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Texto 1 - Você está sempre certo

“Se você acredita que pode, você tem razão. Se você


acredita que não pode, também tem razão” Henry Ford

Vivemos em um mundo de ilusões e interpretações que acreditamos


serem realidade. Como os personagens de Matrix, jamais vemos as coisas
realmente como elas são. Antes de Henry Ford, criador da indústria
automobilística moderna e da linha de produção, todos os fabricantes de carros
achavam que não poderiam fabricar veículos baratos em série, que não
poderiam ganhar dinheiro assim, que não poderiam fazer suas indústrias
crescerem.

Era uma “fantasia”, uma crença limitadora na qual todos apostavam. Ford
tinha uma fantasia diferente, uma crença libertadora de que ele poderia vender
carros mais baratos, poderia ganhar dinheiro, poderia fazer sua indústria crescer.
E ficou multimilionário por acreditar nisso, e agir para isso dar certo, levando os
concorrentes arrogantes à falência e vendendo carros para os próprios
funcionários e suas famílias — o que todos diziam ser impossível.

Quando acreditamos em alguma coisa, não importa se tal coisa é real ou


não, nos comportamos com base na crença, jamais com base na realidade.

Isso acontece porque nosso cérebro procura “provas” para tudo aquilo em
que acreditamos, ou somos ensinados a acreditar. A maioria das vezes são
provas circunstanciais e racionalizações sem lastro, mas para nós são provas
incontestáveis da realidade e, portanto, não vemos tais coisas como “crença”,
mas como fatos — embora não o sejam.

Assim, se você acredita que pode fazer algo, ser algo, viver algo, sentir
algo, ter algo, sua mente obedecerá e buscará este “algo” sem questionar porque
pensará que isso é a realidade. Mas se você acredita que não pode fazer algo,
não pode viver algo, não pode sentir algo ou não pode ter algo, sua mente
também obedecerá sem questionar, por entender que essa é a sua realidade,
por achar que suas limitações são externas à você. Claro que você não notará,
mas sua mente sabotará qualquer coisa que vá contra aquilo em que você
acredita.

Acreditar é uma bênção ou um pesadelo. A maioria das pessoas acredita


em “crenças limitadoras”. Acreditam que não podem aprender uma matéria na
escola ou uma nova função na empresa (pensam que não são inteligentes,
jovens, bonitos, ricos… o bastante), acreditam que não podem encontrar um
amor de verdade (pensam que não merecem, não sabem ou não existe tal amor),
acreditam que não podem ganhar dinheiro (pensam que dinheiro é algo errado
ou que é pecado ter), acreditam que não podem fazer nada para ajudar outras
pessoas (pensam que são muito frágeis ou pobres para fazer qualquer mudança
no mundo), acreditam que não conseguirão vender mais (acreditam que vender
é empurrar algo que alguém não deseja ou não precisa)… e assim por diante.
Pensam que estão analisando a realidade, quando na verdade apenas
reagem àquilo em que acreditam.

Então, se acreditamos que podemos fazer algo, a realidade não importa?


Claro que importa.

Acreditar que você pode bater asas não muda as leis da física e você cairá
como uma pedra, mas por que aceitar uma crença limitadora quando podemos
adotar uma crença libertadora? É comum escutar: nem sempre o otimismo ajuda,
mas o pessimismo sempre atrapalha.

Quando temos crenças libertadoras, nosso limite é a realidade. Quando


temos crenças limitadoras, nosso limite é nossa própria crença.

Aleijadinho acreditava que podia esculpir, mesmo sem as mãos.


Beethoven acreditava que podia compor, mesmo surdo. Cora Coralina
acreditava que podia escrever poesias, mesmo sem “ser estudada”. Eles tinham
crenças libertadoras.

Você não é aquilo que acredita ser ou que disseram que você é. Você é
muito mais.

Entre duas crenças, escolha sempre aquela que liberta você para ser uma
pessoa melhor, mais feliz, mais completa e mais realizada. Pode até ser que sua
crença libertadora não seja real, mas você só saberá disso se testá-la. Escolha
seus pensamentos e crenças com cuidado, porque você terá que obedecer tais
pensamentos e crenças por toda a sua vida.

Aldo Novak – jornalista e Coach. Autor do livro "O Segredo para realizar seus sonhos", da editora
Ediouro

Texto 2- A GRAMA DO VIZINHO


Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde
coisíssima nenhuma. Estamos todos no mesmo barco.
Há no ar certo queixume sem razões muito claras.
Converso com mulheres que estão entre os 40 e 50 anos, todas com
profissão, marido, filhos, saúde, e ainda assim elas trazem dentro delas um não-
sei-o-quê perturbador, algo que as incomoda, mesmo estando tudo bem.
De onde vem isso? Anos atrás, a cantora Marina Lima compôs com o seu
irmão, o poeta Antonio Cícero, uma música que dizia: “Eu espero/
acontecimentos/ só que quando anoitece/ é festa no outro apartamento”.
Passei minha adolescência com esta sensação: a de que algo muito
animado estava acontecendo em algum lugar para o qual eu não tinha convite.
É uma das características da juventude: considerar-se deslocado e impedido de
ser feliz como os outros são, ou aparentam ser. Só que chega uma hora em que
é preciso deixar de ficar tão ligada na grama do vizinho. As festas em outros
apartamentos são fruto da nossa imaginação, que é infectada por falsos
holofotes, falsos sorrisos e falsas notícias. Os notáveis alardeiam muito suas
vitórias, mas falam pouco das suas angústias, revelam pouco suas aflições, não
dão bandeira das suas fraquezas, então fica parecendo que todos estão
comemorando grandes paixões e fortunas, quando na verdade a festa lá fora
não está tão animada assim. Ao amadurecer, descobrimos que a grama do
vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma. Estamos todos no mesmo barco,
com motivos pra dançar pela sala e também motivos pra se refugiar no escuro,
alternadamente. Só que os motivos pra se refugiar no escuro raramente são
divulgados.
Pra consumo externo, todos são belos, sexys, lúcidos, íntegros, ricos,
sedutores.
“Nunca conheci quem tivesse levado porrada/ todos os meus conhecidos
têm sido campeões em tudo”.
Fernando Pessoa também já se sentiu abafado pela perfeição alheia, e
olha que na época em que ele escreveu estes versos não havia esta overdose
de revistas que há hoje, vendendo um mundo de faz-de-conta. Nesta era de
exaltação de celebridades – reais e inventadas – fica difícil mesmo achar que a
vida da gente tem graça. Mas, tem. Paz interior, amigos leais, nossas músicas,
livros, fantasias, desilusões e recomeços, tudo isso vale ser incluído na nossa
biografia. Ou será que é tão divertido passar dois dias na Ilha de Caras
fotografando junto a todos os produtos dos patrocinadores? Compensa passar a
vida comendo alface para ter o corpo que a profissão de modelo exige? Será tão
gratificante ter um paparazzo na sua cola cada vez que você sai de casa?
Estarão mesmo todos realizando um milhão de coisas interessantes enquanto
só você está sentada no sofá pintando as unhas do pé? Favor não confundir uma
vida sensacional com uma vida sensacionalista.
As melhores festas acontecem dentro do nosso próprio apartamento.

Texto 3
Poema feito por ocasião da morte de meu pai.
A dor das coisas
(Graça Vilhena)

Devia seguir com o morto


o que se desabita:
as roupas amputadas nos armários
as marcas dos embalos na parede
e os passarinhos
(principalmente esses)
pra não cantarem à toa
nas gaiolas.
Texto 4- A menina do leite

A menina era só alegria.

Era a primeira vez que iria à cidade, vender o leite de sua querida vaquinha.

Colocou sua melhor roupa, um belo vestido azul,e partiu pela estrada com a
lata de leite na cabeça.

Ao caminhar, o leite chacoalhava dentro da lata.

A menina também, não conseguia parar de pensar.

"Vou vender o leite e comprar ovos, uma dúzia."

"Depois, choco os ovos e ganho uma dúzia de pintinhos."

"Quando os pintinhos crescerem, terei bonitos galos e galinhas."

"Vendo os galos e crio as galinhas, que são ótimas para botar ovos."

"Choco os ovos e terei mais galos e galinhas."

"Vendo tudo e compro uma cabrita e algumas porcas."

"Se cada porca me der três leitõezinhos, vendo dois, fico com um e ..."

A menina estava tão distraída em seus pensamentos, que tropeçou numa


pedra, perdeu o equilíbrio e levou um tombo.

Lá se foi o leite branquinho pelo chão.

E os ovos, os pintinhos, os galos, as galinhas, os cabritos, as porcas e os


leitõezinhos pelos ares.

Moral da história:

Não se deve contar com uma coisa antes de consegui-la...”

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