Professional Documents
Culture Documents
Nº00260873
Rafael Vieira Pires
A questão central de Descartes é analisar a hipótese de que haja algo existente (ideato –
representação da ideia) correspondente à ideia de uma substância infinita, i.e., Deus. Como
ponto de partida, toma a análise das ideias na mente. No parágrafo 15, identifica a natureza
das ideias na mente como sendo homogênea, i.e., tomadas como simples modos do pensar
são iguais entre si, pois sua origem é a realidade formal. A esta realidade formal representa
o modo pelo qual as ideias são produzidas numa mente. Num segundo momento, a análise
compara as diferenças quanto às imagens (ideatos) dessas ideias que a mente produz, já que
quanto à sua natureza formal são iguais. As ideias vistas de um modo representado, ou seja,
em relação ao seu ideato, possuem diferenças de natureza: as substâncias, diferentemente
dos modos, possuem algo por si, i.e., possuem mais realidade objetiva ou maior perfeição.
No parágrafo 16, Descartes busca analisar o conceito de causalidade à luz das ideias
claras e distintas. Para isso, ele parte da ideia de que: 1) que causa e efeito são conceitos
homogêneos na análise; 2) se a causa compreende o efeito, implica que o efeito estava
contido necessariamente na causa, sendo este um juízo analítico verdadeiro; logo 3) se a
causa não tivesse realidade própria, não poderia produzir qualquer efeito.
No parágrafo 18, Descartes levanta a hipótese que se o ideato desta ideia tem realidade
objetiva, não existe somente como modo do pensamento, i.e., a mente não é a sua causa
necessária, por conseguinte, o ideato existe fora do modo do pensamento e é causado por
outra coisa. Pois, se não encontrar a causa formal do ideato, i.e., como ocorre ao
pensamento à ideia do ideato, não terá como determinar algo que seja fora da ideia e pelo
qual corresponda, senão como modo do pensamento.
No parágrafo 20, das distinções feitas no parágrafo 19 sobre o modo de representação das
ideias, Descartes analisa as ideias contidas na realidade formal da mente. Sendo algumas
dessas ideias claras e distintas representações de coisas corporais, sendo que podem ser
pensadas nas mesmas categorias em que a ideia de mente pensa a si mesma: substância,
duração, número. Ao ser possível pensar algo fora da mente, pode pensá-lo como uma
substância, apesar das diferenças no modo de existir, que ainda representa algo que é por si
capaz de existir. Dado que pode se analisar ao vistoriar as coisas fora da mente, pode
atribuir às coisas fora da mente uma mesma realidade que possui as ideias no momento em
que representa os ideatos no ato de pensar.