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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

O Passivo e o Agressivo
Análise de "O Diplomático" de Machado de Assis

Ariel Ferraz Antônio Conceição

São Paulo - 2018


Introdução
Esta breve análise propõem uma determinada leitura sobre o conto de Machado
de Assis publicado no livro “Varias histórias” em 1896 focando para a problemática
apresentada pelo enlace das ações e inações do personagem Rangel. O objetivo desta
analise não é qualificar as atitudes de Rangel, mas o modo como transparece a análise
psicológica proposta pelo autor através do conto, de maneira com que o personagem
sobrepõe a sua realidade intima a realidade externa e se fecha em si mesmo, sem
estabelecer vínculos entre seus sonhos e a realidade prática. Expondo assim tendências
e este personagem cedendo a imobilidade transmitida pelo receio,
A obra Varias Histórias foi publicada em 1896 por Machado de Assis, assim
pertencendo a sua segunda fase da obra machadiana, influênciado por tendências
realistas, sendo uma das características presentes nessa fase de Machado a análise
psicológica.

A formulação para o título desta análise tem por ideia o comportamento passivo-
agressivo, atualmente considerado um dos traços da personalidade humana
caracterizado por certa resistência a satisfazer expectativas de relações interpessoais,
retardamento na concretização de tarefas que determinado alguém deva realizar para e
por si próprio. O termo “passivo-agressivo” apareceu primeiro em 1945 em um boletim
emitido pelo Departamento de Guerra dos EUA pelo psiquiatra William Menninger.
Observando o comportamento de certos soldados ao se oporem a estrutura institucional
militar na qual “as escolhas individuais, a opinião e a perícia não modificam a regra”, cujo
as táticas incluíam “fazer beicinho, teimosia, procrastinação, ineficiência, obstrucionismo
passivo”. Menninger considerava esses esquemas “imaturos, reação ao estresse militar
de rotina”, visto que suas atitudes não alterariam as normas da instituição e “que em vão
fugiam de suas competências”. Sobre esse comportamento, “pode ser visto como uma
tentativa (tipicamente fútil) dos fracos para derrubar a autoridade de um oponente mais
poderoso. Quando alguém não tem o poder e os recursos para desafiar a autoridade
diretamente a resistência aparece indireta e secretamente”. Para além disso, o título
tambem supõe oposição entre o corpotamento “passivo” (adjetivo atribuído a
algo/alguém que sofre ou é alvo de uma ação provocada por outra pessoa. Ele está
relacionado com o fato de uma pessoa não realizar ou fazer coisas por si mesma,
deixando para que outras pessoas façam isso por elas) e o “agressivo” (significando aqui
“ativo”, adjetivo atruíbuido a algo/alguém que realiza uma açãom apto a agir), expostos
pelo contraste gerado pelos personagens de Rangel e Queirós, que apesar de enquanto
o status quo não é explícito a relação entre esses personagens, é implícito a relação
estabelecida entre a eloquência de um e de outro.
Enredo
O conto nos é apresentado por um narrador onisciente que se mantem
próximo a perspectiva de Rangel, focando sua narração nesse personagem em diversos
momentos do conto. A atuação e o modo como é explorado esse narrador no conto,
permite liberdade para a interpretação do caráter de Rangel, julgamentos que serão
tomados pelo leitor, sem tendência lós a determinada inclinação, mas evidenciando

O conto inicia-se retratando uma festa na casa de João Viegas e D.


Adelaine na noite de São João em 1856. Um de seus amigos, Sr. Rangel, planeja
entregar uma carta de compromisso a Joaninha, filha de João e D. Adelaine. Porém no
decorrer da festa, os planos de Rangel são surpreendidos por um rapaz chamado
Queirós, jovem, bonito e de boa eloquência o qual atrai a atenção de todos na festa para
si. Frustrado, Rangel acaba por continuar a adiar a entrega da carta para Joaninha

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