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Parte I
1 Prefácio
Imagine o leitor que um dia no futuro uma intensa tempestade geomagnética
provocada pelo Sol atinge a Terra. Todas as formas de comunicação, navegação e
sistemas elétricos são afectados. Numa situação como esta, um simples rádio
pode-se provar uma chave para a sobrevivência, mantendo as diferentes partes da
aldeia global ligadas. Dado a facilidade de obter os componentes do circuito, era
extremamente plausível que todos os indivíduos pudessem possuir tanto um
emissor como um receptor.
Na primeira parte deste trabalho são introduzidos conceitos teóricos e conceptuais
enquanto que na segunda parte descreveremos o processo de montagem de um.
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1.1 Lei de Gauss – 1º Equação de Maxwell
Em física, define-se o fluxo de uma superfície como a taxa a que a superfície é
atravessada por uma dada grandeza.
Segundo a lei de Gauss, o fluxo elétrico em qualquer superfície fechada com
carga q no seu interior é dado por:
O que acontece é que todas as linhas de campo que saem do polo norte de um
material magnético tem obrigatoriamente de entrar no polo sul do mesmo material.
Assim o total de linhas de campo que entra é igual as que sai, dai que o fluxo seja
nulo.
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Este é a base de funcionamento das bobinas, que são fios enrolados à volta de um
eixo, formando um anel – quando o campo magnético que o atravessa varia, este
induz corrente nos fios seguindo a regra da mão direita ( o campo magnético
aponta na direcção do polegar e a corrente segue o sentido anti-horário apontado
pelos dedos).
∮ B⋅
dr =4πκmI (4)
Com mais esta fórmula, percebeu-se que para existir um campo elétrico
variável não é preciso existir uma carga a produzi-lo – basta existir um
campo magnético também variável e vice-versa.
Uma onda electromagnética tem assim dois campos, B e E perpendiculares um ao
outro. A propagação de uma onda faz-se com a alternância de campos.
Desta forma pode-se produzir uma onda electromagnética que é capaz de viajar no
espaço, onde não existem cargas, correntes ou de um meio condutor outro que o
vazio, desde que mantenha esta variação dupla.
Este valor foi deduzido da constante existente na fórmula (5) pois Maxwell
notou que
km 1
= (7)
k c2
Na sua altura, Hippolyte Fizeau foi um dos muitos que mediu, com um grau
de precisão considerável, o valor da constante da luz. Assim chegou-se à
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incrível conclusão que a própria luz é uma onda electromagnética.
Noutros meios que não o vácuo, a velocidade de uma onda é dada por
c
v= (8)
k
onde k é a constante dielétrica do material. No ar, a velocidade é de
aproximadamente 299913 km/h.
Anos depois dos estudos de Maxwell, Henrich Hertz colocou à prova a teoria,
efectivamente gerando e detectando ondas.
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que as frequências desta gama tomam como mínimo e máximo estão
compreendidas entre os 530 kHz até os 75 GHz. Esta banda é subdividida em
intervalos de frequência menores, como LF (Low Frequency), HF (High
Frequency), etc.
Para cada uma destas frequências está associado um tipo de propagação diferente ;
logo as frequências são escolhidas tendo em conta vários factores – energia
disponível, fiabilidade da propagação a determinada distância,etc.
1.4 Modulação
A modulação não é mais que um processo em que usamos uma onda portadora
para “codificar” o nosso sinal.
A distâncias de poucos metros, ao falamos produzimos um sinal sonoro que se
propaga e é mais ou menos audível dependendo de quão alto falamos ( no caso do
som, a intensidade do som, ou seja a amplitude da onda que é medida em
decibels).
No entanto a distâncias maiores é necessário arranjar uma forma diferente de
enviar o sinal, e é aí que entra a modulação. Neste processo temos uma onda,
chamada portadora, em que lhe é modificada proporcionalmente os parâmetros da
amplitude, frequência ou fase, proporcionalmente à nossa onda de sinal. Um
processo ao contrário é feito do outro lado, no qual se gera o sinal original a partir
da onda recebida.
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1.4.1 Modulação AM
Uma das modulações possíveis é a modulação em amplitude. Neste caso,
variamos a nossa onda portadora em amplitude, correspondendo em cada instante
a mesma amplitude do sinal original.
Assim, com um sinal de entrada de amplitude máxima 1kHz e uma onda portadora
de 20MHz, iríamos ter uma onda que variava entre 19 a 21 MHz.
1.4.1 Modulação FM
Outra modulação, mais comum, é a modulação em frequência. Neste caso,
variamos a nossa onda portadora em frequência, dependendo da amplitude do
sinal de entrada.
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Existe um parâmetro β que é importante termos em consideração para
perceber a variação máxima da frequência que a onda modulada pode ter.
df
β= (11)
fm
3 Transistores
Os transístores são pequenos componentes que estiveram na base da revolução
electrónica.
Estes componentes permitem, genericamente, produzir um ganho de tensão ou
corrente e ainda podem actuar como interruptores. O transistor é composto por
camadas de dois tipos de semicondutores – N e P. Podemos assim ter dois tipos de
transístores:
• NPN
• PNP
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Transistores são constituídos por 3 camadas seguidas de semicondutores NPN ou
PNP. Cria-se duas barreiras no centro destas que, à semelhança dos diodos, só
permite a passagem de corrente numa direcção, quando na base existe uma tensão
de pelo menos 0.7 V (transístores de silício) . A partir daqui, o transistor diz-se no
modo activo, e correntes que entram na base obrigam a um aumento de corrente a
entrar no colector. Quando a corrente que passa na base não faz aumentar mais a
corrente no colector o transístor diz-se saturado. Por último, o transistor não actua
quando a tensão entre colector-emissor for máxima ( igual à fonte) , fazendo com
com que a corrente no colector seja mínima.
O que acontece é que para o transistor ser activado, a corrente Ib tem que fluir
para dentro do transistor e tem de existir um diferença de potencial maior que 0.7
V entre base-emissor. Ao aumentar a corrente em Ib, a resistência no colector
diminui, permitindo a passagem de mais corrente. Esta corrente é proporcional à
base e é dada por
Ic= βIb (12)
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3.1 Transistor como switch
Um outro conceito fundamental ao discutir transistor é a polarização deste. Para o
transistor estar em modo activo tem que ter uma diferença de potencial maior que
0.7 V em base-emissor. Assim pode se aproveitar este requisito para produzirmos
um switch variável : a partir desta tensão o transístor liga-se, senão permanece
desligado.
Observe-se o seguinte circuito
Neste circuito um LED é aceso quando a tensão produzida pelo painel fotovoltaico
na base é maior que 0.7 V, ligando o transistor e permitindo a passagem de
corrente no LED.
Generalizando, os transístores são muito usados em conjunto com outros sensores
que produzam tensões mínimas, o suficiente para elevar a tensão do transístor até
o valor mínimo de activação, permitindo que o circuito se “ligue”.
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emissor é comum ao sinal de entrada e ao colector (embora não seja visível no
esquema).
O ganho de tensão nesta configuração é dada por:
Vout Ve
Av= ; Vout =Vcc−Rc⋅Ic ; Ic=Ie= (14)
Vin RE
Ve
Vout =Vcc− Rc. =Vcc−Ve.Av (15)
RE
Exemplo:
Vcc = 3 V
Imax (colector) = 1 mA
Rt ~ 25mV / Imax = 25 ohm
3
−3
=3k (18)
1∗10
O ganho de tensão Av não tem unidades por ser uma constante. No entanto
podemos fazer a conversão para decibels ( intensidade de ganho )
ADb=20 log Av (20)
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tensão maior – olhando para (21) percebemos que com ganhos de tensão maiores
temos ganhos de corrente muito pequenos.
Convém explorarmos melhor a fórmula (16) para perceber esta ideia:
Ve=Vin−0.7=Rb⋅Ib−0.7 (22)
Utilizando este circuito é possível obter uma voltagem de saída (Vout) que seja
proporcional ao quociente das resistências.
R2
Vout = ⋅Vin (23)
R1 R2
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Podemos aplicar esta técnica ao nosso circuito
Na verdade o que interessa não é o valor intrínseco das resistências, mas a sua
proporção. Se R1 fosse 1k e R2 fosse 1.5k a proporção seria a mesma e obteríamos
igualmente 0.6 V.
O nosso sinal de entrada Vin é 0.1 V e somando as tensões alcançávamos o valor
mínimo de 0.7 V necessários a ligar o transístor.
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chega ao valor máximo de operação ( 3.5 V) e o transístor deve comporta-se
como esperado.
Nesta configuração,
Ie= IbIc= IbβIb= Ib1 β (26)
4 Osciladores
O oscilador é uma das componentes críticas num emissor de rádio. Este sub-
circuito é o responsável por criar uma onda portadora e pode-se elaborá-lo
recorrendo a vários métodos.
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Dado o seu custo reduzido e fácil implementação é uma escolha bastante racional
para implementar em circuitos.
2π L.
C1.C2
C1C2
(31)
Parte II
5 Circuito a montar
Após bastante pesquisa decidi montar o circuito representado no diagrama em
baixo. Por ter poucos componentes, ser alimentado por uma fonte de apenas 3 V,
ocupar pouco espaço e ser modulado em frequência, pareceu ser uma boa escolha,
em conjunto com o seu nome: “FM Bug”.
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Um indutor e dois condensadores em paralelo geram um estágio de oscilação,
produzindo uma frequência de aproximadamente 90 MHz. Um microfone
amplifica um pequeno sinal sonoro ; este por sua vez é amplificado em tensão no
primeiro transistor e amplificado em corrente no segundo. O condensador de 22n
mais à esquerda serve para impedir a passagem da corrente contínua, devido ao
ponto de polarização. O condensador de 22n mais à direita serve como uma
pequena bateria para os sinais com uma frequência muito elevada : nestes casos as
reacções químicas da bateria são muito lentas e não conseguem produzir uma
corrente suficientemente rápida relativamente à que o circuito requer, daí que o
condensador forneça alguma dessa corrente.
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f1: (3-Vp)/10000=(101)*Ib;
f2: (Vp-0.7)/1*10^6 = Ib;
solve([f1,f2]);
%,numer;
(%o) [[Ib = 2.2772277227700224E-6, Vp = 0.70000000000228]]
Ic=100*Ib;
(%o) Ic = 2.2772277227700225E-4
Rt = (25*10^-3)/(Ic+Ib);
(%o) Rt = 108.6956521740207
Av= -10000/Rt,%;
(%o) Av = - 91.99999999990891
Adb = 20*(log(Av)/log(10));
(%o) = Adb = 8.685889638065035
Iout = 3/10000 – 100*Ib;
(%o) = Iout = 7.2277227722997725E-5
f3: 3 - Vb = Ib - 47000;
f4: Ie*470 = Vb – 0.7;
solve([f1,f2]);
(%o) [[Ib = 2.2772277227700224E-6, Vp = 0.70000000000228]]
Ie = Ib*101;
(%o) Ie = 2.2999999999977227E-4
f: 1/(2*%pi*sqrt(L*((47*10^-12*5.6*10^-12)/(47*10^-12+5.6*10^-12))));
solve(f=90*10^6);
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(%o) [L = 6.2496414122474282E-7]
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As variações abrutas no gráfico direito corresponde a ter aberto/desligado o
interruptor.
Parece óbvio que não temos uma simulação correcta, pois a onda varia em
amplitude e em frequência.
Outra simulação foi feita utilizando o QUCS mas não foi bem sucedida.
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5.3 Montagem do circuito
Circuito alimentado Substituído por 2x pilhas de 1.5 ; foi experimentado usando O circuito continuou a não funcionar
por 2x pilhas de uma fonte de tensão no laboratório correctamente.
1.25 cada.
Montagem do Circuito foi montado numa placa PCB. O circuito continuou a não funcionar
circuito numa correctamente.
breadboard
Análise do circuito Verificação do funcionamento dos transístores recorrendo a O circuito continuou a não funcionar
com o osciloscópio. um multímetro. correctamente.
É visível uma onda
Verificação da montagem do circuito e respectivas soldas
estranha em vez de
uma frequência
bem definida, no
estágio de
oscilação.
O indutor feito à Ver em baixo, medição da indutância de um indutor. Chegou-se à conclusão que este pode
mão pode ter um ser o maior problema do circuito
valor de indutância
que não
corresponde ao
pretendido
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5.3.2 Medição do valor da indutância de uma bobina
Para esta tarefa montamos o seguinte circuito.
Assim L= 0.1951 nH
Se fossemos a usar este indutor no nosso circuito, iríamos gerar uma frequência de
aproximadamente 5.1 E+9, que é um valor astronomicamente alto.
Assim podemos concluir que a utilização destes indutores para este tipo de
circuitos é muito precoce, pois não se consegue obter valores próximos usando
indutores diferentes. Se haviam dúvidas sobre o nosso indutor principal, estas
foram aumentadas : repare-se que mesmo este valor está muito longe daquele que
foi medido usando outros processos de medição ( 0.042 uH) .
7 Auxilares e referências
7.1 Rádio
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Rádio AM (530–1700 kHz)
• Rádio de ondas curtas (5.9–26.1 MHz)
• Banda do cidadão (27 MHz)
• TV canais 2–6 (54–88 MHz)
• Rádio FM (88–108 MHz)
• Rádio para Controle de tráfego aéreo (108–136 MHz)
• TV canais 7–13 (174–216 MHz)
• Banda L (1452–1492 MHz) para rádio digital (DAB)
• Banda C (3.9 a 6.4 GHz) usado para comunicação via satélite
• Rádio amador
• Bandas para uso militar
• Banda X 8–10 GHz
• Banda S 1750–2400 MHz
• Banda K (20–40 GHz), que é subdividida em:
• Banda Ka: K-above band, 27–40 GHz, usada para radar e
comunicação geral.
• Banda Ku: K-under band, 12–18 GHz, usada para comunicação via
satélite.
• Radionavegação radiofarol, tais como LORAN e GPS
• Banda V (50–75 GHz)
Retirado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Banda_%28r%C3%A1dio%29
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Retirado de http://en.wikipedia.org/wiki/Radio_spectrum
7.2 Referências
http://qucs.sourceforge.net/docs/spicetoqucs.pdf
http://iut.geii.montp2.free.fr/telechargement/libre/Logiciels/qucs/workbook.pdf
http://www.mos-ak.org/eindhoven/papers/06_Qucs_MOS-AK_Eindhoven.pdf
http://en.wikipedia.org/wiki/Capacitive_coupling
http://en.wikipedia.org/wiki/Common_collector
http://www.wisc-online.com/objects/ViewObject.aspx?ID=SSE1602
http://en.wikipedia.org/wiki/Capacitor
http://en.wikipedia.org/wiki/LC_oscillator
http://en.wikipedia.org/wiki/Colpitts_oscillator
http://www.falstad.com/circuit/e-lrc.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Inductor
http://www.falstad.com/circuit/e-colpitts.html
http://www.electronics-tutorials.com/oscillators/oscillator-basics.htm
http://www.zen22142.zen.co.uk/Analysis/colfr.htm
http://sci-toys.com/scitoys/scitoys/radio/am_transmitter.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Crystal_oscillator
http://www.electronics-tutorials.ws/oscillator/crystal.html
http://www.allaboutcircuits.com/vol_3/chpt_4/6.html
http://www.technology2skill.com/electronics/common_collector_amplifier.html
http://hyperphysics.phy-astr.gsu.edu/hbase/electronic/emitfol.html
http://fourier.eng.hmc.edu/e84/lectures/ch4/node9.html
http://www.bcae1.com/transres.htm
http://www.bowdenshobbycircuits.info/r2.htm
http://en.wikipedia.org/wiki/Voltage_divider
http://www.colorado.edu/physics/phys3330/PDF/Experiment7.pdf
http://www.ecircuitcenter.com/circuits/trce/trce.htm
http://www.electronics-tutorials.ws/amplifier/amp_2.html
http://www.innovatia.com/Design_Center/Amplifier_Circuits.htm
http://www.allaboutcircuits.com/vol_3/chpt_4/4.html
http://www.allaboutcircuits.com/vol_3/chpt_4/12.html
http://www.massmind.org/images/www/hobby_elec/e_dance26.htm
http://hyperphysics.phy-astr.gsu.edu/hbase/electronic/npncc.html#c5
http://www.allaboutcircuits.com/vol_3/chpt_4/10.html
http://www.allaboutcircuits.com/vol_3/chpt_4/5.html
http://www.allaboutcircuits.com/vol_3/chpt_4/6.html
http://www.allaboutcircuits.com/vol_3/chpt_4/11.html
http://webpages.ursinus.edu/lriley/ref/circuits/node4.html
http://hyperphysics.phy-astr.gsu.edu/hbase/electronic/tranimped.html#c1
http://hyperphysics.phy-astr.gsu.edu/hbase/electronic/npnce.html#c3
http://en.wikipedia.org/wiki/Electrical_impedance
http://www.electronics-tutorials.ws/amplifier/amp_2.html
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http://www.electronics-tutorials.ws/transistor/tran_1.html
http://www.kpsec.freeuk.com/trancirc.htm
http://en.wikipedia.org/wiki/Bipolar_junction_transistor
http://www.ngsir.netfirms.com/englishhtm/Amplifier.htm
7.3 Agradecimentos
Ao professor João Carvalho, pela inesgotável paciência, dedicação,
disponibilidade e contínuo suporte.
Ao professor Jaime Villate, pelo imenso apoio para perceber as matérias, prestado
dentro e fora das aulas.
7.4 Autor
Miguel Regala , 2ºano MIEIC
ei09128@fe.up.pt
mikfisher64@gmail.com
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