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Alberto de Oliveira
É, porém, em 1883, com a publicação do segundo livro de Alberto
de Oliveira, Meridionais, que o Parnasiano parece despontar na
poesia brasileira. A partir dessa obra, o poeta passa a preocupar-
se cada vez mais com as exigências clássicas de correção
métrica e gramatical, de precisão vocabular e de economia de
figuras, seguindo uma doutrina estética antecipada por Machado
de Assis.
As Pombas A um poeta
Vai-se a primeira pomba despertada... Longe do estéril turbilhão da rua,
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas Beneditino escreve! No aconchego
De pombas vão-se dos pombais, apenas Do claustro, na paciência e no sossego,
Raia sanguínea e fresca a madrugada... Trabalha e teima, e lima , e sofre, e sua!
Quanta gente que ri, talvez, consigo Por isso, corre, por servir-me,
Guarda um atroz, recôndito inimigo, Sobre o papel
Como invisível chaga cancerosa! A pena, como em prata firme
Corre o cinzel.
Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja a ventura única consiste Corre; desenha, enfeita a imagem,
Em parecer aos outros venturosa! A ideia veste:
Raimundo Correia Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem
Azul-celeste.
OLAVO BILAC
Obras principais: Poesias (Reunião dos livros Panóplias, Via- Torce, aprimora, alteia, lima
láctea e Sarças de fogo -1888); Tarde (1918) . A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Antonio Candido definiu Olavo Bilac como um "admirável poeta Como um rubim.
superficial".
Segundo Sergius Gonzaga, é Admirável a sua habilidade técnica Quero que a estrofe cristalina,
que o leva a versificar com meticulosa precisão: parece que Dobrada ao jeito
jamais erra métrica ou rima. Admirável, por fim, são os inúmeros Do ourives, saia da oficina
sonetos que rompem com os mitos da impassibilidade e da Sem um defeito:
objetividade absoluta - indicando uma herança romântica da qual
o poeta não pode ou não quer se livrar. E que o lavor do verso, acaso,
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CURSO ANUAL DE LITERATURA – (Prof. Steller de Paula)
Porém, apesar de típico parnasiano em boa parte de sua obra, E mais eleva o coração de um homem
Olavo Bilac também produziu poemas que fogem à típica Ser de homem sempre e, na maior pureza,
impassibilidade parnasiana, ora trabalhando temas amorosos com Ficar na terra e humanamente amar.
uma dose maior de subjetividade, ora apresentando uma voz Olavo Bilac
poética exaltada diante da pátria, retratada de modo idealizada.
A Pátria
Nel mezzo del camin… Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!
Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada Criança! não verás nenhum país como este!
E triste, e triste e fatigado eu vinha. Olha que céu! que mar! que rios! que floresta!
Tinhas a alma de sonhos povoada, A Natureza, aqui, perpetuamente em festa,
E alma de sonhos povoada eu tinha… É um seio de mãe a transbordar carinhos.
Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos,
E paramos de súbito na estrada Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos!
Da vida: longos anos, presa à minha Vê que luz, que calor, que multidão de insetos!
A tua mão, a vista deslumbrada Vê que grande extensão de matas, onde impera
Tive da luz que teu olhar continha. Fecunda e luminosa, a eterna primavera!
Hoje segues de novo… Na partida Boa terra! jamais negou a quem trabalha
Nem o pranto os teus olhos umedece, O pão que mata a fome, o teto que agasalha...
Nem te comove a dor da despedida.
Quem com o seu suor a fecunda e umedece,
E eu, solitário, volto a face, e tremo, Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece!
Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo. Criança! não verás país nenhum como este:
Olavo Bilac Imita na grandeza a terra em que nasceste!
Olavo Bilac
Ora (direis) ouvir estrelas!
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-Ias, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto …
Questão 01 (Uftm 2011) Quer mesquinho e sem cor, quer amplo e terso,
Considere as informações. Em vão não e que eu digo ao verso: “Fala!”
“É na convergência de ideais antirromânticos, como a objetividade E ele fala-me sempre, porque e verso.
no trato dos temas e o culto da forma, que se situa a poética Júlio César da Silva.
[desse movimento literário].
(...) O soneto Arte suprema apresenta as características comuns da
Seus traços de relevo: o gosto da descrição nítida (a poesia parnasiana. Assinale a alternativa em que as
mimese pela mimese), concepções tradicionalistas sobre metro, características descritas se referem ao parnasianismo.
ritmo e rima e, no fundo, o ideal da impessoalidade que a) Busca da objetividade, preocupação acentuada com o apuro
partilhavam com os [escritores] do tempo. formal, com a rima, o ritmo, a escolha dos vocábulos, a
(Alfredo Bosi. História concisa da Literatura Brasileira.) composição e a técnica do poema.
b) Tendência para a humanização do sobrenatural, com a
O texto alude aos poetas oposição entre o homem voltado para Deus e o homem voltado
a) ultrarromânticos, que romperam com a poesia indianista e para a terra.
ufanista, a exemplo de Álvares de Azevedo. c) Poesia caracterizada pelo escapismo, ou seja, pela fuga do
b) realistas, que trataram, em sua obra poética, de temas ligados mundo real para um mundo ideal caracterizado pelo sonho, pela
ao cotidiano, tal como o fez Machado de Assis. solidão, pelas emoções pessoais.
c) parnasianos, que, afastando-se dos ideais românticos, d) Predomínio dos sentimentos sobre a razão, gosto pelas ruínas
buscavam a linguagem isenta de subjetivismo, a exemplo de e pela atmosfera de mistério.
Olavo Bilac. e) Poesia impregnada de religiosidade e que faz uso recorrente
d) simbolistas, que romperam com o pessimismo romântico e de sinestesias.
propuseram uma poética espiritualizada, como o fez Cruz e
Souza. Questão 04 (Unb 2012)
e) modernistas, que, negando os preceitos da poesia romântica, Vaso grego
buscavam uma poética nacional, a exemplo de Mário de Andrade.
Esta, de áureos relevos, trabalhada
Questão 02 (Ufal) De divas mãos, brilhante copa, um dia,
As afirmações seguintes referem-se ao Parnasianismo no Brasil: Já de aos deuses servir como cansada,
I. Para bem definir como entendia o trabalho de um poeta, Olavo Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.
Bilac comparou-o ao de um joalheiro, ou seja: escrever poesia
assemelha-se à perfeita lapidação de uma matéria preciosa. Era o poeta de Teos que a suspendia
II. Pelas convicções que lhe são próprias, esse movimento se Então e, ora repleta ora esvazada,
distancia da espontaneidade e do sentimentalismo que muitos A taça amiga aos dedos seus tinia
românticos valorizavam. Toda de roxas pétalas colmada.
III. Por se identificarem com os ideais da antiguidade clássica, é
comum que os poetas mais representativos desse estilo aludam Depois... Mas o lavor da taça admira,
aos mitos daquela época. Toca-a, e, do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,
Está correto o que se afirma em
a) II, apenas. Ignota voz, qual se da antiga lira
b) I e II, apenas Fosse a encantada música das cordas,
c) I e III, apenas Qual se essa a voz de Anacreonte fosse.
d) II e III, apenas. Alberto de Oliveira. Poesias completas.
e) I, II e III
Acerca do soneto Vaso grego, de Alberto de Oliveira, e do período
Questão 03 (Unesp 2010) histórico-literário a que ele remete, julgue os itens a seguir.
Arte suprema
a) No período em que o Parnasianismo se destacou, o Brasil,
Tal como Pigmalião, a minha ideia
especialmente o Rio de Janeiro, vivia forte influxo de
Visto na pedra: talho-a, domo-a, bato-a;
modernização tardia em relação aos centros europeus, o que
E ante os meus olhos e a vaidade fátua
incentivou o consumo de mercadorias culturais luxuosas, mas
Surge, formosa e nua, Galateia.
desligadas da realidade local. Assim, verifica-se que a recorrência
Mais um retoque, uns golpes... e remato-a; a temas advindos da Antiguidade Clássica era a correspondência
Digo-lhe: “Fala!”, ao ver em cada veia estética dessa tendência manifestada na objetividade social
Sangue rubro, que a cora e aformoseia... brasileira.
E a estatua não falou, porque era estatua. b) O refinamento da linguagem e as formas labirínticas dos versos
do soneto Vaso grego atestam o quanto a poesia parnasiana no
Bem haja o verso, em cuja enorme escala Brasil, país de desigualdade social, asseverou a distância entre a
Falam todas as vozes do universo, língua falada e a escrita.
c) A temática abordada no soneto Vaso grego é representativa da Olavo Bilac é o principal representante do Parnasianismo no
tendência atribuída pela crítica literária ao Parnasianismo no Brasil. No poema acima, o poeta
Brasil: a descrição apaixonada de objetos antigos, por meio da
qual se expressava, de forma evidente, a subjetividade do eu A) confirma sua filiação ao Parnasianismo, ao destacar que a
lírico. frieza e a impassibilidade típicas do movimento impedem que o eu
lírico sinta-se dominado por sentimentos exaltados.
Questão 05 B) revela a dificuldade de adequar-se a imposição parnasiana de
Texto I frieza emocional e impassibilidade na expressão poética, diante
De amar, minha Marília, a formosura dos sentimentos que se revelam presentes no eu lírico.
Não se podem livrar humanos peitos. C) afirma que o que se passa em seu foro íntimo reflete a tese
Adoram os heróis; e os mesmos brutos parnasiana de que a poesia deve ser racional, objetiva e não
Aos grilhões de Cupido estão sujeitos. expressar o envolvimento emocional do eu lírico com o tema
Quem, Marília, despreza uma beleza, tratado.
A luz da razão precisa; D) nega a influência das teses parnasianas em sua poesia, uma
E se tem discurso, pisa vez que revela sentir-se dominado por fortes sentimentos, a que
A lei, que lhe ditou a Natureza. dá vazão através de sua expressão poética marcada pela
Tomás Antônio Gonzaga subjetividade.
E) assume, metalinguisticamente, não submeter sua poesia
Texto II parnasiana à necessidade de se buscar a forma perfeita, mesmo
Esta, de áureos relevos, trabalhada em detrimento do conteúdo, uma vez que precisa dar vazão aos
De divas mãos, brilhante copa, um dia, sentimentos que o dominam.
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia. Questão 07
Alberto de Oliveira TEXTO
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
O Arcadismo (no século XVIII) e o Parnasianismo (em fins do Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
século XIX) apresentam, em sua caracterização, pontos em Que, para ouvi-Ias, muita vez desperto
comum, perceptíveis nos trechos acima. São eles: E abro as janelas, pálido de espanto...
a) bucolismo e busca da simplicidade de expressão.
b) amor galante e temas pastoris. E conversamos toda a noite, enquanto
c) ausência de subjetividade e presença da temática e da A via láctea, como um pátio aberto,
mitologia greco-latina. Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
d) preferência pelas formas poéticas fixas, como o soneto, e pelas Inda as procuro pelo céu deserto.
rimas ricas.
e) a arte pela arte e o retorno à natureza. Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Questão 06 Tem o que dizem, quando estão contigo?"
Inania Verba
Ah! quem há de exprimir, alma impotente e escrava, E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
O que a boca não diz, o que a mão não escreve? Pois só quem ama pode ter ouvido
- Ardes, sangras, pregada a' tua cruz, e, em breve, Capaz de ouvir e de entender estrelas."
Olhas, desfeito em lodo, o que te deslumbrava...
Olavo Bilac
O Pensamento ferve, e é um turbilhão de lava:
A Forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve... Olavo Bilac é um dos maiores representantes do Parnasianismo
E a Palavra pesada abafa a Ideia leve, brasileiro. Observando os procedimentos de construção desse
Que, perfume e dano, refulgia e voava. poema e as concepções artísticas da estética parnasiana, conclui-
se que esse texto
Quem o molde achará para a expressão de tudo?
Ai! quem há de dizer as ânsias infinitas A) encarna a impassibilidade defendida pelos parnasianos, uma
Do sonho? e o céu que foge à mão que se levanta? vez que a emoção se desloca do eu lírico para o interlocutor.
B) confirma a tendência dos parnasianos no sentido de
E a ira muda? e o asco mudo? e o desespero mudo? construção de uma poética voltada para temas cotidianos.
E as palavras de fé que nunca foram ditas? C) contraria a tese parnasiana, segundo a qual a beleza da poesia
E as confissões de amor que morrem na garganta?! estaria na ausência dos sentimentos e na descrição objetiva.
Olavo Bilac D) ironiza os sentimentos amorosos, ao criar um diálogo fictício
entre o eu lírico e seu interlocutor, numa situação real absurda.
E) destaca os sentimentos amorosos como o fio condutor da
existência: sem amor, o mundo perde o brilho e nada mais tem
sentido.
Questão 08 (UFG)
Leia o soneto a seguir.
XXXI
Longe de ti, se escuto, porventura,
Teu nome, que uma boca indiferente
Entre outros nomes de mulher murmura,
Sobe-me o pranto aos olhos, de repente...
que essa literatura teve um desenvolvimento tímido na cena Desdém pelo que encerra a minha palma,
literária portuguesa. E ambição pelo mais que não exista;”
c) parnasiana, cuja preocupação com a objetividade a opõe ao
subjetivismo romântico. O texto deixa claro que essa literatura não • No texto parnasiano, é comum a identificação de elementos
se impôs na cena literária portuguesa. de conformação subjetiva, como se observa nos versos de
d) parnasiana, cuja liberdade de expressão e cujo compromisso Bilac transcritos acima.
social permitem fundamentar a Arte pela Arte. O texto deixa claro
que essa literatura teve pouco espaço na cena literária e) “Assim eu te amo, assim; mais do que podem
portuguesa. Dizer-te os lábios meus, – mais do que vale
e) realista, cuja influência da tradição clássica é fundamental para Cantar a voz do trovador cansada:
se chegar à perfeição. O texto deixa claro que essa literatura teve O que é belo, o que é justo, santo e grande
uma disseminação irregular na cena literária portuguesa. Amo em tí. – Por tudo quanto sofro,
Por quando já sofri, por quanto ainda
Questão 05 (Ufpa 2012) Me resta sofrer, por tudo eu te amo!”
Estilo de época corresponde a um conjunto de características de
um grupo de escritores pertencentes à mesma circunstância • Gonçalves Dias, ainda que reconhecido como o autor de
histórica e sociocultural, mantendo-se o respeito às características textos assinalados por motivos de grande nacionalismo,
individuais de cada autor. Assim sendo, o artista, mesmo sob a produziu poemas de expressão lírico-amorosa indiscutível.
orientação de um sistema de normas, padrões literários, vistos de
maneira genérica, produz a sua criação literária de modo a Questão 06 (Insper 2012)
conferir-lhe características próprias, tendo em vista sua visão de Texto
mundo. Dessa forma, o artista torna perceptível sua capacidade Talvez sonhasse, quando a vi. Mas via
de trabalhar a linguagem de forma particularizada e de Que, aos raios do luar iluminada,
manifestar-se, segundo escolhas que melhor atendam a sua Entre as estrelas trêmulas subia
perspectiva e capacidade de apreensão do mundo. Uma infinita e cintilante escada.
Considerando-se os comentários feitos sobre cada texto literário E eu olhava-a de baixo, olhava-a... Em cada
transcrito abaixo, identifique a alternativa em que as afirmações Degrau, que o ouro mais límpido vestia,
sobre os autores citados não estão em consonância com o estilo Mudo e sereno, um anjo a harpa doirada,
de época que eles representam. Ressoante de súplicas, feria...
a) “Quem a primeira vez chegou a ver-vos,
Nise, e logo se pôs a contemplar-vos, Tu, mãe sagrada! vós também, formosas
Bem merece morrer por conversar-vos Ilusões! sonhos meus! Íeis por ela
E não poder viver sem merecer-vos.” Como um bando de sombras vaporosas.
• Gregório de Matos Guerra é poeta do Barroco brasileiro, cuja E, ó meu amor! eu te buscava, quando
obra se caracteriza por temas variados: poesia religiosa, Vi que no alto surgias, calma e bela,
lírico-amorosa e satírica. O olhar celeste para o meu baixando...
Olavo Bilac,Via-Láctea.
b) “No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra, Embora seja identificado como o principal poeta parnasiano
Tão puro sobre o mar, brasileiro, Olavo Bilac, nesse soneto, explora um aspecto do
Diz do fumo entre os densos nevoeiros: Romantismo, o qual está explicitado na seguinte alternativa:
‘Vibrai rijo o chicote, marinheiros! a) objetividade e racionalismo do eu lírico.
Fazei-os mais dançar!...’" b) subjetividade numa atmosfera onírica.
c) forte presença de elementos descritivos.
• Castro Alves, pertencente à terceira geração romântica, d) liberdade de criação e de expressão.
emprestou o seu gênio criador à causa dos escravos; daí a e) valorização da simplicidade, bucolismo.
sua relação com a poesia de tema social.
Questão 07 (Enem 2013)
c) “Sabei, amigos Zéfiros, que cedo, Mal secreto
Entre os braços de Nise, entre estas flores, Se a cólera que espuma, a dor que mora
Furtivas glórias, tácitos favores, N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Hei-de enfim possuir: porém segredo!” Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;
• Os árcades produziram poesia de concepção clássica; daí a
notória presença de referências à mitologia. Os versos de Se se pudesse, o espírito que chora,
Bocage são a confirmação desta prática poética. Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!
d) “Cabelos brancos! dai-me, enfim, a calma
A esta tortura de homem e de artista:
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CURSO ANUAL DE LITERATURA – (Prof. Steller de Paula)
sentimentos. As estrofes citadas são um derramamento da alma mulheres: o nosso egoísmo, o receio que temos de que nos
sobre essa luta, contrariando os preceitos parnasianos de despojem das nossas prerrogativas seculares - o medo de perder
contenção lírica. as posições, as regalias, as honras que o preconceito bárbaro
c) O tema básico das estrofes é o amor irrealizado, que causa confiou exclusivamente ao nosso século. Compreende-se: quem
sofrimentos ao poeta. se habituou a empunhar o bastão do comando não se resigna
d) Os versos são alexandrinos, muito apreciados pelos facilmente a passá-lo a outras mãos: é mais fácil deixar a vida do
parnasianos. que deixar o poder.
e) O verso "E a Palavra pesada abafa a Ideia leve" contém uma
(18/08/1901)
antítese, que representa a contradição entre forma e conteúdo
exposta pelo poeta. (BILAC, Olavo. VOSSA INSOLÊNCIA. São Paulo: Cia. das Letras,
1997, p. 313.)
Questão 11
O Vinho de Hebe O narrador do texto critica o papel atribuído à mulher em nossa
Quando do Olimpo nos festins surgia sociedade.
Hebe risonha, os deuses majestosos Dos trechos a seguir, o único que corresponde ao papel criticado
Os copos estendiam-lhe, ruidosos,
é:
E ela, passando, os copos lhes enchia...
a) "Ser mulher, e oh! atroz, tantálica, tristeza! / ficar na vida qual
A Mocidade, assim, na rubra orgia uma águia inerte, presa / nos pesados grilhões dos preceitos
Da vida, alegre e pródiga de gozos, sociais!" (Gilka Machado)
Passa por nós, e nós também, sequiosos, b) "Eu não tinha este rosto de hoje, / assim calmo, assim triste,
Nossa taça estendemos-lhe, vazia... assim magro, / nem estes olhos tão vazios, / nem o lábio amargo."
(Cecília Meireles)
E o vinho do prazer em nossa taça c) "Já agora as feministas venceram radicalmente e não há
Verte-nos ela, verte-nos e passa... profissão masculina que elas não ataquem e onde não vençam."
Passa, e não torna atrás o seu caminho. (Rachel de Queiroz)
d) "É com um pouco de pudor que sou obrigada a reconhecer que
Nós chamamo-la em vão; em nossos lábios o que mais interessa à mulher é o homem." (Clarice Lispector)
Restam apenas tímidos ressábios,
Como recordações daquele vinho. Questão 13 (UFF)
Raimundo Correia Texto para as próximas duas questões
a) O poema transcende a estética parnasiana ao tratar a temática COMENTÁRIOS E GABARITOS DAS QUESTÕES DE CASA
da exaltação da terra, segundo a estética romântica.
b) O poema exemplifica os preceitos da estética parnasiana e 01. Resposta: [C]
valoriza a forma na expressão comedida do sentimento nacional. É correta a opção [C], pois o Parnasianismo surgido no Brasil na
c) O poema se antecipa ao discurso crítico da identidade nacional década de 80 do século XIX, impôs novos parâmetros e valores
- tema central da estética modernista. artísticos, propondo a restauração da poesia clássica, desprezada
d) O poema se insere nas fronteiras rígidas da estética pelos românticos.
parnasiana, dando ênfase à permanência do ideário estético, no
eixo temporal das escolas literárias. 02. Resposta: [B]
e) O poema reflete os valores essenciais e perenes da realidade, A “atenuação da subjetividade e do sentimentalismo” está
distanciando-se de um compromisso com a afirmação da presente na alternativa [B], pois a estrofe assume um tom
nacionalidade. extremamente descritivo na forma como caracteriza o palácio.
Enfatiza-se, assim, o caráter plástico e preciosista da poesia em
Questão 14 (Enem 2015) detrimento da expressão de sentimentos e da pessoalidade.
Publicado em 1904, o poema A pátria harmoniza-se com um
projeto ideológico em construção na Primeira República. O 03. Resposta: A
discurso poético de Olavo Bilac ecoa esse projeto, na medida em
que 04. Resposta: [C]
a) a paisagem natural ganha contornos surreais, como o projeto A referência à busca da perfeição formal sem nenhum tipo de
brasileiro de grandeza. compromisso com o contexto social (“princípio da Arte pela Arte…
b) a prosperidade individual, como a exuberância da terra, uma arte que não sirva a nada e a ninguém, uma arte inútil, uma
independe de políticas de governo. arte voltada para si própria”, “Esteticistas, anseiam uma arte
c) os valores afetivos atribuídos à família devem ser aplicados universalista”), ao objetivismo que exigia a contenção das
também aos ícones nacionais. emoções (“o belo se confundiria com a forma que o reveste, e não
d) a capacidade produtiva da terra garante ao país a riqueza que com algo que existiria dentro dele”) indicam que Massaud Moisés
se verifica naquele momento. se referia ao Parnasianismo, estética que, em Portugal, contou
e) a valorização do trabalhador passa a integrar o conceito de com poucos seguidores, dos quais se destacam Gonçalves
bem-estar social experimentado. Crespo e Cesário Verde. Assim, é correta a opção [C].
09. Resposta: E
10. Resposta: C
11. Resposta: A
13. Resposta: A