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MARKETING RELIGIOSO
RIO DE JANEIRO
2004
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
MARKETING RELIGIOSO
INTRODUÇÃO 7
CAPÍTULO I 10
DISCÍPULOS OU CONSUMIDORES?
CAPÍTULO II 13
A MENTALIDADE CONSUMISTA
CAPÍTULO III 16
LIÇÕES DA HISTÓRIA
CAPÍTULO IV 19
CAPÍTULO V 22
CAPÍTULO VI 25
CAPÍTULO VII 27
CAPÍTULO VIII 32
CAPÍTULO IX 35
A MÍDIA RELIGIOSA
CAPÍTULO X 38
CAPÍTULO XI 41
CONCLUSÃO 44
BIBLIOGRAFIA 47
Esta pregação sobre o direito a reinar com Deus e desfrutar das suas riquezas
e do seu poder parece responder à necessidade de aumento da auto-estima dos
membros das igrejas tradicionais, inferiorizados pelo crescimento pentecostal e
vitimados pelas políticas neoliberais excludentes implantadas no país.
CAPÍTULO I
Discípulos ou Consumidores?
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1 - Discípulos ou Consumidores?
Em determinada ocasião, o Senhor Jesus teve de fazer uma escolha entre ter
cinco mil pessoas que o seguiam por causa dos benefícios que poderiam obter dele, ou
ter doze seguidores leais, que o seguiam pelo motivo certo. Uma decisão entre muitos
consumidores e poucos fiéis discípulos (fazendo referência à multiplicação dos pães
narrada em João 6). Lê-se que a multidão, extasiada com o milagre, quis proclamar
Jesus como rei, mas Ele recusou-se (João 6.15). No dia seguinte, Jesus também se
recusa a fazer mais milagres diante da multidão pois percebe que o estão seguindo por
causa dos pães que comeram. Sua palavra acerca do pão da vida afugenta quase todos
da multidão, à exceção dos doze discípulos, que afirmam segui-lo por saber que ele é o
Salvador, o que tem as palavras de vida eterna.
CAPÍTULO II
A Mentalidade Consumista
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2 - Charles Finney e a mentalidade consumista
Um dos mais decisivos fatores para o surgimento da mentalidade consumista
na igreja evangélica é a influência da teologia e dos métodos de Charles Finney. Houve
uma profunda mudança no conceito de evangelização devido ao seu trabalho. Na obra
Sistematic Teology (1976), escrita no final de seu ministério, Finney abraça ensinos
estranhos ao Cristianismo histórico. Ele ensina que a perfeição moral é condição para
justificação e que ninguém poderá ser justificado de seus pecados enquanto tiver
pecado em si; afirma que o verdadeiro cristão perde sua justificação (e
conseqüentemente a salvação) toda vez que peca; afirma que o homem é perfeitamente
capaz de aceitar por si mesmo, sem a ajuda do Espírito Santo, a oferta do Evangelho.
Mais surpreendente ainda, Finney nega que Cristo morreu para pagar os pecados de
alguém; ele havia morrido com um propósito, o de afirmar o governo moral de Deus.
Quanto à aplicação da redenção, ainda nega a idéia de que o novo nascimento é um
milagre operado sobrenaturalmente por Deus na alma humana. Para ele, “regeneração
consiste em o pecador mudar sua escolha última, sua intenção e suas preferências; ou
ainda, mudar do egoísmo para o amor e a benevolência”, e tudo isto movido pela
influência moral do exemplo de Cristo ao morrer na cruz.
CAPÍTULO III
Lições da História
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3 – Lições da História
CAPÍTULO IV
Técnicas do Marketing Religioso
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4 - As técnicas de Marketing Religioso
O padre Marcelo Rossi aparece como ator central da dissertação, que enfoca
o interesse da mídia pelo mercado religioso. “Sentindo-se ameaçada pela concorrência
com outras igrejas, a Igreja Católica passou a copiar as técnicas do neopentecostalismo,
principalmente da Igreja Universal do Reino de Deus, como a benção para públicos
segmentados – como jovens universitários e mulheres solteiras – criando um movimento
que chamo de Renovação Popularizadora. Isso inclui a adoção dessas práticas
massivas, a ênfase não mais nos pequenos grupos de oração, mas em técnicas de
marketing, como venda de CD’s e propagandas”, diz ele. “O episódio transmitido por
diversos canais, do chute dado por um pastor na estátua de uma santa, acendeu esse
movimento de reação com a união da Igreja e de alguns setores da mídia que
repudiaram o ato”.
CAPÍTULO V
A Igreja Católica como Empresa
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5 – A Igreja Católica como Empresa
5.1) Os 4 P's
A Igreja Católica possui em todo o mundo, um total de aproximadamente um
bilhão de fiéis; um número maior do que todos os consumidores de Coca-Cola ou dos
fumantes dos cigarros Malboro, ou ainda dos degustadores dos sanduíches do Mc
Donald's e de tantas outras “marcas” líderes.
Qual o produto oferecido pela religião, e que diferencial ele apresenta para
conseguir atrair um público-alvo tão fiel? Seria a fé, a paz e harmonia, os ensinamentos
de Jesus Cristo, a misericórdia divina? Não, na verdade, o principal produto da Igreja
Católica é a Salvação ou a Vida Eterna; os demais itens apresentados seriam apenas
meios práticos e concretos para se chegar à Salvação.
Mas o que pode-se perceber é que a Igreja Católica vem perdendo cada vez
mais espaço em terrenos que dominava anteriormente. Com o melhor produto, melhor
preço e bastante disponível aos seus consumidores, identificamos o principal problema,
ou o calcanhar de Aquiles, na Promoção; sobretudo porque não sabe se comunicar. Por
exemplo, a Igreja Católica tem uma rede de cerca de 140 rádios, mas a audiência é
baixíssima. As rádios não dão ibope pelo amadorismo com que são conduzidas. Para
alavancar a audiência não basta delegar a comunicação a uma pessoa evangelizada e
cheia de boa vontade. O resultado é uma programação muito piegas. Um resultado
desastroso. Quando os bispos tentam evitar esse problema, caem em outro: contratam
profissionais que não conhecem os valores católicos, fazendo com que a comunicação
fique truncada e vire ruído. O que falta à igreja católica não é dinheiro, mas sim visão de
investimento e de marketing.
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5.2) O Processo de Administração
A Igreja, vista como um organismo composto de membros com funções
(dons) e necessidades diversas, requer uma organização e administração voltadas para
maneiras criativas que possibilitem a expressão destas funções, bem como criar
mecanismos onde cada necessidade daquele corpo de crentes possa ser suprida por
eles mesmos e almas perdidas possam ter uma oportunidade válida de conhecer o
plano de salvação.
Nenhum dinheiro é designado às paróquias além do sustento do pároco. Nem
existem esquemas de administração em conjunto criados pela diocese. Só as paróquias
mais ricas conseguem pagar um administrador paroquial.
CAPÍTULO VI
O Instituto Brasileiro de Marketing Católico
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6 - O Instituto Brasileiro de Marketing Católico
CAPÍTULO VII
A Igreja Universal do Reino de Deus
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7 – A Igreja Universal do Reino de Deus
Poucos anos depois, o grupo original que fundou a IURD se dissolveu e Edir
Macedo se tornou o líder absoluto. Em 1980, R. R. Soares fundou o seu próprio
movimento, a Igreja Internacional da Graça de Deus.
“Edir Macedo é uma águia. Montou uma Igreja baseada no sincretismo para
saquear o bolso das pessoas, (...) não pode se associar o pentecostalismo à
picaretagem, à esse saqueamento psicológico e espiritual feito ao bolso das pessoas” -
Pastor Caio Fábio à Revista Isto É (Jan/95).
CAPÍTULO VIII
Avaliando as Políticas de Crescimento da Igreja
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8 - Avaliando as Políticas de Crescimento da Igreja
CAPÍTULO IX
A Mídia Religiosa
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9 - A Mídia Religiosa
Um dos elementos mais importantes no impressionante crescimento das
igrejas é sem dúvida a sua estratégia de comunicação, que visa mudar idéias,
comportamentos, atitudes e sentimentos.
CAPÍTULO X
A Religião Orientada para Resultados
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10 - A Religião Orientada para Resultados
A grande “arma” das igrejas para o crescimento foi a seguinte: “venha para
Jesus como você é, e se mesmo depois de aceitar Jesus como seu salvador você não
mudar de vida, nós fecharemos nossos olhos...“. Hoje se tornou muito cômodo ser
cristão, aceita-se Jesus, vai-se aos cultos dominicais, faz-se umas boas ações, e acima
de tudo pode-se continuar pecando, pois sabe-se que Ele é quem perdoa. Será esse
relacionamento que Deus quer que tenham com Ele? Será essa a mudança proposta
por Cristo?
Não interessa mais a pregação a respeito do pecado; quem somos nós para
falar de pecado? Essa pregação parece estar fora de moda. E não importa se quem está
ali falando possui coração, eles querem bons intérpretes. Se continuar assim veremos
as igrejas não mais buscarem seus pastores em seminários, e sim em escolas de teatro.
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A religião orientada para resultados proclama a filosofia que o fim justifica os
meios. O fim é o crescimento da igreja e os padrões das Escrituras são subordinados ou
ignorados quando observa-se que prejudicam esse crescimento. Os métodos para o
crescimento da igreja não são especificamente definidos e dependem principalmente
dos aspectos demográficos e mercadológicos de uma determinada comunidade. Usar
uma diretriz específica “preto-e-branco”, como as Escrituras, é um empecilho a esses
esforços de marketing e, portanto, as percepções do pastor e da agência de consultoria
precisam ser utilizadas para obter o resultado adequado. O ensino dogmático das
doutrinas e da teologia também pode ser um empecilho ao crescimento da igreja,
simplesmente por que a “doutrina divide”.
CAPÍTULO XI
O Desmanche do Campo Religioso Tradicional
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11 – O Desmanche do Campo Religioso Tradicional
Deus não é contra a organização e planejamento, pois Ele mesmo é quem diz
que tudo deve ser feito com decência e ordem, e que aquele que vai construir uma torre
ou mesmo vai a guerra, deve ter mínimo de planejamento e previdência quanto a
recursos e capacidades para levar a bom cabo o que vier iniciar.
Saber quem você está tentando alcançar faz com que o evangelismo seja
bem mais fácil – e é exatamente isso que as igrejas modernas querem oferecer, tudo
mais fácil, desde um evangelismo mais fácil, passando a uma fé mais fácil até uma vida
cristã mais fácil, ou bem conciliada com o mundo. Isso revela pragmatismo e hedonismo.
Nenhuma igreja pode alcançar a todos; vários tipos de Igreja são necessários, Deus
ama a variedade. Ele criou uma infinidade de pessoas com interesses, preferências,
histórias e personalidades diferentes.
Conclui-se que, para melhor atuação da igreja sem fins lucrativos devem ser
superados alguns desafios, a saber: o desenvolvimento das lideranças locais;
transparência na aplicação dos recursos arrecadados; a utilização de uma linguagem
adequada aos seus fiéis; a organização dos dados da igreja, colocando-os à disposição
de seus adeptos e a focalização em objetivos, evitando a dispersão de esforços.
BIBLIOGRAFIA
KOTLER, P. Marketing para organizações não lucrativas. São Paulo: Pioneira, 1995.
URKHEIM, E.D. As formas elementares de vida religiosa. São Paulo: Paulinas, 1989.
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ANEXO
Texto do Jornalista Arnaldo Jabor
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“Quanto faturam as igrejas evangélicas com a miséria, quantos milhões de
dízimos pingam nos bolsos daqueles oportunistas de terno e gravata que não acreditam
em Deus?”
No ano seguinte fui assistir ao culto dominical de uma famosa igreja em sua
sede em São Paulo, ao chegar à poltrona encontrei uma grande quantidade de
envelopes nos quais deveria eu depositar uma quantia que Deus colocasse em meu
coração para alcançar bênçãos em minha vida, tornando assim as bênçãos de Deus
condicionais. Se isso não bastasse, durante o culto a pregadora pediu para quem não
tivesse dinheiro colocasse seu anel de ouro no envelope, ela foi enfática; “anéis de
ouro”. Fico pensando na tristeza das pessoas não possuíam tais anéis, estando apenas
com “míseros” anéis de prata nos dedos, creio que teriam que esperar um pouco mais
pelas suas bênçãos.
Isso também se deve a cultura barata formada pela igreja que insiste em dizer
que “Se é evangélico é bom”. Não importa se a música é desafinada e fora de tom, se o
livro é sem assunto e mal escrito, se o filme é chato e sem propósito, é evangélico,
então devemos consumir. Confesso que temos ótimas bandas e excelentes escritores,
mas qualquer um hoje aparece com um disco ou um livro e diz “foi inspirado por Deus” e
todos os crentes gritam aleluia. Quem são os evangelizadores dos professores
universitários? Quantos escritores cristãos são respeitados pela crítica literária nacional?
Já vi diversos livros sobre todas as religiões entre os mais vendidos nacionais, mas
nunca um livro cristão. Infelizmente a produção cultural evangélica só empolga os
evangélicos, quando empolga.
Uma constatação disso pode ser obtida através da carta que li recentemente,
publicada por um pastor que não quis se identificar. Nessa carta o pastor fala sobre
como a Igreja mudou e como os pastores tem se tornado cada vez mais empresários e
marketeiros, tornando-se secundária sua principal função, que é transmitir de todo
coração a mensagem a respeito de Cristo. É triste mas essa é a realidade da igreja
evangélica no Brasil.
Foi por isso que o Senhor disse: “Pois que este povo se aproxima de mim, e
com sua boca e seus lábios me honra, mas tem afastado pra longe de mim seu coração,
e o seu temor para comigo consiste em mandamentos de homens, aprendidos de cor”.
Os evangélicos vivem numa constante busca pela felicidade, mas não estão buscando
na fonte certa.
Jesus contou uma parábola que expressa bem o espírito da vida de uma
verdadeiro cristão: “O reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o
qual certo homem, tendo-o achado, escondeu. E transbordando de alegria, vai, vende
tudo o que tem, e compra aquele campo (Mt 13.44). Alguém descobre um tesouro e,
impelido pela alegria, sai vendendo tudo o que tem para se tornar seu proprietário. A
mensagem dessa parábola não nos induz a pensar que o reino de Deus é imobiliário, ela
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implica um relacionamento com o Rei. O tesouro aqui é intimidade com Deus. “Porque o
reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo”
(Rm 14.17).
Lendo tudo o que foi escrito aqui você deve ter lembrado de alguns colegas e
pastores, já posso até imaginar você pensando “O pastor tal é bem assim”, mas essa
mensagem não é só pra eles, é pra você também, é também sua a responsabilidade de
mudar o quadro em que o cristianismo no Brasil se encontra, se você está muito feliz do
jeito que está, eu começaria a ficar preocupado se fosse você. Cabe também a você
passar a mensagem sobre o amor de Cristo, ensinar aos brasileiros que os evangélicos
são muito mais que gente fanática com a Bíblia na mão e contar que você também
desaprova os oportunistas de terno e gravata. É fato que a igreja evangélica precisa de
uma reforma, mas não devemos esperar por um outro Lutero para que isso aconteça.
Cabe a mim e a você mudar a visão do povo a nosso respeito e quem sabe assim as
pessoas um dia tenham o ouvido mais aberto para escutar suas palavras a respeito da
Bíblia e o coração pronto para receber o amor de Cristo.