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Analisando o case apresentado, podemos concluir que a consumidora

denominada Maria, adquiriu um produto com mal funcionamento, portanto com


um vício. Conforme explica Rollo (2011), se entende por viciado, um produto
recém adquirido pelo consumidor que não funcione ou que não tenha a utilidade
esperada.

Como o refrigerador adquirido se trata de um bem durável, ou seja, um


bem que não se extingue rapidamente com o seu consumo, a consumidora terá
um prazo de 90 dias contados a partir da entrega do produto, para efetuar a
reclamação juntamente ao fornecedor. Em se tratando de vícios ocultos, como
é o caso, o prazo começa a contar a partir da evidenciação do vício.

O direito consumerista, considera o consumidor a parte mais frágil da


relação, assim essa diferença é eqüalizada com o princípio da proteção do
consumidor, já que de um lado da balança há o fornecedor, com o seu poder
financeiro, de conhecimento técnico e jurídico, e do outro lado o consumidor,
sendo resguardado pela lei protecionista. (Malheiros)

Baseado nisso, após o contato de Maria, o fornecedor terá a obrigação


de reparar o dano, e não sendo sanado o vício dentro do período de 30 dias, a
consumidora poderá exigir, não podendo ser imposição do fornecedor, uma das
seguintes reparações:

I – a substituição do produto por outro da mesma espécie, em


perfeitas condições de uso;
II – a restituição imediata da quantia paga, monetariamente
atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
III – o abatimento proporcional do preço.

É importante ressaltar que Maria não precisará comprovar o vício do


produto adquirido, pois como já citado o consumidor é considerado a parte
vulnerável da relação de consumo. O direito consumerista segue a teoria
objetiva, na qual afirma que a responsabilidade civil do fornecedor tem como
intuito: [. . .] “fazer com que indivíduo que foi lesado por um ato danoso volte ao
seu status quo ante, assim sendo, surge para aquele que causou o dano a
obrigação de indenizar, tornar indene o lesado.” (MELO, 200?)
Tendo resolvido a questão de produto viciado, a consumidora Maria
terá que resolver a questão pendente quando ao pagamento do
refrigerador, pago com cheques. Apesar do cheque ser um título de
crédito de pagamento à vista, a prática de cheques pós-datados, ou pré-
datados, como são popularmente conhecidos, é extremamente comum
dentro do contexto do comércio, e mesmo não sendo previsto em lei, o
cheque pós-datado quando apresentado antes do acordado entre
consumidor e fornecedor, pode ser passível de processo judicial por
parte do primeiro. Conforme explica Vieira (2014):

No caso dos cheques pós-datados, tem-se que o credor,


ao receber do emitente tal cártula, celebra um acordo
(compromisso) de que não apresentará o referido
documento antes da data determinada, ou seja, assume
uma obrigação de não fazer, perante o emitente de boa-
fé. [...] a partir do momento em que o credor apresenta o
cheque perante a instituição bancária da parte credora,
antes da data acordada, a fim de compensá-lo, ele
descumpre com a obrigação de não fazer, acima
descrita, agindo de má-fé, devendo responder, desta
forma, pelas perdas e danos suportados por aquele
credor.

Assim, pode-se concluir que é de entendimento do direito consumerista,


que nesses casos, o consumidor tem o direito legal de receber uma
indenização, uma vez que o fornecedor agiu de forma astuciosa, usando
indevidamente da boa-fé do consumidor, transgredindo princípios morais e
usos e costumes do comércio. (VIEIRA, 2014).

VIEIRA, Bruno Miranda. Cheque Pós-datado: responsabilidade do credor


que apresenta o cheque antes do acordado. [Belo Horizonte], 2014.
Disponível em:
<https://brunoadvmv.jusbrasil.com.br/artigos/112641854/cheque-pos-datado-
responsabilidade-do-credor-que-apresenta-o-cheque-antes-do-acordado>.
Acesso em em: 02 jul 2018.

ROLLO, Arthur. O consumidor e os produtos viciados. São Bernardo do


Campo, 2011. Disponível em:
http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI128193,61044-
%20O+consumidor+e+os+produtos+viciados>. Acesso em: 03 jul 2018.

código de defesa do consumidor

MELO, Liana Holanda de. Responsabilidade civil nas relações de Consumo . In: Âmbito Jurídico, Rio
Grande, XIII, n. 80, set 2010. Disponível em: <http://www.ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8371>. Acesso em jul 2018.

MALHEIROS, Nayron Divino Toledo. Contexto prático do art. 18 do CDC e da responsabilidade solidária dos
comerciantes pelos vícios dos produtos. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, X, n. 40, abr 2007. Disponível
em: <http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3945>. Acesso em jul 2018.

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