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Lições 3ª e 4ª do Programa
Só podem ser criadas sociedades comerciais que vão de encontro com a tipificação
compreendida na lei.
Sociedades em comandita
Sociedade anónima
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> Modelo típico de sociedade anónima – com pequena ou média dimensão. É o modelo
tal como resulta do CSC. As participações são livremente transmissíveis e são
desprovidas de elementos subjectivos;
> Grande sociedade anónima – estrutura orgânica complexa, correspondente à grande
sociedade anónima, criada pela Reforma Societária de 2006. Sempre que adoptar o
modelo de governação clássico, deverá possuir uma fiscalização complexa;
> Sociedade com capital aberto ao investimento – podem estar cotadas ou não.
Sociedades constituídas com apelo ao público ou relativamente às quais ocorre uma
oferta pública de valores mobiliários, não são apenas aquelas cujas participações
(acções) ou outros valores mobiliários se encontram admitidos à negociação em
mercado regulamentado – bolsa de valores. Existem outras sociedades anónimas, cujo
capital também se está aberto ao investimento público – e sujeitas, a um regime jurídico
mais rigoroso –, embora possam apresentar, relativamente às cotadas, regras
estatutárias específicas. Sociedades abertas todas as que se constituem ou emitem
valores mobiliários por meio de oferta pública.
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O domínio das sociedades comerciais é privilegiado da autonomia privada, em que
sobrelevam os interesses dos empresários (os sócios) e de todos os que se encontram
directamente envolvidos (inclusive, clientes e credores – art.64º/1/b).
Estamos num domínio em que não há que procurar a autorização para a prática de um
acto ou a celebração de um contrato, mas apenas verificar que a solução contratual não põe em
causa regras imperativas ou os princípios caracterizadores do próprio sistema jurídico-
societário.
> Sócios de capital – aqueles que realizam uma entrada em dinheiro ou em espécie;
> Sócios de indústria – aqueles que realizam actividades através do seu trabalho.
Quanto à firma (designação pela qual a sociedade irá ser conhecida), esta deve ser
constituída de forma a que a todos seja possível identificar que estão perante uma sociedade
em nome colectivo. Se não for possível identificar todos os sócios no nome da sociedade, de
acordo com o art.177º, deve existir pelo menos o nome de um dos sócios e um respectivo
aditamento, por exemplo, “Mafie & Companhia”.
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Mas a firma pode prefigurar situações onde um dos sócios é outra sociedade, com um tipo
societário distinto, tendo uma responsabilidade diferente. Importa assegurar nesses casos, que
a firma, por exemplo, “António Silva Lda. & outros”, não se confunda com a designação do outro
tipo societário. Para além dos outros sócios (“& Outros”), o sócio que dá crédito à sociedade em
nome colectivo é a sociedade por quotas “António Silva Lda.”.
A firma é um elemento distintivo do próprio tipo societário. Quando olhamos para o nome
de uma sociedade devemos imediatamente associar esse nome a uma realidade e a um
determinado regime de responsabilidade.
Regime de responsabilidade
Cada sócio é responsável para com a sociedade pela prestação da sua entrada; e responde
solidariamente com os restantes sócios e ilimitadamente perante os credores da sociedade,
pelas dívidas desta – art.175º.
Subsidiária – só tem lugar quando o património não é suficiente para fazer face às dívidas
da sociedade, de modo que os credores pessoais dos sócios também não sejam defraudados
perante os credores sociais. Mas não tem de haver hierarquização.
Os sócios da indústria são também responsáveis nas relações externas, sendo a sua
responsabilidade subsidiária – art.178º.
Participações sociais
As participações denominam-se partes sociais e não são representadas por títulos –
art.176º.
As sociedades por quotas são reguladas pelos arts.197º a 270º-G, contudo, existem
remissões para algumas normas das sociedades anónimas, uma vez que são o modelo das
sociedades comerciais.
Relativamente à firma:
> Esta pode ser formada com ou sem sigla;
> Deve ser composta pelo nome (ou firma) de todos ou de alguns dos sócios, ou aludir à
actividade que a sociedade se propõe a prosseguir;
> Deve concluir com “Limitada” ou a abreviatura “Lda.”
Regime de responsabilidade
Cada sócio responde pela sua entrada, mas solidariamente com os restantes sócios e
até ao montante do capital social subscrito – art.197º/1.
Só a sociedade responde pelas suas dívidas, perante os credores (art.197º/3), excepto
se os sócios garantirem expressamente que se responsabilizam pelas mesma “até determinado
montante”.
O regime de responsabilidade pode ser clausulado, o que significa, que relativamente a
alguns sócios e a alguns actos, aqueles podem responder para além do capital a que
subscreveram – característica que pessoaliza este tipo societário.
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Participações sociais
A parte denomina-se quota e não é titulada (arts.197º/1 e 219º/7). O seu valor mínimo
é de 1,00€ - art.219º/1 e 3 e art.250º/1.
Sociedades Anónimas
Subtipos actuais
Firma – os princípios geralmente aplicáveis às sociedades por quotas são válidos, com
as adaptações a este tipo societário. Deve concluir com a expressão “sociedade anónima” ou
“S.A.”.
Regime de responsabilidade
A responsabilidade dos accionistas pelo valor da entrada é individual e exclusiva –
art.271º. Se o acionista realizar a totalidade da sua participação, ele não terá mais qualquer
responsabilidade pela actividade societária, para além da que possa vir a assumir
especificamente a título puramente pessoal (diferente das SQ).
Só a sociedade é responsável pelas suas dívidas (art.271º contrario sensu). Limitando-
se a responsabilidade do acionista ao montante que subscreve.
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Participações sociais
As participações sociais designam-se por acções, correspondendo a fracções do capital
co o mesmo valor nominal (mínimo 0,01€), ou sem valor nominal, representadas por títulos
(livremente transmissíveis) ou meramente escriturais (art.271º, 274º, 276º/2 e 298º e seguintes
do CSC e arts.39º e seguintes do CVM).
Sociedades em comandita
A lei admite que os cônjuges constituam, entre si, uma sociedade comercial – art.8º/1
com as devidas regras.
Não o podem fazer se dessa celebração ou participação resultar a possibilidade de
defraudar o princípio da imutabilidade do regime de bens, consagrado na nossa lei civil –
art.1714º/1 do CC.
O art.8º do CSC diz-nos que em todas as sociedades de responsabilidade limitada os
cônjuges podem ser simultaneamente sócios e, nas sociedades por quotas, os únicos sócios.
Sendo a quota um bem comum do casal, a lei considera como sócio o cônjuge que tenha
celebrado o contrato de sociedade ou, em caso de aquisição em vida da sociedade, o que tenha
encabeçado o acto aquisitivo – art.8º/2 do CSC.
A preocupação da lei com a individualização e identificação