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1. Introdução
Em uma rede IP convencional o processo de roteamento de um pacote é feito de forma
independente entre os roteadores: cada roteador toma uma decisão de encaminhamento
independente da decisão dos outros roteadores pelos quais o pacote já visitou. Em outras
palavras, cada roteador analisa o cabeçalho de rede do pacote, executa um algoritmo de
roteamento sobre os dados extraı́dos e decide então qual o próximo salto (do inglês hop)
do pacote. Ainda, o cabeçalho de rede dos pacotes contém muito mais informações que o
necessário para escolha do próximo salto [?].
Uma alternativa ao processo de roteamento descrito acima pode ser dividi-lo em
duas fases: primeiramente agrupa-se os pacotes em Classes Equivalentes de Encamin-
hamento (FEC - Forwarding Equivalence Classes) e em seguida essas classes são ma-
peadas em uma única decisão de próximo salto. Ou seja, se dos pacotes P1 e P2 pertencem
à mesma FEC F, então eles seguirão o mesmo caminho no roteamento (com exceção da
existência de multi-path no roteamento). Usando essa abordagem, o MPLS (Multipro-
tocol Label Switching) [?] é um protocolo de roteamento baseado em pacotes rotulados,
onde cada rótulo é atribuı́do a uma certa Classe Equivalente de Encaminhamento (FEC) e
representa um ı́ndice na tabela de roteamento do próximo roteador. Pacotes com o mesmo
rótulo e mesma classe de serviço são indistinguı́veis entre si e por isso recebem o mesmo
tipo de tratamento.
Em uma rede IP convencional, dois pacotes pertencem à mesma FEC quando eles
compartilham de um certo prefixo X que também está presente na tabela de roteamento
do roteador em questão (X é o prefixo mais longo possı́vel em relação à tabela de rotea-
mento). A grande diferença é que o processo de determinar a FEC de um pacote é feito
em cada roteador independentemente, ou seja, várias vezes ao longo do caminho de rotea-
mento.
No MPLS, é atribuı́do a cada pacote uma FEC apenas uma vez, no momento em
que o pacote entra na rede. Tal FEC é aplicada na forma de um rótulo (do inglês label) de
tamanho curto e fixo. Esse rótulo é então utilizado pelos roteadores como ı́ndice de busca
na tabela de roteamento. Como resultado da busca na tabela de roteamento obtêm-se o
próximo salto e novo rótulo que deverá substituir o atual no pacote. Não é necessário
analisar qualquer outro campo do cabeçalho de rede, além do rótulo, para determinar o
próximo salto do pacote. Nesse caso, tem-se uma espécie de ”encaminhamento dirigido
por rótulos”[?].
Algumas vantagens do esquema de encaminhamento do MPLS são listadas a
seguir.
2. Conceitos básicos
Nesta sessão veremos alguns conceitos básicos que norteiam o funcionamento do MPLS.
2.1. Labels
Um rótulo é um identificador curto, com significado local e de tamanho fixo da Classe
Equivalente de Encaminhamento (FEC) a qual um pacote pertence. A definição da FEC
quase sempre é definida tomando-se como base o endereço de destino do cabeçalho de
rede do pacote, porém não é meramente uma codificação daquele endereço.
Por exemplo, sejam Ru e Rd dois Label Switching Routers (LSRs)1 , eles podem
acordar que quando Ru transmitir um pacote para Rd, Ru irá rotular o pacote com o rótulo
L se e somente o pacote é membro de uma determinada FEC F. Em outras palavras, eles
1
um nó MPLS que é capaz encaminhar pacotes L3 nativos
acordam em relacionar o rótulo L à classe F para pacotes trafegando de Ru para Rd. Dessa
forma L torna-se o “rótulo de saı́da”de Ru e o “rótulo de entrada de Rd”. Vale salientar
que o rótulo L tem significado local entre Ru e Rd e não significa que qualquer pacote
que também pertence à classe F terá o mesmo rótulo.
Deve-se notar que ao referir-se à transmissão de um pacote de Ru para Rd,
considera-se, além dos pacotes gerados em Ru ou cujo destino são Rd, aqueles pacotes
chamados “pacotes de transito”, para os quais Ru e Rd apenas pertencem ao caminho de
roteamento do pacote.
É de responsabilidade do LSR garantir a unicidade na interpretação de um rótulo
de entrada L.
Sejam Ru e Rd dois LSRs que acordaram em atribuir o rótulo L aos pacotes enviados
de Ru para Rd. Então, considerando-se essa atribuição, Ru é o “upstream LSR”e Rd é o
“downstream LSR”.
Mais uma vez, chama-se a atenção para o fato de que um nó ser considerado up-
stream ou downstream com relação à determinada atribuição significa apenas que aquele
rótulo representa uma FEC no caminho de roteamento do pacote do nó upstream para o
nó downstream. Não significando que o pacote foi gerado no nó upstream ou tem como
destino o nó downstream.
4. Conclusão
Como em outras áreas da computação, não existe uma ”bala de prata”(protocolo) que
resolva todos os problemas, em particular das redes de computadores. Assim, não acredi-
tamos que o MPLS o seja, mesmo oferecendo inúmeras vantagens outros existentes, esse
também suas limitações. Mesmo sendo uma tecnologia muito promissora, somente com
o tempo poderemos saber o quão relevante ele será. Assim, novas tecnologias aparecem
com grande velocidade, tornando o que outrora era coisa para o futuro, um tecnologia
ultrapassada.