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verve
Revista Semestral do Nu-Sol — Núcleo de Sociabilidade Libertária
Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais, PUC-SP
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2009
VERVE: Revista Semestral do NU-SOL - Núcleo de Sociabilidade Libertária/
Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais, PUC-SP.
Nº16 ( Outubro 2009 - ). - São Paulo: o Programa, 2009 -
semestral
1. Ciências Humanas - Periódicos. 2. Anarquismo. 3. Abolicionismo
Penal.
I. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Programa de Estudos Pós-
Graduados em Ciências Sociais.
ISSN 1676-9090
Editoria
Nu-Sol – Núcleo de Sociabilidade Libertária.
Nu-Sol
Acácio Augusto S. Jr., Aline Passos, Anamaria Salles, Andre Degenszajn,
Beatriz Scigliano Carneiro, Bruno Andreotti, Edson Passetti (coordenador),
Eliane Knorr de Carvalho, Guilherme C. Corrêa, Gustavo Ferreira Simões,
Gustavo Ramus, Lúcia Soares da Silva, Luíza Uehara, Mauricio Freitas,
Rogério H. Z. Nascimento, Salete Oliveira, Thiago M. S. Rodrigues, Thiago
Souza Santos.
Conselho Editorial
Cecilia Coimbra (UFF e grupo Tortura Nunca Mais/RJ), Christina
Lopreato (UFU), Clovis N. Kassick (UFSC), Guilherme C. Corrêa (UFSM),
Guilherme Castelo Branco (UFRJ), Margareth Rago (Unicamp), Rogério H.
Z. Nascimento (UFPB), Silvana Tótora (PUC-SP).
Conselho Consultivo
Christian Ferrer (Universidade de Buenos Aires), Dorothea V. Passetti
(PUC-SP), Francisco Estigarribia de Freitas (UFSM), Heleusa F. Câmara
(UESB), José Carlos Morel (Centro de Cultura Social – CSS/SP), José
Eduardo Azevedo (Unip), José Maria Carvalho Ferreira (Universidade
Técnica de Lisboa), Maria Lúcia Karam, Paulo-Edgar Almeida Resende
(PUC-SP), Robson Achiamé (Editor), Silvio Gallo (Unicamp, Unimep), Vera
Malaguti Batista (Instituto Carioca de Criminologia).
ISSN 1676-9090
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revista de atitudes. transita por limiares e ins-
tantes arruinadores de hierarquias. nela, não
há dono, chefe, senhor, contador ou progra-
mador. verve é parte de uma associação livre
formada por pessoas diferentes na igualdade.
amigos. vive por si, para uns. instala-se numa
universidade que alimenta o fogo da liberdade.
verve é uma labareda que lambe corpos, gestos,
movimentos e fluxos, como ardentia. ela agita
liberações. atiça-me!
Os arquivistas
C.I.R.A. Brasil [2ª parte]
Pietro Ferrua 84
A iniciativa da cooperativa
Cinéma du Peuple
Eric Jarry 141
A atualidade de Dubuffet:
cultura asfixiante
Dorothea Voegeli Passetti 150
Guerra, libertarismo e
relações internacionais
Thiago Rodrigues 167
s Poder e resistências: movimentações
Poder e resistências: movimentações
da multidão ― uma cartografia dos
movimentos antiglobalização
Bruno Andreotti 187
Limiares da liberdade
Edson Passetti e Acácio Augusto 236
RESENHAS
Teatro e anarquia
Gustavo Ramus 285
Cinema libertário
Mauricio Freitas 291
verve é ingovernável.
conversação contra um tempo conservador 1:
LEI ANTIFUMO.
é proibido proibir
a criança1
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sébastien faure*
Camaradas,
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Notas
1
Conferência realizada em Paris, em 4 de janeiro de 1921. (N. E.)
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A criança
RESUMO
A criança não é nem um anjo, nem um demônio — Ela é a con-
sequência física, intelectual e moral das gerações anteriores —
Ela é resultado da hereditariedade, da educação e do ambien-
te — Importância capital do problema da educação — Cultura
física — Cultura intelectual: a escola atual: seu programa, seus
métodos, suas condições — Cultura moral: severidade ou bran-
dura? Proibição ou liberdade? — O exemplo. A reciprocidade.
— A criança é o futuro!!!
ABSTRACT
The child is neither an angel, nor a demon — He is the physical,
intellectual and moral consequence of earlier generations
— He is the result of the inheritance, the education and the
environment — Utmost importance of the education problem —
Physical culture — Intellectual culture: the current school: its
programs, methods, conditions — Moral culture: harshness or
mildness? Prohibition or freedom? — The example: reciprocity
— The child is the future!!!
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Introdução
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O básico de um ideal
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Violência e anarquismo
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A título de conclusão
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Agradecimentos
Notas
1
John W. Barchfield. Estatismo y Revolución Anarquista. Tradução de I. de
Llorens. Madrid, Fundación Anselmo Lorenzo, 2003.
2
Para uma visão razoavelmente ampla de sua rica trajetória histórica no mundo,
ver: http://libertarixs.tk, 2008; sobre a América Latina, é indispensável a
consulta de: Ángel Cappellettiy e Carlos Rama (Compiladores). El Anarquismo
en América Latina. Caracas, Biblioteca Ayacucho, 1990.
3
Nelson Méndez e Alfredo Vallota. Bitácora de la Utopía. Caracas, Ediciones
Biblioteca UCV, 2001, p. 14.
4
Marvin Harris. Nuestra Especie. Tradução de Eduardo Gil. Madrid, Alianza,
1997.
5
Anarcopedia. “Categoría: Escuelas”. Disponível em: http://spa.anarchopedia.
org/Categoría:Escuelas (acesso em: 20/11/2008). (N. E.)
6
Volin. La Revolución Desconocida. Buenos Aires, Proyección, 1977.
7
José Peirats. Los anarquistas en la Guerra Civil Española. Gijón, Jucar, 1976.
8
Alfredo Errandonea. Sociología de la Dominación. Montevideo, Nordan-
Comunidad, 1990.
9
Sobre as ideias e as experiências anarquistas sobre educação uma referência
imprescindível e atual é: Josefa Martín Luengo. La Escuela de la Anarquía.
Móstoles-Madrid, Madre Tierra, 1993. E o trabalho da Escuela Paideia, em
Mérida, Espanha.
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10
Nelson Méndez e Alfredo Vallota, 2001, op. cit., p. 21.
Programa de las Naciones Unidas para el Desarollo — PNUD. El Estado de
11
Desarrollo Humano: Informe sobre desarrollo humano 2006. Disponível em: http://
hdr.undp.org/en/media/indicadores2.pdf (acesso em: 20/11/2008).
12
Idem, p. 269.
13
Para mais detalhes sobre a crítica socialista libertária ao anarco-capitalismo
ou libertarianismo, veja a opinião de Noam Chomsky em: Noam Chomsky.
Conversaciones Libertarias. Móstoles-Madrid, Madre Tierra, 1993. (Também
disponível em: http://www.ucm.es/info/bas/utopia/html/convlib.htm).
14
Há uma interessante reflexão sobre esse tópico no extenso e documentado
prólogo que Ángel Cappelletti escreveu em: Ángel Cappelletti e Carlos Rama,
1990, op.cit. (Também disponível em: http://bibliotecaayacucho.com/fba/
index.php?id=97&backPID=103&begin_at=56&tt_products=157).
15
Considerações mais detalhadas sobre os pontos de vista anarquistas acerca
da penalização e criminalidade se encontram no que foi divulgado sobre esses
tópicos, desde 1999, no jornal El Libertario, da Venezuela e nas publicações
brasileiras do Núcleo de Sociabilidade Libertária (Nu-Sol) Verve, desde 2002,
e Hypomnemata, desde 1999.
16
Bob Black. La Abolición del Trabajo. Disponível em: http://www.geocities.
com/samizdata.geo/Abolicion.html (acesso em: 20/11/2008); Alfredo
Vallota. “La Técnica y el desafío del Siglo XXI” in El Cuervo, nº 31. Dpto. de
Humanidades de la Universidad de Puerto Rico — Recinto Aguadilla, 2004,
pp. 56-67.
17
Vale destacar como particularmente informativos os livros: Frank Mintz.
Autogestión y Anarcosindicalismo en la España Revolucionaria. Madrid, Traficantes de
Sueños, 2006; Walter Bernecker. Colectividades y Revolución Social. Tradução de G.
Muñoz. Barcelona, Crítica, 1982.
18
Nelson Méndez e Alfredo Vallota, 2001, op.cit.
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A utopia radical possível: anotações...
Resumo
Retomando e atualizando a linha de trabalho exposta inicial-
mente no livro Bitácora de la Utopía, discute-se alguns elemen-
tos teóricos e propostas do anarquismo ou socialismo libertário,
pensados atualmente na América Latina, entendendo que se
trata de uma filosofia e experiência social que renasce no mundo
contemporâneo como fundamento para a utopia radical possível
e desejável, colocando em relevo sua razoável vigência diante
das circunstâncias socio-políticas de hoje no continente, repa-
rando enganos ou equivocadas interpretações sobre o tema, e
enfatizando respostas a dúvidas e objeções que surgem quando
se explica ou se leva adiante a prática do ideal ácrata.
Abstract
Retaking and updating the line of work first presented in the book
Bitácora de la Utopía (A Logbook of Utopia), this presentation
forwards the discussion of some theoretical elements and
proposals of anarchism or libertarian socialism, all currently
emerging from Latin America, on the understanding that we are
dealing with a philosophy and social experience that has come
back to life with a renewed vigor as a basis for a radical utopia
both possible and desirable. We underline its pertinence to the
social-political circumstances of our times in the continent and
clear up those errors and misunderstandings which have often
surrounded the topic of anarchism as a whole, laying particular
stress on responding to doubts and objections that tend to arise
when ideals and theories are explained or attempts are made
to put them into practice.
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Os arquivistas: C.I.R.A. Brasil [2ª parte]
Lista de documentos1
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Os arquivistas: C.I.R.A. Brasil [2ª parte]
Documento 17
Temário da primeira assembleia geral dos membros do
C.I.R.A. residentes no Brasil
O Comitê
Documento 18
Sugestões para o futuro do C.I.R.A. no Brasil
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II. Finanças
Até agora a cotização percebida no Brasil é igual à da Suíça. 50% do
dinheiro arrecadado é enviado à Suíça sob forma de numerário ou de livros. As
importâncias recebidas são, no entanto, insuficientes. Conviria adotar o sistema
do depósito anexo do C.I.R.A. na França que percebe uma cotização de 15
francos retendo 5 francos para as despesas locais e enviando integralmente
os 10 restantes ao C.I.R.A.-Suíça? Neste caso a cotização passaria a ser de
15 francos suíços para a adesão anual e de 150 para a adesão vitalícia. Os
membros vitalícios ficarão livres de corrigir sua cotização anterior e estabelecer
ou não um acréscimo de 50%. Dessa maneira se ajudaria mais validamente
o C.I.R.A.-Suíça sem no entanto aumentar a arrecadação local, a menos que
sejam enviados ao C.I.R.A.-Suíça só 50% e não os 2/3. Nesse propósito seria
recomendável que os que já são membros anuais se tornassem membros
vitalícios, que os que não estão em dia com as cotizações o fizessem, além de
encorajar os amigos que se interessam pelo anarquismo e pela pesquisa em
Ciências Sociais a dar sua adesão.
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Os arquivistas: C.I.R.A. Brasil [2ª parte]
IV. Biblioteca
Para se tornar importante, o C.I.R.A.-Americano deveria seguir o
exemplo do C.I.R.A.-Suíça. Começar com a documentação anarquista
de um grupo local (em Genebra Le Révil Anarchiste, no Rio, p. ex., a
documentação do C.E.P.J.O.2); com os de um companheiro colecionador
desaparecido (na Suíça: Luigi Bertoni, no Brasil, por exemplo, a biblioteca
de Edgar Leuenroth); com os de uma antiga biblioteca anarquista (na
Europa a C.R.I.A.-S.P.R.I.3 de Paris, na América Latina, a B.A.I.A.4 de
Montevidéu, por exemplo). Restaria a resolver o problema do local. Existem
duas soluções imediatas:
a) utilizar o C.E.P.J.O.
ou
b) confiar os livros a um membro que disponha de muito espaço
em casa e se comprometa a emprestá-los quando solicitados (neste
caso bastaria que o arquivo estivesse ao alcance dos membros). Já
se cogitou, inclusive, de copiar o arquivo do C.I.R.A.-Suíça para pô-lo
a disposição de eventuais leitores e pesquisadores brasileiros.
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Conclusão
É bom não cultivar ilusões e não construir castelos no ar. O
horizonte é ilimitado porém se deve antes “querer”. A fundação do
C.I.R.A. continental só pode ser concebida como produto de um
esforço voluntário e coletivo. Sabemos por experiência que o trabalho
aumenta de início a tamanhas dimensões que chegamos rapidamente
a exigir a presença constante de uma ou mais pessoas com horário
integral. Seria então necessário uma dúzia de pessoas responsáveis
e devotadas que pudessem cada uma oferecer o equivalente a um dia
por semana de trabalho ou uma fonte de renda que pudesse assegurar
a quem por ventura se lançasse na tarefa em tempo integral, uma
remuneração fixa e conveniente.
Parece-nos oportuno acumular de antemão as dificuldades e os
obstáculos para evitar improvisações e diletantismo. Não consideramos
esgotado o assunto, mas isto pode bastar para início de reflexão e
como agenda de trabalho.
Documento 19
Relatório de atividades: julho 1967 a julho 1969
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Os arquivistas: C.I.R.A. Brasil [2ª parte]
Conferências:
6/7 Introdução (Pietro);
13/7 “Os anarquistas na Revolução Espanhola de 1936-1939”
Professor Carlos M. Rama da Universidade de Montevidéu, membro
do Comitê Internacional do C.I.R.A.;
20/7 “Manifestações anarquistas na Europa contemporânea” (Pietro);
3/8 “O Anarquismo de Thoreau” pelo compositor norte-americano
John Cage (interpretação consecutiva: Diana);
10/8 “A Comuna de Paris de 1871” (Pietro);
17/8 “Os anarquistas na Revolução Mexicana” (Pietro);
26/8 “Origens do Anarquismo na Rússia. A Revolução de 1905” (Pietro);
1/9 “A Revolução Russa de 1917. Makhno e os anarquistas na
Ucrânia: 1917-1921” (Dr. Ideal Peres);
8/9 “A Comuna de Kronstadt de 1921”. “Marxismo e Anarquismo”
(Pietro).
Outras atividades:
* Tradução: carta dirigida pelo Prof. Rama ao Embaixador da França
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Aquisição de livros:
ARVON: L’Anarchisme (dom. do Dr. Viotti); BANDEIRA-MELO-
ANDRADE: O ano vermelho: A Revolução Russa e seus reflexos no
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Os arquivistas: C.I.R.A. Brasil [2ª parte]
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Os arquivistas: C.I.R.A. Brasil [2ª parte]
Finanças:
1º de julho de 1967 — 30 de junho de 1969.
* Despesas:
correspondência, expedição circulares e boletins NCr 88,03
material (Stencils, papel, tinta, etc.) NCr 59,75
serviços (fotocópias, carimbo, etc.) NCr 25,70
remessa C.I.R.A.-Suíça NCr 42,00
compra livros para C.I.R.A.-Suíça + França NCr 103,50
livros C.I.R.A.-Brasil NCr 130,60
total despesas NCr 449,58
* Entradas:
Inscrições NCr 412,89
Déficit a 30 de junho de 1969 NCr 36,69
* Dívidas:
50% sobre inscrições de 1968 NCr 60,95
50% sobre inscrições de 1969 NCr 105,00
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Documento 20
Ata da Assembleia Geral
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Os arquivistas: C.I.R.A. Brasil [2ª parte]
Documento 21
Pesquisa: Sacco e Vanzetti no Brasil. Presença e Acção da
literatura de cordel, por Regina Helena Machado
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Os arquivistas: C.I.R.A. Brasil [2ª parte]
Os operários diziam:
Morreu o meu protetor
Um outro Getúlio Vargas
Não nos manda o Criador
Rolava em todas as faces
O pranto de seu amor.
(Rodolfo Coelho Cavalcante A Chegada de Getúlio Vargas no Céu
e o seu julgamento)
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Os arquivistas: C.I.R.A. Brasil [2ª parte]
Convém notar que, devido à sua falta de cultura, sem jamais ter tido
qualquer orientação quanto à educação formal, o poeta popular verte
na obra toda a confusão de valores que recebe de seu mundo caótico,
mostrando-se as mais das vezes incapaz de os distinguir, não possuindo
os seus próprios valores, reflexo óbvio de sua sociedade faminta e
sedenta, geralmente analfabetizada. Ao mesmo tempo, por exemplo, que
louva João Goulart, elogia Getúlio Vargas, ou Castelo Branco. O mesmo
autor do folheto Sacco e Vanzetti aos Olhos do Mundo, que se identifica
com a luta de princípios travada pelos dois emigrantes italianos contra o
fascismo norte-americano, não tem noções concretas acerca do que tenha
sido a Primeira Guerra Mundial, conforme se verá no próprio texto. Assim,
pode um outro poeta clamar:
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Em “Capela” um ramalhete
De flores celestiais
Recebeu Getúlio Vargas
Por dois grandes Marechais
Deodoro e Floriano
Que se tornaram imortais.
(Rodolfo Coelho Cavalcante, A Chegada de Getúlio Vargas no Céu
e o seu julgamento)
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Os arquivistas: C.I.R.A. Brasil [2ª parte]
Leitores no Ceará
A 21 de Janeiro
Deu-se um exemplo assombroso
Com a filha dum fazendeiro
Jesus Cristo a castigou
Porque ela profanou
Do Padre de Juazeiro.
(Severino Gonçalves, A Moça que virou Cobra)
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Desprezada no caminho,
A ave não tem parada
A planta não é tratada
O filho não tem carinho.
(João Martins de Ataíde, Sacco e Vanzetti aos olhos do mundo
Folheto publicado sem indicação de local e data)
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Os arquivistas: C.I.R.A. Brasil [2ª parte]
Eu mesmo vi senhoritas
Antes da execução
Passar a noite fazendo
Promessa no coração
Ante a imagem de um santo
Os olhos cheios de pranto
Ajoelhados no chão.
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Os arquivistas: C.I.R.A. Brasil [2ª parte]
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Os arquivistas: C.I.R.A. Brasil [2ª parte]
Começou a aparecer
As grandes calamidades
A fome invadindo logo
Aldeia vila e cidade
Nesse tempo temerário
Surgiu o povo operário
Formando as sociedades.
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Em novecentos e vinte
No centro de uma cidade
Deu-se um assalto e um crime
Com toda perversidade
Em dois homens que passavam
E uma bolsa levavam
Com dinheiro em quantidade.
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Os arquivistas: C.I.R.A. Brasil [2ª parte]
Os pobres italianos
Meteram numa prisão
Com a entrada na célula
De criminoso e ladrão
E o juiz foi estudar
Pra depois explicar
Se eles tinham razão.
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A justiça americana
Não concedeu o perdão
Dos pedidos que chegavam
De quase toda nação
Estava tudo acabado
Nem mais o advogado
Se envolvia na questão.
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Os arquivistas: C.I.R.A. Brasil [2ª parte]
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Os arquivistas: C.I.R.A. Brasil [2ª parte]
Celestino de Medeiros
Também morreu fulminado
Com um sorriso nos lábios
Alegre e resignado
Confessando a toda a gente
De que morria contente
Pois era um grande culpado.
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À margem do texto
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Os arquivistas: C.I.R.A. Brasil [2ª parte]
Documento 2210
Comando de Transporte Aéreo
Quartel General
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[assinatura]
ISALMIR MENDES DE CASTRO VELOSO
Major Aviador Encarregado do IPM
IMCV/CL
Recebido em 15/10/69
[assinatura ilegível]
Documento 23
Ministério da Aeronáutica
Comando de Transporte Aéreo
Quartel General
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Os arquivistas: C.I.R.A. Brasil [2ª parte]
desde o seu início, bem como as testemunhas HENRY LOUIS VAN DER
HAAS NETO, CB Q IG PM e ANTONIO CORUGEIRA DOS SANTOS,
CB Q IG PM abaixo assinados, e entrando na residência supra declarada
procedemos a uma [palavra ilegível] minuciosa busca examinando
todas as dependência da citada residência encontramos na biblioteca o
seguinte material: um (01) ENVELOPE (pardo) contendo um exemplar da
revista ANARQUISTA “L’ADUNATA DEI REFRATTARI”; Estatutos de la
Biblioteca Popular Juventud Moderna (Mar del Plata); um (01) folheto de
Eugenio Relgis “HUMANITARISMO E EUGENESIA”; duas (02) cadernetas
de “TELEPHONE” e ADRESSES; correspondências e papeis manuscritos
e impressos (diversos); um (01) ENVELOPE (pardo) contendo apostilas
sobre ANARQUISMO; um (01) ENVELOPE (pardo de 20 x 29 cm) contendo
varias correspondências pessoais com vários países; papeis impressos e
datilografados o Estatuto do C.I.R.A. — Seis (06) exemplares da revista
C.I.R.A. (Centre International de Recherches sur l’Anarchisme, Boletins 14,
15, 16, 17, 18, 19), cinco (05) exemplares da revista C.I.R.A., boletim nº 8,
de maio 1963 — uma pasta contendo recortes de jornais e revistas (Edgar —
dados biográficos) — uma (01) pasta contendo recortes de jornais diversos
(COMUNA DE PARIS) — e encontramos PIETRO MICHELE STEFANO
FERRUA, a quem prendemos e conduzimos ao Esquadrão de Polícia da
Aeronáutica do Quartel General do Comando de Transporte Aéreo onde
ficou recolhido à disposição da Justiça; de que, para constar, se lavrou o
presente auto o qual vai assinado por mim, OSWALDO COSTA LOBO, ASP
OF IG, que o escrevi e por DURVAL AUGUSTO DE QUEIROZ, IS Q IG FI,
também encarregado da diligência e pelas testemunhas já declaradas.
[assinatura]
OSWALDO COSTA LOBO
Asp OF IG — Encarregado da diligência
[o documento continua na página seguinte]
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Documento 24
Ministério da Aeronáutica
Comando de Transporte Aéreo
Quartel General
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Os arquivistas: C.I.R.A. Brasil [2ª parte]
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[assinatura]
ISALMIR MENDES DE CASTRO VELOSO, Major Aviador,
Encarregado do IPM.
[assinatura]
PIETRO MICHELE STEFANO FERRUA, indiciado.
[assinatura]
OSWALDO CÔSTA LÔBO, Asp Of IG — Testemunha.
[assinatura]
WILMAR GOMES DE ARAÚJO, Asp Of IG — Testemunha.
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Os arquivistas: C.I.R.A. Brasil [2ª parte]
[assinatura]
CLAUDIO LANDI, 2S Q ES — servindo de escrivão.
Documento 25
Poder Judiciário
Justiça Militar
1ª Auditoria da Aeronáutica
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2. IDEAL PERES
Anarquista confesso, Primeiro-Secretário do “C.E.P.J.O.”, foi um dos
elementos de maior atividade dentro desse movimento subversivo. (fls.
222).
Para aliciar novos adeptos para o anarquismo usava dois (2)
cognomes, SERGIO LEITÃO e ANTONIO GOMES, com os quais mantinha
correspondência nos contatos mantidos fora da Guanabara e mesmo no
Exterior, conforme se vê das cartas datadas de 30/09/67, enviadas a Maria
Bueno (fls. 36/46, 277 e 222/226).
Mediante essas correspondências nas quais usava seus cognomes,
conseguiu, em conivência com anarquistas de outros estados da
Federação, aliciar elementos na área estudantil e profissional para as
fileiras do movimento subversivo anarquista, que no Brasil se escondia
sob a denominação de “C.E.P.J.O.” — Centro de Estudos Professor José
Oiticica.
Possuía uma das mais completas bibliotecas, rica em material
subversivo anarquista, com o qual doutrinava os jovens que ingressavam
nas fileiras do “MEL” — Movimento Estudantil Libertário (fls. 258), que era
um departamento ou ala estudantil do “C.E.P.J.O.” (fls. 36/46, 138, 26, 93,
121, 153, 163, 222/226, 195).
Foi um dos redatores do manifesto subversivo de fls. 258, distribuído
por toda a cidade do Rio de Janeiro por volta dos meses de fevereiro e março
127
16
2009
de 1968 (fls.121 e 26) por toda a cidade do Rio de Janeiro e arredores, por
ocasião dos distúrbios que culminaram com a morte do estudante EDISON
LUIZ e o fechamento do Restaurante do Calabouço (fls. 26, 93, 121, 153,
163, 143, 195), manifesto esse que visava a lançar as camadas estudantis
e o povo em geral, contra o Governo mediante a divulgação de notícias
falsas e tendenciosas, as quais, além de promoverem a subversão,
punham em perigo o bom nome, a autoridade moral e o prestígio do Brasil,
não só internamente como, também, no Exterior.
Como se vê do Auto de Busca e Apreensão de fls. 36/46, o denunciado
era um dos maiores importadores de material de propaganda subversiva
anárquica, que utilizava na indigna e criminosa tarefa de aliciar e introduzir
a juventude brasileira nas veredas obscuras, tenebrosas e aviltantes do
crime e nos caminhos tortuosos e sem saída da subversão.
Pregava abertamente o ANARQUISMO em conferências realizadas
no “C.E.P.J.O.” — Centro de Estudos Professor José Oiticica, conforme
se vê, claramente, dos depoimentos (fls.126, 195), sendo que uma das
conferências foi realizada em janeiro ou fevereiro de 1968 (fls. 195).
Militou nas fileiras no movimento subversivo denominado
“C.E.P.J.O.”, desde a sua fundação, em setembro de 1961, até 1969
(fls. 222/226).
Foi membro fundador desse movimento anarquista, Presidente e
Primeiro-Secretário (fls. 222/226), sendo que ultimamente o exerceu em
1968/1969 (fls. 222/226).
Como se vê de todo o processo, era o denunciado um dos expoentes
desse movimento altamente nocivo à Segurança Nacional que tentava
implantar no Brasil o ANARQUISMO, com a sua tríplice e inglória bandeira
filosófica da “DESOBEDIÊNCIA ÀS LEIS”, “DESCONHECIMENTO DA
AUTORIDADE” e “ABOLIÇÃO DO ESTADO E DE QUALQUER PODER
QUE FAÇA LEIS PARA IMPO-LAS AOS OUTROS” “Anarquismo, roteiro
de libertação social, de Edgard Leuenroth, pág.17, (fls. 53).
Assim está o denunciado IDEAL PERES incurso nas sanções dos
art. 11, 12, 14, 33, nos I, II, e III e 38, nºs I, II, III, e VI, do Decreto Lei nº
314/67, c.c. o art. 53, do Código Penal Militar.
3. ANTONIO DA COSTA
Em 1968 o denunciado era o Segundo-Secretário do “C.E.P.J.O.” e
seus filhos, ELISA, ANTONIO e ROBERTO eram membros fundadores e
diretores do “MEL”, ala estudantil do “C.E.P.J.O.” movimento subversivo
responsável pelo manifesto (fls. 258, 126).
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Os arquivistas: C.I.R.A. Brasil [2ª parte]
movimento, pelo que está incurso nas sanções dos art. 12 e 38 nº VII do
Decreto-Lei nº 314/67, c.c. o art. 53 do Código Penal Militar.
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TESTEMUNHAS:
Documento 26
Carta de Ideal Peres
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Os arquivistas: C.I.R.A. Brasil [2ª parte]
Documento 27
Poder Judiciário
Justiça Militar
1ª Auditoria da Aeronáutica da 1ª C.J.M.16
MANDADO DE CITAÇÃO
[assinatura]
Eu, José Marinho de Mattos, escrivão que o fiz datilografar
e assino.
[assinatura]
JOÃO NUNES DAS NEVES, substituto de Auditor, em exercício.
Documento 28
Poder Judiciário
Justiça Militar
1ª Auditoria da Aeronáutica da 1ª C.J.M.
133
16
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SENTENÇA
Proc. n° 58/69.
Com base em IPM,18 instaurado no COMTA,19 o Dr. Procurador em
exercício ofereceu a denúncia de fls. 2/2J contra:
134
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Os arquivistas: C.I.R.A. Brasil [2ª parte]
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[assinatura]
JOÃO VICENTE CARLOS VERCESI, Presidente.
[assinatura]
LUIS HENRIQUES, CAP. INT., Juiz.
[assinatura]
LUIZ CARLOS CASSANO, 1° TEN. DENT., Juiz.
Documento 29
Recorte de jornal sobre a absolvição dos anarquistas
136
verve
Os arquivistas: C.I.R.A. Brasil [2ª parte]
Os estudantes
São os seguintes os estudantes absolvidos pela 1ª Auditoria da
Aeronáutica, tendo como juiz auditor o Sr. João Nunes das Neves: Antônio
da Costa, Fernando Gonçalves da Silva, Manuel dos Santos Rana,21 Paulo
Fernandes da Silva e Antonio Francisco Correia.
E mais: Roberto Barreto Pedroso Neves, Eli Briareau22 de Oliveira,
Mário Rogério Nogueira Pinto, Antônio Rui Nogueira, Maria Arminda Sol
e Silva, Antônio da Silva Costa, Roberto da Silva Costa e Carlos Roberto
da Silva.
DOCUMENTO 30
Apêndice. Cartaz do Curso sobre Anarquismo em PDF23
DOCUMENTO EXTRA24
Última hora. Depoimentos de Regina Helena Machado
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2009
Notas
1
A segunda parte do arquivo do C.I.R.A. inicia-se pelo documento 17:
“Temário da primeira Assembleia Geral do C.I.R.A.-Brasil em 30/07/1969”. Os
documentos anteriores encontram-se disponíveis na Revista Verve 15. (N. E.)
2
Centro de Estudos Professor José Oiticica. (N. E.)
3
Commission de Relations Internationales Anarchistes (C.R.I.A.), Secrétariat
Provisoire aux Relations Internationales Anarchistes (S.P.R.I.). (N. E.)
4
Biblioteca Anarquista Internacional Americana. (N. E.)
5
Movimento Estudantil Libertário. (N. E.)
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Os arquivistas: C.I.R.A. Brasil [2ª parte]
6
Federação Anarquista Italiana. (N. E.)
7
Federação de Jovens Anarquistas Italianos. (N. E.)
8
Comissión de Relations de l’Internationale de Fédération Anarchistes. (N. E.)
9
Se não houver novas inscrições ou aumento de anuidade.
10
Nos documentos a seguir: 22; 23; 24; 25; 27 e 28, optamos por manter a
formatação do documento policial. (N. E.)
11
Série de acordos entre o Ministério da Educação (MEC) e United States
Agency for International Development (USAID) para a reforma do ensino
brasileiro na década de 1960. (N. E.)
12
Rosa Machado, secretária da Aliança Francesa, esposa do advogado.
13
Pietro Ferrua.
14
Lino Machado, advogado da maioria dos acusados.
15
Nenhuma informação consta nos documentos em relação ao recurso
obrigatório contra a absolvição em virtude da Lei de Segurança acima
mencionada.
16
Circunscrição Judiciária Militar. (N. E.)
17
A lista mencionada corresponde a divulgada no documento 25. (N. E.)
18
Inquérito Policial Militar. (N. E.)
19
Comando de Transporte Aéreo. (N. E.)
20
Ferrua.
21
Ramos.
22
Briareu.
23
O cartaz não consta no interior dos documentos. (N. E.)
24
Este documento não consta na lista original. Foi acrescido posteriormente
por Pietro Ferrua. (N. E.)
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RESUMO
Segunda parte do ensaio arquivista de Pietro Ferrua sobre a
existência da seção brasileira do C.I.R.A. (Centro Internacional
de Pesquisas sobre o Anarquismo), composta por registros do
ano de 1969 até o encerramento de suas atividades em meio a
ditadura em 1971. Os documentos reunidos trazem uma breve
história da prática cotidiana de anarquistas, seus deslocamen-
tos ultrapassando fronteiras territoriais e suas lutas contra a
ditadura militar no Brasil.
ABSTRACT
Second part of Pietro Ferrua’s archivist essay is about the
existence of C.I.R.A.’s (International Research Center about
Anarchism) Brazilian section. It is composed of records from
1969 to its locking up activities of the dictatorship in 1971.
These documents show a brief history of the anarchists’ daily
practice: their dislocation, exceeding territorial limits, and their
struggles against the military dictatorship in Brazil.
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A iniciativa da cooperativa Cinéma du Peuple
a iniciativa da cooperativa
cinéma du peuple
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Notas
1
Publicado também em Arena: on anarchism cinema nº1. Disponível em: http://
www.christiebooks.com. Também em: http://www.nu-sol.org.
RESUMO
O Cinéma du Peuple representou uma importante ferramen-
ta de propaganda novelística para os libertários no início do
século XX. Entre os seus fundadores encontram-se Sébastien
Faure, Jean Grave, Pierre Martin e André Girard. O trabalho
do Cinéma du Peuple ficou conhecido principalmente por meio
dos artigos publicados no Le Libertaire, La Guerre Sociale, Les
Temps nouveaux, e La Bataille syndicaliste.
ABSTRACT
The Cinéma du Peuple represented a novel propaganda weapon
for libertarians in the beginning of the 20th century. Among its
founders we find Sébastien Faure, Jean Grave, Pierre Martin
and André Girard. The work of the Cinéma du Peuple was made
known chiefly through the articles that its steering committee
had published in Le Libertaire, La Guerre Sociale, Les Temps
nouveaux and La Bataille syndicaliste.
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cultura asfixiante
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Notas
1
Ver, em especial, a produção dos índios Pataxó pesquisada por Rodrigo
Grünewald em: “Artes Turísticas e Autenticidade Cultural” in Veredas, vol. 1.
Cabedelo, julho 2002, pp. 7-21.
2
Uma forma exemplar desta tendência é a associação e a assessoria que o
Instituto Socioambiental mantém com os indígenas da FOIRN (Federação das
Organizações Indígenas do Rio Negro), e que criaram uma rede de produção
e venda de cestaria segundo padrões tradicionais a partir de recuperação de
técnicas já por muitos esquecidas e de uma rigorosa manutenção da qualidade
das matérias primas e dos padrões estéticos, conforme relata Beto Ricardo em:
Arte Baniwa — cestarias de Arumã. São Paulo, Instituto Socioambiental, 2001.
3
As informações biográficas e históricas aqui comentadas, quando não há
outra indicação, podem ser encontradas no sítio eletrônico da Collection de l’art
Brut, em Lausanne (Suíça), instituição que atualmente guarda, expõe, pesquisa
e amplia a coleção criada por Dubuffet. Disponível em: http://www.artbrut.
ch/ (acesso em: 6/12/2009).
4
A obra de arte produzida por Dubuffet está em diversos museus de arte
e também na Dubuffet Foundation (Paris e Périgny-sur-Yerres). Disponível
em: http://www.dubuffetfondation.com/fondfset_ang.htm (acesso em:
8/12/2008).
5
A exposição chamou a atenção de diversas personalidades parisienses, como
Francis Ponge, Henri Michaux, Tristan Tzara, Joan Miró, Victor Brauner,
Georges Borgeaud, Michel Seuphor, René de Solier, Claude Lévi-Strauss,
André Malraux, Michel Ragon e Arnal (V. Rousseau e Collection de l’Art Brut).
162
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A atualidade em Dubuffet: cultura asfixiante
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19
Ibidem, pp. 99.
20
Ibidem.
21
Ibidem, pp. 99-100.
22
Ibidem, p. 100.
23
Michel Thévoz. Art brut, psychose et médiumnité. Paris, Editions de la
Différence, 1990, pp. 34-35. Parcialmente disponível em: http://www.artbrut.
ch/index63d0.html (acesso em: 06/12/2008).
24
Uma pequena reflexão sobre a relação entre arte e loucura nestas sociedades
está no capítulo XX de Olhar Escutar Ler de Lévi-Strauss, 1997, no qual ele relata
que as bordadeiras de padrões geométricos em couros, com espinhos de porco-
espinho, entre os índios das planícies da América do Norte, necessariamente
deveriam enlouquecer quando produziam um novo padrão, recebido em um
sonho com a Dama Dupla: esta era a condição imposta por sua cultura para
que fossem reconhecidas como artistas geniais. A partir deste momento, sua
inovação era incorporada aos padrões daquela sociedade, mas ela deveria
viver como louca: rindo compulsivamente e, sem se casar, mantendo relações
sexuais com qualquer homem e realizando atividades femininas e masculinas
(p. 134).
25
Edson Passetti. “Nise da Silveira, uma vida como obra de arte” in Anarquismo
urgente. Rio de Janeiro, Achiamé, 2007, p. 37.
26
Nise da Silveira. O mundo das imagens. São Paulo, Ática, 1992, p. 93.
27
Informações e imagens do Museu de Imagens do Inconsciente estão
disponíveis em: http://www.museuimagensdoinconsciente.org.br/ (acesso
em: 10/01/2009). E no vídeo Nise da Silveira, de Edson Passetti (1992).
28
Bispo do Rosário, apud Luciana Hidalgo, Arthur Bispo do Rosário — o senhor
do labirinto. Rio de Janeiro, Rocco, 1996, p. 185. (Ver também: Prisioneiro da
Passagem, de Hugo Denizart, 1982 — N. E.).
Moacir e sua obra podem ser atualmente vistos no filme-documentário
29
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A atualidade em Dubuffet: cultura asfixiante
Resumo
O artista plástico Jean Dubuffet, crítico vigoroso da cultura, pu-
blicou, entre outros, o ensaio Cultura Asfixiante, em 1968, que
definitivamente o associa ao anarquismo e, particularmente,
ao individualismo de Max Stirner. É também conhecido como
o criador da noção de Arte Bruta, que designa produções não
profissionais e fora dos padrões estéticos convencionais, rea-
lizadas por internos de manicômios psiquiátricos e de outras
instituições semelhantes, autodidatas isolados e médiuns.
Para guardá-la e pesquisá-la, criou a Collection de l’Art Brut,
em Lausanne (Suíça). No Brasil, destaca-se a atuação da Dra.
Nise da Silveira incentivando essas manifestações no Hospital
Engenho de Dentro, a obra de Arthur Bispo do Rosário, interno
na Colônia Juliano Moreira, ambos no Rio de Janeiro, e a de
Moacir, que vive com familiares na Chapada dos Veadeiros, em
Goiás, e que nunca foi internado.
165
conversação contra um tempo conservador 1:
LEI ANTIFUMO.
você
ecologia
tem fogo?
dos corretos
guerra, libertarismo e
relações internacionais
0
thiago rodrigues*
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Notas
1
Res. 1846/2008; § 10 a.
2
Francis Fukuyama. Construção de Estados: governo e organização no século XXI.
Tradução de Nivaldo Montigelli Jr. Rio de Janeiro, Rocco, 2005, p. 124.
3
Frank. R. Pfetsch. “Why was the 20th century warlike?” in Estevão Chaves de
Rezende Martins (org.). Relações Internacionais: visões do Brasil e da América Latina.
Brasília, FUNAG/Instituto Brasileiro de Relações Internacionais, 2003, pp.
319-340.
4
Friedrich von der Heydte. A guerra irregular moderna, em políticas de defesa e como
fenômeno militar. Tradução de Jayme dos Santos Taddei. Rio de Janeiro, Bibliex,
1990.
5
Hans Magnus Enzensberger. Guerra Civil. Tradução de Marcos Branda
Lacerda. São Paulo, Companhia das Letras, 2002.
6
Michel Foucault. Em defesa da sociedade. Tradução de Maria Ermantina Galvão.
São Paulo, Martins Fontes, 2002, p. 191.
7
Carl von Clausewitz. Da guerra. Tradução de Maria Teresa Ramos. São Paulo,
Martins Fontes, 2002.
183
16
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8
Para uma discussão sobre a relação entre novos ilegalismos transnacionais e
conflitos internacionais consulte: Misha Glenny. McMáfia: crime sem fronteiras.
Tradução de Lucia Boldrini. São Paulo, Companhia das Letras, 2008; Thiago
Rodrigues. Política e drogas nas Américas. São Paulo, Educ/FAPESP, 2004; Moisés
Naím. Ilícito: o ataque da pirataria, da lavagem de dinheiro e do tráfico à economia global.
Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2006.
9
Em 1998, as embaixadas estadunidenses na Tanzânia e o no Quênia foram
destruídas com bombas e em 2000 um navio de guerra dos Estados Unidos
foi atacado em Aden, no Iêmen, por uma lancha com terroristas suicidas. Os
três atentados foram atribuídos pelos EUA à Al-Qaeda.
10
Andre Degenszajn. Terrorismos e terroristas. São Paulo, PUC-SP, Dissertação
de Mestrado em Ciências Sociais (Relações Internacionais), 2006.
11
Andre Degenszajn. “Terrorismos e invulnerabilidades” in Edson Passetti e
Salete Oliveira (orgs.). Terrorismos. São Paulo, Educ, p. 169.
12
Edson Passetti. Anarquismo urgente. Rio de Janeiro, Achiamé, 2007, p. 94.
13
Idem.
14
John Baylis, Steve Smith, Patricia Owens. The globalization of world politics: an
introduction to international relations. New York, Oxford University Press, 2008.
15
Ver Jeremy Scahill. Blackwater: a ascensão do exército mercenário mais poderoso do
mundo. Tradução de Cláudo Carina e Ivan Weiz Kuck. São Paulo, Companhia
das Letras, 2008; Olivier Hubac (org.). Mercenaires et polices privées: la privatisation
de la violence armée. Paris, Universalis, 2005.
16
Thiago Rodrigues. Narcotráfico, uma guerra na guerra. São Paulo, Desatino,
2003.
Luis Fernando Ayerbe. Ordem, poder e conflito no século XXI. São Paulo, Editora
17
Unesp, 2006.
Antonio Negri e Michael Hardt. Multitude ― war and democracy in the age of
18
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Guerra, libertarismo e relações internacionais
24
Ibidem, p. 220.
Michel Foucault. Vigiar e punir. Tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis,
25
Vozes, 1997.
26
Edson Passetti. Anarquismos e sociedade de controle. São Paulo, Cortez, 2003,
p. 30.
27
Gilles Deleuze, 1998, op. cit., p. 223.
28
Edson Passetti, 2003, op. cit., p. 45.
29
Idem, p. 48.
30
Ibidem, p. 279.
31
Thiago Rodrigues. Guerra e política nas relações internacionais. São Paulo, PUC-
SP, Tese de doutorado em Relações Internacionais, 2008.
32
Michel Foucault, 2002, op. cit., p. 23.
33
Idem.
34
Ibidem, p. 22.
35
Michel Foucault. História da sexualidade: a vontade de saber, vol. 1. Tradução de
Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. Rio de
Janeiro, Graal, 1999, p. 89.
36
Idem, p. 97.
37
Michel Foucault. “O sujeito e o poder” in Paul Rabinow e Hubert Dreyfus.
Michel Foucault, uma trajetória filosófica. Tradução de Vera Porto Carrero. Rio de
Janeiro, Forense Universitária, 1995, p. 245.
38
Pierre-Joseph Proudhon. La guerre et la paix, tome 1. Antony, Éditions
Tops/H. Trinquier, 1998, p. 95.
39
Édouard Jourdain. Proudhon, Dieu et la guerre. Paris, L’Harmattan, 2006, p.
46.
Paulo-Edgar Almeida Resende e Edson Passetti (orgs.). Proudhon. São Paulo,
40
185
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RESUMO
Em A guerra e a paz, livro de 1861, Pierre-Joseph Proudhon
afirmou que a guerra instituiria os direitos, os governos e as re-
sistências. A guerra não se limitaria às batalhas entre exércitos,
mas, ao contrário, seria cotidiana, fazendo da política uma pe-
quena guerra. Um século depois de Proudhon, Michel Foucault
estudou as relações de poder pela perspectiva do agonismo
(do combate), o que faria da política uma guerra continuada
por outros meios. Em tempos nos quais as relações de poder se
redimensionam em termos globais, os escritos de Proudhon e
Foucault têm a potência de impulsionar uma analítica das rela-
ções internacionais liberada dos referenciais jurídico-políticos,
comprometidos com a defesa do poder político centralizado, e
que experimente uma perspectiva libertária interessada em
compreender as correlações de força e as resistências transter-
ritoriais da sociedade de controle.
ABSTRACT
Pierre-Joseph Proudhon stands in his book La guerre et la paix
(War and peace), published in 1861, that war would be the
settler of rights, governments and resistances. War would not
be limited to the battles among armies, but instead, it would
be a daily event that would convert politics in a “small war”.
A century after Proudhon, Michel Foucault studied the power
relations through the agonistic perspective, which would
make politics a war by other means. Nowadays, when power
relations are refashioned in a global way, Proudhon’s and
Foucault’s writings can impulse an analytics of international
relations free from the juridical-political references which are
compromised with the defense of state power. An analytics
that could experience a libertarian perspective interested in the
comprehension of the correlations of force and the transterritorial
resistances in the society of control.
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Notas
1
Esse texto é uma apresentação dos resultados da pesquisa de mestrado Poder e
resistências: movimentações da multidão ― uma cartografia dos movimentos antiglobalização.
São Paulo, Dissertação de Mestrado em Ciências Sociais: Política, PEPG/
PUC-SP, 2009.
2
Edson Passetti. “Poder e anarquia. Apontamentos libertários sobre o atual
conservadorismo moderado” in Verve, vol. 12. São Paulo, Nu-sol, 2007, p. 12.
3
François Houtart e François Poulet. O outro Davos. Mundialização de resistências e
de lutas. Tradução de Mariclara Oliveira. São Paulo, Cortez, 2002, p. 19.
4
Idem, p. 20.
5
François Chesnais. A mundialização do capital. Tradução de Silvana Finzi Foá.
São Paulo, Xamã, 1996, pp. 23-30.
6
José Corrêa Leite. Fórum Social Mundial. A história de uma invenção política.
São Paulo, Perseu Abramo, 2003.
7
Michael Hardt e Antonio Negri. Multidão ― Guerra e democracia na era do Império.
Tradução de Clóvis Marques. Rio de Janeiro/São Paulo, Record, 2005.
8
Michael Hardt e Antonio Negri. Império. Tradução de Berilo Vargas. Rio de
Janeiro, Record, 2001, p. 27.
9
Michael Hardt e Antonio Negri, 2005, op. cit., p. 17.
10
Uma cartografia tem por objeto de estudo as linhas que compõem
sociedades, indivíduos ou grupos. O estudo dessas linhas aparece, em
Deleuze e Guattari, sob diferentes nomes: esquizoanálise, micro-política,
pragmática, diagramatismo, rizomática. A linha molecular é segmentária,
mas é uma segmentaridade flexível, capaz de traçar pequenas modificações,
realizar desvios, embrenhar-se nas singularidades e nas suas interações,
formando códigos e territórios. A linha molar, também segmentária, mas
de segmentaridade dura, opera uma unificação, uma totalização das forças
moleculares, grandes conjuntos e grandes formas de gregaridade, opera uma
organização dual dos segmentos, sobrecodifica e generaliza, implicando um
aparelho de Estado. Há também a linha de gravidade ou celeridade, que
atravessa segmentos e limiares, é a linha de fuga, que possui primazia sobre as
demais, ou seja, é a linha molar que unifica, totaliza, organiza e sobrecodifica a
linha molecular, impedindo-a de seguir a linha de fuga. É a tarefa de destruição
e ao mesmo tempo positiva de uma cartografia: desfazer molaridades para
liberar molecularidades, desterritorializar fluxos para dar vazão às linhas de
fuga. Para um aprofundamento no conceito de cartografia, consutar: Gilles
Deleuze e Félix Guattari. O Anti-Édipo. Tradução de Joana Moraes Varela e
200
verve
Poder e resistências: movimentações da multidão...
Manuel Maria Carilho. Lisboa, Assírio, 2004; Gilles Deleuze e Félix Guattari.
Mil Platôs. Capitalismo e Esquizofrenia. Vol. III. Tradução de Aurélio Guerra
Neto, Ana Lúcia de Oliveira, Lúcia Cláudia Leão e Suely Rolnik. São Paulo,
Editora 34, 1996; Gilles Deleuze e Claire Parnet. Diálogos. Tradução de Eloísa
Araújo Ribeiro. São Paulo, Escuta, 1998.
11
Notes from Nowhere (org). We are everywhere ― the irresistible rise of global anti-
capitalism. New York, Verso, 2003, p. 96.
12
Ned Ludd. Urgência das ruas. Black Block, Reclaim the Streets e os dias de Ação
Global. Tradução de Leo Vinicius. São Paulo, Conrad, 2002, p. 10.
13
A escolha da sigla, composta pela letra inicial do mês e o dia do mês em
que ocorre o Dia de Ação Global, tem o objetivo de refletir a diversidade e o
alcance mundial dos eventos, não se referindo a nenhum grupo ou localidade
geográfica específica.
14
O N30, o acontecimento de Seattle, foi precedido por dois outros, que
ocorreram em 16 de maio de 1998 e em 18 de junho de 1999, ambos para
impedir encontros do G8.
15
One Off Press (org). On fire ― the battle of Genoa and the anti-capitalist
movement.2001. Oakland, One Off Press, 2001.
16
Daniel Colson assinala o fato de que no pensamento libertário, multidão,
utilizada sem artigo, sem ser una, como ressalta Negri, remete à anarquia, ao
múltiplo e ao diferente, a uma composição potencialmente ilimitada dos seres
a partir de uma proliferação de forças e subjetividades singulares, e não presa
à produção do comum que remete ao trabalho como fundamento ontológico
do homem. Se pensarmos multidão com Deleuze, cuja leitura de Espinosa
tem um viés nietzschiano e não marxista, como na leitura que dele faz Negri,
talvez a melhor maneira de constituí-la seja na prática anarquista das associações,
entendida como “a arte de suscitar bons encontros”. Daniel Colson. Pequeño
léxico filosófico del anarquismo de Proudhon a Deleuze. Tradução de Heber Cardoso.
Buenos Aires, Ediciones Nueva Visión, 2003, p. 22.
17
Fórum Social Mundial. Carta de Princípios. Disponível em: http://www.
forumsocialmundial.org.br (acesso em: 20/08/2009).
18
Michel Foucault. Segurança, Território, População. Tradução de Eduardo
Brandão. São Paulo, Martins Fontes, 2008, p. 144.
19
Idem.
20
Michel Foucault. Nascimento da Biopolítica. Tradução de Eduardo Brandão.
São Paulo, Martins Fontes, 2008, p. 4.
21
Idem, p. 402.
201
16
2009
22
Ibidem, p. 404.
23
François Houtart e François Poulet, 2002, op. cit., p. 175.
24
Revista Global. Rio de Janeiro, Rede Universidade Nômade/Do Lar Desing
Ltda. Edições 0 a 8.
25
Gilles Deleuze. Conversações. Tradução de Peter Pál Pelbart. São Paulo,
Editora 34, 2000, p. 213.
26
Segundo Deleuze o capitalismo é o sistema que funciona sob fluxos
descodificados, aí está sua potência e o seu limite: ao mesmo tempo que
funciona descodificando fluxos precisa conter essa descodificação (Gilles
Deleuze e Félix Guattari, 2004, op. cit.). Codificar aquilo que escapa no
horizonte, aquilo que foge. É assim que se codificam fluxos de resistência,
tornando-os aptos a uma molarização que os codifica e sobrecodifica; a
multidão não pode deixar de passar por esse processo: direitos, um novo pacto
social, uma institucionalidade democrática. A luta por direitos já é uma entrada
em fluxos de inclusão, que se dá pela própria atuação da multidão. Ao lutar por
direitos, a multidão está no âmbito de uma resistência reativa, visto que pretende
radicalizar, o que aqui é sinônimo de reformar, o que já está dado, a democracia.
Assim a luta por direitos da multidão e a tentativa de radicalização democrática
global podem ser entendidas como resistências reativas, apresentando-se como
alternativa diante das possibilidades de inovação, integrando-se a dispositivos
de inclusão. Uma codificação e sobrecodificação de resistências em sua aliança
com o Estado através de governos democráticos, fora das resistências ativas,
que estariam no âmbito de uma descodificação, da invenção de espaços de
liberdade, resistir de uma maneira que não seja codificável, embaralhar códigos,
o devir revolucionário dos indivíduos, atemporal e incessante.
27
Gilles Deleuze e Félix Guattari. Mil Platôs. Capitalismo e Esquizofrenia.
Vol. V. Tradução de Peter Pál Pelbart e Janice Costa. São Paulo, Editora
34, 1997.
28
Idem, p. 104.
202
verve
Poder e resistências: movimentações da multidão...
Resumo
Os movimentos antiglobalização emergem no cenário político
em meados dos anos 90 como formas de resistências ao
neoliberalismo e à globalização, rapidamente desdobrando-
se em iniciativas de unificação: os Fóruns Sociais ao redor do
mundo e tentativas de elaboração de plataformas políticas
que investem no aprofundamento da cidadania e participação
democrática. Alguns autores apreendem essas formas de
resistências no conceito de multidão, apontando para a
possibilidade de organização e resistência no plano molar. O
presente artigo é uma cartografia dessas resistências.
ABSTRACT
The anti-globalization movements emerged in the political
scenery in the middle of the 90s as ways of resistance to
neoliberalism and globalization, rapidly unfolding itself into
an initiative to unify: World Social Forums around the world
and efforts to elaborate political platforms that invest in the
strengthening of citizenship and democratic participation.
Some authors understand these forms of resistance in the
concept of multitude, pointing to the possibility of organization
and resistance in the molar plane. This article is a cartography
of those resistances.
203
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2009
Exu
*
Doutoranda no Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais
da PUC/SP, bolsista CNPq. Autora de Candomblé: agora é Angola (São Paulo,
Annablume, 2008).
A dinâmica
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A informação e a narrativa
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Quem não tem governo nem nunca terá...
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Quem não tem governo nem nunca terá...
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Quem não tem governo nem nunca terá...
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Notas
214
verve
Quem não tem governo nem nunca terá...
RESUMO
Exu é um dos orixás do panteão afro-brasileiro que, devido a
seu dinamismo e seu comportamento perturbador, tornou-se o
mais polêmico de todos os orixás. Contudo, ele é o princípio da
ordem e o agente da reconciliação, embora na sua maneira de
agir esteja sempre desconstruindo para construir. Ao chegar ao
Brasil esse símbolo é ressignificado, e mesmo que conserve as
características fundamentais que são reveladas no orixá afri-
cano, o Exu brasileiro se desdobra em macho e fêmea. Nesse
contexto surgem as pombagiras e compadres que, embora se-
jam representantes de uma marginália característica brasilei-
ra, são muito estimados. Essa insurreição dos marginalizados,
por ter como referencial a vida, produz uma inversão de papéis
que, desta forma, afirma a transgressão.
ABSTRACT
Exu is one of the Afro-Brazilian pantheon’s orixás who due
to its dynamism and disturbing behavior became the most
polemic orixá. However, he is the principle of order and the
agent of reconciliation, although in his way of acting, he
is always deconstructing in order to construct. Arriving in
Brazil, the symbol is reframed and, even though it retains the
fundamental characteristics that are revealed in the African
orixá, the Brazilian Exu unfolds itself in male and female. In
this context the pombagiras and compadres show up and are
much appreciated although representing a marginalia Brazilian
feature. This insurrection of the marginalized, for having life as
a reference, produces an inversion of roles that, in this way,
affirms the transgression.
215
conversação contra um tempo conservador 1:
LEI ANTIFUMO.
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Notas
1
Ambos tinham trocado correspondência entre 1932-1937, enquanto Luis
Joaquim Portela estava preso.
2
Em 10 de setembro de 1952.
3
“Fala Um Operário Português” foi o primeiro artigo publicado por Antônio
Francisco Correia, o texto saiu no jornal Ação Direta (Rio de Janeiro), número
80, em maio/junho de 1952.
4
Antônio Francisco Correia também chegou a escrever usando pseudônimos
como Varlin, Zola, dentre outros.
5
A Sociedade Naturista Amigos de Nossa Chácara foi registrada em 9 de
novembro de 1939, e o grupo que iniciou o trabalho de construção desta era
composto por: Germinal Leuenroth, Nicola D’Albenzio, Virgilio Dall’Oca,
Justino Salgueiro, Salvador Arrebola, Antônio Castro, João Rojo, Benedito
Romano, José Oliva Castillo, Roque Branco, Antônio Valverde, Cecílio Dias
Lopes e Lucca Gabriel. A Nossa Chácara/Nosso Sítio foi uma iniciativa
essencial para a reorganização do movimento anarquista no Brasil, após o
final da ditadura de Getúlio Vargas, e foi palco de importantes congressos e
encontros libertários entre 1948 até o final dos anos sessenta.
6
O Grupo Libertário Fábio Luz (depois Grupo de Ação Libertária), formado
por militantes como: Edgar Rodrigues, Seraphim Porto, Roberto das Neves,
Enio Cardoso e Afonso Vieira, existiu entre a morte de José Oiticica e a
fundação do Centro de Estudos Professor José Oiticica. Com o passar do
tempo após a fundação do Centro, o Grupo Libertário foi absorvido pelo
C.E.P.J.O.
224
verve
Edgar Rodrigues (1921-2009)
7
Os militares também invadiram moradias, escritórios profissionais, a Editora
Germinal e roubaram centenas de pertences desses locais.
8
Edgar Rodrigues ajudou a esconder Esther de Oliveira Redes num sítio em
Jacarepaguá, e através de troca de serviços “comprou” o impronunciamento
dela e retirou vários documentos do processo que poderiam comprometer
outros companheiros.
9
Entre os livros clássicos de Edgar Rodrigues que resgatam a história do
movimento anarquista no Brasil, estão: Socialismo e Sindicalismo no Brasil (1675-
1913) de 1969, Nacionalismo e Cultura Social (1913-1922) de 1972, Trabalho e
Conflito (1900-1935) de 1977 e Novos Rumos ― Pesquisa Social (1922-1946) de
1978.
10
Os principais livros de Edgar Rodrigues que refazem a trajetória dos
anarquistas em Portugal são: O Despertar Operário Em Portugal (1834-1911) de
1980, Os Anarquistas e os Sindicatos Em Portugal (1911-1922) de 1981, A Resistência
Anarco-Sindicalista à Ditadura (1922-1939) de 1981 e A Oposição Libertária em
Portugal (1939-1974) de 1982.
11
Esther de Oliveira Redes não assinou a ata de fundação, mas esteve presente
nas reuniões e contribuía para a manutenção do arquivo até comunicar seu
desligamento do mesmo.
Conseguiu com Sônia Oiticica, por exemplo, cartas de quando seu pai José
12
225
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2009
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Edgar Rodrigues (1921-2009)
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2009
Notas
1
Este documento foi publicado em fevereiro de 2002 no catálogo da exposição
Edgar Rodrigues: pesquisador libertário da história social de Portugal e do Brasil, que ocorreu
no mesmo ano em Portugal e também no Brasil, no espaço da PUC-SP.
2
José Maria Carvalho Ferreira é Professor do Instituto Superior de Economia
e Gestão — Universidade Técnica de Lisboa.
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Edgar Rodrigues (1921-2009)
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conversação contra um tempo conservador 1:
LEI ANTIFUMO.
limiares da liberdade
8 e 9 de junho de 2009
19h30
Tucarena, PUC-SP
limiares da liberdade1
0
edson passetti & acácio augusto*
Personagens:
Corifeu
Homem 1, Anastas
Homem 2, Domingos Passos, Mulher 7
Homem 3, Presidente da seção eleitoral
Homem 4, Estátua
Voz do polícia (em off)
Homem 6, Immanuel Kant
Mulher 1, Nise da Silveira
Mulher 2
Mulher 3, Vera, Outra garota no Campo de concentração,
Anã, Poetisa
Mulher 4
Mulher 5
Mulher 6, Professora
Narrador (em off)
*
Edson Passetti é Professor no Departamento de Política e no Programa de
Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais da PUC-SP. Coordena o Nu-Sol.
Acácio Augusto é Professor de Ciência Política na Faculdade Santa Marcelina,
mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP e pesquisador no Nu-Sol.
Abertura
1ª Parte
Paladas de Alexandria
Coro: TSSSSSSSSSSSS.
238
verve
Limiares da liberdade
Homens 2, 3, 4 e 6:
“mulheres.
239
16
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Coro: TSSSSSSSSSSSS.
O maluco
240
verve
Limiares da liberdade
Coro: “Hosana!
241
16
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Coro: TRRRRRRRRRRR.
Cortazarianas
242
verve
Limiares da liberdade
Coro: O quê?
Homem 2: Cronópio.
Mulher 1: Cronópio!?
243
16
2009
Homem 2 e Mulher 6:
“Nos oitenta mundos da minha volta ao dia há
portos, hotéis e camas para os cronópios, e além
disso citar é citar-se, como já disseram e fizeram
mais de meia dúzia,
244
verve
Limiares da liberdade
Homens 2 e 6, mulheres 1, 2 e 5:
... como eu.”15
Mulher 6 e Mulher 5:
Como eu.
Coro: “duas,
Mulher 6 e Mulher 5:
[Nós duas...]
245
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246
verve
Limiares da liberdade
Mulher 2: estradas.
Mulher 2 e Mulher 3:
Sonhar Alto.”20
A terceira margem
247
16
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Homem 2: Nosso pai não voltou. Ele não tinha ido a nenhu-
ma parte. Só executava a invenção de se perma-
necer naqueles espaços do rio, de meio a meio,
Homem 3 e Homem 4:
“aquilo que não havia, acontecia.”
248
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Limiares da liberdade
Black-out.
249
16
2009
2ª Parte
Campo de concentração
Gueto
250
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Limiares da liberdade
251
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252
verve
Limiares da liberdade
Coro: O terror!
Arquipélogo
Homem 2 e Homem 1.
253
16
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254
verve
Limiares da liberdade
Theresienstadt
Coro de mulheres:
PRAGA! PRAGA!
Coro: TSSSSSSSSSSSS.
255
16
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Um preto anarquista
Domingos Passos:
Domingos Passos, militante anarquista do Rio
de Janeiro.
Domingos Passos:
Preto.
256
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Limiares da liberdade
Domingos Passos:
... deportação para o Oiapoque [Amapá, ano]
1924.
257
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Uma criança
Anastas: ‘Alojamento.’
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Uma dieta
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262
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Limiares da liberdade
3ª Parte
O voto e os filósofos
O presidente da seção:
Lamento informar mas as urnas quebraram.
“Podem ir embora. Não há previsão se a urna
voltará a funcionar. Vocês têm 60 dias para justi-
ficar o voto.”
263
16
2009
O presidente da seção:
Tem que justificar porque faz parte do pro-
cedimento.”43
264
verve
Limiares da liberdade
Immanuel Kant:
Sabe quem eu sou mocinha?
Immanuel Kant:
Você sabe que eu saí da minha cidade só para vir
votar, aqui onde fui designado.
Immanuel Kant:
Eu sou um filósofo.
265
16
2009
Immanuel Kant:
Dia de eleição é dia de lei seca.
266
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Limiares da liberdade
Mulher 4: Folgado.
Immanuel Kant:
Dá licença que eu vou pegar o meu ônibus para
voltar para Koenigsberg.
Immanuel Kant:
Você está parecendo uma Maria Anpocs, uma
alpinista acadêmica.
Coro de mulheres:
Au, au!
267
16
2009
Immanuel Kant:
Você sabe que o cidadão é livre para discordar
da lei, mas tem de obedecer.
268
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Limiares da liberdade
Black-out.
269
16
2009
Um sonho
Limites
Papo de dondocas
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Limiares da liberdade
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Mulher 7: Emergente!
272
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Limiares da liberdade
273
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Outro sonho
Silêncio.
A surra
274
verve
Limiares da liberdade
1964
275
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2009
“Céu escuro...
Por que não limpas...
E iluminas o meu mundo...”49
Hoje
do convés, o vento
desenho no azul
atlântico
água
náusea, odor
de algas.”50
276
verve
Limiares da liberdade
277
16
2009
1º de janeiro
Homem 2.
Livres e firmes
Homem 1.
278
verve
Limiares da liberdade
(...)
E só ficará comigo
o riso rubro das chamas, alumiando o preto
das estantes vazias.
Porque eu só preciso de pés livres,
de mãos dadas,
e de olhos bem abertos.”53
Silêncio.
Fim
Notas
1
Aula-teatro 5 do Nu-Sol. Pesquisa de texto por: Acácio Augusto, Anamaria
Salles, Andre Degenszajn, Beatriz Carneiro, Bruno Andreotti, Edson Passetti,
Eliane Knorr, Gustavo Ramus, Gustavo Simões, Lucia Soares, Mauricio
Freitas, Salete Oliveira, Thiago Rodrigues. Com Acácio Augusto, Aline Passos,
Anamaria Salles, Andre Degenzsajn, Beatriz Carneiro, Edson Passetti, Eliane
Knorr, Gustavo Ramus, Gustavo Simões, Klaus Peter Warkentin, Lucia Soares,
Luiza Uehara, Mauricio Freitas, Salete Oliveira, Thiago Rodrigues. Produção
gráfica: Andre Degenszajn. Operador de Luz: Thiago Rodrigues. Operador
de Som: Bruno Andreotti. Sonoplastia: Vitor Osório (convidado). Preparação
corporal e coreografias: Juçara Amaral (convidada). Trilha sonora: Edson
Passetti e Acácio Augusto. Coordenação e ambientação: Edson Passetti. A
versão deste texto confere com a última apresentação em 9 de junho de 2009,
no Tucarena-São Paulo.
2
Antonin Artaud. O teatro e seu duplo. Tradução de Teixeira Coelho. São Paulo,
Max Limonad, 1984.
3
John Cage. De segunda a um ano. Tradução de Rogério Duprat e Augusto de
Campos. São Paulo, Hucitec, 1985, pp. 105-106.
279
16
2009
4
Paladas de Alexandria. Epigramas. Tradução de José Paulo Paes. São Paulo,
Nova Alexandria, 2001, p. 59.
5
Idem, p. 57.
6
Ibidem, p. 47.
7
Ibidem, p. 57.
8
Ibidem, p. 71.
9
Julio Cortazar. “Aumenta a criminalidade infantil nos Estados Unidos” in
A volta ao dia em 80 mundos, vol. 1, (1967). Tradução de Ari Roitman e Paulina
Wach. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2008, pp. 91-95.
Julio Cortazar. Último round, vol. 2, (1969). Tradução de Ari Roitman e Paulina
10
280
verve
Limiares da liberdade
26
Loïc Wacquant. As duas faces do gueto. Tradução de Paulo Cezar Castanheira.
São Paulo, Boitempo, 2008, pp. 78-80.
27
Idem.
28
Ibidem.
29
Albert Camus. O homem revoltado. Tradução de Valerie Rumjanek. Rio de
Janeiro/São Paulo, Record, 2003, p. 284.
Hakim Bey. Caos. Tradução de Patrícia Decia e Renato Resende. São Paulo,
30
M. Llistò e José A. Seabra. São Paulo, Circulo do Livro, 1975, pp. 15-16.
32
Idem, pp. 467-468.
33
Ibidem, p. 478.
34
Ibidem, pp. 479-480.
35
Terezin (Theresienstadt) Concentration Camp. Disponível em: http://www.jewish
virtuallibrary.org/jsource/Holocaust/terezin.html (acesso em: 15/02/2009).
Tradução do inglês por Beatriz Scigliano.
36
Pedro Catallo. “Subsídios para a história do movimento social no Brasil” in
Revista Verve, vol. 11, São Paulo, Nu-Sol (Núcleo de Sociabilidade Libertária
do Programa de Estudos Pós Graduados em Ciências Sociais da PUC-SP),
2007, p. 25.
37
E. E. Cummings. Eu: seis inconferências. Tradução de Cecília Rego Pinheiro.
Lisboa, Assírio & Alvim, 2003. p. 76.
38
Anne Aplebaum. Gulag: Uma História dos Campos de Prisioneiros Soviéticos.
Tradução de Mário Vilela e Ibraíma da Fonte. Rio de Janeiro, Ediouro, 2003,
pp. 374-376.
39
Idem, p. 119.
40
Samuel Beckett. Fim de partida. Tradução de Fábio de Souza Andrade. São
Paulo, Cosac e Naify, 2002, p. 86.
Oscar Wilde. Alma do homem sob o socialismo e escritos do cárcere. Tradução de
41
281
16
2009
43
Arleth 99. “Baratas, percevejos, eleições e afins” in Revista Libertárias, vol. 4:
Rebeldias, São Paulo, 1998, pp.77-78. (Ligeiramente modificado; “Arleth 99” foi
pseudônimo de Salete Oliveira — N. A.).
44
Maria Lacerda de Moura. “A política não me interessa” in Revista Verve, vol. 10.
São Paulo, Nu-Sol (Núcleo de Sociabilidade Libertária do Programa de Estudos
Pós Graduados em Ciências Sociais da PUC-SP), 2006, p. 235.
45
Michel Foucault. “O sujeito e o poder” in Hubert Dreyfus e Paul Rabinow.
Michel Foucault. Uma trajetória filosófica. Tradução de Vera Porto Carrero. Rio de
Janeiro, Forense Universitária, 1995, p. 239.
46
Edson Passetti. Anarquismos e sociedade de controle. São Paulo, Cortez, 2003,
p. 251.
47
Crise? Credo!. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/
fq0802200907.htm (acesso em: 8/02/2009). Seleção dos autores.
48
Nise da Silveira Apud Bernardo Carneiro Horta. Nise, arqueóloga dos mares. Rio
de Janeiro, Edições do autor/Biblioteca Nacional, 2008, pp. 156-288-289.
49
Roberta Imbiriba Salgado. “Poema-objeto” (poema integrante do ambiente
Tropicália, de Hélio Oiticica, 1967).
50
Virna Teixeira. “Migrante” in Distância. Rio de Janeiro, 7 Letras, 2005, p. 15.
51
Konstantinos Kaváfis. “À espera dos bárbaros” in Poemas. Tradução de José
Paulo Paes. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1982, pp. 106-107.
52
Roberto Bolaño. Os detetives selvagens. Tradução de Eduardo Brandão. São
Paulo, Companhia das Letras, 2006, p. 571.
João Guimarães Rosa. “Bibliocausto” in Magma. Rio de Janeiro, Editora
53
282
verve
Limiares da liberdade
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conversação contra um tempo conservador 1:
LEI ANTIFUMO.
você tem
fazer
fogo?
fumaça
Resenhas
teatro e anarquia gustavo ramus*
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verve
Teatro e anarquia
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Teatro e anarquia
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2009
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Cinema libertário
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Cinema libertário
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verve
Cinema libertário
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2009
revolução e liberdade,
porque simone gustavo simões*
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verve
Revolução e liberdade, porque Simone
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a primavera insolente
de michel foucault edivaldo v. da silva*
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2009
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verve
A primavera insolente de Michel Foucault
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16
2009
304
conversação contra um tempo conservador 1:
LEI ANTIFUMO.
você
brevíssima
tem fogo?
história
ou a dos corretos
25 de agosto, 19hs, museu da cultura - prédio sede, puc-sp
[r. monte alegre, 984 - tel. 3670-8559]
nu-sol - www.nu-sol.org
16
2009
NU-SOL
Publicações do Núcleo de Sociabilidade Libertária, do Programa de Estudos
Pós-Graduados em Ciências Sociais da PUC-SP.
Aulas-teatro
Emma Goldman na Revolução Russa, maio e junho de 2007.
Eu, Émile Henry, outubro de 2007.
FOUCAULT, maio de 2008; remontagem outubro de 2009.
Estamos todos presos, novembro de 2008 e fevereiro de 2009.
Limiares da liberdade, junho de 2009.
DVD
Ágora, agora, edição de 8 programas da série PUC ao vivo.
Os insurgentes, edição de 9 programas.
Vídeos
Libertárias, 1999.
Foucault-Ficô, 2000.
Um incômodo, 2003.
Foucault, último, 2004.
Manu-Lorca, 2005.
A guerra devorou a revolução. A guerra civil espanhola, 2006.
Cage, poesia, anarquistas, 2006.
Bigode, 2008.
Video-Fogo, 2009.
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verve
CD-ROM
Um incômodo, 2003 (artigos e intervenções artísticas do Simpósio Um
incômodo).
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2009
Livros
Edson Passetti e Acácio Augusto. Anarquismos e educação. São Paulo,
Autêntica, 2008.
Edson Passetti. Anarquismo urgente. Rio de Janeiro, Achiamé, 2008.
Edson Passetti e Salete Oliveira (orgs.). Terrorismos. São Paulo, Cortez,
2006.
Edson Passetti e Salete Oliveira (orgs.). A tolerância e o intempestivo. São
Paulo, Ateliê Editorial, 2005.
Edson Passetti (org.). Curso livre de abolicionismo penal. Rio de Janeiro,
Editora Revan/Nu-Sol, 2004.
Edson Passetti (org.). Kafka-Foucault, sem medos. São Paulo, Ateliê Editorial,
2004.
Beatriz Scigliano Carneiro. Relâmpagos com claror: Lígia Clark e Helio Oiticica,
vida como arte. São Paulo, Ed. imaginário/FAPESP, 2004.
Thiago Rodrigues, Política e drogas nas Américas. São Paulo, Educ/FAPESP,
2004.
Thiago Rodrigues, Narcotráfico, uma guerra na guerra. São Paulo, Desatino,
2003.
Mikhail Bakunin. Estatismo e anarquia. São Paulo, Ed. Imaginário/Ícone
Editora/Nu-Sol, 2003.
Pierre-Joseph Proudhon. Do Princípio Federativo. São Paulo, Ed. Imaginário/
Nu-sol, 2001.
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verve
Identificação:
Resumo:
Notas explicativas:
Citações:
I) Para livros:
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16
2009
Ex: Roberto Freire. Sem tesão não há solução. Rio de Janeiro, Ed.
Guanabara, 1987, 193 pp.
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Revista Verve
Núcleo de Sociabilidade Libertária (Nu-Sol), Programa de Estudos
Pós-Graduados em Ciências Sociais da PUC-SP. Rua Ministro Godói,
969, 4o andar, sala 4E-20, Perdizes, CEP 05015-001,
São Paulo/SP.
Informações e programação das atividades
do Nu-Sol no endereço: www.nu-sol.org
Leia também...
Revista Utopia
Publicação da Associação Cultural A VIDA
www.utopia.pt
Portugal
Letralivre
Revista de cultura libertária, arte e literatura
Robson Achiamé, Editor
www.achiame.net
Brasil
Deriva
Editora Deriva
www.deriva.com.br
Brasil
El Libertário
Vócero ácrata de ideas y propuestas de acción
www.nodo50.org/ellibertario
Venezuela
El Libertário
Publicación de la Federación Libertaria Argentina.
www.flying.to/fla
www.anarquia.org.ar (versão digital realizada pelo Colectivo Libertario Mar
del Plata
Argentina