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Laureat International Universities

Centro Universitário do Norte – UNINORTE

Coordenação de Engenharia Elétrica

Jairo Henrique Santos Moura

DIMENSIONAMENTO FOTOVOLTAICO DE UMA RESIDÊNCIA EM


MANAUS

Manaus - AM

2018
Jairo Henrique Santos Moura

DIMENSIONAMENTO FOTOVOLTAICO DE UMA RESIDÊNCIA EM


MANAUS

Trabalho de Conclusão de Curso


em engenharia elétrica, realizado com o
intuito de obtenção do título de Bacharel
em Engenharia Elétrica, pelo Centro
Universitário do Norte – UNINORTE.
Orietador: Prof° Djalma Bentes

Manaus - AM

2018
FICHA CATALOGRÁFICA

M929d Moura, Jairo Henrique Santos.

Dimensionamento fotovoltaico de uma residência em Manaus / Jairo Henrique


Santos Moura. – Manaus: Centro Universitário do Norte / Laureate, 2018.

70f.

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia Elétrica como


pré-requisito para obtenção do título de Bacharel.

Orientador: Prof. MSc. Djalma Alberto Bentes de Oliveira

1. Sistema conectado à Rede elétrica. 2. Geração de Energia. 3. Painéis


fotovoltaicos. I. Título.

CDU 621.47
Jairo Henrique Santos Moura

DIMENSIONAMENTO FOTOVOLTAICO DE UMA RESIDENCIA EM MANAUS

Monografia apresentada ao curso de Engenharia Elétrica com o intuito da obtenção do título de


Bacharel em Engenharia Elétrica, pelo Centro Universitário do Norte–UNINORTE.

Banca Examinadora

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Conceito:________________________________________Nota Final:___________
Manaus, Amazonas, em ____de__________________________de 20___.
Dedico este trabalho aos meus pais. À minha mãe que
sempre sonhou comigo e ao meu pai, que na certeza da vida
eterna, sempre velou minha vida. À minha irmã e às minhas
sobrinhas que são o propósito da minha jornada.
AGRADECIMENTOS

A gratidão é a linguagem do coração.

A Deus que e permite todas as coisas.

Aos meus professores que contribuíram para a minha formação educacional e pessoal.
Em especial ao meu professor e orientador, Msc. Djalma Bentes, por toda ajuda, paciência e
principalmente confiança para que esse trabalho se concretizasse.

Aos meus amigos Felipe, Gustavo, Marco, Tiago e Wendel, que me proporcionaram
momentos de descontração quando o nervosismo prevalecia.
Aos amigos, Bianca, Caio, Edria, Sandy e Yasmim, que foram companhia durante a
caminhada.
Aos amigos que me apoiaram nos momentos mais difíceis.
Aos amigos, Bárbara, Beatriz, Dâmaris, Eliabe, Ismael e Lorran, que mesmo longe, fizeram-
se presentes na minha vida e na elaboração deste trabalho.
E ainda à família, Fábio e Graciele, que encontramos nos grandes amigos.

Aos que sempre acreditaram que eu poderia ser melhor.


“Não adentre a boa noite com ternura;

A velhice queima e clama ao cair do dia;

Fúria, fúria contra o luz que já não fulgura”.

(Dylan Thomas)
RESUMO

Os sistemas fotovoltaicos conectados à rede são uma realidade, uma solução sustentável
que tem sido muito explorada nos últimos anos. Esse trabalho aborda um dimensionamento
analítico de um sistema de geração de energia elétrica fotovoltaica em uma residência na cidade
de Manaus, capital do Amazonas e tem o objetivo de verificar a viabilidade técnica e econômica
da implantação de células fotovoltaicas explorando a irradiância ideal da região que encontrasse
próxima à linha do equador. O dimensionamento do projeto segue um roteiro, na etapa inicial
foi mensurado o consumo da residência, em seguida as variáveis que implicam na irradiação
solar incidente foram determinadas a fim de que o sistema fosse projetado da maneira mais
eficiente e que fizesse conexão à rede pública de energia elétrica. Os principais elementos que
compõem um gerador fotovoltaico, como os módulos fotovoltaicos e o inversor, foram
selecionados de forma a atender os requisitos da residência, não somente aproveitando a sua
área de cobertura para instalação dos painéis, mas também atender parte da energia solicitada.
Ao analisar os dados finais, obteve-se uma estimativa de tempo, em torno de 5 anos, de quando
o sistema apresentará compensação financeira, visto que a contribuição ao ambiente é imediata.
Deste modo é mostrado que o sistema é sustentável e economicamente viável para atender a
residência, e sobretudo evita que a unidade consumidora sofra as oscilações de tarifas do
mercado de energia concomitantemente ao próprio abastecimento.

Palavras chaves: Geração de energia. Painéis fotovoltaicos. Sistema Conectado à Rede


Elétrica.
ABSTRACT

Photovoltaic systems connected to the grid are a reality, a sustainable solution that
has been increasingly employed in recent years. This work deals with an analytical design of a
photovoltaic electric power generation system at a residence in the city of Manaus, capital of
Amazonas, and this work aims to verify the technical and economic viability of the implantation
of photovoltaic cells, having the ideal irradiance of the region near the equator in mind. This
project has been carried according to the following script: In its initial stage, the consumption
of the residence was measured, followed by the variables that influence the incident solar
irradiation were determined in order for the system to be projected in the most efficient way
and that it was able to be connected to the public network of electricity. The main elements that
make up a photovoltaic generator, such as the photovoltaic modules and the inverter, were
selected as to meet the requirements of the residence, not only exploiting its area of coverage
to install the panels, but also to meet part of the demand. When analyzing the final data, it was
estimated that in around 5 years the system will present financial compensation, granted that
the contribution to the environment is immediate. Therefore, it is shown that the system is
sustainable and economically viable to meet the needs of the residence, and more importantly,
prevents the consumer unit from suffering the fluctuations of energy market fees as it supplies
the residence fully altogether..

Keywords: Power Generation, Photovoltaic Panel, System Connected to Power Grid.


LISTAS DE FIGURAS

Figura 1 - Matriz Energética Brasileira ................................................................................................. 12

Figura 2 - Relação de ângulos sol terra ................................................................................................. 21

Figura 3- Componentes da radiação solar ............................................................................................ 23

Figura 4 - Sensibilidade espectral em função do comprimento de onda ............................................... 25

Figura 5 - Distribuição espectral da radiação solar ............................................................................... 26

Figura 6 Diferença entre uma célula monocristalina e um multicristalina. ........................................... 29

Figura 7 Diferença visual entre um módulo monocristalino e um multicristalino. ............................... 29

Figura 8 - Filme fino flexível. ............................................................................................................... 30

Figura 9 – Módulos FV ......................................................................................................................... 31

Figura 10 - Variação de Voc e Isc com a radiação solar ....................................................................... 32

Figura 11 - Comportamento de I - V para o módulo MSX-77 diante da temperatura .......................... 33

Figura 12 - Diferença entre o sistema isolado e conectado à rede. ....................................................... 35

Figura 13 - Diagrama esquemático de uma instalação residencial conectada à rede. ........................... 37

Figura 14 - Imagem da Simulação do Efeito de Sombras em painéis FV. ............................................. 43

Figura 15 - Gráfico de consumo com geração ...................................................................................... 44

Figura 16 - Vista traseira da residência. ................................................................................................ 49

Figura 17 - Imagem de satélite .............................................................................................................. 49

Figura 18 – Residência em Manaus. ..................................................................................................... 50

Figura 19 - Distância entre a residência e o ponto de coleta de dados de irradiação. ........................... 52

Figura 20 - Esquema ligação do Gerador .............................................................................................. 55

Figura 21- Módulo Fotovoltaico. .......................................................................................................... 56

Figura 22- Inversor. ............................................................................................................................... 57

Figura 23- Gráfico de custos do Sistema Fotovoltaico. ......................................................................... 58


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Consumo por Região ............................................................................................... 13

Tabela 2 - Tipo de conexão em função da potência do sistema de minigeração. ..................... 40

Tabela 3 - Etapas de Acesso de Microgeradores ao Sistema de Distribuição da Eletrobrás .... 40

Tabela 4 - Energia anual sob diversos ângulos de orientação em Manaus – AM. ................... 45

Tabela 5 - Consumo Residêncial. ............................................................................................. 48

Tabela 6 - Irradiação solar diária média (Plano Inclinado igual a zero graus) ......................... 51

Tabela 7 - Irradiação solar diária média ................................................................................... 52

Tabela 8 - Comparação de painéis. ........................................................................................... 54

Tabela 9 - Comparação de inversores....................................................................................... 56


Sumário

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 12

1. CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................................... 15
1.1. JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 15
1.2. MOTIVAÇÃO ....................................................................................................... 15
1.3. PROBLEMÁTICA ................................................................................................ 15
1.4. HIPÓTESE ............................................................................................................ 16
1.5. OBJETIVOS .......................................................................................................... 16
1.5.1. Objetivo Geral ...................................................................................................... 16
1.5.2. Objetivos Específicos ........................................................................................... 16
1.6. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO .................................................................... 17

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................... 18


2.1. ENERGIA FOTOVOLTAICA .............................................................................. 18
2.2. RADIAÇÃO SOLAR ............................................................................................ 19
2.3. A GEOMETRIA DA TERRA SOL ...................................................................... 20
2.4. CELULAS FOTOVOLTAICAS ........................................................................... 26
2.4.1. Silício Monocristalino e Multicristalino: ........................................................... 28
2.4.2. Tecnologia de filmes finos ................................................................................... 29
2.4.3. Novas Tecnologias................................................................................................ 30
2.5. MÓDULOS ........................................................................................................... 31
2.6. INVERSORES....................................................................................................... 33
2.7. CONFIGURAÇÕES DO SISTEMA FOTOVOLTAICO ..................................... 34
2.7.1. Sistema Fotovoltaico Isolado .............................................................................. 35
2.7.2. Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede Elétrica ............................................. 36
2.7. CARACTERISTICA DOS SISTEMAS EM MANAUS ...................................... 38

3. TRABALHOS CORRELATOS ......................................................................... 42


3.1. SISTEMAS CONECTADOS À REDE................................................................. 42
3.2. CARÁTER DA ENERGIA FV NA REGIÃO ...................................................... 45

4. MÉTODO DE DIMENSIONAMENTO ............................................................ 47


4.1. COLETA DE DADOS .......................................................................................... 47
4.2. ÁREA PARA INSTALAÇÃO DOS PAINÉIS ..................................................... 48
4.2.1. IRRADIAÇÃO SOLAR NA RESIDÊNCIA ..................................................... 50
4.3. CÁLCULO DA POTÊNCIA DOS PAINEIS: ...................................................... 53
5. RESULTADOS ..................................................................................................... 54
5.1. ESCOLHA DO MODULO FOTOVOLTAICO .................................................... 54
5.2. ESCOLHA DO INVERSOR ................................................................................. 56
5.3. CUSTO DO SISTEMA ......................................................................................... 57

CONCLUSÃO ....................................................................................................... 59

REFERÊNCIAS................................................................................................... 61

ANEXOS .............................................................................................................. 65
12

INTRODUÇÃO

O Brasil, em comparação com o continente europeu, possui como vantagem a melhor


disponibilidade de incidência de irradiação solar em seu território, contudo o utiliza em menor
proporção tendo menor participação no mercado de módulos fotovoltaicos (CRESESB/CEPEL,
2014). Este potencial ainda incólume é o que gera interesse no assunto e impulsiona a produção
de diversos estudos que servem, sobretudo, para o desenvolvimento da tecnologia e a
disseminação do conceito de energia fotovoltaica, que apesar de ser genericamente bem
comentado, possui ainda pouco uso no Brasil e na sua região periférica, a Amazônia.

Em virtude da necessidade de suprir a demanda energética mundial, a sociedade possui


pouca ou nenhuma preocupação com a realidade finita dos recursos naturais explorados e os
efeitos perpetrados à natureza.
Segundo Villalva et al. (2015), a sociedade necessita de calor, luz, movimento e
informação. Todo esse conforto é conveniente transportado, ultrapassando grandes distâncias,
através da energia elétrica, porém todo esse bem-estar causa muitos prejuízos e ameaça o
planeta.

Figura 1 - Matriz Energética Brasileira

Fonte: ANEEL, 2017.


13

Conforme análise da Figura 1, gráfico retirado do sitio eletrônico da Agência Nacional


de Energia Elétrica (ANEEL), a matriz energética atual é baseada em potencial hidráulico, mas
aponta um fator preocupante, as fontes provenientes do carvão, petróleo e gás, ou seja, de
origem fóssil, representam 16,45% do que é produzido no Brasil, enquanto que a energia solar
totaliza menos de 1%. As energias não-renováveis são as mais prejudiciais ao planeta.
Para esta questão, uma alternativa promissora é o aproveitamento da energia produzida
pelo sol. A energia gerado pelo sol é uma fonte energética inesgotável na escala terrestre e é
responsável por praticamente todas as outras fontes de energia utilizadas pela homem. De outra
forma, as fontes de energia são derivadas da energia do sol, mesmo que de modo estritamente
indireto, como é o caso de energias hidráulicas, eólica, biomassa e dos combustíveis fósseis.
(CRESESB/CEPEL, 2014)
Com a matriz energética ainda relegada quase que unicamente à oferta, a Tabela 1 indica
este crescimento em todas as regiões, cresce a procura por melhorias, fazendo deste um
momento aquecido para as pesquisas e investimentos em processos que empregam recursos
naturais renováveis, para a diversificação e eficiência da matriz energética.
Conforme o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS)1 “a operação do sistema
elétrico brasileiro precisará mudar para se adaptar à acelerada expansão da geração eólica no
país e ao início da introdução da energia solar na matriz, incluindo o crescimento nas instalações
solares em residências, com placas fotovoltaicas em telhados.”¹

Tabela 1 - Consumo por Região

Fonte: Próprio Autor, 2017 ( ADAPTADO de ANNEL, 2017)

1
Entrevista fornecida por Luiz Eduardo Barata, diretor geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico
(ONS), Disponível em: < https://exame.abril.com.br/economia/sistema-eletrico-mudara-com-expansao-eolica-
e-solar-diz-ons/#> Acesso em: 27 de junho de 2017: Acessado em 27 setembro.
14

O uso da energia solar, bem como o uso de outras fontes renovavéis de energia, deve
crescer mais que a demanda da energia para mostrar-se como solução econômica e sustentável.
É improvavel uma diminuição da demanda de energia no cenário mundial. O
exponencial crescimento populacional, o aquecimento da economia e a fabricação de novos
aparatos eletrônicos requisitam uma quantidade cada vez maior de energia elétrica. Sendo a
eletricidade de grande relevância para a humanidade no seu desenvolvimento. Para Reis e
Cunha (2006):
Na atual organização mundial, a energia pode ser considerada como um
bem básico para a integração do ser humano ao desenvolvimento,
porque, entre outras coisas, proporciona oportunidades e maior
variedade de alternativas, tanto para a comunidade como para o
indivíduo. Sem energia a custo razoável e com confiabilidade garantida,
a economia de uma região não consegue desenvolver plenamente.
Também o indivíduo e a comunidade não podem ter acesso adequado a
diversos serviços essenciais para o aumento da qualidade de vida, tais
como educação, saneamento, saúde pessoal, lazer, oportunidades de
emprego e renda. O acesso à energia em quantidade e qualidade
consistentes com um padrão de vida digno e decente é condição básica
de cidadania.

Considerando o apresentado e o grande potencial solar energético do Brasil, o presente


trabalho vem abordar as questões técnicas relacionadas à utilização desta energia, apresentar a
evolução desta tecnologia e analisar a viabilidade do projeto para uma residência em Manaus,
desenvolvendo um projeto que considere um orçamento dos gastos com equipamentos e
implementação desta microgeração.
15

1. CONTEXTUALIZAÇÃO

1.1. JUSTIFICATIVA

A grande dependência de eletricidade e sua crescente demanda, bem como a falta de


investimentos em outras fontes renováveis de energia, tornam cada vez mais difícil o
fornecimento da energia elétrica com qualidade e de forma contínua. A utilização de sistemas
fotovoltaicos, sendo abordados neste trabalho, é uma excelente alternativa para resolver esse
problema, principalmente para o consumidor que mais está sujeito as altas tarifas de cobrança
de energia nos horários de ponta, o residencial, onde por exemplo, é utilizado um maior número
de aparelhos refrigeradores, principalmente devido ao clima de Manaus. Um dos pontos mais
importantes da energia fotovoltaica é o fato de que os equipamentos podem ser instalados junto
à residência, não precisando de espaço extra ou de linhas de transmissões para que a energia
gerada seja consumida.

1.2. MOTIVAÇÃO

A região norte, bem como todo o Brasil em geral, que apesar de ser um país de grandes
dimensões territoriais e índices de irradiação muito favoráveis, tem aproveitado pouco deste
recurso abundante. E sendo que o consumidor residencial não utiliza este recurso para a geração
de energia como poderia, esse trabalho pretende enfatizar a importância do seu uso no meio
urbano, buscando um desenvolvimento em maior escala dessa fonte.

1.3. PROBLEMÁTICA

Averiguar a relação custo-benefício da implantação de painéis fotovoltaicos na


residência de um condomínio em Manaus.
16

1.4. HIPÓTESE

• A Utilização de painéis fotovoltaicos pode reduzir consideravelmente o custo com


energia elétrica de uma unidade consumidora de energia.

• A localização geográfica de Manaus pode ser usada para eficiência do projeto.

1.5. OBJETIVOS

Visto a análise inicial abordada, os seguintes objetivos são levantados para a conclusão
eficaz deste trabalho.

1.5.1. Objetivo Geral

Desenvolver um projeto de dimensionamento de um sistema fotovoltaico autônomo


para uma residência de médio porte localizada em um condomínio residencial em Manaus
apontando a sua viabilidade técnica e econômica.

1.5.2. Objetivos Específicos

a. Fornecer base teórica sobre sistemas conectados à rede de distribuição local;

b. Coletar dados referentes a quantidade de energia consumida e características da


predeterminada residência em Manaus para o estudo de viabilidade.

c. Projetar sistema FV conectado à rede elétrica com capacidade de autossuficiência de


eletricidade;

d. Trazer vantagens técnicas do sistema apresentado;


17

1.6. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

• Fundamentação Teórica: Introduz as terminologias, definições e conceitos necessários


para o entendimento do trabalho pelo leitor.

• Trabalhos Correlatos: Apresenta estudos de casos que foram realizados na área de


dimensionamento de sistemas fotovoltaicos autônomos para residências e prédios públicos e
qualificação da região atual do estudo de caso.

• Metodologia Proposta: Na metodologia serão coletados dados baseados em visitas


técnicas, fotos e medições, bem como, em pesquisas feitas em meios impressos (plantas, livros)
e digitais (WEB) para conhecimento dos componentes e ferramentas da microgeração e sistema
fotovoltaico.

• Resultados: Apresenta a viabilidade e os resultados obtidos através do método


proposto, bem como as suas limitações e variações.

• Conclusão e projetos futuros: Será discutido aqui os resultados obtidos; como o método
proposto pode obter esses resultados e quais objetivos específicos foram alcançados com
sucesso.
18

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. ENERGIA FOTOVOLTAICA

O efeito responsável por transferir a energia luminosa, a radiação solar, para os elétrons
e converter em energia elétrica é conhecido como efeito fotovoltaico e foi observado pela
primeira vez em 1839 pelo físico francês Edmound Becquerel quando foi possível identificar o
aparecimento de uma diferença de potencial nos extremos de um semicondutor. O efeito
fotovoltaico ocorre em materiais semicondutores que recebem a energia luminosa e a utilizam
para quebrar as ligações químicas entre as suas moléculas e liberar cargas elétricas. Os materiais
mais utilizados para essa aplicação são: Silício (Si) monocristalino, policristalino e amorfo;
arseneto de gálio (GaAs); disseleneto de cobre e índio (CuInSe2[diminuir esse dois]),
disseleneto de cobre, gálio e índio (Cu.InGaSe2[diminuir esse dois]); e telereto de cádmio
(CdTe) (ZILLES et al., 2016). Ainda segundo Zilles et al. (2016):

A descrição do efeito fotovoltaico só foi possível a partir do


desenvolvimento da teoria da mecânica quântica. Esta afirma que
qualquer tipo de radiação eletromagnética possui partículas,
denominadas fótons, que carregam certa quantidade (“pacotes”) de
energia (...) a energia em um fóton depende das características
espectrais de sua fonte e varia inversamente com o comprimento de
onda da emissão eletromagnética.

O estado de energia que um elétron possui está relacionado à banda ou camada em que
ele se encontra em relação ao núcleo do átomo de origem. Quanto maior a distância, maior é a
energia deste elétron, e caso este mesmo elétron tenha deixado o seu átomo de origem em
comparação com qualquer outro elétron da estrutura atômica, maior ainda será a sua energia.
(BOYLESYTAD; NASHELSKY 2013).
19

Portanto, para Boylesytad e Nashelsky (2013), define-se a camada mais externa, que
possui maior facilidade de alterar os elétrons de posição e efetuar ligações químicas com
elétrons de outros átomos, como banda de valência. E segundo o Zilles et al., (2016), quando
alcançados determinadas circunstâncias, alguns elétrons desta banda podem adquirir carga
suficiente para atingirem um nível seguinte, a banda de condução, onde é permitida a livre
circulação dos elétrons no material, produzindo como efeito a corrente elétrica. Após essa
ascensão do elétron à banda de condução, uma lacuna prevalece na banda de valência que pode
ser caracterizada como par elétron-lacuna quando o átomo é estimulado suficientemente para
este efeito.

A energia necessária por cada fóton para incitar os elétrons à ascenderem de banda,
ultrapassando os intervalos entre os níveis de energia, é chamada de energia de gap (EG). Após
a contribuição do fóton, ainda é necessário solucionar a rápida recombinação dos elétrons
através de tratamentos físico-químicos para que não seja impedido o aproveitamento de energia.
Para evitar que os elétrons de retornem ao seu estado inicial, é necessário que a carga circule
por um circuito elétrico externo para gerar energia que é extraída da junção pn criada
voluntariamente no semicondutor passando a gerar um campo elétrico no material onde as
cargas serão separadas. Para esse objetivo utiliza-se a adição de impurezas químicas, processo
conhecido como dopagem, nos semicondutores puros, chamados de semicondutores intrínsecos
(ZILLES et al., 2016).

2.2. RADIAÇÃO SOLAR

O nosso planeta é iluminado diariamente pelo sol, essa iluminação pode ser entendida
como uma parte da energia eletromagnética recebida.

Guimarães et al. (2004), mensura que o nosso planeta recebe anualmente 1,5 x 1018
kWh de energia solar, seria necessário que o consumo mundial de energia fosse 10.000 vezes
maior para igualar ao que o Sol emite para a terra através da radiação solar neste período. A
radiação solar constitui-se numa inesgotável fonte energética, havendo diversos potenciais para
20

utilização por meio de sistemas de captação e conversão em outra forma de energia, como a
térmica e a elétrica.

Devido à grande quantidade de radiação solar incidente sobre a terra, entre as formas de
aproveitamento, a mais simples é a utilização desse potencial como energia solar térmica, em
encontrar corpos que possam absorver essa energia e em efetuar um competente processo de
armazenamento e utilizar, quando covenientemente, para o aquecimento de água e ambientes.

E por meio do efeito fotovoltaico, as células solares transformam diretamente a energia


do sol em energia elétrica de forma estática, silenciosa, de maneira corretamente ecológica e
renovável (RUTHER, 2004).

2.3. A GEOMETRIA DA TERRA SOL

As relações geométricas entre os raios solares, que variam de acordo com o movimento
aparente do Sol e a superfície terrestre, são descritas através de vários ângulos e influenciam a
radiação solar.

As características geográficas do local, como a latitude, o ângulo do horário, a inclinação


solar, o ângulo da superfície em relação ao plano horizontal e a direção para a qual os painéis
solares serão alocados são importantes para dimensionar a energia captada através da energia
solar. Conceitos como inclinação da superfície, a declinação solar, o ângulo azimutal e o ângulo
de horário definem a relação de posição entre a terra e o sol com a radiação solar (FREITAS,
2008). Conforme a Figura 2.
21

Figura 2 - Relação de ângulos sol terra

(a) Ilustração dos ângulos Z, e S, representando a posição do Sol em relação ao plano horizontal; (b) Ilustração
da orientação de uma superfície inclinada em relação ao mesmo plano: ângulos , , S e .

Fonte: CRESESB/CEPEL, 2014.

 Ângulo Zenital (Z): ângulo formado entre os raios do Sol e a vertical local
(Zênite).

 Altura ou Elevação Solar (): ângulo compreendido entre os raios do Sol e a


projeção dos mesmos sobre o plano horizontal (horizonte do observador).
22

Verifica-se que os ângulos mencionados acima são complementares (Figura 2 (a)), ou


seja: (Z + = 90°).

 Ângulo Azimutal do Sol (s): também chamado azimute solar, é o ângulo entre
a projeção dos raios solares no plano horizontal e a direção Norte-Sul (horizonte do
observador). O deslocamento angular é tomado a partir do Norte (0°) geográfico1, sendo, por
convenção, positivo quando a projeção se encontrar à direita do Sul (a Leste) e negativo quando
se encontrar à esquerda (a Oeste).

-180° s 180° (2.1)

 Ângulo Azimutal da Superfície (): ângulo entre a projeção da normal à


superfície no plano horizontal e a direção Norte-Sul. Obedece às mesmas convenções do
azimute solar.

 Inclinação da superfície de captação (): ângulo entre o plano da superfície em


questão e o plano horizontal [0° 90°].

 Ângulo de incidência (): ângulo formado entre os raios do Sol e a normal à


superfície de captação.

Os raios solares provenientes do sol e sem interferência são classificados como radiação
direta enquanto os que sofrem intervenção no seu trajeto devido a elementos da atmosfera
terrestre são qualificados como radiação difusa. Essas são as duas componentes que compõem
a radiação global. (CHITOLINA, 2017). A Figura 3 exemplifica esta radiação:
23

Figura 3- Componentes da radiação solar

Fonte: CRESESB/CEPEL, 2014.

A radiação solar sofre essa classificação devido a maneira que é afetado no seu percurso
através da atmosfera por problemas que tornam difícil quantificar a disponibilidade energética.
Freitas (2008), descreve que existem dois tipos de fenômenos que influenciarão no percurso
dessa energia na atmosfera: a posição do Sol e da Terra e os fatores meteorológicos que a
intervém, responsáveis pela possibilidade de atenuações da quantidade de energia recebida à
superfície terrestre, responsável pela radiação difusa. A espessura e a composição da camada
atmosférica, também conhecida como Massa de Ar, podem alterar a radiação solar, e a distância
que esta percorre até a superfície depende da inclinação do sol em relação a vertical local, o
Zênite (z). CRESESB/CEPEL, (2014), descreve que:

A massa de ar pode ser interpretada também como o comprimento


relativo que a radiação solar direta percorre até atingir a superfície
terrestre. Para ângulos zenitais entre 0 º e 70º a massa de ar ao nível do
mar pode ser definida matematicamente pela Equação 2, que considera
a Terra plana. Para ângulos zenitais maiores, os efeitos da curvatura da
Terra devem ser levados em consideração.
24

1
𝐴𝑀1 = (2.2)
cos z

Classifica-se AM1, representada pela Equação 2.2. quando a massa de ar é igual a 1,


isto é, o Sol localiza-se no ângulo zenital igual a zero grau. Outras nomenclaturas são
conhecidas como o AM2, quando o ângulo zenital é igual a 60 º. Existe ainda o AM0, quando
não há massa atmosférica a radiação solar cruzar, é o caso da radiação extraterrestre. Conforme
(FREITAS, 2008):

A Terra na sua translação desenha uma trajetória elíptica. A linha do


equador tem uma inclinação em relação ao plano descrito por esta
translação de aproximadamente 23,5º. O plano que contém esta
trajetória é denominado elíptica e a excentricidade desta órbita é tal que
a distância da Terra ao Sol varia em +/- 1.7%. Na figura 2.2, está
representada a distância entre a Terra e o Sol.

Em países da zona tropical do planeta, nas faixa entre os trópicos de Câncer e


Capricórnio, os raios solares incidem com o ângulo zenital reduzido e ficam sujeitos a massas
de ar reduzidas. Essa é a razão pela qual zonas tropicais recebem maior quantidade de radiação
solar do que zonas temperadas (VILLALVA, 2015).

Além da orbita elíptica da terra e dos fatores meteorológicos, o comprimento da onda


de energia devem ser considerado para a compreensão da radiação solar.

O comprimento de ondas eletromagnéticas com a capacidade de sensibilizar os olhos


humanos é denominado de espectro visível, sendo decomposto em subfaixas de acordo com a
percepção de cor, compreendem as ondas de 10-6 m, nas quais encontram-se as cores básicas:
vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e o violeta. E as invisíveis são: infravermelhos,
raios-X, ultravioleta, micro-ondas e ondas de rádio (VILLALVA, 2015).

A absorção e reflexão ocasionador por elementos da atmosfera, tais como a água e os


diversos gases do ambiente, demudam o espectro extraterrestre, onde a radiação solar
assemelha-se a um corpo negro a quase 6000 K. (ALMEIDA, 2012). Zilles et al. (2016),
comenta sobre a tecnologia das células fotovoltaica:
25

As células fotovoltaicas variam na sua sensibilidade aos diferentes


níveis espectrais da radiação incidente, dependendo da tecnologia e do
material utilizado na fabricação. A sensibilidade espectral relativa diz
respeito à resposta espectral da célula, ou seja, à capacidade de o
dispositivo absorver a energia proveniente de fótons de radiação solar
em diferentes níveis do comprimento da onda. A Figura 4 mostra esse
comportamento para as células de silício amorfo e monocristalino. Os
valores de sensibilidade espectral estão normalizados e o valor
correspondente ao número 1,0 no eixo da ordenada, significa o máximo
da absorção de energia para determinado comprimento de onda.

Figura 4 - Sensibilidade espectral em função do comprimento de onda

Fonte: Zilles, 2015.

Ainda de acordo com Zilles et al. (2016), um gerador FV utilizará apenas um


comprimento de faixa das radiações eletromagnéticas (a distribuição espectral é apresentada na
Figura 4), geralmente as faixas que atribuídas à luz visível e ao infravermelho próximo ao
espectro visível, de modo que nem toda a energia solar incidente seja aproveitada devido aos
máximos de energia para cada comprimento não coincidirem com a resposta espectral de
células FV como a de silício.
26

Figura 5 - Distribuição espectral da radiação solar

Fonte: Zilles, 2015.

Na figura 5 acima, alguns ângulos foram previamente explicados, é o caso do AM = 0


que define a massa de ar no topo da atmosfera (radiação extraterrestre), e AM = 1,5 é utilizado
para uma massa de ar cuja espessura é 50% maior que a massa de ar quando o Sol encontra-se
no zênite (ângulo zenital igual a zero).

A quantidade de energia incidente em uma determinada superfície plana ao longo de um


especifico período de tempo é apresentada em Wh/m² e é denominada de Insolação, sendo de
grande relevância para o dimensionamento de sistemas fotovoltaicos (VILLALVA, 2015).

2.4.CELULAS FOTOVOLTAICAS

Conforme Zilles et al. (2016), a energia contida na radiação proveniente do Sol pode ser
convertida em eletricidade através do uso de células fotovoltaicas, elas são essenciais para o
processo do efeito fotovoltaico, As células FV são dispositivos feitos com materiais
semicondutores que em sua maioria comercial utilizam-se de formas do silício, como o silício
monocristalino, multicristalino e amorfo. Em menor escala, utiliza-se de outras tecnologias,
como as denominadas de filme fino. Ainda Zilles et al., (2016):

As células fotovoltaicas mais utilizadas são capazes de gerar na máxima


potência, numa condição de sol de 1000 W/m² e temperatura de célula
27

de 25º C, uma corrente da ordem de 32mA/cm², ou seja, cada uma gera


uma corrente entre 1,5 A (50 cm²) e 4,5 A (150 cm²) numa tensão entre
0,46V, e 0,48V. Na prática, as células fotovoltaicas são agrupadas em
associações série e paralelo para produzir corrente e tensão adequadas
às aplicações elétricas a que se destinam. Uma vez tendo a configuração
desejada (número de células conectadas em série e/ou paralelo), um
conjunto é encapsulado para constituir um módulo fotovoltaico.

As células fotovoltaicos são fabricadas com materiais semicondutores, descritos


anteriormente. Entre eles, o principal, segundo GUIMARÃES et al., (2004) é o silício (Si) e ele
se constitui como o segundo elemento químico de maior abundancia encontrado no planeta. O
mesmo tem sido explorado sob diversas formas: cristalino, multicristalino (ou policristalino) e
amorfo.

Porém, para que uma célula fotovoltaica produza energia elétrica, ela não pode ser
constituída exclusivamente por cristais de silício puro, por isso é necessário a dopagem, como
também observado anteriormente. Esta necessidade de dopagem é facilmente explicada quando
abordado a questão da camada de valência, devido a estabilidade do átomo, logo algumas
impurezas devem ser inseridas no material, criando um campo elétrico, para que seja mais fácil
a movimentação de elétrons que se busca.

A energia de gap necessária desprendida da radiação solar para que um elétron mude da
camada de valência para a de condução no caso do silício monocristalino é de 1,1 eV apenas.
(SILVA, 2013). Complemente SILVA (2013), sobre o assunto:

A introdução de elementos estranhos, átomos de outros elementos na


rede cristalina, o que altera a sua estabilidade, e propriedades elétricas
(dopagem do silício) é possível criar duas zonas com propriedades
elétricas distintas, uma zona com excesso de cargas positivas e outra
com excesso de cargas negativas, estas zonas são designadas por
camadas e respetivamente, camada P (cargas positivas) e camada N
(cargas negativas), situação impossível de criar em silício puro.

Como exemplo de materiais utilizados na dopagem, ele cita o Boro, que possui apenas
três elétrons na camada de valência lhe conferindo uma lacuna, criando uma camada P, de carga
28

positiva que atrai um elétron, e o Fosforo, responsável por criar uma camada do tipo N, pois
possui cinco elétrons na sua camada externa, permitindo que o elétron sobressalente
movimente-se livremente. Essa área de junção P-N criará a condição para a formação de um
campo elétrico que divide as cargas (SILVA, 2013).

As células que utilizam sílicio se classificam em silício monocristalino (m-Si) e silício


policristalino (p-Si), expressando 85% do mercado, por ser uma procedimento de melhor
eficácia, consolidação e confiança (CRESESB/CEPEL, 2014).

2.4.1. Silício Monocristalino e Multicristalino:

O silício, sendo tratado da forma monocristalino ou multicristalino, é comentado por


(VILLALVA, 2015):

Primeiramente, as células de silício monocristalino (m-Si) que possuem maior eficiência


entre as fabricadas em larga escala, possui células rígidas e quebradiças com a cor preto ou azul
escuro. Sua eficiência varia entre 15 % e 18 %, mas como desvantagem possuem um alto custo
de produção.

Enquanto o silício multicristalino (mc-Si), que possui eficiência menor, entre 13 % e 15


%. Mas o seu processo de fabricação, no entanto, é mais barato em relação ao m-Si, o produto
também será de células rígidas na cor dominantemente em azul. Deve ser observado essa
relação de eficiência com o custo de fabricação de cada tecnologia a depender de cada situação.
(VILLALVA, 2015). As células apresentam diferenças físicas também, apresentadas nas
Figuras 6 e 7.
29

Figura 6 Diferença entre uma célula monocristalina e um multicristalina.

Fonte: Chitolina, 2017

Figura 7 Diferença visual entre um módulo monocristalino e um multicristalino.

Fonte: Chitolina, 2017.

2.4.2. Tecnologia de filmes finos

O silício ainda pode ser do tipo amorfo, que juntamente com as de telureto de cádmio,
as de disseleneto de cobre gálio-índio, são agrupadas como filmes finos, como na Figura 8. Essa
tecnologia não é tão amplamente empregada como o silício cristalino. Uma das vantagens é que
os módulos podem ser fabricados com placas de vidro ou sobre filmes plásticos ou metálicos,
que podem ser flexíveis. Apesar disso, a eficiência das células solares de silício cristalino é
maior que a desses dispositivos (CRESESB/CEPEL, 2014).

A tecnologia de filmes finos corresponde 12 % da produção mundial, visto que estes


apresentam alta absorção óptica, comparado ao c-Si, e permitem fabricar células fotovoltaicas
30

muito finas, na casa dos micrômetros (μm). Desde a década de 1980 o a-Si:H é usado em células
para produção de calculadoras, relógios digitais e outros equipamentos (CRESESB/CEPEL,
2014).

O a-Si é frequentemente empregado na arquitetura, sendo alocado nas coberturas de


telhado e fachadas das edificações, sendo esteticamente mais atraente (RUTHER, 2004).

Figura 8 - Filme fino flexível.

Fonte: Chitolina, 2017.

O apelo estético faz deste tipo de tecnologia muito promissora para ser empregada às
edificações no Brasil, e a sua fabricação deve aumentar pelo seu potencial uso e por
demandarem pouca matéria prima e energia na sua fabricação. Outra vantagem da tecnologia
dos filmes finos é que quando integrados a edificações, eles dispensam os custos relativos à
área ocupada por estruturas projetadas ao nível do solo, bem como os custos de preparação do
terreno (RUTHER, 2004).

2.4.3. Novas Tecnologias


A terceira geração de células FV ainda se encontra em fase de desenvolvimento e
pesquisa, mas foi inicialmente definida como uma tecnologia não tóxica, com materiais
abundantes e com uma perspectiva de redução de custos (NASCIMENTO et al., 2013).
31

Ainda em desenvolvimento, pode-se citar as células multijunção e as células


fotovoltaica para concentração (CPV), células sensibilizadas por corante (DSSC) e células
orgânicas ou poliméricas (OPV). São inicialmente não tóxicas e eficientes, principalmente a
CPV, mas ainda não apresentam compensação financeira no mercado atual
(CRESESB/CEPEL, 2014).

As diversas células presentes no mercado são apresentados na Figura 9.

Figura 9 – Módulos FV

(a) silício policristalino, (b) silício monocristalino, (c) silício amorfo, (d) filme fino com encapsulamento flexível,
(e) CIS e (f) silício monocristalino com encapsulamento vidro-vidro.

Fonte: Almeida, 2012.

Um sistema fotovoltaico pode ser classificado em três categorias distintas: sistemas


isolados, híbridos e conectados a rede. Os sistemas obedecem a uma configuração básica onde
o sistema deverá ter uma unidade de controle de potência e também uma unidade de
armazenamento.

2.5.MÓDULOS
Para Zilles (2016), um módulo fotovoltaico é composto das células associadas
eletricamente, sendo constituído de 36 a 216 células ligadas em série e/ou em paralelo. Os
32

módulos fotovoltaicos podem ser de diferentes materiais, tamanhos, potência e características


de funcionamento, mas como apresentado anteriormente, eles são constituídos da associação
de células que utilizem o efeito fotovoltaico.

Em qualquer instalação deste tipo, o módulo solar fotovoltaico é o elemento básico que
os fabricantes fornecem ao mercado. A quantidade de células individuais conectadas em série
irá compor a tensão do módulo. Enquanto que a quantidade de módulos conectados em série
determinará a tensão em que o sistema em corrente contínua (CC) funcionará. É a partir deste
elemento básico que o projetista deverá planejar o gerador fotovoltaico. A corrente do gerador
solar é definida pela conexão em paralelo de painéis individuais ou do conjunto de módulos
conectados em série (ZILLES et al., 2016).

Conforme confirma... A potência instalada, normalmente especificada em CC, é dada


pela soma da potência nominal dos módulos individuais (RUTHER, 2004).

Figura 10 - Variação de Voc e Isc com a radiação solar

Fonte: Zilles et al., 2016.

É possível observar no gráfico apresentado pela Figura 10 que a radiação solar e a


temperatura são relacionadas a alteração no comportamento elétrico do material. A corrente se
comporta de maneira linear com o aumento da intensidade da radiação solar e a tensão é mais
sensível, mas pouco varia pois satura a partir de certo nível.
33

Figura 11 - Comportamento de I - V para o módulo MSX-77 diante da temperatura

Fonte: Zilles et al., 2016.

O aumento da temperatura do módulo fotovoltaico provoca uma redução na tensão do


circuito aberto e uma perda de potência de forma praticamente proporcional, além de um
pequeno aumento de corrente, como observado na Figura 11 que apresenta o comportamento
do módulo MSX-77.

2.6.INVERSORES

Um inversor será utilizado se o sistema planejado fotovoltaico for conectado à rede,


como os módulos fotovoltaicos obterão energia de tensão/corrente contínua, os inversores
atuarão modificando a forma da onda da tensão e corrente alternada, forma padrão utilizada
para que os aparelhos residenciais funcionem. Por se tratar de um aparelho mais sensível ao
surto de correntes, é necessária a sua proteção. (VILLALVA, 2015). Deve-se projeta-lo com
um DPS para evitar acidentes com os surtos de corrente.

A regulamentação referente a energia fotovoltaica preocupa-se com a proteção,


inclusive aos inversores (CRESESB/CEPEL, (2014)). Cita que os inversores atuais convertem
a corrente/tensão elétrica contínua em alternada e detectam possíveis interrupções de energia
elétrica na rede. Um dos objetivos é a prevenção de acidentes de trabalho de funcionários de
companhias elétrica quando precisam atuar na rede.
34

Em um SFCR o inversor serve para adequar as características da energia gerada pelos


módulos às características da rede elétrica convencional. Segundo (PEREIRA; GONÇALVES,
2008), os inversores empregados em SFCR têm como funções básicas:

• Rastreamento do Ponto de Máximo de Potência (MPPT – Maximum Power Point


Tracking) – Esta técnica, avaliando a corrente e a tensão dos módulos FV, ajusta o
funcionamento para maior aproveitamento da radiação solar.

• Converter a corrente/tensão CC gerada pelas células fotovoltaicas em CA: É a função


mais básica, o inversor converterá a energia em forma de onda alternada com a maior
verossimilhança possível.

• Desconexão e isolamento: O inversor atuará como um dispositivo de proteção similar


a um fusível, desconectando SF da rede caso detecte anomalias na corrente, tensão e frequência,
protegendo a rede elétrica ou também do lado CC. O inversor ainda desempenha a isolação do
arranjo fotovoltaico quando é necessário empregar manutenção ou ocorre falhas.

2.7.CONFIGURAÇÕES DO SISTEMA FOTOVOLTAICO


Dispositivos fotovoltaicos são associados em série e/ou paralelo, com o objetivo de
obter uma corrente e tensão adequadas para suprir a demanda. Essas conexões são chamadas
de arranjo fotovoltaico e que provê apenas uma saída de tensão e corrente (CRESESB/CEPEL,
2014).

Existem duas formas de configurar os sistemas FV. Uma opção é acumular a energia
proveniente da radiação solar em bancos de baterias, outra alternativa é interligar à rede pública.
São chamados respectivamente de sistemas isolados e interligados. Conforme ilustra a Figura
12.
35

Figura 12 - Diferença entre o sistema isolado e conectado à rede.

Fonte: Chitolina, 2017.

Os sistemas fotovoltaicos são utilizados para a geração de energia elétrica através da


radiação solar. Existem dois tipos de sistemas fotovoltaicos: o sistema fotovoltaico isolado e o
sistema fotovoltaico conectado à rede elétrica.

2.7.1. Sistema Fotovoltaico Isolado

O sistema fotovoltaico isolado é indicado para regiões onde a rede elétrica da


concessionária não está presente, através do uso de baterias para armazenar a energia elétrica,
é capaz de fornecer energia elétrica inclusive nos momentos de baixa ou nenhuma incidência
solar. É composto pelos seguintes equipamentos: Painel fotovoltaico; Controlador de carga;
Baterias e Inversor (URBANETZ JUNIOR, et al., 2010).

Porém podem se destacar que alguns sistemas isolados não necessitam de


armazenamento, a eletricidade é usada instantaneamente, por exemplo, para a irrigação,
bombeando agua diretamente para ser consumida ou estocadas em reservatórios.

Quando se utiliza um banco de baterias em sistemas pequenos que utilizam baixa tensão
e corrente contínua, é necessário controlar a carga e a descarga das baterias, para esta função é
utilizado um controlador de carga. O dispositivo atua de maneira a proteger a bateria de
descargas e sobrecargas intensas. (SILVA, 2013).
36

No caso da eletrificação rural de domicílios, a RN 493/2012 exige das


concessionárias que o atendimento com SFDs seja realizado em
corrente alternada, na tensão nominal de 127 ou 220 volts, de acordo
com os níveis de tensão de distribuição predominantes no município.
Esta exigência tem o objetivo de oferecer mais possibilidades de
utilização de aparelhos eletrodomésticos comercialmente disponíveis e,
ao mesmo tempo, equiparar o serviço com o atendimento convencional
disponível nos centros urbanos. Esta RN também introduz a
possibilidade de utilização de sistemas mistos c.c. e c.a. no caso dos
SIGFIs (CRESESB/CEPEL, 2014).

2.7.2. Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede Elétrica

As primeiras aplicações da tecnologia fotovoltaica foram na forma de sistemas isolados,


com a expansão da tecnologia, os sistemas começaram a serem conectados as redes, onde a
potência produzida pelo gerador fotovoltaico é entregue diretamente à rede elétrica. Para que
isto ocorra, é necessário o uso de um inversor. Os SFCR foram regulamentados através da
Aneel, pela Resolução 482 de abril de 2012(e a ren687/2015?), que estabeleceu as condições
iniciais para o acesso de microgeração e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição.
A Figura 13 apresenta uma instalação fotovoltaica residencial conectada à rede, atendendo as
necessidades da residência (CRESESB/CEPEL, 2014).
37

Figura 13 - Diagrama esquemático de uma instalação residencial conectada à rede.

Fonte: Zilles et al., 2016.

A residências, além de produtoras, passam a ser produtoras de energia. Uma das


vantagens, além da alta produtividade, é a possibilidade de se desconectarem automaticamente
quando ocorre qualquer falha na rede. Quando a rede elétrica é restaurada, o sistema volta a
operar normalmente. Devido ao fato de o sistema fotovoltaico ser diretamente ligado à rede, os
seus elementos são apenas o painel fotovoltaico e o inversor, já que se dispensa a necessidade
de armazenar energia. (ZILLES et al., 2016).

Os sistemas são classificados a depender da sua capacidade instalada, conforme as


definições utilizadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) (VILLALVA, 2015).
A REN 687/2015 apresenta:

• Microgeração: potência instalada até 75 kW;

• Minigeração: potência instalada entre 75 kW e 3 MW para usinas hidrelétricas e 5 MW


para as demais fontes geradoras;

• Usinas de eletricidade: potência superior a 3 MW para usinas hidrelétricas e 5 MW


para outras fontes geradoras.
38

Para o emprego de sistemas fotovoltaicos em usinas ligadas ao sistema elétrico, devem


ser seguidas as regras gerais de usinas que incidem também sobre as outras fontes de energia
como as hidrelétricas e as termelétricas. A tarifação dessa energia é feita pelo mercado de
comercialização ou mercado livre e se aplicam as tarifas padronizadas para esse tipo de conexão
(VILLALVA, 2015).

Tratando-se de um circuito de corrente continua, não há diferença do SFRC com uma


instalação convencional de baixa tensão, a única característica diferente que pode ser notada é
o inerente estado de energização do gerador fotovoltaico quando incidido por luz, portanto a
instalação deve, compulsoriamente, obedecer às normas técnicas pertinentes (ABNT, 2004)
para instalações de baixa tensão (RÜTHER, 2004).

Isto é, os projetos devem estabelecer condições para garantir a segurança de pessoas e


animais, além do funcionamento de todos os componentes dos sistemas, que são os módulos
FV, condutores, caixas de junção, inversores, dispositivos de proteção e sistemas de aquisição
de dados.

(RÜTHER, 2004) complementa que é necessário uma confiabilidade da estrutura onde


estarão fixados os painéis fotovoltaico, eles devem ser deve ser resistentes de maneira a receber
as cargas sem serem comprometidos, no tempo esperado de a vida útil que é de
aproximadamente 30 anos.

São aqueles que trabalham concomitantemente à rede elétrica da distribuidora de


energia. De forma sucinta, o painel fotovoltaico gera energia elétrica em corrente contínua e,
após convertê-la para corrente alternada, é injetada na rede de energia elétrica. Tal conversão
se dá pela utilização do inversor de frequência, que realiza a interface entre o painel e a rede
elétrica. (PEREIRA; GONÇALVES, 2008).

2.7. CARACTERISTICA DOS SISTEMAS EM MANAUS

A geração elétrica distribuída, isto é, o consumidor produzindo a sua própria energia


começou a ser incentivado recentemente, pois estímulos à geração distribuída em todo o Brasil
se justificam pela oportunidade de se investir recursos em outras áreas sem a preocupação
imediata com a expansão dos sistemas de transmissão e distribuição. Além de impulsionar as
39

alternativas de energia mais limpa. A Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, instituiu
uma resolução normativa estabelecendo condições gerais para mini e micro geração de energia
elétrica, que junto com posteriores normas técnicas, vem aperfeiçoando e moldando o padrão
nacional, de modo a simplificar a conexão das mini e micro centrais à rede das distribuidoras
de energia elétrica.

A residência contemplada com o projeto fotovoltaico se encontra na cidade de Manaus,


sendo atendida pela companhia elétrica Amazonas Distribuidora de Energia S.A. Conforme
exigência ANEEL, através da resolução normativa de número 482 de 2012, as distribuidoras
de energia, incluindo a Amazonas Distribuidora de Energia, tiveram de se adequar para receber
os consumidores, que através da geração de energia própria, desejam se conectar à rede. A
companhia criou duas normas: uma referente à Minigeração Distribuída ao sistema de
distribuição de Média Tensão, nas tensões nominais de 13,8 kV e 34,5 kV, aprovada pela RES
nº. 186/2016; outra referente exclusivamente à Microgeração Distribuída ao sistema de
distribuição de Baixa Tensão potência instalada menor ou igual a 75 kW, aprovada pela RES
n° 187/2016.

Segundo (ANEEL, 2016):

A geração distribuída é caracterizada pela instalação de geradores de pequeno porte,


normalmente a partir de fontes renováveis ou mesmo utilizando combustíveis fósseis,
localizados próximos aos centros de consumo de energia elétrica.

Para conectar-se à rede, as unidades consumidoras, devem solicitar por escrito à


concessionária, através de um documento de Solicitação de Acesso, Anexo A, licença para
utilização ou instalação de minigeração em sua unidade consumidora obedecendo aos
procedimentos exigidos pela própria concessionaria; É preciso submeter o projeto de
minigeração à análise para após inspeções e testes, se obtenha a liberação de funcionamento
por parte da Eletrobrás Distribuidora. Na Tabela 2 encontrar-se os requisitos de níveis de tensão
considerados para conexão de micro e minicentrais geradoras.
40

Tabela 2 - Tipo de conexão em função da potência do sistema de minigeração.

Fonte: (ELETROBRÁS)

As etapas que devem ser seguidas para acesso ao sistema da concessionária aplicam-se
tanto a novas conexões quanto à alteração de geração. Para possibilitar a admissão à rede, o
consumidor deve cumprir as etapas de solicitação de acesso e parecer de acesso. Essas etapas
são apresentadas na tabela 3 a seguir.

Tabela 3 - Etapas de Acesso de Microgeradores ao Sistema de Distribuição da Eletrobrás

Fonte: Eletrobrás, 2016


41

2.8.CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dessa forma, verifica-se que o embasamento teórico das diferentes etapas do


dimensionamento de sistemas de geração fotovoltaicos e o entendimento de como atuam as
células respondendo ao efeito fotovoltaico e aos demais equipamentos para o desenvolvimento
do sistema gerador, as normas técnicas e o desenvolvimento da tecnologia no mercado, assim
como melhora a compreensão o capítulo de trabalhos correlatos, que abordará diversos projetos
práticos, servem de ferramenta e analogia ao problema do trabalho apresentado e que
fundamentará a seleção do melhor caminho para a solução do estudo de caso.
42

3. TRABALHOS CORRELATOS

Este capítulo apresenta uma compilação de trabalhos na área de dimensionamento de


projetos e o uso de células fotovoltaicas que fundamentam e direcionam para a elaboração e
solução do presente projeto. A principal utilidade da consideração desses trabalhos é analisar
os métodos empregados, a abordagem dos problemas, consultar o material das literaturas como
referência e a comparação das possíveis soluções.

Este capitulo desenvolve os trabalhos pertinentes, destacando a ideia central dos autores,
numa primeira parte são discorridos os trabalhos que tratam de sistemas conectados à rede e
por fim é apresentada características das componentes peculiares à região, como as
componentes solares e sociais, de maneira a identificar concisamente as propostas das etapas
para o desenvolvimento de um projeto eficiente e os seus efeitos. Os trabalhos também
fundamentam o cenário atual da tecnologia no mercado brasileiro.

3.1. SISTEMAS CONECTADOS À REDE


O sistema fotovoltaico de 12 kWp conectado à rede, apresentado por Barros (2011), é
dimensionado em um prédio da UFRJ, além das etapas de levantamento do potencial energético
solar e o levantamento das condições locais, o trabalho aborda de maneira bem detalhada o
estudo de sombreamento e da otimização da posição dos painéis.

Um sombreamento sobre a superfícies dos módulos solares prejudica a eficiência com


que a energia elétrica é gerada. Nos geradores domiciliares, o sombreamento mais comum
costuma-se ser temporário, ou seja, em consequência do acumulo de poeira e folhas, motivo
pelo qual deve-se manter uma constante limpeza nos módulos. Quando existe alguma outra
edificação próxima ou mesmo arvores que podem projetar sombras, é necessário calcular o
ângulo de elevação através a diferença de altura existente entre as estruturas e a distância. Por
intermédio da formula:

h1 - h2
tan  
d

Onde:

h1 e h2 são as alturas dos respectivos elementos de onde estão alocados os módulos e a


edificação que pode provocar sombra.
43

d é a distância entre eles.

O  encontrado será o ângulo em que o sol estará formando no horário do


sombreamento.

O projeto de Santana (2014) é similar, porém introduz o uso de software simulador,


como o PVsyst, ferramenta computacional mais consagrada atualmente no mercado para
dimensionamento de sistemas fotovoltaico para cálculo de produção de energia, com a
capacidade de quantificar as perdas por sombreamento e desvio de orientação dos módulos, a
Figura 14 mostra uma simulação feita no programa para o trabalho.

Figura 14 - Imagem da Simulação do Efeito de Sombras em painéis FV.

Fonte: Santana, 2014.

Ambos os trabalhos vistos são no âmbito de prédios públicos. Esteves (2014), apresenta
um estudo técnico de viabilidade econômica onde é avaliado a eficiência e compensação das
técnicas fotovoltaicas para uma residência rural particular no estado de São Paulo, contudo,
conectado à rede pública de energia. A compensação é estimada após o dimensionamento do
sistema FV e por instrumento do levantamento de custo do sistema, do consumo e das tarifas
de energia operada é possível estimar em anos quando ocorrerá compensação. O gráfico da
Figura 15 relaciona o quando será produzido e o quanto será consumido, tornando clara a
diferença devido a obrigatoriedade mínima de determinado consumo conforme a conexão
existente na unidade consumidora.
44

Figura 15 - Gráfico de consumo com geração

Esteves (2014)

Com as políticas de incentivo cada vez mais dinâmicas e com as diferentes modalidades
da tecnologia, as possibilidades de compensação oferecidas pelas normas devem ser trabalhadas
adequadamente conforme a necessidade, o autor Chitolina (2017) utiliza técnicas de análise de
retorno de investimento e ainda explora o conceito de autoconsumo remoto, cujo é permitido a
um usuário da rede de energia que possua duas ou mais unidades consumidores compensar com
abatimento de sua conta de energia através de permuta de energia, aproveitando o crédito
gerado por uma unidade em benefício de outras.

Almeida (2012) qualifica os sistemas fotovoltaicos sob os aspectos de comissionamento


e caracterização da produção de energia e aborda metodologias para calcular a energia injetada
na rede através de modelos matemáticos e procedimentos de medição, tanto novos quanto
convencionais. Compete ao seu trabalho o desenvolvimento do cenário de perdas aos quais o
sistema fotovoltaico estão sujeitos, desde o gerador FV até o ponto de conexão fotovoltaico.
Caracteriza-se as perdas pela temperatura de célula, o descasamento espectral, já calculado
através da irradiância total característica, o posicionamento não ideal, degradação das células
FV, sombreamento e o acúmulo de gotículas sobre o gerador, eficiência dos inversores ou sua
limitação de potência, perdas somadas que diminuirão a eficiência para um patamar próximo
de 0,8.
45

3.2. CARÁTER DA ENERGIA FV NA REGIÃO

(Gasparin; Krenzinger, 2017) realiza estudo do impacto do ângulo de inclinação e


orientação do arranjo fotovoltaico na produção anual de eletricidade com o nível de
detalhamento dez cidades brasileiras, investiga as inclinações do painel fotovoltaico entre 0 e
90° e ângulo de azimute compreendendo todas as direções, os resultados indicam que há uma
faixa relativamente ampla de inclinações e orientações do arranjo fotovoltaico para exploração
em que a produção anual de eletricidade difere de apenas 1 % de um sistema de referência, isto
é, com a orientação considerada ideal, onde a inclinação do arranjo fotovoltaico é igual à
latitude local e orientado para o norte geográfico, verifica-se a viabilidade de uma instalação
em uma edificação cujas águas dos telhados sejam orientadas nas direções leste/oeste,
permitindo decidir qual a orientação preferencial em um caso destes. Para Manaus, incluída
neste faixa, a diferença da energia entre uma orientação leste ou oeste não chega a ser relevante

Tabela 4 - Energia anual sob diversos ângulos de orientação em Manaus – AM.

Fonte: Gasparin e Krenzinger, 2017.

Outro trabalho que caracteriza a região amazônica é o de (Nogueira, 2000) onde o estudo
realizado tem a finalidade de mensurar os resultados da implementação do projeto de energia
solar fotovoltaica em comunidades ribeirinhas na região do Alto Solimões. O trabalho aborda
as características socioculturais da região e como a população integra a tecnologia às
comunidades, ainda destaca a viabilidade e sustentabilidade desta tecnologia comparada com o
uso feito da gasolina para geração de energia nessas áreas. Fica evidente que a energia
fotovoltaica pode ser empregada para o progresso da região, diminuindo o isolamento,
46

facilitando a comunicação, fomentando a educação ou mesmo contribuindo para atividades de


lazer, a energia elétrica, e sustentável para a região, promove qualidade de vida.
47

4. MÉTODO DE DIMENSIONAMENTO

O primeiro passo que deve ser tomado para o dimensionamento de um sistema FV é o


conhecimento do consumo de energia, que pode ser estipulado pelo histórico do consumo, após
conhecer a demanda que se pretende atender, o próximo passo é avaliar o espaço para a
instalação dos módulos fotovoltaicos , o primeiro é analisar o histórico de consumo de energia,
o segundo analisar a disponibilidade de área para instalação dos módulos FV, por fim, o
orçamento disponível para investir na microgeração de energia (VILLALVA, 2015).

É proposto o uso de SFCR pelo fato de um SFCR ser conectado diretamente à rede
elétrica, cortando os custos que seriam despendidos com a necessidade do uso de um banco de
baterias. (ZILLES et al., 2017) inclui ainda que um banco de baterias pode não aproveitar o
potencial de um sistema fotovoltaico, pois a depender do dimensionamento feito, os
acumuladores de energia podem interromper o trabalho dos geradores de energia quando
obtiverem toda a carga limite, não alcançando toda a capacidade de geração de energia.

Na etapa do dimensionamento, os equipamentos principais a serem combinados com a


rede elétrica local são: o próprio gerador fotovoltaico e o inversor. As fases de geração de
energia em c.c., transformação para c.a. não são livres de perdas, o aumento da temperatura do
gerador, as perdas ôhmicas do cabeamento, e as perdas do SPMP, serão equacionados à
eficiência do arranjo FV.

4.1.COLETA DE DADOS

Através de autorização assinada conforme o Anexo F, a residência foi visitada para o


levantamento das características da UC e coleta de informações necessárias para a elaboração
do projeto. As informações filtradas foram referentes ao consumo básico e a forma da conexão
com a rede. A última conta de energia, Anexo B, foi reunida para análise do histórico de
consumo da carga, apresentado na Tabela 5, a tensão de entrada, o grupo, tarifa operada e a
classificação da UC.
48

Tabela 5 - Consumo Residêncial.

Fonte: Próprio Autor, 2017.

Na tabela 5, foi listada a demanda dos últimos 10 meses, de novembro de 2016 até
Agosto de 2017, conforme foi possível obter uma média simples para obter o percentual do
consumo a ser suprido, nesta etapa, optou-se por dimensionar um sistema fotovoltaico capaz de
suprir o consumo médio mensal. As próximas etapas levam em consideração a mensuração da
irradiação no local e a demanda que pretende-se alimentar, para determinar finalmente a
potência de pico do painel fotovoltaico e fazer as escolhas dos módulos. E por fim, para atender
às conexões à rede, determina-se os inversores que sejam igualmente compatíveis com os
painéis solares.

4.2.ÁREA PARA INSTALAÇÃO DOS PAINÉIS

A superfície onde instalar-se-ão os painéis fotovoltaicos deve ser resistente e garantir a


mínima interferência na radiação solar sobre o conjunto gerador. Para maximizar a energia
coletada nas células, os painéis solares devem ser orientados com a inclinação semelhante à
latitude local.

A residência é localizada em Manaus, capital do estado do Amazonas, conta com a


latitude de 3° ao sul, ou simplesmente -3°. Composta de dois pavimentos, a casa é situada em
um condomínio que, por padrão, limita a altura das casas e a construção de mais andares. A
casa encontra-se num plano superior as outras residências vizinhas possui edificação próxima
que possa projetar sombreamento.
49

A Figura 16 mostra a parte sul da residência e o seu telhado, e através da verificação nas
plantas do projeto arquitetônico da residência, cedidas pelo proprietário, foi apurada a área
disponível para a instalação dos painéis fotovoltaicos. O telhado é dividido em duas partes com
quedas à 20%, cada parte desta com uma área aproximada de 39,72 m², em um plano inclinado
de 11,3°. A soma das duas “quedas” totaliza a área de 79,44 m².

Figura 16 - Vista traseira da residência.

Fonte: Proprio Autor, 2017.

A Figura 17 apresenta uma imagem de satélite coletada no Google Earth, localizando a


residência em questão na cidade de Manaus.

Figura 17 - Imagem de satélite

Fonte: Google Earth, 2017.


50

As coordenadas geográficas da residência em latitude e longitude são, respectivamente,


3,058° Sul e 60,012° Oeste. Na Figura 18 é possível ver com maiores a residência e o telhado
onde serão instalados os módulos fotovoltaicos, na porção norte, a mais indicada para a
instalação do complexo gerador FV.

Figura 18 – Residência em Manaus.

Fonte: Próprio Autor, 2017.

4.2.1. IRRADIAÇÃO SOLAR NA RESIDÊNCIA

A CRESESB, Centro de Referência para as Energias Solar e Eólica Sérgio de Salvo


Brito, criado pelo MME - Ministério Brasileiro de Minas e Energia e com apoio do MCT –
Ministério Brasileiro de Ciência e Tecnologia, disponibiliza no seu sitio eletrônico o programa
SunData, do qual é possível obter informações da irradiação solar diária média mensal em
qualquer ponto do território nacional. A tabela 6 lista os valores de irradiação obtidos com a
coordenada da residência imputados no programa.
51

Tabela 6 - Irradiação solar diária média (Plano Inclinado igual a zero graus)

Fonte: (CRESESB, 2017)

Possuindo as coordenadas de localização de qualquer ponto, através do sitio eletrônico


da CRESESB, é possível acessar o banco de dados de irradiação no território brasileiro, os três
pontos próximos à residência onde são obtidos valores de irradiância estão listados na tabela de
irradiação solar diária média (dos índices), e a coordenada que mais se aproxime da residência,
é a região de latitude 3,001°S e longitude 60,049°O, distando-se apenas de 110 m, conforme
Figura 19.

Segundo (CRESESB/CEPEL, 2014), “Caso se faça o dimensionamento de um


determinado sistema considerando um valor único de irradiação solar (...) o valor adotado para
o dimensionamento seria o “pior mês” dentre todas as fontes a que se tiver acesso”, como
optamos pela média, podemos optar analogamente à menor média, sendo, neste caso, uma
irradiação de 4,30 KWh/m².dia.
52

Figura 19 - Distância entre a residência e o ponto de coleta de dados de irradiação.

Fonte: Google Earth, 2017.

A Tabela 7 indica o índice solarimétrico conforme plano de inclinação dos painéis.


Observa-se que o melhor caso, utilizando o índice solarimétrico que apresenta a “Maior média
anual”, temos que a média anual é de 4,33 KWh/m².dia com inclinação de 4° na direção norte,
pouca diferença dos valores de irradiação encontrados com a inclinação igual a zero.

Tabela 7 - Irradiação solar diária média

Fonte: (CRESESB, 2017)

No Anexo C, informações similares são encontradas no diagrama de porcentagem de


captação anul de irradiação solar (zilles et al. 2016), conforme os ângulos de inclinação e
azimute, para Manaus. A disponibilidade é de 1.800 kWh/m², na tabela de fatores de correção
que acompanha o diagrama é indicado a melhor orientação, com o fator de correção igual a 1,
53

e a medida que este fator diminui, maior é a redução da energia incidente. O valor para 10° é o
mais proximo da inclinação do telhado da superficie que será instalada as células, apresenta
0,997 e mesmo para uma inclinação hipoteticamente maior, de 20°, o fator ainda seria de apenas
0,97. O telhado tem duas quedas que o divide, uma área sul e outra na que é a mais indicada
para instalação dos paineis no locais situados ao sul do equador, a porção norte, em relação à
horizontal, e como também pode ser observado, desvios de orientação para o oeste ou leste
igualmente interferirá de forma insignificante na disponibilidade de irradiação. Um dos
beneficios apresentado pela localidade ser proxima à linha do equador.

4.3.CÁLCULO DA POTÊNCIA DOS PAINEIS:

Através da Equação 4.1. é possível encontrar a potencia do painel fotovoltaico adequado


para gerar a energia esperada.

𝐶𝑔
𝑃𝑝 = (4.1)
𝐻× η

A qual a Potência Total (𝑃𝑝 ) do painel fotovoltaico (kWp) será responsável para a
escolha dos painéis; A capacidade de geração de energia (𝐶𝑔 ) é a energia elétrica diária média
que deverá ser produzida (kWh/dia) para atender a demanda da residência; É a irradiação
diária (𝐻) média no plano do painel fotovoltaico (kWh/m²/dia), recolhido através da planilha
CRESESB; η é o rendimento que corresponde ao desempenho global de um sistema
fotovoltaico considerando as perdas de energia que ocorrem nos painéis, no cabeamento e
inversor.
54

5. RESULTADOS

O capítulo apresenta os resultados alcançado no dimensionamento do projeto, levando


em consideração as etapas da metodologia proposta no capítulo anterior, com o intuito de
desenvolver um sistema fotovoltaico conectado à rede.

5.1.ESCOLHA DO MODULO FOTOVOLTAICO

A demanda elétrica da residência é de 762,9 Kwh/mês, porém com obrigatoriedade de


pagar por 100 kWh/mês da concessionária, o sistema pode descontar este valor para a projeção
final dos geradores, adequando à demanda diária pela divisão por 30, o valor da Energia que à
ser gerada é de 22,09 kWh/dia. Com a irradiação coletada, que reflete a quantidade de irradiação
no período do dia, ou seja, o tempo de exposição, de 4,30. E considerando que mesmo com as
perdas gerais o sistema trabalhará com um rendimento de 80% do projetado, a Potência Total
fornecida pelo painel fotovoltaico deverá ser de 6,42 kWp.

Para atender ao valor encontrado de 6,24 kWp, a quantidade de módulos fotovoltaicos


é calculada dividindo este valor pela potência especificada pelo fabricante da célula que
pretende-se utilizar, A cotação de preços individuais de 4 painéis é apresentada na tabela 8 com
o respectivo cálculo da quantidade de painéis que deve ser adquirida caso o painel seja
selecionado.

Tabela 8 - Comparação de painéis.

Fonte: Próprio Autor, 2017.


55

É possível perceber que o painel 1, da marca Rises Solar, tem a unidade mais barata,
porém não é o mais indicado, pois possui a menor potência, o que resulta numa necessidade
maior de placas para alcançar a potência desejada, elevando os custo e tornando-se o
investimento mais caro, além de requerer uma área maior de instalação que a existente na
unidade consumidora. O painel 4, marca Canadian Solar, proporciona mais vantagens, está à
frente de todos em quesito de eficiência e conforme (Zilles et al., 2016), “(...) O gerador
fotovoltaico é construído associando primeiro módulos em série, até conseguir a tensão
desejada,” o conjunto gerador necessitará apenas de 20 módulos para produzir 6,6 kWp e requer
área total de instalação menor que 39,72 m², esta quantidade pode ser disposta formando 4
fileiras com 5 painéis cada na porção norte do telhado indicada para instalação conforme a
Figura 20, e finalmente, este modelo ainda apresenta o menor preço total. Os preços da tabela
8 são os oferecidos pela (MINHA CASA SOLAR, 2017) com desconto para pagamento através
de boleto bancário.

O módulo fotovoltaico selecionado para o projeto é o da marca Canadian Solar, figura


21, é um modelo composto de células de silício policristalino, cuja folha de dados encontra-se
no Anexo D. Segundo as especificações elétricas em STC (Para Massa de Ar = 1,5; Irradiância
= 1000 W/m2 e temperatura da célula de 25 ºC), esse módulo tem 330 de potência máxima,
eficiência de 16,97%, tensão máxima de 37,2 V, corrente máxima de 8,88 A, uma tensão e uma
corrente de circuito aberto de 45,6V e 9,45 A, pesa 22.4 kg e com dimensões de 1960 x 992 x
40 (mm).

Figura 20 - Esquema ligação do Gerador

Fonte: Próprio Autor, 2017.


56

Figura 21- Módulo Fotovoltaico.

Fonte: Minha Casa Solar, 2017.

5.2.ESCOLHA DO INVERSOR

Os inversores devem ser instalados em local de fácil acesso, de modo a permitir que a
concessionaria opere o inversor com facilidade de acesso a qualquer momento para fins do
atendimento das equipes de manutenção e operação.

Tabela 9 - Comparação de inversores

Fonte: Próprio Autor, 2017.

O dimensionamento do inversor é baseado na potência total gerada pelo arranjo


fotovoltaico, que através do módulo selecionado, produzirá 6,6 kWp, logo o inversor deve
encontra-se dentro da faixa de 20% para mais ou para menos desse valor. Uma pesquisa de
preços de 3 inversores, realizada em (MINHA CASA SOLAR, 2014) com desconto para
pagamento através de boleto bancário, também foi realizada e consta na tabela 9.
57

Os inversores encontrados atendem para o intervalo citado. O inversor escolhido foi 1,


Figura 22, pela razão econômica. A sua folha de dados encontra-se no Anexo E, comparados
os dados do painel FV com os do inversor é conclusivo a conexão segura e o desempenho
satisfatório do sistema.

Figura 22- Inversor.

Fonte: Minha Casa Solar, 2017.

Apresenta um display onde o usuário pode visualizar informações do sistema e também


pode ser conectado através de uma conexão sem fio (Wi-fi) a um computador ou smartphone
para acesso a informações em tempo real sobre a geração de energia pelo sistema fotovoltaico.
O Inversor é dotado de um isolamento galvânico, que impede que problemas no arranjo dos
módulos ou no inversor sejam transferidos para a rede pública atendendo ao requisitos de
proteção solicitado pela concessionária na norma para microgeração. A marca possui garantia
e assistência técnica no Brasil.

5.3.CUSTO DO SISTEMA

Com os resultados obtidos, foi possível calcular o quanto de energia o sistema


fotovoltaico teria que gerar. Uma variável que impactou os cálculos de dimensionamento do
projeto é a cobrança compulsória pela concessionária da taxa mínima de disponibilidade do
sistema elétrico trifásico, referente a 100 KWh, que independentemente da utilização será
cobrado, significando que a média mensal da demanda, os 762,9 KWh a ser supridos, deve ter
este valor subtraído de seu total. O rendimento esperado de 80% do sistema devido as perdas
58

de energia que ocorrem pela temperatura e sujeira nos painéis, a incompatibilidade elétrica das
células, o efeito joule no cabeamento c.c e no cabeamento c.a. e as perdas de processo no
inversor também foi considerado para efeito de correção da potência total dos painéis.

Estas variáveis influenciaram na quantidade de módulos fotovoltaicos necessários,


resultando num total de 20, custando R$ 696,57 reais cada unidade e gerando o valor total de
R$ 13.931,40. O sistema possui um único arranjo fotovoltaico pelo qual é necessário um
inversor conectado à rede elétrica, com um custo de R$ 8.360,70.

Figura 23- Gráfico de custos do Sistema Fotovoltaico.

Fonte: Ruther, 2004.

Conforme a Figura 23, o custo dos painéis e do inversor representam 75% do custo final
do SFRC, os 25% restantes referem-se à instalação e ao BOS, sigla que designa o material
complementar utilizado no sistema fotovoltaico como cabeamento, conectores, estrutura de
fixação e proteções (RÜTHER, 2004). Excluindo-se o custo da elaboração do projeto, que não
é previsto na estimativa, o custo total de todo o sistema conectado à rede é de R$ 27.865,12.
59

CONCLUSÃO

Este trabalho teve como objetivo classificar e desenvolver as etapas de


dimensionamento de um sistema fotovoltaico conectado à rede, por meio da aplicação da
literatura numa residência localizada na cidade de Manaus, localidade propicia que possui uma
irradiação solar com disponibilidade anual classificada como ótima, na faixa de 1.800 KWh/m².
A intenção era comprovar a viabilidade técnica e econômica do sistema fotovoltaico explorando
o potencial da região.

Inicialmente, foi necessário realizar o levantamento da média mensal e anual que foi
consumida na residência atendida, o valor encontrado para a demanda de um ano foi o de cerca
de 9.151,8 KWh, mensurando o objetivo de geração pretendido, onde se chegou ao sistema
fotovoltaico apresentado que possui capacidade para uma geração anual de 7.954,8 KWh. As
informações pertinentes aos valores de irradiação da região e o conhecimento das características
do sistema complementaram o trabalho executado. Em seguida, os cálculos foram feitos para
a viabilidade técnica, determinando os equipamentos necessários.

Por fim, foi avaliado a resposta do investimento. A tarifa que levou-se em consideração
para estimativa de retorno foi a mesma praticada no período que se levantou a média de
consumo, de novembro de 2016 à setembro de 2017, no valor de R$ 0,715026, levando os
tributos sobre a mesma em consideração. Com a tarifa estabilizada neste valor foi feita uma
comparação simples com o gasto do que é consumido de KWh em um ano, a demanda da
residência, com o que será gasto após a geração. Constitui-se uma possível economia de R$
5.687,88 por ano, e conforme o valor inicial do sistema de R$ 27.865,12, uma simples divisão
do custo total pela economia anual torna possível estimar que em cerca de 5 anos o sistema
começaria a dar retorno, e se considerássemos que a matriz energética brasileira depende
consideravelmente da disponibilidade hídrica e apreciando que as tarifas estão igualmente
sujeitas à política, o reajuste do preço elevando o custo final da energia elétrica ao consumidor
é previsível, sendo mais atraente ainda a opção do sistema fotovoltaico, pois a quantidade de
tempo para retorno diminuiria.
60

As sugestões para trabalhos futuros deste projeto, no intuito de aproveitar as


possibilidades que os SFCRs oferecem, é combinar os diversos tipos de configuração que são
possíveis para arranjos fotovoltaicos, como sistemas de várias combinações gerador-inversor
descentralizadas, a fim de se conseguir melhor eficiência. Uma outra sugestão é determinação
de índices de mérito na cidade de Manaus, utilizando a residência para estudo como referência
para a determinação de índices de produtividade de referência, produtividade do sistema,
perdas, performance ratio, fator de capacidade para sistemas localizados na cidade de Manaus,

Para melhoria do trabalho apresentado, o proprietário da residência mostrou-se


interessado em integrar ao sistema um banco de baterias, pois sofre diariamente, principalmente
no período noturno, com a instabilidade de fornecimento da concessionária. O presente trabalho
de geração solar pode ser associado com práticas de eficiência energética, verificar a troca de
equipamentos para a redução de consumo e custos, além de estimular uma consumo de
eletricidade consciente utilizando, valorizando a energia gerada e contribuindo para a
sustentabilidade da região.

Sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica já se apresentam com um investimento


rentável e devem se tornar mais comuns entre as residência brasileiras e serem incentivados na
região da Amazônia. Uma unidade consumidora que opta pelo uso de um sistema FV conectado
à rede elétrica fica imune as oscilações de preços da energia e garante o próprio abastecimento
pelo período mínimo de tempo de vida útil esperado para o sistema, em torno de 25 à 35 anos.
O uso da energia solar mais do que diminuir gastos com as contas de energia, gera empregos e
ajuda a movimentar a economia nacional, como também contribui na preservação ambiental,
principalmente desafogando grandes sistemas de geração e distribuição que necessitam de
grandes intervenções na natureza, isto é, as hidrelétricas a grandes linhas de transmissões pela
floresta.
61

REFERÊNCIAS

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conceitos e aplicações. 1º Edição. São Paulo: Érica, 2012.

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Fotovoltaica Integrada a Edificações Urbanas e Interligada à Rede Elétrica Pública no Brasil.
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63

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setembro de 2017.
65

ANEXOS
ANEXO A – FORMULÁRIO DE SOLICITAÇÃO ELETROBRÁS
66

ANEXO B – DEMANDA DA RESIDÊNCIA DE ESTUDO


67

ANEXO C – DISPONIBILIDADE PARA MANAUS


68

ANEXO D – FOLHA DE DADOS DA CÉLULA FOTOVOLTAICA


69

ANEXO E - FOLHA DE DADOS DO INVERSOR


70

ANEXO F

Autorização do Proprietário para Utilização da Residência

Eu,
___________________________________________________________________,
CPF: RG:

Autorizo Jairo Henrique Santos Moura (CPF: 988.986.982-91, RG: 100 7422) para
realizar visita técnica na minha residência particular e utilizar as informações pertinentes
utilizando-a como modelo de estudo e projeto de dimensionamento fotovoltaico, autorizando
essas informações e imagens para admissível uso no estudo de caso dirigido para o Trabalho de
Conclusão de Curso em engenharia elétrica, realizado para o Centro Universitário do Norte –
UNINORTE.

Manaus – Amazonas, ( __ / __ / __ ).

_______________________________________________________________

Proprietário

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