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estável a b
em mudança c d
a. Não factível em termos históricos
i. Condição epistemológica para a tipologia
b. Situação mais comum
i. A sociedade muda naturalmente e o direito controla a mudança
ii. Contratualismo, pluralismo, institucionalismo
c. Ocorreu nos anos 1960
i. Law and development
1. Problemas:
a. Fortemente atrelado a uma visão autoritária de governo
(ditaduras latino-americanas, revolução islâmica)
ii.Ação ativa do Estado por meio da substituição de importações e agenda
macroeconômica
iii. Direito público como instrumento para o planejamento econômico
iv. Constituição dirigente
d. As mudanças do direito e da sociedade são sincrônicas ou diacrônicas
4. Tipos de sociedade:
a. Sociedade de média complexidade:
i. Estabilidade
ii. Continuidade
iii. Padronização
iv. Universalidade
v. Estado territorial
vi. Sistema jurídico fechado
b. Sociedade de alta complexidade:
i. Mudança
ii. Inovação
iii. Flexibilização
iv. Diferença
v. Fluxos
vi. Sistema jurídico aberto
5. Problema de acoplamento entre estrutura social e estruturas jurídicas
a. Mudanças nos esquemas cognitivos em sociedades de alta complexidade
i. Como a ordem jurídica pode lidar com o estável e o indeterminado?
1. Institucionalização do direito
a. Habitualização: desenvolvimento de comportamentos
padronizados por meio de interações regulares e
recorrentes a partir de valores comuns
b. Objetivação: generalização desses valores e
entendimentos, estabilização de um consenso em torno de
uma pauta ética e de “normalidade” por parte da
sociedade; consenso cognitivo e normativo
c. Sedimentação: solidificação e penetração das estruturas
sociais; as instituições ganham a característica de
exterioridade
2. Desinstitucionalização do direito:
a. Pressões políticas: questionam a legitimidade das
instituições
b. Pressões funcionais: tensões econômicas e crises de
governabilidade
c. Pressões sociais: diferenciação funcional compromete
consensos normativo e cognitivo
6. Regras v. princípios:
a. Regras: textura fechada
b. Princípios: textura aberta
i. Racionalidade material
ii. Justiça substantiva
iii. Estabilização de expectativas na incerteza
iv. Função normativa: atribuir significado aos textos legais
v. Problemas:
1. Sobrecarga quantitativa: explosão de litigiosidade
2. Sobrecarga qualitativa: interpretação de muitos princípios
(criação do direito)
3. Sobrecarga sistêmica: perigo de abertura excessiva do sistema
jurídico
4. Sobrecarga institucional: lidar com problemas que podem ser
solucionados de forma realmente satisfatória apenas pelo
Executivo
7. Arcaísmo institucional dos tribunais
a. Ver trabalho do prof. Lawrence Friedman
b. 98% dos juízes são contra o controle externo do CNJ
c. Ver pesquisa “Corpo e alma da magistratura brasileira”
d. Deslocamento dos aspirantes a magistrados determinado por níveis de formação
8. Periferia: zonas de maior sensibilidade e contato com outros sistemas funcionais
a. Filtra, sensibiliza e estabelece as premissas para funcionamento do núcleo central,
amortecendo as questões levadas ao tribunal
9. Trilema regulatório:
a. Como decidir quando as normas não permitem decisões unívocas?
b. Sem filtragem, conflitos entram nos tribunais com carga explosiva, pressionando
o juiz a decidir politicamente
c. A politização leva o Judiciário a se chocar com os demais poderes, adotando uma
postura defensiva e gerando tensões
10. Projetos de reforma do Banco Mundial:
a. 1a geração (FHC): reformas estruturais e conjunto de medidas com forte viés
fiscal (enfoque macroeconômico)
b. 2a geração (Lula 1): reformas legais - governança com segurança jurídica
(enfoque microeconômico)
c. 3a geração: projetos de desenvolvimento compreensivos
11. Reformas do Judiciário propostas pelo BM, BID e AID:
a. Infraestrutura administrativa e tecnológica
i. Melhoria das técnicas de investigação dos delitos
ii. Criação de “conselhos superiores”
iii. Treinamento de juízes e funcionários
iv. Acesso à Justiça: defensoria pública, centros de mediação, conciliação
extrajudicial
b. Reformas de 2a geração: desjuridificação
i. Deslegalização (ex: despenalização)
ii. Desformalização da justiça (ex: justiça restaurativa)
iii. Desjudicialização (ex: arbitragem, mediação)
12. Neoinstitucionalismo: teorias econômicas dominantes
a. Diretrizes:
i. Proteção efetiva do direito de propriedade
ii. Redução dos custos de transação
iii. Descongestionamento dos tribunais
iv. Valorização dos precedentes
v. Eliminação do ativismo constitucional
vi. Fortalecimento do sistema penal
vii. Proteção dos “direitos de liberdade”
b. Pressupostos:
i. Instituições são regras do jogo
ii. Estas regras geram incentivos
iii. Desenvolvimento depende de instituições que estimulam investimento e
eficiência
iv. Instituições de boa qualidade incentivam um “ambiente saudável de
negócios”
v. A ordem jurídica integra o cálculo dos custos de transação
Aula 4 - 05/09/2018
1. Modelo de sistema legal:
a. Sistema legal: filtros/mediação
i. Elementos estruturais: instituições
ii. Elementos processuais: processo civil, processo penal, juízes,
advogados, promotores
iii. Cultura legal: percepção corporativa do direito
2. Juristas v. economistas:
a. Juristas: ética dos princípios e regras definidas a priori
i. Acusam os economistas de descartar a representatividade de um
pluralismo social conflitivo, filtrado e legitimado pela regra da maioria
ii. Acusam os economistas de subordinar a gestão econômica a uma lógica
própria abstrata e pretensamente racional, e não a uma vontade política
iii. Acusam os economistas de encarar as premissas da ação e as regras como
instrumento
b. Economistas: ética de resultados e ênfase nos meios
i. Acusam o formalismo jurídico de irracionalidade decisória
ii.Acusam os juristas de valorização excessiva dos princípios, com
instabilidade de resultados
3. Relação entre direito e poder: duas faces da mesma moeda
a. Só o poder pode criar o direito
b. Só o direito pode limitar o poder
c. Estado despótico é o tipo ideal de Estado de quem se coloca do ponto de vista
do poder
d. Estado democrático é o tipo ideal de Estado de quem se coloca do ponto de vista
do direito
legitimidade a priori legitimidade a posteriori
4. Agenda brasileira:
a. Anos 1940: capitalismo tardio
i. Eugênio Gudin v. Roberto Simonsen
b. Anos 1950/1960: modernização e dependência
i. Sociedade agrária v. sociedade industrial
ii. Conflitos sindicais e reformas de base
c. Anos 1980: transição democrática
i. Governabilidade v. inflação
ii. Legitimidade v. reconstitucionalização
d. Anos 1990: globalização econômica
i. Reformas macroeconômicas
ii. Inclusão v. exclusão social
e. Anos 2000: crise econômica v. crescimento
i. Reformas microeconômicas
ii. Protecionismo e BNDES
5. Toda a legislação infraconstitucional é altamente influenciada pelos períodos ditatoriais:
a. 1930-1945: desenvolvimentismo
i. Código Penal
ii. Código de Processo Civil
iii. Lei das S/A
iv. Lei de Concordatas e Falências
v. Consolidação das Leis do Trabalho
vi. Direito administrativo
b. 1964-1988: desenvolvimentismo
i. Código Tributário Nacional
ii. Direito financeiro
iii. Novo Código de Processo Civil
iv. Nova Lei das S/A
v. Direito urbanístico
6. Características dos tipos de capitalismo
tipo de capitalismo clássico tardio
formal informal
tradicional moderno
monocultural multicultural
8. Interação entre direito e sociedade:
a. O direito não depende apenas da coerência lógica das regras, mas principalmente
das relações sociais exprimidas em regras
b. As relações sociais confundem-se com as relações de produção, tornando-se
independentes da vontade dos que delas participam
c. Concepção dominante de positivismo jurídico não responde a padrões científicos
9. Dilemas da construção da ordem moderna:
a. Consenso sem autoridade?
b. Estabilidade sem crença?
c. Ordem sem justificativa?
10. Princípios:
a. Função normativa:
i. Atribuir significado aos textos legais
ii. Estabelecer critérios redefinitórios
iii. Disciplinar a ação institucional dos juristas
b. Função ideológica:
i. Homogeneizar os valores jurídicos
ii. Oferecer visão de mundo
iii. Socializar os juristas com viés estamental
11. Exaustão paradigmática do Direito positivo:
a. Direito codificado: distanciamento social e incompatibilidade com situações
complexas
b. Direito descodificado: excesso de princípios inviabiliza a estabilidade
Aula 13 - 07/11/2018
1. Consequências da globalização na sociedade informacional:
a. Trabalho:
i. Capitalismo sem trabalho
ii. Trabalho flexibilizado e temporário
iii. Nômades de trabalho, sem seguridade social
iv. Pluralização do trabalho, eliminação da diferença entre trabalho e
não-trabalho
v. Multiatividade do trabalho feminino
b. Política:
i. Descentralização e pluralização da arena política
ii. Novos atores não territoriais
iii. O trabalho torna-se local, e o capital, global
c. Individualização:
i. Individualização além das classes
ii. Pluralização dos estilos de vida
iii. Internalização do medo e da angústia na presença do risco global
2. Emergência do pluralismo jurídico:
a. Usos e costumes
b. Direito técnico da produção
c. Direito da integração regional
d. Direito econômico internacional
3. Direito
a. Reflexivo (Teubner, Laveur)
b. Responsivo (Monet, Selznick)
c. Autopoiético (Luhmann)
4. Tendências:
a. Soberanias compartilhadas e acordos institucionais diferenciados
b. Novos espaços com diferentes relevâncias sociais e políticas
c. Novos tipos de cidadania (organizacional e europeia)
i. Democracia mediada por organizações
1. Direção descentralizada
2. Controles indiretos
3. Sanções penal e pedagógica
4. Campos normativos semi-autônomos
5. Direito como pilotagem
ii. Organizações
1. Estruturam formas da vida social
2. Impõem laços e vínculos sociais
3. Substituem a cidadania cívica pela organizacional
5. Mundos pós-Westfália: autodeterminação transnacional:
a. Tensão entre espaços nacionais homogêneos vs. heterogêneos
b. Estados cedem parte da soberania para o exterior para garantir provisão de bens
comuns
c. Complexidade de gestão e dilemas do Estado-nação
i. A autoridade pública carece de conhecimento e a autoridade privada
carece de legitimidade
d. Emergência de sistemas híbridos de governança, que incluem componentes de
auto-organização e supervisão pública
e. Sistema financeiro, comércio mundial e proteção ambiental são muito
importantes para ser entregues a organizações privadas, e muito sofisticados e
complexos para serem geridos por administrações públicas tradicionais
f. Da obsessão uniformizadora/codificadora para uma heterogeneidade reguladora
g. O espaço mundializado tem identidades porosas e múltiplas, interações
complexas e interdependências
h. As fronteiras estatais já não funcionam mais como fronteiras de sentido entre as
esferas sociais, econômicas e culturais
i. Ordoliberalismo: propriedade, contrato, concorrência, custos de transação e
instituições monetárias
j. Quais sujeitos individuais promovem a constitucionalização de determinados
âmbitos globais no lugar do Estado nação?
6. Nova arquitetura jurídica: territorialidade e funcionalidade:
a. As formas territoriais foram um fator estabilizador de organização do poder na
primeira fase do mundo moderno
b. Com o avanço da tecnologia, e da transterritorialização dos mercados, as
estruturas territoriais de organização do poder já não conseguem mais enfrentar
as novas dinâmicas econômicas e financeiras
c. Muitos dos problemas de ingovernabilidade do mundo atual se devem ao choque
entre os sistemas jurídicos e políticos, que têm um forte contraponto territorial,
com outros sistemas que têm uma relação fraca com os espaços físicos, como a
economia e o meio ambiente
7. Nova arquitetura jurídica: representação:
a. Século XX: o déficit democrático do Estado-nação é aumentado pelo
crescimento dos regimes regulatórios globais e pela privatização dos serviços
públicos, o que dificulta o escrutínio democrático dos órgãos legislativos
nacionais
b. Desafio: tornar a democracia compatível com a realidade de espaços
transterritorializados e com a aceleração global da economia, nessa estrutura não
hierárquica o poder está compartido entre diferentes instituições e órgãos, de tal
maneira que cada um acaba dispondo de poder de veto
c. O problema central da legitimidade é a inadequada adaptação do Estado
democrático de direito à interdependência social e econômica
d. Transferência de competências a órgãos multilaterais com o chamado déficit
democrático, pois suas decisões têm efeitos extraterritoriais
8. Ciência do direito: uma ciência conduzida:
a. Exaustão dos conceitos jurídicos tradicionais se dá numa velocidade maior do
que a capacidade de reposição da ciência do direito
b. Uma comunidade epistêmica é uma rede de pessoas especializadas numa área de
conhecimento. Essa especialidade se traduz por competências reconhecidas por
uma autoridade em matéria de produção de conhecimentos no âmbito de uma
comunidade, que partilha crenças e motivos comuns e princípios que fornecem
uma justificativa para a ação de seus membros
i. Essas comunidades são força motora para criação e circulação de
conhecimentos por meio de práticas profissionais
9. Agenda contemporânea do direito - cenários:
a. Perspectiva kantiana (Estado mundial e direito global)
b. Estados republicanos, keynesianos e desenvolvimentistas
c. Direito mundial sem Estado (governança via organismos multilaterais e cadeias
produtivas com códigos de ética)
d. Reforços dos blocos regionais (tensões confederativas da UE)
e. Proliferação de regimes normativos
10. Poder existente v. ordem desejada
a. Deslocamento da produção jurídica para instâncias não-legislativas
b. Globalização é um fenômeno:
i. Multicêntrico
ii. Multitemporal
iii. Multiforme
iv. Multiespacial
v. Multiescalar
11. Fluxograma:
a. Auto-regulação/auto-composição
b. Aconselhamento de direitos com ou sem resolução de litígios
c. Prevenção de litígios
d. Profissões jurídicas (ou não) que resolvem litígios
e. Conciliação
f. Mediação
g. Arbitragem
h. Meios híbridos de resolução próximos do judicial
i. Tribunal