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TRIBUNAL DE JUSTIÇA

PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Registro: 2017.0000132532

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Reexame Necessário nº


1028418-10.2016.8.26.0053, da Comarca de São Paulo, em que é recorrente JUIZO
EX OFFICIO, é recorrido SAULO ROMERO SILVA.

ACORDAM, em 6ª Câmara de Direito Público do Tribunal de


Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso.
V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores


SIDNEY ROMANO DOS REIS (Presidente), REINALDO MILUZZI E MARIA
OLÍVIA ALVES.

São Paulo, 6 de março de 2017.

SIDNEY ROMANO DOS REIS


RELATOR
Assinatura Eletrônica
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Reexame Necessário nº 1028418-10.2016.8.26.0053


Recorrente: Juizo Ex Officio
Recorrido: Saulo Romero Silva
Interessado: Superintendente do Der (Departamento de Estradas e Rodagem)
Comarca: São Paulo
Voto nº 28.279
Magistrado sentenciante: Kenichi Koyama

Apelação Cível Mandado de Segurança Auto de


Infração de Trânsito Sentença de procedência Remessa
Necessária Desprovimento de rigor Infração tipificada
no art. 165 do CTB Recusa ao teste do bafômetro
Submissão ao teste do bafômetro que é ato facultativo do
condutor Resolução CONTRAN nº 432/2013, em vigor à
época Embriaguez que pode se configurar por meio da
presença de outros elementos Inexistência de exames
clínicos ou simples descrição de elementos e detalhes sobre
o comportamento e condições do autor que atestassem
sinais resultantes do consumo de álcool De rigor a
anulação do ato administrativo de imposição de infração
de trânsito.
R. sentença mantida Remessa necessária desprovida.

1. Por r. Sentença de fls. 290/293, cujo relatório ora se adota,


o MM. Juiz de Direito da 11ª Vara da Fazenda Pública da Comarca
de São Paulo, nos autos de Mandado de Segurança impetrado por
Saulo Romero Silva contra ato tido por coator do senhor
Superintendente do DER, assim decidiu: "CONCEDO A SEGURANÇA
para determinar a ilegalidade do ato de homologação do auto de
infração em emissão do boleto para pagamento de multa. Oficie-se-lhe.
Custas e despesas na forma da Lei. Descabida a condenação em
honorários advocatícios em face do art. 25 da Lei nº 12.016, de 07 de
agosto de 2009.
Haverá reexame necessário.”
Suscitada a Remessa Necessária, subiram os
autos.
A D. e I. Procuradoria de Justiça, deixa de

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ofertar Parecer por entende-lo descabido na espécie (fl. 289).


É o relatório.

2. Não merece reparo a r. Sentença.


É dos autos que o impetrante, no dia
13/09/2015, foi autuado por infração de trânsito no Km 3050005,
da SP 330, por suposta infração ao artigo 165 e 277 do CTB, posto
que na ocasião da abordagem se recusou a se submeter ao exame
etílico através do aparelho chamado de etilômetro.
Nota-se que a infração prevista no art. 165
do CTB poderá ser caracterizada pelo agente de trânsito mediante a
obtenção de outras provas em direito admitidas, acerca dos notórios
sinais de embriaguez, excitação ou torpor apresentados pelo
condutor.
Neste contexto, entende-se que o legislador
não teve o intuito de limitar a aferição da infração somente mediante
a utilização de aparelhos e por meio da realização de exames
específicos, haja vista que o motorista pode negar-se a submeter-se a
tais constatações.
Com efeito, à época da autuação já se
encontrava em vigor a Resolução CONTRAN nº 432/13 que dispõe:
Art. 3º A confirmação da alteração da capacidade
psicomotora em razão da influência de álcool ou de outra
substância psicoativa que determine dependência dar-se-á
por meio de, pelo menos, um dos seguintes procedimentos a
serem realizados no condutor de veículo automotor:
I exame de sangue;
II exames realizados por laboratórios
especializados, indicados pelo órgão ou entidade de trânsito
competente ou pela Polícia Judiciária, em caso de consumo
de outras substâncias psicoativas que determinem
dependência;
III teste em aparelho destinado à medição do
teor alcoólico no ar alveolar (etilômetro);
IV verificação dos sinais que indiquem a

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alteração da capacidade psicomotora do condutor.


§ 1º Além do disposto nos incisos deste artigo,
também poderão ser utilizados prova testemunhal, imagem,
vídeo ou qualquer outro meio de prova em direito admitido.
§ 2º Nos procedimentos de fiscalização deve-se
priorizar a utilização do teste com etilômetro.
§ 3° Se o condutor apresentar sinais de alteração
da capacidade psicomotora na forma do art. 5º ou haja
comprovação dessa situação por meio do teste de etilômetro e
houver encaminhamento do condutor para a realização do
exame de sangue ou exame clínico, não será necessário
aguardar o resultado desses exames para fins de autuação
administrativa.

(...)

Art. 5º Os sinais de alteração da capacidade


psicomotora poderão ser verificados por:
I exame clínico com laudo conclusivo e firmado
por médico perito; ou
II constatação, pelo agente da Autoridade de
Trânsito, dos sinais de alteração da capacidade psicomotora
nos termos do Anexo II.
§ 1º Para confirmação da alteração da
capacidade psicomotora pelo agente da Autoridade de
Trânsito, deverá ser considerado não somente um sinal, mas
um conjunto de sinais que comprovem a situação do
condutor.
§ 2º Os sinais de alteração da capacidade
psicomotora de que trata o inciso II deverão ser descritos no
auto de infração ou em termo específico que contenha as
informações mínimas indicadas no Anexo II, o qual deverá
acompanhar o auto de infração.

Art. 6º A infração prevista no art. 165 do CTB


será caracterizada por:
I exame de sangue que apresente qualquer
concentração de álcool por litro de sangue;
II teste de etilômetro com medição realizada
igual ou superior a 0,05 miligrama de álcool por litro de ar
alveolar expirado (0,05 mg/L), descontado o erro máximo
admissível nos termos da “Tabela de Valores Referenciais
para Etilômetro” constante no Anexo I; I
II sinais de alteração da capacidade
psicomotora obtidos na forma do art. 5º.
Parágrafo único. Serão aplicadas as penalidades
e medidas administrativas previstas no art. 165 do CTB ao
condutor que recusar a se submeter a qualquer um dos
procedimentos previstos no art. 3º, sem prejuízo da
incidência do crime previsto no art. 306 do CTB caso o

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condutor apresente os sinais de alteração da capacidade


psicomotora.

(...)

Art. 8º Além das exigências estabelecidas em


regulamentação específica, o auto de infração lavrado em
decorrência da infração prevista no art. 165 do CTB deverá
conter:
I no caso de encaminhamento do condutor
para exame de sangue, exame clínico ou exame em
laboratório especializado, a referência a esse procedimento;
II no caso do art. 5º, os sinais de alteração da
capacidade psicomotora de que trata o Anexo II ou a
referência ao preenchimento do termo específico de que trata
o § 2º do art. 5º;
III no caso de teste de etilômetro, a marca,
modelo e nº de série do aparelho, nº do teste, a medição
realizada, o valor considerado e o limite regulamentado em
mg/L;
IV conforme o caso, a identificação da (s)
testemunha (s), se houve fotos, vídeos ou outro meio de prova
complementar, se houve recusa do condutor, entre outras
informações disponíveis.
§ 1º Os documentos gerados e o resultado dos
exames de que trata o inciso I deverão ser anexados ao auto
de infração.
§ 2º No caso do teste de etilômetro, para
preenchimento do campo “Valor Considerado” do auto de
infração, deve-se observar as margens de erro admissíveis,
nos termos da “Tabela de Valores Referenciais para
Etilômetro” constante no Anexo I.

Ora a prova dos autos se restringe ao


preenchimento do auto de infração (fl. 40), inexistindo qualquer
comprovação por exames clínicos, tampouco simples descrição de
elementos e detalhes sobre o comportamento e condições do autor,
tal como previsto na Resolução nº 432, de 23 de janeiro de 2013,
cujo Anexo II lista as informações mínimas que deverão constar no
termo mencionado para constatação dos sinais de alteração da
capacidade psicomotora pelo agente da Autoridade de Trânsito.
Como visto, na hipótese de o condutor se
recusar a se submeter a qualquer um dos testes clínicos, confere-se

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às autoridades de trânsito a faculdade de se utilizarem de outros


elementos de prova que possam atestar a existência de notórios
sinais resultantes do consumo de álcool e, portanto, do estado de
embriaguez. O que não se verifica no caso em tela.
Destarte, de rigor a manutenção da r.
Sentença recorrida para que seja anulado o ato administrativo de
imposição de infração de trânsito.

3. Ante todo o exposto, pelo meu voto, nego


provimento ao recurso.

Sidney Romano dos Reis


Relator

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