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Introdução

18 INTRODUÇÃO

Introdução teor de fibras. Isso significa uma redução na


quantidade de alimentos de origem animal
Os alimentos humanos contêm seis tipos e consumo de uma ampla variedade de ve-
de componentes básicos (cinco grupos de getais, sobretudo frutas, legumes e verdu-
nutrientes e água), cada um deles com di- ras, todos minimamente processados.
ferentes funções no corpo (A). Os carboi-
dratos e os lipídeos representam nossas Entretanto, essas recomendações gerais
principais fontes de energia. As proteínas, não são suficientes, pois as pessoas diferem
as vitaminas, os minerais e os elementos- muito entre si (B). Profissionais da nutri-
traço são essenciais para o crescimento e ção (cientistas, especialistas em economia
o desenvolvimento dos tecidos. A água, as doméstica, nutricionistas, médicos, etc.)
proteínas e as vitaminas são necessárias ao precisam buscar informações detalhadas
metabolismo e também às funções regula- sobre cada nutriente para avaliar toda a
doras. Enquanto os nutrientes energéticos complexidade da questão. Por isso, muitos
(carboidratos, lipídeos e proteínas) são países definiram recomendações básicas,
parcialmente intercambiáveis em termos correspondentes à ingestão de nutrientes
de uso, as vitaminas, os minerais e os ele- desejável. Nos EUA, isso foi feito pelo
mentos-traço desempenham sempre papéis Departamento de Nutrição e Alimentos
muito específicos. Conseqüentemente, a (Food and Nutrition Board), subordinado ao
falta de algum destes últimos resulta em Conselho Nacional de Pesquisas (National
uma deficiência particular, embora nem Research Council). As recomendações
sempre sintomática. O aspecto comum das norte-americanas mais recentes, ou seja,
deficiências dos vários nutrientes é que elas as Ingestões Alimentares de Referência
interferem principalmente no crescimento. (DRI – Dietary Reference Intakes) foram
Portanto, as taxas de crescimento podem estabelecidas em conjunto com as autorida-
ser usadas para demonstrar a importância des de saúde pública do Canadá.
da alimentação balanceada. Vejamos um À medida que a ciência nutricional evo-
exemplo: em 1880, apenas 5% dos estu- lui, são feitas mudanças periódicas nas ta-
dantes universitários do sexo masculino belas de referência, de modo que as novas
tinham mais de 1,80 m (6 pés) de altura; descobertas sempre substituem conceitos
em 1955, a porcentagem havia subido para antigos. Por outro lado, os fatores externos
30%. A maior disponibilidade de nutrientes também se transformam. Ao longo das úl-
a partir do começo do século XX aumentou timas décadas, muitas profissões passaram
muito a expectativa de vida. No entanto, a exigir menor nível de atividade física, e,
nos países industrializados, embora a “dis- muitas vezes, esses profissionais aumen-
ponibilidade” teórica hoje seja mais do que tam a ingestão alimentar. Esses fatores
suficiente, ainda é possível melhorar a situ- tipo exercem grande impacto na escolha
ação fazendo alguns ajustes na proporção dos alimentos e na definição da quantida-
de nutrientes. Com os conhecimentos de de necessária de nutrientes.
que dispomos atualmente, uma alimentação
destinada a evitar doenças pode ser descri-
ta brevemente do seguinte modo: lipídeos
< 35% (ou seja, menos de 35% do total de
calorias consumidas), principalmente de
fontes vegetais; proteínas ~15%, também
com predominância de produtos de origem
vegetal; e carboidratos > 55%, com alto
INTRODUÇÃO 19

A. Componentes Básicos dos Alimentos

Minerais Proteínas
Elementos- Vitaminas
Lipídeos traço

Crescimento e
desenvolvimento Água
Carboidratos dos tecidos
Nutrientes Controle
energéticos metabólico

B. Fatores que Causam Impacto a Curto ou Longo Prazo na


Escolha dos Alimentos
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Categoria açã olo
1. o Tecn
do fator Alimentos
2.
Fatores individuais, com
efeitos diretos e indiretos
3. Fatores que afetam diretamente
o comportamento nutricional
20 INTRODUÇÃO

Nutrição Preventiva: branco, batatas cozidas, arroz industria-


Uma Ciência em Evolução lizado, macarrão e doces, foram banidos
para os níveis mais altos da pirâmide.
A controvérsia é parte integrante da ciência Estabeleceram-se diferenças entre car-
nutricional. E a nutrição preventiva não es- boidratos refinados e integrais, simples
capa a essa regra. Nas últimas décadas, reco- e complexos, levando em conta o índice
mendou-se no mundo todo a redução da in- e a carga glicêmica. Além disso, distin-
gestão de gorduras e o aumento simultâneo guiram-se, com rigor, os vários tipos de
da ingestão de carboidratos. A fundamenta- ácidos graxos. Os óleos vegetais ficaram
ção dessa idéia estava na observação de que, na base, enquanto os laticínios e a carne
em nações ocidentais industrializadas, dietas vermelha foram para o topo. No entanto,
com alto teor de gordura pareciam estar re- nessa alimentação “saudável”, parecia que
lacionadas a uma elevada incidência de do- a ingestão de micronutrientes era subóti-
enças coronarianas. Embora muitos detalhes ma, o que determinava a recomendação do
dos efeitos dos vários ácidos graxos fossem uso de suplementos minerais.
conhecidos desde a década de 1960, a men-
sagem tinha sido simplificada para “Gordura As autoridades governamentais ainda não
faz mal”. Supôs-se que a redução geral da adotaram essas concepções (B). Suas re-
ingestão de gorduras levaria automatica- comendações continuam a considerar
mente à redução da carga de ácidos graxos que o principal problema é a alta ingestão
saturados. Por isso, dietas de baixo teor de geral de gorduras, e os carboidratos per-
gordura transformaram-se no padrão dese- manecem na base da pirâmide. Não se faz
jável. A indústria alimentícia adotou essa distinção entre alimentos com cargas gli-
idéia com satisfação, em especial nos EUA, cêmicas altas e baixas.
onde produtos com baixo teor de gordura Resta saber se as recomendações oficiais
conquistaram uma grande fatia do mercado. no campo da nutrição preventiva vão mudar
Repetidas vezes, foram publicados alertas a partir dessas descobertas mais recentes.
sobre a arbitrariedade da estratégia de cortar
as gorduras, mas esses não foram ouvidos. Para enfatizar os aspectos preventivo e
terapêutico da nutrição, destacamos com
Pouco depois, passadas umas três décadas, barras laranja os trechos relacionados com
alguns cientistas afirmaram que a alta in- a prevenção ou o tratamento nutricional.
gestão de carboidratos, ou melhor, a inges-
tão de alimentos com alto índice glicêmico
(ver p. 84), era a base de muitas doenças
degenerativas. Em 1972, o médico norte-
americano R. C. Atkins propôs uma revolu-
ção nutricional, recomendando o consumo
de mais gorduras e menos carboidratos. A
recente publicação de uma nova pirâmi-
de alimentar, elaborada por cientistas de
Harvard (A), confirma essa teoria.

Embora fosse preciso incluir cereais em


todas as refeições, todos os alimentos
com alto índice glicêmico, tais como pão
NUTRIÇÃO PREVENTIVA I 21

A. Pirâmide Alimentar de Harvard

Arroz branco, pão branco,


Carne vermelha e batata, macarrão e doces –
manteiga – uso comedido uso comedido

Ingestão moderada de álcool Laticínios ou


suplementos de cálcio

Suplementos de minerais e
vitaminas em geral Peixe, frango e ovos

Nozes, castanhas e
legumes

Legumes
Frutas
e verduras

Produtos
Óleos
de cereais
vegetais
integrais

Exercício físico e controle do peso

B. Pirâmide Alimentar do Departamento de


Agricultura dos EUA
Com açúcar Gordura

Gorduras, óleos e doces –


uso comedido

Leite, iogurte Carne, peixe, frango,


e queijo ovos, nozes, castanhas e
sementes secas

Legumes e
verduras Frutas

Produtos
de cereais,
macarrão
22 INTRODUÇÃO

Nutrição Preventiva: a quantidade de ácidos graxos saturados


A Dieta do Mediterrâneo consumida aumenta à medida que a saúde
melhora, o que resulta na diminuição das
A nutrição recomendada oficialmente propriedades preventivas da dieta. Em prin-
deve ser considerada como preventiva, cípio, a alimentação do Mediterrâneo pode
apesar, por exemplo, de discussões recen- ser transferida quase completamente para
tes sobre as vitaminas antioxidantes. Os as nações industrializadas do Ocidente,
dados nutricionais derivados de pesquisas pois há grande variedade de alimentos
científicas fornecem fundamentos impor- disponíveis. A maior ingestão de ácidos
tantes para o planejamento da alimentação graxos n-3 e monoinsaturados (azeite de
institucional (em hospitais, clínicas, etc.), oliva) pode ser alcançada, em parte, pelo
mas são muito abstratos para o consumi- consumo de óleo de colza (canola), que
dor típico, que necessita de indicações fa- contém ambos os componentes.
cilitadas. Traduzidas para a vida prática e
comparadas com as ingestões registradas O programa nacional “5 vezes ao dia
no dia-a-dia, as recomendações da nutri- por uma saúde melhor” é uma iniciativa
ção preventiva podem ser resumidas em: do National Cancer Institute (Instituto
aumentar o consumo de cereais integrais, Nacional do Câncer) dos EUA de conven-
frutas, legumes e verduras; usar mais pro- cer as pessoas a adotar uma alimentação
dutos de origem vegetal do que animal; e mais saudável. O princípio é simples:
reduzir a ingestão de alimentos fritos e re- comer frutas, legumes ou verduras cin-
finados, em especial os açúcares simples. co vezes ao dia. Quando se recomenda
A popularidade de dietas estrangeiras “acrescentar” esses alimentos, evita-se o
ensina que conselhos alimentares são conselho da restrição, que costuma causar
melhor aceitos quando acompanhados desprezo ou rejeição na maioria das pesso-
da imagem de um “estilo de vida”, como as. Além disso, o lema pode ser memoriza-
a fornecida, por exemplo, pela Dieta do do com facilidade, e, uma vez que frutas,
Mediterrâneo (A). legumes e verduras são ricos em água, a
saciedade resultante leva automaticamen-
Os padrões de consumo alimentar da região te a menores ingestões de outros tipos de
do Mediterrâneo, com alta porcentagem e alimentos. Como alternativa (no máximo,
variedade de legumes e verduras, cereais, duas vezes ao dia), pode-se optar pelo con-
óleos vegetais (azeite de oliva, em particu- sumo de sucos, em lugar desses vegetais.
lar), peixe e pequenas porções de gorduras Em um futuro próximo, saberemos se essa
e carne animal, coincidem amplamente com campanha vai provocar a redução prevista
a concepção atual de uma dieta preventiva. na incidência de doenças relacionadas à
Ainda na década de 1950, o “Estudo de alimentação.
Sete Países” revelou que, comparados com
o Norte da Europa e os EUA, os países do
Mediterrâneo apresentavam índices muito
baixos de doenças cardíacas.

As pessoas cujos dados foram coletados


nos anos 1950 e 1960 continuam sendo
acompanhadas no contexto desse estudo.
Mostrou-se também que, nessa região,
NUTRIÇÃO PREVENTIVA II 23

A. Dieta do Mediterrâneo

Algumas vezes
por mês

Carne vermelha
Doces

Algumas vezes Ovos


por semana
Peixe
Frango
Quantidade
Atividade física regular moderada de vinho

Queijo e iogurte
Azeite de oliva
Diariamente YOGHURT
Frutas, nozes, castanhas,
legumes e verduras
Pão, macarrão

Arroz, milho,
painço
Cereais
Batata
24 INTRODUÇÃO

Os Índices RDA e DRI acima da EAR. Pressupõe-se que os valores


recomendados correspondem a ingestões
As primeiras recomendações oficiais so- adequadas para o desenvolvimento normal
bre nutrição datam de meados do século e a manutenção da saúde de 97,5% da po-
XIX, quando, no distrito de Lancashire, pulação. Levando-se em conta que para a
na Inglaterra, a ingestão de nutrientes foi maioria das pessoas a ingestão de 77% do
determinada oficialmente por causa da es- RDA já é adequada, trabalha-se com uma
cassez de produtos. Naquela época, no en- margem de segurança. Níveis inferiores ao
tanto, o objetivo resumia-se em garantir o RDA indicam o risco de comprometimen-
consumo mínimo adequado à população e
to da integridade metabólica. Ao contrário,
ao exército. Em 1941, nos EUA, o National
níveis superiores estão associados ao risco
Research Council, pela primeira vez, defi-
quase zero de deficiência.
niu padrões para promover a “saúde perfei-
Para a maioria dos nutrientes, há uma am-
ta” da população. Os Limites Alimentares
pla margem de segurança nas ingestões
Recomendados (RDA – Recommended
superiores ao RDA (B). Com exceção do
Dietary Allowances) eram atualizados a
cada cinco anos. selênio, efeitos adversos são observados
A determinação dos valores de cada nu- apenas em quantidades várias vezes supe-
triente baseia-se na análise de uma amos- riores às recomendadas. O limite máximo, a
tra representativa da população sem partir do qual pode-se registrar toxicidade, é
sintomas de deficiências. O RDA deriva expresso em Níveis de Ingestão Máximos
da Necessidade Média Estimada. Quando Toleráveis (UL – Tolerable Upper Intake
não há dados científicos suficientes disponí- Levels). Os sintomas de toxicidade podem
veis, a Ingestão Adequada (AI – Adequate ser leves ou mais graves (p. ex., B6), de-
Intake) é calculada por estimativa. Nesse pendendo do nutriente. Embora a ingestão
caso, não se determina nenhum RDA e, con- excessiva de determinados nutrientes ener-
seqüentemente, nenhum valor de Ingestões géticos cause sintomas degenerativos espe-
Alimentares de Referência (DRI – Dietary cíficos, não se estabeleceu nenhum UL para
Reference Intakes). eles, pois a relação entre a ingestão e o grau
O RDA de Energia (para nutrientes ener- de enfermidade é linear, e não foi possível
géticos) é definido pela ingestão média definir um limite.
dos grupos de referência. Mas a quantida- A dificuldade em determinar o RDA está no
de necessária de energia varia de acordo fato de que, inevitavelmente, esses valores
com o nível de atividade do indivíduo. Ao são estimados a partir de amostras significa-
contrário do que ocorre com muitos nu- tivas da população e representam ingestões
trientes não energéticos, a ingestão calórica adequadas, mas não necessariamente óti-
excessiva não pode ser excretada e resulta mas. Cada vez mais, busca-se levar em con-
em ganho de peso. Por isso, desde 2002 as sideração a prevenção de doenças crônicas
recomendações de consumo de nutrientes e não apenas o nível de deficiência. Nesse
energéticos são expressas de modo mais contexto, as amostras representativas nem
amplo, no chamado Quadro Aceitável de sempre atendem a necessidades individuais,
Distribuição de Macronutrientes. Os va- de acordo com a idade, o estado nutricional,
lores indicados nesse quadro referem-se à a variabilidade genética, o uso e o abuso de
quantidade do macronutriente energético medicamentos, etc. Portanto, o RDA não
associado à redução de doenças crônicas e serve para determinar se o indivíduo precisa
ao fornecimento de níveis adequados dos de suplementos de nutrientes.
nutrientes essenciais. Hoje, no mundo inteiro, órgãos estatais e
O RDA de Nutrientes (Nutrient RDA) (A) privados divulgam uma série de recomen-
é definido com dois desvios padrão (DP) dações nutricionais diferentes (C).
OS ÍNDICES RDA E DRI 25

A. RDA de Nutrientes

RDA de
População (%)

nutrientes

–2SD –1SD x 1SD 2SD EAR = Necessidade Média Estimada

54 65,5 77 88,5 100 % do RDA

1,0 0,93 0,69 0,31 0,07 0 Probabilidade de ingestão < quantidade necessária

B. DRI
EAR RDA UL NOAEL LOAEL
1,0 1,0

UF2

AI
UF1
Risco de inadequação

0,5 0,5

Risco de excesso
Área de segurança
específica de nutrientes

0 0
Nível crescente de ingestão
AI = Ingestão adequada NOAEL = Nível de efeito adverso não-observado UL = Níveis de ingestão
UF = Fator de incerteza LOAEL = Mais baixo nível de efeito adverso observado máximos toleráveis

C. Recomendações Nutricionais
RDA Limites Alimentares Recomendados (Recommended Dietary Allowances) EUA (1943)
RDA Quantidades Diárias Recomendadas (Recommended Daily Amounts) Reino Unido (1979)
RNI Ingestões de Nutrientes Recomendadas (Recommended Nutrient Intakes) Canadá (1983)
RDI Ingestões Diárias Recomendadas (Recommended Daily Intakes) Austrália (1986)
EAR Necessidade Média Estimada (Estimated Average Requirement) Reino Unido (1991)
EUA (1994)
RNI Ingestão de Nutrientes de Referência (Reference Nutrient Intake) Reino Unido (1991)
Pirâmide Guia Alimentar (Food Guide Pyramid) EUA (1992)
HEI Índice Alimentar Saudável da USDA (USDA Healthy Eating Index) EUA (1994)
UL Níveis de Ingestão Máximos Toleráveis (Tolerable Upper Intake Levels) EUA (1994)
DRI Ingestões Alimentares de Referência (Dietary Reference Intakes) EUA e Canadá (1997)
AI Ingestão Adequada (Adequate Intake) EUA (1997)
AHEI Índice Alimentar Saudável Alternativo da Escola de Saúde Pública de Harvard
(Alternative Healthy Eating Index) EUA (2002)
AMDR Quadro Aceitável de Distribuição de Macronutrientes (Acceptable EUA (2002)
Macronutrient Distribution Range)
EER Necessidade Energética Estimada (Estimated Energy Requirement) EUA (2002)
26 INTRODUÇÃO

Avaliação do Estado Atual mana depois, conta-se o que sobrou e cal-


cula-se o consumo total. Esse método, no
Essencialmente, há dois tipos de avaliação entanto, não é adequado para a avaliação
nutricional (A): da ingestão individual, pois não permi-
1. Avaliação do estado nutricional (efei- te diferenciar o consumo de cada um. O
tos de ingestões nutricionais passadas método de contagem é usado em alguns
sobre o organismo); países para avaliar o consumo familiar de
2. Avaliação da ingestão alimentar (in- alimentos com propósitos estatísticos. As
gestões nutricionais atuais). famílias escolhidas mantêm o registro de
Com freqüência, avalia-se o estado nutri- todos os itens alimentares adquiridos.
cional pela análise bioquímica, que lida Entre os métodos retrospectivos, a deter-
com nutrientes específicos, para os quais minação da freqüência da ingestão de
há indicadores mensuráveis. As conclu- alimentos é o mais simples. Pergunta-
sões sobre a disponibilidade nutricional se ao indivíduo com que freqüência ele
de ferro, por exemplo, podem ser tiradas consome determinado tipo de comida. O
a partir da quantidade de hemoglobina histórico alimentar é mais informativo,
encontrada no sangue. A antropometria, pois outros fatores, como os comporta-
ou seja, a medição do corpo (ver p. 32), mentos relacionados à nutrição, também
fornece uma medida mais geral. Além da são levados em conta. O inquérito das
determinação do peso e da altura, a ava- últimas 24 horas requer boa memória dos
liação da camada de gordura também é participantes, uma vez que todos os ali-
importante. Mas as medidas antropomé- mentos consumidos nesse período devem
tricas refletem os resultados de muitos ser mencionados com as suas respectivas
fatores diferentes acumulados e, por isso, quantidades.
não servem para avaliar a situação de cada Obviamente, todos esses métodos apre-
nutriente. Além disso, os sintomas clínicos sentam margem de erro. Em um estudo
provocados por deficiências nutricionais com participação de 140 pessoas (B), a re-
costumam aparecer muito tarde. No caso memoração das últimas 24 horas foi com-
da deficiência de ferro, por exemplo, sin- parada com o “real” consumo alimentar
tomas como palidez e redução dos níveis observado. Verificou-se, com regularida-
de desempenho às vezes só se evidenciam de, omissões e erros na listagem dos ali-
após um longo período de ingestão insu- mentos. Legumes cozidos foram omitidos
ficiente. Todos esses problemas poderiam em mais de 50% dos registros de memória,
ser prevenidos com a devida intervenção enquanto o açúcar foi citado erroneamente
ainda no estágio inicial. em cerca de 30% do total.

A avaliação direta da ingestão alimen-


tar pode ser prospectiva ou retrospectiva.
Enquanto o método de pesagem pressu-
põe a determinação do peso de todos os
alimentos consumidos, o de protocolo
usa quantidades estimadas. Já o método
de estoque avalia o consumo da casa in-
teira, registrando os produtos alimentares
utilizados, as sobras e o lixo. Por exemplo,
coloca-se à disposição de uma família uma
grande quantidade de alimentos, e uma se-
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL 27

A. Métodos de Avaliação Nutricional

Freqüência de
ingestão dos
Métodos de
alimentos
pesagem,
Registro de Histórico
estoque,
memória alimentar Avaliação
Análises protocolo e
(inquéritos) Registro de (p. ex., por
bioquímica contagem
memória das estatísticas da
Antropometria, últimas 24 horas atividade agrícola)
diagnóstico
clínico Métodos
Prospectivos Retrospectivos
combinados

Avaliação
Avaliação direta
indireta

Determinação do
Avaliação do consumo/ingestão de alimentos
estado nutricional

Métodos de avaliação nutricional

B. Alimentos Listados pelo Indivíduo na Avaliação da Ingestão


Peixe Omitidos
Batata Listados erroneamente
Pão
Café
Bife
Leite
Carnes processadas
Margarina
÷
Açúcar
Manteiga
Queijo
Suco
Verduras e legumes crus
Sobremesas
Frutas
Bolo
Ovos
Verduras e legumes
cozidos ou refogados

Freqüência em % 30 20 10 0 10 20 30 40 50

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