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Gálatas 2

1 Depois, passados catorze anos, subi outra vez a Jerusalém com


Barnabé, levando também comigo Tito.

Paulo fez cinco viagens a Jerusalém depois de sua


conversão. A primeira delas ocorreu três anos após sua
conversão (1.17,18; At 9.26), quando passou quinze dias
com o apóstolo Pedro e com Tiago (1.18,19). A segunda
visita está relacionada ao socorro financeiro que Barnabé
e ele levaram aos pobres da Judeia (At 11.29,30; 12.25).
A terceira visita tem a ver com o Concílio de Jerusalém
para resolver a questão judaizante (At 15.2-29). A quarta
visita foi uma passagem muito rápida
(At 18.22). A quinta e última visita de Paulo a Jerusalém
aconteceu quando ele foi levar uma oferta das igrejas da
Macedônia e Acaia aos pobres da Judeia, ocasião em que
o apóstolo terminou preso (At 21.17).
outra vez a Jerusalém. Essa pode ter sido uma segunda visita depois
da sua conversão ou uma terceira visita, registrada em At 15.2.
Opropósito da visita aqui indicado coincide com opropósito da visita
em At 15, mas édificil, aceitando essa
hipótese, explicar por que Paulo omite a segunda visita em sua
narrativa IAt
11 27-30) Se, como alguns estudiosos acreditam, Gálatas foi escrita
após a primeira viagem missionária de Paulo IAt 13; 14), mas antes
do Concílio de Jerusalém IAt 15), então a viagem mencionada aqui
é a de At 11 e a viagem de At 15 ainda não havia acontecido.

Barnabé. Natural de Chipre e um dos primeiros cristãos [AI 4.36). O


nome Barnabé significa, em aramaico, "filho de exortação" e as
vezes em que é mencionado em
Atos demonstram que ele viveu o nome que tinha IAt 4.36-37;
11.22-24,30).

Tito. Apesar de não ser mencionado em Atos, Tito foi um dos


companheiros e
mensageiros que gozava da confiança de Paulo. Ver 2Co 2.12-13;
7.6; 8.6; Tt 1.4-5

2 E subi por uma revelação, e lhes expus o evangelho, que prego


entre os gentios, e particularmente aos que estavam em estima;
para que de maneira alguma não corresse ou não tivesse corrido
em vão.

Se essa é avisita de At 11, arevelação pode ter sido a profecia de


Agabo 11.28).

O propósito dessa viagem de Paulo a Jerusalém era expor


o evangelho pregado por ele entre os gentios aos cristãos
de Jerusalém e aos apóstolos. Paulo estava muito
interessado em que os crentes e os apóstolos conhecessem
o conteúdo de sua pregação.

Paulo, enquanto se encontrava cego em Damasco, em


oração viu em visão um homem de nome Ananias entrar
na casa em que ele estava e impor-lhe as mãos para que
recuperasse a vista (cfr. Atos 9:10-16).
Ainda Paulo, enquanto orava no templo de Jerusalém, foi
arrebatado em êxtase e viu Jesus que lhe falou (cfr. Atos
22:17-21).
Paulo durante a segunda viagem missionária, enquanto se
encontrava em Trôade, de noite teve uma visão em que um
homem macedónio suplicava-lhe que passasse à
Macedónia e que os socorresse (cfr. Atos 16:9-10).
Paulo em Corinto teve de noite uma visão em que o
Senhor lhe falou e lhe disse que não temesse mas que
falasse e que não ficasse calado porque ninguém lhe poria
as mãos em cima para fazer-lhe mal (Atos 18:9-10).
Paulo enquanto se encontrava no navio que o estava
levando para Roma teve uma visão de um anjo que lhe
falou e lhe disse que não devia temer pois Deus lhe tinha
dado todos os que estavam com ele (cfr. Atos 27:21-25).

Efésios 15 Por isso, ouvindo eu também a fé que entre vós


há no Senhor Jesus, e o vosso amor para com todos os
santos, ate 17

3 Mas nem ainda Tito, que estava comigo, sendo grego, foi
constrangido a circuncidar-se;

5.12 e At 15.1. Circuncisão era a


marca distintiva do judeu e o último passo na conversão de um
homem gentio à
religião judaica. Alguns cristãos judeus acreditavam que os
gentios também tinham de aceitar a circuncisão e, assim,
fazerem-se judeus antes de se tornarem
cristãos e pertencerem ao povo escolhido de Deus. Paulo
opunha-se veementemente a esse ensino e afirma, do começo
ao fim da carta aos Gálatas, que somos
justificados pela fé em Cristo apenas.

4 E isto por causa dos falsos irmãos que se intrometeram, e


secretamente entraram a espiar a nossa liberdade, que temos
em Cristo Jesus, para nos porem em servidão;
2.4 falsos irmãos. Paulo considerava de tamanha importância a
doutrina da
salvação somente pela graça mediante afé que ele excluía da
igreja todas as pessoas que não se mantinham fiéis a ela 11.8-9;
5.2-4)
liberdade. A liberdade do crente não é liberdade para pecar, mas
liberdade da
maldição que a lei profere sobre o pecado 13.10-14; 5 1,13)
escravidão. Provavelmente, escravidão ao pecado IRm 6.15-23;
7.25) e à maldição que a lei profere sobre aqueles que pecam 13
10)

5 Aos quais nem ainda por uma hora cedemos com sujeição, para
que a verdade do evangelho permanecesse entre vós.

6 E, quanto àqueles que pareciam ser alguma coisa (quais


tenham sido noutro tempo, não se me dá; Deus não aceita a
aparência do homem), esses, digo, que pareciam ser alguma
coisa, nada me comunicaram;

7 Antes, pelo contrário, quando viram que o evangelho da


incircuncisão me estava confiado, como a Pedro o da circuncisão

a Pedro o da circuncisão. Pedro, aparentemente, foi o


principal porta-voz da
primitiva igreja de Jerusalém (At 1-12). Muito
relutantemente, atendeu ao
rnandarnento de Deus de encontrar-se com ogentio
Cornélia (At 10) Muito embora Pedro reconhecesse a
necessidade de receber os gentios no povo de Deus
(At 10.34-35; 11.17; 15.7-11). sentia, evidentemente, o
chamado de Deus para
pregar o evangelho especificamente aos judeus

8 (Porque aquele que operou eficazmente em Pedro para o


apostolado da circuncisão, esse operou também em mim com
eficácia para com os gentios),

Senhor não apenas conduziu Paulo aos


gentios, mas o capacitou eficazmente para esse trabalho,
da
mesma forma que fez com Pedro em relação aos judeus. O
chamado vem de Deus, assim como o poder e a
capacitação
para exercer o ministério. Paulo não é apóstolo por
vontade
própria nem exerce o apostolado com poder próprio. Tanto
sua vocação quanto seu poder vêm de Deus

9 E conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados


como as colunas, a graça que me havia sido dada, deram-nos as
destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós
fôssemos aos gentios, e eles à circuncisão;

Tiago, Cefas e João. Ver notas no v. 7; 1.18-19. Esses


três homens possuíam
autoridade especial na igreja primitiva de Jerusalém. Pedro
e João erarn vistos
juntos com freqüência (At 3.4) eTiago teve grande
destaque na igreja de Jerusalém (At 12.17; 15.13; 21.18).
"Colunas" é uma metáfora comum no grego para
pessoas em importantes posições de liderança.

a graça que me foi dada. Com respeito à conversão e ao


chamado de Paulo. ver 1.15 e nota. Paulo refere-se
freqüentemente ao seu chamado como graça
de Deus concedida a ele (Rrn 1.5; 12.3; 15.15-16; 1Co3.1

10 Recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos


pobres, o que também procurei fazer com diligência.

A salvação é só pela fé, independentemente


das obras, mas a fé salvadora não vem só, ela produz
obras. A fé sem obras é morta.

Foi a Jerusalém duas vezes com o propósito de levar


ofertas aos necessitados (At 11.29,30; 21.17).
Compromisso assumido, compromisso cumprido.

Paulo
diz que aqueles que recebem benefícios espirituais devem
retribuir com benefícios materiais (Rm 15.26,27). Jesus é
o maior exemplo de generosidade (2Co 8.9). O homem
generoso receberá grande recompensa (Mt 25.31-40).173

11 E, chegando Pedro à Antioquia, lhe resisti na cara, porque era


repreensível.

12 Porque, antes que alguns tivessem chegado da parte de Tiago,


comia com os gentios; mas, depois que chegaram, se foi
retirando, e se apartou deles, temendo os que eram da circuncisão.
Antioquia. Capital e maior cidade da província romana da Síria,
Antioquia
possuía uma grande comunidade judaica. Não surpreende,
portanto, que tenha sido o primeiro lugar mencionado em Atos,
onde os cristãos de origem judaica pregaram o evangelho aos
gentios (At 11.19-20).
A igreja em Antioquia, além de
ter sido a primeira igreja,. A reunir cristãos judeus e gentios em
culto e comunhão. A primeira igreja a enviar
missionários para pregar o evangelho especificamente aos gentios
(At 13.1-3)

Por causa dos falsos irmãos, Pedro virou as costas para os


verdadeiros irmãos.

Donald Guthrie afirma com profunda sensibilidade:


“Fica a cargo de nossa imaginação descobrir o que os
crentes gentios pensaram quando não apenas Pedro e todos
os crentes judeus, mas também Barnabé, se separaram
deles” Certamente esses crentes machucados por essa
postura procuraram Paulo, e o apóstolo, então, enfrentou a
situação com profundidade, clareza e coragem.

13 E os outros judeus também dissimulavam com ele, de


maneira que até Barnabé se deixou levar pela sua dissimulação.

Um líder
nunca é neutro. Liderança é sobretudo influência. Um líder
influencia sempre, para o bem ou para o mal. Pedro, por ser
um líder, acabou por exercer uma péssima influência sobre
os demais judeus, inclusive sobre o próprio Barnabé, um dos
esteios da obra missionária entre os gentios. Pedro acabou
criando uma fissura dentro da igreja de Antioquia. Em vez
de trabalhar em prol da unidade e da edificação da igreja,
laborou para a sua divisão e enfraquecimento
John Stott está correto quando diz que Pedro agiu com
falta de sinceridade. Ele se afastou da mesa dos crentes
gentios não governado por algum princípio teológico, mas
por medo covarde de um pequeno grupo. Na verdade Pedro
fez em Antioquia exatamente o que Paulo se recusou a fazer
em Jerusalém, isto é, ceder diante da pressão.

14 Mas, quando vi que não andavam bem e direitamente


conforme a verdade do evangelho, disse a Pedro na presença de
todos: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios, e não como
judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus?

vives como gentio. Antes da chegada do grupo da "circuncisão",


Pedro havia comido tranqüilamente com os gentios (v. 12).
Agora, incoerentemente, estava agindo como se os gentios
tivessem de tornar-se judeus para que viessem a ser integralmente
membros do povo de Deus.

15 Nós somos judeus por natureza, e não pecadores dentre os


gentios.

pecadores dentre os gentios


(v. 15) — essa
expressão é usada no sentido legal, visto que os
gentios eram pecadores por natureza, pois não
tinham a lei divina revelada e escrita para guiá-
los para a salvação ou para viver em retidão.

16Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei,


mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus
Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas
obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será
justificada.
Nunca ninguém foi justificado pelas
obras da lei, uma vez que a lei exige a perfeição, e nenhum
homem é perfeito.

17 Pois, se nós, que procuramos ser justificados em Cristo, nós


mesmos também somos achados pecadores, é porventura Cristo
ministro do pecado? De maneira nenhuma.

fomos... achados pecadores. Os agitadores da Galácia e os


"alguns da
parte de Tiago" (v. 12) consideraram Paulo um "pecador" (como
os gentios do v.
15) por quebrar as leis judaicas de abstinência de alimentos.
Tinham, provavelmente. acusado o evangelho de Paulo de
promover pecado (Rm 3.8).

18 Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, constituo-me a


mim mesmo transgressor.
destruí. A palavra grega traduzida aqui por "destruir" é usada no
Novo Testamento com o sentido de demolir um edifício (Mt 24.2;
Me 13.2; Lc 21.6; Rm 14.20). Paulo pode ter em mente a tentativa
errônea de Pedro em reconstruir a
parede entre judeu egentio já derrubada pelo evangelho (v. 14; Ef
2.14) Reconstruir a parede da lei é trazer de novo a condenação da
lei. O transgressor da lei não
é aquele que volta-se da lei para Cristo a fim de ser justificado;
mas aquele que
volta-se de Cristo novamente para a lei.

19 Porque eu, pela lei, estou morto para a lei, para viver para
Deus.

Paulo morreu para a lei na morte de Cristo; foi crucificado com


Cristo (v. 20), pois foi unido a Cristo, que morreu em seu lugar
(3.13; Rm 4.25; 5.6). Assim, também foi ressuscitado com Cristo
e vivia em relação a Deus (CI 2.12; 3.1 ). Morte para alei não
transgride alei, pois Cristo cumpriu as exigências da lei. É,
portanto, .mediante a própria lei'" que os crentes são libertos da
escravidão e condenação da lei. Veja ..Os Três Propósitos da Lei'',
em Dt 13.1 O

A Lei, portanto, exerce um duplo poder sobre aqueles que estão


sujeitos a ela: constitui pecadores a todos os que estão sob seu
tacão e depois os castiga por serem pecadores. Como escapar?
Não há outra alternativa senão morrer para a Lei, dependendo
inteiramente da graça

20 Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas


Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela
fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo
por mim.

União com Cristo significa que ele representou-nos em sua morte


eressurreição. Significa mais, porém, porque éuma união viva.
Jesus está presente com
o crente; pelo Espírito, o Senhor vive em comunhão interior com
os seus. Paulo
não diz com isso que a individualidade pessoal é suprimida ou
absorvida; ele vive
..na carne" pela "fé". A união éum relacionamento espiritual da
mais profunda intimidade. ·

de onde Paulo extrai a citação, Deuteronômio apresenta uma lista


de maldições que recairão sobre Israel por desobediência. A
maioria dos judeus, no tempo de Paulo, admitia que Israel havia
quebrado alei e havia recebido as maldições preditas (Dt 28.15-
30.20).

21Não aniquilo a graça de Deus; porque, se a justiça provém da


lei, segue-se que Cristo morreu debalde.

Os homens aniquilam a graça quando tentam se tornar justos


pelas obras da lei

Aqueles que insistem que podem obter a salvação mediante os


próprios esforços minam o fundamento do Cristianismo
e tornam a morte de Cristo desnecessária.

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