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Para efeitos comparativos, a constituição dos estados unidos tem sete artigos originais e
27 emendas.
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legal, a tarefa de saber quais delas são relevantes para considerar no nosso dia-a-dia, a
fim de não ser retaliado pelo estado é árdua e trabalhosa de modo que, na prática, a
maioria dos cidadãos leva suas vidas seguindo as leis consuetudinárias.
Armada essa estrutura institucional e legal, é perfeitamente natural que uma pessoa reaja
quase sempre da mesma forma ao perder o familiar por falta de vaga nos hospitais: a
saúde é um direito que lhe foi negado. Ela não está errada. O art. 6º da constituição define
como “direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados,
na forma desta constituição”. É como se eu chegasse na sua casa durante o jantar e
fizesse um belo discurso: “Salve, salve, minha gente! É o seguinte: vocês têm direito à
moradia, à saúde, à escola, às terra dos outros, desde que improdutivas (se não forem, a
gente dá um jeito). De lambuja, para a vovó ali, uma dentadura nova; para o bebezinho,
uma linda chupeta sabor tutti-frutti. Mas é o seguinte, todo mês eu venho aqui pegar
36,56% de tudo o que o papai, a mamãe e a vovózinha ganham. Não se preocupem.
Confiem em mim.”
Sei que vocês sabem, mas permitam-me a repetição sistemática para lembrar-lhes e
motivá-los a difundir a informação: quem paga pelos direitos sociais não é o estado, somos
nós (concorde-se ou não).
As leis que promovem obrigações são as mesmas que arruínam nosso senso de
responsabilidade, porque há uma crença disseminada, inclusive entre os profissionais do
direito (talvez justamente por causa da profissão), de que as leis garantem os direitos. O
que a lei faz, geralmente, é criar novos problemas ao tentar disciplinar determinadas
condutas e relações, não propriamente resolver as questões que pretendia solucionar
quando foi criada.
Para que serve a constituição federal, também, quando nos garante a segurança, em troca
de todos os tributos que pagamos ao estado? E que não são poucos, algo em torno de
40% do PIB, ou seja, de tudo que se produz no brasil? A verdade é que não temos
nenhuma segurança e o pior é que o cidadão, hoje, não pode ter, ao menos, uma arma,
nem em sua residência, para se defender. A alegação oficial, até parece brincadeira, é que
as armas são perigosas. Melhor, assim, que fiquem apenas com os bandidos, para que as
pessoas não se machuquem!
Existe um decreto-lei de 1966 em pleno vigor, por exemplo, que estabelece como crime no
brasil, sujeito a pena de seis meses a dois anos de prisão, fabricar açúcar em casa. As leis
comerciais brasileiras são regidas por um código de 160 anos, em que o regime de
governo mencionado ainda é o império.
“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade…”
Se todos são iguais perante a lei, como podemos criar “cotas” para universitários? Logo
estamos mostrando que há diferenças e se há diferenças, alguma coisa está errada nessa
lei de cotas.
O jurista Paulo Ferreira da Cunha analisa justamente a relação entre utopia e constituição
de 88, observando que é da natureza de todas as constituições apresentarem certo caráter
utópico: “As constituições, se não forem simples folhas de papel com a regulação dos
órgãos do poder, as cores da bandeira e o local da capital dos países (pouco mais ou
pouco menos que isto), têm um espírito e um conteúdo mais ou menos utópico. Utópico no
sentido de almejarem descrever, com a minúcia possível, uma sociedade que consideram
melhor, planificada, racional, com traços de geometrismo, de uniformidade, certa
igualitarização, etc.” Para ele, a constituição é uma utopia e, como tal, é também uma
narrativa, que se aproxima dos gêneros literários, como o romance.
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“Evidentemente que uma constituição programática que não tenha mesmo em nenhuma
atenção nem o povo a que se destina, e de que deve emanar, nem sequer aquelas
verdadeiras constantes da natureza humana, ou da sua condição, uma constituição que
force a maneira de ser de uma nação, ou que descure o modo de funcionamento normal
de todos os homens, não só terá muitos problemas de afirmação, de força normativa,
como, na verdade, mesmo querendo construir um paraíso, será inevitável fabricante de
inferno.”
É certo que esse é um pecado comum às constituições modernas, que tendem a ser
prolixas e programáticas. Não apenas por serem filhas da revolução francesa, mas
também por serem um instrumento de poder da casta jurídica.
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“Seu texto foi marcado, em sua versão originária, pela densificação da intervenção do
estado na ordem econômica, em um mundo que caminhava na direção oposta, e por uma
recaída nacionalista que impôs restrições ao ingresso de capital estrangeiro de risco, em
domínios como os da mineração, das telecomunicações, do petróleo, do gás etc.”
Obs.: Você deve ter percebido no artigo que “estado” e nomes de países e de instituições
foram escritos em minúsculo, foi proposital. Muitos libertários adotam a grafia “estado” e de
nomes de países e de instituições em minúsculo. Argumentamos que se indivíduo, pessoa,
liberdade e justiça são escritas com minúscula, não há razão para escrever estado e
nomes de instituições com maiúscula. Países são aberrações político-geográficas, todos
são áreas onde se exerce um poder coercivo contra as pessoas que as habitam. A
justificativa de que a maiúscula tem o objetivo de diferenciar a acepção em questão da
acepção de “condição” ou “situação” não convence. Considere que grafar estado é uma
pequena contribuição para a demolição da noção disfuncional de que o estado é uma
entidade que está acima dos indivíduos.
Notas:
Autores: Lacombi Lauss, Bruno Garschagen, Fernando Lima, Renata Mariz, José Maria e
Silva e Uatá Lima.
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