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09/01/14 MEMÓRIAS DE CHARLES G.

FINNEY CAPÍTULO X--REAVIVAMENTO EM GOUVERNEUR

A VERDADE DO EVANGELHO
MEMÓRIAS DE CHARLES G. FINNEY
por Charles G. Finney

CAPÍTULO X.

REAVIVAMENTO EM GOUVERNEUR

O IRMÃO Nash, de acordo com tudo aquilo que combinamos, voltou no dia seguinte para
Gouverneur.

Desloquei-me, creio que cerca de trinta milhas para chegar ao local. Chovia torrencialmente
logo pela manhã, mas assim que parou, tive como chegar a Antwerp. Mas mal comecei a
almoçar, a chuva voltara de novo até quase ao fim da tarde. Desde a manhã que me parecia ser
impossível alcançar o local de culto e a tarde apenas me dizia o mesmo. Mas logo a chuva
parou por algum tempo e pus-me a caminho de Gouverneur. Descobri mais tarde que as
pessoas haviam desistido de me esperar, devido à chuva intensa que se fez sentir.

Antes mesmo de ter alcançado a vila, um certo senhor S-, um dos principais membros daquela
igreja, já voltava para sua casa a qual eu já havia passado. Ele parou sua carruagem e
perguntou-me se eu era o Finney. Respondi-lhe que sim e então ele acrescentou: "Olhe, por
favor, volte para traz até minha casa, pois faço questão que seja meu hóspede. O senhor deve
estar fatigado por causa da longa jornada até aqui nestas estradas lamacentas e intransitáveis;
volte, pois acho mesmo que não deve haver qualquer reunião hoje". Respondi-lhe que eu iria a
qualquer custo cumprir com o compromisso assumido e perguntei se ainda lá havia alguém na
igreja. Disse-me que quando saíra de lá, as pessoas ainda lá estavam, mas achava que me seria
de todo impossível alcançar o local antes de se haverem dispersado.

Cavalguei rapidamente, apeei-me à porta do salão de culto e apressei-me a entrar. O irmão


Nash estava por traz do púlpito e acabava de se erguer para mandar as pessoas para suas
casas. Mas mal me viu, levantou suas mãos e esperou até que houvesse chegado ao púlpito e
abraçou-me efusivamente, erguendo-me no ar. Depois da sua cerimónia de boas-vindas,
apresentou-me de seguida à congregação. Em poucas palavras dirigi-me às pessoas informando
que havia vindo cumprir o que havia sido estipulado e que querendo Deus eu iria pregar a uma
certa hora, a qual marquei logo ali.

Quando chegou a hora, a casa estava lotada de gente. As pessoas haviam ouvido tanta coisa,
tanto a favor quanto contra mim, que sua curiosidade não lhes permitia ficar sem vir ouvir-me.
O Senhor deu-me um texto do qual preguei e derramei todo o conteúdo do meu coração sobre
eles. A Palavra teve um efeito tremendo sobre eles. Isso era plenamente manifesto e bastante
visível em todos ali presentes, creio mesmo. Terminei aquela reunião e só então pude ir
descansar.

O hotel da vila era dirigido por um Dr.S-, um Universalista convicto. Na manhã seguinte, saí
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como me era habitual, para falar com as pessoas e inquirir deles sobre o verdadeiro estado de
suas almas. Maravilhei-me pois toda a vila fervilhava de entusiasmo. Depois de haver
entrevistado e conversado com algumas pessoas, entrei na loja dum alfaiate e descobri que as
pessoas estavam a discutir todo o sermão do dia anterior.

O Dr. S-, que eu ainda não conhecia, estava entre essas mesmas pessoas, defendendo seus
sentimentos Universalistas. Mal entrei, os argumentos e os apontamentos que havia feito
serviram de tema de conversa e o Dr. S- deu um passo em frente, apoiado pelos demais que ali
se achavam, desabafando e disputando seus pontos de vista, declarando-me suas doutrinas de
salvação universalista. Alguém o apresentou a mim eu disse-lhe de seguida: "Dr., teria muito
gosto em discutir consigo suas opiniões, mas para que tenhamos essa mesma conversa teremos
que acordar a maneira da discussão antes de tudo". Eu estava já habituadíssimo a discutir as
opiniões com universalistas e nunca esperava que algo de bom saísse dessas mesmas
discussões, a menos que certa disciplina fosse imposta sobre o desenrolar de tal tempo de
discussão. Propus-lhe, por essa razão, que deveríamos discutir apenas um ponto de cada vez e
fazendo-o até que esse mesmo ponto estivesse devidamente esgotado, para que assim
tivéssemos como pegar num e depois noutro assunto. Então poderíamos e haveríamos de
discutir apenas o ponto de vista presente sem vaguearmos nem divagarmos dele. Também ficou
assente que nunca nos interromperíamos um ao outro em debate e que cada um tivesse a
liberdade de atestar seus pontos de vista livre e efusivamente. Em terceiro lugar que não
poderia haver discussão e desprezo um pelo outro, mas que se pudesse manter o pleno respeito
um pelo outro, dando o devido peso a cada argumento, de um e de outro lado. Sabia de
antemão que eles argumentavam todos num sentido apenas e que facilmente se uniam em defesa
uns dos outros e que essa manhã estava destinada a que tal coisa sucedesse também.

Tendo estabelecido os preliminares, começamos com os argumentos. Não demorou muito até
que todos os pontos de vista deste senhor estivessem por terra, demolidos, pois ele sabia muito
pouco acerca de toda a Bíblia. Tinha uma maneira peculiar de dispor de certas passagens
bíblicas à sua maneira, conforme as recordava apenas. Tudo o que se recordava da Bíblia,
servia apenas como algo que se sujeitava e apoiava seus pontos de vista. Mas tal como é
peculiar de todos os Universalistas, ele demorou mais tempo em argumentar acerca daquilo que
acham que é a injustiça do castigo eterno.

Logo lhe pude mostrar, tal como aos demais ali presentes, que tinha muito pouco terreno onde
se firmar conclusivamente, no que toca a Bíblia. Logo tomou posição que, dissesse a Bíblia o
que dissesse, castigo eterno seria algo sempre injusto e que por essa razão a Bíblia não tinha
porque ser verdade nem verdadeira, pois ameaçava com um castigo eterno. Mas havia sido
concluído o argumento quanto ao que a Bíblia dizia sobre todos os seus argumentos. De facto,
pude sentir que no fundo todos eles eram apenas cépticos e descrentes, não cedendo apenas
porque a Bíblia contradizia frontalmente todos os seus pontos de referência. Foi assim que
conclui com aquela questão sobre o castigo eterno. Pude notar que todos os seus amigos
estariam em profunda agitação interior, pois suas bases de segurança lhes havia sido retirada.
Muito pouco tempo depois um deles saiu dali disparado. Conforme continuei, mais um saiu e
acabaram todos por o deixar só em seus argumentos: foi abandonado pelos seus. Todos eles se
haviam apercebido que estaria errado sem qualquer sombra de dúvida.

Ele era quem consideravam seu líder. E Foi assim que Deus me permitiu desterrar todos os seus
argumentos diante de seus próprios seguidores. Assim que notou que não tinha mais nada para
argumentar, instiguei sua atenção para aquela necessidade de salvação imediata e absoluta e

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muito amigavelmente lhe desejei um bom dia para e fui-me embora, tendo aquela convicção de
que em breve algo mais surgiria daquela conversação novamente.

A esposa deste médico era crente, membro da igreja local. Ele narrou-me um ou dois dias
depois disso, que seu marido chegara a casa muito agitado, sem saber por onde havia andado.
Ele entrara em seu quarto, sentou-se, mas logo se levantaria por não conseguir permanecer
sentado por muito tempo. Ela notou que ele estava em grande agitação pelo semblante
carregado que manifestava. Perguntou-lhe o que se passava. Ele respondeu: "Nada!". No
entanto, toda a sua agitação aumentou de tom. Perguntou de novo se algo se passava com ele.
Ela começou levemente a suspeitar que ele havia estado comigo. Então perguntou-lhe: "esteve
com o Sr. Finney esta manhã?" Isso colocou uma paragem em toda a sua agitação,
exclamando: "Sim! E ele fez com que todas as minhas próprias armas agora estejam apontadas
à minha própria cabeça!" Sua agonia intensificou-se e assim que parou de resistir, havendo sido
aberto caminho a que se pudesse expressar, entregou-se àquilo que o atormentava e desde
logo começou a experimentar esperança. Seus seguidores entraram, havendo sido trazidos, até
que um avivamento genuíno limpou toda aquela eira.

Disse que havia por ali uma igreja Baptista e também uma Presbiteriana, cada qual tendo o seu
salão de culto perto um do outro. Esta igreja Baptista tinha Pastor e a Presbiteriana não tinha.
Mas assim que o avivamento irrompeu, os irmãos da igreja Baptista começaram a opor-se a
ele. Falavam contra a obra de Deus e usavam mesmo meios pouco recomendáveis para lhes
servir de arma de oposição. Isto encorajou uns certos jovens a unirem-se e a estabelecerem-se
mutuamente contra todo aquele avivamento. A igreja Baptista detinha muita influência naquele
local e maioritariamente por essa razão, sentiram-se devidamente encorajados a oporem-se.
Havia uma certa amargura no ar, muito forte em seus apetrechos. Estes jovens formaram uma
frente unida e pareciam uma catapulta a impedir qualquer progresso da Obra.

Mediante este estado de coisas e circunstâncias, eu e o irmão Nash decidimos que seria uma
barreira a ser vencida pela oração, pois não nos era possível destronar tudo aquilo de outra
forma sequer. Nós nos retiramos para o bosque os dois e nos entregamos à oração sobre todo
aquele assunto até que houvéssemos sentido que havíamos prevalecido diante de Deus quanto
àqueles jovens. Sentimos mesmo que nenhum poder nesta terra teria mais como impedir que a
poderosa mão de Deus se interpusesse e destronasse todo aquele breve impedimento ao
avivamento.

No domingo a seguir, depois de haver pregado de manhã e pela tarde &endash; fui eu quem
pregou sempre, pois o irmão Nash entregara-se por inteiro à oração &endash; combinamos
encontrarmo-nos pelas cinco da tarde na igreja, para uma certa reunião de oração. A casa
estava lotada de gente. Perto do fim da reunião o irmão Nash levantou-se do seu banco e
direccionou seu discurso para os jovens oposicionistas da igreja Baptista. Creio mesmo que
todos eles estavam ali presentes dando mãos enfrentando o Espírito de Deus. Era um caso tão
solene contra eles, que seria ridícula demais não confrontá-los pela forma como desprezavam
toda aquela avalanche da obra de Deus em curso. Sua dureza sentia-se no ar, era palpável para
todos ali presentes.

O Irmão Nash falou directamente para eles, apontando o verdadeiro perigo em que incorriam.
Para o fim de todo seu discurso, aqueceu seu tom e disse-lhes assim: "Agora oiçam-me bem,
jovens! Deus quebrará vossas trincheiras num tempo limite duma semana, ou convertendo-vos,
ou mandando alguns de vós para o inferno. Ele fará isso mesmo, tão certo quanto Ele é o meu
Deus!" Ele movimentava seus braços e desferiu um golpe casual sobre o púlpito, fazendo um
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grande ruído. Ele baixou-se logo, agarrou em sua mão, cheio de dor.

Toda a sala emudeceu em silêncio absoluto e as pessoas na sua maioria, baixaram suas cabeças
levemente. Tive oportunidade de observar que aqueles jovens estariam se agitando. Quanto a
mim, lamentei-me que o Irmão Nash houvesse ido tão longe quanto foi. Ele se comprometeu,
que Deus ou tiraria a vida daqueles jovens, colocando-os no inferno, ou os converteria numa
semana. Contudo, na Terça-feira dessa mesma semana, o líder desse movimento oposicionista,
deflagrou vindo até mim em grande agonia de espírito. Ele estava disposto a submeter-se.
Assim que o pressionei levemente, quebrantou-se diante de mim como o faria uma criança.
Confessou tudo e entregou sua vida a Cristo para logo de seguida me perguntar: "Sr. Finney,
que devo fazer agora?" Respondi-lhe de seguida assim: "Vá buscar seus jovens companheiros,
ore com eles e exorte-os a submeterem e entregarem-se a Deus de imediato. Assim fez
prontamente. E antes mesmo que a semana houvesse passado, senão todos, no mínimo quase
todos detinham uma esperança real em Cristo.

Havia um comerciante que vivia naquela vila, um certo senhor S-. Era um homem muito amável,
um cavalheiro, mas descrente. Sua esposa era filha dum pastor Presbiteriano e era sua segunda
esposa. Sua primeira esposa também havia sido filha dum pastor da mesma denominação. Ele
se havia casado com duas famílias de ministros Presbiterianos. Ambos os seus sogros
esforçaram-se grandemente para o converter a Cristo, mas em vão. Era um homem de leitura e
de reflexão. Ambos os seus sogros pertenciam à antiga escola Presbiteriana e colocaram em
suas mãos livros que apresentavam seus pontos de vista incondicionalmente. Era o que o fazia
tropeçar, pois quanto mais ele lia aqueles livros, mais ele se convencia que a Bíblia era falível.

Sua esposa urgiu-me a que viesse ter uma conversa com ele. Informou-me sobre todos os seus
pontos de vista e de todos os esforços antecedentes que haviam sido feitos para assegurar sua
conversão. Mas afirmou mesmo que ele estaria irredutível e assegurava que nenhuma
conversação teria como demovê-lo de todos os seus princípios básicos. Mesmo assim
comprometi-me a ir falar com ele e assim fiz oportunamente. Sua loja estava mesmo em frente
ao edifício de sua casa. Ela entrou na loja e pediu-lhe que entrasse. Ele declinou, argumentando
que de nada serviria e que já havia conversado o quanto bastasse com ministros; que sabia
precisamente o que eu lhe iria transmitir e que por essa razão iria apenas perder seu tempo para
nada. Disse também que, para além do mais, era algo repulsivo a seu sentimento. Ela
respondeu: "Mas, Sr. S-, nunca o vi tratar ministros que lhe tenham pedido uma audiência para
falar consigo, desse jeito assim. Eu convidei o Sr. Finney para ter uma conversação sobre este
assunto da religião e sentir-me-ei muito magoada e ferida caso o senhor se recuse a recebê-lo!"

Ela detinha um grande respeito e amor para com sua própria esposa e ela era uma mulher de
raça e fibra. Para ter porque agradá-la, consentiu entrar na loja. A senhora S- apresentou-o a
mim e saiu do local. Então dirigi-me a ele dizendo: "Sr. S-, entrei aqui sem qualquer intenção de
ter um argumento consigo, mas caso me conceda alguma atenção, poderei certamente ajudá-lo
a sobrepor-se aos problemas que tem com a religião evangélica, pois sou alguém que os tinha
em mim mesmo de igual modo". Falei com ele no mais meigo tom de voz e de imediato ele se
sentiu à-vontade diante de mim, sentou-se ao meu lado e disse-me assim: "Sr. Finney, não
existe necessidade de nos alongarmos em conversas sobre este mesmo assunto. Ambos
estamos bem familiarizados com todos os argumentos de ambos os lados e posso desde logo
adiantar quais os pontos principais dos meus pontos de vista, por causa dos quais nunca
consegui parar de questionar. Suponho desde já que o senhor me responderá a todos e que
todos os seus muitos argumentos serão futilmente inúteis. Mas caso me queira ouvir, posso

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relatar os meus pontos de vista todos".

Pedi-lhe encarecidamente que o fizesse. Começou então a dispor de argumentos como este,
que acho que posso recordar desta forma: "Tanto o senhor com eu concordamos na existência
de Deus". "Sim". "Ambos de estamos de acordo a que Ele seja poderoso, muito sábio e muito
bom". "Sim". "Nós concordamos que somos ambos criados por Ele e que através dessa criação
distinta deu-nos certas convicções irrefutáveis no que toca ao bem e ao mal, justiça e injustiça".
"Sim". "Assim concordamos também que tudo aquilo que possa ir contra essas mesmas
convicções internas nunca tenha como vir de Deus, pois nada disso nem é sábio, nem bom".
"Sim, estamos de acordo quanto a essas questões". "Sendo assim", continuou, "a própria Bíblia
nos exorta a viver em pleno acordo com a leis de Deus que estão pré-estabelecidas desde há
muito, do qual Deus é o próprio autor; também nos deu uma natureza pecaminosa que nunca
terá como viver dentro desses padrões. Logo Deus exige de nós uma obediência naquilo que
nunca teremos como obedecer. Temos de ser bons, o que nunca podemos, sendo-nos tal coisa
de todo impossível. Logo, nos condena a uma eternidade de sofrimento por que nunca
cumprimos tudo aquilo que não temos como cumprir".

Respondi-lhe: "Sr. S., o senhor tem alguma Bíblia? Pode-me mostrar onde se encontra a
passagem que ensina isso assim?" "Mas porque razão? Não há necessidade disso! Até o senhor
admite que é assim, que é isso mesmo que a Bíblia ensina de facto" "Não, eu refuto tudo isso
por inteiro". "Então", continuou, "a Bíblia afirma que Deus nos imputou todo o pecado desde
Adão em toda a sua posteridade; que todos nós herdamos essa natureza pecaminosa e que
estaremos sujeitos a uma condenação eterna apenas porque temos pecado que nos vem desde
Adão; assim, eu não me importo quem ensina tal coisa, ou qual o livro que diz isso, apenas sei
que tal argumento nunca poderia ter sua origem em Deus. Isso contradiz directamente todo o
sentido de justiça que habita em mim desde nascença!" "Sim, tal como contradiz os meus
também. Mas, diga-me, onde na Bíblia, está isso escrito?"

Ele começou a citar a catecismo, conforme já o havia feito antes. Respondi-lhe que esse era um
argumento inerente ao catecismo e nunca à Bíblia. "Mas, porquê? O senhor não é ministro
Presbiteriano? Assumi que o catecismos serviam de autoridade e exerciam-na sobre si!" "Não",
respondi, "estamos a falar sobre a Bíblia &endash; se aquilo que a BÍBLIA afirma é verdade ou
não. Tem o senhor como afirmar que esses argumentos retratam fielmente as doutrinas
bíblicas?" "Mas, se o senhor nega que isto vem escrito na Bíblia, porque toma tais atitudes que
eu nunca vi serem tomadas por nenhum ministro Presbiteriano?" Logo procedeu em atestar que
todos os homens teriam necessariamente de se arrepender e que era algo que afirmava ser
impossível ao ser humano. Pedia deles uma fé e uma obediência que lhes era de todo
impossível. Eu apenas voltei ao meu argumento de lhe pedir que atestasse onde se dizia isso na
Bíblia! Ele citava o catecismo e eu voltava a perguntar-lhe onde na Bíblia.

Prosseguiu dizendo também que a Bíblia atestava que Cristo havia morrido apenas para os que
eram eleitos e que mesmo assim mandava a que todos os homens em todo lado se
arrependessem de seus pecados, eleitos e não-eleitos, sob pena duma condenação eterna.
Dizia ele: "O facto é que em todos os mandamentos e preceitos contradiz meus melhores
sentidos de justiça, implantados em mim desde minha criação. A cada passo existe uma
contradição e eu nunca poderei aceitar que isso seja assim". Ele estava acalorado e positivo em
seus argumentos. Mas logo lhe respondi: "Caro Sr. S-, existe algo de errado em tudo isto.
Esses ensinamentos não são os que vêm na Bíblia &endash; reflectem apenas tradições
humanas criadas em doutrinas à semelhança do desejo humano, mais do que ser um reflexo fiel

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da verdade da Bíblia em si". "Sendo assim, diga-me Sr. Finney em que crê o senhor então?"
Ele disse isto com um enorme grau de impaciência. "Caso o senhor tenha como me ouvir por
uns momentos, poderei explicar as coisas em que creio". Logo comecei por lhe explicar quais
os meus pontos de vista quanto à Lei e ao próprio Evangelho. Ele era muito inteligente, o
suficiente para me entender facil e rapidamente. Penso que, durante cerca duma hora, levei-o a
passear por todos os terrenos de suas objecções e contestações. Tornou-se muito interessado
e pude notar que tudo quando lhe dizia era intensamente novo para ele.

Mas assim que cheguei à grande questão da reconciliação, mostrando através das Escrituras
que se destinava a todo o homem na face da terra, qual a natureza dessa mesma reconciliação,
seu alcance e medidas para alcançar esse mesmo fim, sua extensão, a liberdade de salvação
que existia apenas em Cristo, pude verificar que seus sentimentos subiam de tom, colocou suas
mãos em toda sua face, os cotovelos em seus joelhos e tremia de emoção! Vi como seu sangue
lhe subia à cabeça para logo de seguida seus olhos começarem a derramar lágrimas de
contentamento, livremente. Levantei-me de imediato e deixei aquele quarto, sem haver dito uma
palavra mais. Pude ver que uma seta de amor havia trespassado seu peito e eu esperava sua
conversão a qualquer momento. Sucedeu que aquele homem se converteu antes de haver saído
dali.

Logo de seguida tocavam os sinos para a reunião de oração e para a conferência que estava
agendada para aquela hora. Entrei e logo de seguida entraram também a senhora e o senhor S-.
Seu semblante revelava que havia sido muito tocado. Todas as pessoas entreolhavam-se
admiradas de ver o Sr. S- por ali, naquela reunião. Ele sempre atendia os cultos de domingo,
creio, mas vê-lo ali numa reunião de oração, sendo esta de dia ainda, era algo estranho para
todos. Por essa razão fiz certos apontamentos e levei o meu tempo expondo minuciosamente as
coisas e ele prestou toda a atenção a tudo o que se dizia.

Sua esposa me disse mais tarde, que quando ele chegou a casa depois daquela reunião, virou-
se para ela e dissera-lhe: "Minha querida esposa, onde está toda a minha infidelidade? Onde se
meteu ela? Não consigo distinguir o que se passou dentro de mim, mas também não me consigo
rever mais nela. Por muito que eu a chame de volta, ela não existe mais. Não me resta nem um
pouco dela mais, nem um sentir leve da mesma. Parece-me mesmo que era uma autêntica
futilidade da minha parte. Como pude eu haver defendido meus pontos de vista daquele jeito
cruel? Não posso sequer imaginar que eu tenha respeitado aqueles pontos de vista. Parece-me
que fui convidado a inspeccionar um templo magnífico, do qual inspeccionei apenas uma
esquina de toda a sua estrutura e me desgostou tanto que acabei abandonando o local sem o
inspeccionar em maior detalhe. Acabei condenando todo o edifício sem uma avaliação justa, em
toda a sua proporção dimensional. Foi assim tolamente que tratei todo o governo moral de
Deus, insensatamente". Ela me disse mais que ele sempre fora uma pessoa particularmente
amargurado contra a doutrina de castigo eterno, mas que quando abandonavam o local de
culto, ele afirmava que pela maneira como havia tratado e lidado com Deus até então, ele
reconhecia que merecia esse eterno castigo sem dúvida.

A conversão deste homem foi bem clara e evidente. Ele acalorou desde então toda a causa de
Cristo na Terra e alistou-se na promoção de todo aquele avivamento. Juntou-se à igreja e
pouco tempo depois tornou-se diácono da mesma. Relataram-me que foi muito usado e muito
eficiente até ao dia da sua morte.

Depois desta conversão do Sr. S-, também após a conversão daqueles jovens os quais
destaquei, pensei que já era tempo de terminar com aquela oposição que enfrentávamos da
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igreja Baptista e do seu ministro. Tive um encontro, em primeiro lugar, com um dos diáconos
daquela igreja, o qual estava numa amargura terrível, em oposição. Disse-lhe assim: "Penso que
os senhores já se excederam em toda a vossa oposição. Terão de se dar por satisfeitos que se
trata duma obra de Deus em pessoa. Nunca mencionei algo sobre essa oposição vossa em
público e também não desejo fazê-lo, nem mesmo dar a entender que exista tal coisa da vossa
parte. Mas sinto-me agora no dever de, caso não parem com essas questões fúteis duma vez,
expor toda forma ridícula a que se entregaram, a partir do púlpito". As coisas estavam num
estado avançado tal, que sentia que tanto Deus como o publico em geral me estariam apoiando
nessa mesma medida que tomara posse de meu coração ali.

Ele confessou sua oposição e disse-me que lamentava tudo aquilo; saiu prometendo que não
mais se oporia à obra de Deus, confessando que estava errado, que haviam cometido um erro e
que estaria enganado acerca de tudo aquilo. Não apenas isso, mas que ele próprio considerava
que toda aquela questão havia sido uma coisa da maior impiedade possível e que seus
sentimentos sectários de segregação haviam ido longe demais. Ele esperava que eu o perdoasse
e orou para que Deus o perdoasse também. Retorqui que nunca mais mencionaria nada sobre
toda aquela oposição caso parassem com aquilo desde logo. Foi algo a que se comprometeram
desde ali.

Logo de seguida disse-lhe que "um grande número de jovens com pais Baptistas, os quais
pertencem à vossa igreja, têm-se convertido durante as reuniões" (Tanto quanto posso
recordar, penso que eram perto de quarenta jovens convertidos nesse avivamento). "Caso os
senhores se queiram entregar a sentimentos segregacionistas e prosélitos, provocando uma
certa avalanche de sentimentos sectários entre igrejas, isso será muito mais catastrófico que
qualquer oposição das que foram promovidas até aqui. Mesmo contra a vossa oposição, a
obra de Deus tem prosperado a olhos vistos. Todos os irmãos Presbiterianos estão limpos
desse sentimento sectário e em todos eles abunda um espírito de oração relevante. Mas temo
que caso os senhores entrem por um caminho em busca de prosélitos e sectário, todo esse
espírito de oração corre enormes riscos de se vir a perder. Temo que o avivamento morra por
ali. É tão grave quanto isso". Ele afirmou que sabia que seria assim mesmo e que por essa razão
nada teria a dizer sobre a recolha e aceitação dos novos convertidos e que até aquele
avivamento haver terminado, não abririam as portas para recolher esses mesmos recém-
convertidos e que, sem se tornarem sectários prosélitos, receberiam mais tarde esses mesmos
jovens convertidos, caso assim desejassem fazê-lo.

Era uma sexta-feira. O Sábado a seguir era o grande dia da sua convenção mensal. Mas, ao
reunirem-se, em vez de haverem guardado sua palavra, eles chamaram aqueles jovens à frente
para contarem suas experiências com Cristo para assim virem a ser admitidos na igreja. Tantos
quantos foram convencidos a fazê-lo, contaram suas experiências. No dia seguinte houve uma
grande parada de Baptismos. O ministro deles, chamou para esse dia um dos ministros mais
sectários que eu conheci na questão do baptismo, o qual começou a pregar sobre o assunto.

Buscaram minuciosamente a cidade inteira na busca de novos convertidos, em todas as


direcções. E sempre que achavam alguém que se juntasse a eles, faziam um alarido em marcha
com cânticos até à água onde os baptizariam de seguida. Isto desde logo magoou os
sentimentos de toda a igreja Presbiteriana e todo o espírito de oração e intercessão sumiu no ar.
Toda a Obra de Deus morreu por ali. Nas seis semanas seguintes não houve uma singular
conversão. Todos, tanto santos como ímpios estavam apenas discutindo a questão do
baptismo.

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Havia ali um numero considerável de homens, alguns deles de proeminência mesmo, na vila, que
estavam sob convicção de pecado intensa, estando bem perto de se converterem, os quais se
desviaram na discussão do baptismo. E, de facto, foi algo universal, um mal geral mesmo.
Todos se apercebiam que o avivamento estava estagnado e morto. E os Baptistas, mesmo
havendo estado em oposição contra o avivamento, esforçavam-se imenso em conseguir para
eles uma parte dos convertidos. As pessoas que se haviam convertido, na sua maioria,
recusaram o baptismo por imersão, mesmo sem nunca lhes haver dito palavra sobre esse
assunto.

Por fim, num Domingo, disse a todos do púlpito assim: "É visível que Deus se desagradou com
toda esta situação e que nunca mais houve uma conversão desde que a questão do Baptismo
passou a ser discutida. Há cerca de seis semanas que ninguém se converte. Todos vós sabeis
qual a razão disto estar a acontecer". Não mencionei o facto do ministro Baptista se haver
comprometido em nunca encetar por aquela via de distorção, violando sua palavra até, nem
sequer aludi ao caso. Sabia de antemão que isso nunca traria qualquer bem, apenas mais dor
ainda, caso divulgasse que o pastor era o único responsável por toda aquela situação. Mas
tratei de lhes transmitir que "Não quero usar o culto de domingo para pregar sobre este
assunto, mas falarei sobre ele na quarta-feira à uma da tarde. Peço que tragam as vossas Bíblias
convosco, lápis para marcarem as passagens e vos entregarei todas as passagens na Bíblia que
aludam ao modo de baptismo. Também vos darei, tão bem quanto as entendo, as posições da
igreja Baptista sobre essas passagens e de seguida vos darei a minha opinião sobre as mesmas.
Podereis assim ver por vós mesmos onde reside a verdade e a mentira".

Assim que se fez quarta-feira, a sala estava repleta de gente. Vi que estariam ali muitos dos
irmãos da igreja Baptista presentes. Comecei a ler, primeiro no Antigo Testamento e depois no
Novo, todas as passagens que faziam referencia ao modo de se baptizar, tanto quanto as
conhecia. Dei as impressões Baptistas sobre aquele assunto e as razões que substanciavam
para pensarem conforme pensavam. De seguida dei as minhas visões sobre esse mesmo
assunto e as minhas razões também. Pude notar que causara boa impressão a todos presentes e
que nenhum espírito malicioso se insurgiu devido a tudo quanto disse. As pessoas presentes
estavam todas satisfeitas quanto ao modo e à fórmula de baptismo. Até mesmo os irmãos
Baptistas estavam plenamente satisfeitos com tudo o que havia dito, pois coloquei seus pontos
de vistas de forma minuciosa, coerente, firme, defendendo-as melhor do que qualquer um deles
o faria. Também coloquei perante eles todas as suas razões para pensarem conforme pensam.
Antes de despedir a reunião, disse: "Se puderem vir amanhã de novo, à mesma hora, pela uma
hora, lerei da Bíblia também todas as passagens da Bíblia que relatam não o modo, mas o
baptismo em si, seguindo o mesmo critério que assumi aqui hoje perante todos vós".

Também no dia a seguir a casa estava lotada, talvez ainda mais que no dia anterior. Muitos dos
irmãos Baptistas estavam ali presentes de novo. Pude observar que um Presbítero,
provavelmente um dos maiores responsáveis pela busca de prosélitos, estava ali sentado
também. Depois de haver terminado a parte introdutória do culto, comecei a ler as passagens.
Nesse mesmo instante, o dito presbítero ergueu-se e interrompeu a leitura dizendo: "Sr. Finney,
tenho um compromisso para atender e não poderei ficar para ouvir a sua leitura dessas
passagens. Mas gostaria muito de lhe poder responder. Como poderei saber qual o curso que
tomou em sua exposição?" Respondi-lhe respeitosamente: "Sr. Presbítero, eu tenho diante de
mim um papel com um esqueleto daquilo que vou dizer, onde estão as passagens que vou ler na
ordem que tenciono discuti-las. O senhor pode ficar com ele e caso possa, pode responder
mediante esse esquema, lendo-o". Ele então saiu dali e eu pensei mesmo que se tivesse ido

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embora, para atender ao dito compromisso.

Peguei então no pacto que Deus fez com Abraão, relacionando tudo aquilo que dizia respeito à
família em si, directamente sobre a questão de pais e filhos. Dei as opiniões baptistas sobre
essas mesmas passagens, passando de seguida a fornecer meus próprios pontos de vista sobre
o assunto, vendo e colocando a questão a partir dos dois lados. Toda a gente se emocionou e
liquidificaram-se em ternura. As lágrimas correram livremente quando assumi o pacto que Deus
fez e que também ainda se mantém dentro dum lar que lhe é fiel. Toda a assembleia ficou
sensibilizada e derreteu-se mediante a exposição.

Antes mesmo de haver terminado, um diácono da igreja Presbiteriana saiu com uma criança na
sua mão, a qual estivera com ele durante a longa reunião. Contou-me que saíra para os
sanitários da igreja e viu por lá aquele presbítero que saíria para atender ao compromisso,
sentado a ouvir tudo aquilo que transmitia, chorando e com sua face lavada em lágrimas.

Assim que terminei, as pessoas aglomeraram-se à minha volta de todos os cantos e com
lágrimas em seus olhos agradeciam-me pela forma satisfatória da exibição dos pontos de vista
sobre aquele assunto. Posso dizer que a reunião não só foi atendida por membros de ambas as
igrejas, mas por toda a comunidade em massa. A questão foi debelada de forma inteligente e
poucos dias depois cessou a discussão sobre qualquer baptismo. Todo o avivamento renovou-
se, renascendo das cinzas e o pujante poder de Deus manifestou-se de novo. Pouco tempo
depois disso, as ordenanças da igreja acabaram por ser aplicadas sem que o Espírito Santo se
melindrasse e muitos convertidos chegaram a ser admitidos na igreja.

Já havia mencionado que me hospedava com o Sr. S-. Ele tinha uma família muito interessante.
Ele e sua esposa, a quem todos chamavam de tia Lucy, não tinham filhos, mas de tempos em
tempos, pelo imenso desejo de seus corações, iam adoptando crianças, uma depois da outra,
até haverem chegado ao número de dez. Na altura sua família era composta, então, de sua
esposa, a Tia Lucy e dez jovens, creio que metade moças e a outra metade masculina, todos
parcialmente da mesma idade. Todos eles estariam convertidos pouco tempo depois. Suas
conversões eram deveras muito tocantes e relevantes. Tornaram-se em virtuosos convertidos,
muito inteligentes. Família mais feliz que aquela nunca vi, principalmente quando já todos se
haviam convertido.

A Tia Lucy, porém, havia sido convertida sob circunstâncias anteriores ao avivamento. Ela
nunca havia provado a frescura, a força, o refrigério e a alegria dos convertidos num
avivamento. A alegria que evidenciavam diante dela, a paz de espírito que manifestavam, seriam
um sério tropeço para ela. Começou por pensar que nunca se havia convertido de facto,
embora se houvesse entregue de todo coração à promoção daquela obra de Deus. Mesmo a
meio da obra ela entrou num estado de desespero tal que nem sequer queria ver que havia sido
útil na obra de Deus. Acabou concluindo que nunca se havia convertido e que sua conversão
nunca fora real.

Isto acabou por introduzir um certo mal-estar em forma de tristeza no seio daquela família. Seu
esposo pensava que ela havia enlouquecido. Os jovens que a consideravam muito, como sua
própria mãe mesmo, estavam apreensivos quanto a ela. Na realidade, todo aquele lar foi levado
ao pranto e lamentações por ela. O Sr. S- dedicou muito do seu tempo orando e conversando
com ela, tentando reavivar sua esperança. Tive várias conversas oportunas com ela, mas
quando se regalava com aquela vista surpreendente e deslumbrante dos novos convertidos,
relatos dos quais ela escutava quase diariamente, começou a pensar que ou que nunca se havia
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convertido, ou nunca se converteria.

O estado das coisas foram-se degradando de dia para dia, até eu próprio haver começado a
pensar que ela era um caso de insanidade mental. A rua onde estava situada sua casa era
densamente povoada, praticamente uma vila em si, com cerca de três milhas de extensão. A
obra de Deus propagou-se de tal forma que em toda aquela extensão, havia apenas uma
pessoa ainda por converter. Era um homem jovem, de nome B- H-. Ele opunha-se quase que
freneticamente contra a Obra. Quase toda a vila se entregou em súplicas ardentes pela
conversão daquele jovem e o seu caso era falado e comentado por toda a gente em redor.

Um dia entrei em casa e estava a Tia Lucy a falar sobre o caso também. Ela dizia: "Ó que pena!
Que será do destino deste jovem? Ele vai perder sua alma, seguramente! Que será dele?" Ela
parecia estar em grande espírito de agonia sobre o fim daquele homem, porque poderia perder
sua alma. Ouvi atentamente o que ela dizia acerca do jovem por uns momentos e de forma
grave e sublime disse-lhe: "Tia Lucy, quando você e aquele jovem morrerem, Deus terá de vos
dar quartos separados no inferno, para que a senhora esteja só e separada dele". Ela arregalou
seus grandes olhos azuis e perguntou: "Mas porquê, Sr. Finney?". Tornei a falar-lhe: "Acha que
Deus se tornaria culpável por colocar a senhora num mesmo lugar que aquele homem? Ele anda
aí a blasfemar e a irar-se contra Deus em pessoa, a senhora está se sentido muito mal por ele se
estar a perder devido ao abuso que ele revela e manifesta contra Deus abertamente. A senhora
teme pela vida dele. Como poderão duas pessoas assim tão diferentes, como dois estados de
espírito tão distintos serem colocados num mesmo lugar de condenação?" Ela riu-se. "Claro que
não podemos ir para o mesmo lugar!" A partir daquele momento, todo o seu desespero de
alma sobre seu estado espiritual desvaneceu para sempre. Logo se tornou num caso distinto em
tudo semelhante ao daqueles jovens, joviais e recém-convertidos. Pouco tempo depois o Sr. B-
H- converteu-se de seus males e submeteu-se a Deus também.

A cerca de três quarto de milha de onde vivia o Sr. S-, vivia um certo Sr. M-, o qual era um
Universalista obstinado e que durante muito tempo se manteve afastado de todas as reuniões de
culto. Uma manhã, porem, O Pai Nash, que por essa altura estava habitando comigo em casa
do Sr. S-, levantou-se muito cedo, como de costume, indo para um pinhal a uma certa distância
da estrada, para assim experimentar uns momentos em oração a sós com Deus. Ele saiu antes
do sol nascer. E como lhe era peculiar, ele travava verdadeiras batalhas de parto e de espírito
em oração continua. Era uma daquelas manhãs silenciosas, nas quais se podiam ouvir sons a
grandes distancias. O Sr. M- levantou-se também e saiu de sua casa muito cedo e ouviu aquela
voz em oração. Ele ouvia e ouvia e pôde mesmo distinguir que era a voz de Pai Nash. Sabia
que era uma oração também, declarou-nos mais tarde. Mesmo não tendo como distinguir o que
dizia agonizando, sabia que ele orava e distinguia quem orava mesmo. Aquele episódio acertou-
lhe em cheio como uma seta em seu coração. Ele relatou-nos que tudo aquilo lhe trouxe um
certo sentido da realidade da religião em si, tal qual ele nunca antes se houvera apercebido.
Aquela seta entrou fundo e ele nunca mais conseguiu sentir qualquer alívio até se haver entregue
a Jesus pela fé.

Não sei ao certo quantas pessoas se converteram neste avivamento real. Era uma cidade
grande, habitada por gente do campo, agricultores na sua maioria. Creio que quase todos se
converteram a Cristo.

Nunca mais visitei aquele local durante variadíssimos anos. Mas ouvia com muita frequência
relatos vindos de lá. Pude confirmar que se deu ali algo saudável e de salutar do ponto de vista
espiritual e que nunca mais houve uma singular discussão sobre a questão do baptismo dali em
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diante. Não houve desvios de qualquer ordem e eram sãos do ponto de vista de saúde
espiritual.

As doutrinas usadas para promoção deste avivamento, eram as mesmas que sempre usei em
lugares distintos daquele: a da depravação total, voluntária de todos os pecadores; a
necessidade incondicional duma transformação real de coração tendo com agente cooperante o
Espírito Santo; a divindade e a humanidade total do senhor Jesus Cristo; a Sua distinta
reconciliação a qual abrangia todos os homens e todas as suas possíveis necessidades; o dom
incontornável do Espírito Santo, Sua divindade, Sua agencia e consolação nas questões de
arrependimento, fé, justificação, santificação pela fé, persistência em santidade e como
condição inabalável, incontornável na salvação de todo homem. Com efeito, todas aquelas
doutrinas adjacentes a uma distinta pregação do evangelho acabaram por ser explicadas e
entendidas com clareza e evidencia suficientes, tanto quanto nos era possível dentro das
circunstâncias. Um enorme e vasto espírito de oração irrompeu e depois daquela discussão
sobre o baptismo, sobreveio um espírito de unidade tal entre irmãos, de amor fraternal e
comunhão entre crentes, que era de realçar. Nunca tive a oportunidade de confrontar aquela
oposição dos irmãos Baptistas do púlpito. A partir daquilo que pude ler e aprender sobre a
questão do baptismo, o Senhor concedeu-me conseguir-me manter num espírito inalterável,
fora de questões controversas e promíscuas, pelo que a controvérsia desabitou aquele local.
Toda aquela discussão produziu um efeito surpreendente e sadio e nenhum espírito de
controvérsia ou de maldade, tanto quanto tive oportunidade de verificar, prevaleceu. Tudo
quanto Deus fez, foi bom.

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