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Música, amigos e festa

O filme 'We Are Your Friends', traduzido para o


português como 'Música, amigos e festa', retrata quatro
jovens envolvidos com o ambiente de festas e música –
como o próprio nome diz – de sua região. É nítido que
fazem o que fazem por paixão, mas a ambição vai além do
amor à música eletrônica. Logo no início se torna aparente
que estão atrás de status, bebidas grátis e garotas
universitárias – um pensamento limitado, na minha
opinião. Junto com todas essas partes boas inerentes ao
estilo de vida que querem seguir, os obstáculos também
aparecem. O personagem principal – interpretado por Zac
Efron – é um DJ que luta para conseguir ser bem pago e
reconhecido por seu trabalho, como todo músico e artista
que leva a sério a música para que ela se torne uma fonte de
renda suficiente para viver.

Os problemas citados anteriormente não dizem


respeito à qualidade musical ou técnica nos equipamentos
por parte do protagonista – antes fosse, pois é um problema
relativamente mais fácil de ser consertado. O que realmente
o impede de crescer profissionalmente nesse mercado – e na
vida – é a questão financeira e administrativa (management).
Não é uma novidade para quem já está inserido no show
business que são áreas importantes.
Por mais triste – embora real – que seja, esse grupo de
amigos passam por difíceis situações para se manter. Dois
deles moram em um fundo de quintal, consertam telhado e
dirigem o carro da mãe; um deles até recorre a formas
ilícitas em busca de capital. Todos saem às ruas
distribuindo panfletos para um bar, e este nem os pagam.
Com o decorrer da história, são obrigados a procurar um
emprego “de verdade”, mas como era de se imaginar, não
largariam seus planos de indústria de entretenimento –
boates, festivais e raves.

Simultaneamente, um artista bem-sucedido entra em


cena e começa a ajudar o protagonista. É interessante o
contraste de atitudes e mentalidade entre esses dois DJs de
níveis extremamente opostos de sucesso profissional. São
nessas diferenças em que aprendemos alguns
comportamentos típicos de cada tipo de artista. O famoso,
chamado James, não se preocupa exclusivamente com a
produção musical – a arte – e divide seu tempo com ações
de igual importância: criando e mantendo suas conexões
nessa cena musical (mais conhecido como networking).

A parte de management - o foco do que escrevo – e um


planejamento financeiro têm que andar em paralelo com
qualquer carreira, independente de qual área seja. É isso
que pode tornar sonhos em realidade, hobbies em
profissões duradouras. E foi assim que James concedeu
acesso a equipamentos de alto nível, consequentemente
caros, ao personagem do Zac Efron, o qual apenas com foco
na produção musical não conseguiria obter e usufruir.
Juntando uma boa condição financeira - digo, planejada e
equilibrada - com o networking já citado, o final da história
explicita o pequeno artista dando passos maiores, tocando
em um grande show para inúmeras pessoas. Uma bela lição
de moral, que por mais óbvia e simplificada que pareça ser,
pode fugir das observações de quem não olha para o lugar
certo. Ou, quando olha, interpreta de forma equivocada,
por vezes até ignorando a realidade do Music Business.

Que a verdade seja dita, alguns paradigmas que temos


devem ser mudados. Música é arte, mas inserida em um
mercado competitivo e complexo. Focar apenas na parte
artística é apenas o primeiro degrau, não levando ao final
da escada quem não estiver disposto a aprender como subir
os outros. O preço de não alcançar a realização pessoal em
seu objetivo – caso seja este – é alto demais para parar na
metade do caminho.

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