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Material Teórico
Aspectos Históricos da Inclusão Escolar: Políticas Públicas
da Educação Especial
Revisão Textual:
Profa. Ms. Vera Lídia de Sá Cicaroni
Aspectos Históricos da Inclusão Escolar:
Políticas Públicas da Educação Especial
• Aspectos Históricos
• Documentos Internacionais
Atenção
Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar as ativi-
dades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.
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Unidade: Aspectos Históricos da Inclusão Escolar: Políticas Públicas da Educação Especial
Contextualização
Para iniciarmos a conversa sobre a Educação Inclusiva, temos que enfocar o seu percurso
histórico, os aspectos sociais e as políticas públicas envolvidas, que vêm sendo objeto de estudo
e discussões no Brasil e no mundo.
Nesse processo, temos que enfatizar os percalços sofridos pelas pessoas que apresentam
algum tipo de deficiência, aquelas que fazem parte do grupo dos excluídos. Como a família e a
sociedade impõem padrões e modelos quase sempre inatingíveis, aqueles que não se enquadram
nesses modelos são colocados à margem. Com isso formam-se as barreiras, principalmente
atitudinais, difíceis de serem vencidas. Esta Unidade I propõe-se a discutir as políticas públicas
referentes a essa modalidade de ensino.
padrões e modelos quase sempre inatingíveis, aqueles que não se enquadram nesses modelos
são colocados à margem. Com isso formam-se as barreiras, principalmente atitudinais, difíceis
de serem vencidas. Esta Unidade I propõe-se a discutir as políticas públicas referentes a essa
modalidade de ensino.
Sugestão de leitura: BLANCO, Rosa. Aprendendo na diversidade: implicações
educativas: http://goo.gl/uPo7hN
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Aspectos Históricos
Ao longo da história da Humanidade, não há registro, até por volta de seis mil a.C. (Rossetto et al,
2006), de como viviam as pessoas portadoras de alguma deficiência. Na Grécia antiga, as crianças
e adultos eram preparados para servir ao Exército com o objetivo de defender o Estado. As crianças
que nasciam com algum tipo de deficiência eram lançadas, ribanceira abaixo, no abismo localizado
na cadeia de montanhas Tahgetos, próximo de Esparta. Isso acontecia porque o Estado entendia que
essas crianças não reuniam condições para servi-lo, uma vez que não eram saudáveis, fortes e belas.
Em Atenas, a criança que nascesse com deficiência não tinha
tratamento diferente dos espartanos. O extermínio era tido como
um procedimento comum, com a conivência e determinação dos
filósofos da época, e os próprios pais tinham a incumbência de
matar o filho quando este nascesse com alguma “anormalidade”.
Na Roma antiga, até meados do século V a.C., o tratamento
oferecido às crianças que nasciam com deficiência era semelhante
ao da Grécia, ou seja, os pais tinham permissão para matar os
filhos com alguma deformidade.
Estatua de Tiberius, Museu do Louvre
Após o século II a.C., com a profissionalização do exército
romano, as crianças que nasciam com deficiência passaram a contar, por parte do Estado e
da sociedade, com certa tolerância. Sendo assim, alguns chegaram a ser imperadores, como
Tiberius, Servius Galba, Aules Vitelus.
No entanto, os pobres viviam uma situação bem diferente, pois ou eram abandonados à
própria sorte ou eram eliminados.
Na Idade Media, com a divisão das classes sociais, a sociedade passou a ser composta
por sacerdotes, guerreiros e trabalhadores. O controle era exercido pelos dois primeiros,
sustentados pelos trabalhadores. Deixou-se de eliminar as pessoas com deficiência, porque o
Cristianismo não aceitava essa prática.
As pessoas com deficiência passaram a ficar segregadas em hospitais ou asilos. A princípio
mantidos pela Igreja, com o desenvolvimento social, esses hospitais foram sendo secularizados. Como
o número de hospitais não era suficiente para atender a todos os indivíduos com deficiência, alguns
eram aceitos para serem bobos da corte ou mesmo eram aceitos por razões supersticiosas. Outros
tantos ficavam perambulando pelas ruas (Rossetto et al., 2006).
Com o ritmo acentuado do desenvolvimento ocorrido através dos séculos que se seguiram, o
trabalhador foi sendo afastado da manufatura de produtos e do campo e levado a migrar para
os grandes centros urbanos. “O capitalismo está assentado sobre os pressupostos da propriedade
privada, dos meios de produção, na relação assalariada do trabalho” (Rossetto et al., 2006, p.106).
Na busca incessante pela produção e pelo lucro cada vez maior, a pessoa com deficiência é vista
como incapaz, incompetente para suprir tal demanda de mão de obra e sofre as consequências
das barreiras que lhe são impostas por esse processo perverso. Porém não é apenas no âmbito
do mercado de trabalho que se verifica esse sistema pautado no preconceito, na discriminação
e na formação de barreiras, principalmente as atitudinais. No âmbito escolar, esse sistema
perverso toma dimensões significativas, pois a grande maioria de crianças e adolescentes com
deficiência é excluída, negligenciada em seu processo de escolarização.
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Unidade: Aspectos Históricos da Inclusão Escolar: Políticas Públicas da Educação Especial
Trocando Ideias
Estimativas oficiais apontam que existem cerca de 45 milhões de pessoas com deficiência, ou seja,
aproximadamente cerca de 24,5% da população. De acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas em Educação Anísio Teixeira (Inep), cerca de 51,5 milhões de estudantes frequentam a
educação básica. Nesse montante, estão incluídos também os alunos das modalidades de ensino técnico
e de educação especial - para pessoas com deficiência e altas habilidades/superdotação (INEP, 2012).
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Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva
A legislação brasileira tem acompanhado o percurso de outros países; possui uma das
legislações mais abrangentes, equiparando-se a países mais desenvolvidos, buscando, dessa
forma, assegurar a promoção de oportunidades educacionais na escola comum.
Nesse sentido, a Educação Especial, como modalidade de ensino que deve ser promovida
sistematicamente nos diferentes níveis de ensino, presta-se ao atendimento de pessoas com
necessidades educacionais especiais, preferencialmente na rede regular de ensino, com o objetivo
de propiciar ao aluno o desenvolvimento de suas potencialidades, autonomia e independência,
dentro dos princípios da educação inclusiva e assegurados por um Projeto Político Pedagógico.
Em 1961, a Lei nº 4.024/61 - de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN
- já afirmava o direito dos excepcionais à educação, preferencialmente dentro do sistema geral
de ensino. A LDBEN foi alterada pela Lei nº. 5.692/71, que definiu tratamento especial aos
alunos com deficiências físicas, mentais, os superdotados e aqueles que se encontravam em
atraso quanto à idade regular de matrícula.
Ainda dentro de iniciativas isoladas do Estado, foi criado o Centro Nacional de Educação
Especial (1973). Com isso, o MEC passou a responsabilizar-se pela Educação Especial em
todo o território Nacional, impulsionando as ações integracionistas voltadas tanto às pessoas
com deficiência como às superdotadas.
Em 1988, foi promulgada a Constituição Federal, tendo os objetivos fundamentais
definidos nos seguintes artigos:
No artigo 55, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei 8.069/90, determina que
“os pais ou responsáveis têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular
de ensino”. Assegura ao adolescente com deficiência o trabalho protegido, garantindo seu
treinamento e colocação no mercado de trabalho, e o incentivo à criação de oficinas abrigadas.
Ainda nos anos 90, ocorreram dois eventos importantes - Conferência de Jomtien (1990) e a
Conferência Mundial de Educação Especial (1994) -, nos quais foram elaborados os documentos:
Declaração Mundial sobre Educação para Todos e Declaração de Salamanca, respectivamente,
os quais contribuíram para a formulação das políticas públicas da educação inclusiva.
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Unidade: Aspectos Históricos da Inclusão Escolar: Políticas Públicas da Educação Especial
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A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96, trouxe inovações e
vem estabelecendo normas e princípios norteadores da educação nacional, englobando diferentes
modalidades da educação: básica, ambiental, sexual, ambiental, religiosa, profissional e para o
trabalho, contribuindo para a formação do cidadão. Além de oferecer dentro do sistema educa-
cional espaços com flexibilidade para atender ao alunado, inclusive aqueles considerados com
necessidades educacionais especiais. Promove maior autonomia para as escolas da rede pública e
a gestão democrática com o objetivo de potencializar a construção de propostas pedagógicas que
propiciem uma melhor qualidade do ensino, que permita atendimento eficiente e a permanência
de todos os alunos dentro da escola. A LDBEN preocupou-se também com a formação e capa-
citação de gestores e professores, além de enfatizar a importância da participação da família no
processo educacional de seus filhos.
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn2.pdf
O Plano Nacional de Educação – PNE estabelece objetivos e metas para que os sistemas
de ensino favoreçam o atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos,
produzindo uma escola inclusiva que garanta o atendimento à diversidade humana.
• http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10172.htm
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Em 2005, foram implantados os Núcleos de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação –
NAAH/S em todo o território nacional para o atendimento educacional especializado, orientação
às famílias e formação continuada dos professores, com o objetivo de oferecer atendimento aos
alunos na rede pública de ensino.
A Organização das Nações Unidas – ONU aprovou, em 2006, a Declaração dos Direitos das
Pessoas com Deficiência, assegurando um sistema de educação inclusiva, em todos os níveis de
ensino, em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social.
O lançamento do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (2006) apresenta
o objetivo de contemplar, no currículo da educação básica, temáticas relativas às pessoas
com deficiência e desenvolver ações afirmativas que possibilitem acesso a e permanência
na educação superior.
Em 2007, foi implantado o Plano de Desenvolvimento da Educação - PDE, Decreto
nº 6.094/07 -, “que estabelece nas diretrizes do Compromisso Todos pela Educação, a garantia
do acesso e permanência no ensino regular e o atendimento às necessidades educacionais
especiais dos alunos, fortalecendo seu ingresso nas escolas da rede pública”.
Âmbito Estadual
RESOLUÇÃO SE Nº 95, de 21 de novembro de 2000 -
• http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/diretrizes_p1130-1133_c.pdf
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Âmbito Municipal
O Decreto Nº 45.415, de 18 de outubro de 2004, estabelece diretrizes para a Política de
Atendimento a Crianças, Adolescentes, Jovens e Adultos com Necessidades Educacionais
Especiais no Sistema Municipal de Ensino, São Paulo.
• http://www3.prefeitura.sp.gov.br/cadlem/secretarias/negocios_juridicos/cadlem/integra.
asp?alt=19102004D%20454150000
O Decreto Nº 45.652, de 23 de dezembro de 2004, dá nova redação ao parágrafo único
do artigo 7º do Decreto nº 45.415, de 18 de outubro de 2004, que estabelece diretrizes para
a Política de Atendimento a Crianças, Adolescentes, Jovens e Adultos com Necessidades
Educacionais Especiais no Sistema Municipal de Ensino.
• http://www3.prefeitura.sp.gov.br/cadlem/secretarias/negocios_juridicos/cadlem/integra.
asp?alt=24122004D%20456520000
Além das Leis, Resoluções e Decretos, enfatizamos que vários documentos internacionais
contribuíram para a elaboração, implantação e implementação das Leis, Resoluções e Decretos
e Normas Técnicas vigentes em nosso país.
Documentos Internacionais
• Declaração Universal dos Direitos Humanos – dezembro de 1948 - documento básico das
Nações Unidas, enumera os direitos que todos os seres humanos possuem.
• Recomendação nº 99/1955 - relativa à reabilitação profissional das pessoas com deficiência,
princípios e métodos de orientação vocacional e treinamento profissional, como meio de
aumentar oportunidades de emprego para as pessoas com deficiência, emprego protegido.
• Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes (ONU) – Resolução nº 3.447/1975.
• Declaração de Sunderberg (1981) – Conferência Mundial sobre Ações e Estratégias para
Educação, Prevenção e Integração.
• Programa de Ação Mundial para as Pessoas com Deficiência (ONU) – 1982.
• Declaração Mundial Sobre Educação Para Todos – Conferência de Jomtien – 1990.
• Resolução nº 45 da ONU, 1990.
• Dia Internacional das Pessoas com Deficiência – ONU – dia 03 de dezembro adotado
como o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, 1992.
• Declaração de Salamanca – sobre Princípios, Política e Prática em Educação Especial,
delegados da Conferência Mundial de Educação Especial, 1994. http://portal.mec.gov.br/
seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf
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• Normas sobre a Equiparação de Oportunidades para Pessoas com deficiência – ONU,
Resolução nº 48/96.
• Convenção Interamericana para Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra
as Pessoas Portadoras de Deficiência – ONU, Guatemala, 1999. http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/decreto/2001/D3956.htm
• Carta para o Terceiro Milênio – os direitos humanos de cada pessoa, em qualquer
sociedade, devem ser reconhecidos e protegidos, 1999.
• Declaração de Pequim sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência no Novo Século,
Pequim, 2000.
• Declaração de Dakar - Educação Para Todos (EPT) para cada cidadão e cada sociedade,
cidade de Dakar, 2000.
• Declaração de Madri - a não discriminação e a ação afirmativa resultam em inclusão
social. Ano Europeu das Pessoas com Deficiência, 2003.
• Declaração Internacional de Montreal sobre a Inclusão, 2001.
• Declaração de Verona sobre o envelhecimento das pessoas com deficiência, Itália, 2002.
• Declaração de Quito – Equador, normas e padrões existentes em relação aos direitos das
pessoas com deficiência, 2003.
• Declaração de Tenerife – vida independente, eliminação de discriminação contra pessoas
com deficiência.
• Carta Mundial do Direito à Cidade - elaborada por um conjunto de movimentos sociais,
ONGs, associações de profissionais, fóruns e redes nacionais e internacionais da sociedade
civil comprometidos com as lutas sociais por cidades mais justas, democráticas, humanas
e sustentáveis.
• Declaração de Montreal sobre Deficiência Intelectual, Montreal, 2004.
• Resolução CEI 138. R11 – Organização Pan-Americana, 2006.
• Declaração Decênio das Américas pelos Direitos e Dignidade das Pessoas Portadoras de
Deficiência (2006-2016), Santo Domingo, 2006.
• Resolução da Convenção Internacional de Deficiência – ONU, 2006 - direitos das pessoas
com deficiência, abrangendo a área civil e política, inclusão social, saúde e educação,
emprego e proteção social.
Nossas políticas públicas de educação especial estão entre as mais avançadas do mundo.
No Brasil, o atendimento às pessoas com deficiência foi uma das ações inovadoras, ainda no
período imperial, de D. Pedro II. Em 1854, foi criado o Instituto Imperial dos Meninos Cegos,
atual Instituto Benjamin Constant - IBC. Três anos depois, foi criado o Instituto dos Meninos
Surdos-mudos, atual Instituto Nacional da Educação dos Surdos – INES. Já no século XX, em
1926, foi fundado o Instituto Pestalozzi; em 1945, Helena Antipoff criou a Sociedade Pestalozzi,
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Ideias Chave
Temos que enfatizar que a inclusão escolar não é responsabilidade do professor única e exclusivamente,
mas de toda escola. Portanto a escola, como um todo, tem que se mobilizar para acolher o aluno.
É, portanto, um processo abrangente, uma vez que considerar a deficiência de uma criança ou de um
jovem como mais uma das muitas características diferentes que os alunos podem ter pressupõe que
todas as crianças tenham as mesmas oportunidades de acesso, de permanência e de aproveitamento
na escola, independentemente de qualquer característica peculiar que possa apresentar.
É esse o fundamento básico da escola inclusiva, ou seja, garantir a igualdade de oportunidades, o
respeito à diversidade multicultural do nosso país. Nesse sentido, Mantoan (2003) argumenta que a
escola que aceita e convive com a diversidade possibilita uma educação para a verdadeira cidadania,
com o que toda a comunidade escolar se beneficia.
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Material Complementar
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Referências
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Anotações
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www.cruzeirodosulvirtual.com.br
Campus Liberdade
Rua Galvão Bueno, 868
CEP 01506-000
São Paulo SP Brasil
Tel: (55 11) 3385-3000