Art. 1386. Em falta de estipulações quanto à gerência social:

I. Presume-se que cada sócio tem o direito de administrar, e válido é o que fazer, ainda em
relação aos associados que não consentirem, podendo, porém, qualquer destes opor-se
antes de levado o ato a efeito.
II. Cada sócio pode servir das coisas pertencentes à sociedade, contanto que lhes dê o seu
direito, não as utilize contra o interesse social, nem tolha aos outros aproveitá-la nos
limites do seu direito.
III. Cada sócio pode obrigar os outros a contribuir com ele para as despesas necessárias à
conservação dos bens sociais.
IV. Nenhum sócio, ainda que lhe pareça vantajoso, pode, sem consentimento dos outros, fazer
alteração nos imóveis da sociedade.

Participação nos Lucros e Perdas

Como o contrato de sociedade é um contrato de cooperação, o normal é que os associados


comunguem do bom e do ruim, de modo que, quando for igual sai participação, devem sofrer prejuízos
idênticos e se beneficiar de idênticos lucros.

Art. 1383. Se o contrato não declarar a parte de cada sócio nos lucros e perdas, entender-se-á
proporcionada, quanto aos sócios de capital, à soma com que entraram. Em relação aos sócios de
indústria, guardar-se-á o disposto no art. 1409, parágrafo único.

Das Obrigações da Sociedade e dos Sócios para com Terceiros

I. Das dívidas passivas da sociedade

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As obrigações contraídas pelo sócio administrador obrigam a
sociedade, como também a obrigam, obviamente, as dívidas contraídas por todos os sócios,
conjuntamente.

Aqui cumpre, ainda uma vez, distinguir de um lado, aquelas sociedades em que o contrato social
foi inscrito em seu Registro peculiar, daí emergindo uma pessoa jurídica; e, de outro lado, aquelas
sociedades em que não se havendo obedecido a tal formalidade, nenhuma pessoa moral teve nascimento.

No primeiro caso, o devedor principal é a sociedade pessoa jurídica, só sendo chamados os sócios
para concorrer com seus próprios bens quando o cabedal social foi insuficiente para cobrir s dívidas da
sociedade. E se as sociedades forem de responsabilidade limitada, só a pessoa jurídica é responsável e
dentro do limite do patrimônio social.

No segundo caso, na relação jurídica não aparece qualquer outro ente com personalidade, de sorte
que as dívidas contraídas pelo gerente de uma deliberada comunhão de interesses, ou por todos os sócios
conjuntamente, são dívidas comuns de todos eles.

II. Das dívidas ativas da sociedade

É evidente que os devedores da sociedade devem pagar ao sócio que a representa, isto é, ao que,
em nome dela, esteja autorizado a receber.

Entretanto, se ninguém estiver autorizado a receber o pagamento e a sociedade não houver ganho
personalidade jurídica, os sócios passam a ser credores individuais, isso posto, e sendo a prestação
divisível, ela se reparte em tantas partes quantos forem os credores.

Se o pagamento for feito a um sócio não autorizado a receber, não se desobriga o devedor.
Apenas, como se trata de pagamento indevido em parte, fica o devedor com ação regressiva contra o
credor, para haver o excesso que lhe pagou.

Da Dissolução da Sociedade

A lei enumera numerosas causas de dissolução da sociedade (art. 1399). Dissolvida a sociedade,
procede-se à sua liquidação através da ação competente, que é a ação de dissolução e liquidação de
sociedades.

I - Causas de dissolução de sociedade ínsitas no contrato social. Trata-se da destruição do contrato por
motivos contemporâneos de sua feitura.

a) Implemento De Condição Resolutiva

Se a eficácia do negócio de sociedade dependia da ocorrência de evento futuro e incerto, resolve-


se o contrato, verificando-se a condição.

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b) Advento do Termo

Os contratos com prazo determinado de vigência se extinguem com o transcurso do mesmo. Se,
ordinariamente, nenhum dos sócios pode exigir sua dissolução antes de expirar o prazo, nenhum, pode,
por sua vontade exclusiva, impedir o seu perecimento pelo advento do termo.

Nada impede entretanto, que o s associados se componham para a prorrogação do contrato

A prorrogação da vigência dessas sociedades não pode ser tácita.

Assim, se os sócios, mesmo após o termo do contrato, se mantiverem em sociedade, revelando o


propósito de continuarem, há que se entender que constituíram tacitamente novo contrato.

Deve-se entender que há nova sociedade e não prorrogação da antiga, quando o contrato que a
estende é levado a efeito após o termo de vencimento do ajuste original.

Consecução do Fim Social

Quando uma sociedade é organizada para alcançar determinado escopo e este fim é atingido,
perde ela sua razão de ser.

II. Causas supervenientes de dissolução de sociedade

a) A Extinção do Capital Social ou seu Acentuado Desfalque

Quando o capital se consome, ou de tal maneira se d esfalca que não mais possibilita alcance dos
fins que se tem em vista, tal circunstância, superveniente, constitui causa capaz de justificar a dissolução
da sociedade.

b) A Falência, A Incapacidade ou a Morte de um dos Sócios

Como todos os bens do falido entram na formação da massa, mister se faz liquidar sua parte na
sociedade para que a ela se dê aquele destino. A incapacidade e a morte do sócio são causas de dissolução
da sociedade, por se tratar de um negócio realizado intuitu personae. Os contratantes não podem ser
obrigados a continuar associados aos representantes legais do consócio que se tornou incapaz, ou aos
herdeiros do que faleceu.

c) A Renúncia de Qualquer dos Sócios

A renúncia só é possível se a sociedade não tiver termo determinado, pois em tal caso, como
vimos, cumpre aos associados aguardar o transcurso do prazo.

Todavia, para que tenha a renúncia efeito resolutivo, mister se faz a presença dos seguintes
requisitos: deve ser feita de boa-fé, em tempo oportuno e ser notificada aos consócios dois meses antes do
momento em que deva produzir efeitos.

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d) O Consenso Unânime dos Associados

Esta é uma causa óbvia de dissolução. Se o negócio se aperfeiçoa pelo consenso de todos os
contratantes, faz -se sua dissolução por novo consentimento, neste sentido.

Efeitos da Dissolução da Sociedade

A dissolução põe termo ao contrato de sociedade, passando-se, assim, à fase de liquidação. A


liquidação tem por objeto apurar os haveres da sociedade para a final proceder-se à partilha. A esta se
aplicam, dentro do possível, as regras da partilha entre os herdeiros. (art. 1409).

FIANÇA

1. Definição

Com base na regra legal, podemos definir a fiança como o negócio jurídico por meio do qual o
fiador garante satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo devedor, caso este não a cumpra (CC,
Art. 818).

A fiança é um contrato firmado entre o credor e o fiador, não tendo participação obrigatória do
devedor (CC, Art. 820)

2. Características Jurídicas
É Contrato Unilateral, Gratuito, Acessório, Definitivo, Formal (CC, Art. 819), de Duração,
Paritário ou Por Adesão e Personalíssimo (CC, Art. 836)
3. Partes
l. Credor
2. Fiador - CC, Arts. 825 (aceitação do fiador) e 826 (fiador insolvente ou incapaz)
Art. 825. Quando alguém houver de oferecer fiador, o credor não pode ser obrigado a aceitá-lo se
não for pessoa idônea, domiciliada no município onde tenha de prestar a fiança, e não possua bens
suficientes para cumprir a obrigação.

Art. 826. Se o fiador se tornar insolvente ou incapaz, poderá o credor exigir que seja substituído.

4. Objeto da Fiança
1.Objeto do contrato de fiança é a dívida que se quer garantir.
2. A fiança compreenderá todos os acessórios da dívida principal se não limitada (CC, Art. 822)
3. O valor da fiança fica limitada ao valor da dívida (CC, Art. 823)
4. As obrigações nulas não são suscetíveis de fiança (CC, Art. 824)

5. Espécies de Fiança

Processual – é aquela decorrente de uma exigência processual (CPC, art. 559), é prestada pelo
próprio devedor
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Legal – é a oriunda de específica previsão legal (CC, Art. 260 e 495)

Convencional – é a proveniente da vontade espontânea das partes (credor e fiador), mesmo sem a
concordância do devedor.

6. Benefício de Ordem

Benefício de ordem ou excussão – consiste em meio de defesa patrimonial pelo qual o fiador,
demandado pelo credor, aponta bens livres e desembargados do devedor, para serem excutidos em
primeiro lugar (CC, Art. 827).

Na forma do CC, Art. 828 não aproveita o benefício de ordem.

7. Fiança Conjunta

Não há impedimento legal que mais de uma pessoa assuma a qualidade de fiador, contudo, por
expressa previsão legal, haverá solidariedade passiva entre elas, excetuada a hipótese de previsão de
reserva de benefício de reserva (CC, Art. 829)

Sub-rogação do fiador

Art. 831. O fiador que pagar integralmente a dívida fica sub-rogado nos direitos do credor; mas só
poderá demandar a cada um dos outros fiadores pela respectiva quota.

Parágrafo único. A parte do fiador insolvente distribuir-se-á pelos outros.

8. Limitação Temporal de Fiança


Prestada a fiança sem limitação de tempo, poderá o fiador, sempre que lhe convier, exonerar-se da
fiança.
Art. 835. O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem limitação de tempo,
sempre que lhe convier, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante sessenta dias após a
notificação do credor.

9. Fiança e Outorga Uxória

Para validade da fiança prestada por fiador casado exige-se outorga uxória (CC, art. 1.647)

Para ser eficaz, a fiança prestada por um dos cônjuges deve ter o consentimento expresso (escrito)
do outro cônjuge.

A outorga uxória é utilizada como forma de impedir a dilapidação do patrimônio do casal por um
dos cônjuges. Por isso, a fiança prestada sem a anuência do cônjuge do fiador é nula.

O enunciado da Súmula 332 do STJ dispõe: ―Fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges
implica a ineficácia total da garantia.‖

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CÉDULAS E NOTAS DE CRÉDITO

Conceito

São títulos representativos de operações de financiamento, tendo por negócio de base empréstimos
concedidos por instituições financeiras ou entidade a essas equiparadas, a quem se dedique a
determinadas áreas econômicas, como atividades rurais, industrias, comerciais, imobiliárias, exportação
e/ou importação.

Causalidade das cédulas e notas de crédito:

Esses títulos surgem de negócio jurídico necessário e que tem ambiente negocial próprio. Título
de Crédito causal tem por credor, obrigatoriamente um Banco ou Instituição assemelhada.

Diferença entre Cédulas e Notas de Crédito:

Nas Cédulas há garantia real (indicado na própria cédula), enquanto as Notas não gozam dessa
garantia.

Nas Cédulas de Crédito, a garantia real pode ser representada por bem móvel ou imóvel, ou
mesmo por ambos, o que permite a doutrina classificá-las em:

Cédula Hipotecária; Cédula Pignoratícia; Cédula Fiduciária; Cédula Hipotecária e


Pignoratícia.

Cédula Hipotecária: quando a garantia é a hipoteca constituída sobre um imóvel.

Cédula Pignoratícia: quando a garantia é o penhor sobre determinados bens móveis.

Cédula Fiduciária: quando a garantia é a alienação fiduciária de bens adquiridos com o financiamento
ou mesmo bens do próprio patrimônio do devedor.

Cédula Pignoratícia e Hipotecária: quando o adimplemento apresenta-se garantido tanto pelo penhor de
bens móveis, quanto pela hipoteca de bem imóvel.

O legislador não preocupou-se em organizar esses títulos de forma ordenada, portanto eles
apresentam-se da seguinte maneira:

1. Título de Crédito Industrial: Cédula de Crédito Industrial e Nota de Crédito Industrial. Decreto-
Lei nº413/69
2. Título de Crédito Comercial: Cédula de Crédito Comercial e Nota de Crédito Comercial. Lei nº
6.840/90
3. Título de Crédito à Exportação: Cédula de Crédito à Exportação e Nota de Crédito à
Exportação. Lei nº 6.313/75

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4. Títulos de Crédito Rural: Cédula de Crédito Rural Pignoratícia,
Cédula de Crédito Rural Hipotecária e Cédula de Crédito Pignoratícia e Hipotecária. Decreto-Lei
nº 167/67
5. Cédula de Produto Rural. Lei nº 8.929/94
6. Cédula de Debênture. Lei nº 6.404/76
7. Cédula Hipotecária. Decreto-Lei 70/66
8. Cédula de Crédito Imobiliário. Lei n° 10.931/04

As Cédulas e Notas de Crédito são títulos de crédito, por expressa disposição legal, porém,
apresentam estrutura formal de contratos, trazendo cláusulas diversas.

São contratos com natureza jurídica (ex vi legis) de títulos de crédito, comungando dos princípios
e das regras de direito cambial e contratual.

Contratos de Adesão: São aqueles emitidos pelo devedor por formulário feito pelo credor.
Possibilidade de revisão das cláusulas.

A emissão desses títulos faz-se por escrito, em tantas vias quantas forem as parcelas que nela
intervierem, sendo assinadas pelo emitente e pelo terceiro garantidor, se houver, ou por seus mandatários,
devendo cada parte receber uma via na qual estará impressa a expressão não negociável, posto que
somente a via do credor pode ser transferida, por endosso ou cessão de crédito.

Não se exigem assinaturas de testemunhas, pois o título, por si e por seu registro na respectiva
contabilidade, prova a vinculação da instituição financeira do documento elaborado por seus prepostos.

Requisitos:

a) Denominação; b) Promessa de Adimplemento; c) Forma de Pagamento; d) Indicação do Credor e


Cláusula à Ordem; e) Valor do Crédito; f) Finalidade do Financiamento; g) Definição da Garantia Real;
h) Encargos Financeiros; i) Praça de Pagamento; j) Data; k) Lugar da Emissão; l) Assinatura; e Registro.

As Cédulas e Notas de Crédito, são títulos líquidos, certos e exigíveis.

Previsão Legal: Artigo 10 do Decreto-Lei nº167/67 e do Artigo 10 do Decreto nº 413/69.

A Cédula de Crédito Industrial é título líquido e certo, exigível pela soma dela constante ou do
endosso, além dos juros da comissão de fiscalização, se houver, e demais despesas que o credor fizer para
segurança, regularidade e realização de seu direito creditório.

Garantia Real das Cédulas de Crédito

As Cédulas de Crédito, comportam uma garantia real para a obrigação assumida por seu emitente,
e que pode ser prestada pelo oferecimento de penhor ou hipoteca, inclusive alienação fiduciária.

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Garantia Pignoratícia: Nas Cédulas Pignoratícias, um bem móvel é
dado em garantia de pagamento da obrigação, trata-se de vínculo direto entre o direito obrigacional de
honrar o título e o direito real sobre a coisa móvel, vínculo esse que apenas se desfaz com a desoneração
consensual ou judicial.

Essa garantia pode ser oferecida pelo próprio devedor, beneficiário do financiamento e emitente
da Cédula de Crédito, ou por terceiro que comparece ao título para enunciar sua declaração unilateral de
oferecimento de garantia real, devendo portanto, assinar a cártula.

Os bens dados em garantia, tem a propriedade vinculada à obrigação representada pela Cédula de
Crédito, continuam na posse imediata do emitente, se de sua propriedade, ou de terceiro prestador da
garantia, que os devem guardar e conservar.

Antes da liquidação da Cédula, isto é, antes do pagamento do principal e dos encargos, os bens
apenhados não poderão ser removidos das respectivas propriedades, anotadas no anexo à Cédula, sob
qualquer pretexto e para onde quer que seja, sem prévio consentimento escrito do credor.

Para as Cédulas de Crédito Pignoratícias, o penhor pode recair sobre: Os gêneros oriundos da
produção agrícola, extrativa ou pastoril, caminhões, camionetas de carga, furgões, carretas, carros etc

Nas Cédulas de Crédito Industrial, Comercial e de Exportação submetidas ao Decreto n° 413/69,


poderão ser empenhadas: máquinas e aparelhos utilizados no empreendimento, com ou sem os
respectivos pertences, matérias primas, produtos industrializados etc.

Entrega de bens a terceiro: Os bens apenhados poderão, se convier ao credor, ser entregues à
guarda de terceiro fiel depositário, instituído judicial ou convencionalmente, que se sujeitará às
obrigações e às responsabilidades legais e cedulares.

Os direitos e as obrigações do terceiro fiel-depositário, independerão da lavratura de contrato de


comodato e de prévio consentimento do locador.

Penhor de Veículo: Quando a Cédula de Crédito é garantida pelo penhor de veículos,


excepciona-se a regra de impossibilidade de remoção dos bens de sua localização anotada na cártula.

Podem ser objeto de penhor os veículos empregados em qualquer espécie de transporte ou


condução.

É de 2 anos, prorrogável até o limite de igual tempo, o prazo máximo para convencionar o
penhor de veículos.

Hipoteca: Na Cédula de Crédito Hipotecária, a obrigação de pagar esta garantida por uma
propriedade imóvel, com a qual é criado um vínculo jurídico.

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Podem ser objeto de Hipoteca: os imóveis e os acessórios dos
imóveis conjuntamente com eles; o domínio direto; o domínio útil; as estradas de ferro; os recursos
naturais a que se refere o art. 1.230, independentemente do solo onde se acham; os navios; as aeronaves; o
direito de uso especial para fins de moradia; o direito real de uso; a propriedade superficiária.

Alienação Fiduciária: A alienação fiduciária, também é capaz de garantir as cédulas de crédito


industrial, comercial e à exportação. Assim, para garantir o cumprimento da obrigação, transfere-se ao
credor o domínio resolúvel e a posse indireta de uma coisa.

Essa transferência prescinde de tradição efetiva do bem, o alienante ou devedor fica na


condição de possuidor direto e de depositário com todas as responsabilidades e encargos que lhe
incumbem.

O devedor fiduciário deve ser remunerado pelo credor, caso este ceda a posse ou o uso a
terceiros, gratuita ou onerosamente.

Se o credor fiduciário não conservar a posse direta e indireta do bem infungível, alienado
fiduciariamente, a formação de seus direitos encontrará dificuldades de fato e de direito. Para impedir
essa ocorrência, a lei prevê a incidência do crime de estelionato, conforme dispõe o Artigo 43 do Decreto
nº 413\69.

O ato de o devedor alienar, ou dar em garantia a terceiros, coisa que já alienara fiduciariamente
em garantia, sujeita-o à pena prevista no Artigo 171, § 2º I do CP.

Indenização do Bem Garantidor

Sendo o bem constituído em garantia desapropriado, danificado ou pereça por fato imputável a
terceiro, cabe ao credor sub-rogar-se no direto indenização devida pelo expropriante ou pelo terceiro
causador do dano, até o montante necessário para liquidar ou amortizar a obrigação garantida.

Porém, o credor poderá exigir que o bem constituído da garantia seja coberto por seguro até a
efetiva liquidação da obrigação garantida.

Registro da Cédula de Crédito

A Cédula e a Nota somente valem contra terceiros após a data da inscrição, conforme dispõe o
artigo 29, do Decreto-Lei 413/69.

Cancela-se a inscrição mediante a averbação, no livro próprio, da ordem judicial ou prova da


quitação da cédula.

Substituição da Garantia

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O credor pode exigir a substituição ou o reforço da garantia, em caso
de perda, deterioração ou diminuição de seu valor, notificando por escrito o emitente, e se for o caso, o
terceiro garantidor, para que substitua ou reforce a garantia no prazo de 15 dias, sob pena de vencimento
antecipado da dívida garantida.

Impenhorabilidade

Os bens de penhor ou de hipoteca constituídos por Cédula de Crédito não serão penhorados,
arrestados ou sequestrados por outras dívidas do emitente ou do terceiro empenhador ou hipotecante.

Deverão denunciar a existência da Cédula às autoridades incumbidas da diligência ou a quem a


determinou, sob pena de responderem pelos prejuízos resultantes de sua omissão.

A regra, porém, segundo entendimento de alguns tribunais, não é definitiva.

Essa impenhorabilidade “não tem duração ilimitada, perdurando somente até o vencimento
do contrato”.

Transferência

A Cédula e a Nota de Crédito comportam transferência por endosso, a declaração correspondente


será lançada no próprio título, na via do credor.

A Cédula de Crédito Bancário será transferível mediante endosso em preto, ao qual se aplicarão,
no que couberem, as normas do direito cambiário, caso em que o endossatário, mesmo não sendo
instituição financeira ou entidade a ela equiparada, poderá exercer todos os direitos por ela conferidos,
inclusive cobrar os juros e demais encargos na forma pactuada na Cédula.

O endosso da Cédula e da Nota de Crédito pode ser dado por valor diverso da soma declarada no
título, conforme dispõe o Artigo 10 §2º, do Decreto nº 413/69.

O endossante da Cédula de Crédito é responsável solidário pelo pagamento da mesma, podendo


ser acionado pelo endossatário, e dispensado, porém, o protesto para garantir o direito de regresso contra
endossantes e avalistas. Decreto nº 167/67, Artigo 60

Cessão de Crédito

As Cédulas e Notas de Crédito podem ser transmitidas também por cessão de crédito.

“A transferência da titularidade da Cédula de Crédito Industrial admite transferência


operada na forma da lei civil, mediante escritura pública de cessão de direitos celebrada entre duas
instituições bancárias”. (RE 133.188/CE)

Exigibilidade

Vencida a obrigação de pagar, torna-se essa exigível.


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O vencimento pode dar-se em parcela única ou corresponder a uma
multiplicidade de parcelas, cada qual com sua data específica, até que fique suspensa a possibilidade de
execução, judicial ou não, pelo credor.

Tratando-se de Cédulas e Notas de Crédito temáticas, a inadimplência de qualquer parcela, bem


como de qualquer outra obrigação legitimamente estabelecida no título ou em lei, importa vencimento
antecipado da dívida resultante da Cédula ou Nota de Crédito, independentemente de aviso ou
interpelação judicial.

A inadimplência do terceiro prestante de garantia real, também gera como efeito a antecipação do
vencimento.

Pagamento: O pagamento da Cédula e da Nota de Crédito, consistente na entrega do dinheiro


correspondente ou dos produtos rurais, em se tratando de Cédula de Produto Rural, deve ocorrer no
vencimento indicado no título, seja um único, sejam vencimentos de parcelas, como é possível estipular-
se.

Por autorização legal, para que as Cédulas e Notas de Crédito comportem a incidência de encargos
financeiros, sua liquidez e certeza não se caracteriza pela existência de um valor certo, mas pelo cálculo
de um valor devido, para o qual são considerados juros, comissão de fiscalização, se houver, e demais
despesas que o credor fizer para segurança, regularidade e realização de seu direito creditório.

Execução: A Cédula e a Nota de Crédito, se apresentadas de forma certa e liquida, são títulos
extrajudiciais, autorizando ao credor movimentar execução forçada de seu crédito, de acordo com o
estipulado no Código de Processo Civil.

Prescrição: As legislações referentes as Cédulas e Notas de Crédito não especificam prazo de


prescrição, motivo pelo qual se lhes aplica a regra geral, disposta no Artigo 206, §3 VIII do Código Civil.

GARANTIAS REAIS

Introdução

Garantia é a segurança especial do recebimento de um crédito convencionada pelas partes. Essa


garantia é requerida tendo em vista que, por vezes, o devedor pode exceder seu débito em relação ao valor
de seu patrimônio. A garantia pode ser:

1. Pessoal ou fidejussória: pela qual um terceiro se responsabiliza pela solução da dívida se o


devedor não cumprir sua obrigação. Decorre, por exemplo, do contrato de fiança, sendo esta uma garantia
relativa, já que o fiador pode se tornar insolvente por ocasião do vencimento da dívida.

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2. Real: vincula determinado bem do devedor (coisa) ao pagamento
da dívida. Como, por exemplo, nos casos de penhor e hipoteca.

Os direitos de garantias real se diferem dos de gozo e fruição pelo fato de não poder o devedor, no
primeiro caso, usar e gozar do bem que se encontra em seu poder. Por exemplo, se um relógio é
penhorado (garantia real), o credor não pode usá-lo, pois somente foi posto à sua disposição a fim de
garantir uma dívida.

Efeitos

São 4 os efeitos dos direitos reais de garantia:

1. Direito de preferência: o credor com garantia real tem preferência no recebimento dos
montantes devidos pela dívida, ou seja, quando houver diversos credores para uma única dívida e ocorrer
a arrematação do bem, será dada preferência ao pagamento dos credores que possuírem garantias reais
para que, posteriormente, se efetue o pagamento dos demais. E se, por acaso, um produto obtido em hasta
pública não for suficiente para quitar sua dívida, este credor continuará tendo preferência sobre o próximo
saldo, porém em condição de quirografário, pois o bem dado em garantia já foi arrematado.

2. Direito de excussão: os credores pignoratício e hipotecário podem executar judicialmente bens


do devedor dado em garantia, ou seja, têm direito de promover a venda em hasta pública do bem
empenhado ou hipotecado por meio de uma execução judicial, desde que a obrigação esteja vencida.
Cumpre ressaltar que sempre se deve observar a prioridade no registro quando houver mais de uma
hipoteca sobre o mesmo bem.

3. Direito de sequela: "é o direito de perseguir a coisa dada em garantia, em poder de quem quer
que se encontre, para sobre ela exercer o seu direito de excussão, pois o valor do bem esta afeto à
satisfação do crédito", segundo explica Carlos Roberto Gonçalves.

4. Indivisibilidade: dispõe o artigo 1.421 do CC que "o pagamento de uma ou mais prestações da
dívida não importa exoneração correspondente da garantia, ainda que esta compreenda vários bens, salvo
disposição expressa no título ou na quitação". Em consequência deste princípio o artigo 1.429 estabelece
que "os sucessores do devedor não podem remir parcialmente o penhor ou a hipoteca na proporção dos
seus quinhões; qualquer deles, porém, pode fazê-lo no todo", já que para que o sucessor do devedor possa
liberar o seu quinhão deverá pagar a totalidade do débito, subrogando-se nos direitos do credor pelas
cotas dos co-herdeiros.

Requisitos

São exigidos, por lei, alguns requisitos para que se considere eficaz uma garantia real, estando
estes divididos em:

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1. Subjetivos - Referem-se aos sujeitos, sendo que estes devem
apresentar capacidade genérica para realização de atos da vida civil, e capacidade especial para alienar.

2. Objetivos - No tocante dos bens e/ou coisas, deve-se observar que somente as coisas
suscetíveis de alienação podem ser dadas em garantia, conforme prevê o artigo 1.420 do CC. A garantia
real pode recair tanto sobre bem móvel quanto sobre bem imóvel, sendo a primeira o penhor e a seguinte
hipoteca. Assim, nos termos do citado pelo artigo 1.420 do CC, as coisas fora do comércio não podem ser
objeto de garantia.

3. Formais - os contratos de garantias reais devem apresentar uma descrição detalhada, expondo
alguns quesitos exigidos em lei, mais especificamente nos incisos do artigo 1.424 do CC, sendo estes: o
valor do crédito, sua estimação, ou valor máximo; o prazo fixado para pagamento; a taxa dos juros, se
houver; o bem dado em garantia com as suas especificações. Assim como também deve obedecer, para ter
sua eficácia garantida, a publicidade, que será dada pelo registro do título constitutivo no Registro de
Imóveis ou no Registro de Títulos e Documentos, conforme prevê os artigos 1.438 e 1.492 do Código
Civil.

Cláusula comissória
Segundo Carlos Roberto Gonçalves, cláusula comissória é "a estipulação que autoriza o credor a
ficar com a coisa dada em garantia, caso a dívida não seja paga". O artigo 1.428 do Código Civil dispõe
que "é nula a cláusula que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou hipotecário a ficar com o objeto
da garantia, se a dívida não for paga no vencimento".

Peculiaridade
A lei garante aos credores com garantias reais uma maior segurança, pois antecipa o vencimento
das dívidas fundadas nessas garantias independentemente de estipulação, nos casos elencados nos incisos
do artigo 1.425 do CC:

1. se, deteriorando-se, ou depreciando-se o bem dado em segurança, desfalcar a garantia, e o


devedor, intimado, não a reforçar ou substituir;

2. se o devedor cair em insolvência ou falir;

3. se as prestações não forem pontualmente pagas, toda vez que deste modo se achar estipulado o
pagamento. Neste caso, o recebimento posterior da prestação atrasada importa renúncia do credor ao seu
direito de execução imediata;

4. se perecer o bem dado em garantia, e não for substituído;

5. se desapropriar o bem dado em garantia, hipótese na qual se depositará a parte do preço que for
necessária para o pagamento integral do credor.

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Podendo também ocorrer o vencimento antecipado das obrigações,
conforme prevê o artigo 333 do mesmo diploma legal.

PENHOR

Conceito e características

Segundo versa o artigo 1.431 do Código Civil, "constitui-se o penhor pela transferência efetiva da
posse que, em garantia do débito ao credor ou a quem o represente, faz o devedor, ou alguém por ele, de
uma coisa móvel, suscetível de alienação", ou seja, é um direito real que vincula uma coisa móvel ao
pagamento de uma dívida. Este se difere principalmente da hipoteca, quanto ao objeto, que neste caso é
uma coisa móvel e no segundo, coisa imóvel.

Por principais características podemos estabelecer que é este um direito real e acessório, que só se
completa com a tradição do objeto ao credor. Conforme já mencionado, o penhor incide sobre bens
móveis, corpóreos ou incorpóreos, podendo, em algumas de suas espécies, recair sobre bens imóveis por
acessão intelectual ou física, como são os casos dos penhores agrícola e industrial.

Extinção

De acordo com o previsto no artigo 1.436, do Código Civil, o penhor pode ser extinto:
1. extinguindo-se a obrigação;
2. perecendo a coisa;
3. renunciando o credor;
4. confundindo-se na mesma pessoa as qualidades de credor e de dono da coisa;
5. dando-se a adjudicação judicial, a remissão ou a venda da coisa empenhada, feita pelo credor ou por ele
autorizada.

A extinção do penhor produzirá efeitos depois de averbado o cancelamento do registro, à vista da


respectiva prova.

Espécies

1. Penhor convencional: decorrente de uma manifestação de vontades;


2. Penhor legal: estabelecido por lei;
3. Penhor comum: mencionado no artigo 1.431, do CC: "constitui-se o penhor pela
transferência efetiva da posse que, em garantia do débito ao credor ou a quem o represente, faz
o devedor, ou alguém por ele, de uma coisa móvel, suscetível de alienação", já anteriormente
tratado;
4. Penhor especial, que não segue o padrão tradicional, se subdividindo em:
 Penhor rural;

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 Penhor industrial e mercantil;
 Penhor de direitos e de títulos de crédito;
 Penhor de veículos;
 Penhor legal.

HIPOTECA

Conceito e características

É o direito real de garantia que tem por objeto bens imóveis, assim como aviões e navios do
devedor ou até mesmo de terceiros que irão assegurar o recebimento de um crédito, mesmo que não
entregues ao credor. Apresenta algumas características similares ao penhor, entretanto, se difere em
outras. Suas principais características são:
1. O objeto gravado não pode ser do próprio credor, mas sim deve pertencer a terceiro ou ao
devedor;
2. A hipoteca grava o bem em sua totalidade sendo, portanto, indivisível;
3. Assegura ao seu titular os direitos de sequela e de preferência, já estudados;
4. Tem caráter assessório;
5. O devedor continua com a posse do bem hipotecado;
6. Quando convencional, somente deverá respeitar o negócio solene;
7. Fundamenta-se em dois princípios: publicidade e especialização, por este último entende-se que
devem os contratos apresentar descrição detalhada, conforme explica o resumo nos requisitos
formais dos direitos de garantias reais.
Segundo elenca o artigo 1.473, do Código Civil, podem ser objeto de hipoteca:
1) os imóveis e os acessórios dos imóveis conjuntamente com eles;
2) o domínio direto;
3) o domínio útil;
4) as estradas de ferro;
5) os recursos naturais a que se refere o art. 1.230, independentemente do solo onde se acham;
6) os navios;
7) as aeronaves;
8) o direito de uso especial para fins de moradia;
9) o direito real de uso;
10) a propriedade superficiária.

Extinção

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O artigo 1.499 do Código Civil determina as possibilidades de
extinção da hipoteca: pela extinção da obrigação principal; pelo perecimento da coisa; pela resolução da
propriedade; pela renúncia do credor; pela remição; e pela arrematação ou adjudicação.

Extingue-se ainda a hipoteca com a averbação, no Registro de Imóveis, do cancelamento do


registro, à vista da respectiva prova, segundo prevê o artigo 1.500 do mesmo diploma legal.

E ainda preceitua que a arrematação e a adjudicação não extinguirá a hipoteca, devidamente


registrada, sem que tenham sido notificados judicialmente os respectivos credores hipotecários, que não
forem de qualquer modo partes na execução.

ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA DE BENS MÓVEIS

Conceito

No Brasil, a doutrina apresenta diversos conceitos a respeito do contrato de alienação fiduciária,


mas será destacado aqui os pensamentos dos doutrinadores Orlando Gomes e José Alfredo Ferreira de
Andrade.

Gomes afirma que, em sentido lato, a alienação fiduciária é o negócio jurídico pelo qual uma das
partes adquire, em confiança, a propriedade de um bem, obrigando-se a devolvê-la quando se verifique
o acontecimento a que se tenha subordinado tal obrigação, ou lhe seja pedida a restituição.

Já Jose Alfredo, diz que alienação fiduciária em garantia é um direito real de garantia onde o
devedor, proprietário de uma coisa, aliena-a fiduciariamente ao credor, tornando-se depositário e
possuidor direto do bem para que o credor, com a posse indireta e o domínio resolúvel, possa receber o
crédito devido e com o seu integral adimplemento, possa transferir a coisa ao devedor.

Além dos conceitos doutrinários, há ainda o conceito legal extraído do Código Civil de 2002,
que, em seu art. 1.361, define a propriedade fiduciária como sendo a propriedade resolúvel de
coisa móvel infungível que o devedor, com escopo de garantia, transfere ao credor.

Na alienação fiduciária de bens móveis, diferentemente de outras figuras, o proprietário de uma


coisa, transmite sua propriedade a um credor, passando a ser devedor por tempo limitado, tempo este
que, se encerra com o pagamento ou satisfação do crédito recebido do credor, aí então a propriedade
volta ao ora devedor.

Na alienação fiduciária existem três pessoas que fazem parte da negociação, o vendedor, o
comprador e a instituição financeira, enquanto que, por exemplo, em uma venda com reservas de
domínio as partes contratantes são apenas o vendedor e o comprador.

Elementos e Requisitos do Contrato

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A alienação fiduciária de bens móveis, como qualquer outro
contrato no direito brasileiro, adota o disposto no artigo 104 do Código Civil como pressuposto de
validade do negócio jurídico: I – Agente capaz II – Objeto lícito, possível, determinado ou
determinável III – Forma prescrita ou não defesa em lei.

Natureza Jurídica

O contrato de alienação fiduciária de bem imóvel possui natureza acessória e de fidúcia


(confiança), seguindo um contrato principal, que é o de mútuo, também é um contrato típico, formal,
oneroso, unilateral e cumulativo. Destaca-se que a finalidade desse instrumento contratual é a aquisição
de bem imóvel.

Bilateral porque encerra uma série de direitos e obrigações tanto para credor como para o devedor.
Oneroso, porque ambas as partes visam vantagens ou benefícios, impondo encargos recíprocos.
Formal porque se exige a observância de requisitos formais, entre eles o registro do contrato no
Registro de Títulos e Documentos, ou na repartição de encarregada de licenciamento de veículos.
Comutativo, pois as obrigações de ambas as partes guardam relativa relevância.
Acessório porque visa a garantia do cumprimento de obrigações contraídas em outro contrato, que pode
ser, em geral, de empréstimo, de abertura de crédito ou de compra e venda com pagamento parcelado.
Trata-se de garantia real em coisa própria, uma vez que o empréstimo é garantido pelo registro
do bem adquirido em nome do credor fiduciário, sob condição resolutiva. Nesse sentido, é que
costuma-se dizer que o contrato de alienação fiduciária é translativo de direito real vinculado a uma
obrigação, em que a eficácia fica subordinada ao adimplemento do encargo assumido pelo devedor-
fiduciante.

Destaca-se que, para que exista a propriedade fiduciária, direito real oponível erga omnes, é
necessário o registro do contrato de alienação fiduciária junto ao Oficial do Registro de Imóveis da
situação do imóvel alienado.

As Partes

Não havendo modelos universais para todos os contratos existentes no mundo jurídico e sendo o
instrumento contratual o espelho fiel do acordo de vontades entre as partes, o contrato de alienação
fiduciária deve apresentar como elemento básico a identificação dos contratantes, a saber: a figura
do devedor-fiduciante, que transfere para a figura do credor-fiduciário a propriedade do bem imóvel,
com o escopo de garantir o pagamento da dívida, assegurando-se, ao ser liquidada a obrigação, voltar
ele a ter a propriedade do bem transferido.

Como qualquer instrumento contratual, as partes devem ser devidamente identificadas, fazendo
constar a qualificação completa de cada contratante, com as seguintes especificações: nacionalidade,
estado civil, profissão, endereço, indicação do documento de identificação perante o Registro Civil de
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Pessoas Naturais ou Jurídicas, e indicação do cadastro de pessoas físicas
ou jurídicas perante a Receita Federal do Brasil.

Cláusulas essenciais do contrato

Todo instrumento contratual se sujeita à disciplina jurídica própria, que fixa os elementos
técnicos a serem observados na sua elaboração, de modo a assegurar o atendimento de requisitos
formais e materiais indispensáveis à perfectibilização do

Veja-se, pois, que no contrato de alienação fiduciária, devem estar presentes alguns elementos
indispensáveis para sua validação, tais como: a verificação do consentimento entre as partes, a
identificação dos contratantes, bem como a delimitação do objeto contratual. Além disso, este contrato
deve obedecer rigidamente o disposto no art. 24, da Lei n. 9.514/97, onde estão definidas as suas
cláusulas essenciais.

Objeto

Das cláusulas essenciais do contrato, o objeto é a única que permite uma distinção, quanto ao
seu conteúdo intrínseco, em relação às diversas modalidades contratuais. O objeto, usando uma imagem
prosaica, é o miolo do contrato ou, se quiserem, o seu coração.

Observe-se que, ao indicar a coisa ao credor, o objetivo não será a alienação do mesmo nos
moldes clássicos, mas sim a transferência resolúvel, isto é, aquela condicionada a um termo. Tal
transferência do bem visa garantir a concessão de um crédito, o qual, uma vez satisfeito, faz retornar a
propriedade ao devedor-fiduciante.

Cumpre frisar que a descrição precisa do objeto enseja ao contratante acobertar-se em relação
aos vícios redibitórios de que os bens possam ser portadores. Dessa forma, quanto ao contrato de
alienação fiduciária, é importante delinear de forma precisa e clara o seu objeto, para fins de proteção
das partes envolvidas no negócio jurídico.

TÍTULOS DE CRÉDITO

1. Conceito

Segundo Vivante, os títulos de crédito constituem "documentos necessários para o exercício de


um direito literal e autônomo, nele mencionado". Deste conceito, dado pelo ilustre jurista italiano,
podemos extrair os princípios que norteiam esse tema, que são:

- Princípio da Cartularidade: exige a existência material do título ou, como versa Vivante, o
documento necessário. Assim sendo, para que o credor possa exigir o crédito deverá apresentar a cártula
original do documento - título de crédito.

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Garante, portanto, este princípio, que o possuidor do título é o titular
do direito de crédito.

A duplicata se afasta deste princípio, uma vez que expressa a possibilidade do protesto do título
por indicação quando o devedor retém o título.

- Princípio da Literalidade: o título vale pelo que nele está mencionado, em seus termos e
limites. Para o credor e devedor só valerá o que estiver expresso no título. Deve, por conseguinte, constar
a assinatura do avalista para que seja válido o aval, por exemplo.

A duplicata, por mais uma vez, figura como exceção, já que conforme estabelece o artigo 9°, §1°,
da Lei n° 5.474/68: "a prova do pagamento é o recibo, passado pelo legítimo portador ou por seu
representante com poderes especiais, no verso do próprio título ou em documento, em separado, com
referência expressa à duplicata".

- Princípio da Autonomia: desvincula-se toda e qualquer relação havida entre os anteriores


possuidores do título com os atuais e, assim sendo, o que circula é o título de crédito e não o direito
abstrato contido nele.
- Princípio da Abstração: decorre, em parte, do princípio da autonomia e trata da separação da
causa ao título por ela originado. Não se vincula a cártula, portanto, ao negócio jurídico principal que a
originou, visando, por fim, a proteção do possuidor de boa-fé.
Não gozam deste princípio todos os títulos de crédito, mas se pode observar ser ele válido para as
notas promissórias e letra de câmbio.
- Princípio da Inoponibilidade: Por esse princípio é vedado opor exceções (defesas) pessoais a
terceiro de boa-fé. Ex. Compensação, vício da relação subjacente.
Atenção!!! Exceções não pessoais podem ser opostas. Ex. prescrição, nulidade do título

2.Classificação dos Títulos de Crédito

a) Quanto ao modelo:

Vinculados: devem atender a um padrão específico, definido por lei, para a criação do título. Ex:
cheque.

Livres: são os títulos que não exigem um padrão obrigatório de emissão, basta que conste os
requisitos mínimos exigidos por lei. Ex: letra de câmbio e nota promissória.
b) Quanto à estrutura:

Ordem de pagamento: por esta estrutura o saque cambial dá origem a três situações
distintas: sacador ou emitente, que dá a ordem para que outra pessoa pague; sacado, que recebe a ordem e
deve cumpri-la; e o beneficiário, que recebe o valor descrito no título. Ex: letra de câmbio, cheque.
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Promessa de pagamento: envolve apenas duas situações
jurídicas: promitente, que deve, e beneficiário, o credor que receberá a dívida do promitente. Ex:. nota
promissória.

c) Quanto à natureza:

Títulos causais: são aqueles que guardam vínculo com a causa que lhes deu origem, constando
expressamente no título a obrigação pelo qual o título foi assumido, sendo assim, só poderão ser emitidos
se ocorrer o fato que a lei elegeu como uma possível causa para o mesmo. Podem circular por endosso.
Ex: duplicatas.

Títulos abstratos: são aqueles que não mencionam a relação que lhes deu origem, podendo ser
criados por qualquer motivo. Ex: letra de câmbio, cheque.

3. Constituição do Título de Crédito

Saque

Este instituto somente será encontrado pela emissão de letras de câmbio, já que estas são ordens
de pagamento que, por meio do saque, criam três situações jurídicas distintas, sendo estas: a figura do
sacador, o qual dá a ordem de pagamento e que determina a quantia que deve ser paga; a figura do
sacado, àquele para quem a ordem é dirigida, o qual deve realizar o pagamento dentro das condições
estabelecidas; e, por último, o tomador, credor da quantia mencionada no título.

Saque, portanto, é o ato de criação, ou seja, da emissão da letra de câmbio. Após esse ato, o
tomador pode procurar o sacado para receber do mesmo a quantia devida. Sendo que não tem por única
função emitir o título, mas também visa vincular o sacador ao pagamento da letra de câmbio, assim
sendo, caso o sacado não pague a dívida ao tomador, este último poderá cobrá-la do próprio sacador, que
é o próprio devedor do título.

Aceite

É por meio do aceite que o sacado se compromete ao pagamento do título ao beneficiário, na data
do vencimento. Para que seja válido este aceite deverá conter o nome e assinatura do aceitante.
Importante frisar que, se este aceite se der no verso do título, deverá acompanhar a palavra "aceito" ou
"aceitamos", para que não se confunda com endosso; mas se no anverso do título, bastará a assinatura do
aceitante.
O sacado/aceitante deverá ser civilmente capaz e não poderá ser falido. Se este vier a falecer
poderá o inventariante proceder o aceite em nome dos sucessores daquele.

Havendo endossantes neste título, deverão estes responder como devedores cambiários solidários
e, assim sendo, deverão pagar o que estabelece o título ao beneficiário, caso o sacado não o aceite.
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O aceite é irretratável, ou seja, desde que produzido o sacado não
poderá se eximir do pagamento da letra.
Prazo de respiro é o prazo de um dia dado em virtude da primeira apresentação do título para
aceite do sacado. De acordo com o art. 24 da LU: "o sacado pode pedir que a letra lhe seja apresentada
uma segunda vez no dia seguinte ao da primeira apresentação".

As letras com data certa para vencimento ou à vista dispensam a apresentação para aceite, porque
vencem no momento em que são apresentadas, devendo ser feita em 1 ano.

Será considerada a falta de aceite quando o sacado não for encontrado, estiver muito enfermo, não
podendo, ao menos, expressar-se, ou quando nega o aceite ao título expressamente. Diante da recusa do
aceite, o beneficiário deverá, a fim de receber o valor representado pelo título, protestá-lo no primeiro dia
útil seguinte, já que esta recusa acarreta o vencimento antecipado do título. Podendo o tomador perder o
direito, se não protestar neste prazo, de acionar os demais coobrigados cambiários. Sendo assim, verifica-
se que o protesto pressupõe a ausência do aceite.

O aceite deverá ser puro e simples, não podendo ser condicionado, e poderá ser limitado de acordo
com que o aceitante se obrigar nos termos do mesmo. A lei permite que o sacador estabeleça uma
cláusula de proibição de aceitação do aceite, tornando a letra inaceitável. Com isso, deverá o beneficiário
esperar até a data do vencimento do título para apresentá-lo ao sacado, que só então, se recusá-lo, poderá
voltar-se ao sacador. Se, entretanto, antes da data do vencimento o sacado aceitar o título, ele será válido.

Essa cláusula não será permitida quando a letra for sacada a certo termo da vista, pois quando isso
ocorre o prazo do vencimento só corre a partir da data do aceite.

Endosso

É a forma pela qual se transfere o direito de receber o valor que consta no título através da
tradição da própria cártula.

De acordo com o art. 893 do Código Civil: "a transferência do título de crédito implica a de todos
os direitos que lhe são inerentes" e, por assim dizer, entende-se que não só a propriedade da letra que se
transfere, como também a garantia de seu adimplemento.

Figuram dois sujeitos no endosso:

a) Endossante: quem garante o pagamento do título transferido por endosso;

b) Endossatário: quem recebe por meio dessa transferência a letra de câmbio.

O endosso responsabiliza solidariamente o endossante ao pagamento do crédito descrito na cártula


caso o sacado e sacador não efetuem o pagamento. Portanto, se o devedor entregar a seu credor um título,

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por mera tradição e sem endosso, não estará vinculado ao pagamento deste
crédito caso as outras partes se tornem inadimplentes.

Poderá o endosso se apresentar:

a) Em preto: quando na própria letra traz a indicação do endossatário do crédito. Também


conhecido por endosso nominal.

b) em branco: quando apenas constar a assinatura do endossante, sem qualquer indicação de


quem seja o endossatário. Deverá este ser feito sempre no verso do título e se tornará um título ao
portador.

Classificações doutrinárias de endosso:

a) Endosso próprio: transfere ao endossatário não só a titularidade do crédito como também o


exercício de seus direitos.

b) Endosso impróprio: difere do anterior uma vez que não transfere a titularidade do crédito, mas
tão somente o exercício de seus direitos. Este se subdivide em:

Endosso-mandato ou endosso-procuração: permite que o endossatário aja como representante


do endossante, podendo exercer os direitos inerentes ao título.

Endosso-caução ou pignoratício: figura como mera garantia ao endossatário de uma dívida do


endossante para com ele. Deve sempre conter a cláusula: ―valor em garantia‖ ou ―valor em penhor‖.
Tendo, portanto, o endossante cumprido a obrigação para a qual se destinou a garantia, poderá rever o
título de crédito.

Formas de endosso:

Endosso
Endosso translativo É o endosso ―regra geral‖. Nesta modalidade, transfere-se o título e o crédito,
tornando-se o endossante mais um obrigado ao pagamento.

Endosso mandato Espécie de ―endosso impróprio‖, em que somente o título é transferido,


continuando o endossante como credor; trata-se de endosso realizado para fins
de cobrança – o endossatário procura o devedor para cobrá-lo e, após, presta
contas ao endossante.

Endosso caução Espécie de ―endosso impróprio‖, em que somente o título é transferido,


continuando o endossante como credor; trata-se de endosso realizado para fins
de garantia – alguém, credor de um título de crédito, que vai assumir uma
obrigação contratual e precisa de garantias ao cumprimento do contrato.

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Endosso fiduciário Trata-se da possibilidade de alienação fiduciária em garantia de um título de


crédito. Previsto no art. 66-B, §3º, da Lei nº 4.728/65.

Endosso cruzamento O cruzamento de um cheque é a aposição de dois traços paralelos no anverso


do título, com objetivo de evitar o seu pagamento na ―boca do caixa‖, somente
sendo pago mediante crédito em conta. O cruzamento pode ser geral – quando
não houver indicação do banco a receber o cheque cruzado – ou especial –
quando houver tal indicação.

Endosso em preto Endosso em que o endossante indica a pessoa do endossatário. Para ser
renegociado, haverá a necessidade de um novo endosso (em preto ou em
branco).

Endosso em branco Endosso em que o endossante não indica a pessoa do endossatário. Para ser
renegociado, o portador poderá fazê-lo: a) por simples tradição; b)
transformando o endosso em branco em endosso em preto, inserindo o próprio
nome ou com o nome do novo credor; ou c) realizando um novo endosso (em
preto ou em branco).

Endosso tardio Endosso realizado após o vencimento, porém antes da realização do protesto
ou da expiração do prazo de protesto. Tem o mesmo efeito do endosso
realizado antes do vencimento.

Endosso póstumo Endosso realizado após o vencimento e a realização do protesto ou da


expiração do prazo de protesto. Tem o efeito de cessão civil ou ordinária de
créditos.

Cláusula “sem Cláusula inserida pelo endossante que o exime da obrigação de pagar o título
garantia” de crédito endossado. Na ausência desta cláusula, o endossante se torna um
obrigado secundário ao pagamento.

Cláusula “proibitiva Cláusula inserida pelo endossante que o exime da obrigação de pagar o título a
de novo endosso” quem a letra for posteriormente endossada. Diferente da cláusula ―sem
garantia‖, com a ―proibitiva de novo endosso‖, o endossante ainda responde
perante o endossatário.

Diferenças de Endosso e Cessão Civil:

Endosso – ato unilateral que só será admitido mediante assinatura e declaração contidas no título.
Confere direitos autônomos ao endossatário (direitos novos) e não poderá ser parcial.

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Cessão Civil – Cessão Civil é a transferência de um título de crédito
por meio diverso ao do endosso. Ato bilateral, por meio de um negócio jurídico; pode ser feita da mesma
forma que qualquer outro contrato; confere os direitos derivados de quem o cedeu e poderá ser parcial.

Distinção: Endosso x Cessão de crédito


Critérios Endosso Cessão de crédito
Cláusula de À ordem Não à ordem
emissão
Forma Simples assinatura no verso do título É necessária notificação do devedor
de crédito
Efeitos O devedor não pode, regra geral, O devedor pode, regra geral opor
opor exceções pessoais exceções pessoais
Responsabilidades O endossante, regra geral, se obriga O cedente, regra geral, não se obriga pelo
pelo pagamento do título pagamento do título

4. AVAL

Versa o art. 30 da LU, "o pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de pagar soma
determinada, pode ser garantido por aval". Com isso estabelece-se que aval é a garantia cambial, pela
qual terceiro (avalista) firma para com o avalizado, se responsabilizando pelo cumprimento do pagamento
do título se este último não o fizer.

Poderá o aval se apresentar:

Aval em preto Considera-se aval em preto aquele em que o avalista indica o avalizado.
Aval em branco Considera-se aval em branco aquele em que o avalista não indica o avalizado. No
aval em branco, garante-se o título, regra geral, na pessoa do obrigado principal. Na
letra, o aval em branco garante o sacador.
Avais Ocorre quando dois ou mais avalistas garantem a obrigação de um mesmo
simultâneos avalizado. Avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos e não
sucessivos (Súmula nº 189, do STF). Há relação de solidariedade civil entre os
avalistas simultâneos.
Avais sucessivos Ocorre quando um segundo avalista vem a dar aval à obrigação de outro avalista. É
a figura do ―aval do aval‖. É necessária a realização de um aval em preto para a sua
configuração. Há relação de subsidiariedade entre os avalistas sucessivos.
Responsabilidade O avalista responde da mesma forma que o avalizado. Responder da mesma forma
significa assumir o mesmo tipo de obrigação (principal ou secundária). A obrigação
do avalista se mantém ainda que a obrigação do avalizado seja declarada nula.
É permitido o aval parcial ou limitado, segundo o art. 30 da Lei Uniforme.

O aval difere da fiança pelo fato desta última se caracterizar em contratos cíveis e não sob títulos
de crédito, como a primeira.

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Fiança é um contrato acessório pelo qual a pessoa garante ao credor
satisfazer a obrigação assumida pelo devedor caso este não a cumpra, ao passo que a obrigação do
avalista é autônoma, independente da do avalizado. A fiança produz mais efeitos que o aval, uma vez que
a posição do fiador adquire características de principal.

Por fim, cumpre ressaltar que a lei concede ao fiador o benefício de ordem, benefício este
inexistente para o avalista.

Exigibilidade do Título de Crédito

Vencimento

O vencimento do título ocorrerá, ordinariamente, com o término normal do prazo, sob as seguintes
formas elencadas pelo art. 6° da Lei Saraiva (Dec. 2.044/1908):
a) à vista; b) a dia certo; c) a tempo certo da data; d) a tempo certo da vista.

Ou, também, extraordinariamente, quando se dá pela interrupção do prazo por fato imprevisto e
anormal, elencados no art. 19 da mesma lei em questão.

a) Falta ou recusa de aceite; b) falência do aceitante.

Vencimento
À vista O vencimento ocorre no ato de apresentação do título ao devedor. Define-se pela
expressão ―à vista‖, no próprio título, ou pela ausência de data de vencimento. O
cheque só admite vencimento à vista (art. 32, da Lei nº 7.357/85).
A dia certo O vencimento ocorre no dia, mês e ano, expressamente mencionado no título. A
duplicata somente admite vencimento à vista e a dia certo (art. 2º, §1º, III, da Lei nº
5.474/68).
A termo certo O vencimento ocorre ―a tantos dias‖ da data de emissão do título de crédito. Diferente
de data da modalidade de vencimento ―a dia certo‖, na medida em que, enquanto nesta, há um
dia fixo mencionado como vencimento, na modalidade ―a tempo certo‖, faz-se
necessária a contagem do lapso temporal previsto para se chegar ao vencimento.
Somente possível na letra de câmbio e na nota promissória.
A termo certo O vencimento ocorre ―a tantos dias‖ do visto. Na letra de câmbio, o visto é
de vista implementado pelo aceite. Na nota promissória, o visto é implementado por uma nova
assinatura do sacador. Somente possível na letra de câmbio e na nota promissória.
Prazo de A lei prescreve para as modalidades de vencimento à vista. Regra geral, é de 1 ano a
apresentação contar da emissão. O sacador pode aumentar ou reduzir tal prazo, além de estipular
em geral uma data a partir da qual iniciará a contagem do prazo de apresentação. Os
endossantes somente podem reduzir tal prazo. Utilizado na letra de câmbio, na nota
promissória e na duplicata.
Prazo de O prazo de apresentação será de 30 ou de 60 dias, a depender da praça de pagamento;
apresentação 30 dias para cheque de mesma praça e 60 dias para cheque de praça distinta. Não há
no cheque possibilidade de alteração de tais prazos pelo sacador ou pelos endossantes.
Vencimento São situações em que se antecipa o vencimento inicialmente previsto no título: a
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extraordinário recusa do aceite; o aceite parcial; a falência do obrigado principal, se empresário; a
decretação de insolvência civil se não empresário; ou a decretação da liquidação
extrajudicial, se instituição financeira.

Pagamento

É através do pagamento que se tem por extinta uma, algumas ou todas as obrigações declaradas no
título de crédito. Pode-se dizer, com isso, que o pagamento pode extinguir:

a) algumas obrigações: se o pagamento é efetuado pelo coobrigado ou pelo avalista do aceitante,


extingue-se a própria obrigação de quem pagou e também a dos posteriores coobrigados;

b) todas obrigações: se o pagamento é realizado pelo aceitante do título.

Protesto

É a prova literal de que o título foi apresentado a aceite ou a pagamento e que nenhuma dessas
providências foram atendidas, pelo sacado ou aceitante. O protesto será levado a efeito por:

a) falta ou recusa do aceite; b) falta ou recusa do pagamento; c) falta da devolução do título.

Por conta da sistemática de prescrição é que se diz: o protesto é cambialmente necessário para a
cobrança do obrigado secundário; porém, é cambialmente facultativo para a cobrança do obrigado
principal. Assim, por exemplo, para se cobrar o endossante (ou o seu avalista) de uma nota promissória, o
protesto é necessário; porém, não necessita de protesto a cobrança do aceitante (ou o seu avalista) de uma
letra de câmbio.

Protesto na Lei nº 9.492/97


Conceito É o ato formal e solene que tem por finalidade comprovar a apresentação de
um título executivo ou documento comprobatório de dívida e/ou o
descumprimento de uma obrigação cambiária.
Lugar do protesto O lugar do protesto deve ser a praça de pagamento prevista no título e, na
ausência desta informação, o lugar do protesto deve ser considerado o
domicílio do obrigado principal do título. No cheque, porém, o portador pode
escolher protestá-lo na praça de pagamento indicada ou no domicílio do
emitente.
Prazo p/ lavrar 3 dias úteis, a contar do recebimento do título pelo cartório. Considera-se dia
protesto útil, o dia em que ocorra expediente bancário para o público, ou aquele em que
o expediente bancário obedecer ao horário normal.
Desistência É ato do apresentante do título que pode, antes da lavratura do protesto, evitar
que o mesmo seja realizado. Para tanto, faz mister o pagamento das taxas e
demais emolumentos cartorários.
Sustação É um ato judicial, requerido pelo devedor do título, em sede de ação cautelar,
visando impedir que o protesto, porque indevido, seja lavrado. A decisão
liminar deve ser conseguida dentro do prazo de 3 dias úteis que o cartório tem
para lavrar o protesto, sob pena de perder o seu objeto.

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Suscitação de dúvida É ato do tabelião que pode consultar o juízo competente toda vez que houver
necessidade de dirimir dúvidas sobre a possibilidade, ou não, de se lavrar um
protesto.
Cancelamento Caso ocorra o pagamento, o cancelamento do protesto deve ser feito com a
apresentação do título protesto. Na impossibilidade de apresentação do título,
o cancelamento pode ser feito mediante carta de anuência assinada pelo
credor. Se o motivo do cancelamento do protesto não for o pagamento do
título, haverá a necessidade de decisão judicial.

Ação Cambial

É a ação cabível para o credor reaver o que deixou de receber pelo título de crédito devido,
promovendo a execução judicial de seu crédito contra qualquer devedor cambial, devendo-se sempre
observar as condições de exigibilidade do crédito. Para a letra de câmbio, a Lei Uniforme, em seu artigo
70 estabeleceu os seguintes prazos:

a) 6 meses: a contar do pagamento ou do ajuizamento da execução cambial, para o exercício do


direito de regresso por qualquer um dos coobrigados;

b) 1 ano: para o exercício do direito de crédito contra os coobrigados, isto é, contra o sacador,
endossante e respectivos avalistas. Prazo este a contar do protesto ou do vencimento, no caso da cláusula
"sem despesas";

c) 3 anos: para o exercício do direito de crédito contra o devedor principal e seu avalista, a contar
do vencimento.
ATENÇÃO!!!!
Um dos temas essenciais, em matéria de títulos de crédito, nos mais diversos concursos públicos,
reside exatamente na diferença de tratamento jurídico entre o regime cambial previsto no Código Civil e o
das leis especiais (das quais se destacam a LUG – o anexo I do Decreto 57663/66, a Lei nº 5.474/68 e a
Lei nº 7.357/85):

Regime jurídico cambiário


Temas Código Civil Leis Especiais
Cláusula proibitiva de endosso Considera-se não escrita Considera-se escrita
Aval parcial É vedado É válido
Responsabilidade pelo endosso O endossante não responde, O endossante responde, regra geral
regra geral

Assim, por exemplo:

Em matéria de títulos de crédito, assinale a alternativa correta.

CURSO PRIME – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2222
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CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador. 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone (85) 3208.2220
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a) É vedado o aval parcial. (o item deve ser considerado correto, na medida
em que, não indicando um título em espécie, a sua interpretação deve ser dada pelo Código Civil).
Sobre o direito cambiário, assinale a alternativa correta.
a) Na nota promissória, é vedado o aval parcial (o item deve ser considerado incorreto, na medida em que,
indicando um título em espécie, a sua interpretação deve ser dada pelas Leis Especiais).

Impedimentos de pagamento do cheque


Contraordem Sustação
Art. 35, Lei nº 7.357/85 Art. 36, Lei nº 7.357/85
Revogação Oposição
Ato exclusivo do emitente Ato do emitente ou portador legitimado
Efeitos após o fim do prazo de Efeitos durante o prazo de apresentação
apresentação

Modalidades de cheque
Espécies Função Fund. Legal
Visado Trata-se de assinatura lançada no título pelo banco sacado. O visto, no Art. 7º
cheque, tem a função de garantir o seu pagamento, dentro do prazo de
apresentação, sem que se liberem os demais obrigados, na medida em
que, com o visto, o sacado se obriga a debitar da conta do emitente a
quantia indicada e reservá-la para o pagamento do cheque.
Cruzado O cruzamento, no cheque, é a aposição de dois traços paralelos no Arts. 44 e 45
anverso do título e tem o objetivo de evitar o pagamento na ―boca do
caixa‖, devendo ocorrer o depósito em conta. O cruzamento pode ser
geral (quando não se indica, entre os traços, o banco destinado a
receber o cheque cruzado) ou especial (quando o banco é indicado). O
cruzamento geral pode ser transformado em cruzamento especial, mas
o inverso não é verdadeiro.
P/ creditar em Cheque em que se proíbe o pagamento em dinheiro, só podendo o Art. 46
conta sacado proceder a lançamento contábil (crédito em conta, transferência
ou compensação). É necessário o endosso para o pagamento, a menos
que o beneficiário seja o titular da conta de depósito.
Marcado Trata-se do cheque em que o banco sacado manifesta o aceite, Art. 6º
tornando-se obrigado pelo pagamento do título. Modalidade não
admitida na Lei nº 7.357/85.
Administrativo Trata-se do cheque emitido contra o próprio banco sacador, ou seja, o Art. 9º, III
banco assume, ao mesmo tempo, posição de sacador e de sacado. Não
pode ser emitido ao portador.

Súmulas em matéria de títulos de crédito:


1. No STJ:

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Súmula 26: o avalista do título de crédito, vinculado a contrato de mútuo,
também responde pelas obrigações pactuadas quando no contrato figurar como devedor solidário.

Súmula 60: é nula a obrigação cambial assumida por procurador do mutuário, vinculado ao mutuante, no
exclusivo interesse deste.

Súmula 258: a nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em
razão da iliquidez do título que a originou.

Súmula 299: é admissível ação monitória fundada em cheque prescrito.

Súmula 370: Caracteriza-se dano moral a apresentação do cheque pós-datado.

Súmula 385: Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano
moral, quando pré-existente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento do protesto.

Súmula 388: a simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral.

2. No STF:

Súmula 189: avais em brancos e superpostos consideram-se simultâneos e não sucessivos.

Súmula 387: a cambial emitida ou aceita com omissões ou em branco pode ser completada pelo credor de
boa-fé, antes da cobrança ou do protesto.

Súmula 521: o foro competente para conhecer o delito de estelionato, na emissão de cheque sem provisão
de fundos é o da praça de pagamento.

Súmula 600: cabe ação executiva contra o emitente e seus avalistas, ainda que não apresentado o cheque
no prazo legal, ainda que não prescrita a ação executiva.

QUESTÕES

01 - O início da personalidade civil das pessoas físicas e das pessoas jurídicas de direito privado ocorre,
respectivamente, com
( ) a) o nascimento com vida e com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida
de autorização ou aprovação do Poder Executivo, quando necessária.
( ) b) o registro civil do nascido com vida e com a inscrição do ato constitutivo no respectivo
registro, precedida de autorização ou aprovação do Poder Executivo, quando necessária.
( ) c) a concepção do nascituro e com a autorização ou aprovação do Poder Executivo, quando
necessária.
( ) d) o registro civil do nascido com vida e com a autorização ou aprovação do Poder Executivo.
( ) e) a concepção do nascituro e com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro,
precedida de autorização ou aprovação do Poder Executivo, quando necessária.

02 - No tocante à personalidade e à capacidade, conforme previsão do Código Civil, é correto afirmar:

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( ) a) A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se
esta, de maneira absoluta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura da sucessão
provisória.
( ) b) A personalidade civil da pessoa começa com o registro de seu nascimento no Cartório
competente.
( ) c) São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os ébrios habituais e
os viciados em tóxicos.
( ) d) Entre outros, são incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer, aqueles que,
por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade.
( ) e) Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência, exclusivamente na hipótese
da extrema possibilidade de morte de quem se encontrava em perigo de vida.

03 - Em relação à capacidade, considerando o que dispõe o Código Civil,


( ) a) por disposição expressa, a personalidade civil da pessoa começa com sua concepção.
( ) b) são absolutamente incapazes aqueles que, por causa transitória ou permanente, como o estado
de coma, não puderem exprimir sua vontade.
( ) c) entre outras hipóteses, cessará, para os menores, a incapacidade, pela concessão dos pais, ou de
um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial,
ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos.
( ) d) a comoriência, isto é, a morte de duas ou mais pessoas na mesma ocasião, resolve-se na
presunção de que a mais velha morreu primeiro, se não for possível provar quem faleceu em primeiro
lugar.
( ) e) a morte presumida exige sempre a decretação da ausência, que se dá quando a lei autoriza a
abertura de sucessão definitiva.

04 - Jovem de dezesseis anos de idade que se case com indivíduo civilmente capaz e que se torne viúva
antes de completar dezoito anos de idade
( ) a) passará, automaticamente, ao estado de relativamente incapaz.
( ) b) regressará, desde que sentença judicial assim determine, ao estado de incapacidade.
( ) c) permanecerá, independentemente de sentença judicial, capaz para os atos da vida civil.
( ) d) permanecerá, desde que sentença judicial assim determine, capaz para os atos da vida civil.
( ) e) regressará, automaticamente, ao estado de absolutamente incapaz.
05 - Com base no disposto no Código Civil acerca de personalidade e capacidade jurídica, julgue o item a
seguir.
A pessoa jurídica, assim como a física, é capaz de direitos e deveres na ordem civil.
( ) Certo ( ) Errado

06 - Com base no disposto no Código Civil acerca de personalidade e capacidade jurídica, julgue o item a
seguir.
As crianças e os adolescentes com menos de dezesseis anos de idade são absolutamente incapazes de
exercer pessoalmente os atos da vida civil.
( ) Certo ( ) Errado

07 - A respeito da pessoa natural e da pessoa jurídica, assinale a opção correta.

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( ) a) São considerados absolutamente incapazes os menores de
dezesseis anos de idade, os pródigos e aqueles que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir
sua vontade.
( ) b) A dotação especial de bens livres do instituidor para a criação da fundação só tem validade se
feita por escritura pública, sendo vedada a sua instituição mediante testamento.
( ) c) Os partidos políticos, assim como os municípios e a União, são pessoas jurídicas de direito
público interno.
( ) d) Ao permitir que o nascituro pleiteie alimentos ao suposto pai, por meio de ação judicial, a lei
reconheceu-lhe personalidade jurídica.
( ) e) No caso de um tutor pretender adquirir para si bens do tutelado, é correto afirmar que aquele
tem capacidade para a prática desse negócio jurídico, mas carece de legitimação para realizar tal
aquisição.

08 - No que se refere às pessoas jurídicas, julgue o item que se segue.


As empresas individuais de responsabilidade limitada são exemplo de pessoa jurídica de direito privado.
( ) Certo ( ) Errado

09 - No que se refere às pessoas jurídicas, julgue o item que se segue.


A pessoa jurídica se responsabiliza pelos atos praticados por seus administradores, desde que esses atos
sejam exercidos nos limites dos poderes estabelecidos no ato constitutivo.
( ) Certo ( ) Errado

10 - Com relação à sociedade limitada, analise as afirmativas a seguir:

I. Os sócios, após a integralização do capital social, respondem até o valor de suas quotas pelas
obrigações sociais.
II. Os sócios não têm responsabilidade solidária pela integralização do capital social.
III. É disciplinada em capítulo próprio do Código Civil em vigor, podendo o contrato prever a regência
supletiva pelas normas das companhias. IV. As quotas sociais poderão ser transferidas a terceiros, não
sócios, caso o contrato seja omisso, com o consentimento de todos os sócios.
Estão corretas somente as afirmativas:
a) I e II;
b) I e III;
c) II e III;
d) II e IV;
e) III e IV.

11 - O Código Civil disciplina o empréstimo de coisas nos contratos de comodato e mútuo. Quanto às
distinções entre esses contratos, analise as afirmativas a seguir:

I- O comodato é um contrato consensual, unilateral e comutativo; o mútuo é um contrato real, bilateral e


aleatório.
II- O comodato é o empréstimo de coisas infungíveis; o mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis.
III- O comodato deve ser ajustado por escrito; o mútuo pode ser ajustado verbalmente ou por instrumento
público.

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IV- O comodatário deverá conservar a coisa para aliená-la a terceiros; o
mutuário não poderá aliená-la a terceiros.
V- O comodato não transfere o domínio da coisa emprestada; o mutuário adquire o domínio da coisa do
mutuante.
Estão corretas somente as afirmativas:
a) I e III;
b) I e IV;
c) II e IV;
d) II e V;
e) III e V.

12- Com relação à diferença entre aval e fiança, é correto afirmar que:
( ) a) o aval é uma garantia pessoal, enquanto a fiança é uma garantia real;
( ) b) o aval é uma garantia real, enquanto a fiança é uma garantia pessoal;
( ) c) o aval é uma garantia constituída em um título de crédito, enquanto a fiança é uma garantia
estabelecida em contrato ou carta;
( ) d) no aval, o credor pode acionar diretamente o avalista, enquanto na fiança se aciona o fiel
depositário;
( ) e) o aval precisa da assinatura do cônjuge, enquanto a fiança não tem essa exigência.

13 - O contrato de compra e venda é uma espécie de negócio jurídico pela qual um dos contratantes se
obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro. Com relação a
esse contrato, considere as afirmativas abaixo:

I. O contrato de compra e venda é nulo, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação
do preço.
II. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura.
III. A lei civil autoriza expressamente a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da
comunhão.
IV. A fixação do preço não pode, de maneira nenhuma, ser deixada ao arbítrio de terceiro.
Assinale se:
( ) a) II e IV estiverem corretas;
( ) b) I, II e IV estiverem corretas;
( ) c) I, II e III estiverem corretas;
( ) d) IV estiver correta;
( ) e) I, II, III e IV estiverem corretas.

14 - As operações de empréstimo concedidas por instituições financeiras à pessoa física ou jurídica que se
dedique à atividade comercial ou de prestação de serviços poderão ser representadas por Cédula de
Crédito Comercial ou por Nota de Crédito Comercial. Sobre esses títulos de crédito e suas garantias, é
correto afirmar que:
( ) a) nas cédulas e notas de crédito comercial, não poderão ser pactuados juros capitalizados, sob pena
de nulidade dos títulos e dos contratos a eles vinculados;
( ) b) a não inscrição da cédula de crédito comercial no Cartório de Registro de Imóveis retira sua
validade tanto entre as partes quanto em relação a terceiros;

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( ) c) o beneficiário da cédula de crédito comercial é a instituição
financeira concedente do empréstimo; na nota de crédito comercial, a instituição financeira é a emitente
do título;
( ) d) a não identificação dos bens objeto da alienação fiduciária cedular não retira a eficácia da
garantia, que incidirá sobre outros de mesmo gênero, quantidade e qualidade;
( ) e) é obrigatória a descrição dos bens objeto de penhor e do local de seu depósito quando a garantia se
constituir através de penhor de títulos de crédito.

15 - Zabelê tem 17 (dezessete) anos de idade e pediu a seu pai a abertura de uma conta corrente bancária
para depositar recursos. O pai concordou com o pedido do filho e procurou a instituição financeira. Na
abertura de conta, o empregado responsável irá orientar o futuro correntista que:
( ) a) o pai de Zabelê é considerado representante legal do absolutamente incapaz e deverá movimentar
a conta corrente simultaneamente com ele;
( ) b) o pai de Zabelê deverá obter autorização judicial prévia à abertura de conta corrente em favor do
relativamente incapaz e deverá movimentá-la com ele;
( ) c) Zabelê poderá abrir a conta corrente e movimentá-la independentemente de autorização de seu pai
porque é plenamente capaz para os atos civis;
( ) d) o pai de Zabelê deverá ser identificado na abertura da conta corrente como responsável assistente
do relativamente incapaz, que poderá movimentá-la;
( ) e) por ser relativamente incapaz, Zabelê deverá estar autorizado pelos seus pais e tutor, que os
assistirão na abertura da conta e responderão solidariamente com ele.

16 - Na assinatura de contrato pelo Banco X com sociedade empresária do tipo limitada foram emitidas
pelo administrador da sociedade cinco notas promissórias, cada uma no valor de R$12.000,00 (doze mil
reais), vinculadas ao cumprimento do contrato. Rosa de Lima, empregada do banco, recebeu o contrato e
os títulos para conferência e verificou que em nenhum deles foi indicado o lugar de emissão. Ao consultar
seu superior, recebeu a informação correta de que as notas promissórias são:
( ) a) nulas e deverão ser substituídas por outras onde conste expressamente o lugar de emissão;
( ) b) válidas, por se tratar de título de crédito causal vinculado a um contrato de mútuo de fins
econômicos;
( ) c) válidas, pois na falta de indicação do lugar de emissão presume-se que esta se deu no domicílio do
subscritor;
( ) d) nulas, porque deveria ter sido emitida cédula de crédito bancário para qualquer contrato bancário;
( ) e) nulas, porque não houve, pela sociedade, prestação de garantia real vinculada ao cumprimento do
contrato.
17 - Supondo que duas partes tenham estabelecido determinada relação jurídica, julgue o item.
Se a referida relação jurídica for do tipo empresarial e tiver sido entabulada por contrato de execução
continuada, na hipótese de a prestação se tornar excessivamente onerosa para uma das partes e
extremamente vantajosa para a outra, a parte onerada poderá pedir a resolução do contrato,
independentemente da natureza do objeto do pacto.
( ) Certo ( ) Errado

18- Julgue o próximo item, acerca da teoria geral dos contratos. O princípio da autonomia da vontade
assegura aos contratantes à liberdade de contratar tudo aquilo que lhes aprouver, sem que seja permitido
haver restrições na forma, no conteúdo ou nas condições estabelecidas pelos contratantes.

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( ) Certo ( ) Errado

19 - Julgue o próximo item, acerca da teoria geral dos contratos.

Em geral, o contrato é um negócio jurídico bilateral, já que envolve duas partes. Todavia, quanto aos seus
efeitos, é admissível a formalização de contrato unilateral.
( ) Certo ( ) Errado

20 - Julgue o próximo item, acerca da teoria geral dos contratos.


Salvos nas hipóteses expressas em lei, os contratos não exigem forma especial de celebração, sendo
permitido realizá-los por escrito ou verbalmente, por instrumento público ou particular.
( ) Certo ( ) Errado

21 - No que se refere à desconsideração da personalidade jurídica, aos contratos e aos títulos de crédito,
julgue o item seguinte, em consonância com a jurisprudência dominante do STJ.

Nos contratos aleatórios, é admitida a revisão ou resolução por onerosidade excessiva em razão da
ocorrência de evento superveniente, extraordinário e imprevisível que não se relacione com a álea
assumida no contrato.
( ) Certo ( ) Errado

22 - Se, após uma tempestade, uma árvore cair sobre um veículo e causar danos a alguém, esse evento
será classificado como
( ) a) ato fato jurídico.
( ) b) ato unilateral.
( ) c) negócio jurídico.
( ) d) fato jurídico em sentido estrito.
( ) e) ato jurídico em sentido estrito.

23- Julgue o próximo item, referente à interpretação da lei, aos direitos da personalidade, à validade dos
negócios jurídicos e à prova.
Considere a seguinte situação hipotética.
Carlos, maior e capaz, celebrou com Rafael, menor de dezessete anos de idade, contrato pelo qual se
comprometeu a realizar reparos na casa onde Rafael reside.
Nessa situação, Carlos poderá pleitear a anulação do contrato com base na incapacidade de Rafael.
( ) Certo ( ) Errado

24- que se refere à invalidação do negócio jurídico e à prescrição proveniente de ato ilícito, julgue o item
seguinte.
Se uma pessoa relativamente incapaz celebrar um negócio jurídico com uma pessoa jurídica, tal negócio
firmado não será nulo de pleno direito, mas poderá ser anulado.
( ) Certo ( ) Errado

25 - No que concerne ao direito empresarial em sentido amplo, julgue o item a seguir.

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A doutrina relativa ao direito cambiário trata do princípio da abstração, um
subprincípio derivado do princípio da autonomia, que destaca a ligação entre o título de crédito e o fato
jurídico que deu origem à obrigação que ele representa.
( ) Certo ( ) Errado

26 - O ato cambiário pelo qual o credor transmite a outrem seus direitos sobre título nominal à ordem é
denominado
( ) a) endosso.
( ) b) aval.
( ) c) aceite.
( ) d) cessão civil de crédito.

27 - Com relação à nota promissória, assinale a opção correta.


( ) a) Para que a cartularidade dessa nota seja garantida, é necessário aceite.
( ) b) É vedada, nesse tipo de título, a utilização de cláusula não à ordem.
( ) c) A obrigação constante desse título deve ficar sujeita a uma condicionante.
( ) d) A referida nota é uma promessa de pagamento.
( ) e) A emissão dessa nota exige vinculação a um negócio jurídico.

28 - Na hipótese de um cheque ser apresentado ao sacado fora do prazo legal de apresentação, ainda é
cabível ação executiva contra
( ) a) o emitente e seus avalistas, desde que haja protesto e seja observado o prazo prescricional.
( ) b) os endossantes e seus avalistas, dentro do prazo prescricional, desde que haja protesto.
( ) c) os endossantes e seus avalistas, independentemente de protesto, desde que observado o prazo
prescricional.
( ) d) o emitente e seus avalistas, desde que observado o prazo prescricional de seis meses para o seu
ajuizamento, contados do término do prazo de apresentação.
( ) e) o emitente e seus avalistas, desde que observado o prazo prescricional de dois anos para o seu
ajuizamento, contados do término do prazo de apresentação.

29 - Em determinado contrato, uma pessoa garantiu satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo
devedor. A dívida é futura e o devedor não anuiu ao contrato.

Nessa situação, se o devedor não cumprir a obrigação,


( ) a) o contrato será passível de invalidação.
( ) b) o garantidor poderá utilizar o benefício de ordem.
( ) c) o contrato será nulo.
( ) d) será admitida a interpretação extensiva para beneficiar o devedor.
( ) e) será restabelecida a garantia diante da evicção da coisa dada em pagamento.

30 - Mediante a formalização de um contrato escrito, Paulo, que é casado com Lúcia, se obrigou a pagar a
Dimas o que este tem a receber de Lauro, caso Lauro não cumpra a obrigação.
A propósito dessa situação hipotética, julgue o item subsequente.
Caso o contrato seja anulado em razão da ausência de outorga uxória de Lúcia, esposa de Paulo, a
consequência será a ineficácia total da garantia dada.

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( ) Certo ( ) Errado

31- Assinale a opção correta a respeito da fiança.


O benefício de ordem é direito garantido legalmente ao fiador, considerando-se não escrita cláusula de
renúncia.
( ) Certo ( ) Errado

32- A respeito da fiança assinale a opção correta


Independentemente do regime de bens do casamento, será anulável e ineficaz a fiança prestada pelo
cônjuge sem o consentimento do outro.
( ) Certo ( ) Errado

33 - Com relação às operações de captação e operações ativas praticadas no mercado financeiro


brasileiro, julgue o item a seguir.
A cédula de crédito bancário (CCB), um título executivo extrajudicial, representa dívida em dinheiro, a
qual é certa, líquida e exigível e pode ser emitida com ou sem caução pessoal ou fiança.
( ) Certo ( ) Errado

34 - No item a seguir, é apresentada uma situação hipotética a respeito do direito cambiário, seguida de
uma assertiva a ser julgada.
Timóteo, produtor rural, carecendo de recursos para fomentar sua produção de arroz, requereu
empréstimo a um órgão integrante do Sistema Nacional de Crédito Rural. Satisfeitos todos os requisitos
legais necessários, é correto afirmar que Timóteo firmou nota de crédito rural, já que não foi exigida
qualquer garantia real do empréstimo concedido.
( ) Certo ( ) Errado

35 - Acerca da Cédula de Crédito Bancário, assinale a opção correta:


É indispensável o protesto da Cédula de Crédito Bancário para garantir o direito de cobrança contra
endossantes, seus avalistas e terceiros garantidores.
( ) Certo ( ) Errado

36 - Sobre as características da Cédula de Crédito Bancário assinale a opção correta:


A Cédula de Crédito Bancário será transferível mediante endosso em preto, ao qual se aplicarão, no que
couberem, as normas do direito cambiário, caso em que o endossatário, mesmo não sendo instituição
financeira ou entidade a ela equiparada, poderá exercer todos os direitos por ela conferidos, inclusive
cobrar os juros e demais encargos na forma pactuada na Cédula.
( ) Certo ( ) Errado

37 - Assinale a alternativa que apresenta afirmação correta a respeito da disciplina sobre Cédula de
Crédito Bancário.
A Cédula de Crédito Bancário é título de crédito emitido por instituição financeira ou por entidade a esta
equiparada em favor de pessoa física ou jurídica.
( ) Certo ( ) Errado
38 - A respeito da disciplina sobre Cédula de Crédito Bancário assinale a opção correta

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A Cédula de Crédito Bancário poderá ser emitida, com ou sem garantia, real
ou fidejussória, cedularmente constituída.
( ) Certo ( ) Errado

39 - Assinale a alternativa que apresenta afirmação correta


A Cédula de Crédito Bancário é transferível mediante endosso em preto, devendo o endossatário ser
instituição financeira ou entidade a ela equiparada.
( ) Certo ( ) Errado

40 – Marque a alternativa que apresenta afirmação correta a respeito da disciplina sobre a alienação
fiduciária
Vencida e não paga a dívida, no todo ou em parte, e constituído em mora o fiduciante, consolida-se a
propriedade do imóvel em nome do fiduciário.
( ) Certo ( ) Errado

41 - No que se refere a Alienação Fiduciária julgue o item que segue:


Com a constituição da propriedade fiduciária, dá-se o desdobramento da posse, tornando-se o fiduciário
possuidor direto e o fiduciante possuidor indireto da coisa imóvel.
( ) Certo ( ) Errado

42 – Marque a afirmativa correta


Constitui-se a propriedade fiduciária da coisa móvel infungível com o registro do contrato, celebrado por
instrumento público ou particular, que lhe serve de título, no Registro de Títulos e Documentos do
domicílio do devedor, ou, em se tratando de veículos, na repartição competente para o licenciamento,
fazendo-se a anotação no certificado de registro.
( ) Certo ( ) Errado

43 - O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que


dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade.
( ) Certo ( ) Errado

44 - O mútuo feito a pessoa menor, mesmo sem prévia autorização daquele sob cuja guarda estiver, pode
ser reavido do mutuário ou de seus fiadores.
( ) Certo ( ) Errado

45 - O comodato é o empréstimo de bem fungível, a exemplo do dinheiro, aperfeiçoando-se com a


tradição, tal como ocorre com o mútuo.
( ) Certo ( ) Errado
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15
A D C C C C E C C B D C C D D
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
C E E C C C D E C C A D D B C
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45
E E C C E C E C E C E C C E E

CURSO PRIME – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2222
66
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