Professional Documents
Culture Documents
Um livro de
Npya Mag
S
éndogèneen Afrique(Karthala). i
PA HA QUANDO AFRICA? -
JOSEPH
lO-ZLftPQ
25050 9 7898 oc
8'
800,00 MT
Hji
yp3 WfWív®ffiÊÈ®ÊI$ÊÊ
quando África?
l
.* :>X
pP'
V\
v ^JÊiÈm ^(M
•.1
Para quando África
Joseph Ki-Zerbo
Eata-quando-AíriGa-?
Entrevista com René HoLenstein
Tradução de
Carlos Aboim de Brito
PARA QUANDO ÁFRICA?
Entrevista com René Holenstein
Título original: A Qucmd 1’Afrique?
Entretien avec René Holenstein
JOSEPH Kl-ZERBO
Introdução -----------------
fez deles sujeitos do seu próprio destino. Como se sair ate ./. •
tinha uma história que valesse a pena ser contada )ua! e o lucat
(
13
gal e no Mali, onde fez os seus estudos básicos e secundários
------- Para quando África?
— 20
Mundializadores
e mundializados
de saúde são muito mais caros nelas. Quando se entra num hospi-
tal, tudo é pago, aliás, tanto para entrar como para sair. Uma vez
terminados os tratamentos, quem não pagar não sai do hospital.
Em breve, a saúde será um bem reservado exclusivamente aos
ricos: um bem privatizado.
lidade que se teve no que se passou e ter em conta o facto de que nós
próprios, os negros, temos uma responsabilidade neste assunto.
n.io carrega uma imagem de país colonizador. Há também a qua- Dou-lhe o exemplo da recente etnogénese algo mons(aios.»
lidade dos produtos alemães, que faz com que estes produtos se mim
imponham. Penso que a Alemanha é um dos países que mais se cenário de genocídio entre os hutus e os tutsis. Por que 1.1 MO *
aproveitará deste vazio que se cria em África. A Alemanha é a >
primeira potência europeia e tem um método de extensão comer- tutsi e os hutus não foram tentados pelo genocídio nos srcul»»
cial já muito experimentado, muito eficaz e muito metódico. XVIII ou XIX? No século XIX, os tutsis e os luilu d<> i niiim.h
Hoje, eram mobilizados conjuntamente para combatei os luisis« •».
é certo que os alemães podem tirar partido disso. Imiu
do Ruanda que, por sua vez, também sc uniam Poiqm ' 1 *»»i•
Após o fim da Guerra Fria, a democracia, os direitos do ho- j11«
nnerrreirezxmv^mkrprtrecmrrr^ havia um processo nacionalista em gestação e n t t e m u , I m m i i
.1 10
únicos valores universais. No entanto, em África como noutros di, por um lado, e a nação ruanda, por outro N e s s a rpm a, não <
sítios, a guerra continuou a ser de grande actualidade no decur- tratava de um conflito entre os hlitus e os tut .r. do l'uanda. 1 ul
so dos anos noventa. Por que razão algumas guerras se prolon- jffvn I ( í< 1111 i 11.1111< r
garam? Porquê o nascimento e a perenidade de alguns !< • l< mpo
conflitos? pré-colonial, um hutu, ministro dc um rei tutsi, podia até ser mais
De que tipo de guerra se trata? importante do que um pequeno chefe tutsi de província Fala-se
mesmo da possível passagem da mesma pessoa de um dos estatu-
Hoje, em África, primeiro há as ambições pessoais, nomea- tos para outro. A partir da colonização, hierarquizaram as etnias
damente as dos senhores da guerra, as guerras de fronteira, etc. africanas como hierarquizaram as raças, os brancos em cima, os
A multiplicação das guerras provém dos problemas estruturais negros em baixo. Foi então que foram criados os germes
que contempo-
não foram resolvidos pela independência. As guerras estruturais râneos do conflito actual. As nações burundi e ruanda foram apa-
provêm da condição africana legada por séculos de história. Bem nhadas em pleno voo e deixaram de poder pensar na respectiva
entendido, não devemos procurar as causas nem no tempo dos realização. As contradições entre os grandes chefes ruandas e
egípcios, nem na “Idade Média” africana. Fundamentalmente, burundis desapareceram para dar lugar a contradições de tipo in-
podemos dizer que as principais causas das guerras e dos confli- terno, intrínseco. Estas contradições, que não eram antagónicas
tos remontam à segunda metade do século XIX. Mas eu diria que, no século XIX, foram progressivamente vistas como flores vene-
além disso, convém notar que os africanos não se sentem bem por nosas que germinavam durante o período precedente. Os hutus e
razões que talvez datem do tráfico dos negros e do tempo da os tutsis assistiram a um tipo de divisão do trabalho diferente do
colo- que prevalecia anteriormente. Os tutsis foram privilegiados no
nização. Desde essas épocas perduraram elementos de contradi- acesso ao alto clero ou no exercício de funções no exército e na
ção. Traduzem-se por um estado de medo e de complexo que pro- administração pública. A sua superstrutura e a sua mentalidade
vém do facto de os africanos terem sido muito atingidos durante foram assim reforçadas.
quatro ou cinco gerações. Daí resultou a destruição do sentimento A contradição agravou-se com a introdução da
de pertença, uma crise de identidade profunda. Por conseguinte, democracia
encontramos nas tensões actuais elementos constituídos numa formal de tipo europeu. Nas independências, após a partida
escala multissecular. dos
europeus, cada um dizia: “Sou eu que devo comandar”. <
Poderia dar um exemplo de uma guerra estrutural?
)s tutsi
52 apoiaram-sc nas suas funções dc dneeçáo tradicional na
-------- Para quando África?
Não. Mas o que é certo é que esta ingerência externa tem uma
~4nfluência.4rotóna^LLimaesma^etejaiimanteyxm,aiguiiS-C.cui[] i h
nomeadamente onde haja grandes reservas de minerais raros ou
fontes de energia (RDC, Angola, Chade, Sudão). É tão simples
como isto: cada um quer escavar ali. Todos os homens ou grupos
do poder económico ou político, africanos e não africanos, estão
agarrados aos produtos raros do continente e querem controla
-los. Daí os permanentes conflitos, dado que cada um tem os seus
interesses: as transnacionais entre si, cada uma das transnacionais
com as potências africanas, as potências africanas entre si c cada
um dos africanos com as diferentes transnacionais. É por isso que
a gueixa está na ordem do dia.
Costa
------- Para quando África?
Guerra e paz ■
parentesco por afinidade, instalaram-se relações económicas MV
lidas em benefício de lima ou outra etnia. lí necrssauo » ultn u
estas estruturas interétnicas e transétnicas positiva .. ■ I..
podem ajudar a resolver problemas. É evidente qu»’ a ru. n i mm .
acabará se se teima em ver apenas as cimas qu* mmi.i « ,
ultrapassam as fronteiras nacionais. l ; oi poi iv.oq m «li » < J I M a
união africana será construída com giandes lialullm ...... ...... r..
chamei “as novas pirâmides”: cm ve/ dr vn as» 01 i ........... impo
étnico e de mobilizar para se defendei »• levantai IMIM H.I m
mi!rbsr?"precf^õ^lrcffmr soIííc;õc-; ml< i ali i< .m.r. « num o <
um
peus fizeram com o carvão e o aço com a I liinio dita mmeii.i
nos
anos cinquenta. Cada um dos países não tem meios paiu n mais
longe no domínio das grandes infra estruturas Em contrapartida,
se forem fixados objectivos comuns, que exigem a união de
todas
as energias, mobiliza-se toda a gente para atingir resultados afri-
canos que transcendam o nível nacional.
Quais são as ! ' < ■ / / < ' / , / / / , / , / , / < - . v < • os />iii tu ularidades da
demo-
cracia? Iltivcrá elementos especijieamente africanos da demo-
cracia?
As principais referências da democracia são a participação
obrigação de se exprimir.
As fórmulas de participação eram extremamente numerosas.
Antes de se dirigir ao lugar da deliberação, a família tinha
chegado
;i um acordo sobre a opinião a dar. Muitas vezes, as mulheres
tinham sido consultadas antes da saída de casa do chefe de famí-
lia para o local da assembleia. Por vezes, a discussão era adiada
para permitir que as mulheres ou os velhos fossem consultados
em casa. Uma assembleia podia durar dias, ou mesmo semanas
ou meses, porque o princípio era chegar ao consenso máximo.
Preferia-se adiar os debates dez ou vinte vezes a decidir, insta-
lando uma contradição grave da aldeia ou na sociedade. A
demo-
cracia não existia sob a forma de assembleia nacional em que o
indivíduo era representado pelos eleitos designados por um
voto.
Exprimiam-se em grupo. Os escravos da coroa, por exemplo,
que
por vezes eram grandes dignitários militares, tinham um direito
de palavra à semelhança dos príncipes que dirigiam o exército.
Neste plano, penso que o poder era amplamente distribuído.
Dizia-se que quanto mais o poder é partilhado, mais ele
aumenta.
O poder
—— 66 era comparado a um ovo: quando é apertado com muita
força, parte-se nas mãos; mas quando não é agarrado com firme-
za, pode deslizar da mão e partir-se também. Então, era necessá-
rio exercer o poder nem com demasiada severidade nem com
D emocra cia e governa çã o -----------------------------------
« ui qualro ou cinco, entre os quais a Nigéria, que constitui larga- pensar c dc uma linha ideológica do que de uma afinidade lin
m«me metade da população da África Ocidental. As passagens guística ou étnica.
linguísticas entre as diferentes regiões da África Ocidental ajuda- O multipartidarismo continua a ser válido, embora nem
rrun todos esses países a constituir-se rnais rapidamente. Se ti- '.<*111
véssemos partido destas bases desde as “independências” em pre seja fundamentado da mesma maneira que na Europa, onde.
1960, historicamente, os partidos se basearam em classes sociais. < )
teríamos estruturações sociopolíticas extraordinárias e um fede- países onde a escolarização está avançada c onde as pessoa . po
ralismo extremamente original. Mas fizemos uma espécie de fuga dem ter acesso a uma plataforma ideológica, abandonam 1 apida
para a frente, instalando-nos no sneocolonial. mente o multipartidarismo étnico ou regionalisla Os alia ano.
Dito isto, é impensável e impossível rejeitar as línguas impos- são muito tolerantes 110 plano étnico. Pode-se ultrapassar lacil
A
^ ' o -----------------
'i!IeirtõrT^ÍTp2rrra^ álrens r politi
no nosso património cultural, elas unem povos africanos entre si
cas. Dou 0 meu caso como exemplo: eu dirijo um partido multi-
e com a comunidade internacional. As línguas fazem-nos aceder
-étnico. Em nenhum momento senti que a minha autoridade era
a filões fabulosos de culturas e de história que são portas
minimizada por pertencer a uma etnia minoritária. Sou o líder do
incontor-
partido, eleito por pessoas provenientes de todas as regiões. Mas
náveis para entrar no mundo contemporâneo. Na condição de
xar as nossas próprias línguas no vestiário ou no caixote de lixo há outros partidos onde esse problema se coloca de forma acen-
sair-
do mundo moderno. Numerosas tuada, porque a referência à ideologia é menos forte. Quanto mais
mos do estatuto de colonizados e deexperiências
que não nos da Europaa edei-
obriguem da
Ásia o programa se impuser ao conjunto dos militantes e mais o acento
podem inspirar-nos. for colocado na formação, tanto mais o risco de deriva étnica di-
Um dos argumentos utilizados contra a introdução e a minui. Quando não há programa, deixa-se o caminho aberto à
propa- etnia e à região.
gação das línguas africanas no sistema escolar africano é dizer Na maioria dos países africanos, os chefes consuetudinários
que isso favoreceria o etnicismo e o Que pensa desta
receiam que a refundação do Estado seja atentatória da sua au-
objecção? Pode-se evitar que as línguas nacionais sirvam de pre-
toridade. Que lugar será necessário concederás autoridades tra-
texto a um multipartidarismo étnico?
dicionais num Estado multinacional?
De facto, uma oposição pode estar ligada ao objectivo das lín-
guas, como vimos na África do Sul com a formação nacionalista Na maioi ia dos casos, os colonizadores apoiaram-se nas auto-
zulu, o Inkatha Freedom Party (IFP), na região do Kwa/ulu-Na- ridades liadieionais deixando lhes uma espécie de autonomia e
tal. Mas é muito perigoso deixar fundar partidos dc oposição cm servindo se delas como intei mediarias entre a nova autoridade
bases puramcntc linguísticas. Também nno convém rejeitar o colonial c as populaçò» , I a inJinu t ruir dos ingleses Foi prati-
mtilli- cada poi toda a pai le onde havia auh a idades (1 adicionais
parlidarismo porque liagmcnliuui o pais, la/eudo correspondei eapazes
um partido a uma regilu ou a uma rima |'{ nrceiNArio comgti dc assumi! a lesponsabiliflade de geiii o «eu povo sob a direeçflo
uma eventual tendência paia o Pluji umu poi meio de lai loics do podei 1 tihuual
...... .... ' 1 .... Il ti, ■" polllu . i in |if i ,1 No que di# iPMpeilo ao tugiu a tiii dm 11 As auto!idadis
1
doa (n i1 .... 1111M I111 a tiadh h»
||#|9IP|f| IIIMÍlll IHill (f Í I MI IÂIÍMI il# IIIIIA (o! MH! tjp nais, & evldrnt# qiin nos oiiiDtiiilrtiiiiii aqui 1 oiu unia PspAeiP
*!M
,.. 1 j 11 t.ii . • lado qu 11 iado MMMIPMIO nãiH um I lado I 1,1 *1
-------------- Para qua ndo África?
vemos os camponeses mossi prostemar-se, vergar-se, ajoelhar-se os deputados não têm uma linha, pertencem praticameiite ao pai
diante do seu chefe, poderíamos dizer que é preciso suprimir tudo tido. E como o partido também não tem uma linha, o podei
isso. Todavia, isso não poderá desaparecer de imediato, porque "uionai
seria uma perda para o conjunto do país, um vazio sem substitui- quiza-se” cada vez mais. Assim, há um processo negativo: em
ção. Não podemos realizar monarquias constitucionais muito de- vez de ter um multipartidarismo que assegure a expressão plm d
mocráticas como na Holanda, na Bélgica, na Dinamarca ou na da vontade política do povo, há um monopartidai eu no de l.n m
Noruega. E um monopartidarismo que assegura um podei p< onl ao
Mas podemos integrar os chefes em estruturas de tipo consul- presidente. Num sistema deste género, é se escolhido poi * nnpi.i
tivo, ou então eles podem inserir-se, a título individual, em estru- ção. Uma vez que se é deputado no Parlamento, enti a ,< no ri
-turarS-de-hberativas- upn
República. Os chefes são pessoas que podem ser extremamente privilegiado que garante a si próprio todas a:; vantagem, do pod «
úteis porque conhecem a sociedade; podem dar conselhos, não só i
para compreender melhor esta sociedade, mas também para a le- lic éiúíáTim elos seus
var a obedecer a decisões tomadas no âmbito do Estado. Penso morri
que há que encontrar um equilíbrio. No que diz respeito à gestão bros redistribuindo todos os bens que dependem do poder. Nestas
da terra, dever-se-ia tirar partido da disposição tradicional de que condições, os deputados ao Parlamento não podem desempenhar
falei acima e fazer de modo a que os chefes de terra sejam reque- um papel de equilíbrio do poder em proveito do seu partido. Pelo
ridos e utilizados em certos domínios e os chefes políticos nou- contrário, existem para aumentar tanto quanto possível os ele-
tros domínios. Mas dever-se-ia manter esta divisão do trabalho mentos do seu poder. A sua fórmula consiste em apanhar tudo.
tal como a tradição a concebera nas aldeias: o chefe político não Deixa de haver a democracia, existe, isso sim, a cooptação para
tem de imiscuir-se nos problemas de gestão das terras. Por outro um punhado de aristocratas da política. Tal Parlamento não pode
lado, os chefes como tais não podem oficiar como membros da contribuir
O que verdadeiramente
está a descrever para
sãoa fundação
os excessosdo de
Estado
um de direito.de
sistema
sociedade civil quando são militantes de um partido ou clientes Tanto
domi- mais que o presidente tem o poder constitucional de recor-
associados às migalhas do poder. rer ao referendo
nação e de dissolver
que transfere para asa mãos
Assembleia nacional.
do presiden te um poder
quase
Como muitos países africanos, o Burkina Faso tem um siste- monárquico. A oposição terá alguma hipótese neste sistema?
ma presidencial. Que efeito tem este sistema no Parlamento?
Que Considero que ;i oposição deve ser muito apoiada nos
experiências teve neste domínio como deputado da Assembleia países
nacional? aliiennos I)evcnios dai lhe uma ajuda porque ela c tão
() Pui lamento devei iu estai muito mais pioxuno d.i necessá-
população i ia â demoeiai ia como o podei I evidente que sem oposição
do qilO o podei executivo O» deputado** o» eleito** pelo não
povo, se pode l.dai d» demociac ia No entanto, é necessário que seja
iiuimalineule
lululoiu ( tem lai/a* no povo Mu*;, g« lulmnite, M uma vndadriia oposição, qnc não seja um gmpo antagonista
leahdade é que
• hl* i* ui* No | llll I M. , I , i mph» dm mh . timl t visa ximplriím nie a alteinAiu na < m pensai na alternativa A
•I
de
mm meia implu a o la; to de o{en» * i uma eu olha ao povo,
cabe a
-------------- Para qua ndo África?
(d O tio futt/tl *
Direitos do homem, direitos das mulheres? -
Ml
Direitos do homem, direitos das mulheres? -
caso, seria uma inclusão para chegar a uma exclusão pai a t mal
mente desaparecer no xadrez político. Aliás, tivemos caso:; de
outros partidos políticos que foram “morder o isco" ao a. eiinicm
juntar-se ao governo de Blaise Compaoró. Desapareceiam qua ..
todos como partidos, nomeadamente como linha politn a a dei. n
der. Pouco a pouco, desmantelaram-nos, chamando alguns el«
mentos para cargos ministeriais, corrompendo outros e maniendo
ainda outros sob a chantagem de revelar os seus desvios
Nós não dizemos: “Quaisquer que sejam as condições, nao
pairicipare govemojT:TOâ?dcírios anula menos.
“Quaisquer que sejam as condições, estamos dispostos a partici-
par em todos os governos”. As condições são as seguintes: em
primeiro lugar, um contexto de salvação pública ou de crise a
resolver bem identificada por uma estrutura consensual; em se-
gundo lugar, compatibilidade do programa da composição deste
governo com a nossa própria linha; e, em terceiro lugar,
limitação
no tempo e delimitação das etapas com avaliações e obrigações
de resultados.
Sabemos que é muito difícil estar na oposição: trabalhamos
com os nossos próprios meios. Os nossos militantes ainda sofrem
mais do que nós. Apesar de tudo, a oposição deve sobreviver
para
que haja a esperança de uma alternativa. Como sabe, os nossos
dirigentes africanos nao se baseiam nas realidades africanas para
dirigir, mas cm “mercados” onde são objectivamente cúmplices
dc valoirs <* dc interesses minoritários ou estrangeiros. Frequen-
lrmr,
d<\ o-, ah h anos sao espoliados, o seu ambiente é destruído,
“ I" 11 "l* " ' • * * mim i ar. pieriosos sao anancados do seu solo,
' 1
• *|ti* ‘o atentados aos inteie, ses superiores dos povos.
I n ain»nM
alnm mJlrti
n i ií♦rtiul^Mtuit
d» \ . o• ?*outio
, o . ; vr
mnitl opi» 1 qu
t Uan, em. rafgot,
a s u aunira
ei il t ura
re p re se n ta | | ttliitili MltiM | e|u tnnthUln, ijuein
4
nau
moí UMMi .i rt iiI*IM »
é *nna o ii tn IÍMf tIHrto
MMVÉI pollM»pio t
4. num m a n to s
nova
sim pl e sm en t«
ptatiftwinn t e um a MMI inttulufftii ÉM Nyit
* to... -M.I,, IHM« « i i . . . » , mtgt
Para quando África?
Se nos deitamos, estamos mortos
135
!
i
0 desenvolvimento
não é uma corrida olímpica
ao
• u MUndi <‘U!\ n|v i insulo I »i oiiii ,i. pala vi,r., deve* sc
colocar o
ma d » ! o l i^fu i NOIIP Sul na ua ha ,< Nrnfto é um diálogo
dn4Uldo9
---------Para quando África?
-— ~7Ípó$~trSt
via permitir que os países do Terceiro Mundo se aproximassem
do
Ocidente foi considerado como um problema geral da política
dos Estados do Terceiro Mundo. Durante a Guerra Fria, con&tii
ta-se grandes similitudes entre este conceito de
desenvolvimento
de recuperação propagado pelo Ocidente e a industriali.u tem >
mio
capitalista forçada, como a praticada na ex-URSS. Qual e ,i \uo
crítica em relação ao socialismo planificado e buroerâtU o ./
antigos países do Leste? Que efeito teve este modelo de de.\envt
<1
vimento nos países do Terceiro Mundo?
mento conduz da base da est ida pina o alto, Qual e a sua princi-
pal critica à ideia europehi da desenvolvimento *
Micilto 11li UilÇHtlfi |»i,|im ilMlMl» HlMi Ntl |*»!i|ll» ||M VMIMÍM* *1
prtliiVh! nld f* IlHtt * 11111*• =* «!* •* M\ M | M I H IhiiHMH
tlll ii fll»ilã * A |»ftUv M iilll Mlilp • MMIM Ml i itltMA I * M» HVÍIIHMIP
lllrtill# i I ||i { Í | M HI M t M U|() M I H H HÍHH M * Ull MM - M)j»t
ètmmÚÊQ&à Mt* i
]
0 desenvolvimento não é uma corrida olímpica
IM
0 desenvolvimento não é uma corrida olímpica
Hfes1xts~vmrdix?õe$7^omo~ev&hÉÍrãer^n€iis-
~—
espeeifieMnettí'er~&s~
relações entre a Europa e África?
duplo: África foi esvaziada da sua substância; ora, o que lhe trou-
xeram também está vazio. Pergunto-me se as futuras gerações
ainda poderão apoiar-se nos restos das culturas africanas. O que
virão a ser os jovens que foram privados destes valores? A soli-
dariedade social tão cara aos africanos contém uma das respostas.
Quanto à sociedade civil, que parece ser a intermediária entre es-
tas duas frentes, tudo depende da sua organização e da sua orien-
tação, isto é, do seu estatuto e da sua legitimidade como força
independente não estatal, não partidária, advogada do povo sem
15rocufarmMiímen^
Estado, ao privado capitalista, aos senhores da guerra, a socieda-
de civil africana tem diante de si tarefas esmagadoras mas exal-
tantes.
I)H Éatla um *
0 desenvolvimento não é uma corrida olímpica
ceu este pólo de poder com a Líbia e o Egipto. Até ao século XVI,
houve equilíbrios viáveis para África com o exterior. Este conti-
nente desempenhou um papel importante, sobretudo ao nível eco-
nómico, nomeadamente com o ouro do Sudão, no qual o historia-
dor francês Femand Braudel insistiu. Mas tudo ruiu a partir do
século XVI; a estagnação, o declínio e a deterioração começa-
ram. A partir desse momento, África participou no seu próprio
declínio dado que alguns grupos sociais africanos ajudaram a ex-
plorar África. No fundo, podemos interrogar-nos se não é este
--medekA
—Nvstas^oTrdiçõesr^Gmo-evohi&ãe^nãis^spe&fie&m&nt&ras
---------- —
A partir
parte das inc africanos foram incapazes de melhorar as
dos Estados
con-
dições de vida das populações mais pobres. Que explicações
pode
dar sobre este estado de coisas?
Não devemos espantar-nos por não ter havido, de forma
estru-
tural, uma melhoria das condições de vida, porque as condições
desta melhoria não estavam reunidas. Se se tivesse colocado
cor-
rectamente o problema desde o princípio,’ter-se-ia sabido que
há
condições prévias ao desenvolvimento. Creio que, à partida, em
qualquer programa de desenvolvimento em África, é necessário
distinguir duas noções diferentes: os meios e as condições. É
evi-
dente que quando nos consagramos unicamente à procura de
meios, perdemos de vista as condições de base fundamentais
sem
as quais os meios, por maiores que sejam, não podem desenca-
dear o mecanismo do desenvolvimento. Distinguirei três condi-
voes para um
A MpunM HHMIverdadeiro desenvolvimento:
ÍVÃM è a f. n>» >. í,. j. imattcMttfa »|
primeira condição
P IMIIM M IM
é
In* I M H II I M á »ilii* A^Ãil» h I* a patlit tlãi t HHt|tH«ÍFti n*
o espaço ah icnno de desenvolvimento. I lá um espaço
t|itn||atla§
t*** Í¥HIHÇIH anlHiMl ifcif pMVMf êttt moí I
económico rti
mínimo sem o qual II.nunca
qMiMlMNiMtmmM I* J»|iÍPhaveria desenvolvimento
^H!.| I- .,Á,n f 4
fundamental
nnq nmsoti pirites Nflo há lutuio pau Alii» a fora da integraçflo
a
tmlmi tm nlveii, m< hmive nu inveMIgaçSo cimtilh a
------------ Para qua ndo África?
c foi mais aberto do que África. Mas nós não queremos ser ingeri
dos até sermos digeridos. Também não se trata de culturalismo
identitário, estreito. Muitas pessoas crêem que queremos refugiai
-nos na nossa cultura, nas nossas etnias. Alguns intelectuais afi i
canos avançam a ideia das etnias ignorando que se trata dc fabr
ira
ções recentes. Na realidade, não havia etnias fechadas no sistema
africano pré-colonial, sempre houve entre as etnias uma mistura
fantástica que é demonstrada pelo mapa actual dos povos africa
nos. Porquê? Porque as pessoas coabitavam de facto. Houve
guer-
só havia tiranos que se autodestruíam mutuamente. Fundamen-
talmente, sou contra o culturalismo identitário que não leva a lado
nenhum no plano económico. Estou convencido de que não se
pode realizar o desenvolvimento no quadro de pequenos países: o
desenvolvimento endógeno será interafricano ou não será. E a
abertura ao mundo, que não é um fim em si, só será positiva atra-
vés das estruturas regionais, únicas, capazes de fazer de África
uma força entre as forças do mundo. Efectivamente, a abertura
hipócrita e escancarada actual, que prevalece há séculos, não nos
fez avançar substancialmente. Porque a abertura para a selva
exige
condições, precauções e preparativos. África deve constituir-se
antes de descer ao campo de jogo, à arena, mesmo e sobretudo se
for para entregar uma mensagem de paz.
161
I
A
tá1#:»
.Ouahigoiiya
Toma
Koudougou OUAGADOUGOU
Diapaga
Ifli®
‘v:.:0 .,U
L
X^W
mÊÊIm
m$emm
BURKINA FASO
Notas biográficas
piova pelti i Mtiifáilo, I|MM Állii i Unha «i!Iii^éilii mtt iillo nível de
♦MM |<MIMI» ia| g I MIIMIa| HIIM * *I# Ma » • MIM \a» In
M »t1 IIMIM (IM (KMtMè MI« 11 fMio aM Ml)* H IIMI ( SI |$VHI e à eoloilMa
-------------Para qua ndo África?
III
Notas
1
Nascido em 1923, no Senegal, Cheik Anta Diop criou uma nova escola
de estudos históricos e antropológicos sobre África e, em particular, o Egipto
Antigo na sua relação com a África negra. De 1981 até à sua morte, leccionou
na Faculdade de Letras e Ciências Humanas de Dacar (capital do Senegal).
2
Grande rede norte-americana de notícias, de alcance mundial.
3
O biface é um pedaço de pedra de formato aproximadainente oval.
com uma extremidade larga, por onde está preso, e a outra alongada, com a*,
duas bordas laterais cortantes. Essa borda é feita pela percussão com um
seixo duro, de modo a retirar lascas da pedra, até lhe dar o formato apiopi ia
do. É o mais antigo utensílio fabricado pelo Homo erectus.
4
Sobre este assunto, ver as obras de Herbert Marcuse.
5
Nascido na Martinica, em 1913, Aimé Césaire formou .<• na I• .< ol.»
Normal Superior de Paris. Quando estudava em França, começou a rs< n vu
e fundou, junto com Senghor (ver nota 6) e outros, a revista I.Ktudiant
Noir. Voltou a Martinica como professor. Foi presidente da cidade de Imi
deFrance, de 1945 a 2001, e deputado na Assembleia Nacional Fiance*. i, d<
1946 a 1993. Em 1957, criou o Partido Progressista Martiniquês, com a j»i - -
posta de independência por uma via comunista de inspiração pau aíi K am ,la
Sua vasta obra inclui poesia, ensaios e peças teatrais.
6
Léopold-Sédar Senghor nasceu em 1906, no Senegal. Licenciou :;«*
em Letras em Paris, onde conheceu Aimé Césaire (ver nota 5), com quem
estabeleceu os fundamentos da negritude. Tomou-se professor e, durante a
Segunda Guerra Mundial, quando lutou no exército francês, participou da
Frente Nacional Universitária. Em 1945, foi eleito deputado pelo Senegal.
Em 1955, foi eleito Secretário de Estado e, em 1960, tomou-se o primeiro
presidente do Senegal, cargo que ocupou até 1980, quando se retirou da
vida política, passando a viver em França, onde morreu em 2001.
7
René Depestre nasceu em 1926, no Haiti. Em 1945, somente com o
curso secundário completo, publicou a sua primeira colectânea de poesia e
fundou o jornal La Ruche, um espaço para os intelectuais haitianos que luta-
179
----- Para quando África?
vam pela identidade nacional. Após uma insurreição fracassada em 1946, foi
exilado. Em França, estudou Letras e ligou-se ao movimento anticolonia-
lista. Expulso em 1952, passou por vários países (inclusive o Haiti, de onde
foi novamente expulso), até se fixar em Cuba, onde trabalhou no Ministério
das Relações Exteriores e no Conselho Nacional da Cultura, além de fundar a
editora Casa de las Américas. Em 1978 foi trabalhar na UNESCO, em Paris.
8
Alioune Diop (1910-1980) nasceu no Senegal e bacharelou-se em Fi-
losofia na Universidade de Argel (capital da Argélia). Após a Segunda Guerra
Mundial, passou a trabalhar na administração colonial. Em 1947, fundou o
jornal Presença Africana, que actuou como um pólo de concentração do movi-
'TfiênfolínfTcõlomaTTsTTl^
Artistas e Escritores Negros (1956) e criou a Sociedade de Cultura Africa-
na, de que Alioune Diop foi secretário-geral até à sua morte.
9
Kwame Nkrumah (1909-1972) nasceu na antiga Costa do Ouro (actual
Gana). Estudou Educação e Filosofia na Universidade Lincoln, nos EUA,
onde lecionou após a graduação. Nesse período, foi eleito presidente da Orga-
nização dos Estudantes Africanos da América e do Canadá. Foi para Ingla-
terra em 1945, onde ajudou a organizar o Sexto Congresso Pan-Africano,
em Manchester, e foi vice-presidente da União dos Estudantes da África
Ocidental, participando da luta pela descolonização.Voltou à Costa do Ouro
em 1947 e tomou-se secretário da Convenção da Costa do Ouro Unida (UGCC).
Foi preso em 1948 e, depois de libertado, fundou o Partido da Convenção
do Povo (CPP), que tinha o lema “auto-govemo já” e pregava a desobediên-
cia civil. Foi novamente preso em 1950. Inglaterra concordou em dar a inde-
pendência ao país, e nas primeiras eleições, em 1951, Nkrumah, ainda preso,
foi eleito para a Assembleia Legislativa. Libertado, concordou em liderar o
novo governo, colaborando com os ingleses para encaminhar a independên-
cia, proclamada em 1957. Como primeiro-ministro e depois presidente de Gana,
Nkmmnh seguiu uma orientação marxista, estabelecendo o unipartidarismo
e 1HI*U ando promovei a industriali/açlo. Em 1966 foi deposto por um golpe
militar apoiado pglos M IA e pnmou a vivei no exílio alé A sua morte.
*" Á Ahu a «l»v* unir aa
" A HHU do fouH da Nla MM U pavilhão th» jo|tia do PaUno d**
VaifalMs,
JHsjdpMf H tdlt la! do IPI ftaiM ãa I m Maio ib I /I4 I ult H VI HMIVMIOMI ã
Notas -----------------
tlÉÉBW
----------- Para quando África?
17
Termo criado na Rússia czarista, que designa uma elite intelectual
constituída como classe social.
1X
Amílcar Cabral nasceu na antiga Guiné Portuguesa (actual Guiné-
-Bissau), em 1924. Em 1932, foi para Cabo Verde, onde começou a trabalhar
na Imprensa Nacional. Estudou Agronomia em Lisboa, e, em 1952, passou
a trabalhar nos Serviços Agrícolas e Florestais da Guiné. Expulso do país
em 1955, foi para Angola, ligando-se ao Movimento Popular de Libertação
de Angola (MPLA). Em 1955, foi criado o Partido Africano da Independên-
cia da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) na Guiné Portuguesa. Em 1960, o par-
tido abriu uma delegação em Conakry, de onde Amílcar Cabral passou a
^dm^rr^lntaTrel^rmaeprendêncrra^e^TSsatr-Em-l-^ST-GabfaFfo-h-assa-ssina—
do por um comando da Guiné Portuguesa, apoiado pelo governo de Conakiy,
que realizou uma operação para prender e eliminar os dirigentes do PAIGC
sediados nesse país. Sobre Nkrumah, ver nota 9.
19
Capital de Burkina Faso.
20
Zona de transição entre o Sara e a região de clima equatorial húmido
ao sul do deserto.
21
Temendo que o empobrecimento pós-guerra dos países europeus fa-
vorecesse o crescimento do comunismo, os EUA realizaram um programa
de ajuda financeira para a reconstrução da Europa, que mobilizou 12 bi-
lhões de dólares entre 1948 e 1952.
22
Não existe alternativa.
23
Ahmed Sékou Touré (1922-1984) foi militante sindicalista na antiga
Guiné Francesa e, depois, secretário-geral do Partido Democrático Guineense.
Em 1957, tomou-se presidente da cidade de Conakry, deputado e vice-pre-
sidente do Conselho. Trabalhou pelo não no referendo de 1958, que indaga-
va sobre a adesão das colónias francesas à comunidade franco-africana. Nesse
ano, Guiné-Conakry tomou-se independente. Sekou Touré foi eleito o seu
primeiro presidente em 1959, cargo em que permaneceu até à sua morte,
ligado inicialmente aos países socialistas e, mais tarde, aos islâmicos.
24
Ver nota 9.
25
Thomas Sankara nasceu em 1949, no antigo Alto Volta, e seguiu a
carreira militar. Em 1976, passou a fazer parte de uma organização secreta de
jovens militares, denominada Grupo dos Oficiais Comunistas, a que também
pertencia Blaise Compaoré (ver nota 49). Sankara tomou-se Secretário de
Estado de Informação, em 1982, mas renunciou ao cargo no ano seguinte.
Após o golpe de 1982, foi nomeado primeiro-ministro, mas foi logo demitido.
Em 1983, após um golpe organizado por Blaise Compaorc, tomou-se presi-
dente, trocando o nome do país para Burkina Faso. Governou com uma
Notas
183
Para quando África?
! 31
Minério raro, formado pela combinação de columbita (uma das prin-
cipais fontes de nióbio) e tantalita (fonte de tântalo), necessário para o fabri-
co de telemóveis, naves espaciais, computadores e mísseis, pois presta-se à
produção de circuitos integrados e ligas especiais para fios e turbinas.
32
Laurent-Désiré Kabila nasceu em 1939, em Catanga (no antigo Zaire).
De 1960 a 1961, lutou contra o exército oficial de Catanga, durante a inde-
pendência temporária da província (ver nota 47). Em 1962, com a reintegra-
ção à república do Zaire, exerceu os cargos de chefe dos gabinetes de infor-
mações e de obras públicas e foi conselheiro suplente da Assembleia pro-
vincial. No fim de 1963, reuniu-se ao Comité Nacional de Libertação (CNL).
39
Uma das regiões do império subsariano de Mali, localizada aproxi-
madamente na actual fronteira entre Mali e Níger.
40
Ver nota 27.
41
Samory Touré (cerca de 1835-1900), nascido em Mali, desde 1850
que alugou os seus serviços como soldado. Em 1860, tomou-se chefe de
guerra dos Kamara (família de sua mãe). Criou o primeiro exército profissio-
nal da região, equipado com armas de fogo. Combinando guerra e diploma-
cia, em 1878 tinha conquistado todo o Alto Níger. Entre 1886 e 1889, assi-
nou diversos tratados de cooperação com os franceses, para preservar seus
territórios; mas, a partir de 1890, enfrentou uma longa guerra contra as tro-
pas coloniais.' FÓÍpfésõ^eHèpòrtacíóeml^ST^ - —• - -
42
Mvemba-a-Nzinga, da dinastia Ntotila do antigo reino do Congo, bap-
tizado com o nome de Afonso I, reinou de 1509 a 1540. Era filho do rei
Nzinga-a-Nkuwu (chamado pelos europeus Manicongo), baptizado com o
nome de João I, com quem os portugueses entraram em contato em 1491,
quando começaram a explorar a região do Congo.
43
Canari é um grande recipiente de terracota, usado para armazenar
bebidas.
44
Ou Daomé, na actual Benim.
45
Diversos povos africanos, de várias etnias e religiões, têm, entre as
suas tradições, a prática de diferentes formas de mutilação genital feminina,
que incluem a excisão do clitóris e/ou dos pequenos lábios, o estreitamento
ou fechamento da vagina por sutura, a raspagem e cauterização do interior
da vagina, etc. Essa prática, realizada como preparação para o casamento,
visa controlar a sexualidade da mulher. Os riscos imediatos incluem dor
intensa, hemorragias e infecções que podem levar à morte; a longo prazo, a
mulher terá graves danos ao nível emocional, reprodutivo e sexual.
Autor de L ‘lulucation vn Afriqut\ o seu nome foi dado á
4A
Universidade
<lr Niam^y, no Nlgei
Lunuimba foi demitido por Kasavubu. Tentou reagir, mas um golpe de estado
do coronel Mobutu (ver nota 34), apoiado por Kasavubu, teve sucesso e
Lumumba foi preso. A crise interna do Congo foi utilizada pelos envolvidos
na Guerra Fria, dentro da ONU. Torturado e humilhado, Lumumba foi trans-
ferido de uma prisão para outra, sendo assassinado em Janeiro de 1961, com
o apoio de tropas belgas. Para as outras personalidades citadas, ver notas 5,
6,9e 18.
48
Maurice Yaméogo (1921-1993) nasceu no antigo Alto Volta. Orde-
nou-se padre católico, mas abandonou a batina para casar. Filiado ao partido
União Democrática Voltaica (MDV), tomou-se vice-presidente do conselho
de governo do Alto Volla^.u^9£Qr-hogo^m^eguiiiffr7f Tol
declarado independente, tomou-se no seu primeiro presidente, governando
num regime unipartidário que recebeu muitas manifestações contrárias de
estudantes e trabalhadores. Foi deposto por um golpe militar em 1966.
49
Blaise Compaoré nasceu em 1951, no antigo Alto Volta, e seguiu car-
reira militar. Foi um dos activistas comunistas que lutaram pela indepen-
dência do país. Em 1983, junto comThomas Sankara (ver nota 25), instalou
cm Uagadugu o Conselho Nacional da Revolução. Entre 1983 e 1987, foi
ministro de Estado do governo de Sankara. Em. 1987, passou a apoiar o
Movimento de Retificação. Em Outubro, fundou o partido Congresso pela
Democracia e o Progresso (oficialmente marxista e seguidor do pensamento
de Sankara), deu um golpe de estado, que resultou no assassinato de Sankara,
e assumiu o poder, como líder da Frente Popular. Em 1990, convocou uma
Assembleia constituinte; em 1991, foi eleito presidente e, em 1998, foi
reeleito por um novo período de sete anos. O partido tomou-se um instru-
mento de poder para Compaoré, abandonando oficialmente o marxismo em
1997. Em 2005, tomou-se presidente da organização internacional Autori-
dade de Liptako-Gourma, reunida em Mali, e da Comunidade dos Estados
Sahelo-Sarianos (CEN-Sad).
50
Modelo implantado por Julius Kambarage Nyerere (1922-1999), pro-
fessor, líder socialista, activista do movimento de independência de
Tanganica, presidente daTanzânia (Tanganica e Zanzibar) de 1964 a 1985 e
um dos líderes do pan-africanismo. Ujamaa, que significa “parentesco” em
kishwahili, é o termo que ele usa para descrever o socialismo que propõe,
opondo-o tanto ao capitalismo, baseado na exploração do homem pelo ho-
mem, quanto ao socialismo doutrinário, baseado na teoria do conflito estru-
tural. Considerando as características do país, foi priorizado o desenvolvi-
mento rural; o povo foi levado a viver e a trabalhar em aldeias organizadas
em cooperativas: as aldeias ujamaa, criadas e governadas pelo povo, com
base nos seus valores tradicionais.
186
Notas
51
Para o economista inglês Keynes (1883-1946), uma economia encon-
tra o seu ponto de equilíbrio num nível alto de desemprego, porque nem
produtores nem consumidores conseguem utilizar todos os recursos dispo-
níveis; portanto, só voltará a haver pleno emprego se o governo tomar medi-
das que afectem a procura e os investimentos.
52
Norbert Zongo era jornalista, presidente da Associação dos Editores
da Imprensa Privada de Burkina Faso e director do semanário O Indepen-
dente. Em 1998, Zongo foi assassinado, junto com o irmão e dois colabora-
dores, quando viajavam a lOOkm de Uagadugu. Uma comissãoJndfipsn
—dente-rroTrckmT qué^Zongoníoi morto por razões políticas, pois estava a in-
vestigar o assassinato de David Ouédraogo, motorista de Francis Compaoré,
irmão do presidente (ver nota 49). Francis foi acusado do assassinato, mas
foi inocentado por um tribunal militar. Em 2000, cinco membros da scgu
rança do presidente foram julgados e condenados pelo crime.
53
Moussa Traoré, nascido em 1936, em Mali, frequentou a Escola hr
paratória de Oficiais de Além-mar em França. Retomou a Mali cm 1960. no
momento da independência. Poucos anos depois, foi para Tanganica, como
instrutor de combatentes de movimentos de independência. Eoi depois no
meado instrutor da escola militar de Kati, em Mali. Em 1968, participou d<>
golpe de estado que derrubou o presidente Modibo Keita (dc orientas ao
socialista). Tomou-se presidente do comité militar de libertação nacional, <
depois chefe de Estado. Abandonou o socialismo e estabeleceu um irgnnr
policial, proibindo as actividades políticas. A morte de Modibo Kcila na
prisão, em 1977, desencadeou uma grande mobilização popular à qual o
regime reagiu violentamente, havendo muitas prisões e mortes durante os
anos seguintes. Em 1990, foram criadas várias associações que organizai ;mi
o combate ao regime. Em 1991, um golpe militar depôs Moussa Traoré, que
foi preso e condenado à prisão perpétua.
54
Na primeira eleição multipartidária do país, em Novembro de 2005,
Blaise Compaoré (ver nota 49) foi eleito com 80,3% dos votos. Os observa-
dores internacionais afirmaram que as eleições foram limpas.
55
O astrónomo polaco Nicolau Copémico, no início do século XVI, pro-
pôs o modelo do sistema solar, com os planetas girando em tomo do Sol,
que ia contra a teoria, aceita até então, de que o centro do mundo seria a Terra.
56
Sistema desenvolvido na URSS durante o estalinismo, no qual o po-
der real era exercido por um pequeno grupo de altos funcionários adminis-
trativos que abrangiam todas as áreas da economia.
57
Amadou Hampâté Bâ nasceu em 1900, em Mali, de uma família nobre
islâmica. Escritor, poeta, etnólogo e historiador, trabalhou na administração
187
------- Para quando África?
colonial francesa, e depois em instituições culturais e fundações internacio-
nais. Mais tarde, seguiu carreira diplomática, tomando-se membro do con-
selho executivo da UNESCO. A partir de 1970, abandonou todos os cargos
oficiais e dedicou-se a registrar os testemunhos orais dos contadores de his-
tórias do seu país. Morreu em 1991.
58
O djembê é um tambor típico da cultura dos povos mandingas (Mali,
Costa do Marfim, Guiné). É feito de madeira e fechado com uma pele esticada
por um trançado de cordas. Tem forma de cálice e, por causa do seu grande
tamanho, costuma ser tocado de pé. É levado a tiracolo por meio de uma
correia fixada em duas alças metálicas. O djembê foi muito valorizado por
alguns governos de tendência socialista (como o de Sékou Touréem Guiné-
-Conakry), que priorizaram a cultura tradicional como portadora da identi-
dade nacional.
59
Estudioso franco-húngaro, que tem, entre as suas principais linhas de
reflexão, os países do Terceiro Mundo.
60
O Club du Sahel et de l \Afrique de l ’Ouest (CSAO) é um fórum infor-
mal de intercâmbio e reflexão, que une os sectores público e privado, traba-
lhando pela melhoria da ajuda ao desenvolvimento. Foi criado em 1976 e
hoje reúne os países da OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvi-
mento Económicos) e da África Ocidental: Burkina Faso, Benim, Cama-
rões, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné-Bissau, Guiné-Conalcry, Ilhas
Maurício, Libéria, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria, Cabo Verde, Serra Leoa,
Senegal, Tchade e Togo.
61
Não à ajuda, sim ao comércio.
62
Encontro anual dos países francófonos.
63
Ver nota 5.
M
No Fórum Social Mundial de Janeiro de 200 F O FSM é um
encontro
de ntganj/nçõcg da sotiedmlo civil (()N(í e outias) «llemumdinhstiri
(vei
nota I t) Foi citado em 2001, em Darai, e promove em onlioa anuaiu
em
vAi hm paina*, §»mln uma da* lemtllV* coincidente t oin a do
FólUltl l < onó
mico Mundial (vm nota 14)
FHCMHMM ije yiopMi altHimiodiailita*, otyfml#ado p*da t INI I intenta
clonal AI lAl t[A«® M * H M MH pnoi |« h*atioH dn* Í MO ^ H I HH * poin FAldc
•ua t O HIMI #), roiu —d* « IH I ipiiefeia *|. P é ( iH ^ t « §nu*hm n!»
Bibliografia
190
I