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Manual do Curso «Público com Necessidades Educativas Especiais

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Manual do Curso
«Público com
Necessidades
Educativas
Especiais»

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Versão 1.0 - 2017
Manual do Curso «Público com Necessidades Educativas Especiais
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Manual do Curso «Público com Necessidades Educativas Especiais
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ÍNDICE
OBJETIVOS Gerais....................................................................................................................................
Page | 2 OBJETIVOS Especificos............................................................................................................................
• Modulo 1 – Deficiências, Incapacidades e Necessidades Educativas Especiais.....................................
Conceitos: Deficiência e Incapacidade……………………………………………………………..
O que são Necessidades Educativas Especiais - NEE's?..................................................................
Novo enquadramento legas das Necessidades Educativas Especiais (Decreto-Lei nº 3/2008) e as
suas implicações …………………………………………………………………………………………
Mitos da Deficiência ……………………………………………………………………………….

• Modulo 2 - Distinção dos vários tipos de Necessidades Educativas Especiais ………………………


Percurso histórico das diferentes perspectivas da Educação Especial …………………………….
Deficiência mental …………………………………………………………………………………
Deficiência intelectual e com dificuldades de expressão oral………………………………………
Paralisia cerebral …………………………………………………………………………………...
Deficiência auditiva ………………………………………………………………………………...
Deficiência visual …………………………………………………………………………………..
Deficiência física / motora………………..…………………………………………………………
Perturbações na expressão oral ……………………………………………………………………..
Autismo
……………………………………………………………………………………………..
Síndrome de
Asperger……………………………………………………………………………….
Síndrome de Tourette ……………………………………………………………………………….
Síndrome de Down …………………………………………………………………………………
Síndrome de Angelman …………………………………………………………………………….
Hiperactividade……………………………………………………………………………………..
Sobredotação ……………………………………………………………………………………….

• Modulo 3 - Atendimento ao público com necessidades especiais…………….………………….........


Atendimento ao público com necessidades especificas ……………………………………………
Público com mobilidade condicionada - deficiência física/motora ………………………………..
Público com deficiência visual ……………………………………………………………………
Público surdo ………………………………………………………………………………………
Público surdocegueira……………………………………………………………………………….
Público com deficiência intelectual e com dificuldade na expressão oral …………………………
Público com multideficiência ……………………………………………………………………..
Público Autista ……………………………………………………………………………………..
Público com Síndrome de Asperger, Tourette e Angelman ……………………………………….

• Modulo 4 - Inclusão das pessoas com deficiência na Sociedade …………………………………......


A sociedade «Inclusa» ……………………………………………………………………………..
Da escola para a Vida Ativa: a integração das pessoas com deficiência no indo laboral ………....
O contato e interação com pessoas com necessidades especiais: público, visitantes, clientes,
colegas …………………………………………………………………………………………………...
Barreiras ao atendimento e as relações profissionais e pessoais com pessoas com necessidades
especiais ………………………………………………………………………………………………….

Bibliografia..................................................................................................................................................

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Objetivos Gerais

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No final da formação, os formandos deverão:

• Definição e operacionalização do conceito de Necessidades Educativas


Especiais;

• História da Educação Especial;

• Caraterização dos vários tipos de Necessidades Educativas Especiais;

• Inclusão das pessoas com deficiência na comunidade escolar e laboral.

Objetivos Específicos

No final da formação, os formandos deverão:

• Promover um atendimento mais inclusivo e eficaz;

• Definir e operacionalizar o conceito de Necessidades Educativas


Especiais;

• Reconhecer as principais etapas históricas da Educação Especial;

• Caracterizar os vários tipos de NEE’s;

• Problematizar a inclusão das pessoas com deficiência na comunidade e


no mundo laboral.

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MODULO 1
DEFICIÊNCIAS, INCAPACIDADES E NECESSIDADES
EDUCATIVAS ESPECIAIS

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Conceitos
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Qual o significado da palavra “deficiência”?

Segundo a Organização Mundial de Saúde, deficiência é o substantivo


atribuído a toda a perda ou anormalidade de uma estrutura ou função
psicológica, fisiológica ou anatómica. Refere-se, portanto, à biologia do ser
humano.

Quem pode ser considerado deficiente?

A expressão “pessoa com deficiência” pode ser atribuída a pessoas


portadoras de qualquer tipo (s) de deficiência. Porém, em termos legais, esta
mesma expressão é aplicada de um modo mais restrito e refere-se a pessoas
que encontram-se sob o amparo de determinada legislação.
É designado “deficiente” todo aquele que tem um ou mais problemas de
funcionamento ou falta de parte anatómica, embargando com isto dificuldades a
vários níveis: de locomoção, percepção, pensamento ou relação social.
Até bem recentemente, o termo “deficiente” era vulgarmente aplicado a
pessoas portadoras de deficiência (s). Porém, esta expressão embarga consigo
uma forte carga negativa depreciativa da pessoa, pelo que foi, ao longo dos
anos, cada vez mais rejeitada pelos especialistas da área e, em especial, pelos
próprios portadores.
Atualmente, a palavra é considerada como inadequada e estimuladora do
preconceito a respeito do valor integral da pessoa. Deste modo, a substitui-la
surge a expressão: “pessoa especial”.

Quais os vários tipos de deficiência?

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A pessoa especial pode ser portadora de deficiência única ou de deficiência


múltipla (associação de uma ou mais deficiências). As várias deficiências podem
agrupar-se em quatro conjuntos distintos, sendo eles:
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•Deficiência visual
•Deficiência motora
•Deficiência mental
•Deficiência auditiva

É difícil pensarmos que pessoas são excluídas do meio social em razão das
características físicas que possuem, como cor da pele, cor dos olhos, altura,
peso e formação física. Já nascemos com essas características e não podemos,
de certa forma, ser culpados por tê-las.

O que são Necessidades Educativas Especiais – NEE´s?

Muito usada, a sigla NEE, que significa Necessidades Educativas Especiais,


aponta para um conjunto de especificidades das crianças, permitindo enquadrá-
las em objetivos de aprendizagem e em métodos de ensino especializados.
Explicamos em que consiste o termo NEE.

O conceito de “Necessidades Educativas Especiais” tem, em Portugal,


contornos fluidos e não é percepcionado da mesma forma pelo conjunto dos
agentes educativos envolvidos. Os próprios alunos, destinatários das ações
educativas, os seus pais e docentes, os docentes especializados, e ainda os
médicos e outros profissionais da saúde dividem-se quanto à categorização das
NEE.

O conceito de NEE abrange crianças e adolescentes que têm dificuldade em


acompanhar o currículo dito normal, sendo necessário, na maioria dos casos,
proceder-se a adequações/adaptações curriculares e a recorrer, inúmeras

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vezes, a serviços e apoios especializados tendo sempre presente as


capacidades e necessidades dessas mesmas crianças e adolescentes.
O QUE SÃO ALUNOS COM NEE?
Page | 7 Os alunos com necessidades educativas especiais são aqueles que, por
apresentarem determinadas caraterísticas específicas, podem necessitar de
serviços de educação especiais durante todo ou parte do seu percurso escolar,
facilitando o seu desenvolvimento académico e pessoal.

As necessidades educativas especiais podem ser Permanentes ou


Temporárias:
 Permanentes

Exigem adaptações generalizadas do currículo. Este deverá ser adaptado às


características do aluno. As adaptações mantêm-se durante grande parte ou
todo o percurso escolar do aluno.
 Temporárias

Exigem modificações parciais do currículo escolar, adaptando-o às


características do aluno num determinado momento do seu desenvolvimento.

CATEGORIAS DE PROBLEMAS ENQUADRÁVEIS NO CONCEITO DE NEE


Consideram-se enquadráveis na designação NEE as crianças que
apresentem as seguintes condições:
 Autismo
 Surdez-cegueira
 Deficiência auditiva (impedimento auditivo)
 Deficiência visual (impedimento visual)
 Deficiência mental (problemas intelectuais)
 Problemas motores graves
 Perturbações emocionais e do comportamento graves
 Dificuldades de aprendizagem específicas
 Problemas de comunicação

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 Traumatismo craniano
 Multideficiência
 Problemas de saúde
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O QUE SÃO SERVIÇOS DE EDUCAÇÃO ESPECIAL?

Por serviços de educação especial entende-se: O conjunto de recursos que


prestam serviços de apoio especializados, do foro académico, terapêutico,
psicológico, social e clínico, destinados a responder às necessidades
especiais do aluno com base nas suas caraterísticas e com o fim de maximizar
o seu potencial.

Tais serviços devem efetuar-se, sempre que possível, na classe regular e


devem ter por fim a prevenção, redução ou supressão da problemática do aluno,
seja ela do foro mental, físico ou emocional e/ou a modificação dos ambientes
de aprendizagem para que ele possa receber uma educação apropriada às suas
capacidades e necessidades.

Importa referir que a avaliação das Necessidades Educativas Especiais das


crianças e jovens é um processo muito complexo que envolve diferentes
dimensões, não se devendo centrar apenas nos problemas dos alunos, mas
também em todos os factores que lhe são extrínsecos e que podem constituir a
principal causa das suas dificuldades.

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Decreto-Lei nº 3/2008, 7 de janeiro

Page | 9 • Define os apoios especializados a prestar na educação pré-escolar e nos


ensinos básico e secundário dos sectores público, particular e
cooperativo;

• Aplica-se às crianças/alunos com limitações significativas ao nível da


actividade e da participação num ou vários domínios de vida, decorrentes
de alterações funcionais e estruturais, de carácter permanente, resultando
em dificuldades continuadas ao nível da comunicação, da aprendizagem,
da mobilidade, da autonomia, do relacionamento interpessoal e da
participação social;

• À criança/aluno abrangida pelo ensino especial dever-se-ão proporcionar


uma vida autónoma, a participação social e o acesso ao currículo;

• Tendo em conta os princípios da inclusão, terão de ser efectuadas


adequações no processo de ensino e aprendizagem, consubstanciadas
no Programa Educativo Individual, às necessidades de cada
criança/aluno, devendo-se, sempre, partir dum menor para um maior
afastamento do currículo comum.

O artigo 16.º, 2, estabelece as seguintes medidas educativas:

 Apoio pedagógico personalizado;


 Adequações curriculares individuais;
 Adequações no processo de matrícula;
 Adequações no processo de avaliação;
 Currículo específico individual;
 Tecnologias de apoio.

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Modulo 2
Distinção dos vários tipos de Necessidades
Educativas Especiais

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Percurso Histórico das diferentes perspectivas com


Page | 11 necessidades especiais

A era da negligência - até o século XVII

Na era pré-cristã, época em que não havia nenhum tipo de atendimento, as


pessoas com deficiência eram abandonadas, perseguidas e eliminadas devido
às suas condições que diferiam das ditas “normais”, e a sociedade legitimava
essas ações como sendo algo natural. Na era cristã, segundo Ribeiro (2003, p.
42), passou a haver uma tolerância a essas pessoas e uma aceitação por
caridade. Passou-se a considerar que o deficiente possuía alma e para os
cristãos matar o deficiente se transformou em pecado. Nesta época alguns
deficientes eram vendidos aos nobres para divertir suas festas ou então eram
conservados em instituições religiosas ou mendigando, sempre dependendo da
caridade alheia. O tratamento variava segundo as concepções de
assistencialismo ou castigo predominantes na comunidade em que o deficiente
estava inserido. Com a propagação do cristianismo houve uma tendência de
melhora no tratamento dessas pessoas com necessidades especiais, pois a
sociedade passou a protegê-las e compadecer-se delas.

A era da institucionalização - século XVIII E XIX

Numa outra fase da história, no século XVIII, com as influências dos ideais
da Revolução Francesa (14 de julho de 1789), que alteraram o quadro político e
social da França, novas relações foram formadas na sociedade semeando
novas ideologias na Europa. Terminaram os privilégios da nobreza e do clero,
um primeiro passo no sentido do igualitarismo, transferindo-se o poder para
aqueles que dominavam a produção e o comércio de bens, o povo ganhou

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respeito e direitos sociais e a força de trabalho passou a ser um fator de


produção.

Neste século reinava a pedagogia da essência que passa a ser superada


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para uma “pedagogia da existência”.

Segundo Aranha (1989, p. 108),

Na pedagogia da essência os valores, dogmas tradicionais e eternos e, sua


educação visa educar para a realização de sua essência verdadeira. Já a
pedagogia da existência se acha voltada para a problemática do indivíduo único,
diferenciado, vivendo e interagindo com um mundo dinâmico.

A pedagogia da essência é baseada numa concepção ideal de homem,


racionalista em Platão, cristã em Tomás de Aquino; parte de uma essência
imutável de homem - onde todos deveriam ser tratados de forma homogénea -
mais uma vez as pessoas que apresentavam algum tipo de deficiência foram
consideradas um peso para a sociedade e eram segregadas e protegidas em
instituições residenciais, surgindo assim os primórdios de uma forma de
atendimento caracterizado como assistencialista (hospitais, abrigos e prisões),
na qual organizações cristãs prestavam ajuda aos doentes de toda espécie.
Mesmo assim, ainda pouco interesse se tinha por essas pessoas que
continuavam sendo marginalizadas pela sociedade.

Com relação à natureza da deficiência, começaram a surgir novas ideias, a


pessoa deficiente que antes era considerada possuída pelo demónio ou
castigada pelos pecados, passou a ser pesquisada e entendida sob a luz do
discurso clínico e as explicações passam a ter caráter médico organicista. Os
cientistas passam a perceber que os fatores de uma deficiência eram causas
naturais e que eram liberadas pelo nosso organismo. Portanto, ao se comparar o
corpo a uma máquina, percebeu-se que a deficiência estava relacionada a uma
disfuncionalidade.

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Com o advento da idade moderna, houve maior valorização do ser humano pelo
predomínio de filosofias humanistas. Iniciaram-se investigações sobre a pessoa
excepcional do ponto de vista da Medicina. Cresceram os estudos e
Page | 13 experiências sobre a problemática das deficiências atreladas à hereditariedade,
aspectos orgânicos, biotipologia, etiologia, caracterização de quadros típicos,
distorções anatómicas etc. Embora relatado como um caso médico, pode-se
dizer que o trabalho de Itard (1774-1838) com o selvagem de Aveyron constituiu
um dos primeiros documentos representativos da busca de uma teoria de
avaliação e de uma didáctica para deficientes mentais (RIBEIRO, 2003, p. 42).

Os ideais da Revolução Francesa trouxeram grandes contribuições que


exerceram fortes influências sobre a educação e Educação Especial, por meio
da disseminação de princípios importantes como a igualdade, fraternidade e
liberdade, que apontavam para o reconhecimento dos direitos universais de
“todos os seres humanos”; no entanto os “anormais” e “diferentes” não faziam
parte desse “todos”, e ainda estavam expostos à segregação e à exclusão social
vivenciadas nos modelos manicomiais.
As duas etapas do processo histórico da Educação Especial abordadas -
Negligência e Institucionalização - são características do paradigma da
segregação.

A era da educação - século XX

O terceiro estágio - final do século XIX até meados do século XX - é


marcado pela redução da segregação e da exclusão, através do
desenvolvimento de escolas e/ou classes especiais em escolas públicas,
instituições especiais capazes de lhes proporcionar uma educação que
respeitasse suas limitações, visando a oferecer à pessoa deficiente uma
educação à parte e a atendê-las por meio de intervenções didático-pedagógicas
específicas.

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Em 1959, estudos para a implementação de serviços de atendimento a


excepcionais na Dinamarca, Mikkelsen (1978) coloca como objetivo de todo
Serviço de Educação Especial: “Criar condições de vida para a pessoa
Page | 14 retardada mental semelhantes, tanto quanto possível, às condições normais da
sociedade em que vive” (RIBEIRO, 2003, p. 43).

Já no trabalho no qual realizava produções em série, a mesma idealizada


por Taylor e Henry Ford “... a tarefa especializada não exigia um homem inteiro,
mas apenas uma parte...” (TOFFLER, 1980, p. 62). Então, podemos observar
que o preconceito ainda estava inserido neste contexto histórico.

A era da inclusão - década de 70 do SÉCULO XXI

No quarto estágio, no do século XX, por volta da década de 70, observa-se


um movimento de repulsa à postura de exclusão em discussões de âmbito
mundial. O atendimento dispensado às pessoas com deficiência tende a
aproximá-las cada vez mais do universo cultural das pessoas ditas “normais”.
Observa-se um movimento que aponta para uma preocupação com estas
pessoas e sua integração no meio social, tanto quanto possível; é o paradigma
da Integração. Este movimento culmina hoje com uma nova mudança nos
paradigmas educacionais, fazendo surgir, assim, o paradigma da Inclusão, que
tem como princípio norteador oferecer uma educação para todos (BUENO,
1993).

O termo inclusão foi oficializado na Conferência Mundial da Organização das


Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - UNESCO sobre
Necessidades Educacionais Especiais, em 1994. Dessa conferência mundial
resultou a Declaração de Salamanca, um documento que definiu os princípios, a
política e a prática da educação para pessoas com necessidades especiais, e
afirmou a consolidação imediata de ações educacionais capazes de reconhecer
a diversidade das crianças e atender quaisquer que fossem as suas
necessidades (BRASIL, 1998).

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De acordo com essa Declaração:

O princípio fundamental desta Linha de Ação é de que as escolas devem


acolher todas as crianças, independentemente de suas condições físicas,
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intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras (…) As escolas têm que
encontrar a maneira de educar com êxito todas as crianças, inclusive as com
deficiências graves. O desafio que enfrentam as escolas integradoras é o de
desenvolver uma pedagogia centralizada na criança, capaz de educar com
sucesso todos os meninos e meninas, inclusive os que sofrem de deficiências
graves. O mérito dessas escolas não está só na capacidade de dispensar
educação de qualidade a todas as crianças; com sua criação dá-se um passo
muito importante para tentar mudar atitudes de discriminação, criar
comunidades que acolham a todos e sociedades integradoras.

O paradigma da inclusão, para Veríssimo (2001), caracteriza-se por um


processo no qual a sociedade se adapta para poder incluir, em seus sistemas
sociais gerais, pessoas com necessidades especiais e, simultaneamente, estas
se preparam para assumir seus papéis na sociedade. Trata-se de um processo
bilateral no qual as pessoas, ainda excluídas, e a sociedade buscam equacionar
problemas, decidir sobre soluções e efetivar a equiparação de oportunidades
para todos. Observa-se, portanto, que a Educação Especial, por meio de um
movimento gradual, vem se modificando, evoluindo, ao longo dos séculos.

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Deficiência Mental

Ela manifesta-se antes dos 18 anos e caracteriza-se por registar um


funcionamento intelectual geral significativamente abaixo da média, com
limitações associadas a duas ou mais áreas de conduta adaptativa ou da
capacidade do indivíduo em responder adequadamente às demandas da
sociedade. (Associação Americana de Deficiência Mental - AAMD).

A deficiência mental pode ser de nível:

 LEVE: As pessoas com esse nível de deficiência podem desenvolver


habilidades escolares e profissionais.
 MODERADO: O indivíduo com deficiência mental moderada tem
capacidade insuficiente de desenvolvimento social.
 SEVERO: As pessoas portadoras de deficiência mental de nível severo,
apresentam pouco desenvolvimento motor e mínimo desenvolvimento de
linguagem.
 PROFUNDO: As pessoas com a deficiência nesse nível tem um atraso
intenso e a capacidade sensorial motora mínima

Deficiência Física/Motora

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Deficiência física/motora - tipos e definições de deficiência física, refere-se


a alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano,
acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma
Page | 17 de paraplegia, paraparésia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia,
triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência de
membro, paralisia cerebral, membros com deformidade congénita ou adquirida,
exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o
desempenho de funções.

Deficiência Visual

Deficiência visual é a deficiência que por motivo de perda ou anomalia


congénita ou adquirida, parcial ou total, de estrutura ou função da visão, pode
ocasionar restrições da capacidade de interpretação sobre as condições de
segurança, de orientação e de mobilidade.

Segundo critérios estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS)


os diferentes graus de deficiência visual podem ser classificados em:

- Baixa visão (leve, moderada ou profunda):


Compensada com o uso de lentes de aumento, lupas, telescópios, com o auxílio
de bengalas e de treinamentos de orientação.

- Próximo à cegueira:
Quando a pessoa ainda é capaz de distinguir luz e sombra, mas já emprega o
sistema braile para ler e escrever, utiliza recursos de voz para acessar
programas de computador, locomove-se com a bengala e precisa de
treinamentos de orientação e de mobilidade.

- Cegueira:
Quando não existe qualquer percepção de luz. O sistema braile, a bengala e os
treinamentos de orientação e de mobilidade, nesse caso, são fundamentais.

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O diagnóstico de deficiência visual pode ser feito muito cedo, excepto nos casos
de doenças degenerativas como a catarata e o glaucoma, que evoluem com o
passar dos anos.
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Deficiência Auditiva

Deficiência auditiva (também conhecida como hipoacusia ou surdez) é a


incapacidade parcial ou total de audição. Pode ser de nascença ou causada
posteriormente por doenças.

No passado, costumava-se achar que a surdez era acompanhada por algum


tipo de déficit de inteligência. Entretanto, com a inclusão dos surdos no processo
educativo, compreendeu-se que eles, em sua maioria, não tinham a
possibilidade de desenvolver a inteligência em virtude dos poucos estímulos que
recebiam e que isto era devido à dificuldade de comunicação entre surdos e
ouvintes. Porém, o desenvolvimento das diversas línguas de sinais e o trabalho
de ensino das línguas orais permitiram aos surdos os meios de desenvolvimento
de sua inteligência.

Perda parcial ou total das possibilidades auditivas sonoras, variando de


graus e níveis na forma seguinte:
 De 41 a 55 db - surdez moderada;
 De 56 a 70 db - surdez acentuada;
 De 71 a 90 db - surdez severa;
 Acima de 91 db - surdez profunda;
 Anacusia – surdez total

Deficiência intelectual e com dificuldade na expressão oral

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Deficiência intelectual é a deficiência que por motivo de perda ou anomalia


congénita, parcial ou total de raciocínio lógico ou intuitivo, pode gerar confusão
de ideias, falhas de decisão, de interpretação das condições de segurança, de
Page | 19 orientação e de mobilidade no meio edificado.

Dificuldade na expressão oral são transtornos da linguagem e alterações


que têm maior incidência na área expressiva, caracterizados por déficits na
compreensão ou produção, não ocorrem por estimulação linguística pobre,
perda auditiva, atraso mental, déficit motor ou doença

Funcionamento intelectual significativamente inferior á média, com


manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais
áreas de habilidades adaptativas, tais como:
 Comunicação;
 Cuidado pessoal;
 Habilidades sociais;
 Utilização da comunidade;
 Saúde e segurança;
 Habilidades académicas;
 Lazer;
 Trabalho.

Autismo

A partir do último Manual de Saúde Mental – DSM-5, que é um guia de


classificação diagnóstica, o Autismo e todos os distúrbios, incluindo o transtorno
autista, transtorno desintegrativo da infância, transtorno generalizado do
desenvolvimento não-especificado (PDD-NOS) e Síndrome de Asperger,
fundiram-se em um único diagnóstico chamado Transtornos do Espectro
Autista – TEA.

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O TEA é uma condição geral para um grupo de desordens complexas do


desenvolvimento do cérebro, antes, durante ou logo após o nascimento. Esses
Page | 20 distúrbios se caracterizam pela dificuldade na comunicação social e
comportamentos repetitivos. Embora todas as pessoas com TEA partilhem
essas dificuldades, o seu estado irá afetá-las com intensidades diferentes.
Assim, essas diferenças podem existir desde o nascimento e serem óbvias para
todos; ou podem ser mais subtis e tornarem-se mais visíveis ao longo do
desenvolvimento.

TEA pode ser associado com deficiência intelectual, dificuldades de


coordenação motora e de atenção e, às vezes, as pessoas com autismo têm
problemas de saúde física, tais como sono e distúrbios gastrointestinais e podem
apresentar outras condições como síndrome de deficit de atenção e
hiperactividade, dislexia ou dispraxia. Na adolescência podem desenvolver
ansiedade e depressão.

Algumas pessoas com TEA podem ter dificuldades de aprendizagem em


diversos estágios da vida, desde estudar na escola, até aprender atividades da
vida diária, como, por exemplo, tomar banho ou preparar a própria refeição.
Algumas poderão levar uma vida relativamente “normal”, enquanto outras
poderão precisar de apoio especializado ao longo de toda a vida.

As pessoas com autismo podem ter alguma forma de sensibilidade


sensorial. Isto pode ocorrer em um ou em mais dos cinco sentidos – visão,
audição, olfato, tato e paladar – que podem ser mais ou menos intensificados.
Por exemplo, uma pessoa com autismo pode achar determinados sons de
fundo, que outras pessoas ignorariam, insuportavelmente barulhentos. Isto pode
causar ansiedade ou mesmo dor física.

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Alguns indivíduos que são sensíveis podem não sentir dor ou temperaturas
extremas. Algumas podem balançar rodar ou agitar as mãos para criar
sensação, ou para ajudar com o balanço e postura ou para lidar com o stress ou
Page | 21 ainda, para demonstrar alegria.

As pessoas com sensibilidade sensorial podem ter mais dificuldade no


conhecimento adequado de seu próprio corpo. Consciência corporal é a forma
como o corpo se comunica consigo mesmo ou com o meio. Um bom
desenvolvimento do esquema corporal pressupõe uma boa evolução da
motricidade, das percepções espaciais e temporais, e da afetividade.

As pessoas com Transtornos do Espectro Autista podem se destacar


em habilidades visuais, música, arte e matemática.
 A maioria das pessoas com autismo é boa em aprender visualmente;
 Algumas pessoas com autismo são muito atentas aos detalhes e à
exatidão;
 Geralmente possuem capacidade de memória muito acima da média;
 É provável que as informações, rotinas ou processos uma vez
aprendidos, sejam retidos;
 Algumas pessoas conseguem concentrar-se na sua área de interesse
específico durante muito tempo e podem optar por estudar ou trabalhar
em áreas afins;
 A paixão pela rotina pode ser fator favorável na execução de um trabalho;
 Indivíduos com autismo são funcionários leais e de confiança.

Síndrome de Asperger

A Síndrome de Asperger é um transtorno neurobiológico enquadrado dentro


da categoria de transtornos globais do desenvolvimento. Ela foi considerada, por

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muitos anos, uma condição distinta, porém próxima e bastante relacionada


ao autismo.

Page | 22 A Síndrome de Asperger, assim como o autismo, foi incorporada a um novo


termo médico e englobado, chamado de Transtorno do Espectro do Autismo
(TEA). Com essa nova definição, a síndrome passa a ser considerada, portanto,
uma forma mais branda de autismo. Dessa forma, os pacientes são
diagnosticados apenas em graus de comprometimento, dessa forma o
diagnóstico fica mais completo.

A causa exata da Síndrome de Asperger, assim como do Transtorno do


Espectro do Autismo, ainda não é conhecida. Os cientistas, por outro lado,
acreditam que uma anormalidade no cérebro das crianças portadoras seja a
causa mais provável.

Outras doenças, como depressão e transtorno bipolar, também podem


estar relacionados à Síndrome de Asperger e ao Transtorno do Espectro Autista.

Ao contrário do que algumas pessoas costumam pensar, a Síndrome de


Asperger não é causada pela privação emocional ou por uma forma específica
que os pais educam seus filhos.

Os sintomas da Síndrome de Asperger podem variar de pessoa para pessoa, e


variam também de intensidade e gravidade. Os sinais mais comuns incluem:

1 Problemas com habilidades sociais


Crianças com Síndrome de Asperger geralmente têm dificuldade para interagir
com outras pessoas e muitas vezes comportam-se de forma estranha em
situações sociais. Portadores desse distúrbio geralmente não fazem amigos
facilmente, pois têm dificuldade para iniciar e manter uma conversa.

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2 Comportamentos excêntricos ou repetitivos


Crianças com essa condição podem desenvolver um tipo de comportamento
anormal, que envolve movimentos repetitivos e estranhos, como torcer mão ou
Page | 23 os dedos.

3 Práticas e rituais incomuns


Uma criança com Síndrome de Asperger pode desenvolver rituais que ele ou ela
se recuse terminantemente a alterar, como se vestir obrigatoriamente em uma
ordem específica, por exemplo.

4 Dificuldades de comunicação
As pessoas com este transtorno costumam não fazer contato visual ao falar com
alguém. Elas podem ter problemas ao usar expressões faciais e ao gesticular,
bem como podem apresentar dificuldade para compreender a linguagem
corporal e a linguagem dentro de um determinado contexto e costumam ser
muito literais no uso da língua.

5 Poucos interesses
A criança com Síndrome de Asperger pode desenvolver um interesse intenso e
quase obsessivo em algumas atividades e áreas, tais como prática de desporto,
clima ou até mesmo mapas.

6 Problemas de coordenação
Os movimentos de crianças com Síndrome de Asperger pode parecer
desajeitado ou constrangedor.

7 Habilidosos ou talentosos
Muitas crianças com Síndrome de Asperger são excepcionalmente inteligentes,
talentosas e especializados em uma determinada área, como a música ou a
matemática.

Síndrome de Tourette

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Considerado um problema neurológico, a síndrome de Tourette provoca


movimentos involuntários repetidos e frequentes ou vocalizações, os famosos
Page | 24 tiques, que podem atrapalhar a realização das atividades diárias do indivíduo.

Normalmente os tiques surgem aos três anos de idade (sendo mais comum
em pessoas entre os seis e 40 anos), como espasmos musculares sem
finalidade, que depois evoluem para movimentos mais complexos, que incluem
episódios bruscos, repetir algumas palavras ou ainda gritar. A síndrome é
crónica, ou seja, costuma durar anos ou até a vida toda, mas os sintomas vão
amenizando com o passar dos anos.
A síndrome de Tourette não tem cura, porém pode ser controlada com
tratamento adequado. Alguns pacientes possuem dificuldade para controlar os
tiques e outros conseguem eliminar alguns deles com dificuldade.

Os sintomas podem ser divididos em dois tipos, são eles:


 Tiques motores: tocar o nariz, bater no peito, inclinar a cabeça, piscar os
olhos, contrair os músculos da face ou do abdómen, encolher os ombros
e fazer gestos obscenos
 Tiques vocais: gritar, limpar a garganta, soluçar, usar tons de voz
diferentes e repetir palavras

Ainda é possível que os pacientes apresentem comportamento agressivo,


hiperactividade, impulsividade, ansiedade, raiva, apreensão, gagueira e
dificuldade de aprendizado.

Síndrome de Down

A trissomia 21, a chamada síndrome de Down, é uma condição


cromossómica causada por um cromossomo extra no par 21. Crianças e jovens
portadores da síndrome têm características físicas semelhantes e estão sujeitos
a algumas doenças. Embora apresentem deficiências intelectuais e de

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aprendizado, são pessoas com personalidade única, que estabelecem boa


comunicação e também são sensíveis e interessantes. Quase sempre o “grau”
de acometimento dos sintomas é inversamente proporcional ao estímulo dado a
Page | 25 essas crianças durante a infância.

Um portador da Síndrome de Down normalmente apresenta as


seguintes características:
 Face achatada
 Fenda palpebral oblíqua
 Orelhas displásicas
 Pele abundante no pescoço
 Prega palmar transversa única
 Hiper-elasticidade articular
 Pelve displásica
 Displasia da falange média do quinto dedo.

Pessoas com Síndrome de Down tem maior risco sofrer com alguns
problemas de saúde, como:
 Problemas cardíacos congénitos
 Problemas respiratórios
 Doença do refluxo esofágico
 Otites recorrentes
 Apneia do sono
 Disfunções da tireóide, daí o fato de serem propensas ao sobrepeso.

A deficiência intelectual, com dificuldades de aprendizado, sempre está


presente em graus diferentes de criança para criança.

Síndrome de Angelman

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Síndrome de Angelman é uma doença genética e neurológica que se


caracteriza por convulsões, movimentos desconexos, atraso intelectual,
Page | 26 ausência da fala e riso excessivo. As crianças com esta síndrome apresentam

boca, língua e maxilar grandes, uma testa pequena e, geralmente, são loiros e
têm os olhos azuis.
As Crianças com esta circunstância mostram frequentemente a atraso
desenvolvente qual se torna aparente em 6-12 meses, e progresso a ser
classificado eventualmente com atraso desenvolvente severo.

Os Sintomas incluem:
 ataxia com membros trembling,
 discurso expressivo danificado
 um temperamento hiperativo tipicamente feliz,
 com uma capacidade de concentração,
 um riso
 distúrbios curtos do sono.

Soube-se uma vez como “a síndrome feliz do fantoche”. É notável que as


características da síndrome são geralmente aparentes somente depois a idade
de um ano.
Os resultados Menos universais da síndrome de Angelman incluem:
 microcefalia
 pescoço liso
 pele pálida e cabelo justo
 dentes extensamente espaçados
 saliência da língua e boca aberta
 escoliose
 constipação
 dificuldades de alimentação

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.
Hiperatividade
Page | 27

O principal do sintoma da hiperatividade é quando uma criança ou adulto


não está a conseguir ou não consegue aproveitar todo o seu potencial.
As crianças e adultos hiperativos são, na maior parte das vezes, pessoas
com inteligência acima da média, carismáticos, cheios de energia, divertidos,
“fáceis de gostar”, criativos, etc
Mas, infelizmente não conseguem gerir todas estas características para
benefício próprio e das pessoas que os rodeiam.
Normalmente a desatenção, a hiperatividade e impulsividade são os sintomas da
Hiperatividade mais observados e considerados.
Mas existem muitos outros e muitas vezes parecem não estar relacionados.

Os principais sintomas da Hiperatividade são:


 Dificuldade em terminar tarefas ou projetos
 Facilidade em distrair-se
 Dificuldade em concentrar-se
 Problemas de organização e disciplina
 Super concentração quando a informação e/ou tarefa é interessante ou
estimulante.
 Inteligência acima da média mas com resultados medíocres na escola ou
trabalho.
 Dificuldade em planear a médio e longo prazo
 Maior facilidade em aprender com ajudas visuais ou através de
movimento
 Procura constante de novidades e aventuras
 Ansiedade
 Impulsividade

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 Inquietude
 Criatividade acima da média
 Bater com a parte da frente do pé ou calcanhares no chão, cruzar e
Page | 28 descruzar as pernas constantemente
 Bater com os dedos ou outros objetos como lápis na mesa
 Dificuldade em adormecer e sono de fraca qualidade
 “Cabeça na Lua”
 Falta de tato, dizendo tudo o que vêm à cabeça sem pensar
 Mudanças de humor ou disposição repentinas
 Hiperatividade
 Tiques nervosos principalmente nas pernas à noite na cama

Sobredotação

Ser sobredotado é mais do que ter talento e do que possuir dons e portanto
por ser mais específico, exige que seja feito um diagnóstico precoce das
crianças ou jovens sobredotadas, de preferência na primeira infância quando
ainda há tempo para ajudar a potenciar todas as capacidades latentes nas
crianças ou jovens diferentes, neste caso excepcionais.
Sobredotação não é um estado homogéneo. Não se pode falar de um perfil
único de sobredotação. Como as outras crianças, apresentam diferenças
individuais entre si e só através do estudo adequado de cada criança, após um
exame das suas diferenças peculiares, é que se poderá proporcionar uma
educação adequada. Elas apresentam geralmente um conjunto de
características muito próprias.
Assenta nas características do desempenho que os sujeitos manifestam na
interacção que estabelecem com os outros, com os objectos e com os conceitos.
Há todo um conjunto de factores que interagem e que resultam na manifestação
de um desempenho saliente, de onde emerge a sobredotação.

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Conjunto básico de características:


 capacidade acima da média – os sujeitos não têm que ser génios;
Page | 29 distingue-os a facilidade com que obtêm êxito em determinadas matérias
ou a facilidade que revelam na aquisição de determinados conhecimentos
ou competências em áreas específicas.
 persistência na resolução de uma tarefa – esta é a característica
apontada como a mais incontroversa no conjunto das tentativas da
definição da sobredotação. O indivíduo apresenta uma grande
capacidade de trabalho, direccionando uma invulgar quantidade de
energia para a resolução de problemas ou de uma actividade específica.
Esta característica não se pode dissociar da motivação e
dos interesses desenvolvidos pela criança ou jovem em relação à tarefa
ou actividade específica.

Potenciais problemas associados à Sobredotação:


 Impaciência face à lentidão dos outros
 Perguntas desconcertantes, obstinação em alguns temas
 Colocação em causa dos métodos de ensino, autonomia em demasia
 Dificuldade em aceitar o ilógico
 Construção de regras e sistemas complicados, dominância face aos
outros
 Aborrecimento com a escola, intelectualismo face aos problemas
concretos
 Intolerância face aos outros, perfeccionismo

Potenciais problemas associados à Sobredotação:


 Recusa de rotinas ou de repetição do que já sabem
 Desagrado com interrupções, abstracção dos pares quando concentrados
 Inibição face à critica, necessidade de reconhecimento

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 Frustração face à inactividade, desorganização do trabalho dos pares,


busca de estimulação
 Pouco conformismo, recusa pelos pares e professores
Page | 30  Aparente desorganização, frustração por falta de tempo, elevadas
expectativas e pressão dos outros
 Falta de compreensão dos colegas, ironia a despropósito

Modulo 3
Atendimento ao público com necessidades
especial

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Manual de ......
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Atendimento ao público com necessidades especiais

Page | 0
A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência adotada na
Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova Iorque, em 13 de Dezembro de
2006 e aprovada em Portugal pela Resolução da Assembleia da República n.º
56/2009, de 30 de julho, representa um importante instrumento legal no
reconhecimento e na promoção dos direitos humanos das pessoas com
deficiência e na proibição da discriminação contra estas pessoas em todas as
áreas da vida, incluindo ainda previsões específicas no que respeita à
reabilitação e habilitação, educação, saúde, acesso à informação, serviços
públicos, etc.

O referido documento surge da necessidade de trazer para o quotidiano


princípios proclamados pelas Nações Unidas, na Declaração Universal dos
Direitos do Homem e nos Tratados Internacionais sobre Direitos Humanos que
reconhecem que todas as pessoas têm direito a todos os direitos e liberdades
neles consignados, sem distinção de qualquer natureza.

A Convenção vem reafirmar a necessidade de garantir às pessoas com


deficiências o seu pleno gozo dos seus direitos e liberdades sem que sejam alvo
de discriminação, reconhecendo a sua diversidade e alertando para o facto de
que a discriminação contra qualquer pessoa com base na deficiência é uma
violação da dignidade e valor inerente à pessoa humana.

Apesar da importância dos princípios e das orientações políticas constantes


do Programa Mundial de Ação relativo às Pessoas com Deficiência e das
Normas sobre a Igualdade de Oportunidades para Pessoas com Deficiência na
influência da promoção, formulação e avaliação das políticas, planos, programas
e ações a nível nacional, regional e internacional, as pessoas com deficiência
continuam a deparar-se com barreiras na sua participação enquanto membros
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iguais da sociedade e a violações dos seus direitos humanos em todas as partes


do mundo. Procurando dar um contributo no sentido de contrariar tais práticas
discriminatórias, pretende-se orientar e esclarecer todos quantos, no exercício
Page | 1 das suas funções, interajam com pessoas com deficiência ou com outras
necessidades especiais, de modo a facilitar e promover a sua vida em
sociedade. Particularmente, os Meios de Resolução Alternativa de Litígios
surgiram com o propósito de facultar às pessoas que carecem de resolver um
litígio uma forma simples, efetiva e eficiente de o conseguir. Assim, também com
o objetivo de promover um atendimento cada vez mais personalizado dos
utentes dos meios e reconhecendo a necessidade de tratar de forma diferente
situações diferentes, como modo de promoção de uma verdadeira igualdade, a
Direção-Geral da Política de Justiça, enuncia um conjunto de princípios
orientadores de atuação, que, se observados, pelos profissionais destes
mecanismos de justiça, poderão contribuir para melhorar o atendimento de todos
quantos apresentam necessidades especiais.

Para combater estereótipos, preconceitos e práticas nocivas em relação às


pessoas com deficiência, é indispensável que os profissionais de saúde
dispensem a este público a mesma qualidade de serviços dispensada aos
demais. É muito importante saber quais expressões e termos são adequados
para designar pessoas que possuem algum tipo de deficiência, e é fundamental
ter o cuidado com a linguagem e com a comunicação, incluindo a forma de
definir quem tem deficiência. Há muito tempo não se usa mais aleijado para
designar esse grupo da população, pois a palavra ganhou um sentido
preconceituoso. Outras formas também deixaram de serem usadas, como
pessoas especiais, pessoas com necessidades especiais e portadores de
necessidades especiais ou portadores de deficiência. Esta última ainda é
empregada, porque é a forma consagrada na legislação brasileira em vigor.
Entretanto, a definição internacionalmente aceita é a proposta pela Convenção
Sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência das Nações Unidas: pessoa com
deficiência – e derivados que especificam o tipo de limitação: pessoa com

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cegueira, pessoa com surdez, pessoa com deficiência física, pessoa com
deficiência intelectual.

Page | 2 Dicas para lidar com a pessoa com deficiência:

 A pessoa com deficiência sempre deve ser consultada sobre a melhor


maneira de ser atendida ou abordada, evitando-se, assim,
constrangimentos desnecessários;
 Ao pedir sugestões à pessoa com deficiência, perguntando quais seus
interesses e necessidades, dirija-se sempre à pessoa com deficiência, e
não ao acompanhante. Se a pessoa estiver impossibilitada de fornecer as
informações, então o acompanhante pode ser solicitado a fornecer as
informações necessárias;
 Nem sempre a pessoa com deficiência necessita de auxílio. Quando
quiser auxiliá-la, pergunte primeiramente se ela necessita de ajuda e qual
é a maneira mais adequada para ajudá-la;
 Se for solicitado, mas não puder auxiliar a pessoa com deficiência, refira a
sua impossibilidade e procure quem possa ajudar;
 Ao falar com uma pessoa com deficiência, procure ficar de frente para ela
e preferencialmente na mesma altura da pessoa, sentando-se à frente
dela se necessário;
 Muitas vezes, a pessoa com deficiência precisa de mais tempo para se
expressar, andar, ou realizar tarefas, por isso é importante respeitar esse
tempo;
 É fundamental que a pessoa com deficiência sinta-se acolhida e bem
atendida, porém é importante que não haja exageros.

Deficiência Auditiva
 Ao lidar com uma pessoa que tenha deficiência auditiva é fundamental ser
expressivo e falar com o tom normal de voz (a menos que lhe peçam para
falar mais alto);

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 Fale claramente, em velocidade normal, de frente para a pessoa.


Mantenha contato visual. É importante para ela o veja quando fala –
«olhos nos olhos»;
Page | 3  Use gestos e expressões faciais. Mudanças do tom de voz indicando
sarcasmo ou seriedade nem sempre podem ser compreendidas pelas
pessoas com deficiência auditiva;
 Caso uma pessoa surda esteja acompanhada de intérprete, fale
diretamente à pessoa, e não ao intérprete;
 Se quiser falar, chame sua atenção, sinalizando ou tocando suavemente
no seu braço;
 Se não entender o que a pessoa está querendo dizer, peça para ela
repetir. Se mesmo assim não entender, veja a possibilidade de comunicar-
se por escrito.

Deficiência física

 Evite acidentes e não se apoie na cadeira de rodas. A cadeira de rodas é


o instrumento para a pessoa locomover-se;
 Ao conversar com uma pessoa que utiliza cadeira de rodas, sente-se no
mesmo nível do olhar da pessoa com quem está conversando. É
importante saber que para uma pessoa sentada é incómodo ficar olhando
para cima por muito tempo;
 Caso seja solicitada ajuda para empurrar uma cadeira de rodas, faça-o
sempre suavemente informando ao usuário quando irá movimentá-la. E
quando for ajudar um usuário de cadeira de rodas a descer uma rampa
inclinada é preferível usar a “marcha ré”, para evitar que, por conta da
inclinação, a pessoa possa desequilibrar e cair para frente;
 Se estiver acompanhando uma pessoa com deficiência que anda
devagar, com auxílio ou não de aparelhos ou bengalas, procure
acompanhar o ritmo do passo dela e tome cuidado para não tropeçar nos
equipamentos;

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 Em alguns casos, pessoas com deficiência física (como paralisia cerebral,


sequelas graves de A.V.E., entre outras) podem ter movimentos
involuntários, andar com dificuldade ou depender de equipamentos para
Page | 4 comunicar-se. Tente acompanhar o seu ritmo e se não entender a sua fala
peça para que ela repita.

Deficiência visual

 É importante identificar-se quando for dirigir-se a alguém com deficiência


visual, pois nem sempre ele o identificará pela voz;
 Ofereça ajuda quando perceber que há necessidade e peça explicações
de como ele quer ser ajudado e ao guiar ofereça o braço para que ela
possa acompanhar seu movimento;
 Quando for conduzi-la a uma cadeira guie a mão para o encosto,
informando se a cadeira tem braços de apoio ou não;
 Oriente a pessoa cega para evitar obstáculos meios-fios, degraus e outras
barreiras, descreva o que há na frente sendo o mais claro possível;
 Em lugares estreitos para duas pessoas passarem, ponha seu braço para
trás. Desta forma, a pessoa poderá segui-lo com menor dificuldade;
 Quando uma pessoa com deficiência visual estiver acompanhada de seu
cão-guia, lembre-se: o cão-guia é um animal de trabalho e não de
estimação, então é melhor ignorá-lo para não atrapalhar o seu trabalho.

Deficiência Intelectual

 Em algumas situações a pessoa com deficiência mental pode ser


carinhosa, disposta e comunicativa, entretanto cumprimente-a
normalmente;
 Quando for uma criança, trate-a como criança. Se for adolescente ou
adulto, trate-o como tal;
 Evite superproteção. Ajude somente quando for necessário.

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Perturbações na expressão oral

Page | 5 - Conversar e ouvir com atenção são formas simples e eficientes de


estimular sua fala e sua linguagem
- Obter a atenção da criança, chamando-a pelo nome, antes de começar a
falar
- Falar de maneira clara e bem articulada
- Conversar com a criança sempre de frente, olhando para ela
- Responder à criança, sempre que for solicitado
- Usar frases curtas
- Solicitar que a criança repita a ordem dada, a fim de facilitar sua
compreensão
- Reduzir ao máximo o nível de ruído do ambiente

Autismo

- Utilizar preferências e materiais de agrado para a criança na aula o no


pátio para estabelecer um vínculo com a escola e as pessoas do
ambiente escolar.
- Trabalhar por períodos curtos, de cinco a dez minutos, em atividades de
complexidade crescente, incorporando gradativamente mais materiais,
pessoas ou objetivos.
- Falar pouco, somente as palavras mais importantes (geralmente um
autista não processa muita linguagem cada vez).
- Utilizar gestos simples e imagens para apoiar o que é falado e permitir a
compreensão (os autistas são mais visuais que verbais).
- Desenvolver rotinas que a criança possa predizer ou antecipar (pela
repetição e com o apoio de imagens que mostram o que vai ser feito no
dia).

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- Estimular a participação em tarefas de arrumar a sala, ajudar a entregar


materiais às outras crianças, etc.
- Entregar objetos no canal visual. O adulto deve ter o objeto na mão diante
Page | 6 dos olhos para que a criança possa pegar o objeto tendo o rosto do adulto
dentro do seu campo de visão.
- Respeitar a necessidade de estar um momento sozinho, de caminhar ou
dar saltos ou simplesmente perambular para se acalmar (pode ser
utilizado como prémio após uma atividade).

Síndrome de Asperger, Tourette, Angelman- atendimento

- Distrair sem proibir


- Respeitar
- Antecipar e explicar (Alterações na rotina diária causam grande
perturbação)
- Compreender as limitações para poder trabalhá-las

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Modulo 4
Inclusão das pessoas com deficiência na
Sociedade

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Sociedade «Inclusiva»

O conceito "inclusão" deverá ter uma aplicação mais vasta porque qualquer
Page | 8 criança em qualquer altura da sua vida escolar e/ou extra-escolar pode ter

dificuldades educativas e/ou sociais (as que dizem respeito à sua etnia, classe
social, etc.) e será com os seus pares que ultrapassará essa fase, prosseguindo
o seu desenvolvimento.
Desta forma as mudanças que ocorrem no sistema educativo irão beneficiar
todas as crianças.
O desenvolvimento humano constrói-se em relação com o meio e com os
outros. Indivíduo influencia mas também é influenciado. Todos podem contribuir,
para melhorar a nossa Sociedade
"Sociedade participada" por todos, porque cada um tem algo de útil para o
desenvolvimento da Humanidade, potenciando a participação dos mais
diferentes grupos e/ou indivíduos.
"Construção" de uma Sociedade Inclusiva sem preconceitos onde todos têm
direito à sua individualidade.
Processo de construção da personalidade passa pelo reconhecimento das
capacidades e dificuldades de cada um, respeitando as diferenças, baseando a
Educação em atitudes e valores que tornarão a criança mais consciente e
solidária.
Cada criança, durante o processo de desenvolvimento, está a contribuir para
o desenvolvimento dos outros.
Ser humano desenvolve-se em interacção social, especialmente através da
cooperação entre pares. Segundo o ponto 8 da Declaração de Princípios de
Salamanca "... pedagogia inclusiva é a melhor forma de promover a
solidariedade entre os alunos ...".
Criança tem que ser vista como um todo e não repartida em sectores. A
criança que está na sala de actividades é a mesma que tem uma família, com as
suas dificuldades e necessidades diferentes.

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Nenhuma família é igual à outra porque é composta de indivíduos todos


diferentes uns dos outros
Uma das funções da Escola é proporcionar à família a interacção Escola -
Page | 9 Família, tendo como objectivo o envolvimento activo dos pais/Encarregados de
Educação no processo de desenvolvimento dos seus educandos.
A inclusão pode começar no Sistema Educativo mas não faz sentido se não
transpuser os muros da Escola.

Da escola para a vida ativa: a integração das pessoas com


deficiência no mundo laboral

A Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais,


organizada pela UNESCO, em Salamaca, em Junho de 1994, consagrou um
conjunto de conceitos como “Inclusão” e “Escola Inclusiva” que passaram a fazer
parte da gíria entre os profissionais ligados à educação.
Para muitos a Declaração de Salamanca representa a consagração de uma
educação que atende às diferenças individuais.
Para outros, trata-se de um novo discurso educacional adequado a uma
nova economia mundial que integra ricos e pobres, trabalhadores e
desempregados, normais e anormais num mesmo sistema de exploração,
mantendo todas as abissais desigualdades sociais.
De acordo com o novo decreto-lei, os alunos que beneficiam da educação
especial passarão a ser aqueles que apresentem limitações significativas ao
nível da actividade e da participação em um ou vários domínios da vida,
decorrentes de alterações funcionais e estruturais, de carácter permanente
resultando em dificuldades ao nível da comunicação, mobilidade, aprendizagem,
participação social, relacionamento interpessoal e autonomia.
Passam a ser medidas de educação especial: o apoio pedagógico
personalizado, adequações curriculares individuais, adequações no processo de
matricula, adequações no processo de avaliação, currículo especifico individual
e tecnologias de apoio.

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Manual do Curso «Público com Necessidades Educativas Especiais
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Aparecem dois novos documentos relacionados com a intervenção: o


programa educativo individual (que concentra os apoios especializados e as
formas de avaliação) e o plano individual de transição (dirigido aos alunos com
Page | 10 dificuldades na aquisição das competências previstas no currículo regular).
Criam-se adequações curriculares específicas, como a leitura e escrita em
Braille, a orientação e a mobilidade, o treino da visão e a actividade motora
adaptada, assim como o ensino bilingue.

Os agrupamentos poderão desenvolver escolas de referência – unidades de


ensino estruturado, nomeadamente unidades de intervenção especializada em
multideficiência, autismo, baixa visão e surdez.
Para além disto, podem também desenvolver parcerias com centros de
recursos especializados ou instituições particulares de solidariedade social, no
sentido de proporcionar aos alunos todo um conjunto de terapias, equipamentos
e valências que poderão não existir na escola.
Esta nova conjuntura educativa poderá ser o fim das chamadas unidades de
transição para a vida activa, que até aqui têm albergado e apoiado alunos com
necessidades educativas especiais na aquisição de competências essenciais de
formação pessoal e de transição para a vida adulta.

A verdade é que estes alunos com necessidades educativas especiais não


se enquadram no actual contexto das novas escolas de referência.

Assim, sempre que os alunos apresentem necessidades educativas


especiais que os impeçam de adquirir as aprendizagens e as competências
definidas no currículo comum, deve a escola, através da sua equipa
multidisciplinar (três anos antes da idade limite da escolaridade obrigatória)
complementar o programa educativo individual (PEI) com um plano individual de
transição (PIT).

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Manual do Curso «Público com Necessidades Educativas Especiais
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Como tal, acreditamos ser possível ampliar o processo de intervenção da


seguinte forma:
 Fase de sondagem (áreas vocacionais);
Page | 11  Fase de especialização (formação especifica);
 Inserção no mercado de trabalho (transição para a vida
activa/observatório).

As áreas vocacionais serão inseridas no currículo do aluno com


necessidades educativas especiais como sendo a primeira fase de uma futura
integração profissional.
Como tal, propiciará o experimentar e o descobrir de diferentes áreas
profissionais de forma teórica e prática, permitindo a aprendizagem de novas
competências, assim como, conhecer as capacidades dos alunos nas diferentes
áreas sondando motivações, procurando vocações.
A escolha das áreas vocacionais a introduzir no currículo do aluno terá em
conta os recursos humanos, materiais e espaciais disponíveis; devem ser
diversificadas e ir ao encontro das motivações dos alunos e das necessidades
da sociedade (actividades que revelem carências de profissionais ao nível da
sociedade).
Para que as áreas vocacionais contribuam para a integração do aluno e
consequentemente para o sucesso de todo um processo ensino-aprendizagem
devem ser inseridas no currículo escolar do aluno, ser planificadas (delineando
metas, linhas orientadoras, objectivos) e avaliadas, de forma a adequar os
conteúdos ao aluno e reestruturá-los sempre que necessário.
Nesta fase a escola poderá efectuar parcerias com empresas, instituições,
organismos públicos, entre outros para auxiliar no funcionamento das áreas
vocacionais, no sentido de proporcionar aos alunos melhores condições de
aprendizagem, assim como viabilizar futuros protocolos de formação ou até de
emprego.

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O contacto e interação com pessoas com necessidades


especiais – público, visitantes, clientes, colegas

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Para combater estereótipos, preconceitos e práticas nocivas em relação às
pessoas com deficiência, é indispensável que os profissionais de saúde
dispensem a este público a mesma qualidade de serviços dispensada aos
demais.
É muito importante saber quais expressões e termos são adequados para
designar pessoas que possuem algum tipo de deficiência, e é fundamental ter o
cuidado com a linguagem e com a comunicação, incluindo a forma de definir
quem tem deficiência.
Deixaram de serem usadas, como pessoas especiais, pessoas com
necessidades especiais e portadores de necessidades especiais ou portadores
de deficiência
Tão errado como não perceber uma pessoa com deficiência é exagerar na
dose de atenção dispensada a ela. Trate-a como uma pessoa normal e não
como incapaz, ou seja, quem requer atenção especial espera ter o tratamento
semelhante aos demais clientes.

Dicas para lidar com a pessoa com deficiência:


 A pessoa com deficiência sempre deve ser consultada sobre a melhor
maneira de ser atendida ou abordada, evitando-se, assim,
constrangimentos desnecessários;
 Ao pedir sugestões à pessoa com deficiência, perguntando quais seus
interesses e necessidades, dirija-se sempre à pessoa com deficiência, e
não ao acompanhante. Se a pessoa estiver impossibilitada de fornecer as
informações, então o acompanhante pode ser solicitado a fornecer as
informações necessárias;

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 Nem sempre a pessoa com deficiência necessita de auxílio. Quando


quiser auxiliá-la, pergunte primeiramente se ela necessita de ajuda e qual
é a maneira mais adequada para você ajudá-la;
Page | 13  Se for solicitado, mas não puder auxiliar a pessoa com deficiência, refira a
sua impossibilidade e procure quem possa ajudar;
 Ao falar com uma pessoa com deficiência, procure ficar de frente para ela
e preferencialmente na mesma altura da pessoa, sentando-se à frente
dela se necessário;
 Muitas vezes, a pessoa com deficiência precisa de mais tempo para se
expressar, andar, ou realizar tarefas, por isso é importante respeitar esse
tempo;
 É fundamental que a pessoa com deficiência sinta-se acolhida e bem
atendida, porém é importante que não haja exageros.

Barreiras ao atendimento e às relações profissionais e pessoais


com pessoas com necessidades especiais

Ao longo dos anos os deficientes tem vindo a sofrer, cada vez mais
preconceitos dentro da sociedade, nos mais diferentes campos e aspectos.
Preconceito esse que vêm cada vez mais prejudicar a vida social,
profissional e até mesmo familiar do cidadão.
Os deficientes são tratados de forma inferior em relação aos demais. Não
são atendidos como deveriam ser.
A discriminação no âmbito da sociedade é algo que deve ser combatido,
principalmente nos meios de transporte, nos acessos que não existem, nas
barreiras de acessibilidade, nas ruas e principalmente nas oportunidades de
trabalho.

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Essas pessoas têm o direito de oportunidades iguais aos demais cidadãos,


na qualidade de vida no desenvolvimento económico e também no progresso
social.
Page | 14 O estado deve considerar programas voltados a essas pessoas, pois,
necessitam tanto quanto os demais cidadãos considerados normais.
mercado de trabalho deve se expandir cada vez mais para que essas pessoas
para que possam se especializar e se profissionalizarem, para que possam ter
uma carreira de sucesso.
É indiscutível a importância das contratações de profissionais com
deficiência para a economia.

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Manual de ......
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Bibliografia

Page | 5 http://deficiencia.no.comunidades.net/deficiencia-motora
http://www.fonologica.com.br/voce_sabia.html
http://www.deficienteonline.com.br/deficiencia-quem-sao-as-pessoas-com-deficiencia___3.html
https://hiperatividade.pt/
http://www.minhavida.com.br/saude/temas/paralisia-cerebral
http://www.apagina.pt/?aba=7&cat=94&doc=8179&mid=2
http://violenciaepaz.blogs.sapo.pt/o-que-e-ser-sobredotado-2070

Coleção Educação Especial da Porto Editora:


- Como ensinar todos os alunos na sala de aula inclusiva
- Necessidades educativas especiais na sala de aula
- Envolvimento parental em intervenção precoce
- Alunos com necessidades educativas especiais nas classes regulares
- Estratégias práticas para a intervenção precoce centrada na família

Coleção educação hoje da Texto Editores:


- Necessidades educativas especiais dificuldades da criança ou da escola?
- Lado a lado: experiências com a dislexia

Ventosa, vitor; Marsey, Rafael – Integração de pessoas com perturbações


psíquicas em atividades de tempos livres - Dinalivro

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