Professional Documents
Culture Documents
(20h/a)
Instrutores:
MAJOR PM NORONHA
TEN BM GILSON
Recife-PE,
DEZ/2017
• A igualdade e a fraternidade;
• A liberdade;
• A justiça;
• A democracia;
• A dignificação do trabalho.
Quais medidas são aplicadas pela Justiça ao adolescente autor de ato infracional?
Em conformidade com o Art. 112 do ECA, aplicam-se as seguintes medidas
socioeducativas:
• Advertência;
• Obrigação de reparar o dano;
• Prestação de serviço à comunidade;
• Liberdade assistida;
• Inserção em regime de semiliberdade;
• Internação em estabelecimento educacional;
• Medidas de proteção previstas no Art. 101, incisos I ao VI do Estatuto da Criança e do
Adolescente.
IMPORTANTE:
É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público
assegurar os direitos das crianças e adolescentes.
3.2 Grupos Étnicos
Etnia X Raça
Diante de muitas discussões centenárias por cientistas, filósofos e pensadores
os quais documentaram e conceituaram as pluralidades de espécies humanas espalhadas
na terra, chega-se hoje a conclusões em que termos como “raça” já é um desuso no meio
acadêmico quando se procura demonstrar diferenças culturais. Enquanto a ideia de raça
implica, erroneamente, a noção de algo definitivo e biológico, o conceito de
“etinicidade” tem um significado puramente social, referindo-se às práticas e às visões
culturais de determinada comunidade de pessoas que as distinguem de outras
A noção de raça é em termos de definição conceitual um dos mais difíceis de
chegar a um entendimento técnico tendo em vista que dependendo da análise poderá se
chegar a uma definição, ou, simplesmente não caracterizar um elemento conceitual. A
antropologia, entre os séculos XVII e XX, usou igualmente várias classificações de
grupos humanos no que é conhecido como "raças humanas", mas, desde que se
utilizaram os métodos genéticos para estudar populações humanas, essas classificações
e o próprio conceito de "raças humanas" deixaram de ser utilizados, persistindo o uso do
termo apenas na política, quando se pede "igualdade racial" ou na legislação quando se
fala em "preconceito de raça". Um conceito alternativo e sinônimo é o de "etnia".
Segundo GIDDENS, 2005, “o conceito de raça é um dos mais complexos da sociologia,
especialmente devido à contradição entre seu cotidiano e sua base científica (ou
inexistência desta). Para esse sociólogo:
A raça pode ser entendida como um conjunto de relações sociais
que permitem situar os indivíduos e os grupos e determinar
vários atributos ou competências com base em aspectos
biológicos fundamentados. As discriminações raciais
representam mais do que formas de descrever as diferenças
humanas – são também fatores importantes na reprodução de
padrões de poder e de desigualdade dentro da sociedade.
(GIDDENS, 2005, p.205).
Para o Prof. Dr. Kabengele Munanga, o conteúdo da raça é morfo-biológico e o
da etnia é sócio-cultural, histórico e psicológico. Um conjunto populacional dito raça
“branca”, “negra” e “amarela”, pode conter em seu seio diversas etnias. Uma etnia é um
conjunto de indivíduos que, histórica ou mitologicamente, têm um ancestral comum,
têm uma língua em comum, uma mesma religião ou cosmovisão; uma mesma cultura e
moram geograficamente num mesmo território.
Conceituação
O preconceito étnico é uma antipatia baseada em uma
generalização errônea e inflexível. Pode ser sentida ou expressa;
dirigida a um grupo como um todo ou a indivíduo pelo fato dele
ser parte desse grupo (Allport apud Guimarães, 2012, p.48).
Considera-se como preconceito racial uma disposição (ou
atitude) desfavorável, culturalmente condicionada, em relação a
membros de uma população, aos quais se têm como
estigmatizados, seja devido à aparência, seja devido a toda ou
parte da ascendência étnica que se lhes atribui ou reconhece
(NOGUEIRA apud GUIMARÃES, 2012, p. 78)
Discriminação – o preconceituoso age de modo ativo em
detrimento de seu desafeto. Seu comportamento procura impedir
os membros de determinado grupo de usufruírem certos tipos de
emprego, áreas residenciais, direitos políticos, oportunidades
educacionais ou recreativas, igrejas, hospitais, ou algum tipo de
privilégio social. A segregação é uma forma institucionalizada
de discriminação, protegida pelas leis ou pelos costumes.
(ALLPORT apud GUIMARÃES, 2012, p. 49)
A sociedade brasileira é uma das mais ricas de todo o mundo em termos de
cultura e diversidade racial, as fontes de dados sobre a questão racial vêm-se
aperfeiçoando e mostram claramente que as atitudes discriminatórias contra as
populações indígenas e negras persistem em nossa coletividade. Tais situações são
altamente prejudiciais aos direitos humanos, constituindo obstáculos ao
desenvolvimento harmonioso de uma sociedade rica em diversidade tornando-se
barreira ao progresso de um Brasil mais justo e mais democrático.
Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual proteção da lei.
Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a
presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação (Artigo 7º da
Declaração Universal dos Direitos Humanos)
Representações sociais
A exemplo de que para o senso comum, a “cor da pele”, é a cor bege que por
sua vez não representa a cor da pele das pessoas negras. Ou ainda quando se diz que
quando se está passando por uma fase difícil na vida, se está passando por uma “fase
negra”. Revelando a cor negra como um aspecto negativo.
Racismo
Quando um negro chegava ao Brasil era imediatamente batizado e separado
dos demais membros quebrando-lhes os vínculos familiares, esse recurso era utilizado
pelos senhores de engenho para que eles não se reagrupassem - apesar de algumas etnias
terem ódios profundos entre si. Todavia, forçados as convivências “promíscuas” de
etnias, houve um sincretismo mais forte do que o já existente quando ainda em África,
somado a aculturação de outros valores e das influências do islamismo disseminadas
pelos negros mulçumanos. Pela necessidade de fazer cultos as suas divindades,
aproveitou-se o negro dos ensinamentos de catequese para burlar com o sincretismo os
senhores e igreja.
Na visão do professor Kabengele Munanga,
[...] racismo é geralmente abordado a partir da raça, dentro da
extrema variedade das possíveis relações existentes entre as
duas noções. Com efeito, com base nas relações entre “raça” e
“racismo”, o racismo seria teoricamente uma ideologia
essencialista que postula a divisão da humanidade em grandes
grupos chamados raças contrastadas que têm características
físicas hereditárias comuns, sendo estas últimas suportes das
características psicológicas, morais, intelectuais e estéticas e se
situam numa escala de valores desiguais. [...] Visto deste ponto
de vista, o racismo é uma crença na existência das raças
naturalmente hierarquizadas pela relação intrínseca entre o físico
e o moral, o físico e o intelecto, o físico e o cultural. O racista
cria a raça no sentido sociológico, ou seja, a raça no imaginário
do racista não é exclusivamente um grupo definido pelos traços
físicos.
A discriminação de raça, cor ou etnia é chamada de racismo. No Brasil, as
populações que mais sofrem com o racismo, são os negros (ou afrodescendentes) e os
indígenas.
Racismo Institucional
É compreendido como o fracasso coletivo de uma instituição em prover um
serviço profissional e adequado às pessoas por causa de sua cor, cultura ou origem
étnica. Ele pode ser detectado em processos, atitudes ou comportamentos que denotam
discriminação, resultante de preconceito “inconsciente”, ignorância, falta de atenção ou
de estereótipos racistas que coloquem minorias étnicas em desvantagem, ou seja, toda
forma de ocorrência que coloca em uma situação de desigualdade um coletivo, neste
caso, um coletivo étnico.
Ele não difere dos outros tipos de racismo, mas ele acontece através das
instituições, onde o processo de desenvolvimento institucional privilegia determinado
tipo de grupo étnico em detrimento de outros, por exemplo, na hora das contratações no
mercado de trabalho ou quando o Estado deixa de eletrificar determinada comunidade
rural, ribeirinha, e desenvolve a mesma eletrificação em outra comunidade étnica.
Racismo – Crença de que algumas pessoas, por suas características físicas hereditárias
ou por sua cultura, são superiores a outras.
Aspectos legais
A Constituição Federal/88, no Artigo 3º, inciso IV, garante a promoção do bem de
todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação. A discriminação racial, na legislação brasileira, se relaciona com duas
diferentes práticas criminosas:
1. Racismo: Crime previsto no Art. 5º, inciso XLII da nossa Constituição e no Art. 20
da Lei nº 7.716/89. Configura-se quando as ofensas não tenham uma pessoa ou pessoas
determinadas, e, sim, venham a menosprezar determinada raça, cor, etnia, religião ou
origem, agredindo um número indeterminado de pessoas. Esse crime é inafiançável e
imprescritível, sujeito à pena de reclusão.
2. Injúria Racial: Crime previsto no Código Penal, Art. 140, § 3º. Considera-se injúria
racial quando as ofensas de conteúdo discriminatório são empregadas à pessoa ou
pessoas determinadas. Este é um crime que tem por objetivo atingir a honra subjetiva,
ou seja, aquilo que alguém pensa sobre si mesmo.
Policial, seja o primeiro a respeitar a lei.
Procedimentos na abordagem policial
Em sua atuação, saiba que: Racismo é crime!!
Todos os grupos sociais têm suas particularidades. Tente conhecê-las e
respeitá-las. Negros, brancos, índios e asiáticos – todas as pessoas – são iguais em
direitos e deveres, todavia com diferentes culturas que devem ser respeitadas. Você
deve usar expressões do tipo: cidadão, cidadã, senhor, senhora.
Não use termos pejorativos, discriminatórios ou irônicos.
“Elemento suspeito cor padrão” é discriminação:
Alerta-se para a total inadequação da expressão acima. Ao utilizar o termo
“elemento suspeito cor padrão”, o agente policial reforça uma associação injusta entre a
cor da pele negra e ser suspeito. A própria composição das corporações, nas quais se
encontram muitos policiais negros, é uma prova de como essa associação é inadequada
e preconceituosa. Assim, o agente policial, ao agir no sentido de promover direitos, não
deve usar, sob nenhuma hipótese, expressões como essa. Mais do que isso, recomenda-
se que, ao receber orientações em que conste o referido termo, o agente policial solicite
que a orientação seja reformulada tendo em vista não ser “elemento suspeito cor
padrão” adequado nem como termo técnico de abordagem policial nem como expressão
corrente da comunicação.
3.3 Idosos
Contextualização
A sociedade brasileira passa por um acelerado processo de envelhecimento.
Os dados estatísticos populacionais indicam o crescimento da população de idosos na
última década e o aumento da esperança de vida ao nascer.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano
2000, a população com 65 anos ou mais representava 5,9% do total de brasileiros. Em
2010, esse número aumentou para 7,4%. A esperança de vida ao nascer no Brasil, em
2010, chegou a 73,4 anos, o que revela um aumento de três anos em relação aos
indicadores do Censo 2000.
Estatuto do Idoso
Art. 4º: “Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação,
violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão,
será punido na forma da lei.
§ 1º É dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos direitos do idoso”.
Tipos de violência contra a pessoa idosa:
• Física: Uso da força física para compelir o idoso a fazer algo, para feri-lo, provocar-
lhe dor, incapacidade ou morte.
• Psicológica: Infringir pena, dor ou angústia mental com expressões verbais e não
verbais e que possam envolver medo da violência, abandono, isolamento ou que
provoquem vergonha, indignidade e impotência.
• Negligência: Recusa ou omissão de cuidados devidos e necessários ao idoso, por parte
do responsável (familiar ou não) ou instituição. Obs.: É preciso ter atenção também aos
sinais de autonegligência, tais como o idoso não querer ir ao médico, não tomar
remédios, não se alimentar, descuidar da higiene. A autonegligência pode levar ao
suicídio.
• Financeira e Econômica: Exploração imprópria ou ilegal e/ou uso sem
consentimento de recursos materiais e/ou financeiros do idoso.
• Abandono: Ausência ou deserção do responsável governamental, institucional ou
familiar, ou qualquer um que tenha por obrigação a responsabilidade de prestar socorro
a uma pessoa idosa que necessite de proteção.
• Maus-tratos: O mau-trato ao idoso é um ato (único ou repetido) ou omissão que lhe
cause dano ou aflição e que se produz sem qualquer relação na qual exista expectativa
de confiança.
• Abuso e Violência Sexual: Refere-se ao ato ou jogo sexual de caráter homo ou
hetero-relacional, utilizando pessoas idosas sem o seu consentimento. Esses agravos
visam obter excitação, relação sexual ou práticas eróticas por meio de aliciamento,
violência física ou ameaças.
"Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica assegurada a gratuidade dos
transportes coletivos públicos urbanos e semi urbanos, exceto nos serviços seletivos e
especiais, quando prestados paralelamente aos serviços regulares.";
São reservadas 02 (duas) vagas gratuitas por veículo para idosos com renda igual ou
inferior a 02 (dois) salários mínimos;
Possuem desconto de 50% (cinquenta por cento), no mínimo, no valor
das passagens, para os idosos que excederem as vagas gratuitas, com renda igual ou
inferior a 2 (dois) salários mínimos.
Dentre outros direitos previstos no Estatuto do Idoso.
Onde denunciar?
A – Disque 100: É um órgão de assistência direta e imediata da Secretaria de Direitos
Humanos da Presidência da República que tem por competência legal exercer as
funções de Ouvidoria Geral da Cidadania. Funciona como um instrumento ágil, direto,
de conhecimento da realidade de vida das pessoas, como os direitos humanos estão
sendo ameaçados, violados ou negligenciados e, sobretudo, do que deve ser feito para
garanti-los, preventivamente.
B – Promotoria de Defesa dos Direitos das Pessoas Idosas: O Promotor de Justiça pode
adotar medidas para proteger os idosos que estejam em situação de risco. Por exemplo:
abandonados pela família; vítimas de maus-tratos por parte de seus familiares;
negligenciados pelos familiares e/ou pelo cuidador e/ou maltratados em instituições de
longa permanência (abrigos). Em quaisquer desses casos, alguém da família, amigo ou
vizinho pode procurar o Ministério Público/Promotoria do Idoso de sua cidade para
fazer uma denúncia.
Todo cidadão tem o dever de comunicar violação dos direitos do idoso que tenha
testemunhado ou de que tenha conhecimento.
C – DEPI (Delegacia Especializada de Proteção ao Idoso):
Pode ser acionada caso o idoso seja vítima de algum crime como furto, roubo, lesão
corporal, maus-tratos, cárcere privado, discriminação, desvio de bens, estupro, ameaça
etc. Também é o órgão competente para receber denúncias
caso o idoso saia para suas atividades diárias e não retorne à sua residência,
configurando um possível desaparecimento; bem como caso o idoso perca documentos
ou cartão de benefícios do INSS. Se na sua cidade não tiver Delegacia do Idoso, dirija-
se à Delegacia de Polícia mais próxima.
3.3 Mulheres
A violência contra as mulheres constitui uma das principais formas de violação
dos seus direitos humanos, atingindo-as em seus direitos à vida, à saúde e à integridade
física. É um fenômeno que apresenta distintas expressões – violência psicológica, física,
moral, patrimonial, sexual, tráfico de mulheres, assédio sexual – e que requer, portanto,
que o Estado Brasileiro adote políticas acessíveis e integrais.
Importante - Entendem-se por políticas acessíveis as políticas que respeitam as
diversidades de gênero, raça, etnia, orientação sexual, deficiência e inserção social,
econômica e regional existentes entre as mulheres.
Já políticas integrais são políticas que englobam as diferentes modalidades
pelas quais o fenômeno da violência contra a mulher se expressa.
A violência contra a mulher constitui um problema que atinge mulheres de
diferentes classes sociais, origens, regiões, estados civis, escolaridades ou raças. Os
números relativos aos casos de violência contra as mulheres são alarmantes e
representam um alto custo para os governos, com gastos nas áreas de saúde, jurídica, do
trabalho, entre outras (Faleiros, 2007; Jacobucci & Cabral, 2004). Além disso, a
violência contra as mulheres tem repercussões para sua saúde física e mental.
Sexo X Gênero
Sexo Gênero
Macho e fêmea Masculinidades e feminilidades
Determinismo biológico Construção social e histórica das
diferenças entre homens e mulheres
Naturalização das diferenças Possibilidade de mudanças
entre homens e mulheres
Importante:
A construção social dos sexos atribui diferentes espaços de poder para homens
e mulheres, nos quais a mulher em geral ocupa lugares de menor empoderamento, de
desvalorização e de subalternidade. Não se fala, portanto, em diferenças, mas em
desigualdades que são produzidas e reproduzidas em diferentes espaços – no âmbito
doméstico, no trabalho, nas religiões, nas profissões etc. A violência contra as mulheres
só pode ser entendida no contexto das relações desiguais de gênero, como forma de
reprodução do controle do corpo feminino e das mulheres numa sociedade sexista e
patriarcal. As desigualdades de gênero têm, assim, na violência contra as mulheres sua
expressão máxima que, por sua vez, deve ser compreendida como uma violação dos
direitos humanos das mulheres. (Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra
as Mulheres /Secretaria de Políticas para as Mulheres, 2007, p.8)
Assim, as violências baseadas no gênero, entre as quais se destaca a violência
contra as mulheres, surgem como uma estratégia de manutenção desta hierarquia social,
segundo a qual as mulheres devem ser submetidas ao poder masculino.
Veja a seguir os resultados de duas pesquisas realizadas recentemente que
possibilitaram identifica as razões para manutenção do vínculo conjugal.
Razões para Manutenção do Vínculo Conjugal
• Dependência afetiva;
• Receio de não arranjar outro parceiro, por já estar velha, por ter filhos;
• Medo de ficar só;
• Percepção de que é incapaz de tocar a vida e de educar os filhos sem um companheiro;
• Medo da perda;
• Esperança de que o par conjugal mude;
• Preocupação com o sofrimento que o parceiro poderá ter em função da separação e
com as dificuldades que poderá enfrentar sozinho;
• Falta de apoio de familiares para lidar com os desafios trazidos pela separação.
Fonte: Casais participantes de atendimentos psicossociais relacionados à violência
conjugal no contexto da justiça em Brasília (Pondag, 2009).
Importante - Embora a lei não utilize o termo “rede de atendimento”, sobre o qual você
estudará mais a frente, percebe-se que ela tem como pano de fundo ou princípio o
atendimento da mulher vítima de violência doméstica ou familiar em “rede”, ou seja,
estabelece medidas integradas de prevenção da violência doméstica e familiar.
Na questão do cumprimento de pena, a nova lei estabeleceu o embrião da
chamada Justiça Terapêutica, ao determinar que: Nos casos de violência doméstica
contra a mulher, o juiz poderá determinar o comparecimento obrigatório do agressor e
programa de recuperação e reeducação.
Medidas Protetivas.
A Lei Maria da Penha traz um rol de medidas que podem ser decretadas pelo
juiz a requerimento do Ministério Público ou a pedido da mulher. Essas medidas visam
garantir maior efetividade à lei e proteção à mulher vítima de violência, resguardando
sua integridade física, além de proteger seus bens.
O juiz pode obrigar o agressor a:
I – Suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao
órgão competente, nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
II – Afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;
III – Proibição de determinadas condutas, entre as quais:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o
limite mínimo de distância entre estes e o agressor;
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de
comunicação;
c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física
e psicológica da ofendida;
d) restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe
de atendimento multidisciplinar ou serviço similar; e
e) prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
Em relação à mulher, o juiz poderá:
I – Encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou
comunitário de proteção ou de atendimento;
II – Determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao
respectivo domicílio, após afastamento do agressor;
III – Determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos
relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos;
IV – Determinar a separação de corpos.
Para proteger os bens do casal ou de propriedade particular da mulher, o juiz
pode determinar:
I – Restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida;
II – Proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra,
venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial;
III – Suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor;
IV – Prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e
danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a
ofendida.
A Mulher Policial:
Nos procedimentos estudados, percebemos a necessidade e importância da
mulher policial na composição de uma guarnição. Em tempos de defesa dos direitos
humanos e respeito à dignidade da pessoa humana, a mulher policial reflete o
compromisso e a preocupação da instituição em preservar os direitos e garantias da
mulher tanto na situação de infratora, quanto nade vítima.
Além de garantir os direitos da mulher em ocorrências policiais, devemos
destacar a importância da Mulher Policial na Segurança Pública em nosso país.
• A discriminação de gênero, também atinge a classe policial militar, quando as
policiais são desencorajadas a desenvolver o serviço operacional.
Devemos promover e incentivar, cada vez mais, a integração da mulher nas profissões
ligadas à Segurança Pública.
Leis e Decretos:
Conceitos
Identidade sexual
Lésbica: Mulher que mantém relação sexual e afetiva com outra mulher.
Gay: Homem que mantém relação sexual e afetiva com outro homem. Nem todo
homem que faz sexo com outros homens se reconhece como gay, mas tem experiência
homossexual.
Bissexual: Homem e mulher que têm relação sexual ou afetiva com pessoas de ambos
os gêneros.
Travesti: Pessoa que nasce do sexo masculino ou feminino, mas que tem sua identidade
de gênero oposta ao seu sexo biológico, assumindo papéis de gênero diferente daquele
imposto pela sociedade.
Mulher Transexual: Pessoa que teve o sexo designado como masculino ao nascer, mas
que vive como e busca reconhecimento social no gênero feminino. Busca modificações
corporais do sexo para sustentar socialmente a vivência no gênero a que sente pertencer.
Homem Transexual: Pessoa que teve o sexo designado como feminino ao nascer, mas
que vive como e busca reconhecimento social no gênero masculino. Busca modificações
corporais do sexo para sustentar socialmente a vivência no gênero a que sente pertencer.
O que é homofobia?
O conceito de homofobia está ligado à violência. Não se discute aqui se a
pessoa gosta ou não gosta da homossexualidade ou bissexualidade.
Ser homofóbico é repudiar, odiar, discriminar, temer, ter aversão a
lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. A homofobia significa a
intolerância em relação à diversidade sexual e de gênero.
Além da violência física, o preconceito e a discriminação contra a população
LGBT restringem os direitos de cidadania, o direito à livre expressão afetivo-sexual e de
identidade de gênero. Existem também os termos LGBT fobia, Lesbofobia, Gayfobia,
Bifobia e Transfobia para designar a fobia a cada segmento especificamente.
Aspectos legais
HOMEM TRANSEXUAL
Seguindo os procedimentos de segurança e considerando as especificidades da
abordagem aos homens transexuais, considere o seguinte:
De início, como se dirigir à pessoa?
• Os homens transexuais utilizam vestimenta e acessórios masculinos.
• Quando o policial observar uma pessoa com imagem masculina, caracterizada pela
vestimenta e acessórios masculinos, deve respeitar a identificação social masculina e
dirigir-se à pessoa com base nessa interpretação.
• Deve utilizar termos masculinos ao se referir a essa pessoa – tais como: senhor, ele,
dele.
Como nomear a pessoa abordada?
• Estabilizada a situação, o profissional de segurança pública deve perguntar a forma
como a pessoa abordada gostaria de ser chamada: nome social. A pessoa pode
escolher nome feminino, masculino ou neutro. O policial tem o dever de respeitar a
escolha da pessoa, não sendo permitido fazer comentários irônicos sobre o nome
informado.
• Prioritariamente, o efetivo feminino deve realizar a busca pessoal no homem
transexual. Isso se deve ao fato de que, mesmo com a intenção em proceder conforme a
identidade de gênero a ser expressa pela pessoa abordada, existe legislação específica
que regula a busca pessoal em mulheres.
• Assim, para obedecer ao exposto no Art. 249 do Código de Processo Penal, a busca
pessoal em mulheres deve ser feita por outra mulher, se não importar retardamento
ou prejuízo da diligência.
O nome no documento de identidade:
• Na identificação documental, deve-se evitar repetir em voz alta o nome de registro
da pessoa abordada (da cédula de identidade), caso seja diferente do nome social
informado.
• É preciso ter discrição ao solicitar esclarecimentos, para não constranger a pessoa,
confrontando-a com uma identificação não informada por ela. Deve-se continuar a
chamá-la pelo nome social informado.
• Os documentos oficiais, como registro de ocorrência, documentação administrativa
policial, dentre outros, deverão conter o nome social informado, devendo ser
registrado também o nome de registro (da cédula de identidade).
Proteja o homem transexual capturado ou detido.
• O homem transexual capturado ou detido deverá ser conduzido em separado dos
homens biológicos, pois há legislação específica relativa ao cárcere de mulheres.
Assim, em analogia ao disposto no Art. 766 do Código de Processo Penal, o homem
transexual deve ser mantido em separado, para
prevenir violência homofóbica.
Art. 766 do Código de Processo Penal: “A internação das mulheres será feita em
estabelecimento próprio ou em seção especial.”
Em qualquer situação, seja discreto na revista de pertences!
Contextualização
A pessoa com deficiência pode ser abordada?
A polícia deve estar preparada para executar um serviço de excelência à sociedade e
isso inclui preparar-se para atuar em quaisquer situações, estando envolvidas ou não
pessoas com deficiência. Desse modo, você estudará os procedimentos para abordar:
Procedimentos de abordagem a pessoa surda:
• As pessoas com deficiência auditiva estão propensas a um equívoco que pode ocorrer
durante a fase de verbalização da abordagem.
• Se o abordado surdo estiver de costas e não visualizar o policial, ele não toma
conhecimento da ordem de parar. Assim, o abordado poderá continuar caminhando
em frente, dando a falsa impressão de que não está acatando determinação legal de
autoridade policial.
• Essa situação pode induzir o policial a um erro de interpretação da conduta do
abordado e levá-lo ao uso inadequado de força.
• Assim, é necessário que você, policial, perceba que tem ferramentas para se
comunicar com a pessoa surda.
A abordagem à pessoa surda segue os mesmos procedimentos operacionais de rotina,
mas é necessário estabelecer outro elo de comunicação entre as partes.
• Estão relacionados a seguir, os comandos da abordagem na Língua Brasileira de
Sinais (LIBRAS), segunda língua oficial do Brasil. Você sabia que o Brasil é um país
bilíngue?
• Com estes sinais, você poderá se comunicar com a pessoa surda que também utilize
a Língua Brasileira de Sinais.
• Certifique-se de que o abordado veja você.
Dicas importantes:
Não adianta gritar com o deficiente auditivo. Articule bem as palavras para favorecer
a leitura labial. Quando lhe for solicitado prestar auxílio a uma pessoa surda, tente
também comunicar-se com ela pela escrita.
Ao conduzir uma pessoa surda vítima de crime à Delegacia de Polícia para registrar
ocorrência, explique a ela o que está acontecendo. Certifique-se de que ela entendeu
que não está sendo presa.
Ao perceber agitação na pessoa abordada, faça gestos para ela se acalmar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTUNES, C.L. O princípio da dignidade da pessoa humana e a exclusão social. São
Paulo: Nota dez, 1999.
BRASIL. Constituição, 1988. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília:
Senado Federal, 1988;
BREGA FILHO, Vladimir. Direitos fundamentais na Constituição de 1988: conteúdo
jurídico das expressões. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2002.
BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 15. ed. São Paulo: Malheiros,
2004.
BOBBIO, N. A Era dos Direitos. 1. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2004.
CAMARGO, Marculino. Fundamentos da ética geral e profissional. 3. ed. Petrópolis:
Vozes, 1999.
DIMENSTEIN, G. O cidadão de papel: a infância, a adolescência e os direitos humanos
no Brasil. 19. ed. São Paulo: Ática, 2000.
GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução à Ciência do Direito. Rio de Janeiro:
Forense, 1972.
KIPPER, Délio José (org.) Ética e pratica – Uma visão multidisciplinar. Porto Alegre:
EDIPUCRS.2006.
MORAES, Alexandre de. Direitos Humanos Fundamentais: teoria geral. Coleção.
Temas Jurídicos. São Paulo: Atlas, 2006.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Resolução 34/69: código de conduta para
os funcionários responsáveis pela aplicação da lei. New York: ONU, 1969.
SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na
constituição federal de 1988. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2001.
SERRANO, Gloria. Educação em valores: como educar para a democracia. Porto
Alegre: Artmed, 2002.
TRINDADE, Antônio Augusto Cançado. Tratado de direito internacional dos direitos
humanos. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor, 2003.
UNESCO. Declaração sobre a diversidade cultural. Brasília: UNESCO, 2001