Educação e Relações Raciais: Refletindo Sobre Algumas Estratégias De Atuação
GOMES, Nilma Lino: MUNANGA, Kabengele (org.). Superando o Racismo na escola.
2. ed. rev. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005.
Nilma Lino Gomes, professora assistente do departamento de administração
escolar da faculdade de educação da UFMG. Graduada em Pedagogia pela UFMG, concluiu o mestrado em educação também pela UFMG. Doutora em Antropologia Social pela USP e Pós Doutorado em Sociologia pela Universidade de Coimbra em Portugal. Em seu artigo publicado em uma obra intitulada Superando o racismo na escola em que contém diversos artigos sobre o assunto, Nilma Gomes se propõe a discutir o papel da escola e de cada educador enquanto ambiente e agente de formação. Deixa claro que a questão do racismo no Brasil é um desafio que ainda necessita ser discutido e combatido estrategicamente na educação. A autora inicia seu artigo contando a experiência da professora e psicóloga Norte Americana Jane Eliot, que sofreu represarias ao ensinar seus alunos sobre o que é racismo de um modo não convencional. A professora sugeriu que os alunos se colocassem no lugar de quem sofre racismo. Desse modo realizou um laboratório, em que todos os alunos com olhos azuis – uma característica do fenótipo (assim como a cor da pele), sofressem preconceito racial. A experiência foi tão bem sucedida que o relato dos alunos demonstrou o quanto o racismo é repulsivo. Apesar do esforço da professora para criar um ambiente educacional onde o racismo fosse combatido de forma pedagógica, todavia, foi mal compreendida pela escola e a sociedade classificando-a como “amiga de negros”. Nilma é categórica em afirmar que atitudes frente às situações de discriminações raciais no Brasil devem ser tomadas, pois ajudarão a pensar o tratamento que a escola tem dado a essa questão. Esclarece que a questão racial ainda encontra dificuldade para entrar na escola e na formação do professor brasileiro. Segundo afirma, ainda há um número considerável de educadores que acreditam que discutir sobre relações raciais não é tarefa da educação e transferem essa responsabilidade para os antropólogos, políticos e sociólogos. Para a autora é impossível pensar a escola brasileira desconectada das relações sociais uma vez que tais relações fazem parte da história e da cultura desse país. É preciso avançar nos saberes escolares, realidade social, diversidade étnico- cultural. Cada educador deve compreender que o processo educacional também é formado por dimensões como a ética, as diferentes identidades, a cultura, relações raciais, entre outras. Embora a indiferença a respeito do tema e ações na busca por um caminho de entendimento quanto a erradicação do racismo num contexto educacional, não alcançou a todos os educadores, ou seja, não são todos os educadores que sofrem de apatia e passividade, todavia, estratégias de combate ao racismo devem ser criadas nas escolas que valorizem a população negra. É preciso admitir antes de qualquer ação que o racismo é um fato no brasil e que também está presente na escola brasileira. De fato há uma distância gigantesca entre o discurso e sua prática. É possível afirmar discursivamente que o racismo deve ser combatido, erradicado, ainda que na prática, ele continue sendo mantido, alimentado. Esta ambiguidade é também uma realidade na escola. É necessário que, na educação, a discussão teórica e conceptual sobre a questão racial esteja acompanhada da adoção de práticas concretas. Nilma questiona a “autonomia” do educador. Que tipo de autonomia é esta? Estar o professor livre para fazer o que quiser, como colocar um aluno branco para sentar ao lado de um aluno negro como castigo por sua desobediência? Para a autora, a autonomia deve ser orientada por princípios éticos que norteiem as relações estabelecidas entre professores, pais e alunos no interior das escolas. Finaliza seu artigo mostrando experiências de intervenção bem sucedidas no trato da questão racial como o Núcleo de Estudos Negros – NEN, de Florianópolis. O Projeto de Extensão Pedagógica do Ilê Aiyê7 em Salvador. Para Nilma, todo educador, ao trabalhar com a questão racial, deveria tomar conhecimento das lutas, demandas e conquistas do Movimento Negro. No Brasil, o racismo é uma temática que precisa ser discutida constantemente no âmbito educacional e outros setores da sociedade. Pode-se dizer que o racismo é um conjunto de ideias e imagens referente aos grupos humanos que acreditam na existência de raças superiores e inferiores. O objetivo do estudo é apreender a percepção de professores quanto o racismo na escola e suas principais consequências no processo ensino-aprendizado. Recomenda-se a leitura a todos os professores, alunos e interessados nas questões que envolve o racismo no Brasil.