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EDUCAÇÃO DE JOVENS

E ADULTOS, É
POSSÍVEL?

Profa. Dra. Maria José Costa dos Santos/UFC


O que diz a LDB 9394/96?

Art. 4º O dever do Estado com educação escolar


pública será efetivado mediante a garantia de:

VII - oferta de educação escolar regular para jovens e


adultos, com características e modalidades adequadas às
suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos
que forem trabalhadores as condições de acesso e
permanência na escola;

Profa. Dra. Maria José Costa dos Santos/UFC


O que diz a LDB 9394/96?
Da Educação de Jovens e Adultos

Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles


que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino
fundamental e médio na idade própria.

§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos


jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na
idade regular, oportunidades educacionais apropriadas,
consideradas as características do alunado, seus interesses,
condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.

§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a


permanência do trabalhador na escola, mediante ações
integradas e complementares entre si.

§ 3o A educação de jovens e adultos deverá articular-se,


preferencialmente, com a educação profissional, na forma do
regulamento. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

Profa. Dra. Maria José Costa dos Santos/UFC


O que diz a LDB 9394/96?

Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:

I - participar da elaboração da proposta pedagógica do


estabelecimento de ensino;
II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a
proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;
III - zelar pela aprendizagem dos alunos;
IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos
de menor rendimento;
V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos,
além de participar integralmente dos períodos dedicados
ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento
profissional;
VI - colaborar com as atividades de articulação da escola
com as famílias e a comunidade.

Profa. Dra. Maria José Costa dos Santos/UFC


Desafios da EJA

A Secretaria Municipal de Educação (SME) de


Fortaleza (CE) divulgou o fechamento de 62 unidades
de Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Com a nova medida, o número de escolas que


ofertam a modalidade caiu de 138 para 76 – o que
representa uma redução de 45%.

Quais os motivos da evasão nessa


modalidade?

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Desafios da EJA
E a Universidade?

Matriz curricular do curso de Pedagogia

Caráter obrigatório: uma disciplina de 4


créditos

Caráter optativo: Estágio em EJA.

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O que diz a Resolução nº 438/2012 do
Conselho Estadual de Educação do Ceará?

Capítulo V
Das Competências a serem desenvolvidas na Aprendizagem e
Educação de Jovens e Adultos

Art. 7º A formação dos sujeitos na modalidade EJA,


fundamentada no princípio da aprendizagem ao longo da vida,
deve comprometer-se com a aquisição de conhecimentos, o
desenvolvimento de capacidades, habilidades, competências
e valores necessários ao exercício e ampliação de seus
direitos e controle de seus destinos, possibilitando o alcance
da equidade e da inclusão social, para a redução da pobreza e
a construção de sociedades justas, solidárias e sustentáveis.
Fonte: http://www.cee.ce.gov.br/phocadownload/resolucoes/resoluo%20n%20438.2012.pdf

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A Educação de Jovens e Adultos (EJA)
Na contramão das leis estão as práticas e nos
indagamos:

População cearense: + de 8milhões


Analfabetos: cerca de 20%


Analfabetos funcionais: cerca de 30%

- Será que queremos mesmo mudar essa realidade?


- O que enquanto professores estamos fazendo para
garantir mudanças?
- A suposta mudança é para garantir que tudo fique
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como está? (SME)
Um pouco da história dessa educação...

Vejamos...
Até a década de 1940 no país o analfabetismo era visto
como causa (e não como efeito) do escasso
desenvolvimento brasileiro. Além disso, o adulto analfabeto
era identificado como elemento incapaz e marginal
psicológica e socialmente, submetido à menoridade
econômica, política e jurídica, não podendo, então, votar ou
ser votado (CUNHA, 1999).

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Um pouco da história dessa educação...

Do final da década de 1940 em diante, quando a atuação


e a influência da ONU por meio da UNESCO se faz notar
junto aos países membros (incluindo o Brasil), temendo
talvez um novo conflito mundial, “recomenda-se” que haja
investimento na educação como solução para os
problemas da sociedade.

Entretanto, a compreensão que se tinha na época (e tão


atual!) identificava o alfabetizador como um missionário; o
analfabeto como causa da pobreza; o ensino de adultos
como tarefa fácil; não havia necessidade de formação
específica e nem de remuneração, devido à valorização do
“voluntariado”. (PORCARO, 2012)
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Um pouco da história dessa educação...
Além disso, mesmo passado décadas, o olhar dos
governantes não mudou muito.
Em entrevista ao Jornal do Comércio, em 1991, o então
ministro da educação do governo Collor declarou que “o
adulto analfabeto já encontrou seu lugar na sociedade.
Pode não ser um bom lugar, mas é o seu lugar. (...)
Alfabetizar o adulto não vai mudar muito sua posição dentro
da sociedade e pode até perturbar.
Vamos concentrar os nossos recursos em alfabetizar a
população jovem” (VENTURA, 2012)
No mesmo período, o então senador Darcy Ribeiro dizia:
“deixem os velhinhos morrerem em paz!” (HADDAD, 2005).

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EJA: que público é esse?
A EJA é toda educação destinada àqueles que não
tiveram oportunidades educacionais em idade própria
ou que a tiveram de forma insuficiente, não conseguindo
alfabetizar-se e obter os conhecimentos básicos
necessários.

Público de grande pluralidade cultural, as identidades,


as questões que envolvem classe, raça, saber e
linguagem dos seus alunos, caso contrário, o ensino
ficará limitado à imposição de um padrão, um modelo
pronto e acabado em que se objetiva apenas ensinar a
ler e escrever, de forma mecânica.

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A EJA e LDB
A EJA está prevista na LDB 9.424/1996 como parte integrante da
Educação Básica, portanto deve ser encarada com o mesmo
compromisso presente no ensino fundamental.

Do ponto vista pedagógico:


 falta de profissionais habilitados para trabalhar com adultos;

 falta de recursos didáticos, e, sobretudo, a falta de estratégias


metodológicas direcionadas para este público específico.

São muitos os entraves encontrados por aqueles que já tiveram


alguma experiência na EJA.

função social: se encarrega de reparar as desigualdades


causadas àqueles alunos evadidos do ensino regular.
A relação professor-aluno na EJA
Uma relação de autêntico diálogo;
Alfabetizandos assumem, desde o começo da ação, o
papel de sujeitos;
Criadores;
Aprender a ler e escrever não é memorizar sílabas,
palavras ou frases;
Refletir criticamente sobre o próprio processo de ler e
escrever e sobre o profundo significado da linguagem.
Para um público diferente um
educador diferente
A EJA requer do educador conhecimentos
específicos no que diz respeito ao conteúdo,
metodologia, avaliação, atendimento, entre
outros, para trabalhar com essa clientela
heterogênea e tão diversificada culturalmente.
O professor que vai atuar EJA deve ter uma
formação especial.
O educador deve ter consciência de sua força
no desenvolvimento do educando.
Reescrever sua história de vida
O homem está no mundo e com o mundo. Se
apenas estivesse no mundo não haveria
transcendência nem se objetivaria a si mesmo.
Mas como pode objetivar-se, pode também
distinguir entre um eu e um não-eu. Isto o torna
um ser capaz de relacionar-se; de sair de si; de
projetar-se nos outros; de transcender. Pode
distinguir órbitas existenciais distintas de si
mesmo. Estas relações não se dão apenas com os
outros, mas se dão no mundo, com o mundo e
pelo mundo. (FREIRE; 1979, p.30).
EJA: UMA EDUCAÇÃO POSSÍVEL
Quebra de paradigmas:

À medida que a sociedade vai se desenvolvendo,


surge a necessidade da escolarização e é bom
que isso aconteça, pois a educação dos adultos
favorece a educação das crianças e
adolescentes porque quanto mais os pais
estudam mais conscientes ficam da importância
da educação e mais contribuirão para que seus
filhos permaneçam na escola.
Limitações dos alunos
Para além de aprender a ler e a escrever:

“Professora, eu quero saber ler todas as coisas


do mundo, quero sacar meu dinheiro no caixa
eletrônico sem ter que pedir ajuda pro rapaz da
agência, e também quero acompanhar a leitura
do folheto na missa”.
Evasão escolar na EJA
Ao atrair o adulto para a escola, é preciso garantir que ele
não a abandone.
- Assim, é preciso verificar:
a má formação de professores;
o uso de material didático inadequado para a faixa etária;
os conteúdos sem significado;
Falta de metodologias ;
horários de aulas inadequados aos trabalhadores;

Cabe ao docente conhecer as especificidades desse público


e usar a realidade do aluno como eixo condutor das
aprendizagens.
Aperfeiçoamento em Educação de
Jovens e Adultos (EJA)
A Universidade Federal do Ceará, através do Instituto UFC
Virtual, em convênio com o Ministério da Educação (MEC), a
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade
(SECADI) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Ensino Superior (CAPES) por meio da Universidade Aberta do
Brasil (UAB), comunica a abertura de inscrição para a seleção de
candidatos ao Aperfeiçoamento em Educação de Jovens e
Adultos (EJA).

O curso que será ministrado tem como base as diretrizes


dispostas no Manual Operacional da Rede de Educação para a
Diversidade da Secretaria de Educação Continuada,
Alfabetização e Diversidade (SECADI) do Ministério da Educação
(MEC).

Fonte: http://www.eja.virtual.ufc.br/index.php/inscricoes
Enfim...
Entendemos que o professor que atua com EJA,
precisa entender a importância do respeito ao
conhecimento que o aluno traz de seu dia-a-dia,
precisa fazer que o aluno seja um ser pensante,
crítico e produtor do seu conhecimento, é
requisito básico ao docente, que deve inscentivar
o aluno a ser pensante, crítico e produtor do seu
conhecimento.
Referências
 ALVES, Rubem. Conversas com quem gosta de ensinar. 28 ed. São Paulo. Cortez,
1993.
 FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia – saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
 FREIRE, Paulo. a importância do ato de ler – em três artigos se completam.
São Paulo: Cortez, 1984.
 SENE, Vilson José. Educação e certificação de trabalhadores adultos – quem
ganha o quê? Dissertação (Mestrado) Universidade de Sorocaba, 2005.
 OLIVEIRA, Inês Barbosa; PAIVA, Jane (orgs.). Educação de jovens e adultos. Rio
de Janeiro. DP&A, 2004.
 PAIVA, Vanilda Pereira. Educação popular e educação de jovens e adultos. Rio de
Janeiro: Edições Loyola, 1973.
 PINTO, Álvaro Vieira. Sete lições sobre educação de adultos. 11 Edição. São Paulo.
Cortez, 2000.
 PROGRAMA BRASIL ALFABETIZADO.
http://mec.gov.br/alfabetiza/default.htm. Acesso em: 21 ago. 2004.

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