You are on page 1of 126

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ – CAMPUS ITABIRA

Curso de Engenharia Ambiental

AMANDA SILVA RESENDE

ESTUDO DO DESEMPENHO OPERACIONAL E DA QUALIDADE AMBIENTAL DA


USINA DE TRIAGEM E COMPOSTAGEM DO MUNICÍPIO DE ENTRE RIOS DE
MINAS – MINAS GERAIS

Itabira

2015
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ – CAMPUS ITABIRA

Curso de Engenharia Ambiental

AMANDA SILVA RESENDE

ESTUDO DO DESEMPENHO OPERACIONAL E DA QUALIDADE AMBIENTAL DA


USINA DE TRIAGEM E COMPOSTAGEM DO MUNICÍPIO DE ENTRE RIOS DE
MINAS – MINAS GERAIS

Monografia apresentada à Coordenação do


Trabalho Final de Graduação, como requisito
parcial, para obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Ambiental da Universidade Federal
de Itajubá – Campus Itabira.

Orientadora: Profa. Dra. Uende Aparecida


Figueiredo Gomes

Itabira

2015
AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho:

Primeiramente à Deus por me conceder a oportunidade de desenvolver este trabalho e conduzir


toda a minha caminhada até aqui.

Aos meus pais e minhas irmãs por todo apoio e incentivo.

A todos os amigos que estiveram presentes nesta caminhada.

À professora Uende pela orientação e por toda ajuda.

Aos funcionários da Usina de Triagem e Compostagem pela contribuição que deram ao meu
trabalho aceitando gentilmente a participar das entrevistas realizadas.

Ao Roberto, por todas as informações cedidas, que foram essenciais na realização deste
trabalho.
RESUMO

O gerenciamento e manejo de resíduos sólidos urbanos (RSU) ainda é um grande desafio para
a maioria dos municípios brasileiros, especialmente para os municípios de pequeno porte, em
razão de limitações financeiras e técnicas. Em virtude da relação entre a disposição inadequada
dos resíduos e suas consequências, o estado de Minas Gerais, através do programa “Minas sem
Lixões”, obrigou os municípios mineiros a se posicionarem sobre a problemática do
gerenciamento dos RSU. Assim, os municípios de pequeno porte começaram a buscar
alternativas para a destinação dos RSU sendo recorrente a opção pela implantação de Unidades
de Triagem e Compostagem (UTCs). As UTCs têm sido consideradas uma opção para a
destinação adequada dos resíduos sólidos urbanos em municípios de pequeno porte, por
constituírem um sistema simplificado e que pode proporcionar o tratamento de toda a massa de
resíduos coletada. No entanto, muitas UTCs não têm apresentado o desempenho esperado.
Assim, o objetivo da presente pesquisa foi realizar uma análise do desempenho operacional e
da qualidade ambiental da Usina de Triagem de Compostagem de Resíduos Sólidos do
município de Entre Rios de Minas, Minas Gerais, município de pequeno porte localizado na
região centro-sul do estado de Minas Gerais. Para tanto, foram utilizados como métodos de
pesquisa a observação de campo, entrevistas semiestruturadas e análise documental. Além
disso, foi calculado o Índice de Qualidade de Usinas de Compostagem (IQC). Os resultados da
pesquisa mostraram deficiências em relação à operacionalização e à qualidade ambiental da
UTC de Entre Rios de Minas. Os principais problemas encontrados foram em relação à
localização da usina, ao armazenamento de recicláveis, à triagem dos resíduos e as condições
ergonômicas da mesa de triagem, à disposição dos rejeitos e a falta de participação popular na
coleta seletiva. Dentre as sugestões de melhorias para a UTC obtidas dos funcionários, vale
destacar a inserção de uma correia ou uma esteira transportadora na mesa de triagem, além
disso, como proposta do trabalho têm-se a implantação de uma coleta seletiva efetiva, a qual já
solucionaria grande parte dos problemas apresentados por essa unidade. Apesar das deficiências
encontradas na usina, é importante destacar que a ela tem contribuído de forma positiva para a
melhoria da qualidade ambiental em seus domínios. Com o estudo, espera-se contribuir para a
compreensão do desempenho dessas unidades de tratamento de resíduos tendo em vista a
função para qual elas foram projetadas. Espera-se também que o diagnóstico obtido
eventualmente possa ser utilizado para melhor adequação da UTC do município.

Palavras-chave: RSU. UTCs. IQC. Reciclagem e Compostagem.


ABSTRACT

The management of municipal solid waste (MSW) is a challenge for most Brazilian cities,
mainly in small cities due to financial and technical limitation. Due the negative impacts caused
by inappropriate disposal of urban solid waste, the state of Minas Gerais, through the
government program “Minas sem Lixões”, forced the state cities to take a stance on the
problem. Afterwards, the state cities started to adapt their disposal of MSW through the
establishment of the Sorting and Composting Plants or UTCs. The UTCs have been considered
an option of a proper disposal of municipal solid waste, especially in small towns, because they
constitute a simple system that can provide the treatment of all waste collected. However, many
UTCs does not perform as expected. The objective of this study was to analyze the operational
performance and environmental quality of Sorting and Composting Plants located in Entre Rios
de Minas, Minas Gerais, small town located in the south-central region of Minas Gerais. Field
research, semistructured interviews and documentary analysis were used as survey methods for
this purpose. The compost’s quality index was also calculated. The results showed deficiencies
in the UTC’s operational and environmental quality. The main deficiencies found were location
of the plant, the recyclable storage and sorting of waste and the ergonomic conditions of the
sorting table, the disposal of waste and the absence of a popular participation active in waste
selective collection program. Among the improvement suggestions to the UTC made by their
employees, it is worth to highlight the insertion of conveyor belt in the sorting table.
Furthermore, as a survey proposal, we have the implementation of an effective selective
gathering, which already would solve many of the problems presented by this unit. Despite the
deficiencies encountered in the plant, it is important to note that it has contributed positively to
the improvement of environmental quality in their fields. With this study, we expect to
contribute to the understanding these waste treatment units performance and help the municipal
government with the obtained diagnosis to improve the UTC management.

Key-words: MSW. UTCs. Compost’s quality index. Recycling and composting.


LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1 - Representação esquemática da cadeia da


reciclagem....................................................................................................................... 36

Figura 3.2 - Esquema de uma unidade de triagem e compostagem


25t/dia.............................................................................................................................. 42

Figura 3.3 – Esquema de uma unidade de triagem e compostagem com cerca de


50t/dia.............................................................................................................................. 43

Figura 3.4 - Esquema de uma unidade de triagem e compostagem com mais de


100t/dia............................................................................................................................ 44

Figura 3.5 - Esquema de uma unidade de compostagem


acelerada.......................................................................................................................... 45

Figura 4.1 - Questionário padrão - Índice de Qualidade de Usinas de Compostagem –


IQC.................................................................................................................................. 60

Figura 5.1 - Localização do município de Entre Rios de Minas em Minas Gerais.......... 61

Figura 5.2 - Vista da Usina de Triagem e Compostagem de Entre Rios de Minas – MG


e seu entorno.................................................................................................................... 62

Figura 5.3 - Entorno da UTC Entre Rios........................................................................ 63

Figura 5.4 - Vista geral da Unidade de apoio e do galpão de recepção e triagem de


resíduos............................................................................................................................ 64

Figura 5.5 - Vista geral das baias de acondicionamento dos recicláveis segregados e
galpão para armazenamento dos recicláveis prensados.................................................... 64

Figura 5.6 - Pátio de compostagem................................................................................. 64

Figura 5.7 - Mesa de triagem........................................................................................... 64

Figura 5.8 - Acesso à vala de rejeitos.............................................................................. 64

Figura 5.9 - Vala de rejeitos............................................................................................ 64

Figura 5.10 - Sistema de tratamento de efluentes líquidos da UTC Entre Rios............... 67

Figura 5.11 - Canaleta de drenagem na entrada da UTC.................................................. 67


Figura 5.12 - Cerca viva ao fundo do pátio de compostagem.......................................... 67

Figura 5.13 - Panfleto sobre coleta seletiva distribuído na cidade.................................. 73

Figura 5.14 - Laudo de avaliação dos materiais potencialmente recicláveis triados na


UTC Entre Rios............................................................................................................... 74
LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 – Estimativa da composição gravimétrica dos resíduos sólidos urbanos


16
coletados no Brasil em 2008 ...........................................................................................

Tabela 3.2 - Destino final dos resíduos sólidos, por unidades de destino dos resíduos
17
Brasil – 1989/2008...........................................................................................................

Tabela 3.3 - Evolução do Tratamento/Disposição final dos RSU em MG – 2001 a


19
2011.................................................................................................................................

Tabela 3.4 - Principais características de cada modelo de


46
URC.................................................................................................................................

Tabela 3.5 - Parâmetros de projeto para mesa de galpões de triagem de materiais


48
recicláveis........................................................................................................................

Tabela 3.6 - Referência para dimensionamento de galpões de triagem de materiais


48
recicláveis........................................................................................................................

Tabela 4.1 - Enquadramento das condições das instalações de tratamento e/ou


disposição final de resíduos sólidos domiciliares em função dos índices IQR e IQR-
Valas Nova proposta e IQC.............................................................................................. 59

Tabela 5.1 - Composição gravimétrica dos resíduos encaminhados para a usina nos
68
dois primeiros trimestres de 2008....................................................................................

Tabela 5.2 - Composição gravimétrica dos resíduos do município de Lagoa Dourada,


69
Minas Gerais....................................................................................................................

Tabela 5.3 - Quantidade média de resíduo destinada a UTC Entre Rios em


70
toneladas/mês nos últimos trimestres de 2014 e primeiro trimestre de 2015....................

Tabela 5.4 - Contribuição per capita na geração de resíduos em áreas rurais de alguns
71
países...............................................................................................................................

Tabela 5.5 - Índice per capita de Coleta de RSU nas regiões do Brasil em 2014.............. 71

Tabela 5.6 - Valores arrecadados com a realização do primeiro leilão de 2015 na UTC
75
Entre Rios........................................................................................................................
Tabela 5.7 - Valores atribuídos a cada item de análise de IQC e classificação final para
76
a UTC de Entre Rios de Minas, Minas Gerais..................................................................

Tabela 5.8 – Pontuação obtida com a aplicação do questionário para cada sub-ítem....... 76

Tabela 5.9 - Informações gerais sobre os funcionários da UTC...................................... 78


LISTA DE QUADROS

Quadro 5.1 - Perguntas e ideias centrais do tema 1......................................................... 80

Quadro 5.2 - Perguntas e ideias centrais do tema 2......................................................... 85

Quadro 5.3 - Perguntas e ideias centrais do tema 3......................................................... 91

Quadro 5.4 - Perguntas e ideias centrais do tema 4......................................................... 95


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AAF – Autorização Ambiental de Funcionamento

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais

CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho

CEMPRE – Compromisso Empresarial para Reciclagem

CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

CODEMA – Conselho Municipal de Desenvolvimento de Meio Ambiente

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

COPAM – Conselho de Política Ambiental

COPASA – Companhia de Saneamento de Minas Gerais

DN – Deliberação Normativa

EPI – Equipamento de Proteção Individual

FEAM – Fundação Estadual do Meio Ambiente

GRSU – Gerenciamento dos Resíduos Sólidos Urbanos

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMS – Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas

IQC – Índice de Qualidade de Usinas de Compostagem

IQR – Índice de Qualidade de Aterros de Compostagem

IQR – Índice de Qualidade de Aterros de Resíduos


IQR Valas – Índice de Qualidade de Aterros em Valas

LESA – Laboratório de Engenharia Sanitária

MG – Minas Gerais

MMA – Ministério do Meio Ambiente

OPS – Organização Pan-Americana para a Saúde

PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional

PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos

PNSB – Pesquisa Nacional de Saneamento Básico

RSU – Resíduos Sólidos Urbanos

SEMAD – Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente

SUPRAM – Superintendência Regional de Regularização Ambiental

UFV – Universidade Federal de Viçosa

URC – Unidade de Reciclagem e Compostagem

UTC – Unidade de Triagem e Compostagem


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 10
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 12
2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................... 12
2.2 Objetivos Específicos .................................................................................................... 12
3 REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................................... 13
3.1 RESÍDUOS SÓLIDOS ................................................................................................. 13
3.1.1 Definições e classificações ...................................................................................... 13
3.1.2 Panorama dos resíduos sólidos no Brasil e em Minas Gerais ............................ 15
3.2 GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ......................................................................... 20
3.2.1 Instrumentos legais de gestão de resíduos sólidos em âmbito federal ............... 21
3.2.2 Instrumentos legais de gestão de resíduos sólidos em âmbito estadual ............. 24
3.2.3 Instrumentos legais de gestão de resíduos sólidos em âmbito municipal .......... 28
3.3 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ..................................................... 30
3.4 OPERAÇÕES QUE COMPÕEM O SISTEMA DE GERENCIAMENTO DOS
RESÍDUOS SÓLIDOS ....................................................................................................... 32
3.4.1 Acondicionamento .................................................................................................. 32
3.4.2 Coleta e transporte ................................................................................................. 33
3.4.3 Transbordo ............................................................................................................. 34
3.4.4 Tratamento ............................................................................................................. 34
3.4.5 Disposição final ....................................................................................................... 37
3.5 USINAS DE TRIAGEM E COMPOSTAGEM ......................................................... 40
3.5.1 Parâmetros de projeto ........................................................................................... 46
3.5.2 Trabalho e operação............................................................................................... 49
3.5.3 Índice de Qualidade de Compostagem ................................................................. 53
4 METODOLOGIA................................................................................................................ 55
4.1 MÉTODO QUALITATIVO ........................................................................................ 55
4.2 MÉTODO QUANTITATIVO ..................................................................................... 58
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 61
5.1 Informações sobre o município estudado ................................................................... 61
5.2 Descrição da Usina de Triagem e Compostagem de Lixo de Entre Rios de Minas,
Minas Gerais ....................................................................................................................... 61
5.2.1 Geração e Caracterização dos resíduos ................................................................ 68
5.2.2 Coleta Seletiva ........................................................................................................ 72
5.2.3 Leilão dos recicláveis .............................................................................................. 74
5.3 Índice de Qualidade de Usinas de Compostagem (IQC) ........................................... 75
5.4 Entrevistas ..................................................................................................................... 78
5.4.1 Funcionários ........................................................................................................... 78
5.4.2 Gestor municipal .................................................................................................... 99
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 104
6.1 A UTC Entre Rios ....................................................................................................... 104
6.2 Geração e caracterização dos resíduos ..................................................................... 105
6.3 Coleta Seletiva ............................................................................................................. 106
6.4 IQC ............................................................................................................................... 106
6.5 Entrevistas ................................................................................................................... 107
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 109
10

1 INTRODUÇÃO

O crescimento urbano desordenado e não planejado traz consigo inúmeras consequências


de cunho ambiental e social, entre elas, a grande geração de resíduos sólidos, sendo a grande
maioria dos resíduos gerados no Brasil disposta de forma inadequada.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, 50,8% dos


municípios brasileiros dispõem os seus resíduos sólidos em vazadouros à céu aberto,
comumente designados de lixões (IBGE, 2008). Este tipo de disposição final é ambientalmente
inadequada, pois os resíduos são simplesmente dispostos a céu aberto, dessa forma contaminam
o solo e o lençol freático, além de serem habitat de vetores de doenças. Soma-se aos problemas
ambientais e de saúde pública, o problema social em razão da atração de pessoas que vão buscar
no lixo depositado a própria sobrevivência.

Neste contexto, surge a necessidade de gerenciamento dos resíduos sólidos em virtude da


relação entre a disposição inadequada e as consequências à saúde pública, à sociedade e ao
meio ambiente. Assim, têm-se buscado desenvolver e utilizar técnicas ambientalmente
adequadas para o tratamento, destinação final de resíduos sólidos e disposição final de rejeitos.

Para Lange e Andrade (2011), a maior problemática em relação aos resíduos se dá em


razão do volume produzido. Assim, é preciso tratar esses resíduos a fim de que o volume a ser
a aterrado seja diminuído. Dentre as técnicas de tratamento e disposição final, destacam-se as
Usinas de Triagem e Compostagem (UTCs) de resíduos sólidos.

Em Minas Gerais, no ano de 2003, foi criado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente
e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), o programa “Minas sem lixões”. O programa visa
induzir melhorias em relação à disposição dos resíduos sólidos urbanos no Estado. Desde então,
através desse programa, tem-se realizado ações e instituído normas legais e parcerias,
objetivando-se erradicar os lixões em Minas Gerais. Assim, as Usinas de Triagem e
Compostagem vêm sendo utilizadas, principalmente em municípios de pequeno porte, por
constituírem um sistema simplificado e que pode proporcionar o tratamento de toda a massa de
resíduos coletada.

Apesar de as UTCs serem uma alternativa para a erradicação dos lixões, principalmente
em cidades de pequeno porte, há ainda diversos problemas relacionados à operação dessas
usinas. Segundo Vimieiro (2012), muitas vezes há contaminação dos funcionários pela matéria
orgânica, tornando o trabalho mais desagradável e o valor dos materiais recicláveis mais baixo
11

para a venda, além disso, para Santos et al. (2007) apud Lange e Andrade (2011), muitas vezes
há também, o despreparo dos gestores municipais em relação à resolução de problemas
relacionados à gestão de resíduos sólidos e funcionamento de UTCs.

Diante do exposto, no presente trabalho analisou-se a operação e a qualidade ambiental


da Usina de Triagem e Compostagem do município de Entre Rios de Minas - Minas Gerais
(UTC Entre Rios). Entre Rios de Minas é município de pequeno porte, localizado na região
central de Minas Gerais. A Usina de Triagem e Compostagem do município entrou em operação
em 2001. No presente estudo também foi calculado o Índice de Qualidade de Usinas de
Compostagem (IQC) desenvolvido pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
(CETESB), além da realização de entrevistas e visitas a campo para verificar as condições da
UTC a fim de apontar possíveis soluções para melhoria dos problemas que foram encontrados
na usina.
12

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Analisar a operação e a qualidade ambiental da Usina de Triagem e Compostagem


(UTC) do município de Entre Rios de Minas, Minas Gerais.

2.2 Objetivos Específicos

a) Descrever a UTC de Entre Rios de Minas – MG;


b) Analisar os aspectos operacionais da UTC no que se refere a: qualidade e quantidade
dos resíduos manipulados, condições ocupacionais, armazenamento dos recicláveis e
tratamento e disposição final dos resíduos.
c) Calcular para a UTC de Entre Rios de Minas o Índice de Qualidade de Usinas de
Compostagem proposto pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB);
d) Analisar a percepção dos funcionários da UTC em relação aos RSU, à coleta seletiva,
ao uso de equipamentos de proteção individual e ao seu trabalho;
e) Analisar a percepção do gestor municipal em relação as UTCs, à coleta seletiva e ao
ICMS Ecológico.
13

3 REVISÃO DA LITERATURA

3. 1 RESÍDUOS SÓLIDOS

Para a análise do Gerenciamento dos Resíduos Sólidos Urbanos – GRSU, é necessário


o conhecimento de conceitos e dados relativos ao tema, assim, são apresentados a seguir a
definição, classificações e a situação dos resíduos sólidos urbanos – RSU no Brasil e em Minas
Gerais.

3.1.1 Definições e classificações

A Norma Brasileira - NBR 10004 de 2004 da Associação Brasileira de Normas técnicas


- ABNT define resíduos sólidos como:

Resíduos no estado sólido ou semissólido que resultam de atividades de origem


industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam
incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água,
aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle da poluição, bem como
determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na
rede pública de esgotos ou corpos d’água ou exijam para isso soluções técnica e
economicamente inviáveis em face a melhor tecnologia disponível (ABNT, p.1,
2004).

Na mesma direção, a Lei 12.305 de 2010, que institui a Política Nacional dos Resíduos
Sólidos, define resíduos sólidos como:

Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em


sociedade, e cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado
a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em
recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede
pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso solução técnica ou
economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível (BRASIL, 2010).

Segundo D’Almeida e Vilhena (2000) apud Andrade (2010), denomina-se resíduo


sólido urbano o conjunto de detritos gerados em decorrência das atividades humanas nos
aglomerados urbanos. Incluem-se aí resíduos domiciliares, os originados nos estabelecimentos
comerciais, industriais e de prestação de serviços, os decorrentes dos serviços de limpeza
pública urbana, aqueles oriundos dos estabelecimentos de saúde (sépticos e assépticos), os
entulhos de construção civil e os gerados nos terminais rodoviários, ferroviários, portos e
aeroportos.

Os resíduos podem ser classificados em função de sua origem em (BIDONE e


POVINELLI, 1999 apud BARBOSA, 2004):
14

a) Urbanos: Em que se enquadram os residenciais, comerciais, de varrição e de feiras


livres, de capinação e poda, limpeza de praias;
b) Industriais: Em que se inclui grandes percentuais de lodos provenientes do processo de
tratamento de efluentes líquidos;
c) De serviços de saúde: Que abrangem os resíduos sólidos hospitalares, de clínicas
médicas e veterinárias, de centros de saúde, laboratórios, consultórios odontológicos e
de farmácias;
d) Radioativos: Em que se inserem os resíduos de origem atômica;
e) Agrícolas: Em que se agrupam aqueles resultantes do processo de produção de
defensivos agrícolas e suas embalagens.

Além disso, os resíduos podem ser classificados quanto à sua periculosidade. De acordo
com a ABNT NBR 10004 de 2004, a periculosidade é a característica apresentada por um
resíduo que em função de suas propriedades, físicas, químicas ou infectocontagiosas, pode
apresentar:

a) Risco à saúde pública, provocando mortalidade, incidência de doenças ou acentuando


seus índices;
b) Riscos ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma inadequada.

Assim, de acordo com a referida Norma, os resíduos são classificados em:

a) Resíduos Classe I – Perigosos: Aqueles que apresentam periculosidade ou


características como toxicidade, inflamabilidade, corrosividade, reatividade ou
patogenicidade;
b) Resíduos Classe II – Não Perigosos;
a. Resíduos Classe II A – Não inertes: Resíduos que podem ter propriedades como
biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água;
b. Resíduos Classe II B – Inertes: Quaisquer resíduos que, quando amostrados de
uma forma representativa, e submetidos a um contato dinâmico e estático com
água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, não tiverem nenhum de
seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de
potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.
15

Ainda, segundo Bidone e Povinelli (1999) apud Barbosa (2004), em relação à


biodegradabilidade, os resíduos sólidos podem ser classificados em:

a) Facilmente degradáveis: é o caso da matéria orgânica presente nos resíduos sólidos de


origem urbana;
b) Moderadamente degradáveis: são papéis, papelão e material celulósico;
c) Dificilmente degradáveis: são os pedaços de panos, retalhos, aparas e serragens de
couro, borracha e madeira;
d) Não degradáveis: os vidros, metais, plásticos, pedras, terra, entre outros.

Definir e classificar os resíduos é muito importante pois é fundamental conhecer os


resíduos a serem manejados a fim de orientar o planejamento de instalações e equipamentos do
sistema de coleta, transporte e destinação final. Além disso, também é necessário conhecer as
características dos resíduos e a quantidade de RSU gerados a fim de subsidiar o
dimensionamento do espaço e infraestrutura requerida para o sistema de tratamento e disposição
final.

3.1.2 Panorama dos resíduos sólidos no Brasil e em Minas Gerais

No Brasil, o panorama de acesso aos serviços de manejo de resíduos sólidos ainda aponta
para a precariedade de prestação e acesso aos serviços. No estado de Minas Gerais, a realidade
não é distinta. A coleta e a destinação adequada de milhares de toneladas de RSU gerados
diariamente nos municípios brasileiros ainda representam uma grande demanda sanitária
nacional conforme é pontuado a seguir.

Na Tabela 3.1 é apresentada a massa gerada e a composição gravimétrica dos RSU


coletados no Brasil. Esses dados foram apresentados pelo Ministério do Meio Ambiente
(MMA) no âmbito dos estudos que subsidiaram a elaboração do Plano Nacional de Resíduos
Sólidos (MMA, 2011).
16

Tabela 3.1 – Estimativa da composição gravimétrica dos resíduos sólidos urbanos


coletados no Brasil em 2008.
Resíduos Participação (%) Quantidade (t/dia)
Material reciclável 31,9 58.527,40
Metais 2,9 5.293,50
Aço 2,3 4.213,70
Alumínio 0,6 1.079,90
Papel, papelão e TRETAPAK 13,1 23.997,40
Plástico total 13,5 24.847,90
Plástico filme 8,9 16.399,60
Plástico rígido 4,6 8.448,30
Vidro 2,4 4.388,60
Matéria orgânica 51,4 94.335,10
Outros 16,7 30.618,90
Total 100,0 183.481,50
Fonte: MMA, 2011.

A composição gravimétrica é expressa pelo percentual de cada elemento em relação ao


peso total da amostra. Segundo Boscov (2008), quanto maior a quantidade de determinado
componente, tanto mais as características gerais do maciço se assemelharão às características
desse componente. O teor de materiais putrescíveis é particularmente importante, pois influi na
geração de chorume e gás, desenvolvimento de pressões neutras no interior do maciço sanitário,
no teor de umidade, na resistência ao cisalhamento ou na compressibilidade dos RSU.

No Brasil, conforme a Tabela 3.1, percebe-se a predominância da matéria orgânica na


composição dos resíduos, esta que é matéria prima para a compostagem. Percebe-se também
que a participação de materiais potencialmente recicláveis como papel, papelão e plástico é alta,
indicando a possibilidade de tratamento da maioria dos resíduos sólidos brasileiros.

De acordo com os dados apresentados pela Pesquisa Nacional de Saneamento Básico –


PNSB, referente ao ano de 2008 e realizada pelo IBGE, observa-se que a região Sudeste é a que
mais contribui com a geração de resíduos no país, cerca de 37%. O estado de Minas Gerais
produz aproximadamente 7% do total nacional e é o terceiro maior gerador de resíduos desta
região (IBGE, 2008).
17

Em relação à disposição final desses resíduos, a PNSB 2008 mostra que as regiões Norte
e Nordeste registraram em 2008 as maiores proporções de destinação de resíduos sólidos em
lixões – 89,3% e 85,5%, respectivamente, enquanto os localizados nas regiões Sul e Sudeste
apresentaram, no outro extremo, as menores proporções – 15,8% e 18,7%, respectivamente
(IBGE, 2008).

Na Tabela 3.2 pode-se visualizar o destino final de resíduos sólidos para diferentes formas
de disposição entre 1989 e 2008 no Brasil.

Tabela 3.2 – Destino final dos resíduos sólidos, por unidades de destino dos resíduos
Brasil – 1989/2008.
Ano Destino final dos resíduos sólidos, por unidade de destino dos
resíduos (%).
Vazadouro à céu Aterro Controlado Aterro Sanitário
aberto
1989 88,2 9,6 1,1
2000 72,3 22,3 17,3
2008 50,8 22,5 27,7
Fonte: IBGE (2008).

Os vazadouros a céu aberto (lixões) constituíram o destino final dos resíduos sólidos em
50,8% dos municípios brasileiros, conforme IBGE (2008). Embora este quadro venha se
alterando nos últimos 20 anos, sobretudo nas regiões Sudeste e Sul do país, tal situação se
configura como um cenário de destinação reconhecidamente inadequado, que exige soluções
urgentes e estruturais para o setor.

Percebe-se a evidente carência relativa à destinação adequada dos RSU, que ainda ocorre,
na grande maioria dos municípios, em vazadouros a céu aberto. Considerando-se a quantidade
de resíduo disposto, a situação é mais branda, já que a disposição final já vem sendo realizada
significativamente em aterros controlados e sanitários, especialmente na região Sudeste.

Percebe-se também que as unidades de triagem e compostagem estão presentes pelo país
e recebem parcela desse resíduo a ser disposto. Segundo IBGE (2002), existiam unidades de
reciclagem e unidades de compostagem nos estados do Maranhão, Rio Grande do Norte,
Paraíba, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Espirito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná,
18

Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso. Havia ainda unidades de reciclagem em Mato
Grosso do Sul e Goiás, além de unidades de compostagem em Alagoas, Paraíba e Distrito
Federal.

Além disso, de acordo com IBGE (2008), do total de 259.547 toneladas de resíduos
sólidos coletados por dia no Brasil, 1635 (0,63%) toneladas são destinados a unidades de
compostagem de resíduos orgânicos e 3122 (1,2%) toneladas a unidades de triagem de resíduos
recicláveis.

Segundo Vimiero (2012), em Minas Gerais, a partir da implementação do Programa


“Minas Sem Lixões”, que apresenta o objetivo de erradicar os lixões no estado, a situação da
disposição final dos RSU no estado tem evoluído positivamente desde o ano de 2000. Conforme
dados apresentados na Tabela 3.3.

Ainda de acordo com Vimieiro (2012), observa-se a redução da disposição em lixões e o


aumento do número de UTC’s em Minas Gerais, demonstrando que essa alternativa de
destinação encontra-se em expansão no estado.

Porém, atualmente a gestão dos resíduos sólidos urbanos continua sendo um desafio para
os gestores de municípios menores, quer pela insuficiência dos recursos humanos, quer pelos
recursos financeiros limitados dos orçamentos municipais, aliados a não cobrança adequada
pelos serviços prestados, da coleta à disposição final dos resíduos. Na próxima seção este tema
será discutido em maior profundidade.
19

Tabela 3.3 – Evolução do Tratamento/Disposição final dos RSU em MG – 2001 a 2011.


Tipologia de 2001 2005 2006 2008 2009 2010 2011
disposição final de
RSU Nº de Nº de Nº de Nº de Nº de Nº de Nº de
municípios municípios municípios municípios municípios municípios municípios

Lixão 823 564 520 442 385 311 278

Aterro sanitário 8 25 31 43 53 61 72

Aterro sanitário + - - - 5 5 8 7
UTC

UTC 22 55 59 87 94 112 121

UTC não - 17 34 9 15 15 15
regularizada

Aterro controlado - 191 206 226 227 288 308

Disposição fora do - 1 3 3 2 3 3
estado

AAF’s em - - - 38 72 55 49
verificação

AAF: Autorização Ambiental de Funcionamento.


Fonte: FEAM, 2012.
20

3.2 GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

De acordo com a Lei 12.305 de 2010, a gestão integrada de resíduos sólidos é definida
como:

Conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para os resíduos sólidos, de


forma a considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com
controle social e sob a premissa do desenvolvimento sustentável (BRASIL, 2010).

Já para Leite (1997), a gestão de resíduos sólidos pode ser definida como atividades
referentes a decisões estratégicas e à organização do setor para esse fim, envolvendo
instituições, políticas, instrumentos e meios.

Barbosa (2004) observa que a gestão dos resíduos sólidos urbanos depende de três
elementos fundamentais para sua existência e eficácia, quais sejam:

a) Arcabouço jurídico/legal nos níveis federal, estadual e municipal para permitir o


desenvolvimento de ações que conduzam à sustentabilidade;
b) Estrutura administrativa para aplicação deste arcabouço legal/jurídico; e
c) Programas e projetos que constituam, em seu conjunto, políticas que interfiram tanto na
sociedade quanto nas atividades econômicas, criando condições para sua evolução.

Ainda segundo Barbosa (2004), enquanto o gerenciamento refere-se aos aspectos


tecnológicos, operacionais, econômicos, ambientais e de desempenho (qualidade e
produtividade), a gestão de resíduos sólidos refere-se aos aspectos institucionais,
administrativos, financeiros e ambientais, envolvendo políticas, instrumentos legais e
mecanismos de sustentabilidade.

De acordo com Andrade (2010), a gestão dos resíduos sólidos urbanos deve contemplar
questões de aspecto tecnológico e operacional, mas envolve fatores administrativos, gerenciais,
econômicos, ambientais e de desempenho. Sua abordagem deve estar relacionada à prevenção,
à redução e segregação, reutilização, acondicionamento, coleta, transporte, recuperação,
tratamento e destino final.

Ainda segundo Andrade (2010), a estruturação de modelo de gestão de resíduos deve


adotar procedimentos que contemplem o reconhecimento dos agentes sociais envolvidos, bem
21

como o cumprimento das leis vigentes, necessitando de mecanismos financeiros para alcançar
a auto-sustentabilidade das estruturas de gestão propostas, sem a qual o trabalho se deteriorará.

Já para Pugliesi (2010), a gestão integrada de resíduos sólidos deve articular basicamente
três aspectos fundamentais: arranjos institucionais, instrumentos legais e mecanismos de
financiamento que organizem o setor desde o modelo de planejamento e estratégias de atuação
culminando em modelos de execução e medidas de controle e minimização de resíduos.

Segundo Lima (2007), o planejamento das atividades de gerenciamento deve assegurar


mecanismo de sustentabilidade do sistema tanto no presente como no futuro. Assim, os gestores
municipais devem estar preocupados com a realização de gestão de resíduos sólidos urbanos
para além do mandato de quatro anos, desenvolvendo deste modo uma gestão municipal
responsável, buscando, por exemplo, participação da sociedade, projetos de extensão e outras
parcerias entre o governo e a sociedade, através dos seus conselhos de classe.

Para Melo (2012), a gestão municipal de resíduos ainda é um desafio para as cidades
brasileiras: o deslocamento do enfoque na coleta e disposição final feito pela municipalidade
para as ações de prevenção de geração de resíduos sólidos, ao longo de toda cadeia produtiva,
em uma articulação nacional está longe de se tornar realidade.

Barbosa (2004) ressalta que as diretrizes das estratégias de gestão e gerenciamento de


resíduos sólidos urbanos devem atender aos objetivos do conceito de prevenção da poluição,
evitando-se ou reduzindo a geração de resíduos e poluentes prejudiciais ao meio ambiente e à
saúde pública. Desse modo, busca-se priorizar, em ordem decrescente de aplicação: a redução
na fonte, o reaproveitamento, o tratamento e a disposição final.

Ainda segundo Melo (2012), o maior desafio da gestão municipal de RSU é reintroduzir
os resíduos na cadeia produtiva, transformando-os em recursos e não os mobilizando em aterros
sanitários e lixões.

3.2.1 Instrumentos legais de gestão de resíduos sólidos em âmbito federal

A Constituição Federal, promulgada em 1988 estabelece no seu artigo 23, incisos VI e


IX que “Compete à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios proteger o meio
ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas, bem como promover programas
de construção de moradias e de melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico”
(BRASIL, 1988).
22

A partir de 1981 a temática ambiental foi mais difundida no país devido à promulgação
da Lei nº 6.938/81, que estabeleceu a Política Nacional de Meio Ambiente, seus objetivos e
instrumentos de aplicação e foi responsável pela criação do SISNAMA – Sistema Nacional de
Meio Ambiente (BRASIL, 1981).

Aos órgãos e entidades que compõem o SISNAMA foram atribuídas as seguintes


funções (BARBOSA, 2004):

a) Órgãos federais: coordenar e emitir normas para a aplicação da legislação ambiental


em todo o país;
b) Órgãos estaduais: licenciamento preventivo e corretivo das atividades potencialmente
poluidoras ou degradadoras do meio ambiente, a fiscalização e punição pelo
descumprimento das determinações legais e o estímulo à educação ambiental;
c) Municípios: a legislação federal sugere a criação dos Conselhos Municipais de
desenvolvimento Ambiental - CODEMAS, para atuar suplementarmente ao Conselho
Estadual, promovendo a participação comunitária, a educação e a conscientização
ambiental.

Alguns instrumentos legais orientam os municípios na execução de seu gerenciamento de


resíduos. São representados por leis, decretos, portarias e resoluções. No universo de normas
que dispõem direta ou indiretamente sobre os resíduos sólidos, várias delas podem ser
destacadas. A Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, por exemplo, dispõe sobre a
Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação. Já a
Lei Federal nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, dispõe sobre as sanções penais e
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente (D’ALMEIDA e
VILHENA, 2000 apud ANDRADE, 2010).

Em relação às sanções penais e administrativas, a Lei nº 9605 de 1998, a Lei de Crimes


Ambientais, em seu artigo 54, parágrafo 2º, inciso V, penaliza o lançamento de resíduos sólidos,
líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências
estabelecidas em leis ou regulamentos.

Em 2002 foi publicada a resolução nº 313/2002 por meio do Conselho Nacional de Meio
Ambiente (CONAMA), que dispõe sobre o Inventário Nacional de Resíduos Sólidos
Industriais, que consiste no: “Conjunto de informações sobre a geração, características,
23

armazenamento, transporte, tratamento. Reutilização, reciclagem, recuperação e disposição


final dos resíduos sólidos gerados pelas indústrias do país” (CONAMA, 2002).

Em 2007, com a promulgação da Lei 11.445, foram instituídas no Brasil as diretrizes


nacionais e a política federal para a área de saneamento básico. Segundo a Lei 11.445/2007,
compreendem os serviços de saneamento básico:

a) Abastecimento de água potável: Constituído pelas atividades, infraestruturas,


instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação
até as instalações prediais e respectivos instrumentos de medição;
b) Esgotamento sanitário: Constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações
operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos
esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio
ambiente;
c) Limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: Conjunto de atividades,
infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo,
tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário de varrição e
limpeza de logradouros e vias públicas; e
d) Drenagem e manejo de águas pluviais urbanas: Conjunto de atividades
infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de
transporte, detenção ou retenção para amortecimento de vazões de cheias,
tratamento e disposição final de águas pluviais drenadas nas áreas urbanas.

Após a promulgação da Lei 11.445/2007, um marco importante para a área de saneamento


básico, outro avanço legal relevante foi a instituição da Política Nacional de Resíduos Sólidos,
criada em 2010 por meio da Lei Federal nº 12.305/2010 (BRASIL, 2010).

A Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS reúne o conjunto de princípios,


objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotados pelo Governo Federal, isoladamente
ou em regime de cooperação com Estados, Distrito Federal, Municípios ou particulares, com
vistas à gestão integrada e ao gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos
(BRASIL, 2010).

A Lei Federal disciplinou a gestão integrada de resíduos em todos os municípios,


prevendo o engajamento da sociedade no uso de instrumentos de controle social sem
descontinuidade por mudança de gestão. Impôs aos Estados e municípios o desafio de estruturar
24

políticas públicas para gradualmente organizar o setor e melhorar a capacidade institucional e


operacional (INSTITUTO ETHOS, REDE NOSSA SP, 2012).

A lei é bastante atual e contém instrumentos importantes para permitir o avanço


necessário ao País no enfrentamento dos principais problemas ambientais, sociais e econômicos
decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos. Além de criar metas importantes para
contribuir para a eliminação dos lixões e instituir instrumentos de planejamento nos níveis
nacional, estadual, e municipal.

Assim, as próximas seções irão tratar sobre os instrumentos legais de planejamento a nível
estadual e municipal.

3.2.2 Instrumentos legais de gestão de resíduos sólidos em âmbito estadual

Em 1990, no estado de Minas Gerais, por meio da Deliberação Normativa do Conselho


de Política Ambiental (DN COPAM) nº 01/90, foram estabelecidos procedimentos para
enquadramento e estudos ambientais a serem solicitados aos municípios, em decorrência do
tipo de empreendimento proposto, nos quais foram enquadrados o fechamento dos vazadouros
a céu aberto, a construção dos aterros sanitários, bem como a recuperação das áreas degradadas
(MINAS GERAIS, 1990).

No artigo 245, parágrafo 1º, inciso VII da Constituição do Estado de Minas Gerais é
estabelecido que o Estado assistirá na liberação de recursos e na concessão de outros benefícios
em favor de objetivos de desenvolvimento urbano e social, atendendo prioritariamente, ao
Município já dotado de plano diretor, incluídas, entre suas diretrizes (...) a manutenção de
sistemas de limpeza urbana, coleta, tratamento e destinação final do lixo urbano (...) (MINAS
GERAIS, 1989).

Já em 2001, a DN COPAM nº 52 convocou os municípios com população urbana superior


a 50 mil habitantes para o licenciamento ambiental de sistema adequado de disposição final de
lixo. Além disso, a referida resolução obriga todos os municípios a minimizar os impactos
ambientais nas áreas de disposição final de resíduos sólidos, por meio da implementação de
requisitos mínimos, até que seja implantado, por meio de respectivo licenciamento, sistema
adequado de disposição final de lixo urbano de origem domiciliar, comercial e pública (MINAS
GERAIS, 2001).
25

Ainda segundo a DN COPAM nº 52/2001, todas as cidades mineiras que ainda possuíam
lixões teriam até 14 de dezembro de 2001 para implementar melhorias na área de disposição
final de resíduos sólidos urbanos e adotar o sistema adequado de disposição final de resíduos
como aterros sanitários e unidades de compostagem. Conforme observa Andrade (2010), caso
os municípios se enquadrassem nas exigências os mesmos obteriam o licenciamento ambiental
das áreas de disposição final e por consequência receberiam incentivos fiscais, garantindo a
sustentabilidade econômica aos serviços operacionais de limpeza urbana.

De acordo com Andrade (2010), a fim de facilitar as ações a serem adotadas relativas à
DN nº 52, em 2004, o governo do Estado de Minas Gerais, através da Secretaria de Estado de
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), criou o programa “Minas sem
lixões” que visa induzir melhorias em relação à disposição dos resíduos sólidos urbanos no
Estado. Desde então, através desse programa, se tem realizado ações e instituído normas legais
e parcerias, objetivando-se erradicar os lixões em Minas Gerais.

Outro instrumento importante no gerenciamento de resíduos sólidos em Minas Gerais e


regulatório do processo de licenciamento é a DN COPAM nº 007/94, que estabelece normas
para o licenciamento ambiental de obras de saneamento.

De acordo com Andrade (2010), do ponto de vista legal em Minas Gerais, a Fundação
Estadual do Meio Ambiente (FEAM), impõe uma série de condicionantes para o licenciamento
ambiental do sistema de disposição final. Visando à gestão plena dos resíduos gerados, o
licenciamento poderá ser obtido fazendo-se aterro sanitário e/ou unidade de triagem e
compostagem.

A Lei Estadual nº 18.031 de 12 de janeiro de 2009 dispõe sobre a Política Estadual de


Resíduos Sólidos em consonância com as políticas estaduais de meio ambiente, educação
ambiental, recursos hídricos, saneamento básico, saúde, desenvolvimento econômico,
desenvolvimento urbano e promoção da inclusão social. De acordo com o artigo 10, são
instrumentos da Política Estadual de Resíduos Sólidos, entre outros (MINAS GERAIS, 2009):

a) Os indicadores para o estabelecimento de padrões setoriais relativos à gestão dos


resíduos sólidos;
b) Os Planos de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, elaborados com base em
padrões setoriais, com definição de metas e prazos;
26

c) A cooperação técnica e financeira para viabilização dos objetivos da Política


Estadual de Resíduos;
d) O Sistema integrado de informações estatísticas voltadas para ações relativas à
gestão de resíduos sólidos;
e) Os incentivos fiscais, financeiros e creditícios destinados a atividades que adotem
medidas de não-geração, redução da geração, reutilização, reaproveitamento,
reciclagem, geração de energia, tratamento ou disposição final de resíduos sólidos;
f) O controle e a fiscalização.

Outra Política Estadual de grande importância foi estabelecida pela Lei 13.766 de 2000,
que dispõe sobre a Política Estadual de apoio e incentivo à coleta seletiva dos resíduos sólidos.
É instituído em seu artigo 1 que “O Estado apoiará e incentivará, por meio do Sistema Estadual
de Meio Ambiente, o município que queira implantar em seu território política de coleta seletiva
de lixo, com o objetivo de proteger e preservar o meio ambiente” (MINAS GERAIS, 2000).

Além disso, o licenciamento ambiental em Minas Gerais implica uma compensação


financeira referente ao ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) Ecológico.
O ICMS Ecológico foi criado pela Lei nº 12.040, de 28 de dezembro de 1995, que estabelece,
entre outras questões, que 0,5% da parcela da receita da arrecadação do ICMS Estadual seja
distribuída entre os municípios que possuem sistema de tratamento ou disposição final de
resíduos urbanos (mínimo de 70% da população) ou sistema de tratamento de esgotos (mínimo
de 50% da população) desde que a operação do sistema seja licenciada (ANDRADE, 2010).

O ICMS Ecológico é uma compensação financeira importante e pode ser um vetor para a
ampliação da disposição correta dos resíduos sólidos em Minas Gerais. Diante da importância
desse incentivo fiscal para a área, este tema será discutido em maior profundidade na próxima
seção.

3.2.2.1 ICMS Ecológico

Segundo Loureiro (2002), o ICMS Ecológico surgiu no Brasil, pioneiramente no Paraná,


em 1991, a partir da aliança do Poder Público Estadual e de municípios, mediado pela
Assembleia Legislativa do Estado por meio da Lei nº 9.491/90. Ainda de acordo com o mesmo
autor, os municípios sentiam suas economias combalidas pela restrição de uso causada pela
necessidade de cuidar dos mananciais de abastecimento dos municípios vizinhos e pela
27

existência de unidades de conservação, enquanto o Poder Público Estadual sentia a necessidade


de modernizar seus instrumentos de política pública.

De acordo com Barbosa (2004), na tributação convencional, uma parte do imposto é


distribuída com base em critérios ambientais. No Brasil, a parcela de 25% da receita do imposto
estadual sobre o valor adicionado (Imposto sobre Circulação de Mercadorias ou Serviços -
ICMS) é distribuída conforme vários critérios, entre os quais está o critério meio ambiente,
denominado de ICMS Ecológico.

O ICMS Ecológico incentiva uma melhora ambiental favorecendo os municípios que o


implementam. Isso é uma forma de subsídio intragovernamental que se encaixa na categoria de
incentivos fiscais (ANDRADE, 2010).

Em Minas Gerais, a Lei nº 12040/1995, conhecida como “Lei Robin Hood", introduziu
novos critérios (sociais, culturais e ambientais) modificando o cálculo de repasse do Imposto
Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS aos municípios. O critério meio ambiente
ou ICMS Ecológico, por sua vez, é dividido em dois subcritérios: Unidades de Conservação e
Saneamento Ambiental (FEAM, 1997).

De acordo com a FEAM, a introdução do subcritério saneamento na base de cálculo do


repasse desse imposto visa a destinar 0,5% da parcela da receita da arrecadação para os
municípios que investirem em saneamento ambiental (FEAM, 2009). São beneficiados pelo
ICMS Ecológico os municípios que possuam sistemas de aterro sanitário ou unidades de
compostagem de lixo e estação de tratamento de esgoto sanitário com operação licenciada pelo
órgão ambiental.

O valor destinado ao município é estimado com base na população atendida e no custo


médio per capita para implantação do sistema, em conformidade com a Deliberação Normativa
COPAM nº 061/96. As unidades de compostagem deverão atender a, no mínimo, 70% da
população e o valor médio de implantação (20 UFIR1/ per capita) e para aterro sanitário (3
UFIR/per capita). O valor máximo destinado a cada município não pode ultrapassar ao do
investimento realizado com a implantação do sistema. Três meses após a obtenção da Licença
de Operação (LO), o município é cadastrado e, no trimestre seguinte, passa a receber o ICMS
Ecológico (FEAM, 2009).

1
UFIR - Unidade Fiscal de Referência. É um fator de correção do valor dos impostos do Brasil.
28

Campos (2000) apud Andrade (2010) destaca que além do benefício ambiental e
econômico, outro retorno do ICMS Ecológico foi despertar a atenção das administrações locais
e provocar suas iniciativas em relação à necessidade de investir na implantação e manutenção
de sistemas de saneamento.

Assim, ao mesmo tempo em que funciona como um incentivo para os municípios


investirem na preservação ambiental, o ICMS Ecológico também serve como uma fonte de
renda importante para muitos deles atuando, desta forma, como um grande instrumento de
desenvolvimento sustentável.

Por fim, passa-se à estrutura do sistema municipal, envolvendo arranjos institucionais e


legais necessários ao gerenciamento de resíduos sólidos urbanos.

3.2.3 Instrumentos legais de gestão de resíduos sólidos em âmbito municipal

A gestão dos resíduos sólidos municipais deve considerar um conjunto de medidas de


cunho político e estratégico, institucional, legal, financeiro e ambiental capaz de organizar e
orientar os serviços na prevenção de geração desses (ANDRADE, 2010).

De acordo com Barbosa (2004), a estrutura mínima necessária à gestão dos RSU
contempla alguns instrumentos nos quais o tema em questão pode e deve ser abordado. São
eles:

a) A Lei Orgânica, que legisla sobre assuntos que afetam os interesses do município, entre
eles a proteção do meio ambiente e melhoria da qualidade de vida local;
b) Lei de Diretrizes Orçamentárias, que deve prever recursos destinados ao plano
municipal de saneamento básico, entre outros;
c) O Código de Posturas, que define e regula a utilização de espaços públicos tratando de
várias questões, entre elas a disposição de resíduos sólidos;
d) A Educação Ambiental, que compreende práticas educativas voltadas para
sensibilização e mobilização da comunidade, visando a promover a transformação cultural
e a melhoria da qualidade ambiental;
e) Mecanismos de sustentabilidade, tais como ICMS ecológico e instituição de taxas ou
tarifas de recuperação de custos.

Assim, pelo artigo 10, inciso XXVII da Lei Orgânica do município de Entre Rios de
Minas, é atribuído ao município promover a limpeza das vias e logradouros públicos, a remoção
29

e o destino do lixo domiciliar e de outros resíduos de qualquer natureza (ENTRE RIOS DE


MINAS, 2010).

O Plano diretor do município, no que tange aos resíduos sólidos, estabelece que (ENTRE
RIOS DE MINAS, 2009):

a) At. 43. Os resíduos sólidos resultantes do lixo domiciliar, do comércio e industrial em


geral deverão ser coletados separadamente, nas categorias postas para a coleta seletiva;

b) Art. 45. Os resíduos orgânicos deverão ser dispostos em aterros adequados, e na medida
do possível, reciclados.

c) Art. 46. Os resíduos industriais deverão ser classificados e recolhidos em aterros


próprios, ou recolhidos pela municipalidade que os disporá da forma adequada às deliberações
do COPAM.

d) Art. 48. Os resíduos de óleos e graxas deverão ser recolhidos adequadamente e, na


medida do possível, reciclados em postos de combustíveis, oficinas de autos e mesmo
residências.

e) Art. 54. Os resíduos hospitalares deverão ser recolhidos em veículos próprios e


dispostos em áreas com essa destinação específica, sob as expensas dos mantenedores.

Além disso, de acordo com o Artigo 56 do Plano Diretor do município de Entre Rios de
Minas (ENTRE RIOS DE MINAS, 2009):

Art. 56. Parcerias ou Consorciamentos poderão ser adotados com municípios da


região para implementação, operação e uso comum para: I – eliminação do lixo
hospitalar; II – matadouro municipal; III – usinagem do lixo resultante da coleta
regular com eliminação do seu depósito a céu aberto.

Para Lima (2003), a gestão dos resíduos deve contemplar a capacidade de articular ações
normativas, operacionais e financeiras de um município, desenvolvida através de critérios
sanitários, ambientais e econômicos para gerenciar desde a geração destes resíduos sólidos até
a disposição final, devendo esta escolher os procedimentos que causem o menor nível de
impacto ambiental.

Conforme apresentado, no município de Entre Rios de Minas o tema da gestão de resíduos


sólidos é abordado em lei, por meio dos instrumentos legais do município, implementando a
30

política local do meio ambiente e assim a gestão e o gerenciamento do resíduos gerados no


município.

O gerenciamento de resíduos sólidos constitui um conjunto de procedimentos que vão


desde a geração dos resíduos até a sua disposição final. Assim, a próxima seção tratará mais
profundamente sobre o assunto.

3.3 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

De acordo com Espinosa e Tenório (2004) apud Melo (2012), produção de resíduos é
uma característica inerente a todo ser vivo, já que não existe vida ou processo produtivo que
não gere resíduos. Embora não seja o único agente de desequilíbrio no ambiente, a capacidade
do homem de transformar em larga escala os materiais e tornar estáveis substâncias e produtos
faz com que estes sejam inseridos no ambiente em formas que não são reconhecidas e não são
absorvidas pelo meio, nem mesmo a longo prazo.

De acordo com Barbosa (2004), a descarga dos resíduos sólidos nas cidades de todo o
mundo sempre representou sério problema à saúde pública e ao meio ambiente. Depósitos em
áreas urbanas durante séculos, tratados sem os devidos cuidados, sempre estiveram associados
à propagação de doenças, seja diretamente via pessoas e animais coexistindo nestes locais, seja
por meio da contaminação dos mananciais de água, dos solos e dos alimentos.

No Brasil, lamentavelmente, uma forma de disposição de resíduos bastante utilizada são


os lixões. Os lixões são locais para simples disposição de resíduos sólidos urbanos, nos quais
estes são simplesmente descarregados sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio ambiente
ou à saúde pública. (LOGAREZZI, 2006).

Assim, para Reichert (1999), o correto manejo dos resíduos sólidos é certamente um dos
principais desafios dos centros urbanos neste início de milênio. Soluções isoladas e estanques
que não contemplam a questão dos resíduos desde o momento de sua geração até a destinação
final, passando pelo seu tratamento, mesmo sendo boas a princípio, não conseguem resolver o
problema como um todo.

Nesse contexto, segundo Barbosa (2004), o Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos


assume papel relevante, em virtude da relação existente entre a disposição de resíduos sólidos
urbanos com a saúde pública e a degradação ambiental. Dessa relação, surge a necessidade da
31

adoção de um sistema de gerenciamento que possa apresentar procedimentos capazes de


minimizar os impactos negativos da geração dos resíduos e possa também fazer desses resíduos
uma alternativa econômica de geração de renda.

Gerenciamento Integrado é a tomada de decisões voltada aos resíduos sólidos, de forma


a considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, considerando a
ampla participação da sociedade, tendo como premissa o desenvolvimento sustentável
(CORDEIRO, 2001 apud ANDRADE, 2010).

Segundo Andrade (2010), um sistema de gerenciamento de resíduos sólidos urbanos é


composto de fases que envolvem desde a sua geração até a disposição final, entendendo-se por
sistema um conjunto de partes que, interligadas, visam a atingir determinados objetivos, de
acordo com um planejamento elaborado com fundamentação teórico-metodológica.

De acordo com Almeida (2009), o gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos


deve ser entendido como:

O conjunto articulado de ações normativas, operacionais, financeiras e de


planejamento que um órgão público ou privado desenvolve, baseado em critérios
sanitários, ambientais e econômicos, para coletar, segregar, tratar e dispor os resíduos
(ALMEIDA, 2009).

De acordo com a Lei 12.305 de 2010, o gerenciamento de resíduos sólidos é definido


como (BRASIL, 2010):

Conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte,


transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos
sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos (BRASIL, 2010).

Assim, “o gerenciamento de resíduos sólidos inclui todas as funções ligadas aos setores
administrativos, legais, financeiros, de planejamento de engenharia envolvidas nas soluções dos
problemas relacionados aos resíduos sólidos” (ANDRADE, 2006).

De acordo com Barbosa (2004), para a seleção e o dimensionamento de um Sistema de


Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos faz-se necessário analisar aspectos relacionados
à geração e à composição dos resíduos. Além disso outros aspectos também são analisados, tais
como: tecnológicos, operacionais e de desempenho; econômico/financeiros; institucional;
instrumentos legais e mecanismos de sustentabilidade.
32

O Sistema de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos pode ser operado pelo setor
público ou privado ou pelos dois, com divisão de serviços. Mesmo encarada como uma
atividade típica do setor público, a coleta, o transporte e a reciclagem do lixo podem apresentar
um retorno atraente para o setor privado, desde que a região seja plana e apresente grande
densidade populacional para gerar escala na coleta e reduzir o custo de transporte
(CONTADOR, 2000).

De acordo com Castilhos Junior et al. (2003), o sistema de gerenciamento de resíduos


sólidos urbanos pode ser composto por atividades relacionadas às etapas de geração,
acondicionamento, coleta e transporte, reaproveitamento, tratamento e destinação final. Em
relação à geração, a alteração no padrão de consumo da sociedade que promova a não geração
e incentive o consumo de produtos mais apropriados ambientalmente contribui para melhoria
da condição de vida da comunidade. Além disto, a segregação dos resíduos com base em suas
características poderá possibilitar a valorização dos mesmos proporcionando maior eficiência
das etapas subsequentes de gerenciamento por evitar a contaminação de materiais
reaproveitáveis em decorrência da mistura de resíduos.

Para os autores, a coleta seletiva é uma etapa importante no gerenciamento dos resíduos
sólidos, uma vez que a segregação maximiza as possibilidades da reciclagem e o
reaproveitamento dos resíduos, minimizando a quantidade de material descartado.

Um sistema de gerenciamento de resíduos sólidos urbanos prevê fases que envolvem


desde a sua geração até a disposição final. Essas etapas são: acondicionamento, coleta,
transporte, transbordo, tratamento e disposição final. Na próxima seção, essas etapas serão
descritas.

3.4 OPERAÇÕES QUE COMPÕEM O SISTEMA DE GERENCIAMENTO DOS


RESÍDUOS SÓLIDOS

3.4.1 Acondicionamento

De acordo com Cunha e Caixeta Filho (2002), a primeira etapa do processo de remoção
dos resíduos sólidos corresponde à atividade de acondicionamento do resíduo. Podem ser
utilizados diversos tipos de vasilhames, como: vasilhas domiciliares, tambores, sacos plásticos,
sacos de papel, contêineres comuns, contêineres basculantes, entre outros.
33

No Brasil, percebe-se grande utilização de sacos plásticos. O resíduo mal acondicionado


significa poluição ambiental e risco à segurança da população, pois pode levar ao aparecimento
de doenças. O resíduo bem acondicionado facilita o processo de coleta.

Castilhos Junior et al. (2003) salientam que o acondicionamento dos resíduos sólidos
deve ser compatível com suas características quali-quantitativas, o que facilita a identificação
e possibilita o manuseio seguro dos resíduos, durante as etapas de coleta, transporte e
armazenamento.

3.4.2 Coleta e transporte

A operação de coleta engloba desde a partida do veículo de sua garagem, compreendendo


todo o percurso gasto na viagem para remoção dos resíduos dos locais onde foram
acondicionados aos locais de descarga, até o retorno ao ponto de partida (CUNHA e CAIXETA
FILHO, 2002).

Ainda segundo Cunha e Caixeta Filho (2002), a coleta normalmente pode ser classificada
em dois tipos de sistemas: sistema especial de coleta (resíduos contaminados) e sistema de
coleta de resíduos não contaminados. Nesse último, a coleta pode ser realizada de maneira
convencional (resíduos são encaminhados para o destino final) ou seletiva (resíduos recicláveis
que são encaminhados para locais de tratamento e/ou recuperação).

A coleta e o transporte consistem nas operações de remoção e transferência dos resíduos


sólidos urbanos para um local de armazenamento, processamento ou destinação final. Essa
atividade pode ser realizada de forma seletiva ou por coleta dos resíduos misturados
(BARBOSA, 2004).

Segundo Grimberg e Blauth (1998), na coleta misturada, o lixo é coletado misturado nas
fontes geradoras; seu destino poderá ser uma unidade de tratamento e/ou disposição final; e a
coleta seletiva, que é o recolhimento diferenciado de materiais recicláveis já separados nas
fontes geradoras e coletado por um veículo específico).

Cunha e Caixeta Filho (2002) ressaltam que os tipos de veículos coletores são os mais
diversos. Uma primeira grande classificação seria dividi-los em motorizados e não-motorizados
(os que utilizam a tração animal como força motriz). Os motorizados podem ser divididos em
compactadores, que, podem reduzir a 1/3 o volume inicial dos resíduos, e comuns (tratores,
34

coletor de caçamba aberta e coletor com carrocerias tipo prefeitura ou baú). Há também os
caminhões multicaçamba utilizados na coleta seletiva de recicláveis, em que os materiais
coletados são alocados separadamente dentro da carroceria do caminhão.

3.4.3 Transbordo

Segundo Mansur e Monteiro (2001), as estações de transferência ou transbordo são locais


onde os caminhões coletores descarregam sua carga em veículos com carrocerias de maior
capacidade para que, posteriormente, sejam enviadas até o destino final. O objetivo dessas
estações é reduzir o tempo gasto no transporte e, consequentemente, os custos com o
deslocamento do caminhão coletor desde o ponto final do roteiro até o local de disposição final
do lixo.

3.4.4 Tratamento

3.4.4.1 Reciclagem

De acordo com Cunha e Caixeta Filho (2002), a reciclagem é um processo pelo qual
materiais que se tornariam lixo são desviados para ser utilizados como matéria prima na
manufatura de bens normalmente elaborados com matéria-prima virgem. Dentre alguns
benefícios da reciclagem pode-se citar a preservação dos recursos naturais, a redução da
poluição do ar e das águas, a diminuição da quantidade de resíduos a ser aterrada e a geração
de emprego com a criação de usinas de reciclagem.

Para Andrade (2006), a reciclagem é a revalorização dos descartes domésticos e


industriais, mediante uma série de operações e processos de transformações físico-químicas,
permitindo que os materiais sejam reaproveitados como matéria-prima para outros produtos. É
uma atividade moderna que alia consciência ecológica ao desenvolvimento econômico e
tecnológico. A reciclagem reduz a quantidade de materiais virgens necessários à fabricação de
um novo produto.

Segundo Pereira Neto et al. (2000), a reciclagem já é utilizada no Brasil e em várias partes
do mundo pelas indústrias de transformação, onde um programa bem conduzido tende a
desenvolver na população uma nova mentalidade sobre as questões que envolvem a economia
e a preservação ambiental, o cidadão acondicionando corretamente os resíduos de sua
residência passa a se colocar como peça integrante de todo um sistema de preservação do meio
35

ambiente bem maior e mais completo que eu mero espectador de todas as campanhas
comumente veiculadas em favor da preservação da sua própria espécie.

Além disso, Segundo D’Almeida e Vilhena (2000) apud Andrade (2010), para cada
tonelada de papel reciclado são poupadas aproximadamente 20 árvores que além da preservação
das florestas proporcionam uma economia de energia em torno de 70%, com o plástico chega-
se a 50%. Portanto, além do retorno em termos ecológicos temos também economia de energia
e água na produção; também existem vários materiais recicláveis que geram atividade artesanal,
possibilitando que inúmeras pessoas tenham o sustento por meio da confecção e comércio
desses adornos, brinquedos, acessórios feitos, por exemplo, com plásticos de garrafas.

Por outro lado, segundo Cunha e Caixeta Filho (2002), a reciclagem de resíduos sólidos
enfrenta obstáculos como diminuição da qualidade técnica do material, contaminação dos
resíduos e custo comparativamente menor de utilizar matéria-prima virgem na fabricação de
determinados produtos.

De acordo com Andrade (2010), o processo da reciclagem envolve diversas operações de


transformação do produto, que incluem desde a produção e a geração dos resíduos, passando
pela coleta, triagem e classificação, beneficiamento, transporte e a reciclagem propriamente
dita até o produto voltar ao mercado consumidor, conforme apresentado na Figura 3.1 a seguir.

Figura 3.1 – Representação esquemática da cadeia da reciclagem.


36

Fonte: Adaptado ANDRADE, 2010.

3.4.4.2 Compostagem

A compostagem, de acordo com Bidone e Pivonelli (1999) apud Barbosa (2004), é um


processo biológico, aeróbio e controlado, de transformação de resíduos orgânicos
biodegradáveis em resíduos estabilizados, com propriedades e características diferentes da
matéria que lhe deu origem. É normalmente realizada em pátios, nos quais o material é disposto
em pilhas (montes de forma cônica) ou leiras (montes de forma prismática). A matéria orgânica
estabilizada tem propriedades condicionadoras de solo, sendo, portanto de grande
aplicabilidade na agricultura.

Segundo Schalch et al. (2002), a compostagem é definida como sendo um processo de


transformação de resíduos orgânicos em adubo humificado. Dois estágios podem ser
identificados nessa transformação: o primeiro é denominado digestão, e corresponde à fase
inicial da fermentação, na qual o material alcança o estado de bioestabilização e a decomposição
ainda não se completou. Porém, quando bem caracterizada, a digestão permite que se use o
composto como adubo, sem o risco de causar danos às plantas. O segundo estágio, mais longo,
é o da maturação, no qual a massa em fermentação atinge a humificação, estado em que o
composto apresenta melhores condições como adubo do solo e fertilizante.

O produto final da compostagem, denominado composto, é definido como sendo um


adubo preparado com restos de animais e/ou vegetais. Esses resíduos, em estado natural, não
têm nenhum valor agrícola; no entanto, após passarem pelo processo de compostagem, podem
transformar-se em excelente adubo orgânico (SCHALCH et al., 2002).

A compostagem também pode ser entendida como a reciclagem da Matéria Orgânica


Putrescível - MOP, uma vez que esta é transformada em composto orgânico (PEREIRA NETO
e LELIS, 1999).

De acordo com Pereira Neto et al. (2000), a compostagem tem como função eliminar
metade do problema dos resíduos sólidos urbanos, dando um destino útil aos resíduos
orgânicos, evitando sua acumulação em aterro e melhorando a estrutura do solo, devolvendo à
terra os nutrientes de que necessita, aumentando a sua capacidade de retenção de água,
permitindo o controle da erosão e evitando o uso de fertilizantes sintéticos. Esse processo
37

permite tratar os resíduos orgânicos domésticos (restos de comida e resíduos de jardim) bem
como os resíduos provenientes da limpeza de jardins e parques públicos.

3.4.4.3 Incineração

Segundo Balbinot (2014), a incineração consiste no tratamento térmico de resíduos, no


qual a recuperação da energia térmica é obtida com a combustão, que pode ou não ser realizada
na forma de energia elétrica.

A incineração consiste na oxidação dos materiais a altas temperaturas, sob condições


controladas convertendo materiais combustíveis em resíduos não combustíveis (escórias e
cinzas) com emissão de gases (SCHNEIDER et al., 2004).

Cunha e Caixeta Filho (2002), citam como vantagens do método de incineração a redução
significativa do volume dos dejetos municipais, a diminuição do potencial tóxico dos dejetos e
a possibilidade de utilização da energia liberada com a queima.

3.4.5 Disposição final

De acordo com Maeda (2013), são conhecidas quatro formas de disposição final de
resíduos domiciliares: Lixão, aterro controlado, aterro em valas e aterro sanitário.

Barbosa (2004) ressalta que as formas de disposição final de resíduos sólidos domésticos
mais difundidas e utilizadas no Brasil são: aterros ou lixões.

Mousinho (2003) define o depósito de resíduos sólidos a céu aberto ou lixão como sendo
uma forma de disposição final, em que o lixo é descarregado sobre o solo, sem qualquer técnica
ou medida de controle, acarretando impactos negativos no ambiente e na saúde humana. São
considerados impactos negativos causados por esse tipo de disposição: poluição visual,
proliferação de vetores causadores de doenças, geração de odores desagradáveis e a
contaminação do solo e das águas pelo chorume.

Cunha e Caixeta Filho (2002), ressaltam que os lixões constituem uma forma inadequada
de descarte final dos resíduos sólidos urbanos. Problemas e inconvenientes, como depreciação
da paisagem, presença de vetores de doenças, formação de gás metano e degradação social de
pessoas, são fatores comuns a todos os lixões.
38

Segundo Barbosa (2004), como forma intermediária entre o lixão á céu aberto e o aterro
sanitário, têm-se o aterro controlado.

De acordo com Boscov (2008), os aterros controlados são locais onde os resíduos são
cobertos com solo e eventualmente compactados, no entanto, sem impermeabilização,
drenagem e tratamento de gases e lixiviado como no aterro sanitário.

Já o aterro em valas, segundo Maeda (2013), consiste no preenchimento de valas


escavadas com dimensões apropriadas onde os resíduos são depositados sem compactação e
sua cobertura com solo é realizada manualmente.

O aterro Sanitário é definido pela NBR 8.419 de 1992 como:


Técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos à saúde
pública e à sua segurança, minimizando os impactos ambientais, método este que
utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos à menor área
possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de
terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou intervalos menores se for necessário
(ABNT, 1992).
Segundo CETESB (1997), o aterro sanitário é uma forma de tratamento e disposição final
dos resíduos sólidos urbanos sobre o solo, visando à proteção das águas subterrâneas e à
proteção da saúde pública por meio dos seguintes critérios de engenharia: isolamento hidráulico
para redução e confinamento do chorume, recobrimento diário do material aterrado e da
drenagem, coleta e queima ou aproveitamento dos gases gerados.

Para municípios de pequeno porte, a disponibilidade de equipamentos para a operação de


um aterro sanitário é um fator limitante, uma vez que tratores de esteiras têm custos de aquisição
e manutenção elevados. Além do que o menor trator disponível no mercado nacional tem
capacidade para 150 t/dia, que resultaria em longos períodos de ociosidade para municípios
com geração de lixo muito inferior a esse limite. O equipamento seria, então, disponibilizado
para atender a outras demandas da localidade, ficando o aterro relegado a segundo plano, o que
ocasionaria sua transformação em lixão a céu aberto (CETESB, 1997).

Assim, segundo Andrade (2010), as experiências brasileiras em municípios de pequeno


porte têm mostrado algumas questões que precisam ser trabalhadas em forma de uma política
pública, para que os munícipios possam ser beneficiados com ações positivas e concretas dentre
elas, pode-se citar: a deficiência de capacitação técnica e profissional e equipes técnicas muito
reduzidas; dificuldades em sustentar projetos após as obras físicas em função de não estarem
estruturados tecnicamente; limitação financeira devido a orçamentos inadequados, fluxo de
caixa desequilibrado, tarifas desatualizadas e arrecadação insuficiente; pressão de empresas do
39

setor que tentam vender equipamentos, tecnologias e consultorias incompatíveis com a


realidade local; desconhecimento da legislação vigente; desconhecimento das possíveis linhas
de financiamento para o setor de saneamento; e por fim, descontinuidade política e
administrativa.

Em virtude disso, o estado de Minas Gerais através da SEMAD criou o programa “Minas
Sem Lixões” que, segundo Andrade (2010), tem demonstrado um efeito mobilizador no Estado,
obrigando as prefeituras dos municípios mineiros a se posicionarem sobre a problemática do
gerenciamento de seus resíduos sólidos urbanos. Assim, uma das alternativas indicadas para
resolver essa problemática em municípios de pequeno porte foram as implantações de UTCs,
cujos aspectos serão discutidos de forma mais aprofundada no próximo item.
40

3.5 USINAS DE TRIAGEM E COMPOSTAGEM

Segundo Vimieiro (2012), na década de 1990, iniciou-se um processo de popularização e


instalação de unidades simplificadas de triagem e compostagem, para onde os resíduos sólidos
urbanos eram encaminhados para segregação dos materiais inertes (recicláveis e rejeitos) e
compostagem dos orgânicos.

Para Schalch et al. (2002), as usinas de triagem e compostagem têm ampliado o seu
espaço no mercado, graças a fontes de financiamento em bancos de desenvolvimento e devido
ao desenvolvimento tecnológico, embora ainda seja questionada a qualidade do composto
orgânico e o preço pago pelos produtos reciclados nessas instalações.

Vimieiro (2012) observa que estas usinas vêm sendo utilizadas, principalmente em
municípios de pequeno porte, por constituírem um sistema simplificado e que pode
proporcionar o tratamento de toda a massa de resíduos coletada. As Usinas de Triagem e
Compostagem simplificadas são geralmente constituídas das unidades de recepção, mesa ou
esteira de triagem, pátio de compostagem, baias ou galpão para depósito de materiais
recicláveis, instalação de apoio e vala de rejeitos/aterro.

Segundo Oliveira et al. (2003), normalmente as usinas implantadas em áreas apropriadas


e licenciadas pela FEAM compõem-se de um conjunto de estruturas físicas edificadas como
galpão de recepção de lixo, pátio de compostagem, galpão para armazenamentos dos
recicláveis, unidades de apoio (escritório, almoxarifado, instalações sanitárias/vestiários,
copa/cozinha, etc). Outras unidades também fazem parte da usina, como valas de aterramento
de rejeitos e de resíduos de saúde, unidades para tratamento de efluentes gerados, tanto na
operação como na higienização, que podem ser nas modalidades de fossa/filtro/sumidouro ou
lagoa de tratamento. Todas essas estruturas são implantadas em área cercada, identificada, com
paisagismo nas proximidades das estruturas identificadas, além de cerca viva no entorno da
cerca-divisa.

As instalações de uma usina de triagem e compostagem pode ser agrupadas em 06


setores conforme descrição apresentada por Junkes (2002):

a) 1º Setor - Recepção e expedição: Compreende as instalações e equipamentos de controle


de fluxos de entrada (resíduos, insumos, etc.) e saída (composto, recicláveis, rejeitos);
b) 2º Setor – Triagem: onde se faz a separação das diversas frações do resíduo;
41

c) 3º Setor – Pátio de Compostagem: é a área onde a fração orgânica do lixo sofre


decomposição microbiológica transformando-se em composto;
d) 4º Setor – Beneficiamento e armazenagem do composto: Consiste em peneirá-lo
retirando-se materiais indesejáveis, dando-lhe menor granulometria e tornando-o
manuseável para o agricultor;
e) 5º Setor – Aterro de rejeitos: Os materiais volumosos e os rejeitos da seleção do lixo e
do beneficiamento do composto devem ser encaminhados a um aterro de rejeitos. Esse
aterro deve ser compatível com as características do rejeito e ter sua localização
aprovada por órgãos responsáveis pelo meio ambiente;
f) 6º Setor – Sistema de tratamento de efluentes: recebe e trata as águas como resíduos da
lavagem dos equipamentos da usina, da lavagem de veículos e líquidos provenientes do
pátio de compostagem e do aterro de rejeitos quando este estiver localizado na mesma
área. Os efluentes das usinas de compostagem têm características similares ao chorume
originado em aterros sanitários, porém mais diluídos.

Segundo D’Almeida e Vilhena (2000) apud Andrade (2010), há uma série de fatores que
devem ser considerados para instalação de uma usina de triagem e compostagem, assim,
algumas recomendações no âmbito industrial, em função da quantidade de lixo gerado e
coletado devem ser seguidas:

a) Usinas para processamento de até 25 t/dia: é bem simples e pequena. Descarrega-se o


lixo diretamente numa moega2, que alimenta a esteira de triagem de onde retiram os
recicláveis. Deve haver um dispositivo magnético no final da esteira para remover
metais. Os resíduos não separados ricos em material orgânico, vão para o pátio de
compostagem, onde deverá permanecer por cerca de 90 dias em leiras revolvidas
periodicamente; denominado compostagem artesanal. Essas usinas estão
esquematizadas na Figura 3.2.

2
Peça por onde escorrem os resíduos para mesa de triagem.
42

Figura 3.2 – Esquema de uma unidade de triagem e compostagem 25t/dia.

Fonte: IPT (1993) apud Andrade (2010).

b) Unidade para processamento com cerca de 50 t/dia: É uma unidade um pouco maior que
a anterior. Neste caso, a recepção consta de um fosso que serve como pulmão que
alimenta, por meio de pólipo com braço articulado ou outro tipo de transportador, uma
moega, que por sua vez alimenta a esteira de triagem; denominado processo de
compostagem com reviramento mecânico. Essas usinas estão esquematizadas na Figura
3.3.
43

Figura 3.3 - Esquema de uma unidade de triagem e compostagem com cerca de 50t/dia

Fonte: IPT (1993) apud Andrade (2010).

c) Unidade para processamento de mais de 100 t/dia: Os equipamentos são os mesmos do


caso anterior, mas a linha de triagem é duplicada. Com isso, evita-se a necessidade de
esteiras excessivamente compridas e tem-se a vantagem da não paralização total no caso
de problemas em uma das linhas. São as pilhas estáticas com aeração forçada. Essas
usinas estão esquematizadas na Figura 3.4.
44

Figura 3.4 – Esquema de unidade de triagem e compostagem de mais de


100t/dia.

Fonte: IPT (1993) apud Andrade (2010).Z


d) Unidades para processamento acelerado: O processo difere da compostagem natural
pela presença de um digestor ou reator, também denominado bioestabilizador.
Equipamentos com características e metodologia especiais são encontrados na unidade
de compostagem acelerada. O digestor é um equipamento fundamental, onde o resíduo
avança no sentido contrário da corrente de ar, e tem as seguintes funções: por meio das
rotações e dos tombamentos do resíduo em seu interior, mistura mecanicamente e
continuamente os componentes mais leves com mais pesados, mais secos com mais
úmidos, tritura ou esfacela os componentes frágeis. Caracterizadas no processo de
compostagem como recintos fechados como ilustra a Figura 3.5.
45

Figura 3.5 - Esquema de uma unidade de compostagem acelerada.

Fonte: IPT (1993) apud Andrade (2010).

De acordo com Bley Jr. (2009), a grande justificativa de construir essas unidades reside
nas vantagens diretas de saneamento com redução de volumes a aterrar, tornando-se uma opção
essencial dos administradores públicos que através da adoção do processamento dos resíduos
sólidos em unidade de triagem e compostagem encontram uma saída segura e de longo prazo
para a problemática do gerenciamento desses. Outra vantagem é o acesso aos materiais na forma
de sucatas que depois de classificadas e descontaminadas das impurezas seguem para a
reciclagem, abrindo novo ciclo econômico para as matérias-primas que seriam aterradas e,
principalmente, a redução de impactos ambientais, visto que a geração de líquidos percolados,
de gases e a proliferação de animais vetores, igualmente degradam as condições ambientais dos
locais de disposição final e em volta desses locais.

Segundo Vimieiro (2012), não há normas técnicas elaboradas pela Associação Brasileira
de Normas Técnicas – ABNT que orientem o projeto e a execução das usinas de triagem e
compostagem, sendo utilizadas como referências a NBR 8419/1992 – Apresentação de Projetos
de Aterros Sanitários de Resíduos Sólidos Urbanos, a NBR 13896/1997 – Aterros de Resíduos
Não Perigosos – Critérios para Projeto, Implantação e Operação, e a experiência prática
adquirida pelos profissionais ao longo do tempo.
46

3.5.2 Parâmetros de projeto

De acordo com Vimieiro (2012), percebe-se que recomendações de valores para


parâmetros a serem adotados no projeto das UTC são encontrados raramente e de maneira
esparsa na literatura sobre o tema. Essa lacuna é confirmada pela ausência de normas técnicas
da Associação Brasileiro de Normas Técnicas - ABNT que versem sobre projeto ou operação
dessas unidades.

O Laboratório de Engenharia Sanitária – LESA da Universidade Federal de Viçosa


projetou modelos de Unidades de Reciclagem e Compostagem – URC com base no sistema
simplificado, definidos como sendo de fácil aplicabilidade, adequada flexibilidade operacional
e baixo custo, que se encontram implantados em alguns municípios mineiros (BARBOSA,
2004). A tabela 3.4 apresenta os modelos definidos e para os municípios.

Tabela 3.4 - Principais características de cada modelo de URC:


Modelo de URC Alcance Capacidade Atendimento Flexibilidade
Operacional
médio Pop. Futura

LESA URC – A1 18 anos 3,5t/dia 7.000 hab 1,0t


LESA URC – A2 18 anos 6,5t/dia 13.000 hab. 1,5t
LESA URC – A3 18 anos 10,0t/dia 20.000 hab. 2,0t
LESA URC – B1 18 anos 15,0t/dia 30.000 hab. 2,5t
Fonte: FREIRE, 2003.

a) LESA URC A1: Apresenta um alcance médio de 18 anos de operação, sendo


dimensionado para o processamento de, no máximo, 3,5 toneladas de lixo por dia,
correspondendo a uma população futura (horizonte de projeto) de até 7.000 habitantes,
com flexibilidade operacional de 1 tonelada;
b) LESA URC A2 - Apresenta um alcance médio de 18 anos de operação, sendo
dimensionado para o processamento de, no máximo, 6,5 toneladas de lixo por dia,
correspondendo a uma população futura (horizonte de projeto) de 8.000 até 13.000
habitantes, com flexibilidade operacional de 1,5 toneladas;
c) LESA URC A3 – Apresenta um alcance médio de 18 anos de operação, sendo
dimensionado para o processamento de, no máximo, 10,0 toneladas de lixo por dia,
47

correspondendo a uma população futura (horizonte de projeto) de 14.000 até 20.000


habitantes, com flexibilidade operacional de 1,5 toneladas; e
d) LESA URC B1 – Apresenta um alcance médio de 18 anos de operação, sendo
dimensionado para o processamento de, no máximo, 15,0 toneladas de lixo por dia,
correspondendo a uma população futura (horizonte de projeto) de 21.000 até 30.000
habitantes, com flexibilidade operacional de 2,0 toneladas.

Compõem os projetos básicos da UTCs as seguintes instalações: módulo administrativo


(escritório, almoxarifado e banheiros), galpão de recepção e triagem, galpão para prensagem e
enfardamento dos recicláveis, pátio de compostagem, galpão para estocagem do composto
maturado, aterro de rejeitos para as sobras da triagem, galpão para armazenamento de papel e
papelão, baias para fardos de papéis, metais e plásticos. Outros serviços e projetos
complementares, tais como sondagem do terreno; locação da obra; projeto estrutural e das
instalações elétricas; projeto das instalações hidro-sanitárias e paisagismo deveriam ser
providenciados pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais - COPASA (UFV- Projeto
Básico ,1997 apud BARBOSA, 2004).

Segundo Freire (2003), os módulos básicos das URC são compostos por prédio de
recepção e triagem (inclusive depósito, banheiros, escritório e cozinha), depósitos e baias para
armazenamento dos materiais recicláveis, pátio de compostagem e aterro de rejeitos. Os
equipamentos eletromecânicos geralmente incluídos são esteira rolante para triagem, prensa
para enfardamento e peneira rolante para o composto.

Para Abreu et al. (2008), apenas em municípios de maior porte justifica-se o uso de
esteiras para a triagem, pois essa requer um custo de implantação adicional e também apresenta
significativo custo de manutenção. Além disso, uma pane no equipamento pode interromper o
processo de triagem, levando a uma indesejável descontinuidade de operação.

Alguns dos parâmetros de projeto indicados por Abreu et al. (2008) são apresentados nas
Tabelas 3.5 e 3.6.
48

Tabela 3.5 - Parâmetros de projeto para mesa de galpões de triagem de materiais


recicláveis.
Parâmetro Valor
Altura e largura da mesa de triagem Ergonomicamente compatível para o
espalhamento e seleção dos materiais.
Declividade transversal da mesa de triagem 1,5%
Comprimento da mesa de triagem 3,5 a 6,0m
Capacidade de processamento de resíduos 5,0 t/dia
por mesa de triagem
Fonte: Abreu et al. (2008).

As UTCs também demandam galpões de triagem de materiais. A referência para o


dimensionamento desses galpões pode ser vista na Tabela 6.

Tabela 3.6 - Referência para dimensionamento de galpões de triagem de materiais


recicláveis.
Faixa populacional (hab.) Área do galpão (m²) Estimativa do número de
catadores
Até 3.000 72 3a6
3.001 a 7.000 144 7 a 12
7.001 a 15.000 216 13 a 18
15.001 a 30.000 288 19 a 24
30.001 a 50.000 432 25 a 36
50.001 a 100.000 576 37 a 48
> 100.001 720 49 a 60*
*Para municípios com mais de 60 catadores, recomenda-se a implantação de mais de um galpão, em função da
necessidade, de forma a evitar que haja galpões com área superior a 720 m².
Fonte: Abreu et al. (2008).

Para a operação dos aterros de rejeitos, consta no projeto básico que devem ser executadas
valas de 3,0 metros de largura por 2,0 metros de profundidade, com fundo impermeabilizado.
O material deve ser aterrado em camadas subsequentes, procedendo-se à compactação da
produção diária de rejeitos. Os resíduos de saúde e construção civil podem ser dispostos
provisoriamente no aterro de rejeitos, em valas separadas e identificadas até que sejam adotadas
49

soluções específicas e definitivas para os mesmos. (UFV- Projeto Básico ,1997 apud
BARBOSA, 2004).

A Deliberação Normativa COPAM nº 118 de 2008, estabelece em seu Artigo 3 que para
a escolha da localização da área, implantação e operação de depósito de lixo, são exigidos os
seguintes requisitos mínimos: a localização em área não sujeita a eventos de inundação, situada
a uma distância mínima de 300 metros de cursos d’água ou qualquer coleção hídrica e em área
situada a uma distância mínima de 500 metros de núcleos populacionais (MINAS GERAIS,
2008).

Todos esses parâmetros são considerados por seus idealizadores como essenciais para
garantir a viabilidade dos projetos e a sustentabilidade operacional e financeira das Unidades
de Triagem e Compostagem.

Além disso, para garantir o bom funcionamento de uma UTC é necessário uma boa
operacionalização da mesma, diante disto, este tema será tratado na próxima seção.

3.5.2 Trabalho e operação

De acordo com Vimieiro (2012), se for comparada à realidade dos lixões, o trabalho nas
UTC seria realizado em condições aparentemente mais seguras e higiênicas, com a utilização
de equipamentos de segurança que protegeriam, especialmente os funcionários que
permanecem junto à mesa ou esteira de triagem, do contato direto com os resíduos. No entanto,
como geralmente não há separação prévia nos locais de geração dos resíduos recebidos pelas
usinas, ocorrendo a contaminação desses por matéria orgânica, o trabalho torna-se mais
desagradável e o valor dos materiais recicláveis mais baixo para a venda.

Para Gonçalves (2006), “não há nenhuma usina brasileira que seja, sequer,
autosustentável” e, na tentativa de reverter essa situação de déficit, opta-se por buscar um
aumento da produção dos trabalhadores na triagem, exigindo uma seleção mais rigorosa dos
materiais com um número menor de trabalhadores. Entretanto, as condições em que essa
atividade é realizada, “rasgando sacos de lixo para depois apanhar o que interessa no meio de
todo tipo de dejeto que se possa imaginar”, muitas vezes não permite que esse objetivo seja
alcançado.
50

De acordo com as orientações básicas para a operação de Usina de Triagem e


Compostagem de lixo da FEAM (2006), para a rotina de operação da usina deve-se:

a) Alternar os dias para o recebimento dos resíduos procedentes da coleta seletiva: um


dia para resíduos secos e outro para úmidos e não deixá-los de um dia para o outro
sem o manejo;
b) Fazer o uso rigoroso de equipamentos de proteção individual - EPIs. Os funcionários
devem usar respirador individual, luvas, botas, aventais e trocar os uniformes a cada
2 dias, ou antes, se necessário;
c) Receber o material da coleta seletiva na recepção da usina para uma pré-triagem,
que é a retirada dos volumes considerados de médio ou grande porte como móveis,
papelões, sucatas, plásticos, vidros, etc.;
d) Encaminhar logo após a pré-triagem, os resíduos secos da coleta seletiva para as
bacias específicas, e os resíduos molhados para a triagem, que é a separação manual
dos diversos componentes do lixo, que são divididos em grupos, de acordo com sua
natureza: matéria orgânica, materiais recicláveis, rejeitos e resíduos sólidos
específicos; e
e) Pesar e anotar após a separação dos resíduos, os secos e os úmidos, para
monitoramento;

Além disso, também segundo a FEAM (2006), os procedimentos diários de recepção dos
resíduos devem ser:

a) Fazer uso rigoroso de EPIs. Os funcionários devem utilizar respirador individual,


luvas, botas e aventais, e trocar os uniformes a cada dois dias ou antes, se necessário;
b) Receber nesta área exclusivamente o lixo doméstico e comercial;
c) Retirar os materiais volumosos e promover o seu acondicionamento adequado;
d) Cobrir com lona o lixo que eventualmente não tenha sido processado no dia da
coleta;
e) Impedir a entrada de animais domésticos no local;
f) Varrer a área após o encerramento das atividades; e
g) Lavar com detergente e desinfetante a área de recepção, o fosso de alimentação da
mesa de triagem.
51

Os procedimentos diários de triagem devem ser (FEAM, 2006):

a) Promover rigorosa separação dos componentes do lixo;


b) Evitar que os componentes separados caiam no chão;
c) Distribuir corretamente o material triado;
d) Impedir a entrada de animais domésticos no local;
e) Varrer o local após o encerramento das atividades;
f) Lavar com detergente e desinfetante a área de triagem e os tambores utilizados no
transporte da matéria orgânica e dos rejeitos;
g) Pesar os tambores cheios antes de encaminhar o seu conteúdo para o destino final.

Os procedimentos diários de Compostagem devem ser (FEAM, 2006):

a) Fazer uso rigoroso de EPIs. Os funcionários devem utilizar respirador individual,


luvas, botas e aventais, e trocar os uniformes a cada dois dias, ou antes, se
necessário;
b) Verificar a umidade das leiras. Havendo excesso de umidade, adicionar palha ou
materiais fibrosos, cobri-las com uma camada fina de composto maturado e, em
período chuvoso, com lona. Se o material estiver muito seco, adicionar água;
c) Identificar as leiras, até os 120 dias de compostagem, com placas numeradas;
d) Ler e anotar a temperatura diária das leiras durante a fase de degradação ativa, 90
dias, e durante a fase de maturação, 30 dias, até completar o ciclo de 120 dias de
compostagem;
e) Promover a aeração a cada reviramento, na frequência de 3 em 3 dias. Se o material
estiver muito compactado, adicionar material fibroso, aumentando os vazios;
f) Retirar durante os reviramentos os inertes presentes nas leiras;
g) Atentar para a presença dos nutrientes essenciais ao processo. Quanto mais
diversificados forem os resíduos orgânicos que compõem a leira de compostagem,
mais diversificados serão os nutrientes e, consequentemente, a população
microbiológica, resultando em uma melhor eficiência na compostagem;
h) Garantir o tamanho de até 5cm das partículas a compostar;
i) Eliminar as moscas, cobrindo as leiras novas com uma camada de composto
maturado e dedetizando as canaletas; e
j) Impedir o armazenamento de resíduos e sucatas.
52

Os procedimentos diários das bacias de recicláveis devem ser (FEAM, 2006):

a) Fazer uso rigoroso de EPIs. Os funcionários devem utilizar respirador individual,


luvas, botas e aventais, e trocar os uniformes a cada dois dias ou antes, se necessário;
e
b) Organizar e empilhar os fardos por tipo de material.

Os procedimentos diários de vala de aterramento de rejeitos devem ser (FEAM, 2006):

a) Fazer uso rigoroso de EPIs. Os funcionários devem utilizar respirador individual,


luvas, botas e aventais e trocar os uniformes a cada dois dias, ou antes, se necessário;
b) Dispor e concentrar os rejeitos diários numa parte definida da vala, facilitando o
recobrimento;
c) Compactar, se for o caso, os resíduos de forma manual ou mecanizada (trator esteira,
pá carregadeira ou trator agrícola de pneus com lâmina frontal e rolo compactador
de arraste), à medida que tais resíduos forem lançados;
d) Efetuar a manutenção do sistema de drenagem pluvial;
e) Recobrir os rejeitos com uma camada de 20 cm de solo, a fim de evitar a presença
de urubus;
f) Impedir a entrada de animais; e
g) Manter na usina a planta com a locação de todas as valas numeradas que serão
utilizadas durante sua vida útil, destacando as valas já encerradas e a atual.

Os procedimentos diários de vala de resíduos de serviços de saúde devem ser (FEAM,


2006):

a) Vacinar todos os operadores e coletores envolvidos na disposição final de RSS;


b) Manter atualizados os cartões de vacinas contra tétano, difteria, hepatites A e B e
febre amarela;
c) Fazer uso rigoroso de EPIs. Os funcionários devem utilizar respirador individual,
luvas, botas e aventais e trocar os uniformes a cada dois dias ou antes, se necessário;
d) Redobrar os cuidados com os PERFUROCORTANTES (lâminas de barbear,
agulhas, escalpes, ampolas de vidros, etc), devido ao risco biológico e ocupacional,
porque, mesmo usando-se luvas específicas, poderão acontecer acidentes e
contaminações;
53

e) Emitir a CAT - Comunicação de Acidente de Trabalho - para controle estatístico da


Prefeitura ou pelo médico que desenvolva o Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional - PCMSO;
f) Fazer a manutenção da cerca de isolamento e da placa de advertência; e
g) Aterrar os resíduos imediatamente após a disposição na vala, sem realização de
compactação.

Em relação ao tratamento dos efluentes são comuns os sistemas de fossa/sumidouros,


sistema fossa/filtro/sumidouros e lagoa facultativa. Atualmente, o tratamento mais utilizado é
o composto pelo sistema de fossa e sumidouros, tanto para o tratamento dos despejos sanitários
quanto dos efluentes do pátio de compostagem, da área de recepção e triagem do lixo e das
valas de rejeitos e de serviço de saúde (FEAM, 2006)

3.5.3 Índice de Qualidade de Compostagem

A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – CETESB, órgão delegado do


Governo do estado de São Paulo para o controle da poluição ambiental, vem compondo o
Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares desde 1997, a partir de dados obtidos em
levantamentos sobre as condições ambientais e sanitárias dos locais de destinação final dos
RSU nos municípios paulistas (CETESB, 2014).

As informações coletadas durante as inspeções das instalações de tratamento e/ou


disposição final de resíduos, são processadas a partir da aplicação de um questionário
padronizado, constituído por partes relativas às características locacionais, estruturais e
operacionais. Essas informações permitem apurar o IQC- Índice de Qualidade de Usinas de
Compostagem, cuja pontuação varia de 0 a 10.

Ainda de acordo com CETESB (2014), a evolução e o acompanhamento do Índice de


Qualidade de Aterro de Resíduos - IQR, IQR Valas e IQC por município tem propiciado a
aferição do resultado das ações de controle da poluição ambiental desenvolvidas no estado e o
monitoramento da eficácia dos programas alinhados com as políticas públicas estabelecidas
para o setor.

Segundo Vimieiro (2012), apesar da importância das características locacionais e da


infraestrutura implantada da UTC, destaca-se o cuidado que se tem em valorizar a adequada
54

operação da unidade, uma vez que, se essa estiver em péssimas condições de operação, o valor
máximo do índice será 6,0, enquadrando-a dentre aquelas que apresentam “condições
inadequadas”.

Ainda segundo a autora, devem-se destacar alguns pontos que chamam a atenção no IQC:
sua denominação e a variação dos pesos dos parâmetros que o compõem. Pode-se considerar
incompleta a denominação “Índice de Qualidade de Usinas de Compostagem”, já que o índice
apresenta parâmetros como “Esteira de catação”, “Baias para material triado”, “Triagem na
esteira” e “Qualidade do material reciclado” que indicam a avaliação de unidades de triagem e
compostagem de resíduos sólidos urbanos e não somente de compostagem.

Prado Filho e Sobreira (2007), destacam que o uso dessa ferramenta pode trazer
distorções na pontuação final das unidades avaliadas, uma vez que o índice é pontuado
qualitativamente e representa observações expeditas realizadas no momento da avaliação,
podendo variar com o modo de aplicação por diferentes profissionais e o rigor técnico de cada
um deles.

Ainda segundo Prado Filho e Sobreira (2007), apesar das deficiências constatadas e na
ausência de outros instrumentos de avaliação, a metodologia utilizada permite uma
uniformização de procedimentos, a avaliação qualitativa e a evolução do desempenho técnico-
operacional e ambiental de UTC, sendo de fácil aplicação e baixo custo.

Sendo assim, o IQC é uma ótima ferramenta para avaliar a qualidade ambiental de
UTCs, apesar de ter sido desenvolvida para a realidade do estado de São Paulo, ela é adaptável
à realidade mineira, tendo sido utilizada em outros estudos, como o de Prado Filho e Sobreira
(2007).
55

4 METODOLOGIA

O presente trabalho trata-se de um estudo de caso. De acordo com Yin (1994), essa é a
estratégia mais indicada para pesquisas que se orientam por perguntas do tipo como ou por quê,
visto que se pretende analisar como é o funcionamento e a operação da UTC Entre Rios.

Para tal, foram empregados procedimentos metodológicos qualitativos e quantitativos.

4.1 MÉTODO QUALITATIVO

Segundo Triviños (1987), na pesquisa qualitativa os pesquisadores estão preocupados


com o processo, e não simplesmente com os resultados. De acordo com Minayo (2000),

...a pesquisa qualitativa se preocupa com um nível de realidade que não pode ser
quantificado, ou seja, ele trabalha com o universo de significados, motivos,
aspirações, valores, atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das
relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos a
operacionalização de variáveis.

A metodologia compreendeu diferentes etapas operacionais, e pode ser dividida nas


seguintes etapas:

a) Etapa 1 - Pesquisa bibliográfica: Nessa etapa realizou-se um estudo em artigos


publicados em periódicos científicos e trabalhos sobre o tema a fim de se ter um
embasamento teórico para a análise de campo e análise dos resultados obtidos;

Segundo Lima e Mioto (2007), a pesquisa bibliográfica implica em um conjunto


ordenado de procedimentos de busca por soluções, atento ao objeto de estudo, e que, por isso,
não pode ser aleatório.

Para Minayo (2001), entende-se pesquisa como um processo no qual o pesquisador tem

...uma atitude e uma prática teórica de constante busca que define um processo
intrinsecamente inacabado e permanente, pois realiza uma atividade de aproximações
sucessivas da realidade, sendo que esta apresenta “uma carga histórica” e reflete
posições frente à realidade.

b) Etapa 2 – Trabalho de campo: Nesta etapa foi estabelecido contato com a prefeitura
do município a fim de se ter acesso à usina para a realização de entrevistas e coleta de
dados;
56

Para Duarte (2002), as situações nas quais se verificam os contatos entre pesquisador e
sujeitos da pesquisa configuram-se como parte integrante do material de análise. Ainda segundo
a autora, registrar o modo como são estabelecidos esses contatos, a forma como o entrevistador
é recebido pelo entrevistado, o grau de disponibilidade para a concessão do depoimento, o local
em que é concedido, a postura adotada durante a coleta do depoimento, gestos, sinais corporais
e/ou mudanças de tom de voz etc., tudo fornece elementos significativos para a
leitura/interpretação posterior daquele depoimento, bem como para a compreensão do universo
investigado.

Ainda segundo Duarte (2002), formas de contato como conversas informais em eventos
dos quais participam pessoas ligadas ao universo investigado (desde que registradas de algum
modo – de preferência, no diário de campo) e coleta de informações adicionais podem também
integrar estratégias de investigação qualitativa.

De acordo com Bandeira (2004), basicamente pode-se adotar como método de coleta de
dados a utilização de documentos, a observação de comportamentos ou então a informação dada
pelo próprio sujeito, seja oralmente (entrevistas) ou de forma escrita (questionários auto
administrados).

c) Etapa 3 – Análise documental: Foram analisados documentos referentes ao processo


de licenciamento ambiental e de controle operacional da UTC, sendo analisados o
licenciamento ambiental de 2008 da SUPRAM, a Autorização Ambiental de
Funcionamento (AAF) nº 06739/2013 do empreendimento cedida pelo COPAM e
relatórios de monitoramento e acompanhamento de medidas de controle ambiental para
usinas de triagem e compostagem de resíduos sólidos urbanos dos últimos trimestre de
2014 e primeiro trimestre de 2015, os quais foram encaminhados para a FEAM;

De acordo com Souza et al. (2011), a análise documental consiste em identificar, verificar
e apreciar os documentos com uma finalidade específica e, nesse caso, preconiza-se a utilização
de uma fonte paralela e simultânea de informação para complementar os dados e permitir a
contextualização das informações contidas nos documentos.

Assim, para, Ludke e André (1986) apud Abreu (2004), a análise documental constitui
uma técnica importante na pesquisa qualitativa, seja complementando informações obtidas por
57

outras técnicas, seja aplicando aspectos novos de um tema ou problema, visto que utiliza-se de
materiais que não receberam tratamento analítico.

d) Etapa 4 - Entrevista com os funcionários e gestores municipais: Nesta etapa foi


realizada uma entrevista semiestruturada individual com os funcionários da usina e com
gestor municipal responsável pela mesma com o objetivo de analisar a
operacionalização da mesma;

Segundo Manzini (1991) existem três tipos de entrevistas: 1) estruturada, 2)


semiestruturada e 3) não-estruturada. Entende-se por entrevista 1) estruturada aquela que
contém perguntas fechadas, semelhantes a formulários, sem apresentar flexibilidade; 2)
semiestruturada a direcionada por um roteiro previamente elaborado, composto geralmente por
questões abertas; 3) não-estruturada aquela que oferece ampla liberdade na formulação de
perguntas e na intervenção da fala do entrevistado.

Para Queiroz (1988), a entrevista semiestruturada é uma técnica de coleta de dados que
supõe uma conversação continuada entre informante e pesquisador e que deve ser dirigida por
este de acordo com seus objetivos. Desse modo, da vida do informante só interessa aquilo que
vem se inserir diretamente no domínio da pesquisa

Andrade (2010) ressalta que para a elaboração e adequação do roteiro de entrevista


considera-se a vivência do pesquisador, a literatura sobre o tema em estudo, a apreciação de
juízes e as informações obtidas no pré-teste3.

e) Etapa 5 – Análise de conteúdo: Os dados obtidos foram analisados por categorias. As


categorias foram definidas de acordo com os objetivos do estudo que determinaram os
temas contidos no roteiro semiestruturado elaborado para a realização das entrevistas.
As categorias para a entrevista realizada com os funcionários foram:
1 - Impressões sobre os resíduos sólidos urbanos e a coleta seletiva
2 - Condições ocupacionais
3 - Resíduos manipulados

3
Um pré-teste é a aplicação de um questionário ou entrevista a uma amostra de indivíduos, ainda preliminar, com
o objetivo de identificar potenciais problemas.
58

4 - Valorização dos trabalhadores

As categorias para a entrevista realizada com o gestor municipal foram:

1- Gestão de resíduos sólidos no município


2- ICMS Ecológico

Segundo Campos (2004), um método muito utilizado na análise de dados qualitativos é o


de análise de conteúdo, compreendida como um conjunto de técnicas de pesquisa cujo objetivo
é a busca do sentido ou dos sentidos de um documento.

Após a transcrição das informações, inicia-se a análise dos dados. A forma de tratamento
mais utilizada é a Análise de Conteúdo, que consiste na leitura detalhada de todo o material
transcrito, na identificação de palavras e conjuntos de palavras que tenham sentido para a
pesquisa, assim como na classificação em categorias ou temas que tenham semelhança quanto
ao critério sintático ou semântico (OLIVEIRA et al, 2003 apud ANDRADE, 2010).

Como a análise de conteúdo constitui uma técnica que trabalha os dados coletados,
objetivando a identificação do que está sendo dito a respeito de determinado tema, há a
necessidade da decodificação do que está sendo comunicado. Para a descodificação dos
documentos, o pesquisador pode utilizar vários procedimentos, procurando identificar o mais
apropriado para o material a ser analisado, como análise léxica, análise de categorias, análise
da enunciação, análise de conotações (CHIZZOTTI, 2006, p. 98).

f) Etapa 6 - Elaboração de propostas: Por fim, foram elaboradas propostas para a


melhoria da operação da usina, caso fosse necessário.

4.2 MÉTODO QUANTITATIVO

Segundo Coronel et al. (2013), a pesquisa quantitativa caracteriza-se pela quantificação


da coleta de dados e pelo tratamento desses dados por meio de técnicas estatísticas, que se
revestem de importância na tomada de decisões.

Para Moresi (2003), a pesquisa quantitativa normalmente se mostra apropriada quando


existe a possibilidade de medidas quantificáveis de variáveis e inferências a partir de amostras
59

de uma população. Esse tipo de pesquisa usa medidas numéricas para testar constructos
científicos e hipóteses, ou busca padrões numéricos relacionados a conceitos cotidianos.

Assim, para esta pesquisa será utilizado um questionário proposto pela CETESB para
avaliar a qualidade ambiental de Usinas de Compostagem, o Índice de Qualidade de Usinas de
Compostagem (IQC).

As informações coletadas durante a inspeção da Usina de Triagem e Compostagem de


Entre Rios de Minas - MG, foram processadas a partir da aplicação de um questionário
padronizado (Figura 4.1), constituído por partes relativas às características locacionais,
estruturais e operacionais. Essas informações permitem apurar o IQC- Índice de Qualidade de
Usinas de Compostagem, cuja pontuação varia de 0 a 10 conforme a Tabela 4.1.

Tabela 4.1 – Enquadramento das condições das instalações de tratamento e/ou


disposição final de resíduos sólidos domiciliares em função dos índices IQR e IQR-Valas
Nova proposta e IQC.
IQR NP, IQR Valas e IQC Enquadramento
0,0 a 7,0 Condições inadequadas (I)
7,1 a 10,0 Condições adequadas (A)
Fonte: CETESB, 2014.
60

Figura 4.1 - Questionário padrão - Índice de Qualidade de Usinas de Compostagem – IQC.

Fonte: CETESB, 2014.


61

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 Informações sobre o município estudado

A Usina de Triagem e Compostagem analisada no presente estudo localiza-se no


município de Entre Rios de Minas, Minas Gerais. Segundo o Censo Demográfico de 2010,
realizado pelo IBGE, a população total do município de Entre Rios de Minas é de 14.242
habitantes, sendo que 9.879 estão localizados na zona urbana (IBGE, 2010). Ainda de acordo
com o IBGE (2010), o município possui um Produto Interno Bruto per capita de R$8.484,58 e
está inserido na Mesorregião Metropolitana de Belo Horizonte e na Microrregião de
Conselheiro Lafaiete. A localização do município pode ser vista na Figura 5.1.

Figura 5.1 – Localização do município de Entre Rios de Minas em Minas Gerais.

Fonte: IBGE Cidades, 2015.

5.2 Descrição da Usina de Triagem e Compostagem de Lixo de Entre Rios de Minas,


Minas Gerais

A partir de dados coletados através de visitas de campo e da análise documental de


documentos referentes ao licenciamento ambiental e ao controle operacional da usina foi
possível descrever como é a sua operação e quais são as unidades que a compõem.

A UTC Entre Rios obteve Licença de Instalação em julho de 1998 e seu certificado de
Licença de Operação, de número 809/2000, foi concedido pela COPAM em 22 de Dezembro
de 2000, assim, suas atividades foram iniciadas em Janeiro de 2001. Atualmente, a Usina está
autorizada a funcionar para a atividade de tratamento e/ou disposição final de resíduos sólidos
urbanos enquadrada na Deliberação Normativa 74/2004 e é classificada como empreendimento
de Classe I (Pequeno porte ou pequeno ou médio potencial poluidor), visto que recebe
62

diariamente em média 7,5 toneladas de resíduos. Segundo a DN Copam nº 74 de 2004 o


empreendimento de tratamento e/ou disposição de resíduos sólidos urbanos é considerado de
pequeno porte se a quantidade operada de resíduos for menor que 15 t/dia (MINAS GERAIS,
2004).

De acordo com o documento referente ao licenciamento ambiental da Superintendência


Regional de Regularização Ambiental (SUPRAM), a UTC ocupa uma área total de 11,544
hectares, possuindo capacidade volumétrica estimada para o local de disposição dos rejeitos de
7.560,35 m³ (SUPRAM, 2008). Na Figura 5.2 apresentada a seguir, pode-se visualizar o
empreendimento.

Figura 5.2 – Vista da Usina de Triagem e Compostagem de Entre Rios de Minas – MG


e seu entorno.

Fonte: Google Earth, 2015.

Cabe ressaltar que a UTC analisada, encontra-se próxima a um curso d’água e a núcleos
populacionais (Figura 5.3). Por esta razão, verificou-se, com o auxílio da ferramenta Régua do
Google Earth a distância das valas encerradas e valas em utilização dos núcleos populacionais
e do curso d’água.
63

Figura 5.3 – Entorno da UTC Entre Rios.

Fonte: Google Earth, 2015.

Os resultados dessa análise indicam que as valas em utilização estão localizadas a cerca
de 160 metros do curso d’água e as encerradas à cerca de 170 metros. Em relação ao núcleo
populacional, verificou-se que as valas em utilização estão localizadas a 350 metros e as valas
encerradas estão a 300 metros de distância do núcleo.

De acordo com a Deliberação Normativa COPAM nº 118 de 2008, os municípios ficam


obrigados a minimizar os impactos ambientais nas áreas de disposição final de lixo, devendo
implementar requisitos mínimos, como disposição a uma distância mínima de 300 metros de
cursos d’água e de 500 metros de núcleos populacionais.

Portanto, a localização da Usina não atende aos requisitos mínimos estabelecidos pela
Deliberação Normativa nº 118 de 2008, o que pode ocasionar contaminação dos mananciais de
água pelo chorume, além da proliferação de vetores causadores de doenças, geração de odores
desagradáveis causando desconforto e riscos à saúde para a população de entorno.

Além disso, percebe-se que o entorno da UTC apresenta atualmente vegetação nativa e
pastagens, além da área de núcleo populacional (Figuras 5.2 e 5.3). Vale destacar que é
essencial que não ocorra uma alteração do uso do solo atual, principalmente que propicie
adensamento populacional na região.

A Usina consiste em uma unidade simplificada composta por oito unidades: 1) Galpão de
recepção e triagem dos resíduos; 2) Baias para acondicionamento dos materiais recicláveis
segregados; 3) Galpão para armazenamento dos recicláveis prensados; 4) Pátio de
compostagem revestido com uma camada de concreto; 5) Valas para aterramento de rejeitos;
6) Valas para aterramento de resíduos de serviços de saúde (encerradas); 7) Unidade de apoio
64

(Escritório, banheiros e cozinha); 8) Viveiro de mudas. As estruturas que compõem a Usina


podem ser vistas nas Figuras 5.4 a 5.9.

Figura 5.4 – Vista geral da Unidade de Figura 5.5 – Vista geral das baias de
apoio e do galpão de recepção e triagem de acondicionamento dos recicláveis
resíduos. segregados e galpão para armazenamento
dos recicláveis prensados.

Fonte: Arquivo pessoal da autora, 2015. Fonte: Arquivo pessoal da autora, 2015.
Figura 5.6 – Pátio de compostagem. Figura 5.7 – Mesa de triagem

Fonte: Arquivo pessoal da autora, 2015. Fonte: Arquivo pessoal da autora, 2015
Figura 5.8 – Acesso à vala de rejeitos. Figura 5.9 – Vala de rejeitos.

Fonte: Arquivo pessoal da autora, 2015. Fonte: Arquivo pessoal da autora, 2015.
65

A mesa de triagem, local no qual deve ser realizada a separação manual dos resíduos, é
de concreto e azulejada na parte superior. A mesa de triagem, de acordo com a FEAM (2006),
pode ser de concreto ou metal e deve ter altura aproximada de 90 cm para possibilitar aos
funcionários adequada operação. Pôde-se verificar durante as visitas de campo que a altura da
mesa precisa ser remanejada visto que alguns funcionários precisam abaixar para fazer a
separação dos resíduos, e segundo Abreu et al. (2008), a altura da mesa de triagem precisa ser
ergonomicamente compatível para o espalhamento e seleção dos materiais.

O pátio de compostagem é impermeabilizado com camada de concreto, possui sistema de


drenagem pluvial e de efluentes líquidos e encontra-se em uma posição que permite a incidência
solar em toda a área. As leiras de compostagem são numeradas para serem processadas de forma
correta. O composto orgânico maturado gerado na usina é peneirado (peneira rotativa) e
armazenado em galpão coberto e com piso de concreto, conforme as normas ambientais. O
composto é utilizado preferencialmente no paisagismo da UTC, com produção de mudas de
plantas ornamentais e na recuperação e recomposição das áreas degradadas.

Os materiais recicláveis depois de serem triados, prensados em enfardados são


armazenados nas baias de recicláveis. Os recicláveis são organizados por tipo de material e são
destinados à leilão. Durante visitas à campo, constatou-se que as baias ficam à céu aberto,
tornando os materiais triados vulneráveis à chuva, o que pode causar prejuízos para a venda
destes durante este período.

No que se refere à vala de rejeitos, foi informado pelo Gerente do Departamento de


Fiscalização e Gestão de Meio Ambiente do município, que há compactação do solo e,
posteriormente, é adicionada uma camada de argila sobre a área em que serão dispostos os
rejeitos e o recobrimento dos resíduos realizado após um mês. O adequado deveria ser o
recobrimento diário dos resíduos, porém há falta de equipamentos (tratores) para o
recobrimento das valas com terra. Percebeu-se, durante às visitas à campo, grande quantidade
de resíduos exposta nas valas, entre os quais havia presença de materiais potencialmente
recicláveis. Segundo informado, há muita dificuldade para se separar corretamente o resíduo
que chega, então, muitas vezes materiais recicláveis vão diretamente para as valas. Além disso,
apesar de haver um sistema de drenagem superficial, percebeu-se pontos de acúmulo de água
de chuva, evidenciando falha no sistema de drenagem pluvial. A vala encontra-se em um local
66

isolado das demais unidades da usina, como recomenda a FEAM (2006) e percebeu-se que o
local é bem sinalizado com placas de advertência com relação ao acesso e ao uso de EPI’s.

Com relação aos resíduos de serviços de saúde, há valas encerradas de resíduos de


serviços de saúde, que estão isoladas. Conforme informado pelo Gerente do Departamento de
Fiscalização e Gestão de Meio Ambiente do município, atualmente, esses resíduos são enviados
para Belo Horizonte para a sua incineração, processo que conforme Cunha e Caixeta Filho
(2002), tem como vantagem a redução significativa do volume e a diminuição do potencial
tóxico dos dejetos, sendo assim, os dados sugerem que os resíduos de serviços de saúde estão
sendo gerenciados de forma adequada.

As valas já encerradas, localizadas na entrada da usina, encontram-se revegetadas com


espécies arbustivas e arbóreas, o que de acordo com a FEAM (2006), seria inadequado, pois as
raízes das árvores criam caminhos preferenciais para as águas da chuva, favorecendo a
contaminação do solo, o que indica condições inapropriadas de operação da Usina.

A UTC não recebe resíduos provenientes de construção civil e nem animais mortos.

As unidades de apoio são de fácil acesso e higienizadas. Percebe-se que o odor se torna
desagradável quanto mais próximo das leiras de compostagem. Isto porque a decomposição da
matéria orgânica pode ocorrer na presença de oxigênio (aeróbio) e na sua ausência (anaeróbio).
Uma compostagem mal conduzida pode levar a oxidação anaeróbia, acompanhada de
putrefação e mau cheiro eliminado na atmosfera, assim, o odor desagradável pode ser reduzido
por revolvimento da leira, transformando o processo de anaeróbio para aeróbio.

Há também na usina um viveiro de mudas em que são cultivadas espécies de plantas que
são usadas na ornamentação da UTC e também em pontos da cidade, como praças e jardins.

Os despejos líquidos provenientes das instalações sanitárias, do pátio de compostagem,


da lavagem da área de recepção e triagem de resíduos recebem tratamento biológico, através de
um decantador, um sumidouro e um filtro anaeróbico, que podem ser vistos na Figura 5.10.
67

Figura 5.10 – Sistema de tratamento de efluentes líquidos da UTC Entre Rios.

Fonte: Arquivo pessoal da autora, 2015.

Há presença de área verde na entrada da UTC, o que constitui uma área de proteção com
cercas vivas, além disso, há canaletas para drenagem pluvial, conforme recomenda a FEAM
(2006), no seu manual de Orientações Básicas para a Operação de Usina de Triagem e
Compostagem de Lixo, visto que a implantação de cercas-vivas preserva a privacidade do
trabalhador, além de evitar o acesso de animais e de pessoas não autorizadas na área da usina.
Nas figuras 5.11 e 5.12 pode-se visualizar a presença de cercas-vivas e canaletas de drenagem.

Figura 5.11 – Canaleta de drenagem na Figura 5.12 – Cerca viva ao fundo do pátio
entrada da UTC. de compostagem.

Fonte: Arquivo pessoal da autora, 2015. Fonte: Arquivo pessoal da autora, 2015.
.

A operação da Usina é realizada por 17 servidores municipais na operação e um na


administração, sendo a jornada de trabalho de Segunda a Sexta-feira, em um turno de 7:00 às
16:00 horas, totalizando 24 dias por mês. As funções são exercidas pelos funcionários da
seguinte forma: seis funcionários desempenham as atividades de separação na mesa de triagem,
um funcionário é responsável pela vala de rejeitos, outro pelo pátio de compostagem, dois
68

funcionários fazem a recepção dos resíduos, dois pela limpeza, dois pela manutenção, um pela
baia dos recicláveis e dois pelo tratamento de efluentes líquidos. Além disso, cinco funcionários
são responsáveis pela coleta de resíduos.

Durante visitas de campo, percebeu-se que a triagem (Figura 5.7) ocorre de forma
desorganizada, devido à grande quantidade de resíduos e ao reduzido número de funcionários,
além disso, nem todos os funcionários usam os EPIs necessários nas atividades que executam,
principalmente luvas e botas, como recomenda o manual de orientações básicas para a operação
de Usina de Triagem e Compostagem de lixo da FEAM (2006). Esse panorama sugere uma
inadequação da operação da usina que tem como consequência riscos à saúde dos funcionários.

5.2.1 Geração e Caracterização dos resíduos

Foi possível obter, a partir do processo de licenciamento ambiental de 2008 da SUPRAM,


os resultados do controle operacional da usina e assim a composição gravimétrica dos resíduos
encaminhados para a usina nos dois primeiros trimestres de 2008, os quais são apresentados na
Tabela 5.1 e no Gráfico 5.1.

Tabela 5.1 – Composição gravimétrica dos resíduos encaminhados para a usina nos
dois primeiros trimestres de 2008.

Composição gravimétrica (%)

Período Total de recicláveis MOP Rejeito

1º trimestre 30,16 35,32 34,52

2º trimestre 39,49 32,30 28,21


Fonte: Adaptado SUPRAM (2008).

Gráfico 5.1 – Composição gravimétrica dos recicláveis no primeiro semestre de 2008.

Fonte: SUPRAM (2008).


69

Percebe-se que os recicláveis representam 34,8% do total dos resíduos que foram
encaminhados à usina, seguido da matéria orgânica com 33,81%. A fim de comparação,
apresenta-se na Tabela 5.2 a composição gravimétrica do município de Lagoa Dourada, Minas
Gerais, obtido do estudo de Brandão (2006), município também de pequeno porte com 12.256
habitantes (IBGE, 2010) e localizado na mesma região, a cerca de 30 Km do município de
estudo.

Tabela 5.2 – Composição gravimétrica dos resíduos do município de Lagoa Dourada,


Minas Gerais.
Composição gravimétrica (%)
Papel e Plástico Vidro Metal Diversos MOP
papelão
5,2 7,5 2,6 4,1 10,6 70,2
Total de recicláveis: 15,3
Fonte: Adaptado BRANDÃO, 2006.

Verifica-se na composição gravimétrica do município de Lagoa Dourada que a


predominância de seu resíduo produzido é de matéria orgânica, o que coloca em
questionamento a composição gravimétrica do município de estudo, visto que ambos estão
localizados na mesma região e possuem economia parecida, além de serem do mesmo porte.

Porém, de acordo com Brandão (2006), o percentual de matéria orgânica obtido é pouco
provável em localidades onde é comum a utilização de restos de comida na alimentação de
animais domésticos, assim como a utilização de cascas de frutas e resíduos de poda de jardins
para adubar o terreno.

Sabe-se que em boa parte dos pequenos municípios brasileiros a população urbana vive
em condições muito parecidas com aquelas em que vivem algumas comunidades rurais, assim,
o desperdício nessas localidades é mínimo, o que justifica a baixa quantidade de matéria
orgânica encontrada para o município de Entre Rios de Minas.

Por meio de análises documentais, constatou-se que a FEAM acompanha e avalia


sistemática e periodicamente as UTCs, pois o controle operacional da UTC é obrigatório e o
responsável técnico pela operação da UTC deve enviar à FEAM um relatório, informando as
quantidades processadas de Matéria Orgânica Putrecível –MOP, recicláveis e rejeitos, a cada
três meses, o que permite a avaliação da eficiência da UTC. Na Tabela 5.3 são apresentadas as
70

quantidades de resíduos destinadas a Usina em Toneladas/mês, considerando vinte e dois dias


trabalhados, esses dados foram obtidos no relatório de monitoramento e acompanhamento de
medidas de controle operacional para usinas de triagem e compostagem de resíduos sólidos
urbanos que foi enviado à FEAM, referente ao 3º e 4º trimestre de 2014 e ao 1º trimestre de
2015.

Tabela 5.3 – Quantidade média de resíduo destinada a UTC Entre Rios em toneladas/mês nos
últimos trimestres de 2014 e primeiro trimestre de 2015.
Período Total de Materiais potencialmente recicláveis MOP Resíduos
resíduos Papel e Vidro Plástico Metal Outros encaminhados
papelão para as valas
de rejeitos
3º 166,90 8,10 2,20 7,50 2,10 2,10 38,60 106,30
trimestre 100% 4,8% 1,3% 4,5% 1,2% 1,2% 23,1% 63,7%
de 2014
4º 174,30 8,30 2,30 7,70 2,00 2,20 39,50 112,30
trimestre 100% 4,8% 1,3% 4,4% 1,1% 1,3% 22,7% 64,4%
de 2014
1º 180,50 7,60 2,30 7,30 2,30 2,00 41,70 117,30
trimestre 100% 4,2% 1,3% 4% 1,3% 1,1% 23,1% 65%
de 2015
Média 173,90 8,00 2,27 7,50 2,13 2,10 39,93 112,00
100% 4,6% 1,3% 4,3% 1,2% 1,2% 23% 64,4%

A partir dos dados apresentados na Tabela 5.3, pôde-se calcular a produção per capita de
resíduos, que relaciona a quantidade de resíduos gerada diariamente e o número de habitantes
que a gerou, assim, considerou-se a média da quantidade de resíduo destinada a UTC (173.900
Kg) e o número de habitantes das residências da zona urbana do município, que é de 9.879
habitantes, de acordo com o censo do IBGE/2010. Assim, o resultado encontrado para a
produção per capita foi de 0,567 Kg/hab.dia.

Diante da afirmação de que nos municípios de pequeno porte, a população vive em


condições muito parecidas com aquelas em que vivem algumas comunidades rurais, espera-se
que a produção de resíduos seja bem inferior a 0,5 Kg/hab.dia. De acordo com a Tabela 5.4, em
comunidades rurais de outros países latinoamericanos como o Chile e o Peru, a contribuição
per capita é da ordem de 0,3 Kg/hab.dia, número que poderia ser obtido para os municípios
71

mineiros de pequeno porte, onde em geral, a população é muito carente e, por conseguinte, o
desperdício é mínimo.

Tabela 5.4 - Contribuição per capita na geração de resíduos em áreas rurais de alguns países.
País Local Contribuição per capita
(Kg/hab.dia)
Holanda 130 comunidades rurais 0,69
Argélia 14 povos rurais 0,46
Chile Zonas rurais 0,3
Peru Zonas Rurais 0,2 -0,4
Fonte: OPS, 1997 apud BRANDÃO, 2006.

Em contrapartida, o valor encontrado para o município se encontra inferior aos valores


encontrados para as regiões do Brasil no ano de 2014 no Panorama de Resíduos Sólidos no
Brasil da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
(ABRELPE), sendo que na região sudeste o valor encontrado em 2014 para produção per capita
é de mais do que o dobro do que o encontrado para o município analisado. O índice per capita
de coleta de RSU nas regiões do Brasil no ano de 2014 é mostrado na Tabela 5.5.

Tabela 5.5 – Índice per capita de Coleta de RSU nas regiões do Brasil em 2014.
Regiões 2014
RSU Coletado (t/dia) Índice (Kg/hab./dia)
Norte 12.458 0,722
Nordeste 43.330 0,771
Centro-Oeste 15.826 1,040
Sudeste 102.572 1,205
Sul 21.047 0,725
BRASIL 195.233 0,963
Fonte: Adaptado ABRELPE, 2014.

Além disso, os dados apresentados pela Tabela 5.3 indicam a quantidade de resíduos que
puderam ser separados durante a triagem (materiais potencialmente recicláveis e MOP), o
restante é o que foi encaminhado para a vala de rejeitos. Vale destacar que dentre os resíduos
que foram encaminhados para as valas, certamente há materiais que poderiam ser tratados, ou
seja, matéria orgânica e materiais potencialmente recicláveis.

Pode-se perceber que, em média, 64% dos resíduos que chegaram à usina foram
encaminhados para a vala de rejeitos, ao comparar esse valor com a composição gravimétrica
obtida em 2008, no qual os rejeitos eram cerca de 31% de todo resíduo encaminhado para a
72

usina, percebe-se que cerca de 30% dos resíduos que poderiam receber tratamento são
encaminhados diretamente para as valas.

Diante desse fato, é possível inferir que não há um triagem eficiente dos resíduos, o que
ocasiona um maior volume de resíduo indo diretamente para as valas. Porém, é muito
importante destacar a grande dificuldade operacional que a usina enfrenta, pois há muita
dependência da separação prévia dos resíduos, e, além disso, é grande a quantidade de resíduo
que chega para um pequeno número de funcionários, por isso, é preciso que essa separação seja
feita de maneira que os trabalhadores consigam triar toda a massa de resíduos durante o
expediente de trabalho, assim, não é possível que haja uma triagem totalmente eficiente.

Um estudo realizado por Santos (2004), encontrou situação semelhante ao observados na


UTC Entre Rios. A autora avaliou que na UTC de Coronel Xavier Chaves cerca de 36% dos
resíduos processados na usina vão diretamente para a vala de rejeitos, ou seja, quase o dobro
do que a composição gravimétrica indica ser considerado rejeito (19,6%), assim como acontece
na UTC analisada, na qual 31,4% dos resíduos são considerados rejeitos pela composição
gravimétrica e 65% dos resíduos são encaminhados diretamente para a vala de rejeitos.

Assim, percebe-se que essas usinas passam por dificuldades operacionais, o que traz uma
consequente “ineficiência”. Porém, vale destacar que mesmo a Usina de Triagem e
Compostagem sendo um tratamento e disposição final adequados para os resíduos produzidos
no município, ela se apresenta bastante dependente da colaboração do público atendido, assim
seria desejável que esse público entregasse os materiais separados pelo menos nas categorias
de recicláveis (lixo seco) e lixo orgânico (lixo úmido).

5.2.2 Coleta Seletiva

De acordo com o informado pelo Gerente do Departamento de Fiscalização e Gestão de


Meio Ambiente do município, que é responsável pela usina, várias ações de educação ambiental
foram implementadas na cidade desde a implantação da usina, divulgando como é feito o
trabalho na usina, bem como ensinando como fazer a separação dos resíduos através da
distribuição de panfletos, além de visitas à UTC de escolas do município. Em 2008, foi
implantado o programa de Coleta Seletiva no município. Na Figura 5.13, está um exemplo de
panfleto sobre a coleta seletiva distribuído na cidade.
73

Figura 5.13 – Panfleto sobre coleta seletiva distribuído na cidade.

Percebe-se que mesmo com as campanhas realizadas, a maioria da população ainda não
contribui com a coleta seletiva, tornando o trabalho dos funcionários ainda mais árduo durante
a triagem dos resíduos.

O processo de mobilização depende do “querer” de cada cidadão. Assim, para que um


indivíduo esteja mobilizado a colaborar com a coleta seletiva ele teria que possuir um
conhecimento prévio sobre a mesma. Assim, é necessário alcançar aqueles que produzem os
resíduos, sejam as pessoas em suas residências, nas instituições públicas, nas empresas, nas
fábricas, nos hospitais, estimulando a criação de uma nova cultura.

Cabe destacar que as condições para mobilizar as pessoas e as comunidades em questões


relacionadas ao seu dia-dia são bem maiores, pois estas podem considerar a possibilidade de
poder interferir no desenvolvimento comunitário e na melhoria de sua qualidade de vida.

Portanto, acredita-se que devem ser realizadas mais campanhas de educação ambiental
no município que estimulem a conscientização e o conhecimento da população sobre a
importância para uma UTC da separação prévia dos resíduos nos locais de origem, e assim haja
sensibilização com o problema, podendo com isso interferir no que diz respeito ao
desenvolvimento do município e também na melhoria da qualidade de vida.
74

5.2.3 Leilão dos recicláveis

Os resíduos potencialmente recicláveis são prensados e leiloados a empresas de


reciclagem, assim, os materiais recicláveis são reintroduzidos no processo industrial,
permitindo a reciclagem e/ou transformação em novos produtos. O leilão acontece geralmente
a cada dois meses com cerca de 50 a 60 toneladas de recicláveis e gera receita para a usina. O
valor mínimo de cada lote de material reciclável do primeiro leilão realizado em 2015 pode ser
visto na Figura 5.14.

Figura 5.14 – Laudo de avaliação dos materiais potencialmente recicláveis triados na


UTC Entre Rios.

Os valores arrecadados com o primeiro leilão realizado em 2015 são listados na Tabela
5.6.
75

Tabela 5.6 – Valores arrecadados com a realização do primeiro leilão de 2015 na UTC
Entre Rios.

Lote Bens e Características Avaliação Venda


1º Papelão/Papel misto R$ 1.775,00 R$3.500,00
2º Plástico/Polipropileno/Ráfia R$6.330,00 R$8.300,00
3º Vidro R$30,00 R$40,00
4º Sucata de ferro velho R$ 675,00 R$685,00
Total R$8.810,00 R$12.525,00
Percebe-se que o vidro tem menor avaliação e menor saída dada a sua difícil reciclagem,
enquanto que o papelão e o papel foram vendidos em um valor de quase o dobro do que foram
avaliados. Assim, a venda dos recicláveis no primeiro leilão realizado em 2015 gerou uma
receita de R$12.525,00, o que ajuda nas despesas da usina. Além disso, há um grande “lucro
ambiental” com a venda desses materiais recicláveis, visto que é poupada a extração de
diversas matérias primas que são utilizadas na fabricação desses materiais, como árvores na
produção de papel e papelão.
5.3 Índice de Qualidade de Usinas de Compostagem (IQC)

A aplicação do questionário padronizado para definir a classificação do Índice de


Qualidade de Usinas de Compostagem (IQC), que reflete as condições operacionais e
ambientais de unidades de triagem e compostagem, mostrou que a UTC Entre Rios apresentou
um valor de IQC que relevou condições inadequadas de funcionamento, como destacado na
Tabela 5.7.

Tabela 5.7 – Valores atribuídos a cada item de análise de IQC e classificação final para
a UTC de Entre Rios de Minas, Minas Gerais.

Características Infraestrutura Condições Valor do IQC Condições da


do local Implantada Operacionais Usina
14 43 39 6,85 Inadequadas

São apresentados na Tabela 5.8 todos os pontos obtidos para sub-itens do questionário
aplicado.
76

Tabela 5.8 – Pontuação obtida com a aplicação do questionário para cada sub-ítem.

Características do local
Sub-ítem Peso Máximo Pontos
Proximidade de núcleos 4 1
habitacionais
Proximidade de corpos 4 2
d’água
Profundidade do lençol 1 1
freático
Permeabilidade do solo 2 1
Condições do sistema viário, 2 2
trânsito e acesso
Isolamento visual da 2 2
vizinhança
Legalidade da localização 4 4
Infraestrutura implantada
Sub-ítem Peso Máximo Pontos
Aterro sanitário para rejeitos 20 10
Cercamento da área 1 1
Balança 2 0
Portaria ou guarita 2 2
Controle de recebimento de 2 2
cargas
Poço de recepção ou 4 4
tremonha
Esteira de catação 5 0
Pátio de cura 4 4
Impermeabilização do pátio 5 5
de cura
Equipamentos para revidade 2 2
de leiras
Baias para material triado 3 3
Cobertura das baias 2 1
Prensas para material triado 1 1
Peneira para composto 1 1
curado
Instalações de apoio 3 1
Drenagem de líquidos 2 2
percolados
Drenagens de águas pluviais 2 2
Sistema de tratamento de 2 2
líquidos percolados
Monitoramento de águas 2 0
subterrâneas
77

Tabela 5.8 (continuação) - Pontuação obtida com a aplicação do questionário para


cada sub-ítem.
Condições operacionais
Sub-ítem Peso Máximo Pontos
Aspecto geral da usina 5 5
Existência de moscas 3 1
Exalação de odores 5 5
Capacidade tremonha 4 2
Triagem na esteira 5 2
Controle de umidade nas 4 2
leiras
Controle de temperatura nas 4 2
leiras
Controle de pH nas leiras 4 4
Peneiramento depois da cura 2 2
Qualidade do material 4 4
reciclado
Funcionamento do sistema 4 4
de drenagem de líquidos
percolados
Funcionamento do sistema 2 2
de drenagem de águas
pluviais
Funcionamento do sistema 3 1
de tratamento de líquidos
percolados

Através de visitas a campo, constatou-se que essa unidade apresentava deficiência nas
instalações, além de problemas operacionais. É importante destacar que os sub-itens que mais
contribuíram para a queda global do IQC foram, no item características do local, a proximidade
de núcleos habitacionais, proximidade de corpos d’água; no item infraestrutura implantada,
aterro sanitário para rejeitos, balança, esteira de catação e monitoramento de águas subterrâneas
e no item condições operacionais, a triagem na esteira e o funcionamento do sistema de
tratamento de líquidos percolados.

Em relação às características do local, percebeu-se que a usina encontra-se próxima a


núcleos urbanos e a corpos d’água, não atendendo os requisitos mínimos exigidos para a
localização de depósito de lixo que são estabelecidos pela Deliberação Normativa nº 118 de
2008. Ao analisar a infraestrutura implantada, pode-se perceber que a usina não conta com uma
esteira de catação, o que facilitaria o trabalho dos funcionários e possibilitaria melhorias na
operação da usina, além disso, a vala de rejeitos é considerada como controlada. Já se tratando
78

das condições operacionais, pode-se constatar através dos relatórios de controle operacional
que a triagem na esteira é realizada de forma regular.

Porém, é importante destacar que a UTC recebe incentivos do ICMS Ecológico e observa-
se que mesmo apresentando deficiências, ela segue parte das orientações técnicas e as
exigências da FEAM.

É importante salientar que o índice é pontuado qualitativamente e representa observações


realizadas no momento da avaliação e além disso, a avaliação é subjetiva e pode variar com o
modo de aplicação por diferentes profissionais e rigor técnico de cada um deles. Porém, mesmo
apresentado tais deficiências, esse instrumento permite uma avaliação integrada dos fatores que
se relacionam com as UTCs, e a metodologia utilizada permite uma uniformização de
procedimentos que servem para avaliar qualitativamente o desempenho técnico-operacional e
ambiental de UTCs, sendo de fácil aplicação e baixo custo.

5.4 Entrevistas

Foram realizadas 12 entrevistas, 11 entrevistas com os funcionários da UTC e uma com


gestor municipal responsável pela Usina. As entrevistas foram realizadas nos dias 06 e 10 de
Fevereiro de 2015.

5.4.1 Funcionários

Na Tabela 5.9 são apresentadas algumas informações gerais sobre os funcionários das
usinas que foram entrevistados.

Percebeu-se que a maioria dos funcionários são do sexo masculino e que quase metade
dos funcionários entrevistados trabalham na usina desde que ela começou a sua operação em
2001.

As hipóteses que se pretendeu investigar com as entrevistas foram:

a) O Trabalho na UTC: as condições ocupacionais, operacionais e ambientais da


usina;
b) Valorização dos trabalhadores: Se os trabalhadores se sentem desvalorizados e
discriminados por trabalharem na UTC.
79

Tabela 5.9 – Informações gerais sobre os funcionários da UTC.

Informa- Identificação
ções F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 F8 F9 F10 F11
Duração 00:09:20 00:10:23 00:12:12 00:10:25 00:19:45 00:10:40 00:14:36 00:10:41 00:02:05 00:12:40 00:10:45
da
entrevista
Idade 50 anos 45 anos 50 anos 48 anos 56 anos 57 anos 47 anos 60 anos 51 anos 34 anos 64 anos
Sexo Fem. Fem. Masc. Fem. Masc. Masc. Masc. Masc. Masc, Masc. Masc.
Escolari- 2º grau 1º grau 1º grau 2º grau 1º grau 1º grau 1º grau 1º grau 1º grau 1º grau 1º grau
dade completo incomple incomple completo incomplet incomplet incomplet incomplet incomplet incomplet incomplet
to to o o o o o o o
Parte da Não tem Não tem Não tem Não tem Não tem Prensa Não tem Não tem Não tem Não tem Não tem
usina em lugar lugar lugar lugar lugar lugar lugar lugar lugar lugar
que específic específic específic específic específico específico específico específico específico específico
trabalha o o o o
Tempo de 14 anos 14 anos 4 anos 8 anos 14 anos 14 anos 3 anos 14 anos 2 anos e 6 1 ano e 2 3 anos e 5
trabalho meses meses meses
na usina
80

As perguntas dentro de seus temas e as ideias centrais encontradas nas respostas são
apresentadas a seguir.

Tema 1 - Impressões sobre os resíduos sólidos urbanos e a coleta seletiva

Quadro 5.1 – Perguntas e ideias centrais do tema 1.

Pergunta Ideias centrais Sujeitos


1 – Na sua opinião, quem deve A - Cada um na sua casa 7
ser responsável pelo lixo? B - Prefeitura 3
C – Cada um na sua casa juntamente com a 1
prefeitura
2 – Para você, o que é coleta A – Separar o lixo 5
seletiva? B – Não sei 3
C - Separar o lixo seco do lixo úmido 1
D – Coleta do lixo nas casas 2
3 – O município realiza a A – Sim, mas não 100% 4
coleta seletiva? B – Já foi levado ao conhecimento da população 3
C – Não sei 3
D – Parece que não porque vem tudo misturado 1
4 – Os dias de recebimento do A – Não, recebe tudo junto 9
lixo seco e úmido são B – Eles implantaram mas não está funcionando 1
alternados? então vem misturado
C – Não sei 1
5 – Você acha que com a A – Faz pouca diferença, porque não funciona 2
realização da coleta seletiva o 100%
processo de triagem é B – Melhora muito 9
facilitado?

Pergunta 1 - Na sua opinião, quem deve ser responsável pelo lixo?

Ideia Central A – Cada um na sua casa (7 sujeitos, 63,6%)

Tem que ser nós ne?! Eu acho que cada morador tem responsabilidade pelo seu lixo.

Neste discurso, percebe-se que a maioria dos funcionários da usina tem a consciência que
o primeiro responsável pelo lixo é aquele que o produz.

Ideia Central B – Prefeitura (3 sujeitos, 27,3%)

Hum... Tem que ser a prefeitura, não funciona sem a prefeitura ne?!

Percebe-se que a visão desse grupo de funcionários é a de que a prefeitura tem a


responsabilidade e o recurso financeiro para todas as etapas de gerenciamento de resíduos
81

sólidos, porém, sabe-se que a responsabilidade passa a ser da prefeitura a partir do momento
em que o resíduo é acondicionado em sacos e colocado na rua para a sua coleta.

Ideia Central C - Cada um na sua casa juntamente com a prefeitura (1 sujeito, 9,1%)

Ah eu acho que a responsabilidade é de cada um né?! De cada um... da prefeitura também né?!
Acho que seria um conjunto né?! Que a pessoa da casa tem que ter né?! Eu acho assim, entendo
assim, a prefeitura também tem que ter né?!

Percebe-se que a ideia de que a responsabilidade pelo resíduo produzido por um


município é conjunta, do cidadão e da prefeitura, foi a que apresentou menor percentual entre
as respostas obtidas, e sabe-se que essa seria a resposta mais coerente visto que o cidadão tem
responsabilidade pelo seu resíduo até que este seja coletado pela prefeitura, é seu dever
acondicioná-lo e separá-lo, inclusive se houver materiais hospitalares como seringas que
possam infectar o trabalhador durante a triagem, além disso, é de responsabilidade de cada
cidadão separar o resíduo em úmidos e secos a fim de facilitar a triagem dos mesmos.

Pergunta 2 – Para você, o que é coleta seletiva?

Ideia Central A - Separar o lixo (5 sujeitos, 45,4%)

Coleta seletiva eu sei... que é a separação né?! Dos materiais né?! Separação dos materiais.

Percebe-se que esse grupo de funcionários tem a ideia de que a coleta seletiva seria a
separação do resíduo produzido, porém, não deixam claro como seria essa separação.

Ideia Central B – Não sei (3 sujeitos, 27,3%)

Ah sabe que eu não sei te falar?!

Nesse discurso, percebe-se que desinformação dos próprios funcionários da UTC em


relação à coleta seletiva, atividade que facilitaria o trabalho feito na usina, pode-se inferir que
pela falta de informação acerca do que seria a coleta seletiva esses funcionários não a praticam
nas suas casas.
82

Ideia Central C - Separar o lixo seco do lixo úmido (1 sujeito, 9%)

Coleta seletiva? É o lixo né?! É o lixo seco né?! E a separação do que já vem...tem o lixo seco
e o lixo molhado né?! Que é resto de comida...fruta, essas coisas né?! Seria até melhor pra
gente também mas que infelizmente não funciona.

Percebe-se novamente que a menor porcentagem entre as respostas é mais coerente,


percebe-se que o funcionário tem a consciência que a coleta seletiva facilitaria o trabalho na
usina.

Ideia Central D - Coleta do lixo nas casas (2 sujeitos, 18,2%)

Ah acho que coleta seletiva é pegar um bairro num dia, no outro dia pega outro bairro, acho
que é assim, me parece que é assim.

Percebe-se por esse discurso que o funcionário entende que a coleta seletiva seria a coleta
nas próprias casas, porém com alternação no bairros.

Pergunta 3 – O município realiza a coleta seletiva?

Ideia Central A - Sim, mas não 100% (4 sujeitos, 36,4%)

Ela tem sabe...tem...mas não existe...tem mas não funciona...não funciona 100%.

Percebe-se por esse discurso que a coleta seletiva foi implantada mas ela ainda não é
realizada por toda a população.

Ideia Central B - Já foi levado ao conhecimento da população (3 sujeitos, 27,3%)

O município? Ah “cê” fala assim eles lá organizar as partes? Isso aí o Roberto (responsável
pela usina) já levou, já...ao conhecimento da população, já puseram faixa pedindo o
pessoal...já foi pro conhecimento deles essa...essa...organização.

Percebe-se que já houveram campanhas a fim de instruir a população na separação dos


resíduos.

Ideia Central C - Não sei (3 sujeitos, 27,3%)

Se realiza? Não sei...


83

Percebe-se que quase um terço dos funcionários entrevistados não soube informar se o
município realiza a coleta seletiva.

Ideia Central D - Parece que não porque vem tudo misturado (1 sujeito, 9%)

Ah...me parece pelo que a gente vê aqui que parece que não porque vem tudo misturado.

O discurso indica que mesmo o município alternando os dias de recebimento de resíduo


seco e úmido a população continua acondicionando todo o resíduo junto, dificultando o trabalho
dos funcionários durante a triagem.

Pergunta 4 - Os dias de recebimento do lixo seco e úmido são alternados?

Ideia Central A - Não, recebe tudo junto (9 sujeitos, 82%)

Não, não são... recebe tudo junto.

Percebe-se que a maioria dos funcionários não tem conhecimento de que o município
realiza a coleta seletiva em virtude de o resíduo chegar todo junto.

Ideia Central B - Eles implantaram mas não está funcionando então vem misturado (1 sujeito,
9%)

Ah não...não recebe assim igual “tô” te falando né?! Né?! Eles “implantou” e tudo, mas não
“tá” funcionando, então...vem misturado.

Apesar de o município ter implantado a coleta seletiva, nota-se que o resíduo chega a
usina todo misturado, assim, alternar os dias de recebimento de cada tipo de resíduo não vem
fazendo diferença sem a cooperação da população.

Ideia Central C - Não sei (1 sujeito, 9%)

Não sei.

Novamente percebe-se um desconhecimento de um funcionário em relação ao


gerenciamento dos resíduos sólidos do município, sendo a coleta seletiva uma atividade que
está extremamente relacionada ao trabalho que exercem na usina, pode-se inferir que esse
84

funcionário não realiza a separação dos resíduos em casa em virtude de não saber da existência
da coleta seletiva no município.

Pergunta 5 - Você acha que com a realização da coleta seletiva o processo de triagem é
facilitado?

Ideia Central A - Faz pouca diferença, porque não funciona 100% (2 sujeitos, 18,2%)

Ah isso não... não é que funciona não porque vamos supor assim, a pessoa, vamos supor separa
em casa, uma vez o FULANO até pediu e alguém colaborou e alguém não né?! Então é um
negócio que não funciona sabe por causa de que? Vamos supor assim, lá em casa, eu trabalho
aqui eu já sei ne?! Mas outra casa não vai fazer isso, entendeu?! Então geralmente vai vir tudo
junto igual “tá” vindo mesmo ne?! Não tem como não... é junto mesmo, aqui mesmo é que tem
que separar.

Ao analisar esse discurso percebe-se que a desmotivação de alguns funcionários em


relação à coleta seletiva, visto que foi implantada no município e ainda não conta com a
colaboração de toda a população.

Ideia Central B - Melhora muito (9 sujeitos, 82%)

Ah no caso melhora bem né?! O dia do lixo seco...só o lixo seco seria bem mais fácil de passar
né?! E o dia do lixo molhado já tinha o destino dele que era o pátio né?!

Percebe-se que a maioria dos funcionários tem motivação com relação à coleta seletiva e
acreditam que se funcionasse ela facilitaria muito o trabalho deles.
85

Tema 2 - Condições ocupacionais

Quadro 5.2 – Perguntas e ideias centrais do tema 2.

Pergunta Ideias centrais Sujeitos


6 – Como se encontra o uso A - Não falta, só não usa quem não quer 1
dos equipamentos de B - Uso sempre 8
segurança? C - Eu uso o necessário 2
7 –Vocês têm acesso ao A - Eu faço uso rigoroso 10
respirador individual? Os B - Alguns fazem eu pelo menos não 1
funcionários fazem uso
rigoroso do respirador
individual?
8 – Vocês têm acesso à luva? A luva é utilizada sempre
11
Os funcionários fazem uso
rigoroso de luva?
9 - Vocês têm acesso à botas? A – Usamos botina no dia a dia e bota em época 3
Os funcionários fazem uso de chuva
rigoroso de botas? B – Usamos sempre 9
10 - Vocês têm acesso à A – Usamos sempre 9
aventais? Os funcionários B – Eu uso pouco o avental 1
fazem uso rigoroso de C – Só na banca (mesa de triagem) 1
aventais?
11 – A mesa de triagem se A - É complicado porque cada um tem uma 2
encontra em uma altura em altura aqui. Pra mim não é bom
que o trabalho não se torne B – A altura dela é a altura certa da gente 2
incomodo? trabalhar
C – A altura é boa 7
12 – Você recebeu as A - Recebi 10
principais vacinas B - Não 11
recomendadas aos
trabalhadores expostos a
riscos de acidentes na coleta e
manuseio de resíduos sólidos e
na seleção de materiais
recicláveis?
13 – Você teve algum A – Aprendi aqui mesmo 4
treinamento para aprender o B – Tive com colegas 6
trabalho feito aqui na usina? C – Tive com pessoas capacitadas 1

Pergunta 6 – Como se encontra o uso dos equipamentos de segurança?

Ideia Central A – Não falta, só não usa quem não quer (1 sujeito, 9%)

Eu uso sempre, mas de.... tem 100%, isso aí é dado todo dia, a hora que precisa,100%, não
falta não, só não usa quem não quer né?!
86

Por esse discurso, percebe-se que os EPI’s são disponibilizados para os funcionários,
porém não são todos os que utilizam, assim, infere-se não há algum controle sobre a utilização
desses.

Ideia Central B – Uso sempre (8 sujeitos, 72,7%)

Usa.. É tudo bem organizado, eles dão pra gente o material pra gente usar...luva, tem os
“garfinho” pra gente poder puxar o material pra ser separado direitinho, tem os “cuidado”
da gente também com vidro, tudo... a máscara pra gente usar.

Novamente, percebe-se que todos os EPIs necessários são disponibilizados e a maioria


dos funcionários declara utilizar. De acordo com a FEAM (2006), no que se refere aos
procedimentos diários necessários nas atividades da usina os funcionários devem fazer uso
rigoroso de EPIs, devendo utilizar respirador individual, luvas, botas e aventais, e trocar os
uniformes a cada dois dias ou antes, se necessário.

Ideia Central C – Eu uso o necessário (2 sujeitos, 18,2%)

Usa máscara, luva...tudo. Usar usa, só que eu não sou muito “chegado” em máscara não, eu
vou falar...pra pegar um negócio ali como que eu vou usar? Eu uso assim...o necessário né?!
A gente vê que o lixo não “tá” em bom estado... da zona rural é lógico que não “tá” né?! A
gente põe luva, eu ponho máscara, tudo bem, mas digo assim, um papelão que a gente vê que
é mais limpo a gente não usa não, porque pegar com a luva ele vai escorregar, não fica na
minha mão de jeito nenhum né?! Mas equipamento de segurança aqui tem tudo.

Através desse discurso, percebe-se que alguns funcionários não percebem a necessidade
da utilização de alguns equipamentos de segurança em determinadas atividades, assim, utilizam
quando acham que deve ser utilizado, reforçando a ideia de que apesar de todos os
equipamentos de segurança necessários serem disponibilizados não há um controle da sua
utilização.
87

Pergunta 7 - Vocês têm acesso ao respirador individual? Os funcionários fazem uso rigoroso
do respirador individual?

Ideia Central A - Eu faço uso rigoroso (10 sujeitos, 91%)

Se a gente tem acesso? É...essa máscara aqui. A gente usa pra poder evitar né?! Da gente
ter...evitar o contato né?! Com as bactérias que sempre tem ai.

Percebe-se por essa resposta obtida que os funcionários sabem da importância da


utilização da máscara nos trabalhos executados na usina e a maioria dos funcionários declara
utiliza-la frequentemente.

Ideia Central B - Alguns fazem eu pelo menos não (1 sujeito, 9%)

Tem... Você fala definitivamente? Sempre? Sempre... É... alguns “faz” né?! Eu pelo menos
não...(risos) não adianta mentir ne?! Porque você pode chegar na banca (mesa de triagem) e
ver os que “tá” e eu não “tô” né?!

Nesse discurso percebe-se um funcionário admitiu não usar a máscara durante a triagem,
o que pode comprometer a sua saúde, visto que na mesa de triagem tem-se o contato direto com
o resíduo, o qual pode conter contaminantes.

Pergunta 8 – Vocês têm acesso à luva? Os funcionários fazem uso rigoroso de luva?

Ideia central – A luva é utilizada sempre (12 sujeitos, 100%)

É... nós “trabalha” é de luva. Todo mundo usa, todo mundo.

Percebe-se que todos os funcionários alegaram utilizar a luva durante os trabalhos


executados na usina, porém, vale destacar que quando foi perguntado como se encontrava o uso
dos EPIs um funcionário admitiu não utilizar a luva quando manuseava papelão, pois segundo
ele, se ele utilizar a luva, o papelão escorrega.

Pergunta 9 - Vocês têm acesso à botas? Os funcionários fazem uso rigoroso de botas?

Ideia Central A - Usamos botina no dia a dia e bota em época de chuva (3 sujeitos, 27,3%)
88

Bota também tem... “Tando” chovendo bota é sempre, agora o ideal mesmo, que a gente
trabalha aqui é com botina né?! Agora a bota é no caso, igual... “tá” chovendo ne? Época de
chuva.

Verifica-se que os funcionários entendem como bota as botas feitas de borracha. Percebe-
se que há o uso contínuo de bota ou botina.

Ideia Central B - Usamos sempre (8 sujeitos, 72,7%)

Também...sempre usa, tem que usar né?!

Percebe-se que a maioria dos funcionários alega utilizar a bota sempre.

Pergunta 10 - Vocês têm acesso à aventais? Os funcionários fazem uso rigoroso de aventais?

Ideia Central A – Usamos sempre (9 sujeitos, 82%)

Temos acesso, uso também contínuo.

A maioria dos funcionários diz utilizar o avental frequentemente nas atividades realizadas
na usina.

Ideia Central B – Eu uso pouco o avental (1 sujeito, 9%)

Tem... faz, é porque eu trabalho mais na parte aqui de trás no papelão, cuido da estrada, esses
negócios assim sabe? Aí eu uso pouco avental, mas eu tenho ele né?! Se caso, vamos supor
assim, faltar alguém na banca (mesa de triagem) lá na frente lá, aí eu tenho que usar né?! Se
não ninguém consegue encostar na banca não né?! Um barro horroroso.

Percebe-se por esse discurso que um funcionário alega não utilizar o avental pois ele
exerce atividades que, segundo ele, não necessitam de avental. Segundo ele, ele só o utiliza
quando precisa ficar na mesa de triagem pois para ele nessa atividade é necessário.

Ideia Central C - Só na banca (mesa de triagem) (1 sujeito, 9%)

Tem, a gente “tando” lá não usa avental né?! É só na banca.

Novamente percebe-se que os funcionários priorizam o uso do avental na mesa de


triagem.
89

Pergunta 11 – A mesa de triagem se encontra em uma altura em que o trabalho não se torne
incômodo?

Ideia Central A - É complicado porque cada um tem uma altura aqui. Pra mim não é bom (2
sujeitos, 18,2%)

É complicado porque cada um tem uma altura aqui. Pra mim não é bom, mas é complicado, se
for colocar uma mesa que dá pra todos tem que colocar todo mundo da mesma altura.

Percebe-se com esse discurso que a mesa de triagem parece não estar em altura adequada,
visto que para alguns funcionários ela causa certo incômodo durante a execução do trabalho. A
mesa de triagem, de acordo com a FEAM (2006), pode ser de concreto ou metal e deve ter
altura aproximada de 90 cm para possibilitar aos funcionários adequada operação.

Ideia Central B – A altura dela é a altura certa da gente trabalhar (2 sujeitos, 18,2%)

A altura dela lá é a altura certa da gente trabalhar, trabalha normal, sem esforçar, sem nada,
na posição certa que a gente tem que trabalhar.

Percebe-se por esse discurso que alguns funcionários consideram a mesa de triagem
ergonomicamente compatível.

Ideia Central C – A altura é boa (7 sujeitos, 63,6%)

Na banca né?! Não... Não, pra mim do jeito que ela “tá” ali é ideal porque ela muito alta
também ela é ruim e baixa também aí “cê” dificulta a coluna né?! É o tamanho ideal.

Percebe-se por esse discurso o conhecimento de que se a mesa de triagem não estiver em
uma altura ergonomicamente compatível ela pode vir a causar problemas na coluna, além disso,
verifica-se que a maioria dos funcionários consideram que a mesa de triagem está em um altura
boa para a realização do trabalho de separação.

Pergunta 12 – Você recebeu as principais vacinas recomendadas aos trabalhadores expostos a


riscos de acidentes na coleta e manuseio de resíduos sólidos e na seleção de materiais
recicláveis?
90

Ideia Central A - Recebi (10 sujeitos, 91%)

Sim, as minhas estão todas em dia.

Verifica-se que a maioria dos funcionários declarou ter tomado todas as vacinas
necessárias.

Ideia Central B – Não (1 sujeito, 9%)

Não, até hoje eu não tomei ela não. Até hoje ninguém comentou comigo isso não.

Percebe-se por esse discurso que não foi levado ao conhecimento de um funcionário as
vacinas que ele deve tomar para lidar com os resíduos que chegam à usina. Verifica-se que este
funcionário é o funcionário com menos tempo de trabalho na usina, porém as vacinas deveriam
ter sido dadas à ele mesmo antes de iniciar os seus trabalhos na usina.

Pergunta 13 – Você teve algum treinamento para aprender o trabalho feito aqui na usina?

Ideia Central A – Aprendi aqui mesmo (4 sujeitos, 36,4%)

Não, aprendi aqui mesmo.

Percebe-se que alguns funcionários declaram que aprenderam o serviço no dia a dia na
usina e não tiveram nenhuma instrução em relação a como fazer o trabalho.

Ideia Central B – Tive com colegas (6 sujeitos, 54,6%)

Tive...nos primeiros dias tive...com colegas.

Verifica-se que a maioria dos funcionários aprenderam as atividades da usina com os


colegas mais experientes.

Ideia Central C – Tive com pessoas capacitadas (1 sujeito, 9%)

Teve... uma pessoa instruiu “nois” pra fazer o trabalho... é... explicando “nois”o risco de
perigo que tem. Foi na época que a gente veio aqui, teve médico essas coisas, o médico falou
pra “nois” como é que tinha que trabalhar, os riscos que tinha e veio outras “pessoa”
também...capacitada também pra mostrar pra gente como que teria que ser feito o trabalho.
91

Verifica-se que somente um funcionário declarou ter aprendido o trabalho feito na usina
com pessoas capacitadas. Cabe salientar que esse funcionária trabalha na usina há 14 anos,
desde que a usina começou suas atividades.

Tema 3 - Resíduos manipulados

Quadro 5.3 – Perguntas e ideias centrais do tema 3.

Pergunta Ideias centrais Sujeitos


14 – Os resíduos de capina e A - Não é triturado, mas é colocado no pátio 1
poda são agregados para fazer a compostagem
diretamente ao processo de B – Galho de árvore não entra 9
compostagem? É feita a C – Os galhos não são aproveitados porque não 1
trituração desses resíduos? tem o triturador
15 – Como é feita a disposição A – Vão para a vala própria 8
final dos resíduos de serviços B – Vão para fora 2
de saúde? C – Sempre costuma vir alguma agulha no lixo 1
16 – Como é feito o Em uma coberta (galpão) 11
armazenamento dos
recicláveis?
17 – Como são as valas de São isoladas 11
rejeitos? Elas são isoladas das
demais unidades da usina?
18 – Há sistema de drenagem A – Há sim 4
da água da chuva no entorno B – Não sei 4
das valas em utilização e das C - Não 100% 1
encerradas? D – Não há 2

Pergunta 14 – Os resíduos de capina e poda são agregados diretamente ao processo de


compostagem? É feita a trituração dessas resíduos?

Ideia Central A - Não é triturado, mas é colocado no pátio para fazer a compostagem (1 sujeito,
9%)

São, não, triturado não, ele só é colocado no pátio pra fazer a compostagem lá.

Percebe-se que um funcionário declarou que os galhos, apesar de não serem triturados,
são agregados ao processo de compostagem.
92

Ideia Central B - Galho de árvore não entra (9 sujeitos, 82%)

Ás vezes assim...as “folha” né?! As “folha”, às vezes uma poda de grama, galho de árvore
não...não entra.

Percebe-se por esse discurso que somente as folhas ou podas de grama são agregadas ao
processo de compostagem, os galhos são considerados rejeitos e vão diretamente para as valas.

Ideia Central C - Os galhos não são aproveitados porque não tem o triturador (1 sujeito, 9%)

O que a gente pode aproveitar a gente aproveita, se for orgânico... É...só as folhas, aquilo que
não tem como virar orgânico é rejeito, aí joga lá na vala, os galhos não são aproveitados
porque não tem o triturador, se tivesse podia né?! Triturar e fazer orgânico, mas como não
tem só tira aquilo que vai dar a compostagem... o orgânico aí a gente aproveita, mas galho
essas coisas é rejeito, tem que jogar fora.

Por esse discurso, percebe-se que um funcionário destaca que os galhos não são
aproveitados no processo de compostagem pois não há triturador na usina, por isso, os galhos
acabam sendo considerados rejeitos e vão diretamente para as valas.

Pergunta 15 – Como é feita a disposição final dos resíduos de serviços de saúde?

Ideia Central A – Vão para a vala própria (8 sujeitos, 72,7%)

Tem a vala própria, esse não passa pra nós também não, a gente nem vê ele não, não sei nem
quem pega, já pega e já vai direto pra vala, tem a vala própria.

A maioria dos funcionários afirma que os resíduos de serviços de saúde vão para uma
vala específica. Porém, conforme foi informado, esses resíduos agora estão sendo
encaminhados para Belo Horizonte para sua incineração, como já dito anteriormente, portanto,
percebe-se uma desinformação por boa parte dos funcionários sobre um assunto que é referente
ao seu trabalho.
93

Ideia Central B – Vão para fora (2 sujeitos, 18,3%)

Antigamente era aqui né?! “Cê” fala o lixo hospitalar esse negócio né?! No caso né?!
Antigamente ele era “subenterrado” ali né?! Só que hoje não...hoje ele vai acho que pra Belo
Horizonte, sei lá, um negócio assim.

Percebe-se que dois funcionários declaram que os resíduos de serviços de saúde não estão
sendo mais dispostos na usina, porém, não sabem dar a informação precisa de para onde ele é
encaminhado.

Ideia Central C - Sempre costuma vir alguma agulha no lixo (1 sujeito, 9%)

É, hospitalar desce sempre separado, diz que agora tá levando um “cado” pra Belo Horizonte
né?! Hospitalar. Sempre costuma vir alguma agulha no lixo ali, mas é lixo assim, caseiro,
alguém que toma insulina, que toma injeção eles “coloca” junto entendeu?! Aí coloca a gente
não vê, já tomei até “estrepada” de agulha já uma vez.

Verifica-se por esse discurso, que o funcionário destaca que apesar de os resíduos de
serviços de saúde serem encaminhados para outro lugar, vem sempre algum resíduo desse tipo
das casas e sem identificação, sendo acondicionados juntamente com outros tipos de resíduos.
Assim, percebe-se a falta de conhecimento da população de como o resíduo de saúde deve ser
acondicionado. Castilhos Junior et al. (2003) salientam que o acondicionamento dos resíduos
sólidos deve ser compatível com suas características quali-quantitativas, o que facilita a
identificação e possibilita o manuseio seguro dos resíduos. Assim, o resíduo mal acondicionado
significa riscos à saúde e a segurança de quem o manuseia, pois pode levar ao aparecimento de
doenças.

Pergunta 16 – Como é feito o armazenamento dos recicláveis?

Ideia Central – Em uma coberta (galpão) (11 sujeitos, 100%)

Eles são “guardado” na coberta grande ali e são “tudo” armazenado lá, já tudo prontinho os
“fardo”, tudo organizado, cada tipo de material.

Verifica-se que os resíduos potencialmente recicláveis são prensados, enfardados e


armazenados em um galpão, onde são organizados por tipo de material, o que está de acordo
94

com a FEAM (2006), pois entre os procedimentos diários com relação às baias de recicláveis
recomenda-se organizar e empilhar os fardos por tipo de material.

Pergunta 17 – Como são as valas de rejeitos? Elas são isoladas das demais unidades da usina?

Ideia Central – São isoladas (11 sujeitos, 100%)

É...ela é mais isolada porque é lá embaixo né?! Não é próximo aqui né?!

Percebe-se que todos os funcionários afirmaram que a vala de rejeitos está isolada das
demais unidades da usina, o que pode ser verificado durante visitas a campo.

Pergunta 18 – Há sistema de drenagem da água da chuva no entorno das valas em utilização e


das encerradas?

Ideia Central A – Há sim (4 sujeitos, 36,4%)

Há, há sim.

Verifica-se que uma parte dos funcionários afirma ter um sistema de drenagem pluvial no
entorno das valas em utilização e das encerradas. Em campo, verificou-se que há um sistema
de drenagem superficial, porém percebeu-se pontos de acúmulo de água da chuva, o que
evidencia falha no sistema de drenagem pluvial. Segundo a FEAM (2006), dentre os
procedimentos que devem ser realizados em relação à vala de rejeitos está a manutenção do
sistema de drenagem pluvial.

Ideia Central B – Não sei (4 sujeitos 36,4%)

É, não sei dizer não, eles “faz” pra lá a gente não vai lá e quase não vê né?!

Por esse discurso, verifica-se novamente a falta de informação de alguns funcionários


sobre assuntos referentes a usina.

Ideia Central C – Não 100% (1 sujeito, 9%)

Não... 100% não.

Verifica-se que um funcionário afirma ter um sistema de drenagem, mas que não funciona
100%, o que pode ser evidenciado pelos pontos de acúmulo de água de chuva.
95

Ideia Central D – Não há (2 sujeitos, 18,2%)

Ah a gente não tem não... não tem como fazer o dreno, porque ali as “vala” é funda, não tem
como fazer um dreno pra poder assim a água sair, aquilo ali a água cai nela e vai entrando,
não tem como fazer, a vala é muito funda.

Verifica-se por esse discurso, que alguns funcionários afirmam não ter o sistema de
drenagem por não ter como fazê-lo.

Tema 4 – Valorização dos trabalhadores

Quadro 5.4 – Perguntas e ideias centrais do tema 4.

Pergunta Ideias centrais Sujeitos


19 – Em sua opinião, o que a A – Para eles o lixo é uma coisa suja 2
população da cidade pensa B – Eles acham muito bom 7
sobre seu trabalho? C- Eles acham que o trabalho é muito fácil 1
D – Não vi ninguém comentando nada 1
20 – Em sua opinião, qual é a A – Eu gosto de fazer tudo 6
melhor e a pior parte do seu B – Mesa de triagem 3
trabalho (Qual parte do serviço C - A pior parte é quem tem que pegar o rejeito 2
você mais gosta de fazer e a e jogar em cima do caminhão
que menos gosta)? Por quê?
21 – Se fosse para melhorar A – Não mudaria nada 3
seu trabalho, o que você B – Colocaria uma correia na mesa de triagem 5
mudaria aqui na usina? para puxar o lixo
C – Ampliar a usina, aumentar o número de 2
trabalhadores
D – Aqui precisava de um triturador 1

Pergunta 19 - Em sua opinião, o que a população da cidade pensa sobre seu trabalho?

Ideia Central A - Para eles o lixo é uma coisa suja (2 sujeitos, 18,3%)

Ah eu acho que o povo até hoje ainda não conscientizou que a gente tem uma usina de lixo, que
a gente, é...pra eles o lixo é uma coisa suja, então eles têm um jeito de olhar pra gente, assim,
como diz, seu trabalho é um lixo, mas só que eles “num”” vê” que o lixo sai de dentro da casa
deles, eles “convive” com ele ali primeiro, depois que a gente pega, então eu não vejo o meu
serviço aqui um serviço tão ruim assim, é uma coisa que sai de dentro das nossas casas,
então...né?! Acho que todo mundo devia enxergar isso, falar assim: não, a usina de lixo não é
uma coisa tão suja. Não vem lixo hospitalar, não vem lixo sujo, é lixo de casa, lixo doméstico,
96

então o que que acontece sai de dentro da casa de todo mundo, eu acho que ninguém
tem...precisa ter nojo deles né?!

Nesse discurso, percebe-se que ainda há muito preconceito com relação às pessoas que
trabalham com os resíduos, mas como foi bem pontuado nesse discurso, as pessoas precisam
ter a consciência de que o resíduo sai de sua própria casa e a usina é uma forma de diminuir o
impacto causado no meio ambiente pelos resíduos produzidos pela sociedade.

Ideia Central B – Eles acham muito bom (7 sujeitos, 63,7%)

Você fala o pessoal da cidade? Bom, eu penso que eles “vê” um trabalho bonito que a gente
faz né?! De preservar o meio ambiente...é...fazer uma organização na área de saúde né?! é...
bom, com a gente ninguém fala nada mas deve de achar bom né?! O trabalho que a gente faz,
preservando o meio ambiente né?!

Percebe-se que a maioria dos funcionários acham que a população da cidade percebe o
trabalho deles como um trabalho bom, principalmente, porque é uma forma de preservar o meio
ambiente.

Ideia Central C - Eles acham que o trabalho é muito fácil (1 sujeito, 9%)

Ah eu acho que eles “acha” assim que o trabalho aqui é muito fácil, do jeito que a gente
trabalha, mas não é, mas pra quem não pega acha que é fácil né?! Mas é um trabalho bem
forçado e muita gente tem preconceito, eu acho.

Verifica-se que algumas pessoas julgam o trabalho feito na usina como fácil.

Ideia Central D – Não vi ninguém comentando nada (1 sujeito, 9%)


Não sei como falar não...não vi ninguém comentando nada

Percebe-se que esse funcionário preferiu se abster da resposta.

Pergunta 20 - Em sua opinião, qual é a melhor e a pior parte do seu trabalho (Qual parte do
serviço você mais gosta de fazer e a que menos gosta)? Por quê?
97

Ideia Central A – Eu gosto de fazer tudo (6 sujeitos, 54,5%)

Ah a gente procura esforçar e gostar de tudo porque...tem que fazer todas elas né?! Tem que
habituar a fazer com perfeição, de boa vontade, procurar gostar né?! Porque a área toda ela
aqui é difícil. Pensar assim, vou mexer com o lixo, aquilo ali a gente tem que rasgar tudo, tem
que passar tudo na mão da gente, tem coisas podres, tem...desagradável né?! Geralmente você
trabalha com coisa desagradável o dia inteiro, você imagina, só de você imaginar, trabalhando
com o lixo, ali passa tudo que você imagina de porco, de porcaria, passa tudo né?! Também
passa algumas coisas “asseada”, que a gente...passa pela mão da gente e tem que organizar o
lixo né?! O que não serve jogar fora, o que serve você aproveitar, então a gente trabalha
daquela forma que...um trabalho assim meio árduo, mas a gente não tem o que fazer não. Então
tem que procurar dedicar e gostar porque se a gente não gostar não tem nem como a gente
trabalhar na área.

Percebe-se que a maioria dos funcionários declarou gostar de desempenhar todas as


atividades da usina. Por esse discurso, percebe-se que por mais que o trabalho seja árduo os
funcionários procuram gostar das atividades que desempenham pois assim conseguem se
dedicar e desempenhar bem a sua função.

Ideia Central B – Mesa de triagem (3 sujeitos, 27,3%)

A que eu mais gosto é a separação dos materiais lá na banca (mesa de triagem) e a que eu
menos é gosto é...por exemplo, alguns materiais que ás vezes são pesados pra gente levar pro
lugar que ele fica, entendeu?! Conforme o material, é pesado, por exemplo, o vidro, o orgânico.

Verifica-se que alguns funcionários preferem executar o trabalho de separação na mesa


de triagem.

Ideia Central C - A pior parte é quem tem que pegar o rejeito e jogar em cima do caminhão (2
sujeitos, 18,2%)

Ah na minha opinião a pior parte no caso deles ali na banca ali é quem trabalha lá na ponta
lá pegando o rejeito e jogando em cima do caminhão, no meu caso não porque eu trabalho na
prensa, mas a gente vê quem tá ali na ponta com aquele “bitelão” daquele garfo jogando em
cima do caminhão o dia inteiro, não é fácil, é um dia...dois só, mas...vai trocando né?!
98

Verifica-se que o trabalho de jogar o rejeito após a separação dos materiais na mesa de
triagem no caminhão para levar para a valas é um trabalho muito árduo, seria necessário que
tivesse uma moega que descarregasse esse rejeito diretamente no caminhão.

Pergunta 21 - Se fosse para melhorar seu trabalho, o que você mudaria aqui na usina?

Ideia Central A – Não mudaria nada (3 sujeitos, 27,3%)

Não mudaria nada não, tranquilo, “tô” satisfeita.

Verifica-se que alguns funcionários declararam não ser preciso mudar nada na usina para
que seu trabalho fosse melhorado. Esses trabalhadores se dizem satisfeitos com as condições
atualmente oferecidas

Ideia Central B – Colocaria uma correia na mesa de triagem para puxar o lixo (5 sujeitos,
45,4%)

Ah menina, isso aí é muita coisa né?! É o que a gente sempre fala né?! É uma correia nessa
banca (mesa de triagem) né?! Pra... ao invés de ficar arrastando o lixo na banca a correia já
vem trazendo, um jeito melhor ali do rejeito já cair em cima do caminhão né?! Pra evitar ficar
batendo “galfo”, isso aí já melhoraria bem né?!

Verifica-se nesse discurso como é árduo o trabalho manual executado na mesa de


triagem, assim, quase a metade dos funcionários alegaram que uma correia para puxar os
resíduos na mesa de triagem facilitaria o trabalho realizado na mesma.

Ideia Central C – Ampliar a usina, aumentar o número de trabalhadores (2 sujeitos, 18,2%)

Ah eu penso que teria mais que...ampliar mais a usina né?! Fazer uma ampliação, mais frente
de trabalho, eu penso assim, uma organização maior né?! É...a cidade vai crescendo muito, a
população vai aumentando muito ai passa ás vezes...os que tão trabalhando...vai apertando
mais e ficando mais difícil pra poder fazer...o que eu penso é assim...deveria...com o tempo vai
ter que ampliar pra poder dar um melhor estar pro trabalho...porque assim como vai crescendo
a população vai ter que evoluir também a usina.

Nesse discurso, verifica-se a preocupação com as condições das instalações físicas e a


infraestrutura da usina como fator determinante de uma melhoria no trabalho. Além disso,
99

destaca-se que é necessário aumentar o número de funcionários para que haja mais eficiência
na separação dos resíduos, verifica-se pelo discurso que o trabalho seria melhorado se tivessem
mais funcionários na usina.

Ideia Central D – Aqui precisava de um triturador (1 sujeito, 9%)

É..aqui na verdade precisava de um...triturador, precisava às vezes do...da...correia né?! Mas


eu acho que isso vai ser muito difícil.

Verifica-se por esse discurso que esse funcionário destaca a importância de ser ter um
triturador em uma unidade como esta, visto que assim, os galhos seriam agregados ao processo
de compostagem e não iriam diretamente para a vala de rejeitos, aumentando a vida útil da vala
e possibilitando uma maior produção de adubo orgânico.

5.4.2 Gestor municipal

A entrevista foi realizada com o gerente do Departamento de Fiscalização e Gestão de


Meio Ambiente do município, que é responsável pela UTC. A seguir são apresentadas as
respostas obtidas para cada pergunta em seu respectivo tema.

Tema 1 – Gestão de resíduos sólidos no município

Pergunta 1 - Qual era a forma de disposição dos resíduos sólidos antes da implantação da
unidade?

Antes da implantação da UTCL, a disposição final era o lixão que se encontrava a 1 Km da


cidade em uma voçoroca.

Verifica-se que antes da implantação da UTC no município, os resíduos eram dispostos à


céu aberto, forma inadequada de disposição de resíduos sólidos que acarreta impactos negativos
no ambiente e na saúde humana.

Pergunta 2 - Você sabe dizer o que incentivou a criação da unidade no município?

Houve um auto de infração realizado pelo IBAMA na época, o que gerou um TAC (Termo de
Ajustamento de Conduta) que determinou a construção de uma unidade de destinação correta
de resíduos sólidos urbanos.
100

Pelo depoimento do entrevistado, percebe-se que o município recebeu uma autuação


referente à disposição inadequada de resíduos, visto que os resíduos eram dispostos em um
lixão. Assim, para reverter essa autuação teve que ser feito um TAC com o Ministério Público
Estadual. Sabe-se que essas ações de regularização da situação ambiental dos municípios em
Minas Gerais tiveram início efetivo após a publicação da DN 52/2001 do COPAM, pois
segundo esta deliberação, todas as cidades mineiras que ainda possuíam lixões teriam até 14 de
dezembro de 2001 para implementar melhorias na área de disposição final de resíduos sólidos
urbanos e adotar o sistema adequado de disposição final de resíduos como aterros sanitários e
unidades de compostagem.

Pergunta 3 - Qual é a sua opinião a respeito da responsabilidade da administração pública


municipal sobre a gestão de resíduos sólidos?

Cabe a administração pública realizar de forma direta ou indireta a destinação correta de seus
lixos urbanos.

Pelo discurso, verifica-se que o entrevistado tem consciência da responsabilidade da


administração pública do município quando se trata da gestão de resíduos sólidos e de que cabe
a ela a destinação correta dos resíduos sólidos urbanos.

Pergunta 4 - Em sua opinião, qual é a importância de uma unidade de triagem e compostagem


para o município?

As UTCLs possuem papel ímpar no que se diz respeito a destinação dos resíduos sólidos
urbanos, porém precisamos identificar onde e como projetar tais unidades. O que vemos hoje
no Brasil são usinas mal projetadas e que não conseguem atender a demanda dos resíduos
produzidos.

Verifica-se pelo discurso que o entrevistado destaca a importância que tem uma UTC,
porém ele pontua que é necessário saber onde e como projetar essas unidades pois há muitas
usinas que não desempenham bem o papel para o qual foram projetadas.
101

Pergunta 5 - Também sua opinião, qual é a importância da coleta seletiva para a usina?

A coleta seletiva é indispensável para as usinas, pois com a separação correta dos resíduos na
fonte se torna mais fácil, seguro e eficaz a produtividade daqueles que têm a missão de
proporcionar qualidade ambiental para os municípios.

Verifica-se pelo discurso que há a percepção de que a coleta seletiva é indispensável para
as UTCs pois com a realização da mesma a eficiência do trabalho realizado na usina se torna
maior, além de o trabalho se tornar mais fácil e seguro.

Pergunta 6 - Quais são as metas do munícipio em relação ao tratamento de resíduos sólidos?

Construção de um aterro sanitário consorciado com outros municípios a fim de atender as


demandas locais, aperfeiçoamento e ampliação da coleta seletiva e melhoria da frota e
veículos.

Observa-se que há a ideia de se fazer um consórcio municipal com outros municípios da


região a fim de resolverem seus problemas comuns com relação à disposição de resíduos
sólidos. Além disso, é falado sobre a questão da coleta seletiva, que como já citada
anteriormente, apesar de já ter sido implantada no município, não está funcionando, assim, é de
pretensão do município aperfeiçoá-la e ampliá-la, além disso, também é destacada a questão da
melhoria na frota de veículos.

Pergunta 7 - Em média, qual é quantidade (t/dia) de resíduos recebidos pela Usina?

7,5 toneladas/dia.

Verifica-se a quantidade de resíduos recebida por dia na UTC, segundo o entrevistado, é


de 7,5 toneladas/dia. Destaca-se que a informação dada pelo entrevistado não está em
consonância com a média obtida nos últimos trimestres de 2014 e primeiro trimestre de 2015,
em que obteve-se a média da quantidade de resíduo destinada a UTC de 173.900 Kg por mês,
portanto, seria uma média 5,8 toneladas/dia de resíduos recebidos pela UTC.
102

Tema 2 – ICMS Ecológico

Pergunta 8 - Você sabe dizer o que é o ICMS Ecológico?

Ele possibilita que os municípios obtenham recursos financeiros para investirem nos projetos
ambientais. Vale ressaltar que o ICMS atualmente foi consideravelmente reduzido ficando
inviável que as cidades consigam manter a operacionalidade de suas unidades com as receitas
repassadas pelo estado.

Percebe-se que para o entrevistado o ICMS Ecológico é um mecanismo que possibilita


aos municípios tenham acesso aos recursos financeiros para investirem em projetos ambientais.
Além disso, o entrevistado destaca que o valor do ICMS é disponibilizado de acordo com o
desempenho operacional da usina, e que o valor do ICMS Ecológico atualmente está reduzido,
o que, segundo ele, torna difícil manter a operacionalidade da UTC.

Pergunta 9 - Qual a sua opinião sobre valores recebidos do ICMS Ecológico pelo município?

Os valores são muito baixos e não suprem a demanda da nossa UTC.

Verifica-se que o ICMS Ecológico é considerado insuficiente para cobrir os gastos que
os município tem com a UTC, vale destacar que qualquer gestor municipal gostaria de receber
valores maiores de incentivos fiscais, ainda mais quando se trata de um município de pequeno
porte, que conta com baixa dotação orçamentária e baixa arrecadação fiscal.

Pergunta 10 - O que o município faz com o recurso do ICMS Ecológico? Quais são os critérios
para utilização do ICMS Ecológico?

Hoje, esse recurso é muito pequeno, porém após o recebimento da receita nosso município
investe no pagamento dos encargos sociais e de salário dos nossos funcionários e
equipamentos de manutenção.

O entrevistado afirma que o ICMS Ecológico recebido é pouco e que esse valor auxilia
no pagamento dos encargos sociais e de salário dos funcionários e equipamentos de
manutenção. Percebe-se que não há a preocupação de se utilizar este recurso para resolver
questões voltadas ao meio ambiente, o município o vê como uma fonte “extra” de arrecadação.
103

Todos os resultados obtidos possibilitaram o diagnóstico da operação e da qualidade


ambiental da Usina de Triagem e Compostagem analisada, assim, as considerações obtidas no
estudo serão relacionadas na próxima seção.
104

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As considerações que se seguem foram embasadas na revisão da literatura realizada sobre


os diversos temas abordados, nas análises documentais, nas visitas a campo, nas entrevistas e
nos resultados obtidos após a compilação dos dados.

6.1 A UTC Entre Rios

Verificou-se que no que se trata da localização, a UTC não atende aos requisitos mínimos
estabelecidos pela Deliberação Normativa nº 118 de 2008, o que pode ocasionar contaminação
dos mananciais de água pelo chorume, além da proliferação de vetores causadores de doenças,
geração de odores desagradáveis causando desconforto e riscos à saúde para a população de
entorno. Assim, destaca-se que é essencial que não ocorra uma alteração do uso do solo atual,
principalmente que propicie adensamento populacional na região.

Em relação às instalações que compõem os projetos básicos das UTCs, verificou-se que
a UTC apresenta unidades básicas de recepção, triagem, armazenamento de materiais
recicláveis, pátio de compostagem, instalações de apoio e valas para o aterramento de rejeitos,
semelhantemente ao que foi verificado nos dados da literatura.

No que se refere à mesa de triagem, pôde-se verificar durante as visitas de campo que a
altura da mesa precisa ser remanejada visto que alguns funcionários precisam abaixar para fazer
a separação dos resíduos, além disso, percebeu-se que a triagem ocorre de forma desorganizada,
devido à grande quantidade de resíduos e ao reduzido número de funcionários. Também
verificou-se que nem todos os funcionários usam os EPIs necessários nas atividades que
executam.

Em relação ao armazenamento dos recicláveis, é importante destacar que as baias ficam


à céu aberto, tornando os materiais triados vulneráveis à chuva, o que pode causar prejuízos
para a venda destes durante este período.

No que tange a vala de rejeitos, foi informado que o recobrimento dos resíduos é realizado
após um mês. O adequado deveria ser o recobrimento diário dos resíduos, porém há falta de
equipamentos (tratores) para o recobrimento das valas com terra. É importante destacar que há
um certo desestímulo à implantação de um sistema adequado de disposição final de resíduos
em municípios de pequeno porte, devido ao baixo volume de resíduos gerados e aos gastos com
105

implantação e/ou operacionalização. Na UTC analisada, verifica-se a pouca disponibilidade de


equipamentos para a operação da vala de rejeitos, o que pode ser considerado um fator limitante
à operação adequada dessa área.

Destaca-se que a forma inadequada de construção e operação das valas de rejeitos de


UTCs são problemas importantes e portanto, deveriam receber maior atenção por parte da
FEAM, das prefeituras e dos responsáveis técnicos da usinas.

Em relação às valas já encerradas, verifica-se que se encontram revegetadas de forma


inadequada, visto que a revegetação ocorreu com espécies arbustivas e arbóreas, assim, as raízes
das árvores criam caminhos preferenciais para as águas da chuva, favorecendo a contaminação
do solo.

Já no que se trata as demais unidades da usina, pátio de compostagem e instalações de


apoio, verificou-se que elas desempenham bem o papel para o qual foram projetadas.

6.2 Geração e caracterização dos resíduos

Verificou-se que a composição gravimétrica dos resíduos gerados no município de Entre


Rios de Minas pode ser considerada típica de um município de pequeno porte, visto que a
quantidade de matéria orgânica putrescível é inferior à quantidade de materiais recicláveis. Isso
se justifica pois em boa parte dos pequenos municípios brasileiros a população urbana vive em
condições muito parecidas com aquelas em que vivem algumas comunidades rurais, muitas
vezes os resíduos orgânicos são utilizados como alimento para animais domésticos ou até
mesmo como adubo em hortas, assim, o desperdício nessas localidades é mínimo.

Já em relação à geração per capita, não se encontrou um valor típico de um município de


pequeno porte, visto que o resultado encontrado para a produção per capita foi de 0,567
Kg/hab.dia e diante do fato de que nessas localidades o desperdício é mínimo, espera-se que a
produção de resíduos seja bem inferior a 0,5 Kg/hab.dia, entretanto, o valor encontrado é
inferior à média da produção per capita no Brasil.

Apesar de a composição gravimétrica dos resíduos produzidos no município mostrar que


a maior parte deles pode ser tratado, verificou-se que dentre os resíduos que são diretamente
encaminhados para a vala de rejeitos da UTC, certamente há matéria orgânica e materiais
potencialmente recicláveis, visto que pela composição gravimétrica cerca de 31% dos resíduos
106

encaminhados para a usina foram considerados rejeitos, e pôde-se verificar, pelo controle
operacional, que, em média, 64% dos resíduos são encaminhados diretamente para a vala de
rejeitos. Assim, é muito importante destacar a grande dificuldade operacional que a usina
enfrenta, pois há muita dependência da separação prévia dos resíduos, e, além disso, é grande
a quantidade de resíduo que chega para um pequeno número de funcionários, assim, não é
possível que haja uma triagem totalmente eficiente.

6.3 Coleta Seletiva

Percebeu-se a inter-relação entre a coleta seletiva e a eficiência de uma Usina de Triagem


e Compostagem, dado que com a realização da mesma, o trabalho durante a triagem dos
resíduos é facilitado, além do que a presença de materiais inertes na massa de resíduos pode
comprometer tanto a quantidade de matéria orgânica putrescível quanto a qualidade do
composto final.

Verificou-se que no município de estudo, há uma falta de orientação para a elaboração e


implantação do plano municipal de coleta seletiva e programas de educação ambiental, tão
essenciais para o sucesso do processo. Visto que mesmo com a implantação da coleta seletiva
em 2008 e com campanhas e ações de educação ambiental realizadas, a maioria da população
ainda não contribui com o processo.

Sabe-se que a coleta seletiva é extremamente dependente da colaboração da população e


tem como dificultador a adesão da mesma, assim, é necessário a realização de um trabalho de
mobilização da população com adequado acompanhamento no município, o que solucionaria
grande parte dos problemas que a usina enfrenta.

6.4 IQC

A UTC foi enquadrada em condições inadequadas com a aplicação do IQC. É importante


destacar que houveram pontuações baixas em sub-itens das características do local, da
infraestrutura implantada e das condições operacionais que contribuíram para a queda global
do IQC, os quais obtiveram pontuações menores por apresentarem deficiências que foram
observadas durante visita de campo, sendo de grande importância destacar que a avaliação do
IQC é subjetiva e pode variar com o modo de aplicação por diferentes profissionais e rigor
107

técnico de cada um deles. Outro aspecto a ser pontuado é que a avaliação é momentânea e
baseia-se apenas as condições no momento inspeção.

Porém, mesmo apresentado tais deficiências, esse instrumento permite uma avaliação
integrada dos fatores que se relacionam com as UTCs, e a metodologia utilizada permite uma
uniformização de procedimentos que servem para avaliar qualitativamente o desempenho
técnico-operacional e ambiental de UTCs, sendo de fácil aplicação e baixo custo.

6.5 Entrevistas

Com relação às entrevistas realizadas com os funcionários, verificou-se, de maneira geral,


que os funcionários da usina demonstraram conhecer o que é a coleta seletiva e a relevância
desta para tornar o trabalho que realizam mais agradável, proveitoso e saudável, apesar desta
não funcionar como deveria devido à dificuldade de adesão da população. Reconheceram que
é necessário a utilização de equipamentos de proteção individual para manutenção da saúde,
embora alguns funcionários tenham admitido que nem sempre o utilizam. Além disso, alguns
funcionários destacaram a falta de reconhecimento do trabalho que realizam por parte da
população. Verificou-se também que os funcionários demonstraram perceber a importância
desse trabalho, especialmente em relação ao meio ambiente, e a maioria declarou gostar do
trabalho que realiza na usina, porém, é importante destacar que apesar de muitos funcionários
terem demonstrado satisfação com relação ao trabalho que executam, percebe-se que ainda há
muito a ser feito pelos trabalhadores que lidam diretamente com os resíduos sólidos urbanos.

Destaca-se que quando foi questionado aos funcionários o que eles mudariam na usina
para que o trabalho deles fosse melhorado, muitos funcionários responderam que há a
necessidade de ter uma correia ou uma esteira transportadora na mesa de triagem a fim de que
o trabalho realizado seja menos árduo e que a efetividade de separação dos resíduos seja maior.

No que tange à entrevista realizada com o gestor municipal, o que se observou é que o
gestor municipal entrevistado reconhece o objetivo da implantação de uma UTC e valoriza essa
unidade como uma ferramenta de grande utilidade para minimizar os problemas relacionados
aos resíduos sólidos gerados no município, bem como considera que a coleta seletiva é essencial
para uma UTC. Além disso, o entrevistado destaca que é de dever da administração pública
municipal promover a disposição correta dos resíduos sólidos, cabe ressaltar que em relação ao
ICMS Ecológico, há uma visão um pouco distorcida quanto à sua finalidade, pois ele é um
108

instrumento para incitar os governos locais a tomarem decisões para investimentos em


saneamento e preservação ambiental. Verificou-se também que há falta de recurso financeiro
no município, principalmente para ações voltadas ao saneamento ambiental e que o ICMS
Ecológico é utilizado para suprir esse déficit nas despesas relacionadas à usina.

Por fim, destaca-se que apesar de a UTC analisada apresentar deficiências com relação à
operação e à qualidade ambiental, ela tem contribuído de forma positiva para a melhoria da
qualidade ambiental em seus domínios. Vale ressaltar que por receber incentivos do ICMS
Ecológico, ela segue parte das orientações técnicas e exigências da FEAM, como o controle
operacional que é enviado a cada três meses para a mesma. As UTCs tem-se tornado uma
alternativa para a erradicação dos lixões em municípios de pequeno porte por se constituírem
de um sistema simplificado, assim, é de grande importância destacar que apesar das deficiências
que apresentam principalmente com relação à operacionalização, elas proporcionam um grande
ganho ambiental em face de, em muitos municípios brasileiros, substituírem o lixão, que é uma
forma inadequada de disposição de resíduos sólidos.
109

REFERÊNCIAS

ABRELPE. Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais.


Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil. 2014.

ABREU, M. F. (Org.). Coleta seletiva com inclusão social: em municípios, empresas,


instituições, condomínios e escolas. Belo Horizonte: CREA-MG, 2008. Disponível em: <
http://www.crea-
mg.org.br/publicacoes/Cartilha/Coleta%20Seletiva%20com%20Inclus%C3%A3o%20Social.
pdf>. Acesso em: 15 maio 2015.

ABREU, S. E. A.. Pesquisa e análise documental. 2004. Disponível em: <


http://www.unievangelica.edu.br/gc/imagens/noticias/1817/file/01.pdf>. Acesso em: 05 Jun.
2015.

ALMEIDA, T. L.. Implicações ambientais dos processos de atenuação de lixiviado em


locais de disposição de resíduos sólidos urbanos. São Carlos: Escola de Engenharia de São
Carlos, 2009. Disponível em: < http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18138/tde-
25062009-123008/pt-br.php>. Acesso em: 28 Fev. 2015

ANDRADE, A. W. O.. Arqueologia do lixo: Um estudo de caso nos depósitos de resíduos da


cidade de Mogi das Cruzes em São Paulo. São Paulo: Programa de Pós-graduação em
Arqueologia, 2006.

ANDRADE, I. C. de M.. Estudo sobre a percepção de gestores municipais quanto às


unidades de Triagem e Compostagem em Minas Gerais. Belo Horizonte: Programa de Pós-
graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos, 2010.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT. Apresentação de


projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos - NBR 8419. Rio de Janeiro, 1992.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT. Resíduos Sólidos –


Classificação – NBR 10004. Rio de Janeiro, 2004.

BALBINOT, F. N.. Diretrizes para a elaboração de um Plano de Gestão Integrada de


Resíduos Sólidos para o município de Marau-RS. Universidade de Passo Fundo. Faculdade
de Engenharia e Arquitetura. Passo Fundo, 2014. Disponível em: <
110

http://usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2014-1/Francine%20%20Naira%20Balbinot.pdf>.
Acesso em: 20 maio 2015.

BANDEIRA, M.. Definição das variáveis e métodos de coleta de dados. Laboratório de


Psicologia Experimental. Departamento de Psicologia – UFSJ. Disponível em < > Acesso em
05 Jun. 2015. Disponível em: < http://www.ufsj.edu.br/portal-
repositorio/File/lapsam/Texto%209-DEFINICAO%20E%20COLETA.pdf >. Acesso em: 05
Jun. 2015.

BRANDÃO, José Ricardo. Análise de sistemas de valorização de resíduos via compostagem


e reciclagem e sua aplicabilidade nos municípios mineiros de pequeno porte. Belo
Horizonte: Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos,
2006.

BARBOSA, L. T.. Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos no Norte de Minas Gerais:


Estudo Relativo à Implantação de Unidades de Reciclagem e Compostagem a partir de 1997.
Belo Horizonte: Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos
Hídricos, 2004.

BIDONE, F. R. A.; POVINELLI, J.. Conceitos Básicos de resíduos Sólidos. São Carlos:
EESC/USP, 1999.120 p.

BLEY JR, C.. As usinas de processamento de lixo no Brasil. 2009. Disponível em


Ecoltec.com Publicações Técnicas <http://www.ecoltec.com.br/publicações técnicas.htm>.
Acesso em 16 maio 2015.

BOSCOV, M. E. Geotecnia Ambiental. Editora Oficina de Textos. São Paulo. 2008. 248p.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF,


1988.

_____. Lei nº 5.318, de 26 de Setembro de 1967. Institui a Política Nacional de Saneamento e


cria o Conselho Nacional de Saneamento. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/L5318.htm>. Acesso em: 10 maio 2015.

_____. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação, e dá outras providências.
111

BRASIL. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e


administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outra
providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/Leis/L6938.htm>.
Acesso em: 18 maio 2015.

_____. Lei nº 11.445, 5 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o Saneamento
Básico; altera as Leis nº 6.766, de 19 de Dezembro de 1979, 8.036 de 11 de maio de 1990,
8.666, de 21 de Junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei nº 6.528, de 11
de maio de 1978; e dá outra providências. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm>. Acesso em: 18
maio 2015.

_____. Lei nº 12.040, de agosto de 1995. Dispõe sobre o repasse do Imposto Sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços – ICMS. Disponível em: <http://www.fjp.mg.gov.br/robin-
hood/index.php/leirobinhood/legislacao/lei1204095>. Acesso em: 18 maio 2015.

_____. Lei nº 12.305, de 2 de Agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos;
altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 28
fev. 2015.

_____. Lei nº 13.803, de 27 de Dezembro de 2000. Dispõe sobre a distribuição da parcela da


receita do produto da arrecadação do ICMS pertencente aos municípios. Disponível em:
<http://www.siam.mg.gov.br/sla/download.pdf?idNorma=2387>. Acesso em: 18 maio 2015.

CAMPOS, C. J. G.. Método de análise de conteúdo: ferramenta para a análise de dados


qualitativos no campo da saúde. Revista Brasileira de Enfermagem: v.57, n.5. Brasília, 2004.
Disponível em:< http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
71672004000500019>. Acesso em: 09 Jun. 2015.

CAMPOS, L. P. R. ICMS Ecológico: Experiências nos Estados do Paraná, São Paulo, Minas
Gerais e alternativas na Amazônia. In: Outros Instrumentos de Gestão Ambiental, 3, 2000,
Cuiabá. Terceira Reunião Temática. Cuiabá: [s.n.], 2000. 28 p.

CASTILHOS JUNIOR, A. B; LANGE, L. C, GOMES, L. P; PESSIN, N. (Org.). Resíduos


Sólidos Urbanos: Aterro Sustentável para Municípios de Pequeno Porte. Rio de Janeiro: Rima:
112

ABES, 2003. 294 p. Disponível em: < http://stoa.usp.br/wagnerk/files/-


1/16686/resenha1+trabalho+1+de+SMC+-+professor+Paulo+Almeida.pdf>. Acesso em: 22
maio 2015.

CETESB. Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Aterros Sanitários em Valas.


São Paulo: CETESB, 1997. 34 p.

CETESB. Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares – Relatório 2014. São


Paulo, 2014.124 p.

CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais: Evolução e desafios. São Paulo:


Cortez, 2006.

CONAMA. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Dispõe sobre o Inventário Nacional de


Resíduos Industriais. Resolução n. 313, de 29 de Outubro de 2002. Disponível em: <
http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=335>. Acesso em: 18 maio 2015.

CONTADOR, C. R.. Projetos Sociais: Avaliação e Prática. 4ª edição. São Paulo: Atlas, 2000.
375 p.

CORDEIRO, B.S.. Programa de Educação a Distância em Gestão Integrada de Resíduos


Sólidos: Unidade de Estudo 1: Gestão Integrada de Resíduos Sólidos: cenários e conceitos.
Coordenação técnica de Victor Zular Zveibil. SEDU/IBAM, 2001. 8 p.

CORONEL, D. A.; AMORIM, A. L.; FILHO, R. B.. Métodos qualitativos e quantitativos em


pesquisa: Uma abordagem introdutória. Universidade Federal de Viçosa, 2013. Disponível em:
<http://danielcoronel.com.br/wp-content/uploads/2013/09/METODOS-QUANTITATIVOS-
E-QUALITATIVOS-EM-PESQUISA_UMA-ABORDAGEM-INTRODUTORIA.pdf>.
Acesso em: 09 Jun. 2015.

CUNHA, V.; CAIXETA FILHO, J. V.. Gerenciamento da coleta de resíduos sólidos


urbanos: Estruturação e aplicação de modelo não-linear de programação por metas. Gestão e
Produção, v.9, n.2, p.143-161, 2002. Disponível em: <
http://www.scielo.br/pdf/gp/v9n2/a04v09n2>. Acesso em: 06 maio. 2015.

D’ALMEIDA, M.L.; VILHENA, A. Lixo Municipal: Manual de Gerenciamento Integrado. 2


ed. São Paulo: IPT/CEMPRE , 2000. 370 p.
113

DUARTE, R.. Pesquisa qualitativa: Reflexões sobre o trabalho de campo. Cadernos de


Pesquisa, n. 115, p. 139-154. Rio de Janeiro, 2002. Disponível em:<
http://unisc.br/portal/upload/com_arquivo/pesquisa_qualitativa_reflexoes_sobre_o_trabalho_
de_campo.pdf >. Acesso em: 08 Jun. 2015.

ESPINOSA, D. C. R.; TENÓRIO, J. A. S. Controle ambiental de resíduos. In: PHILIPPI JR.,


A.; ROMÉRIO, M. de A.; BRUNA, G. C. (Ed.). Curso de Gestão Ambiental. Barueri:
Manole, 2004. pt 2, p. 155-212.

ENTRE RIOS DE MINAS. Prefeitura Municipal. Plano Diretor Participativo. Entre Rios de
Minas: 2009. Disponível em: <
http://entreriosdeminas.cam.mg.gov.br/download/Plano_diretor_participativo.pdf>. Acesso
em: 08 maio. 2015.

_____. Lei orgânica do Municipal. Entre Rios de Minas: 07 de Fevereiro de 2010. Disponível
em: <
http://entreriosdeminas.cam.mg.gov.br/download/Lei_organica_Entre_Rios_de_Minas.pdf>.
Acesso em: 08 maio 2015.

FEAM. Fundação Estadual do Meio Ambiente. ICMS Ecológico. Belo Horizonte: FEAM,
1997. 50 p.

FEAM. Fundação Estadual do Meio Ambiente. ICMS Ecológico. Belo Horizonte: FEAM,
2009.

_____. Orientações básicas para a operação de Usina de Triagem e Compostagem de Lixo.


Belo Horizonte, 2006. Disponível em: <
http://www.feam.br/images/stories/arquivos/Usina2.pdf>. Acesso em: 22 maio 2015.

_____. Panorama da destinação de resíduos sólidos urbanos em Minas Gerais: Relatório


de progresso Ano Base 2011. Belo Horizonte: FEAM, 2012. Disponível em: <
http://www.feam.br/images/stories/minas_sem_lixoes/2013/novo/relatorio_executivo_panora
ma_rsu_2011.pdf>. Acesso em: 18 maio 2015.

FREIRE, A. O. Usinas de reciclagem e compostagem de resíduos sólidos urbanos: estudos


de casos em 02 (duas) cidades de pequeno porte em Minas Gerais. In: XXII CONGRESSO
114

BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL. Anais...


Joinville:Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, 2003.

GONÇALVES, M. A. O trabalho nas usinas de triagem e compostagem de resíduos sólidos


no Brasil. Dossiê. Pegada Eletrônica, v. 7, n. 1, p. 101-118, 2006. Disponível no
site:<http://www2.prudente.unesp.br/ceget/marcelinov7n1jun2006.pdf>. Acesso em: 7 18
maio 2015

GRIMBERG, E.; BLAUTH P. Coleta Seletiva, reciclando materiais, reciclando valores. São
Paulo, 1998. 91 p. Disponível em: < http://polis.org.br/publicacoes/coleta-seletiva-reciclando-
materiais-reciclando-valores/>. Acesso em: 15 maio 2015.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de Saneamento


Básico 2002. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pnsb/pnsb.pdf>. Acesso
em: 28 Fev. 2015.

_____. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de Saneamento


Básico 2008. Disponível em: <
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pnsb2008/PNSB_2008.pd
f>. Acesso em: 28 Fev. 2015.

INSTITUTO ETHOS; REDE NOSSA SP. Política Nacional de Resíduos Sólidos: Desafios e
Oportunidades para as empresas. São Paulo, 2012. Disponível em: <
http://www3.ethos.org.br/wp-content/uploads/2012/08/Publica%C3%A7%C3%A3o-
Residuos-Solidos_Desafios-e-Oportunidades_Web_30Ago12.pdf>. Acesso em: 18 maio 2015.

IPT. Instituto de Pesquisas Tecnológicas. Avaliação Técnico Econômica da Produção de


Composto Orgânico. São Paulo-SP, 1993, Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de
São Paulo, 4 v. (IPT – Relatório 3/659), 1993.

JUNKES, M. B.. Procedimentos para aproveitamento de resíduos sólidos urbanos em


municípios de pequeno porte. Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção.
Florianópolis, 2002. Disponível em: <http://www.bvsde.paho.org/bvsacd/cd48/9349.pdf>.
Acesso em: 22 maio 2015.
115

LAJOLO, R. D. (Coord.). Cooperativa de catadores de materiais recicláveis: guia para


implantação. São Paulo: Instituto de Pesquisas Tecnológicas/SEBRAE, 2003. p. 21-25.

LANGE, L. C.; ANDRADE, I. C. de M.. Unidades de Triagem e Compostagem em Minas


Gerais na visão dos gestores municipais. Porto Alegre: 26º Congresso de Engenharia
Sanitária e Ambiental, 2011. Disponível em:
<http://www.cabo.pe.gov.br/pners/CONTE%C3%9ADO%20DIGITAL/COMPOSTAGEM/U
NIDADES%20DE%20TRIAGEM%20&%20COMPOSTAGEM%20EM%20MG.pdf>.
Acesso em: 28 Ago. 2014.

LEITE, W. C. A.. Estudo da gestão de resíduos sólidos: uma proposta de modelo tomando a
Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI) como referência. Tese (Doutorado).
Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 1997. Disponível em: <
http://www.prpg.usp.br/usprio/?q=trabalhos/estudo-
da%C2%A0gest%C3%A3o%C2%A0de%C2%A0res%C3%ADduos%C2%A0s%C3%B3lido
s%C2%A0%C2%A0uma-proposta%C2%A0de%C2%A0modelo-tomando-
unidade%C2%A0degerenciamen>. Acesso em: 22 maio 2015.

LIMA, T. C. S.; MIOTO, R.C. T.. Procedimentos metodológicos na construção do


conhecimento científico: a pesquisa bibliográfica. Florianópolis, 2007. Disponível em: <
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-49802007000300004&script=sci_arttext>.
Acesso em: 08 Jun. 2015.

LOGAREZZI, A. Educação Ambiental em resíduo: uma proposta de terminologia. In:


CINQUETTI, H.C.S; LOGAREZZI, A. (Org.). Consumo e resíduo – Fundamentos para o
trabalho educativo. São Carlos: EdUFSCar, 2006. p. 85 -117. Disponível em: <
http://www.ufscar.br/consusol/arquivos/uma_proposta_de_terminologia.pdf>. Acesso em: 22
maio 2015.

LOUREIRO, W. Contribuição do ICMS Ecológico à conservação da Biodiversidade no


Estado do Paraná. Curitiba, 2002. Tese (Doutorado em Economia Política e Política Florestal)
Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná. Disponível em:
<http://www.floresta.ufpr.br/pos-graduacao/seminarios/wilson/contribuicao_do_icms.pdf>.
Acesso em: 20 abr. 2015.
116

LUDKE, M.; ANDRE, M. E. D. A.. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São


Paulo, EPU, 1986.

MAEDA, E. E.. Diagnóstico da Gestão de Resíduos Sólidos no municípios do Estado de


São Paulo, a partir do Planos Municipais de Gestão Integrada. São Carlos: Programa de
Pós Graduação em Engenharia Hidráulica e Saneamento, 2013. Disponível em:
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18138/tde-07102014-083357/pt-br.php>.
Acesso em: 22 abr. 2015.

MANSUR, G. L.; MONTEIRO, J. H. R. P. O que é preciso saber sobre limpeza urbana. Rio
de Janeiro: Centro de Estudos e Pesquisas Urbanas do Instituto Brasileiro de Administração
Municipal. Disponível em: <
http://www.ibam.org.br/media/arquivos/estudos/cartilha_limpeza_urb.pdf>. Acesso em: 15
maio 2015.

MANZINI, E. J. A entrevista na pesquisa social. Didática, São Paulo, v. 26/27, p. 149-


158,1991.

MELO, T. F.. Gestão de resíduos sólidos: um estudo sobre grupos de influência no Município
de Piracicaba-SP. Piracicaba: Centro de Energia Nuclear na Agricultura. 2012. Disponível em:
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/91/91131/tde-14032012-101138/pt-br.php>.
Acesso em: 22 abr. 2015.

MINAYO, M. C.. Ciência, técnica e arte: o desafio da Pesquisa Social. In: ______. (Org.)
Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 09-30.

MINAYO, M.S. de S.. (org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 16 ed. Petrópolis:
Vozes, 2000.

MINAS GERAIS. Constituição de 1989. Constituição do Estado de Minas Gerais. 16ª ed.
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2015. Disponível
em:<https://www.almg.gov.br/opencms/export/sites/default/consulte/legislacao/Downloads/p
dfs/ConstituicaoEstadual.pdf>. Acesso em: 18 maio 2015.
117

MINAS GERAIS. Deliberação normativa copam nº 01, de 22 de março de 1990, Estabelece os


critérios e valores para indenização dos custos de análise de pedidos de licenciamento
ambiental, e dá outras providências.

____. Deliberação normativa copam nº 07, de 27 de abril de 1994, Dá nova redação à


Deliberação Normativa copam no 009/93, que estabelece normas para o licenciamento
ambiental de obras de saneamento.

____. Deliberação normativa copam nº 52, de 14 de dezembro de 2001. Convoca municípios


para o licenciamento ambiental de sistema adequado de disposição final de lixo e dá outras
providências.

____. Deliberação normativa copam nº 118, de 27 de Junho de 2008. Altera os artigos 2º, 3º e
4º da Deliberação Normativa 52/2001, estabelece novas diretrizes para adequação da disposição
final de resíduos sólidos urbanos no Estado, e dá outras providências.

_____. Lei nº 13.766, de 30 de Novembro de 2000. Dispõe sobre a política estadual de apoio
e incentivo à coleta seletiva de lixo e altera dispositivo da Lei nº 12.040, de 28 de dezembro de
1995, que dispõe sobre a distribuição da parcela de receita do produto da arrecadação do ICMS
pertencente aos municípios, de que trata o inciso II do parágrafo único do art. 158 da MINAS
Constituição Federal. Disponível em:
<http://www.siam.mg.gov.br/sla/download.pdf?idNorma=755>. Acesso em: 18 maio 2015.

_____. Lei nº 18.031, de 12 de Janeiro de 2009. Dispõe sobre a Política Estadual de Resíduos
Sólidos. Disponível em: <http://www.siam.mg.gov.br/sla/download.pdf?idNorma=9272>.
Acesso em: 18 maio 2015.

MMA. Ministério do Meio Ambiente. Plano Nacional de Resíduos Sólidos. Brasília, 2011.
Disponível em: <
http://www.mma.gov.br/estruturas/253/_publicacao/253_publicacao02022012041757.pdf>.
Acesso em: 20 abr. 2015.

MORESI, E.. Metodologia da pesquisa. Brasília, 2003. Disponível em: <


http://www.inf.ufes.br/~falbo/files/MetodologiaPesquisa-Moresi2003.pdf>. Acesso em: 09
Jun. 2015.
118

MOUSINHO, P.. Glossário. In: TRIGUEIRO André (Org.). Meio Ambiente no Século XXI. 2ª
edição. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. p 307-321.

MOZZATO, A. R.; GRZYBOVSKI, D.. Análise de Conteúdo como Técnica de Análise de


Dados Qualitativos no Campo da Administração: Potencial e Desafios. Curitiba, 2011.
Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/rac/v15n4/a10v15n4.pdf>. Acesso em: 09 Jun.
2015.

OLIVEIRA, E.; ENS, R. T.; ANDRADE, D. B. S. F.; MUSSIS, C. R. Análise de conteúdo e


pesquisa na área da educação. Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 4, n. 9, p. 11-27,
2003.

OPS - ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD. Guía para el manejo de


resíduos solidos en ciudades pequeñas y zonas rurales. Serie Técnica N°. 31, 1997.

PEREIRA NETO, J.T.; LELIS, M.P.N. Variação da composição gravimétrica e potencial de


reintegração ambiental dos resíduos sólidos urbanos por região fisiográfica do Estado de
Minas Gerais. In: Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, 20. Rio de
Janeiro, 1999. Anais... p. 1709-1716. Disponível em: <
http://www.bvsde.paho.org/bvsaidis/brasil20/iii-012.pdf>. Acesso em: 15 maio 2015.

PEREIRA NETO, J.T.; SILVA, C.A.B.; LELIS, M.P.N. Reciclon 2.0: uma avaliação financeira
sobre a implantação de unidades de triagem e compostagem de resíduos sólidos urbanos. 21º
Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, ABES, Trabalhos técnicos, 2000.
Disponível em: <http://www.bvsde.paho.org/bvsaidis/resisoli/brasil/iii-022.pdf>. Acesso em:
15 maio 2015.

PRADO FILHO, J. F., SOBREIRA, F. G.. Desempenho operacional e ambiental de unidades


de reciclagem e disposição final de resíduos sólidos domésticos financiados pelo ICMS
Ecológico de Minas Gerais. Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 12, n. 1, p. 52-61, 2007.
Disponível em:< http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
41522007000100007>. Acesso em: 29 maio 2015.

PUGLIESI, E.. Estudo da evolução da composição dos Resíduos de Serviço de Saúde (RSS)
e dos procedimentos adotados para seu gerenciamento integrado, no hospital Irmandade
Santa Casa de Misericórdia de São Carlos – SP. Tese (Doutorado em ciências da Engenharia
119

Ambiental) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos,
2010. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18139/tde-18112011-
160242/pt-br.php>. Acesso em: 22 maio 2015.

QUEIROZ, M. I. P.. Relatos orais: do “indizível” ao “dizível”. In: VON SIMSON, O. M. (org.
e intr.). Experimentos com histórias de vida (Itália-Brasil). São Paulo: Vértice, 1988.

REICHERT, G.A.. Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos: uma proposta inovadora.


Revista Ciência & Ambiente, número 18, Santa Maria - RS, 1999. 53-68p.

SANTOS, F. L. C.. Aspectos da mobilização social para a coleta seletiva de resíduos sólidos
urbanos: O caso do município de Coronel Xavier Chaves – MG. Belo Horizonte: Programa de
Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos, 2004.

SANTOS, F.L.C.; NASCIMENTO, M.L.A.; ROLLA, S.R.; TIBO, T.S.; PEREIRA, T.M.G..
A intermediação do Estado na aplicação de recursos destinados à gestão de resíduos
sólidos urbanos – estudo de caso em Minas Gerais. In: Congresso Brasileiro de Engenharia
Sanitária e Ambiental, 24, 2007, Belo Horizonte. Anais. Belo Horizonte: Associação
Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, 2007.

SCHALCH, V.; LEITE, W. C. de A.; JÚNIOR, J. L. F.; CASTRO, M. C. A. A.. Gestão e


Gerenciamento de Resíduos Sólidos. São Carlos: Departamento de Hidráulica e Saneamento,
2002. Disponível em: < http://zeroacidentes.com.br/wp-
content/uploads/2014/09/GEST%C3%83O-E-GERENCIAMENTO-RESIDUOS-
SOLIDOS.pdf>. Acesso em: 28 Fev. 2015.

SCHNEIDER, V. E.; RÊGO, R. de C. E. do.; CALDART, V.; ORLANDIN, S. M.. Manual de


Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde. Educs. Caxias do Sul, RS. 2004.

SOUZA, J.; KANTORSKI, L. P.; LUIS, M. A.. Análise documental e observação


participante na pesquisa em saúde mental. Revista Baiana de Enfermagem, v. 25, n. 2, p.
221-228. Salvador, 2011.

SUPRAM. Superintendência Regional de Regularização Ambiental. Licenciamento Ambiental


nº 0161/1998/003/2008. Belo Horizonte, 2008. Disponível em: <
120

http://www.meioambiente.mg.gov.br/images/stories/Robson/Paraopeba/11.2_pref_entreriosm
inas_pu.pdf>. Acesso em: 15 Mar. 2015.

TRIVIÑOS, A.N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em


educação. São Paulo: Atlas, 1987. 175 p.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA. Departamento de Engenharia Civil – Laboratório


de Engenharia Sanitária e Ambiental. Projeto Básico da Unidade de Reciclagem e
Compostagem de Resíduos Sólidos Urbanos – Modelo LESA URC A1. (s.l), (s.n), 1997. 23p.

VIMIEIRO, G. V.. Usinas de triagem e compostagem: Valoração de resíduos e de pessoas:


Um estudo sobre a operação e os funcionários de unidades de Minas Gerais. Belo Horizonte:
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos, 2012.
Disponível em: <http://www.smarh.eng.ufmg.br/defesas/163D.PDF>. Acesso em: 28 Ago.
2013.

YIN, R. K.. Case Study Research: Design and Methods. 2ª ed. Thousand Oaks: Sage
Publications, 1994.

You might also like