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N! 546 - 21 de )t t^ M S ttP ^ á it de 19^0 ^
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PT instala o 'governo paralelo'


O PT instalou seu "governo para- Detfim Martins/F4
ielo" em Brasilia no dia !5. Não há
ministro miiitar na iista dos primei­
ros nomeados. Não seria prudente,
esctareceu Luis Inácio Lula da Siiva.
Temas como salários e constituição
serão prioritários, (página 3)

Brigas entre CoHor e


Samey eram combinadas
para prejudicar Luia
A animosidade que separou Col-
ior de Sarney durante a campanha
presidenciat não passou de encenação
para vencer o candidato do PT. Às
vésperas do segundo turno Sarney re­
cebia recado de que teria que assimi-
iar os goipes. (página 4) Luta: "Quem quiser garantir o cargo vai ter que trabaihar muito"
C e c ítia M a r to n
Romarias no P R
e em SP reúnem 30 mi!
peia reforma agrária
Cerca de 30 mii pessoas participa­
ram de duas romarias da terra no fi­
nal de juiho. Em Promissão (SP),
10 mii caminharam 9 km numa das
maiores manifestações da Igreja Cató­
lica no estado pela reforma agrária.
Em Coronel Vivida (PR), 20 mi! acom­
panharam a 6? Romaria da Terra
do estado, promovida pela CPT e
pelas igrejas catótica e luterana. Hou­
ve protestos pelo assassinato do lavra­
Em Promissão a iuta peta terra fez os romeiros caminharem 9 km dor José Dias. (páginas 6 e 7)

Metalúrgicos da Ford Novo relatório confirma Ecumenismo leva igrejas


continuam em greve genocídio Yanomami de 13 países à Salvador
A Ford ameaça não pagar os salá­ O relatório da Ação pela Cidada­ Foi reaüzado em Salvador (BA)
rios de julho dos grevistas. A greve nia confirma que o governo nada fez encontro ecumênico em preparação
continua, (página 12) para satvar os Yanomami. (página 11) à assembléia do CMI. (página 8)
fconom/a

Maioria acredita que a infiação sobe A co n te ce u


Nas dez principais capitais do pa­ 41%, respectivamente. Uma semana N? 546
ís, 68% dos habitantes acreditam que depois do plano, o DataFolha havia
coletado 81% de respostas "bom " e 21 de julho a 4 de agosto de 1990
a inflação vai aumentar nos próxi­
mos meses, segundo pesquisa DataFo- apenas 5% "ruim ". Salvador e Forta­ CEDt Centro Ecuménico de
iha realizada no úitimo dia 9 com leza são as capitais onde é maior a Documentação e Informação
5 243 pessoas. Apenas 12% disseram desaprovação, com 56% e 51% de Rua Santo Amaro, 129
22211 - Rio de Janeiro - RJ
que a taxa vai cair e 17% responde­ resposta "ru im ", respectivamente. Fone: (021) 242-8847
ram que a inflação permanece no pa­ Curitiba, com 40% de respostas Av. Higienópolis, 983
tamar dos 10%. A pesquisa aponta "b o m ", apresentou o maior índice 01238 - São Paulo - SP
também para uma estabilização do de aprovação. 56% dos pesquisados Fone: (011) 825-5544
índice de avaliação do Plano Collor, acham que a vida do país ficou pior Editor
que foi considerado bom para o pa­ nos últimos meses e 58% dizem que Edmilson Zanetti
ís por 32% dos entrevistados e ruim o pode de compra hoje é menor do MTb 15.192
por 43%, praticamente o mesmo ní­ que antes da edição do plano. (Fo/ha Editor de arte
vel registrado há um mês — 31% e de 5. Pau/o, 15/07/90) Flávio Irala

Editores assistentes
Governo prevê queda de 3% do PM Ângela Galvão
Célio Correia de Castro
Elie Ghanem
O goveno brasileiro trabalha com bate à inflação. A cifra representa Fany Ricardo
uma previsão de queda de 3% do quase duas vezes o volume de reser­ Magali do Nascimento Cunha
Produto Interno Bruto (PIB) neste vas em dólares que o Brasil dispõe Marita Regina de Carvalho
ano. A estimativa foi revelada pelo atualmente. Secretaria de redação
Secretário de Planejamento, Marcos Ainda que a redução do PIB im­ Beatriz Araújo Martins
Giannetti da Fonseca, depois de pa­ plique também queda da arrecadação
Diagramação
lestra no seminário "Déficit Público da Receita, Giannetti da Fonseca de­
Marta Cerqueira Leite Guerra
1990/1991 — O Ajuste Fiscal", pro­ fendeu a exequibilidade da metas do
movido pela Bolsa Mercantil & de governo: obter neste ano um superá­ Paginação
Futuros, em São Paulo, Giannetti vit das contas públicas de 1,2% e, Alfredo Salvador Vieira Coelho

disse que o PIB é de US! 420 bilhões, em 1991, superávit de 1%. Um dos Fotoiitos e impressão
pelos últimos reajustes. Isso signifi­ argumentos que usou em favor do Tribuna da Imprensa/RJ
ca que o país deixará de produzir nes­ superávit foi o alongamento do per­
Aconteceué uma publicação quin­
te ano algo como US! 12,6 bilhões, fil da dívida interna. (Fo/íta de 5. zenal do CEDI que reúne notícias
por conta da política recessiva de com- Pau/o, 20/07/90) dos jornais de maior circulação
no país — que não necessaria­
mente estão reproduzidas na ínte­
IB G E aponta a!ta Batança comercia! gra — e colaborações espontâne­
as dos leitores e entidades diver­
do desemprego cai 4 3 ,5 % em junho sas. Aconteceu conta com a par­
ticipação dos programas do CEDI:
A taxa de desemprego pesquisa­ O saldo da balança comercial em Povos Indígenas no Brasil (PIB),
da pelo ÍBGE nas seis principais re­ junho foi de US! 1,17 bilhão. O re­ M ovim en to C a m p o n á s /lg re ja s
(MC/l), Educação e Escolarização
giões metropolitanas brasileiras che­ sultado foi 32,1% inferior a maio e
Popular (EEP), Memória e Acom­
gou a 5,27% em maio. Em abril, o 43,5% menor que o de junho do ano panhamento do Movimento Ope­
desemprego havia sido de 4,78%. passado. rário (MO) e Assessoria à Pasto­
Em maio de 89, era de 3,37%. A pes­ Caíram importações e exportações. ral (Pp). As correspondências e
assinaturas devem ser encami­
quisa é feita na regiões metropolita­ As importações, de US! 1,35 bilhão,
nhadas à redação: rua Santo
nas de São Paulo, Rio, Belo Horizon­ foram 10,1% inferiores às de maio, Amaro. 129, CEP 22211 — Rio
te, Salvador, Recife e Porto Alegre. enquanto as exportações de US! 2,52 de Janeiro, ou por vale postal pa­
Recife apresentou a maior taxa bilhões foram 28% menores que as ra a agência Largo do Machado
n? 520845 — Rio de Janeiro —
em maio, 7% (6,05% em abril), e Por­ de maio. O volume total de comércio
CEP 22221.
to Alegre — única capital onde o de­ (importações mais exportações) ficou
semprego caiu — a menor, 4,28% em US! 3,9 bilhões apresentando Assinatura anual
(4,49% em abril). Em São Paulo, a uma queda de 18,1% em relação a Cr$ 400,00
Assinatura de apoio
taxa subiu de 5,06% em abril para maio. O saldo acumulado no 1? se­ Cr$ 500,00
5,52% em maio. A maior taxa foi a mestre foi de US! 6,1 bilhões, o me­ Assinatura exterior
da indústria: 7,19% contra 6,55% nor desde 87. (Fo//ta de S. Pau/o, US$ 50
em abril. (Fo/ha deS. Pau/o, 24/07/90) 18/07/90)

2 r ACONTECEU 21/07-04/08/90, N° 546


P o i/ fic a

PT faz 'governo para!e!o' sem ministro miiitar


O "governo paraieio" do PT ins­ io autoritário, terei muito trabaiho", Os primeiros dezesseis membros
talado em Brasíiia não tem nenhum disse o senador José Pauio Bisoi do "governo paraieio" serão testa­
representante para a área miiitar. O (PSB-RS), que foi candidato a vice- dos nos próximos três meses. Ao con­
deputado federai Luis Inácio Luia presidente na chapa de Luia. Ao ia- trário de Coiior, que disse que mante­
da Siiva disse não ser "prudente" ter do do jurista Márcio Thomaz Bastos, rá seus ministros até o fim do gover­
ministros miiitares no "governo para- indicado para a área da Justiça, Bi­ no, Luia afirmou que "quem quiser
ieio". Segundo eie, o "m inistro" da soi recorrerá ao Supremo Tribunai garantir o cargo vai ter que trabaihar
Defesa Nacionat — agiutinação da Federai quando necessário. muito". (FolhadeS.Pauio, Í6/07/90)
Marinha, Exército e Aeronáutica —
será um civii, escoihido após as eiei-
ções de outubro. Luia apresentou as
dezesseis pessoas que integrarão o "go­ Os 'ministros' do PT
verno paraieio".
"N ão vou arrumar uma motocicie- Cultura: António Cândido de Pauio Bisoi, 62, senador (PSB-RS),
ta contrabandeada nem um j'eí sAry Meiio e Souza, 72, professor emé­ foi candidato a vice-presidente
paraieio para disputar com o presi­ rito da Facuidade de Fiiosofia da na chapa de Luia.
dente eieito. Competir na área de USP, fundador do PT, tem iivros Energia e Mineração; Euis Car­
marLefing não me interessa", disse e ensaios sobre teoria iiterária. ios de Menezes, 46, físico, dirige
Luia. O deputado afirmou que vai Meio Ambiente; Aziz A b ' Sa­ a Extensão Universitária da USP.
mobiiizar os setores sociais em tor­ ber, 66, geógrafo e pesquisador, Ciência e Tecnoiogia; Euiz Pin-
no das metas propostas peio "gover­ ex-vice-presidente da SBPC e atuai gueiii Rosa, 48, físico, é professor
no paraieio". "Vamos chegar ao professor-visitante do Instituto de pós-graduação da UFRJ.
Congresso propondo emendas popuia- de Estudos Avançados da USP. Comunicações; Cristina Tava­
res com um miihão de assinaturas. Defesa da Cidadania e Comba­ res, 54, jornaiista e deputada fede­
Aí vamos ver se Coiior nos reconhe­ te às Discriminações: Benedita rai peio PDT-PE.
ce ou n ão", afirmou. da Silva, 46, deputada federai Justiça; Márcio Tbomaz Bas­
Segundo o economista Waiter Ba- (PT-RJ), formada em Serviço So­ tos, 54, advogado, ex-presidente
reiii, responsávei peia área econômi­ cial e iicenciada em Estudos Sociais. da OAB.
ca, na primeira reunião serão iistados Relações Exteriores; Carios Nel­ Trabaibo e Previdência; Pau­
os probiemas nacionais prioritários. son Coufinbo, 47, bacharei em Fiio­ io Renato Paim, 40, deputado fe­
Em princípio, o "governo paraieio" sofia, professor tituiar da UFRJ. derai (PT-RS), ex-metaiúrgico.
apóia a poiítica de recuperação das Educação e Desenvolvimento; Economia; Waiter Bareiii, 5i,
perdas saiariais aprovada peio Con­ Cristo vam Ricardo Buarque, 44, economista, ex-diretor do Dieese.
gresso. Se Coiior vetar o projeto, o ex-reitor da UnB, é professor de Desenvoivimenfo Regionai;
"governo paraieio" promete reagir. economia da UnB. Francisco Maria Cavaicanti de
"N ão se pode praticar o sadismo eco­ Agricultura; José Gomes da Oiiveira, 56, economista, pesquisa­
nômico. Impedindo a reposição das Siiva, 63, agrônomo, ex-presiden- dor do Cebrap e professor do De­
perdas o governo está sacrificando te do Incra e membro da equipe partamento de Socioiogia da USP.
os saiários para garantir um proces­ que eiaborou o Estatuto da Terra. Reforma Administrativa; Ade­
so de estabiiização em que preços, ju ­ Saúde; José Eeóncio de Andra­ mar Bafo, 48, administrador, atuai-
ros e câmbio ainda sobem ", afirmou. de Feitosa, 42, é cirurgião cardio- mente é técnico em pianejamento
Outra área que merecerá atenção iogista da UFRJ. governamentai. (Foiha de 5 .Pau­
do PT é a defesa da Constituição. Reibrma Constitucional; José to, 16/07/90)
Se o governo continuar com esse esti-

Haddad suspeita de Coiior ajuda candidatura Covas


saques em Brasíiia so de Meiio, da Economia, trabaihou
O senador tucano Mário Covas é
Depois de um mês anaiisando as o candidato de Brasíiia ao governo a favor de nomes que conhece bem.
informações remetidas peia ministra de São Pauio. Essa é a conciusão que Exempio: na direção de produção
Zéiia Cardoso de Meiio, o senador Ja- se pode tirar a partir das primeiras da Cosipa foi mantido Rafaei de Mou­
mii Haddad (PSB/RJ) disse que eias nomeações do governo Coiior no Esta­ ra Campos, do grupo do ex-diretor in­
não são ciaras o bastante para permi­ do com aiterações na diretoria da dustriai da empresa, Francisco Ari
tir a confirmação ou não de saques Companhia Siderúrgica Pauiista (Co- Souto, que comandou a campanha
bancários efetuados antes do Piano sipa). As indicações teriam caráter téc­ presidência) de Covas na Baixada San-
Coiior. (Correio Braz/âense, 13/07/90) nico. Afinai, a ministra Zéiia Cardo- tista. (Jornal da Tarde, 23/07/90)

21/07-04/09/90. N° 546 ACONTECEU O 3


Poiffica

CoHor e Sarney combinaram brigas para vencer Luia


Às 8h da manhã do dia 27 de feve­ Manobra ousada — O receio de no. Collor precisava contar com um
reiro passado, um heiicóptero UH PC era o de que Sarney ainda tives­ presidente do Banco Central, cuja in­
Esquiio 55 da FAB decolou da Base se munição suficiente para alvejar dicação tinha que ser aprovada pelo
Aérea de Brasília em direção à Casa seu candidato. Estavam frescas na Senado, no dia da posse — e para is­
da Dinda, residência do então presi­ memória de CoHor e sua equipe as so dependia da caneta de Sarney.
dente eleito Fernando CoHor de Me­ lembranças do estrago provocado A data foi marcada para 27 de fe­
lo. CoHor embarcou e, minutos mais por Sarney ao apoiar a candidatura- vereiro. Para que o operação não va­
tarde, pousou no sítio São José do relâmpago do animador Sílvio San­ zasse, várias precauções foram toma­
Pericumã, de propriedade do ainda tos, nos instantes finais do primeiro das. Conforme um político com trân­
presidente José Sarney. Começavam turno — uma aventura que custou sito junto a CoHor, até mesmo as con­
a ser construídas ali, durante um en­ ao candidato do PRN uma queda versas telefônicas sobre o assunto no
contro cercado de sigilo, as bases de nas pesquisas eleitorais. Ruim mes­ Bolo de Noiva foram evitadas. CoHor
um acordo para a transição. mo foi a exibição de um vídeo em foi informado por assessores milita­
A estrada entre CoHor e Sarney que CoHor, no início de seu gover­ res de que os telefones poderiam estar
começou a ser pavimentada antes no em Alagoas, aparecia ao lado de sendo alvo da escuta do Serviço Nacio­
mesmo que as urnas indicassem o no­ Sarney cobrindo-o de elogios. Era o nal de Informações, que o presidente
me do novo presidente. No início de mesmo Sarney a quem, dois anos viria a extinguir.' 'Como vai a L eda",
dezembro, duas semanas antes do se­ mais tarde, atacaria impiedosamente saudou Sarney, ao receber CoHor no
gundo turno das eleições, o empresá­ e que, para se defender, exibiria em Pericumã, referindo-se à mãe do seu
rio Paulo César de Farias, o PC, que rede nacional a cena de Alagoas. sucessor e sua antiga conhecida.
funcionou como caixa da campanha A aproximação de Sarney foi deto­ O encontro transcorreu num cli­
de CoHor, chegou de manhã ao Palá­ nada pelo deputado Bernardo Ca­ ma amistoso. Os laços de Sarney com
cio da Alvorada. PC levava a Sarney bral, hoje ministro da Justiça de Col- a familia CoHor colaboraram bastan­
a mensagem de que CoHor não tinha lor. No dia 23 de fevereiro, uma sex­ te para o entrosamento. O ex-presi-
mais como evitar ataques diretos e ta-feira, telefonou para um ajudan- dente e o pai de CoHor, o falecido
frequentes ao governo que acabava. te-de-ordens de Sarney. "Diga ao pre­ senador Arnon de Mello, eram ve­
E mais: caso Sarney insistisse na reta­ sidente que gostaria de encontrá-lo lhos amigos. Sarney chegou a subir
liação, as críticas subiriam de tom. para discutir a nomeação de um mi­ à tribuna do Senado, no final da dé­
O recado era claro. Sarney precisa­ nistro", propôs. De acordo com um cada de 60, para defender Arnon de
va assimilar os golpes, em nome de parlamentar ligado a CoHor, o real criticas. Eles moravam na mesma
um interesse comum. Se não fosse objetivo de Cabral era conquistar a quadra, freqüentavam os mesmo am­
assim, o candidato do PT, Luis Iná­ cooperação de Sarney para a edição bientes, tanto que os filhos de Sarney,
cio Lula da Silva, poderia chegar à do pacote econômico que seria baixa­ Roseana e Zequinha, José Sarney Fi­
Presidência. do no primeiro dia do novo gover­ lho, costumavam conviver com o en­
tão caçula de Arnon, Fernando. Ape­
nas CoHor e Sarney ficaram na sala
de 25 m^ do Pericumã.
Em púbMco, só hostHidades Foi nesse diálogo, e não no do Pla­
nalto, que CoHor e Sarney acertaram
* "irresponsável, omisso, de­ do no caos, na bagunça, no quan­
os ponteiros sobre a transição. Além
sastrado e fraco". (Fernando Col­ to p io r m e fh o r" . (CoH or,
da questão do Banco Central, CoHor
lor, a respeito de José Sarney, 04/11/89)
deixou aberta a porta para vir a se so­
04/H /89) * "Nossa gente sabe que o se­ correr no caso de uma emergência —
* "O senhor sempre foi um nhor patrocinou essa trama, esta o que acabou acontecendo com a ne­
pofitico de segunda ciasse". (Col­ montagem, essa negociata". (Col­ cessidade de que Sarney decretasse o
lor, ainda em 04/11/89) lor, a respeito da candidatura Síl­ feriado bancário anterior ao plano
* "O Coffor está acabado, der­ vio Santos, 04/11/89) CoHor, dois dias antes de deixar o car­
rotado". (Sarney, 06/11/89) * "O candidato de hoje insul­ go. No trecho politico do colóquio,
* "Com Sílvio Santos ou não, ta o presidente, desmente uma car­ CoHor chegou a explicar os motivos
Collor não tem mais chances". reira poiifica sempre no poder co­ que o levaram a recrudescer seu dis­
(Sarney, 06/11/89) mo se uma piástica biográfica ope­ curso contra Sarney nos palanques.
* "O senhor está com medo rasse um milagre de uma cara no­ No final, já na varanda, os dois se
de perder seus privilégios, suas va". (Sarney, a responder na TV despediram e marcaram o encontro
mordomias talvez". (Collor, no ao program a de C ollor, em oficial. Antes de sair, CoHor propôs
horário eleitoral, 04/11/89) 10/11/89). (Jornal do Brasil, um compromisso. "O que aconteceu
* "O senhor está apostan- 22/07/90) hoje aqui deve ser mantido sob sigi­
lo ." (Jornal do Brasd, 22/07/90)
VMMa

Rio será sede de conferência ecoiógica da ONU


A cidade do Rio de Janeiro foi Collor significa que o Rio irá sediar maraty junto à ONU, o embaixador
escoihida como sede da 2? Conferên­ a reunião de 120 chefes de Estado, Macedo Soares, que visitou o Riocen­
cia iníernacionai sobre Meio Ambien­ principal encontro da Conferência. tro. O secretário-geral da Conferên­
te e Desenvoivimento, da Organiza­ Segundo ele, as reuniões paralelas, cia, Maurice Strong, já sobrevoou o
ção das Nações Unidas (ONU), que promovidas por entidades não-gover­ local.
acontecerá na primeira quinzena de namentais, também serão realizadas A Prefeitura está aguardando a
junho de 1992. A decisão do presiden­ no Rio. A abertura da Conferência visita de uma missão da ONU e do
te Fernando Cotior de Meiio foi trans­ e os eventos secundários — tais co­ Itamaraty para que sejam acertadas
mitida por teiex ao prefeito Marcelo mo, feiras e exposições — deverão algumas providências. A princípio,
Alencar, pelo ministro das Relações ser divididos com outros estados. segundo Paulo Vianna, deverá ser
Exteriores, Francisco Rezek, acrescen­ Há quatro meses a prefeitura do feito até um isolamento dos hotéis
tando que lhe será enviada a propos­ Rio vem trabalhando nos bastidores e do Riocentro para garantir a segu­
ta de convênio que deverá ser assina­ para trazer para a Cidade os princi­ rança aos participantes da Conferên­
do entre seu Ministério e a prefeitu­ pais eventos e Conferências e, para cia. Outras preocupações são com
ra do Rio. isso, o próprio prefeito procurara o a hospedagem e o esquema de trans­
De acordo com o presidente do ministro Francisco Rezek. Também porte. O Riocentro deverá sofrer al­
Riocentro, local da Conferência, Pau­ houve entendimentos com o secretá­ gum as adaptações. (O Globo,
lo Vianna, a decisão do presidente rio geral do Meio Ambiente do Ita- 19/07/90)

Aiemanha vai destinar Países desenvolvidos têm


U S $ 150 miihões para
projetos brasiieiros
política ambiental fraca
A Alemanha Ocidental é o país Para os ecologistas, os sete gran­
A Alemanha vai liberar para o com a política ambiental mais progres­ des fazem muito pouco pelo estado
Brasil USÍ 150 milhões para projetos sista do mundo .150 organizações am­ do planeta, além de agravá-lo. "N os­
de meio ambiente. Em encontro em bientais reunidas na "Cúpula Ambien­ so placar ambiental mostra a apatia
Brasília com o secretário do Meio ta l", paralela à reunião dos sete paí­ das nações mais industrializadas com
Ambiente, José Lutzenberger, o mi­ ses mais industrializados, em Hous- a crítica situação ambiental do mun­
nistro da Cooperação Econômica da ton, avaliaram os programas e as po­ do. Como Nero, entretendo-se com
Alemanhã, Juergen Warnke, anun­ líticas ambientais dos sete grandes e Roma em chamas, essas nações assis­
ciou os projetos nos quais o dinhei­ deram nota 63 para a Alemanha. A tem o planeta virar fumaça", afir­
ro será aplicado. França, em segundo lugar, recebeu ma Jay Hair, da Federação Nacional
De imediato, o Brasil tem à dispo­ nota 48. A Itália ficou em último, da Vida Selvagem, dos EUA. (folha
sição uma verba de US! 20 milhões. com um reles 31. de S. Paulo, 18/07/90)
A Secretaria do Meio Ambiente já
estuda projetos para apresentar ao
governo da A lem anha. O utros
Decreto define regras
US! 750 mil serão aplicados no pro­
jeto preparatório, para estudos de do zoneamento ecológico
aspectos ecológicos nas florestas tro­
picais úmidas. Esse montante inclui O governo prepara-se para iniciar a qualquer forma de poluição são atri­
despesas com consultoria, hospeda­ em breve as atividades do zoneamen- buições tanto da União como dos es­
gem dos consultores e equipamentos. to ecológico-económico do país, defi­ tados e municípios e do Distrito Fede­
Os recursos devem ser liberados en­ nidas por meio do decreto n? 99 246, ral. Dessa forma, a realização do zo-
tre setembro e outubro deste ano. de 10 de maio, sob a responsabilida­ neamento ecológico-económico deve­
A partir do ano que vem, o Bra­ de da Secretaria de Assuntos Estraté­ rá ser conduzida a partir de uma po­
sil vai receber mais USÍ 35 milhões. gicos. Esse documento é considera­ lítica que analise os aspectos ecológi­
Sua aplicação ainda não foi defini­ do fundamental para a aplicação de cos e econômicos de uma determina­
da. Eles serão liberados parcelada- qualquer atividade ecológica que ve­ da região. O grupo de trabalho que
mente nos próximos três anos. nha a ser realizada daqui por diante. organizou a proposta concluiu que
Até o ano passado, a Alemanha Na exposição de motivos, o decre­ a ocupação dos espaços amazônicos,
ocupava o primeiro lugar em coopera­ to diz que cabe à União preparar e por exemplo, vem sendo realizada
ção técnica com o Brasil. A principal executar planos nacionais e regionais de modo inadequado no que se refe­
realização foi o acordo nuclear, em de ordenação do território. A prote­ re à proteção ambiental. (O Estado
1975. (folha de S. Paulo, 20/07/90) ção do meio ambiente e o. combate de 5. Paulo, 21/07/90)

21/ 07.M W 90, N" 546 ACONTECEU D 5

i.
r r a ò a / h a ífc r e s P u r a is

Polícia monta 'operação de guerra' contra ocupação


A região do Pontai do Paranapa- passaram a vigiar e impedir a entra­ fuzii, escudo e bombas de gás lacri-
nema é conhecida por seus conditos da de outros sem terra na área. mogêneo, foi mobiiizado para a reti­
de terra, sempre marcados por ocupa­ Na tentativa de abrir um cana) rada das famíiias. Trezentos poiiciais
ções de grandes propriedades. Na de negociação e impedir o despejo miiitares cercaram a área, enquan­
madrugada do dia t4 de juiho, mais das famíiias, foram retidos na área to os outros quatrocentos ficaram
um capítuio desta história foi escri­ os oficiais de Justiça Osvaido Caste- na estrada aguardando ordem para
to, quando oitocentas famíiias, orga­ ião e Antonio Djaima Exei, portado­ auxiiiar na retirada, caso houvesse
nizadas peio Movimento dos Sem- res da iiminar de reintegração de pos­ conflito.
Terra ocuparam a Fazenda Nova se da área. Estes foram iibertados As famíiias, contudo, optaram
Pontai. No entanto, dois dias após dois dias depois, tendo resuitado in­ por uma saída pacífica da fazenda,
a ocupação, o juiz Camiio Leiiis dos frutíferas as tentativas de diáiogo com se desiocando para um iocai conheci­
Santos Aimeida concedeu iiminar de o governo, que se mostrou infiexívei. do por ftapora, onde pretendem reor­
reintegração de posse ao proprietá­ O que se seguiu foi uma verdadei­ ganizar-se. Um dos iideres, porém,
rio, apesar do títuio de propriedade ra operação de guerra, confirmando não conseguiu chegar iá: Josmar
da área estar sendo contestado peio que. tai como denunciara o presiden­ Choptian foi detido e indiciado na
governo estaduai na Justiça, pois se te da CUT estaduai, Jorge Luiz Coe- deiegacia de Porto Primavera por cri­
trata de terra devoiuta. Desde então, iho, a ocupação fora tratada como me de cárcere privado contra os dois
foram desiocados para o iocai seiscen­ "caso de poiicia". De fato, um totai oficiais de Ju stiça. (O Giobo,
tos homens da Poiicia Miiitar, que de setecentos poiiciais, armados com 2Í/07/90)

Vão me matar após a eleição', Dez mi! na Romaria


pró-reforma agrária
afirma o sindicaüsta Osmarino Cerca de 10 mii trabaihadores ru­
"M inha morte tem data marcada: "A experiência de Chico Mendes rais participaram dia 22 da 1? Roma­
depois de 3 de outubro". Com voz demonstra que não adianta. A segu­ ria da Terra, em Promissão, interior
pausada e aparentando tranquilida- rança da poiicia não garante minha de São Pauio. A caminhada de no­
de par a quem já sofreu cinco atenta­ vida. Aiém disso, a poiicia está divi­ ve quiiômetros foi uma das maiores
dos e recebe diariamente ameaças dida em duas aias e a principai de- manifestações peia reforma agrária
de morte, o iíder sindica) Osmarino ias é comandada peio esquadrão da promovida peia Igreja. A romaria
Amâncio Rodrigues, sucessor de Chi­ morte. Já a minha segurança conhe­ terminou com missa rezada peio arce­
co Mendes, contou por que dispensa­ ce todos os meus antigos, meus pa­ bispo de São Pauio, d. Pauio Evaris-
ra a proteção do governo federai, rentes e, principaimente, os meus to Arns. Na homiiia, propôs a união
oferecida peio Ministério da Justiça, inim igos", afirm ou. (O Giobo, dos trabaihadores do campo e da ci­
através da Poiicia Federai. 2Í/07/90) dade. (O Giobo, 23/07/90)

Incra quer privatizar usina pernambucana


O instituto Nacionai de Coloniza sa açucareira que não tem campo agrí- rios para gerir os negócios com o açú­
ção e Reforma Agrária (incra), otga- coia, pois os engenhos foram desapro­ car.
nismo vincuiado ao Ministério da priados há mais de vinte anos peio Os fornecedores de cana, os parce ­
Agricuitura, vai pubiicar, dentro dos presidente Humberto Casteio Bran­ ieiros e os trabalhadores na indústria
próximos dias, editai de concorrência, co e divididos em parceias de 980 pe­ do açúcar, ao serem informados da
no Diário Oficiai da União, para pri­ quenos agricuitores canavieiros que possível privatização da empresa, ga­
vatizar a usina Caxangá, iocaiizada expioram a cana de açúcar e iavou- rantiram que farão uma mobilização
no Município de Ribeirão, região sui ra alimentar. a fim de que o parque industrial não
de Pernambuco. A usina chegou a esmagar em tor­ passe às mãos ae usineiros da região.
Uma equipe de técnicos está pro­ no de 400 mii toneiadas de cana fa­ Para elé, se isso ocorrer "vai causar
movendo levantamento da situação bricando 600 mii sacos de açúcar de verdadeiro caos na esplanada da uni­
da unidade sucroaicooieira, que tão 50 quiios para exportação. No decor­ dade açucareira, já que se sabe da
iogo seja conciuido será enviado ao rer da safra 89/90, esse número caiu existência de interessados na compra
Ministério da Agricuitura e posto substanciaimente, motivado peia cri­ da empresa para unicamente adquiri­
em concorrência. Cerca de seis gru­ se do parque industria), que chegou rem as cotas de produção de açúcar,
pos empresariais já se habiiitam a ad­ a formar uma comissão composta álcool e cana". (Diário de Pernambu­
quirir o controie acionário da empre­ de fornecedores, parceieiros e operá­ co, Recife, 11/07/90)

6 D A CM U ECEU 6 21/07-0^90. N* 546


A
Fraba/badores /?nra/$

Fazenda do Paraná é acusada de formar míMcia


A policia do Paraná começa a in­ nari, não foi encontrado para res­ de grupo rural tem inclusive uma em­
vestigar a formação de grupos para- ponder à acusação. presa de treinamento de vigilantes,
miiitares peia empresa Terpian Em­ O convite foi feito no dia 3, no com fachada legal, que fornece mão-
preendimentos Fiorestais e Agrícoias, escritório da empresa, onde chegou de-obra para os fazendeiros. Em cur­
para expuisão a mão armada dos levado por um conhecido. Um ho­ sos de dez dias, os homens são treina­
agricuitores sem-terra que ocupam mem chamado Pedro, a quem cabia dos no uso de armas e técnicas de
uma de suas fazendas, a Terra Cor­ recrutar João e mais cinco homens ataque, além de receberem, segundo
tada, no municipio de Inácio Mar­ para a área já naquela noite, expli­ Neli, formação anti-sindical e ideoló­
tins, a 240 km de Curitiba. Os pisto- cou que o trabalho seria "tirar os sem- gica.
ieiros são acusados da morte do la­ terra da fazenda". Ele ofereceu re­ Ele afirma que os desempregados
vrador José Dias, 37 anos, ferido vólveres, escopetas e carabinas, mu­ são presas fáceis das ofertas dos fa­
no dia 7 deste mês durante um tiro­ nição à vontade e 25 advogados da zendeiros, porque, desde o advento
teio contra o acampamento. De seu firma. "Ele disse que era para matar do Plano CoIIor, o mercado de traba­
escritório na capita), a Terpian recru­ ou morrer, como na Guerra do Viet­ lho já dispensou 10% dos 20 mil vigi­
ta vigilantes desempregados para n ã ", conta João. lantes do Paraná. Além disso, várias
atuar como pistoleiros na fazenda, A Federação dos Vigilantes do empresas continuam formando no­
como fez com João Vieira Alves, Paraná está reunindo provas contra vos profissionais. "H á uma política
41 anos, que denunciou a proposta outros fazendeiros acusados da mes­ de criar um excedente de homens que
de trabalho ao sindicato da catego­ ma prática. Segundo o secretário da sabem lidar com arm as", acusa Neli.
ria. O dono da Terpian, Sinésio Zo- federação, Neli dos Santos, um gran- (Jorna/ do Bras//, 20/07/90)

Romaria da Terra reúne 20 mi! no PR C U T divulga iista


de ameaçados em M G
2 km até a igreja matriz, onde planta­
As fortes geadas e o intenso frio ram uma muda de erva-mate, marco A seção mineira da Central Única
não impediram que cerca de 20 mil da romaria. Houve um ato de protes­ dos Trabalhadores (CUT) divulgou
pessoas participassem no último dia to contra o assassinato do lavrador no último dia 17 os nomes de seis pes­
22, no município de Coronel Vívida José Dias, morto dia 7 por jagunços soas envolvidas em conflitos de terra
(PR), da 6? Romaria da Terra, organi­ durante cerco aos colonos que ocupa­ no estado, que estão ameaçadas de
zada pela CPT com apoio das igrejas ram a fazenda Terpian, no interior morte. O primeiro da lista é o candi­
Católica e Luterana. Elas percorreram do estado. (O G/obo, 22 e 23/07/90) dato a governador de Minas pelo PT,
Virgílio Guimarães, que foi ameaça­
do durante a ocupação de fazendas
PoMcia fere nm e detém sete no Pará em Iturama, no Triângulo Mineiro,
no início do ano. Os outros são a ex-
O lavrador Valdo José da Silva o Conselho Nacional dos Seringuei­ diretora da executiva regional da CUT
foi ferido a tiros e sete posseiros fo­ ros, a polícia entrou na fazenda no Maria Aparecida Rodrigues Miranda,
ram presos no despejo de trezentas dia 21 e tomou como reféns mulhe­ de Unaí (MG); a sindicalista Maria
famílias de trabalhadores rurais da res e crianças, para que dissessem on­ Ângela de Matos, de Bonfinópolis; o
Fazenda Jandaia, em Curionópolis de os trabalhadores se encontravam. presidente do Sindicato dos Trabalha­
(PA), executado por policiais milita­ Valdo foi baleado pelas costas, quan­ dores Rurais de Bocaiúva, Juarez Tei­
res e civis comandados pelo delega­ do trabalhava na roça. (Jorna/ do xeira Santana; e os agricultores José
do Valdo Almeida. De acordo com Bras//, 24/07/90) Maria Pinto e José Maria Santos, am­
bos de Miradouro.
A CUT-MG, Federação dos Traba­
lhadores na Agricultura de Minas Ge­
Lavrador está desaparecido rais e a CPT identificaram em Minas
cerca de 150 conflitos de terra, a maio­
O lavrador Valdo José da Silva, baleado dia 21 durante despejo
ria nas regiões norte e noroesta do es­
na fazenda Jandaia, em Curionópolis (PA), foi retirado do hospital tado. Os conflitos, segundo o diretor
pela polícia e até o dia 24 à tarde estava sumido. Segundo informa­ da Federação dos Trabalhadores Jua­
ções da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos, dez pos­ rez Lopes Pereira, "demonstram a si­
seiros presos durante o despejo foram localizados na delegacia de Ma­ tuação de abandono dos acampamen­
rabá e disseram que desde o dia 21 não recebem alimento. (Jorna/ do tos e assentamentos realizados pelo
Bras//, 25/07/90) Incra desde o governo passado". (Jor­
na/ do Bras//, 18/07/90)

21/Q7-WOMO. N ' 546 4 AC0 NTH EU O 7


7
r
/greyas

Encontro ecumênico reúne igrejas iatino-americanas


Com o tema "Amé­ Austrália. A abertura res, teólogos, para discutir o compro­
rica Latina caminhan­ contou com o cardeal misso das igrejas com a realidade so­
do com o Espirito para arcebispo de Salvador, cial. Por causa desse compromisso,
a libertação", foi reaii- dom Lucas Moreira Ne­ a dívida externa foi apontada como
zado em Saivador (BA), ves, que saudou os 120 a principal causa da miséria que asso­
de 9 a 14 de julho, o delegados das igrejas la o Terceiro Mundo e é considera­
Encontro Ecumênico evangélicas de treze pa­ da impagável pela maioria das igre­
Preparatório à 7 ? Assembléia do Con­ íses latino-americanos. jas que compõem o CML Segundo
selho Mundial de Igrejas (CM1), que Além dos delegados, participaram o presidente da Igreja Evangélica do
se realizará em 1991, em Camberra, bispos, presidentes de igrejas, pasto­ Rio de La Plata, Rodolfo Reinich,
a divida externa transformou-se num
instrumento de "destruição e morte"
e seu pagamento implica "n a redu­
Esperança X frustrações: desafio ecumênico ção drástica de investimentos em pro­
gramas de saúde, educação, habita­
Bispos, pastores(as) e assesso­ que a servidão da divida é também ção e saneamento básico".
res do Caribe e América Latina, política e socialmente irracional, Outro tema debatido foi o ecume­
dos Estados Unidos, Canadá e e ameaça o próprio futuro dos cre­ nismo. Sobre este assunto pronun­
Europa, reunidos em Kingston (Ja­ dores". ciou-se o secretário geral do CM1,
maica) de 4 a 9 de junho em seu "Em um contexto de crise eco­ Emílio Castro, pastor da Igreja Meto­
2? Encontro, compartilharam a nômica e recessão, de transferên­ dista do Uruguai. Segundo ele, o ecu­
experiência destes dias através de cia de recursos de nossos países menismo vive uma situação de crise:
um documento intitulado "Seme­ para o pagamento da dívida, o nar­ "O ecumenismo no mundo está nu­
ando a esperança depois de uma cotráfico dinamiza perversamente ma situação que pode ser compara­
década de frustrações". as economias das nações envolvi­ da à escalada de uma montanha".
Alguns trechos do documento: das, gera e aprofunda uma quanti­ "Os alpinistas já estão chegando no
"N o 1? Encontro realidado dade de problemas sócio-econômi- topo. É o momento de dar as mãos,
em Cuenca em novembro de 1986 cos e políticos de longo alcance". porém esse momento exige coragem,
(...) se fez a seguinte declaração: "Crime em nível microssocial, uma vez que envolve riscos. O alpi­
'A situação de injustiça e explora­ corrupção estatal, atividades poli­ nista tem que saltar a m ontanha."...
ção em que vivem as grandes maio­ ciais extremadamente repressivas O fenômeno das chamadas seitas
rias da América Latina e do Cari­ que violam os direitos humanos pentecostalizadas também foi obje­
be é produzida por políticos que fundamentais, têm sido algumas to de análise. Em tom de autocríti­
respondem a interesses imperialis­ das consequências. É contudo no ca, o bispo argentino da Igreja Me­
tas das grandes potências com a plano político que se manifesta todista e presidente do Conselho La­
cumplicidade de grupos de poder mais claramente a crise provoca­ tino-Americano de Igrejas (CLA1),
nacionais'. O tema da dívida ex­ da por esta atividade. A resposta Federico Pagura, reconheceu a res­
terna, então apontado, juntamen­ do Estado tem sido a repressão ponsabilidade das igrejas protestan­
te com o narcotráfico foram os pura, o incremento do castigo e tes e católica na proliferação destes
temas do presente Encontro". da violência sobre camponeses, movimentos. "H á um certo vazio
"O pagamento da dívida é mo- pequenos traficantes e consumido­ espiritual e moral em nossos povos
rallmente condenável, porque está res, quase sem tocar nos narcoem- cuja lacuna estamos sendo incapazes
socavando cega e brutalmente o presários, com quem, inclusive, de preencher. Muitas vezes somos
futuro da própria humanidade, se aliou em alguns momentos pa­ exclusivistas, dogmáticos e sectários,
ao incubar e provocar uma catás­ ra combater certos grupos de es­ e por isto falhamos na pastoral evan­
trofe que destrói os seres huma­ querda e organizações populares". gélica".
nos e a própria natureza da Amé­ "P ortanto, se exige um novo Ao final foi produzido documen­
rica Latina e do Caribe. Vemos, enfoque no qual o problema das to intitulado "Ouvindo e clamando
portanto, com toda a evidência, drogas deve ser integrado e trata­ ao Espírito", que aborda em três par­
que o pagamento da dívida é tam­ do conjuntamente com os restan­ tes as principais conclusões: a realida­
bém questão ética, que não pode tes (...) Neste sentido as igrejas de social do Terceiro Mundo, em es­
tomá-lo por base apenas em fun­ cristãs podem contribuir junto com pecial da América Latina; o compro­
ção do lucro, mas levando em con­ outros setores (...) para a mudan­ misso das igrejas com esta realidade;
ta o respeito à vida das pessoas e ça de uma perspectiva de guerra e os desafios que se colocam às igre­
o futuro dos povos. Por isso, ou­ para outra de diálogo". (CTD/, jas hoje. (Correto da Bahfa, 10-11/07;
samos acrescentar e proclamar 20/07/90) Tribuna da Bahia, 11 e 14/07/90; A
Tarde/Salvador, 11/07/90)

8 r ACONTECEU 21/07-04/08/90. N ° 546


/ g re/ as

Bispos caíóücos conservadores recebem Ratzinger


À visita ao Brasi) do cardeai aie- dos problemas da Igreja". A divisão existem em várias partes do mundo
mão Joseph Ratzinger, prefeito da na Igreja brasileira entre dois mode­ produções teológicas "que não são
Congregação Vaticana para a Doutri­ los eclesiásticos divergentes e a postu­ quimicamente puras, que têm posi­
na da Fé, e sua participação no cur­ ra da Igreja diante da modernidade ções aceitáveis e outras não". Para
so para bispos — promovido de 23 vieram ao centro das discussões. ele, há diversos graus de desvios nes­
a 27 de julho por d. Eugênio Sales Numa entrevista coletiva, Ratzin­ sas teologias.
no Rio de Janeiro — fortalecem a ger voltou a condenar os setores da O prefeito da Congregação para
posição da chamada corrente "con­ Teologia da Libertação que se inpi- a Doutrina da Fé evitou apontar teó­
servadora" da Igreja no Brasil. As ram em teses marxistas e cuja ação logos que estariam seguindo ideolo­
autoridades romanas querem refor­ "pode destruir a fé e ter consequên­ gias estranhas à Igreja. Ratzinger evi­
çar o centralismo do Vaticano a par­ cias imprevisíveis para a Igreja". tou também comentar sua posição
tir de uma nova ênfase ao poder do Segundo ele, a Santa Sé tem divul­ sobre a produção teológica do frei
papa João Paulo 2? Essa posição gado documentos criticando "certos franciscano Leonardo Boff, punido
da Cúria Romana foi ressaltada na tipos de Teologia da Libertação" e pela Congregação para a Doutrina
curso, dirigido a 96 bispos brasileiros eventuais excessos de teólogos "pro­ da Fé, em 1985, com 11 meses de "si­
participantes. gressistas" — como o recente docu­ lêncio obsequioso". Disse esperar
A intenção de reforçar o centralis­ mento "Instrumento sobre a Vocação que o teólogo, "como uma pessoa
mo do Vaticano, reafirmando a auto­ do Teólogo" — para "evitar exclu­ de Igreja e de fé cristã, atue dentro
ridade e a infalibilidade do papa, e sões e chamar esses setores ao diálogo". das orientações da Igreja".
de resgatar a ortodoxia das posições Os documentos da Santa Sé, se­ O teólogo Leonardo Boff disse
da Igreja são visíveis hoje nas posi­ gundo Ratzinger, oferecem "elemen­ esperar que Ratzinger tenha aprovei­
ções do prefeito da Congregação Va­ tos de aprofundamento e diálogo pa­ tado sua visita para discutir " a cria­
ticana para a Doutrina da Fé (o anti­ ra ajudar tais teologias a se posiciona­ ção de uma sociedade mais justa, com
go Santo Ofício ou Inquisição Roma­ rem a partir da doutrina da Igreja". atenção especial para os mais po­
na e Universal). Essa intenção tam­ Para Ratzinger — considerado o car­ bres". Boff defendeu a Teologia da
bém esteve implícita no tema do cur­ deal mais poderoso da Igreja e o prin­ Libertação e disse que a Igreja "de­
so: "O Munus Petrino (o mundo de cipal responsável pelas restrições im­ ve ser fiel à palavra de Deus". (Fo­
Pedro) no final do Milênio diante postas a teólogos "progressistas" — lha de S. Patdo, 22 e 24/07/90)

Regiona! Leste 2 ELEIÇÕES A reforma agrária em Rondônia,


a caminho do 8? a demarcação definitiva das terras
& IGREJA
das nações indígenas do Estado, a
Intereciesia! de C E B s questão energética, da pequena indús­
tria e dos garimpos são pontos essen­
Em encontro que reuniu cerca de Pastor luterano é ciais da campanha da coligação PT-PC
trezentos participantes, o Regional candidato a governador do B. A chapa liderada por Inácio
Leste 2 da Igreja Católica (Minas Lemke, filiado ao PT, é composta
Gerais e Espírito Santo) iniciou a pre­ O pastor da Igreja Evangélica de ainda por José Neumar da Silveira,
paração para o 8? Intereciesia) de Confissão Luterana no Brasil (1ECLB) candidato a vice-governador, e Emer­
CEBs (Santa Maria, 1992). O 4° En­ Inácio Lemke, vice-presidente nacio­ son Teixeira, que concorre ao Sena­
contro Regional das CEBs do Leste nal da Comissão Pastoral da Terra do, ambos também filiados ao PT.
2, realizado nos dias 6 a 8, em Timó­ (CPT), é o candidato da coligação A atuação do narcotráfico em
teo (MG), teve dois objetivos: cele­ PT-PC do B ao governo de Rondô­ Rondônia já se tornou um ponto po­
brar e preparar o regional para San­ nia. Outros dois membros da 1ECLB lêmico da campanha eleitoral. O can­
ta Maria/92 e articular e renovar a em Rondônia compõem uma "dobra­ didato da coligação PTB-PDT e
equipe local de animação das CEBs. dinha" nas eleições de 3 de outubro, PDS, Olavo Pires, é acusado de ter
29 dioceses estavam representadas. todos do PT: o pastor Rosemar Aa- ligações com grupos de narcotráfico
Participaram do encontro dois re­ hlert, de Alta Floresta, é candidato da Colômbia. Olavo Pires, ironica­
presentantes da Igreja Evangélica de a deputado estadual, e o obreiro lei­ mente, ignorando a denúncia, man­
Confissão Luterana no Brasil e um go Leonor Schrammel, de Ariquemes, dou pichar nas cidades o versiculo
da Igreja Metodista. A valorização concorre à Câmara dos Deputados. bíblico "Se Deus é por nós, quem se­
de uma prática ecumênica pode ser Outro pastor da 1ECLB, Renato Bec- rá contra nós?". No dia seguinte,
testemunhada a inclusão de dois evan­ ker, concorre a deputado estadual foi acrescentado por um grafiteiro:
gélicos (um por estado) na nova equi­ no Rio Grande do Sul, igualmente "A Policia Federal, é claro". (Agen,
pe de animação das CEBs. (Jorge pelo PT. 26/06/90 e Jorna/do Brasd, 14/07/90)
Af/ho M iane/h/CFD /, 16/06/90)

21/07-04/08/90. N" 546 A CO NTECEU O 9


Povos /nd^enas

Gmpo de Trabaiho é criadopara rever poiitica indigenista


No dia 19 de juiho de 1990, o pre­ Representantes de seis ministérios ra consecução dós seus objetivos,
sidente Coiior assinou decreto n? 99 — Justiça, Saúde, Agricuitura, Edu­ sempre que entender necessário, o
405 que cria um Grupo de Trabaiho cação, infraestrutura e Ação Sociai Grupo de Trabaiho poderá soiicitar
interministeriai "com a atribuição —, duas secretarias — Meio Ambien-* o comparecimento de representantes
de estudar e propor medidas destina­ te e Assuntos Estratégicos — e do de órgãos púbiicos ou entidades pri­
das a tornar mais efetiva a atuação Gabinete Miiitar terão o prazo de ses­ vadas, que, a seu juizo, possam ofe­
do goveno federai na preservação e senta dias, após instaiado o grupo, recer coiaboráção ao estudo e equa-
defesa dos direitos e interesses das para apresentar suas conciusões áo cionamento dos probiemas das popu­
popuiações indígenas em todos os ministro da Justiça, Bernardo Ca- iações indigenas". (Diário Oficiai,
seus aspectos". brai. O artigo 3? determina que "p a­ 20/07/90)

Wayana-Aparai do Suriname Tapeba sofre agressão


atravessam fronteira para o Brasii José Fiávio Aives de Aimeida,
da comunidade indígena Tapeba,
Cerca de 860 índios Wayana-Apa- do esforço da grande caminhada, em Caucaia, região metropoiitana
rai que habitam o Suriname resoive- mas segundo o cacique, a maioria de Fortaieza, foi preso por poiiciais
ram atravessar a fronteira com o Bra- sofre de maiária e gripe. Em teiex armados de revóiveres e escopetas
sii depois de entrarem em confiito para a administração da Funai em depois de espancarem também sua
com guerriiheiros que iutam contra Macapá, a preocupação do chefe muiher. A denúncia foi feita peio
o governo de seu pais. A ocupação do posto era poupar os indios do ia­ advogado Aécio Aguiar, da Pasto­
ocorreu na segunda semana do mês do brasiieiro de possivei contágio. ra! indígena da Arquidiocese de For­
de junho. O posto da Funai nas ter­ O Parque do Tumucumaque é habi­ taieza.
ras do Parque indígena do Tumucu- tado por aproximadamente 560 Tiri- NOs úitimos dez dias, ainda de
maque (AP) soube do ocorrido atra­ yó e 269 Wayana-Aparai. Segundo acordo com o advogado, vários ho­
vés do cacique Pikumimetkeira que, reiato dos indígenas transmitido aos mens armados de espingardas e esco­
acompanhado por mais três compa­ funcionários da Funai, dos 860 ín­ petas destruiram cercas e casas dos
nheiros, tinha condições de comuni- dios que aicançaram o território bra­ tapebas, numa área que está sendo
car-se em português. Levando vinte siieiro cerca de trezentos , estão dis­ discutida nà Justiça por uma empre­
dias para percorrerem a distância persos na mata, e a suposição é de sa de panificação.
que separa o posto da fronteira, a que estão tentando aicançar a aideia A tensão entre indios e posseiros
comitiva veio conseguir socorro pa­ dos Tiriyó, já dentro do estado do agrava-se pois estes estão tentando
ra o restante do grupo que ficou acam­ Pará, para pedir socorro à missão ievantar um muro para cercá-ios, im­
pado numa das margens do rio Paru- dos franciscanos instaiada naqueia pedindo-os de sobreviver dos mangue-
mã, próxima da aideia indígena Mata- região, próximo à base da FAB. A zais. (Trfbuna da im prensa/R J,
warotari, já no iado brasiieiro. vinda desses indios significa o reata­ i 3/07/90)
A FAB foi acionada para viabiii- mento de iaços entre grupos famiiia-
zar o socorro médico e aiimenticio res que se separaram no decorrer
para o grupo. Aigumas muiheres grá­ da história. (Márcio Raposo, O Libe- Raoni não é
vidas têm hemorragias decorrentes rai/PA , i 3/07/90) recebido por
Fernando Coiior
Fnnai negocia usina com Nambiquara Por não ter marcado audiência,
Onze indios Nambiquara foram Nambiquara permitiram sua constru­ o cacique Raoni não conseguiu refor­
trazidos para Brasiiia para discutir ção em troca de dinheiro e veícuios. çar o pedido para que o presidente
com o presidente da Funai, coronei Na passagem por Brasiiia, entretan­ Coiior assinasse o decreto demarcan­
Aírton Aicântara, o probiema da cons­ to, os indios foram contundentes e do a área de 4,8 miihões de hectares
trução de uma hidreiétrica dentro reforçaram sua posição contra a hi­ para os Mekragnoti, da nação Kaia-
da reserva indígena, no rio i2 de Ou­ dreiétrica. Se reivindicaram dinheiro pó. Aiém disso, Raoni queria comu­
tubro, na divisa do estado do Mato e um veicuio Toyota é porque isso nicar a viagem que fez ao Peru, no
Grosso com Rondônia. A Funai es­ vinha responder a antigas necessida­ dia i8 de juiho, acompanhado do ca­
tá negociando com a empresa Goes- des da comunidade, o que não signi­ cique Kuiussi Suyá, para participarem
Cohabita S/A os termos do contra­ fica que o pedido foi feito com o ob­ de um congresso internacionai sobre
to para a construção da Usina i2 de jetivo de negociar e permitir a efetiva­ a questão indígena na América do
Outubro, e aiega que as iideranças ção do projeto. (CEDÍ, 25/07/90) Sui. ( Tribuna da imprensa, i 8/07/90)

lonMMtncEU 21/Q7-04/0MÕ. W MS
i
Situação dos Yanomami não meihorou
Nos cem dias de governo Coitor, Charles Vincent
o que mudou em Roraima, segundo
os membros da Ação peia Cidadania,
foi que os garimpeiros começaram a
extrair, com mais vigor, cassiterita.
"Nada aconteceu que reaimente mu­
dasse a situação", disse o senador
Severo Gomes, durante a divuigação,
em São Pauio, do segundo reiatório
eiaborado peia Ação da Cidadania,
sobre os Yanomami, no período com­
preendido entre junho de Í989 e
maio deste ano. "O que se viu até
agora foi apenas um show". Das ca­
torze pistas ciandestinas dinamitadas
peia Poiicia Federai, oito já foram
reconstruídas. 5 mii garimpeiros con­
tinuam iá, os rios estão contamina­
dos por mercúrio, em aigumas regiões
não há peixes e a caça é escassa. A
nação Yanomami continua sendo di­
zimada. Peio menos mi! Yanomami A ação devastadora dos garimpeiros continua dizimando os Yanomami
morreram, em função de doenças,
nos úitimos dois anos em Roraima, tados do 3? Piano Emergenciai de Ação peia Cidadania. A conciusão
diz Ciáudia Andujar, da CCPY. Is­ Atenção à Saúde Yanomami, organi­ foi de que apenas 23% dos Yanoma­
to significa i2 a !3% da popuiação zado peia Funai e Ministério da Saú­ mi foram beneficiados peia operação,
do estado de Roraima. de, com participação da Fundação muito aquém do desejado. (Gazeta
O estudo traz, também, os resui- Oswaido Cruz e equipe de saúde da Mercanfd, 20/07/90)

Garimpeiros controiam pistas Doença afeta Makuxi


no território Yanomami A descoberta de um surto de ieisc-
Depois de expuisarem os funcioná­ dos de morte, os funcionários da Fu­ hmaniose viscerai que tem atacado os
rios da Funai do posto em Paapiú e nai suspeitam que os garimpeiros es­ Makuxi (norte de Roraima) ievou as
passarem a controiar a pista de pou­ tejam interferindo nas transmissões autoridades sanitárias do estado a re
so da área, os garimpeiros repetiram radiofônicas entre os demais postos correrem ao Instituto Naciona! de Pes­
a operação em Jeremias, iocai onde da região. No início da noite de 12 quisas da Amazônia e ao Instituto de
a Poitcia Federa! havia instaiado sua de juiho a Poiicia Federai ainda não Medicina Tropicai de Manaus; esta
base para a operação das expiosões tinha conhecimento da ação dos ga­ doença que ataca os intestinos, por
das pistas ciandestinas dentro do ter­ rim peiros. (Folha de S. Pau/o, ser pouco conhecida, não tem medica­
ritório Yanomami. Aiém de ameaça- i 3/07/90) ção precisa. (O í/beraf/PA , i 2/07/90)

Fazendeiros pressionados a deixar área dos Wapixan*


Os fazendeiros instaiados na Área Gerai da Repúbiica contra a Funai 1982, do próprio órgãr
Indígena Canauanim, território do que, em !988, através do funcionário a presença de bram
Wapixana, a 30 km de Boa Vista C éiioH orst, intermediou um acordo nas. O prob'
(RR), receberam uma intimação pã- entre índios e cerca de dez fazendei- Canau?
ra deixarem a área até o dia 18 de ros para que estes continuassem crian-
juiho, sob pena de serem presos pela do gado nas terras Wapixana. A Pro
Poiicia Federai. A promotora M arta curadoria entendeu que o docume
Rezende Pinto acompanha no iocai to não tem vaior e que o acordo é )'
a execução da sentença do juiz da 6? vo aos interesses e direitos dos ir*
Vara da Justiça Federai de Brasíiia pedindo à Justiça que mandas
que concedeu iiminar à Procuradoria nai cumprir a P o rta rr

21/07-04/08/90, N ' 548 -


ïraiM/Aadores (M anos

Metalúrgicos da Ford decidem manter greve após protestos


Um protesto dos trabalhadores
da Ford em São Bernardo do Cam­
po terminou, na noite do dia 20, com Vicentinho escíare em nota
a depredação de várias dependências
da empresa e mais de duas dezenas Em nota emitida no dia 23, o seqüente reintegração dos demiti­
de carros destruídos. presidente do Sindicato dos Meta­ dos e de seus representantes;
A Ford havia comunicado no dia lúrgicos de São Bernardo do Cam­ "5) Paralelamente, a diretoria
2, que não pagaria os salários de po, Vicente Pauio da Silva, anali­ do sindicato, sempre aberta ao
6 500 trabalhadores, por considerar sa e esclarece os acontecimentos diálogo, realizou várias negocia­
que a greve dos novecentos metalúr­ na Ford: ções com a empresa no sentido
gicos da manutenção e da ferramenta- "Entendendo a complexidade de por fim ao impasse gerado pela
ria, setores estratégicos à produção, do momento ora vivido pelos tra­ própria Ford;
era uma decisão conjunta da catego­ balhadores na Ford Brasit e tam­ "6) A Ford, no entanto, insis­
ria. Ao receberem os holerites com bém considerando os incidentes tiu em sua postura intransigente
os descontos, cerca de mil trabalhado­ ocorridos no interior da fábrica de não aceitar o retorno da orga­
res iniciaram uma assembléia dentro na última sexta-feira (20/07/90), nização sindical à fábrica e, nova­
da fábrica. Ao final do dia os operá­ a direção do Sindicato dos Meta­ mente, infringiu a lei ao punir os
rios se concentraram em frente ao lúrgicos de São Bernardo do Cam­ 6 500 trabalhadores não-grevistas
prédio do Departamento de Relações po e Diadema vem a público escla­ suspendendo parte do pagamento
Industriais da Ford. Enquanto al­ recer: de seus salários;
guns representantes dos trabalhado­ "1) A greve foi deflagrada no "7) Diante disso, é de total res­
res entraram no prédio para tentar dia 11/06, nos setores de ferramen- ponsabilidade da empresa os la­
uma negociação, outros pressionavam taria e manutenção, a partir de mentáveis incidentes ocorridos
para que todos entrassem, gritando decisão tomada pelos novecentos na noite de sexta-feira, no interior
palavras de ordem. A essa altura o trabalhadores dos dois setores, co­ da fábrica.
número de metalúrgicos dentro da mo forma de mobilização da cam­ "8) A direção do sindicato con­
fábrica subiu para 2 a 3 mil. Um blin­ panha salarial da categoria; tinua disposta a negociar com a
dado e 241 policiais militares partici­ "2) A Ford, ao contrário de Autolatina, muito embora a em­
param da operação que pôs fim ao outras empresas onde houve gre­ presa tenha demonstrado que seu
conflito. ves, reprimiu com dureza seus tra­ caminho não é o do diálogo, mas
No segunda-feira, 23 de julho, seis­ balhadores, ao atentar contra os sim o da repressão. Entretanto,
centos dos novecentos trabalhadores direitos constitucionais de greve não aceitaremos que o ministro
decidiram em assembléia pela conti­ e organização sindical e demitir, do Trabalho intermedie as negocia­
nuidade da greve, até que sejam read­
por justa causa, cem trabalhado­ ções. Esta decisão teve o aval de
mitidos os cem trabalhadores demiti­
res e afastar membros da Comis­ todos os grevistas da Ford, que
dos no início do movimento, e que
são de Fábrica, Cipa e diretor do entenderam que o ministro não
sejam pagos, sem desconto dos dias
sindicato; possui capacidade e caráter neces­
parados, os salários dos que não par­
"3) No dia 29/06, a categoria, sários para assumir a postura de
ticipam da greve. Uma assembléia re­
inclusive os trabalhadores na Ford, mediador;
alizada anteriormente, no pátio da
aprovou a proposta econômica "9) Diante de todos estes fato­
empresa, com a presença dos que
oferecida pela Fiesp, que resultou res, conclamamos os trabalhado­
não estão em greve, rejeitou por una­
num reajuste de 59,11% para os res brasileiros e a sociedade co­
nimidade o nome do ministro do Tra­
trabalhadores nas montadoras; mo um todo a se solidarizarem
balho, Antonio Magri, para interme­
diar as negociações com a empresa. "4) Os novecentos trabalhado­ com os trabalhadores na Ford Bra­
Por outro lado, o Sindicato dos Me- res na Ford, entretanto, prossegui­ sil, em nome do legitimo direito
gicos de São Bernardo e Diade- ram em sua greve, reivindicando de organização sindical, de liberda­
na Justiça do Trabalho o respeito à Constituição e a con- de de expressão e de democracia.
'ida cautelar contra a
amento dos salá-
iialhadores uma arapuca para a classe trabalhado­ que " a Igreja não apóia a violência
mpre- ra, foi cinica e hipócrita" e que "a como método social e tenho certeza
Ford está com dó dos carros quebra- que os atos ocorridos na Ford não
'os, mas não tem dó da fome que cam- foram incentivados pelo sindicato,
a na casa dos trabalhadores", cujo trabalho acompanho há vários
lom Claudio Hümmes, bispo dio- anos". (Folha de S. Pacdo, 21 e
a de Santo André, comentou 24/07/90)

21/07-04708/90. N" 546


TraMAaifMes (Manos

Mínimo perdeu Metalúrgicos da CSN lutam por


7 1 % desde 1940
Ao completar cinqüenta anos de
salários e mobilizam Vo!ta Redonda
existência em julho, o salário míni­ Os metalúrgicos da Companhia do controle da Usina Presidente Var­
mo (Cr! 4 904,76) representa apenas Siderúrgica Nacional (CSN) reduzi­ gas.
28,96% do que valia em 1940, de acor­ ram sua reivindicação por reposição O secretário-geral do Sindicato
do com o Dieese, que calcula em Cr! 38 salarial de 166% para 80%, mas es­ dos Metalúrgicos, Marcelo Felício,
596,00 a remuneração mínima neces­ ta ainda é muito superior ao adianta­ disse que " a CSN é de todo o povo
sária hoje ao trabalhador. mento de 17% oferecido pela empre­ de Volta Redonda e os comerciantes
Em 1959, afirma o Dieese, o tra­ sa. Outra polêmica é motivada pelo têm que entender que se os trabalha­
balhador que recebia salário míni­ parcelamento dos reajustes devidos dores não receberem salários dignos
mo podia comprar quase quinhentos de acordos coletivos anteriores: os e justos eles não terão fregueses".
litros de leite. Enquanto isso o salá­ trabalhadores querem receber tudo Numa clara solicitação de apoio pa­
rio de junho (Cr! 3 857,76) foi sufi­ em no máximo dez vezes, a empresa ra o planejado dia de paralisação da
ciente apenas para comprar pouco quer pagar em cinqüenta parcelas cidade, no qual todas as atividades
mais de quinze litros. mensais. Diante disso um acordo sa­ comerciais e industriais parariam
Tudo isso enquadra o mínimo bra­ tisfatório para os trabalhadores é em protesto conjunto com os traba­
sileiro como um dos mais baixos do pouco provável de ser firmado ain­ lhadores, contra a privatização da
mundo. De acordo com levantamen­ da este mês. CSN, que afetará direta e indireta­
to feito pelo Dieese junto a embaixa­ No dia 23, os metalúrgicos, em mente cerca de 300 mil pessoas. Uma
das de vinte países estrangeiros, o salá­ greve desde o dia 11, realizaram uma comissão de metalúrgicos de Volta
rio mínimo brasileiro, de 67 dólares, passeata que contou com cerca de 4 Redonda irá a Brasília entregar ao
só consegue ser maior que o da Guate­ mil trabalhadores, na qual carregaram presidente da República um projeto
mala, 50 dólares, ficando bem atrás pelas principais ruas da cidade uma de reabilitação da Companhia Side­
dos mínimos da França, 890 dólares, chave de três metros de comprimen­ rúrgica Nacional. (O Estado de S.
EUA, 668 dólares, e Itália, 600 dóla­ to, simbolizando, segundo eles, a en­ Paulo, 24/07/90; Gazeta Mercanfd,
res. (O Globo, 17/07/90) trega aos 300 mil habitantes da cidade, 23/07/90)

CUT e UFRJ estudam impacto da automação


A Central Única dos Trabalhado­ vas tecnologias, condições de traba­ Ainda para este ano, estão pre­
res (CUT) assinou acordo de coopera­ lho, ergonomia e meio-ambiente. vistos quatro seminários regionais
ção com a Coordenação dos Progra­ No capítulo de novas tecnologias se­ em conjunto com a Comissão de
mas de Pós-Graduação em Engenha­ rão estudadas a introdução de equipa­ Tecnologia e Automação da CUT,
ria (Coppe) da Universidade Federal mentos, as mudanças organizacionais cursos sobre automação e organiza­
do Rio de Janeiro (UFRJ). Acerta­ trazidas pelas inovações tecnológicas ção do trabalho no Sindicato dos
do com o Grupo de Pesquisa em Tec­ e a possibilidade de utilização de tec­ Metalúrgicos do Rio de Janeiro,
nologia e Relações de Trabalho, o nologias alternativas. O objetivo do publicação conjunta com o Ibase
convênio se centrará no estudo do im­ acordo é ampliar a eficácia da respos­ dos resultados da pesquisa no setor
pacto das novas tecnologias na orga­ ta sindical à modernização da indús­ metalmecânico do Rio e o início
nização do trabalho. tria, do ponto de vista da CUT, e o de levantamento de dados no setor
Os objetivos gerais do convênio conhecimento sobre a organização b an cário . (G azeta M ercantil,
CUT/Coppe abrangem os temas no- fabril, do ponto de vista da Coppe. 19/07/90)

Metrô do Rio afasta 24 dirigentes sindicais


A Companhia do Metropolitano O afastamento dós trabalhadores Trabalho pelo reajuste de 166,89%.
do Rio afastou, mediante suspensão não pôs fim ao impasse entre a em­ A companhia do Metrô recorreu ao
do contrato de trabalho, o presidente presa e a categoria que em assembléia, Tribunal Superior do Trabalho, que
do Sindicato dos Metroviários, Rosal- na tarde do dia 20 de julho, decidiu ainda não se pronunciou. O impasse,
vo Costa Correia, o ex-presidente da permanecer em greve, prometendo agora, gira em torno do percentual
CUT estadual Geraldo Cândido da reabrir as roletas se não houver acor­ de antecipação: a empresa oferece
Silva e outros 22 trabalhadores, entre do até o final do mês. 50% a partir de 1? de julho; os me­
diretores e ativistas sindicais. A medi­ Os metroviários do Rio de Janei­ troviários querem 60% retroativos à
da foi tomada em represália à abertu­ ro, conseguiram em junho sentença data-base (1? de maio). (Gazeta Mer­
ra de roletas feita pelos metroviários. favorável do Tribunal Regional do cantil, 20 e 23/07/90)
Mucapáo Popular

CoMor quer fazer u que M E C pretende


alfabetizar
Mobra! e Educar não fizeram 17 míthões
EEEH H .Em ....
196 7 o pre­ cional quanto ao objetivo de univer­
sidente Costa e Sil- salizar o ensino fundamental — e tam­ O Plano Nacional de Alfabetiza­
va criava o Mo- bém entre a população de 40 anos e ção e Cidadania do Ministério da
bral (Movimento mais. Educação (MEC) pretende atingir
Brasileiro de Alfa­ O Mobral não deu certo, confor­ um milhão de pessoas ainda este ano
betização). Ao as­ me Tereza da Silva, professora da e 70% dos 24,5 milhões de analfabe­
sumir a primeira USP, porque utilizava voluntários tos do país até o final do governo
presidência do despreparados ou não remunerados, Collor.
Mobral, em 1970, Mário Henrique em locais deficientes de mobiliário e Todos os órgãos do governo esta­
Simonsen prometeu erradicar o anal­ iluminação, e com métodos pedagógi­ rão integrados num esforço conjun­
fabetismo até o final daquela década. cos improvisados. O resultado foi que to para cumprir os programas do
Em 1972, Simonsen atribuía ao Mo­ 60% dos candidatos não conseguiam MEC. Será solicitada a ajuda das
bral o feito de ter ensinado a ler e es­ se alfabetizar e os demais em pouco principais redes de rádio e televisão
crever 3,5 milhões de adultos, e de ter tempo regressaram à estaca zero. En­ para exibir, em horário nobre, os
reduzido o índice nacional de analfa­ quanto isso, o ensino regular defi­ programas de alfabetização. O obje­
betismo de 33% para 26% entre as nhou, sem verbas, e só contribuiu pa­ tivo é mobilizar o pais inteiro num
pessoas de 15 anos ou mais. Na verda­ ra aumentar o número de analfabetos. esforço que Ledja Austrilino da Sil­
de, segundo Alceu Ferrari, professor O presidente Sarney disse no iní­ va, secretária de Educação Básica,
da UFRGS, este índice só seria alcan­ cio de seu governo que o Brasil entra­ define como "m utirão nacional pe­
çado bem no final da década de 70. ria no século XXI com um povo alfa­ lo ensino".
Era a "manipulação das estatísticas betizado — e lançou a Fundação Edu­ "C ada estado vai elaborar o seu
de maior interesse do Regime". car para fazer o trabalho que o Mo­ program a", afirma Ledja. A meta é
Nos estudos que fez, Ferrari con­ bral realizava. A Educar não fez atingir 17% dos analfabetos por ano,
cluiu que de 1970 a 1980 o número muita coisa. No início do governo nos dois primeiros anos do progra­
de analfabetos diminuiu principalmen­ Collor, o órgão foi extinto. Agora, ma, e 18% em cada um dos dois últi­
te nos grupos de 15 a 39 anos pela o novo governo prevê novamente a mos anos, totalizando, ao final de
ação do Mobral, mas aumentou en­ erradicação do analfabetismo e a uni­ quatro anos, 70% dos analfabetos
tre a população de 7 a 14 anos — re­ versalização do ensino básico. (Zero do país. (O Estado de S.Patdo,
velando a falência do sistema educa­ H ora/Porto Alegre, 15/07/90) 21/07/90)

índices tendem a cair, independente do governo


Os índices caíram nas épocas em das transformações sócio-econômicas, atingindo a população que está den­
que houve campanhas de erradicação muito mais do que das iniciativas es­ tro das escolas, e também naquela
do analfabetismo e também nas épo­ pecíficas na área da educação. parte da população que sistematica­
cas em que não houve campanha ne­ Ferrari diz que se o governo qui­ mente é excluída pela evasão — os
nhuma. O professor da UFRGS, Al­ ser levar a sério a determinação cons­ que já saíram da escola mas ainda
ceu Ferrari, chama esta queda cons­ titucional — que prevê a erradicação têm menos de 14 anos. Não se pode
tante de "tendência secular": é o re­ do analfabetismo em dez anos — é esquecer também quem já passou
sultado do desenvolvimento, da urba­ preciso investir fortemente em duas da idade escolar (mais de 14 anos).
nização, da expansão dos serviços, faixas: na escolarização obrigatória, (Zero H ora/Porto Alegre, 15/07/90)

Estudo flagra tragédia da educação


Encomendado pelo MEC, o mais que, estendendo-se por dez estados tar a escola secundária, que se encon­
abrangente levantamento do ensino através de equipes de universidades tram fora dela, é de 63,5%. Em esta­
secundário do país concluiu que locais. dos mais pobres a situação é catastró­
85,12% dos brasileiros entre 15 e 19 "O sistema permanece sem ofere­ fica. No Maranhão, o índice é de 91 %
anos estão fora da escola, seja por­ cer vagas suficientes nem condições e, no Rio Grande do Norte de 89,7%.
que a abandonaram, seja porque ja­ de permanência", afirma a professo­ A pesquisa será publicada com o
mais ingressaram nela. O estudo par­ ra Mabel. Mesmo no estado de me­ título de O ensino de segundo grau
tiu das professoras pernambucanas lhor performance, São Paulo, o per­ no Brasii — caracterização e perspec­
Ednar Cavalcanti e Mabel Albuquer­ centual de jovens em idade de freqüen- tiva. (Tornai do Brasii, 24/07/90)

14 3 ACONTECEU 21/07-04/06/90. N° 546


Oiigarqnias destróem proposta educaciona) em Rio Ciaro
Maria Niide MasceHani foi afasta­ so priviiegiado aos favores do estado". dos professores. A secretária havia
da em maio do cargo de secretária O atuai prefeito, que passou rapi­ exigido que as escolas fizessem a ava­
da Educação de Rio Ciaro (SP). A damente por diversos partidos, bus­ liação e o planejamento para 1990,
conhecida criadora do ensino vocacio­ cou na reconhecida competência da coibido o preenchimento de cargos
nai — experiência inovadora que te­ educadora uma base de sustentação inexistentes ou a sua ocupação por
ve Hm em Í968, por força da ditadu­ para sua gestão, nomeando-a em se­ funcionários fantasmas, além de ter
ra miiitar — soube de sua exonera­ tembro passado. Os ataques começa­ impedido o exercício de funções sem
ção peia rádio ioca), antes mesmo ram já em dezembro, conforme se a devida qualificação e a prática de
que o próprio prefeito fosse comuni­ confirmava a possibilidade de afasta­ comércio nos órgãos públicos que lhe
cado, acusada de "aiienígena" e de mento de antigos aiiados do prefei­ eram subordinados.
introduzir "pregações p métodos es­ to. Forças políticas conservadoras e Comprovada a competência e a
tranhos à sociedade riociarense". clientelistas lançaram mão de todos lisura administrativa de MasceHani,
Segundo a professora Maria Lúcia os expedientes, do questionamento restou o discurso reacionário e o pa-
Montes, que acompanhou o intenso inconseqüente da proposta pedagógi­ trulhamento ideológico. O trabalho
trabaiho de Masceiiani á frente do en­ ca de MasceHani à averiguação dos da Comissão de Inquérito, a portas
sino municipai de Rio Ciaro, " à som­ gastos da secretaria. Chegou a se for­ fechadas, transformou-se numa ar­
bra do debate 'ideoiógico' e 'moder­ mar na Câmara uma Comissão Espe­ guição do teor da "pregação políti­
no' se renova a veiha iuta das oiigar- cial de Inquérito, que procurou veri­ ca", como os vereadores qualificavam
quias dos donos do poder peio contro- ficar ainda os critérios sob os quais a proposta educacional da secretaria.
ie da máquina govemamenta! e do aces- foram demitidos funcionários e puni- (CEDJ, 25/07/90)

Trabaüiadores mineiros Secretário do ES ameaça cortar ponto


em educação O secretário estadual da Educação depois do recesso de 15 dias, que ter­
unificam entidades do Espírito Santo, José Eugênio Viei­ mina em 30 de julho, ma Vieira dis­
ra, afirmou que vai cortar o ponto se que é impossível repor as aulas até
O maior sindicato de trabaihado- dos professores que não repuserem o fina! do ano sem usar os dias desti­
res na educação em Minas Gerais es­ as aulas referentes aos 42 dias de gre­ nados ao recesso. Afirmou ainda que
tá para nascer. Eie surgirá da unifica­ ve, ocorrida entre 1 de junho a 12 apenas nove das 3,5 mil escolas esta­
ção da entidades das redes estaduai de julho. Os professores decidiram duais não estão fazendo a reposição.
e municipais e deverá ter entre 250 em assembléia que só farão reposição (A Gazeta/Vitória, 18/07/90)
mii e 300 mii fiiiados, conforme esti­
ma a presidente da UTE (União dos
Trabaihadores no Ensino), Rosaura
Prom otor exige que Estudantes baianos
Magaihães. Cpers indenize o Estado defendem escoias
Discutida há aigum tempo peia
UTE, Sindicato dos Professores da A declaração do coordenador das Cerca de 300 estudantes, comanda­
Educação Púbiica (Sinpep), Associa­ Promotorias de Defesa Comunitária, dos pela União Metropolitana dos
ção dos Diretores e Vice-diretores Ariovaldo da Silva, de que o Cpers estudantes secundaristas (Umes), pro­
das Escoia Municipais (Advem), As­ (Sindicato dos Professores do Rio moveram uma passeata dia 16 de ju­
sociação dos Orientadores Escoiares Grande do Sul) deverá indenizar o lho, protestando contra o descaso
de Minas Gerais (Aoemig) e Sindica­ Estado se não cumprir os 190 dias le­ oficial em relação à educação. Os es­
to dos Trabaihadores do Ensino da tivos, não foi bem recebida no magis­ tudantes exigem que as escolas sejam
Prefeitura (Sintep), a unificação deve­ tério, que esteve em greve por 58 recuperadas imediatamente e que o
rá se consumar com o congresso que dias. A advertência sobre a indeniza­ governador contrate os professores
será reaiizado no Mineirinho, de i5 ção ' 'está atrapalhada", afirmou Cló- aprovados no último concurso. Ale­
a i8 de agosto. vis Oliveira, vice-presidente do Cpers, gam que muitas escolas estão na imi­
Para o presidente da UTE o mo­ lembrando que uma comissão paritá- nência de fechar por falta de profes­
mento é histórico para a categoria. ria — com integrantes do Cpers, da sores e por falta de infra-estrutura
"N ão há força externa nesta mudan­ Secretaria de Educação, da União física dos prédios. Dia 19, o Conse­
ça, e sim trabaihadores da educação Gaúcha de Estudantes Secundaristas lho Estadual de Educação da Bahia
se organizando de forma iivre e ma­ e da Associação de Círculos de Pais divulgou um documento, segundo o
dura para a iuta comum, que é me­ e Mestres — está trabalhando desde qual das cerca de 4,5 mil escolas esta­
lhorar a quaiidade do ensino públi- o dia 6, para definir o novo calendá­ duais, 2,7 mil estão sem funcionar.
co ", afirmou. (Diário da Tarde/Be- rio escolar. (Zero H ora/Porto Alegre, (A Tarde/Salvador, 17/07/90; Folha
!o Horizonte, ! 7/07/90) 16/07/90) de S. Paulo, 20/07/90)

21/07-04/08/90, N° 546 ACONTECEU O 15


Internacional

Luta peto poder 'racha' o Sotidariedade


O que vinha se desenhando des­ pada peio generai Jaruzeiski, o mes­ 9 mii no princípio do ano. A inflação
de o finai de abri), quando o Soiida- mo que fechou o Soiidariedade em caiu, mas o nívei de vida da popuia-
riedade, da Poiônia, reaiizou seu 2? 80 e prendeu seus iíderes. Desde a ção também. Uma tentativa de acor­
Congresso, se consumou há uma se­ posse de Mazowiecki, o papei de do foi a recente demissão, por Mazo­
mana. Lech Waiesa e o primeiro-mi­ Waiesa na Poiônia diminuiu. Em com­ wiecki, de cinco ministros comunis­
nistro Tadeuz Mazowiecki pratica­ pensação, a briga no Soiidariedade tas remanescentes dos acordos que
mente romperam reiações. As conse­ apareceu á iuz do dia e cresceu. "Crip- ievaram à constituição do governo
quências, a curto prazo, serão um "ra ­ to-comunista", "p orco", "demago­ do Soiidariedade. Waiesa, no entan­
cha" maior no sindicato que se proje­ go" e "déspota" foram os pesados to, não se satisfez. Seus partidários
tou, desde 1980, como a grande cria­ termos empregados na briga, de par­ aumentaram a pressão por sua eiei-
ção por democracia e Uberdade no te a parte. ção imediata. O desfecho foi a cisão.
Leste Europeu. E o processo já come­ No fundo da disputa há as ten­ Agora, a disputa pode ser transferi­
çou. sões de uma transição doiorosa. O da dos bastidores do governo para
O centro da disputa é a presidên­ número de desempregados na Poiô­ o conjunto da sociedade poionesa.
cia da Repúbiica, ainda hoje ocu- nia já chega a quase 600 mii, contra (Tornai da Tarde, 27/07/90)

A!bânia fecha Cai padrão de vida dos iatinos


suas fronteiras O padrão de vida de miihares de nai é mais marcante do que em paí­
-O governo da Aibânia decidiu im­ pessoas está hoje abaixo do registra­ ses subdesenvolvidos de outras áreas,
pedir a entrada de jornaiistas no país. do há vinte anos na América Latina afirmou o Banco Mundiai em seu re­
Eie bioqueou na fronteira com a Iu- e Caribe, uma região onde o contras­ iatório anuai de Í990, divuigado em
gosiávia um grupo de correspondentes te entre a pobreza e a riqueza nacio- Washington.
estrangeiros. Um segundo grupo iria ' 'Apesar da renda per capría média,
tentar entrar no país, partindo de que é de cinco a seis vezes à da Ásia
Otranto, na itáiia, num barco de turis­ Meridionai e do Sahei africano, qua­
mo. Mas o governo de Tirana decidiu
Gastos mHitares se 20% da popuiação da América La­
também fechar o acesso de turistas. representam 2 0 % tina e do Caribe ainda vive em pobre­
Em discurso em Tirana, para 120 za", acrescentou o reiatório. "O moti­
mi) pessoas, o iíder aibanês Cheiii Gjo- A miséria sociai iatino-ame- vo é o grau excepcionaimente aito de
ni afirmou que os aibaneses que se re­ ricana também tem suas raizes desiguaidade da renda da região", se­
fugiaram no Ocidente são traidores e na maneira como as nações dis­ gundo o Banco Mundiai. "Eievar a
há um piano, montado no exterior, tribuem seus recursos. De acor­ renda de todos os pobres no continen­
para favorecer a voita da burguesia do com o reiatório anuai do te para imediatamente acima da iinha
ao poder. Os refugiados que chegaram Bird, os gastos miiitares das de pobreza custaria apenas 0,7% do
à itáiia voitaram a denunciar os privi- nações em desenvoivimento re­ Produto Nacionai Bruto regionai —
iégios da burocracia aibanesa, envoi- presentaram, em média, 20% o equivaiente aproximado de um im­
vida, segundo eies, no contrabando dos orçamentos federais. (O posto de renda de 2% sobre os 20%
de cigarros para o resto da Europa. Estado de S. Pauto, Í7/07/90) mais ricos da popuiação", prevê o
(Folha de & Pau/o, 23/07/90) banco. (Gazera Mercanól, Í7/07/90)

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