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NÃO VOS PREOCUPEIS COM O DIA DE AMANHÃ.

A BOA NOVA
DO

MOMENTO PRESENTE

1
O MOMENTO PRESENTE

“Não vos preocupeis com o dia de amanhã” (Mt 6, 34). Essas são as palavras com que o Senhor nos anima a viver
o momento presente com paz e alegria, buscando em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, sabendo que
todas as demais coisas nos serão dadas por acréscimo.
Como é, pois, bom ter sempre presente que a palavra Evangelho, com a qual definimos a mensagem de Cristo,
não significa, em grego, senão: Boa Nova.
Boa Nova, quer dizer, mensagem de esperança, de alegria, de coragem no nosso dia-a-dia, rumo ao coração do
Pai, à pátria que alimenta nossa Esperança.
Pois bem, no Evangelho, ouvimos Jesus dizer-nos com toda naturalidade: “Sede perfeitos como vosso Pai celeste
é perfeito” (Mt 5,48). A princípio, podemos pensar que nosso Senhor e Mestre está brincando conosco, mas não é
assim. Está nos chamando à santidade, como nos diz são Paulo: “A vontade de Deus é que sejais santos”; ela é o fim
de nossa existência terrena e eterna.
Num outro lugar, e numa belíssima passagem, Jesus mesmo concentra as condições que precisamos para
alcançar dito ideal: “Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz, cada dia, e siga-me.” (Lc
9,23). Eis, pois, o que precisamos para ser perfeitos: levar a cruz de cada dia, só a de cada dia, mas não aquela que
nossa imaginação inventa. Para esta cruz cotidiana, temos a graça divina; só nos resta dizer como Maria: “Sim”.
Vistas assim as coisas, quem poderá dizer que a santificação do dia-a-dia ultrapassa as suas forças. Só hoje!
Santificação do momento presente. Eis o “momento” do abraço com Nosso Senhor, a nossa adesão à sua vontade, na
qual está toda a santidade de uma criatura humana.
Para iluminar dita verdade, colocamos aqui uns textos que nos podem ajudar a todos. A Sabedoria Encarnada,
Jesus, abra nossos corações à divina graça. “Tudo é graça”, mas devemos acolhê-la a cada instante com boa
vontade.
Não hesitemos, pois, abrir nossos ouvidos à recomendação do Apóstolo Pedro: “Como é santo Aquele que vos
chamou, tornai-vos santos, também vós, em todo o vosso proceder. Pois está escrito: Sereis santos porque eu sou
santo” (1Pd 1, 15-16).
Que Maria Santíssima, Medianeira de todas as graças, no-lo alcance.

2
TEOLOGIA E ESPIRITUALIDADE
DO
MOMENTO PRESENTE

Há já dois largos decênios que saiu à luz pública o áureo livrinho "A santificação do momento
presente", devido à douta pena do sacerdote dom Francisco Marti Fernández, que foi diretor do
Instituto Psiquiátrico de Valladolid, falecido no ano de 1981. Tal obra – redigida pela feliz sugestão
do P. Sabino M. Lozano ao seu autor – é a recopilação e amplificação de vários artigos publicados
na revista "LA VIDA SOBRENATURAL".
Posteriormente a esta publicação, apareceram na mesma Revista outros trabalhos que abordam, a
partir de diversas vertentes, um tema idêntico, isto é, a santificação do instante atual. Nas páginas
seguintes desejamos apresentar algo mais sobre tão saboroso argumento, convencidos de que os
leitores compartilharão conosco semelhante interesse, já que se trata de um ponto central da
espiritualidade cristã. Talvez designado com expressões variadas, mas de importância inegável.
Os ensinamentos evangélicos sobre a vigilância e os grandes avisos paulinos às comunidades
cristãs evangelizadas pelo Apóstolo, coincidem ao assinalar de que forma o cristão deve aproveitar a
graça do momento atual se quer deveras corresponder ao desígnio salvífico e santificador que Deus
tem sobre ele. Desde a parábola das virgens prudentes (Mt. 25, 1-13) e equivalentes (Mt 24, 45-51),
até ao "vigiai e orai porque não sabeis o dia nem a hora" (Mt. 24,42), é-nos advertido que cada
momento é um momento chave, e que cada degrau é definitivo: "Enquanto temos tempo, façamos o
bem para com todos, mas especialmente para com os irmãos na fé" (Gl 6, 10). Ou, como nos adverte
o salmista: "Se hoje escutardes a voz do Senhor, não endureçais o vosso coração" (sal 94,8).
Torna-se evidente que a santificação do momento presente pertence ao conjunto de temas básicos
ou centrais da perene espiritualidade evangélica e cristã. Basta examinar atentamente os seus
conteúdos para que disso nos certifiquemos.

1. Os momentos de Deus como torrente de graças.


Nós não vivemos o tempo nem no tempo como os homens que não têm fé. Sabemos muito bem
que somos temporais e que, algum dia, terminará a nossa cronologia terrena, porque todo o humano
é perecedouro. Isto é aceite, sem reticência alguma, por qualquer um, ainda que não seja crente ou
agnóstico. Mas o cristão, em virtude da sua fé, tem uma outra maneira de viver no tempo. Sabe que
cada momento que flui da sua existência é um instante salvífico, uma graça irrepetível, um encontro
com o Senhor. O tempo, como o próprio homem, também foi redimido e santificado. Foi colocado
como cenário itinerante dos filhos de Deus. Por isso, o tempo que o Senhor Se digna conceder-nos é
um dom inestimável da sua infinita misericórdia, um presente da sua amantíssima Providência.
Os teólogos chamam a cada instante de tempo assim concebido "Kairós" isto é, graça salvadora e
santificadora. A partir desta perspectiva, santificar o momento presente é aproveitar o dom de Deus
que se nos oferece "aqui e agora", procurando torná-lo fecundo, até produzir com ele, o 100 por 1,
como a terra fértil da parábola do semeador (Mt 13,8). O salmista sentia-se saciado por Deus na
torrente das suas delícias (sal 35,9), e isso, precisamente, é o tempo transcorrido ou vivido por nós:
uma torrente oceânica de amor e de misericórdia, de graças multiformes e ocasiões favoráveis. Ou,
se preferirmos: uma cadeia de momentos indefinidamente longa – como a vida de cada homem – na
qual o Senhor prodigaliza os seus dons sem taxa nem medida, buscando a nossa eterna salvação.
As suas graças constituem uma torrente, um rio, um oceano e um dissipar de bens. São Paulo dir-
nos-á que "onde abundou o pecado, superabundou a graça" (Rm 5,20). E acrescentará que, havendo
sido predestinados por Deus à adoção de filhos, por Jesus Cristo, para "louvor do esplendor da sua
glória", derramou superabundantemente sobre nós copiosas riquezas de sabedoria e graça (Ef 1,6-8).
Por conseguinte, em termos paulinos, cada Kairós, ou momento salvífico, equivale a um transbordar
divino, a uma superabundância gratificadora. Posto que o fim de Deus na predestinação seja que a
sua infinita bondade brilhe e seja louvada por todos os homens.

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Assim se explicam muitas coisas. Por exemplo: porque o missionário zeloso aproveita todos os
minutos do seu ministério para pregar a mensagem. Porque o contemplativo faz perfeitamente, por
amor, o que tem de fazer a cada instante. Porque qualquer cristão no seu respectivo estado de vida e
circunstâncias específicas santifica o seu "hoje", o seu "agora", o seu "momento presente", como um
dom divino do qual se sente tremendamente responsável.

2. Sólidos fundamentos doutrinais


No fascinante tema da santificação do momento presente, não falta quem lamentavelmente
confunda as coisas, desvalorizando a sua importância transcendente. Não percebem que, no fundo,
se trata de viver a vida cristã na sua maior profundidade e responsabilidade, já que equivale a dar a
Deus, em cada instante, o que, em cada instante, Ele pede. Os seus fundamentos são tão firmes e
sólidos como a doutrina revelada em que se apoia. Sem a pretensão de esgotar tal temática, e tão
somente em forma de exposição sumária, aludimos esquematicamente aos 3 principais:
1º - Deus Trindade que criou o Homem, elevando-o à ordem sobrenatural e santificando-o com os
seus dons, tendo por suposta a atual economia da graça, dirige a alma no momento presente através
da sua ação: ação divina. Nesta afirmação encontra-se condensada a chamada "Teologia do
momento presente" (cf.F.MARTI, La santificación del momento presente, Valladolid, 1966, pp.79-
91).
Toda a obra redentora realizada por Jesus Cristo ordena-se, em certo sentido, a que a alma
adquira "um novo modo de ser, de viver, de querer, de julgar e reagir", tal como o expressa S. Paulo:
"Sois já uma nova criatura" (Gl 6,15). "O que está unido ao Senhor, é um só Espírito com Ele" (1Cor
6,8). A absoluta soberania de Deus Criador que elevou liberrimamente os nossos primeiros pais ao
estado sobrenatural, a redenção libertadora de Jesus Cristo, e a inabitação trinitária (Jo 14, 23),
justificam de sobremaneira que a nossa atividade deva ser totalmente conforme ao plano divino:
"Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação" (1Tes 4,3).
2º - O dogma da Providência divina leva-nos a crer que o Senhor protege e rege todas as criaturas,
de tal modo que a sua infinita sabedoria "se estende de um ao outro confim e tudo governa com
suavidade" (Sb 8,1: Denz. 1784). Poucas verdades de fé se encontram tão claramente reveladas em
tão numerosas passagens da Sagrada Escritura, como a ação universal da Divina Providência. Os
salmos testemunham a cada passo a sua indefectível influência. Com efeito, "o Senhor fez o pequeno
e o grande, e cuida igualmente de todos" (Sb 11,21; 12,13; 14,3). Jesus ensinou-nos no Sermão da
Montanha como havemos de saber confiar-nos, em todo o momento e circunstância, à Providência
(Mt 6,25). Paulo fala-nos da universalidade da Providência d'Aquele "que a todos dá vida, alento e
todas as demais coisas" (At 17,25). S. Pedro exorta-nos, com acento vigoroso, a que "confiemos
todos os nossos cuidados ao Senhor, pois Ele cuida de nós" (1Pe 5,7). A Teologia do momento
presente descansa, portanto, neste segundo pilar dogmático, e estimula-nos a viver cada instante com
um penetrante sentido de fé.
3º - Segundo a doutrina católica sobre a natureza do estado atual, existe um influxo sobrenatural de
Deus sobre as potências da alma que coincide temporalmente com o livre exercício da vontade
humana (Concílio Tridentino: Decreto sobre a justificação, Dz.797). Deus não só se encarrega
amorosamente, de uma maneira imediata e intrínseca, de iluminar o entendimento, mas faz com que
o seu influxo sobrenatural proceda e acompanhe toda a livre decisão da vontade humana.
O Senhor está à porta e chama (Ap 3,20), atrai os que se aproximam de Jesus (Jo 6,44). No já
citado decreto acerca da justificação, a Igreja ensina solenemente o seguinte: "O amor de Deus pelos
homens é de tal modo grande que quer que sejam méritos seus, pelo livre exercício da liberdade
humana, o que são dons Seus em ordem da sua graça" (Dz 810). Onze séculos antes, Sto. Agostinho
descrevia assim a admirável operação da graça antecedente e subsequente, perfeitamente unidas na
vontade humana: "Opera no princípio para que queiramos realizar uma boa obra e coopera com os
que quer para levá-la a feliz termo" (De gratia et libero arbítrio, 17,33).
A Teologia do momento presente está, pois, edificada sobre um tríplice cimento que não pode
ruir: a absoluta soberania de Deus, a sua amorosa providência, e a natureza da graça atual. Portanto,
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conseguiremos tanto mais viver com plenitude o nosso instante atual, quanto a nossa espiritualidade
se apoie consolidadamente sobre esse fundamento inamovível.

3. Testemunho de um mestre contemporâneo.


O P. Alfonso Torres, S.J. (1879-1946) exerceu na primeira metade deste século um amplo e
frutuoso magistério espiritual no catolicismo espanhol. A sua figura colossal, tão injustamente
esquecida – como tantas outras às que urge resgatar do silêncio e da indiferença -, resplandece com
fulgores excepcionais nos nove volumes das suas Obras Completas, publicadas pela Editorial
Católica, fora da sua coleção oficial. Também se ocupou em insistir em que é preciso viver
sobrenaturalmente o momento presente, para o que se requer "o vazio da memória que nos põe
continuamente diante dos olhos o que passou". Eis aqui um texto antológico:
O demônio, que conhece todos os modos possíveis de desviar as almas, costuma levá-las sob boas
aparências, ao passado e ao futuro. Leva-as ao passado para lhes destroçar o coração, para
amargurá-las, ou também para que se sintam heroínas de um poema. E leva-as ao futuro,
apresentando-lhes o caminho da virtude como uma coisa inexequível e procurando que não sigam
em frente, ou fazendo com que forjem ilusões sobre o futuro, que logo ao primeiro sopro se
desfazem. Se tivéssemos fortaleza para fechar essas duas portas ao inimigo, vivendo no momento
presente e preocupando-nos tão somente em fazer nele a vontade de Deus, quantos enredos e
enganos evitaríamos e quanta paz e segurança teríamos no nosso coração! (VII, 635)
Este ilustre mestre da espiritualidade espanhola contemporânea sublinha como as coisas mais
agradáveis a Deus não são as que, em si mesmas, são mais virtuosas, "mas as que Deus pede em
cada momento, ainda que, em si, sejam menos perfeitas que outras" (VIII, 290). E sobre esta ideia
diretriz raciocinava com uma pontaria certeira para oferecer a solução a uma questão árdua:
Deus nunca deixa a alma de tal maneira que não lhe manifeste o que naquele momento quer
dela. Poderá ocultar-lhe o que vai querer depois, um momento depois. Poderá ocultar-lhe qual é o
rombo que a sua vida vai levar, poderá ocultar-lhe todos os seus futuros desejos. Mas ocultar-lhe o
que no momento presente dela quer, o Senhor jamais o oculta. (VIII, 290)
A santificação do momento presente está inseparavelmente unida ao exercício do abandono filial
no Senhor e à entrega ao Seu beneplácito, que são a suprema expressão do amor. Ambas as
disposições radicam, não tanto no entendimento, como no coração (cf. II, 302). O insigne pregador e
diretor de almas, coloca o santo abandono filial na Providência divina como raiz e chave de uma
genuína espiritualidade evangélica. Quem vive intimamente convencido de que o Senhor governa e
dirige tudo com sapientíssima e amorosa providência, olha o momento presente do seu itinerário
terreno como um dom, uma graça, um privilégio e uma predileção. A total pureza de consciência, de
coração, de pensamento e de intenção, é uma consequência prática deste viver o nosso presente de
cada momento, no qual Deus nos convida a cumprir a sua vontade. Perante o fugaz instante fluente o
discípulo fiel de Jesus repete com Ele, ao Pai celestial: "Eu faço sempre o que Lhe agrada" (Jo 8,29).

4. Espiritualidade segura
Parece-nos que a santificação do momento presente, tal como a explicam os grandes mestres e os
melhores tratadistas de Ascética e Mística, constitui, antes de mais, uma doutrina e não um método.
É susceptível, portanto, de ser vivida como uma espiritualidade segura, isto é, construída sobre a
rocha (Mt 7,26). Porque os fundamentos – como vimos – são de uma solidez inamovível. Sendo
muitas e numerosas as razões que tornam lícito o seu frutífero exercício, emergem, a nosso parecer,
dois de enorme eficácia santificadora: a perfeita pureza de intenção que a acompanha, e a
glorificação de Deus como objetivo primordial.
Quem purifica constantemente a sua intenção, despojando-se radicalmente de todo o motivo
humano – autêntico motor da vida cristã –, consegue dar passos de gigante nos caminhos do Senhor.
E quem busca sem descanso a glória de Deus como fim supremo, torna extraordinariamente fecunda
a sua existência.

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São muito poucos os cristãos empenhados em antepor sempre e em tudo a glória de Deus! Hoje,
como ontem, tem urgência e vigência o lamento de S. Paulo: "Todos buscam os seus interesses, não
os de Jesus Cristo" (Fl 2, 21). Com toda a razão escreveria testemunhalmente Teresa de Lisieux:
"Quero pensar somente no momento presente. Estou certa de que unicamente neste momento se
cumpre a vontade de Deus" (Novissima Verba, 27 de Julho de 1897). Aqui está um caminho certo e
uma espiritualidade segura.
Os teólogos e comentadores bíblicos falam cada vez mais das dimensões cristão do tempo.
Distinguem duas particularmente importantes: a dimensão sucessão ou movimento, entendido como
a duração de uma realidade temporal. Seria o tempo-externo que já Aristóteles, desde o paganismo,
definia como "o número do movimento no horizonte do antes e do depois". No entanto, desde o
ponto de vista teológico, interessa mais o tempo interno, em sentido qualitativo. Surge assim o
chamado tempo-acontecimento.
A Liturgia faz-nos refletir neste aspecto essencial. Assim, no Prefácio III do Advento, que nos
apresenta Cristo como Senhor e Juiz da História, lemos: "O mesmo Senhor que se nos mostrará
então cheio de glória, vem agora ao nosso encontro em cada homem e em cada acontecimento."
Através deste ensinamento revelador, a santificação do momento presente adquire tonalidades
escatológicas. A existência inteira de um cristão coloca-se, portanto, num estado definitivo,
conseguindo-se o maior fruto do tempo nas suas duas propriedades teológicas irrenunciáveis: a
cíclica e a linear. De Deus vimos pela criação, e pela justificação, no Batismo, e a Deus regressamos
como nosso Fim e Juiz Supremo. À semelhança de Cristo, o cristão sai do Pai e volta para o Pai (Jo
16,28). Quem santifica o momento presente acelera o seu regresso ao Pai, "Criador e Senhor do
tempo". Daqui deriva toda a teologia e espiritualidade do momento presente santificado.

P. Andrés Molina Prieto


Revista: La Vida sobrenatural, nº.547, pp. 30-39.
Salamanca, 1990.

O VALOR DO TEMPO
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Diligência, meu filho, - diz o Espírito Santo - em empregar bem o tempo, porque é a coisa mais preciosa,
riquíssimo dom que Deus concede ao homem mortal. Até os próprios gentios tinham conhecimento de seu
valor. Sêneca dizia que nada pode equivaler ao valor do tempo.
Com maior satisfação ainda o apreciaram os Santos. Afirma São Bernardino de Sena que um só momento
vale tanto como Deus, porque nesse instante, com um ato de contrição ou de amor perfeito, pode o homem
adquirir a graça divina e a glória eterna.
O tempo é um tesouro que só se acha nesta vida, mas não na outra, nem no céu, nem no inferno. É este o
grito dos, condenados: "Oh! Se tivéssemos uma hora!" ... Por todo o preço comprariam uma hora a fim de
reparar sua ruína; porém, esta hora jamais lhes será dada. No céu não há pranto; mas, se os bem-aventurados
pudessem sofrer, chorariam o tempo perdido na sua vida mortal, o qual lhes poderia ter servido para alcançar
grau mais elevado na glória; porém, já se terá passado a época de merecer.
E tu, meu irmão, em que empregas o tempo? Por que sempre adias para amanhã o que podes fazer hoje?
Reflete que o tempo passado desapareceu e já não te pertence; que o futuro não depende de ti. Só dispões do
tempo presente para agir...
"Ó infeliz! - adverte São Bernardo. Por que ousas contar com o vindouro, como se Deus tivesse posto o
tempo em teu poder?" E Santo Agostinho disse: "Como te podes prometer o dia de amanhã, se não dispões de
uma hora de vida?" Daí conclui Santa Teresa: "Se não estiveres preparado hoje para morrer, teme morrer
mal..." (S. Afonso de Ligório. "Tempo e Eternidade").

Dom Estêvão Tavares Bettencourt, O.S.B.


Pergunte e Responderemos, nº519, p.419.
Rio de Janeiro, setembro 2005.

TEMPO
7
Imagine que você tenha uma conta corrente e a cada manhã você acorde com um saldo de
R$ 86.400,00.
Só que não é permitido transferir o saldo do dia para o dia seguinte. Todas as noites o
saldo é zerado, mesmo que você não tenha conseguido gastá-lo durante o dia.
O que você faria? Iria gastar cada centavo possível, é claro!
Todos nós somos clientes deste banco de que estamos falando. Ele se chama tempo.
Todas as manhãs sua conta é reiniciada, e todas as noites as sobras do dia se evaporam.
Não há volta Você precisa de gastar o máximo, vivendo no presente seu depósito diário.
Invista então no que for melhor: na saúde, no serviço ao próximo, na procura c:ie Deus,
mediante uma leitura ou oração.
O relógio está correndo. Faça o melhor para o seu dia-a-dia.
Para você perceber o valor de UM ANO, pergunte a um estudante que perdeu o ano.
Para perceber o valor de UM MÊS, pergunte à mãe que teve seu bebê prematuro.
Para perceber o valor de UMA SEMANA, pergunte a um editor de um jornal semanal.
Para você perceber o valor de UMA HORA, pergunte aos amantes que estão esperando
para se encontrar.
Para perceber o valor de UM MINUTO, pergunte a uma pessoa que perdeu o ônibus.
Para perceber o valor de UM SEGUNDO, pergunte a uma pessoa que conseguiu evitar um
acidente.
Para perceber o valor de UM MILISSEGUNDO, pergunte a alguém que perdeu a medalha
de ouro em uma olimpíada.
Valorize cada momento que você tem. Valorize mais, porque você deve dividir com
alguém especial o suficiente para gastar o seu tempo junto com você.
Lembre-se de que o tempo não para, não espera por ninguém, não volta atrás.
O ontem é história.
O amanhã é um mistério.
O hoje é uma dádiva. Por isso é chamado presente.
(Ledll R. Tormen)
Do livro: A vida é uma escolha.
Organização: Dom Estêvão Bettencourt, OSB.
Ed. Lumen Christi.
Rio de Janeiro, 2007.

8
O ABANDONO À DIVINA PROVIDÊNCIA
por

JOÃO PEDRO DE CAUSSADE (1675-1751)

Cap. 3.
As disposições que o estado de abandono solicita e seus diversos efeitos.

Há um tempo em que Deus quer ser a vida da alma e trabalhar na sua perfeição por si mesmo e
de uma maneira secreta e desconhecida. Então todas as ideias próprias, as luzes, as indústrias, as
buscas, os raciocínios são um manancial de ilusões. E, quando a alma, depois de muitas
experiências de resultado triste aonde a tem conduzido o possuir-se a si mesma, ela reconhece, por
fim, a sua inutilidade e descobre que Deus ocultou e confundiu todos os canais para fazê-la
encontrar a vida n’Ele mesmo.
Então, convencida do seu nada e de que tudo o que ela pode tirar do seu fundo é prejudicial,
abandona-se a Deus para não possuir nada mais que a Ele. Deus torna-se assim para ela uma fonte
de vida, não como ideia, como luz ou reflexão (tudo isso não é nela senão um manancial de
ilusões), mas pela realidade das suas graças, ocultas sob as aparências mais estranhas.
A operação divina é desconhecida para a alma, esta recebe a virtude, a substância, o real por
milhares de circunstâncias que ela crê ser a sua ruína. Não há remédio para essa obscuridade, é
preciso deixar-se afundar nela. Deus dá-se, e dá todas as coisas na obscuridade da fé.

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Cap. 4.
O estado de abandono.

No abandono, a única regra é o momento presente. A alma encontra-se leve como a pena, fluida
como a água, simples como a criança. É móvel como uma bola, para receber e seguir todas as
impressões da graça.
Essas almas não têm mais resistência ou rigidez que a do metal fundido; como este recebe todas
as formas do molde em que é vertido, também a alma adapta-se e ajusta-se facilmente a todas as
formas que Deus lhe quer dar, numa palavra, a sua disposição é semelhante à do ar que está
disponível para todos os sopros e se configura com tudo.
Há uma observação importante que se deve fazer aqui: nesse estado de abandono, nesse caminho
de fé, tudo o que se passa na alma, no corpo, durante os afazeres e nos diversos acontecimentos,
oferece uma aparência de morte que não nos deve espantar. Que quereis? É a característica desse
estado. Deus tem seus desígnios sobre as almas e, sob esses véus obscuros, Ele os executa muito
felizmente.
Sob esse nome de véu entendo os maus sucessos, as enfermidades corporais, as fraquezas
espirituais.
Nas mãos de Deus tudo corre bem, tudo se torna bem; é por essas coisas que desolam a natureza
que Ele preserva e prepara o cumprimento dos seus mais altos desígnios: «Deus faz tudo concorrer
para o bem daqueles que são chamados conforme os seu desígnio».1

1
Rm 8,28.
9
........

Cap. 4.
A pedagogia divina.

Viver da fé é viver de alegria, de segurança, de certeza, de confiança em tudo o que é necessário


fazer e sofrer a cada momento segundo o desígnio de Deus. Por estranha que possa parecer essa
conduta, de fato, é para animar e manter essa vida de fé que Deus faz essa alma rolar e leva-a nas
ondas tumultuosas de tantas penas, distúrbios, obstáculos, langores, perturbações; porque é
necessária a fé para encontrar Deus em tudo isso, bem como essa vida divina que se dá a todo o
instante de modo desconhecido, mas muito certo.
A aparência da morte no corpo, da condenação na alma, do transtorno nos negócios são os
alimentos e o sustento da fé. A alma atravessa tudo isso e vem apoiar-se na mão de Deus que lhe dá
a vida em tudo, a não ser onde se vê que há pecado evidente; é necessário que uma alma de fé
avance sempre com segurança, reconhecendo que tudo é véu e disfarce de Deus, cuja presença
íntima [nessas circunstâncias] atemoriza e refreia as faculdades.
O instinto da fé é uma alegria [que brota do reconhecimento] da bondade divina e uma confiança
fundada sobre a espera da sua proteção que torna tudo agradável e faz-nos receber tudo de bom
grado; torna a alma espiritualmente indiferente e preparada para todas as circunstâncias, estados e
pessoas. A fé nunca está infeliz, doente [espiritualmente] ou em estado de pecado mortal; essa fé
viva está sempre em Deus, sempre em sua ação além das aparências contrárias que obscurecem os
sentidos; estes, amedrontados, gritam de repente à alma: «Infeliz, estás perdida, não há mais
recursos!» E com uma voz mais forte, a fé diz-lhe no mesmo instante: «Mantêm-te firme, caminha,
e nada receies».

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Cap. 4.
Uma paz superior.

Vamos, alma minha, através dos langores, das doenças, securas, durezas de ânimo, debilidades
do espírito, dos enganos do diabo e dos homens, das suas desconfianças, invejas, ideias sinistras e
prevenções.
Voemos como uma águia por cima das nuvens, com o olhar sempre fixo no sol e nas nossas
obrigações que são os seus raios.
Sintamos tudo isto: não depende de nós o estarmos insensíveis, mas recordemo-nos que a nossa
vida não é uma vida de sentimentos. Vivamos nessa região superior da alma onde Deus e a sua
vontade realizam uma eternidade sempre igual, sempre uniforme, sempre imutável.
Nessa morada completamente espiritual, em que o não criado, o indistinto, o inefável mantém a
alma infinitamente afastada de todas as sombras e de todos os átomos criados. Os sentidos
percebem em suas faculdades, suas agitações, suas inquietações, cem metamorfoses.
Tudo se passa como no ar onde tudo está como que sem lógica e sem ordem, numa vicissitude
perpétua. Mas Deus e sua vontade são, no estado de fé, o objeto firme que encanta o coração e, no
estado de glória, fará a verdadeira felicidade.

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A alma de fé, que conhece o segredo de Deus, mantêm-se totalmente em paz, e tudo o que nela
se passa, em vez de lhe atemorizar, tranquiliza-lhe. Intimamente convencida que é Deus que a
conduz, recebe tudo com graça e vive no esquecimento de si mesma do assunto sobre o qual Deus
toma de conta para poder pensar somente na obra que está entregue a seus cuidados, isto é, ao amor
que a anima sem cessar a cumprir fielmente e com exatidão as sãs obrigações.

........

Cap. 5.
O estado de fé pura.

O estado de pura fé é de algum modo uma mistura de fé, de esperança e de caridade, num único
ato, que une o coração a Deus e à sua ação.
Essas três virtudes reunidas são uma só virtude, um único ato, uma só elevação do coração a
Deus e um simples abandono à Sua ação.
Oh! Unidade desejável da Trindade e dessas excelentes virtudes! Crede, pois, almas santas,
esperai, amai, mas por um simples toque que o Espírito divino, o qual Deus vos dá como um
presente, produz no vosso coração. É essa a unção do nome de Deus que o Espírito Santo derrama
no centro do coração. Eis aqui a palavra e a revelação mística, penhor da predestinação e de todas
as suas ditosas consequências: «Como Deus é bom para Israel, para os homens de coração puro»2.
Esse toque nas almas abrasadas chama-se amor puro por causa da torrente das graças| que
transborda sobre todas as faculdades, com uma plenitude de confiança e de luz. Mas nessas almas
embriagadas de [licor de] absinto, esse toque chama-se fé pura, porque a obscuridade e as sombras
da noite aqui são todas puras.
O amor puro vê, sente e crê. A fé pura crê sem ver nem sentir. Eis donde vem a diferença que
pomos entre uma e outra. Essa diferença não está fundada senão em aparências diversas, porque na
realidade, como ao estado de fé pura não falta o amor, assim ao estado de amor puro não falta nem
a fé nem o abando; mas esses termos são aqui apropriados por causa daquilo que mais domina em
cada um desses dois estados.

........

Cap. 7.
A vontade divina e o momento presente.

A vontade divina é a vida da alma, qualquer que seja a aparência em que essa vontade se
aplique à alma ou seja recebida por ela.
Qualquer que seja a recepção feita a essa vontade divina pelo espírito ela alimenta a alma e fá-la
crescer sempre em direção ao melhor. Não é isto nem aquilo que lhe produz tão felizes efeitos, mas
sim a ordem de Deus no momento presente.
Aquilo que era melhor no passado já não o é no presente, porque já está destituído da vontade
divina, que agora se manifesta sob outras aparências para mostrar o dever do momento presente. E
é este dever, qualquer que seja a sua aparência, que no presente se torna o mais santificante para a
alma.

2 2
Sl 72,1. No texto original: da volúpia.
11
A vontade de Deus é a plenitude de todos os nossos momentos e flui sob mil aparências, que
formam sucessivamente o nosso dever presente, configurando, acrescentando e consumando em
nós o homem novo, até chegar à plenitude que a Sabedoria divina nos destina.
Esse misterioso crescimento da idade de Jesus Cristo em nossos corações é o termo produzido
pela ordem de Deus, é o fruto da sua graça e da sua vontade divina. Esse fruto é produzido, cresce e
nutre-se pela sucessão de nossos deveres presentes que a própria vontade de Deus repleta, de modo
que cumprindo tais deveres é sempre o melhor nessa divina vontade.
Apenas temos que deixar essa vontade operar e nos abandonar cegamente com confiança
perfeita, pois ela é infinitamente sábia, potente, benfeitora para as almas que esperam totalmente
nela sem reservas, que amam e buscam somente a ela e creem com fé e confiança inquebrantáveis
que o que ela faz a cada momento é o melhor sem procurar outra coisa, de mais ou de menos, pois
isso não seria senão uma busca do amor próprio.

........

Cap. 8.
Que o homem faça a sua parte e Deus fará o resto.

Oh! Vós todos que tendeis à perfeição e podeis ter a tentação de vos desencorajar à vista do que
ledes na vida dos santos e do que os livros de piedade prescrevem.
Oh! Vós que vos acabrunhais a si vós mesmas pelas ideias terríveis que formais da perfeição, é
por vossa consolação que Deus quer que eu escreva isso: aprendei o que pareceis ignorar; o Deus
de bondade tornou fácil todas as coisas necessárias e comuns na ordem natural como o ar, a água e
a terra. Nada de mais necessário que a respiração, o sono, a alimentação, mas também nada de mais
fácil.
Em virtude do mandamento que Deus fez a propósito do amor e da fidelidade, essas coisas não
são menos necessárias na ordem sobrenatural; é necessário então que as dificuldades não sejam tão
grandes quanto se imaginam; o homem percebe com tanta clareza que não pode duvidar disso:
«Teme a Deus e observa os seus mandamentos, eis aqui o tudo do homem»3, isto é, eis aqui tudo o
que o homem deve fazer de sua parte, eis em que consiste a sua fidelidade ativa: que ele cumpra a
sua parte e Deus fará o resto.
A graça reservando para si só o que ela faz, as maravilhas que ela opera ultrapassam toda a
inteligência do homem; pois nem o ouvido ouviu, nem o olho viu, nem o coração sentiu o que Deus
concebe em sua mente, resolve na sua vontade, e executa por sua potência nas almas2 que têm esse
fundo simples, essa toalha uniforme sobre a qual só a divina Sabedoria vai poder facilmente aplicar
e desenhar esses traços tão bonitos e perfeitos, essas figuras tão admiráveis.
A alma só se preocupa em oferecer, bem estirada, essa toalha de amor e obediência, sem pensar,
sem tentar buscar, sem refletir para conhecer o que Deus acrescenta, por que ela confia n’Ele,
abandona-se e, toda a ocupada em seu dever, não pensa nem em si nem no que lhe é necessário
nem nos meios pelos quais ela poderia procurar-se a si mesma.

........

Cap. 9.

3 2
Ecl 12,13. Cf. 1Cor 2,9.
12
As riquezas do momento presente.

O momento presente está sempre cheio de tesouros infinitos; ele contém mais do que a vossa
capacidade pode comportar.
A fé é a medida: quanto mais credes mais a encontrareis. Também o amor é a medida: quanto
mais o vosso coração ama tanto mais deseja; e quanto mais ele crê encontrar, mais encontra.
A vontade de Deus apresenta-se a cada instante como um mar imenso que o vosso coração não
pode esgotar. Ele recebe tanto quanto a fé, a confiança e o amor podem abarcar. Todas as outras
criaturas não podem encher o vosso coração, pois este é maior que tudo o que não seja Deus.
As montanhas que assombram os olhos não são mais que átomos no coração. Nessa vontade
divina, escondida e oculta em tudo o que vos vai sucedendo no momento presente, é onde
encontrareis um tesouro que excede infinitamente todos os vossos desejos.
Não bajulais pessoas, nem adorais homens e fantasmas, eles não vos podem dar nem tirar.
Apenas a vontade de Deus realizará a vossa plenitude, sem vos deixar nenhum vazio; adorai-a, ides
a ela com retidão, penetrando nela e abandonando todas as aparências.
A morte dos sentidos, a desnudez, as subtrações ou destruições são o reino da fé, pois, enquanto
os sentidos adoram as criaturas, a fé adora a vontade de Deus. Derrubai os ídolos dos sentidos e
eles chorarão como crianças desesperadas, mas a fé triunfa pois ninguém a pode separar da vontade
de Deus.
E quando o momento presente assusta , esfomeia, despoja e abate todos os sentidos, então é
quando ele alimenta, enriquece e vivifica a fé, que ri de todas essas perdas, como o governador de
uma praça inexpugnável ri dos ataques inúteis.

........

Cap. 9.

A vontade de Deus concede a alegria nas coisas mais desoladoras.

A alma que vê a vontade de Deus nas coisas mais pequenas, nas mais desoladoras e mortais,
recebe tudo com igual alegria, júbilo e respeito. Abre as portas para receber com honra aquilo que
os outros homens temem e do qual fogem com horror. A bagagem é pequena, os sentidos a
desprezam, mas, o coração, sob esta aparência vil, respeita de igual modo a majestade real. E
quanto mais se abaixa, para atuar sem aparência e no segredo, tanto mais o coração é penetrado
pelo amor.
O que falta aos sentidos, realça, aumenta e enriquece a fé: quanto menos há para os olhos tanto
mais há para a alma. Adorar a Jesus na cruz é mais excelente para a fé do que adorá-Lo no Tabor.
A fé nunca é tão viva como quando o aparente e o sensível a contradizem e se esforçam por
destruí-la. Esta guerra dos sentidos torna a fé mais vitoriosa. Encontrar a Deus tanto nas coisas
ordinárias como nas grandes é ter uma fé não ordinária. Contentar-se com o momento presente é
apreciar e adorar a vontade divina em tudo o que há de se fazer e sofrer, nas coisas que compõem
com o seu suceder o momento presente. As almas assim dispostas adoram a Deus com um aumento
de amor e de respeito nos estados mais humilhantes.
Nada passa despercebido aos olhos penetrantes da sua fé. Quanto mais dizem os sentidos: «Deus
não está aí», tanto mais essas almas abraçam e apertam o ramalhete de mirra. Nada lhes assusta
nem desgosta.

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"PERSEVERANTES NA VONTADE DE DEUS DO MOMENTO PRESENTE"

"Quando estava no cárcere pensava cada dia na santidade e, ao fim, me convenci de que não
havia mais que viver bem o momento presente, porque nossa vida está composta de milhões de
minutos. Para fazer uma linha reta há que fazer milhares de pontos. E, se fazemos bem cada
ponto, teremos uma formosa linha reta. Nossa vida está formada por milhões de minutos. Si

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vivemos bem cada minuto, teremos uma vida santa. Não se pode ser santos a intervalos. Não se
pode viver respirando a intervalos, porque temos que respirar sempre".

Servo de Deus, Cardeal Francisco Xavier Nguyen van Thuan, vietnamita,


que durante muitos anos viveu confinado num campo de concentração.

::::::::::::::::::::::

“Não há momento em que a misericórdia e a generosidade do Senhor não esteja chovendo em ti


novas graças”.
São João de Ávila (Sermão 42,12).

O conselho de Jesus a vigiar e orar (Mt 26,41) é a dica principal para santificar o momento
presente. Eis o que nos diz Bento XVI:
“O convite à sobriedade e à vigilância ... Jesus desenvolveu ... em algumas parábolas,
particularmente na das virgens prudentes e insensatas (Mt 25,1-13), e também nas suas
palavras sobre o porteiro vigilante (cf.Mc 13,33-36). Essas mesmas palavras indicam
claramente o significado que se deve dar ao termo "vigilância": não é sair do presente,
especular sobre o futuro, esquecer o tempo atual; antes, pelo contrário, vigilância significa
fazer aqui e agora o que é justo e cumpri-lo como se estivéssemos na presença de Deus”.

Jesus de Nazaré. Da entrada em Jerusalém até a Ressurreição.


Profecia e apocalipse no discurso escatológico. Pág. 54.
São Paulo, 2011.

«Agora é o momento favorável, agora é o dia da salvação» (2 Cor 6,2). A urgência com que estas
palavras do apóstolo Paulo aos cristãos de Corinto ressoam também para nós é tal que não admite
escapatória ou inércia. A repetição do termo «agora» significa que este momento não pode ser
desperdiçado, é-nos oferecido como uma ocasião única e irrepetível.

Bento XVI. Quarta-feira de cinzas, 13 de Fevereiro de 2013.

:::::::::::::::::::::::::::::::::::

NOTA: Para aprofundar no tema do “Momento Presente” são bons estes livros do Pe. José
Schrijvers, redentorista, grande diretor de almas falecido em odor de santidade na Alemanha:

- O dom de si.
http://www.quadrante.com.br/livrariavirtual_detalhes.asp?id=100&autor=50&pagina=1
- A boa vontade.
http://www.quadrante.com.br/livrariavirtual_detalhes.asp?id=751&autor=50&ordem=0&pagina=1

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Editora: QUADRANTE - Sociedade de Publicações Culturais.
Rua Iperoig, 604.
05016-000 São Paulo (SP)
Tel.: (11) 3873-2270.
E-mail: quadrante@quadrante.com.br

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